Poesia numa hora dessas?
Guilherme Casarões, colega acadêmico especialista em política externa e diplomacia brasileira, teve sua veia poética tomada por um desafio inesperado: o fato de o patético chanceler acidental ter declarado, num infeliz Dia dos Diplomatas (para os alunos do Instituto Rio Branco, cujo patrono, o verdadeiro poeta João Cabral de Mello Neto, foi acusado de ser comunista pelo autor fracassado de romances distópicos que ninguém leu), que era diplomata e poeta, ou poeta e diplomata (não importa agora).
Casarões resolveu responder com suas trovas desafiadoras, que reproduzo abaixo, a partir de seu Twitter.
Acho que vamos ter vários repentistas, que se desempenharão ao melhor de suas capacidades, só para responder ao péssimo poeta parnasiano que se tornou chanceler acidental. Se ele tivesse ficado só na literatura, teria causado menos desastres para o Brasil. Para a literatura não sei, mas para o Itamaraty certamente...
Um poeta fracassado, mas não só nas invectivas contra os diplomatas e a diplomacia.
Paulo Roberto de Almeida
Quer dizer que @ernestofaraujo é poeta?
Pois bem. Então também sou.
Aproveitei e fiz uma poesia em sua homenagem:
Das profundezas da nobre burocracia
Por amor ao mito, saí em campanha
Lancei até um blog, coisa tacanha
Na língua tupi, rezei Ave-Maria
Meu inimigo sempre foi o globalismo
Conspiração denunciada pelo professor
A globalização corrompida pelo marxismo
Combate-se com coragem, fé e amor
Fui escolhido pela minha lealdade
Mas também por um artigo estridente
Em que defendo que a salvação do Ocidente
Virá de Trump, paladino da verdade
No Itamaraty, a revolução é de direita
Nações unidas pela soberania do Deus vivo
Velhos valores, ou o diplomata aceita
Ou baterá carimbo em Antananarivo
O lema agora é João oito trinta-e-dois
Acabou, colegas, o projeto totalitário!
Esquerdopatas, favor voltar pro armário
Oikofobia, aqui não, nós somos bois
Novo Brasil, nosso papo é com Hungria
Polônia, Índia, Israel, só fina gente
Pela liberdade, minimizei a pandemia
Pra quê ciência, se por aqui nem está quente?
Tradição da diplomacia, desapareça!
Até chamei de comunista o Melo Neto
Xinguei Ricupero, Amorim, quem mais mereça
Pois se venderam a tão nefasto projeto
“Especialistas” me chamam de desvairado
Não tenho culpa, analfabetos funcionais
Sou deusplomata e com meu chefe Eduardo
Seremos sempre párias internacionais
Mas, no fim das contas, pouco importa
Se Trump vence, o Brasil será gigante
Politicamente correto já virou letra-morta
Em nosso reino da direita ruminante
E se perder? Tal hipótese não existe
Nosso analista já previu: Biden já era
Para não virar rodapé, a gente resiste
Se a contagem demorar, a gente espera
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