Quem primeiro me chamou de professor, no Itamaraty, preferencialmente à designação normal do ranking na carreira, foi o chanceler Luiz Felipe Lampreia, seguido depois pelo chanceler Celso Lafer. Creio que FHC, antes disso, quando foi chanceler, também sabia dessa condição, e eu justamente havia feito a minuta de seu pronunciamento por ocasião da posse do então embaixador Lampreia como Secretário Geral do Itamaraty, quando pela primeira vez substitui o conceito tradicional de América Latina pelo inovador de América do Sul, o que depois se refletiria na reunião de Brasília em 2000, dando origem à IIRSA. Lampreia só me chamava de “professor”, o que depois passou a ser adotado pelos demais embaixadores, isso antes mesmo de minha promoção a ministro de segunda classe. Parece que colou e, desde então, é o título, ou condição que prefiro, e vem sendo usado mais extensivamente do que o burocrático da carreira. Estou bem com ele, aliás há muitos anos. Reafirmo o que escrevi nesta minha postagem do ano passado.
Brasília 15/10/2020
O que escrevi um ano atrás:
No Itamaraty, colegas vivem me chamando de professor.
Esse modesto apelativo me dá mais orgulho e satisfação do que o aparentemente pomposo de embaixador.
Ser embaixador é apenas um título, para mim anódino, que qualquer amigo do rei, ou do presidente, pode ostentar, com base em conexões e apoios, e até sendo filho de quem decide. Ser reconhecido basicamente, essencialmente, como professor é uma condição que poucos podem exibir, a não ser que encarnem efetivamente esse gênero de atividade.
Feliz dia dos professores — a despeito de nossos tempos sombrios, quando temos um cidadão ignorante como ministro da área [eu me referia ao então ministro Weintraub, literalmente uma cavalgadura]— a todos os que podem ser legitimamente reconhecidos nessa nobre atividade.
Ser embaixador passa.
Ser professor permanece!
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 15/10/2019
Um comentário:
Em uma época na qual o conhecimento e o debate de ideias parecem ser sistematicamente menosprezados, é preciso enaltecer o labor e o papel do professor, que em meio a todas as adversidades de seu nobre ofício, segue firme no seu propósito de transformar o mundo por meio da educação.
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