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domingo, 25 de outubro de 2015

A ONU nas paginas da RBPI - Antonio Carlos Lessa


A ONU nas páginas da RBPI, por Antônio Carlos Lessa

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O debate sobre a vitalidade ou o esgotamento da Organização das Nações Unidas certamente mal se iniciou. Porquanto se trate de referência fundamentalmente importante da política internacional desde as suas origens,  as avaliações mais amplas sobre os desafios da ordem internacional contemporânea publicadas na forma de artigos e livros  dedicam pelo menos parágrafos e seções ao papel da Organização em cada momento da vida internacional dos últimos 70 anos.
A Revista Brasileira de Política Internacional tem repercutido, desde as suas origens, o papel central da ONU na política internacional. Eu selecionei alguns dos artigos mais recentes sobre a Organização, em um levantamento que está longe de ser exaustivo. A escolha desses trabalhos foi feita nas edições publicadas desde 1998, e disponíveis na página da RBPI no Scielo.
É claro que é possível recuar bastante mais, lá para 1958, quando a RBPI foi fundada, e a ONU era ainda uma jovem instituição, para saber mais sobre o que foi publicado nas nossas páginas sobre esse tema fascinante. A coleção completa da RBPI, digitalizada desde 1958, se acessaaqui.
Abaixo, a seleção para a ONU aos 70:
  1. GARCIA, Eugênio V.. De como o Brasil quase se tornou membro permanente do Conselho de Segurança da ONU em 1945. Rev. bras. polít. int. [online]. 2011, vol.54, n.1 [cited  2015-10-24], pp. 159-177 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292011000100010&lng=en&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/S0034-73292011000100010.
  2. ARRAES, Virgílio Caixeta. O Brasil e o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas: dos anos 90 a 2002. Rev. bras. polít. int. [online]. 2005, vol.48, n.2 [cited  2015-10-24], pp. 152-168 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292005000200008&lng=en&nrm=iso&gt;. ISSN 1983-3121.  http://dx.doi.org/10.1590/S0034-73292005000200008.
  3. SILVA, Alexandra de Mello e. Idéias e política externa: a atuação brasileira na Liga das Nações e na ONU. Rev. bras. polít. int. [online]. 1998, vol.41, n.2 [cited  2015-10-24], pp. 139-158 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73291998000200008&lng=en&nrm=iso&gt;. ISSN 1983-3121.  http://dx.doi.org/10.1590/S0034-73291998000200008.
  4. CAVALCANTE, Fernando. Rendering peacekeeping instrumental? The Brazilian approach to United Nations peacekeeping during the Lula da Silva years (2003-2010).Rev. bras. polít. int. [online]. 2010, vol.53, n.2 [cited  2015-10-24], pp. 142-159 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292010000200008&lng=en&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/S0034-73292010000200008.
  5. PENNA FILHO, Pio. Segurança seletiva no pós-Guerra Fria: uma análise da política e dos instrumentos de segurança das Nações Unidas para os países periféricos – o caso africano. Rev. bras. polít. int. [online]. 2004, vol.47, n.1 [cited  2015-10-24], pp. 31-50 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000100003&lng=en&nrm=iso&gt;. ISSN 1983-3121.  http://dx.doi.org/10.1590/S0034-73292004000100003.
  6. COSTA, Eugenio Pacelli Lazzarotti Diniz  and  BACCARINI, Mariana. UN Security Council decision-making: testing the bribery hypothesis. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.2 [cited  2015-10-24], pp. 29-57 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000200029&lng=en&nrm=iso&gt;. ISSN 1983-3121.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400303.
  7. BARROS PLATIAU, Ana Flávia Granja e  and  VIEIRA, Priscilla Brito Silva. A legalidade da intervenção preventiva e a Carta das Nações Unidas. Rev. bras. polít. int. [online]. 2006, vol.49, n.1 [cited  2015-10-24], pp. 179-193 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292006000100010&lng=en&nrm=iso&gt;. ISSN 1983-3121.  http://dx.doi.org/10.1590/S0034-73292006000100010.
  8. BLANCO, Ramon. The UN peacebuilding process: an analysis of its shortcomings in Timor-Leste. Rev. bras. polít. int. [online]. 2015, vol.58, n.1 [cited  2015-10-24], pp. 42-62 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292015000100042&lng=en&nrm=iso&gt;. ISSN 1983-3121.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201500103.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Revista Brasileira de Política Internacional: n. 2/2014 disponivel no Scielo

Todos os artigos devidamente linkados, a partir deste link:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0034-732920140002&lng=en&nrm=iso

 Editorial
    
     ·  Sixty years of the Brazilian Institute of International Relations
Lessa, Antônio Carlos; Almeida, Paulo Roberto de
    
 Artigos
    
     ·  Rio Branco, grand strategy and naval power
Alsina Jr., João Paulo
    
     ·  UN Security Council decision-making: testing the bribery hypothesis
Costa, Eugenio Pacelli Lazzarotti Diniz; Baccarini, Mariana

       ·  The American defense budget: rationality X domestic pressures
Cortinhas, Juliano da Silva

     ·  Peace (still) through compulsory jurisdiction?
Galindo, George Rodrigo Bandeira

     ·  An outline of military technological dynamics as restraints for acquisition, international cooperation and domestic technological development
Silva, Édison Renato; Proença Júnior, Domício
    
     ·  A policy for the continent-reinterpreting the Monroe Doctrine
Teixeira, Carlos Gustavo Poggio
     
     ·  The fall: the international insertion of Brazil (2011-2014)
Cervo, Amado Luiz; Lessa, Antônio Carlos
        
     ·  Governance of Common Pool Resources: transboundary basins
Souza, Matilde de; Veloso, Franciely Torrente; Santos, Letícia Britto dos; Caeiro, Rebeca Bernardo da Silva

          ·  The cautious transition of North Korea: venture diplomacy and modernization without reform
Vizentini, Paulo Fagundes; Pereira, Analúcia Danilevicz

          ·  Multi-level governance and social cohesion in the European Union: the assessment of local agents, a study case inside Galicia
López-Viso, Mónica; Álvarez, Antón Lois Fernández
    
     ·  Emerging powers in the network order: the case of Brazil
Flemes, Daniel; Saraiva, Miriam Gomes

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

RBPI 2-2014: Nota Editorial - Antonio Carlos Lessa e Paulo Roberto de Almeida


Editorial – RBPI 2/2014 – Os sessenta anos do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais
Antonio Carlos Lessa e Paulo Roberto de Almeida
Talvez – e aqui vai um pouco de imaginação – o punhado de intelectuais, de acadêmicos, de burocratas de alto coturno (entre eles vários diplomatas e magistrados), de vários outros mandarins públicos e privados da República de 1946, que se reuniu no velho Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, no final do mês de janeiro de 1954, para fundar o Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI), talvez esse pequeno grupo de desbravadores de um terreno ainda inexplorado no Brasil estivesse pensando no modelo do Council on Foreign Relations, dos Estados Unidos, como uma fonte de inspiração para a fundação, o estabelecimento oficial e o funcionamento prático da nova instituição que então surgia de forma inédita no país, no governo constitucional de Getúlio Vargas.
Pode ser. É legítimo supor que aquelas personalidades bem informadas, todas elas cosmopolitas, abertas aos ares do mundo, conhecessem o trabalho do Conselho de Nova York, provavelmente pela existência de seu principal instrumento de análise, de reflexões e de prescrições sobre a política internacional e para a diplomacia americana, a Foreign Affairs, sobretudo porque a revista havia completado seu primeiro quarto de século pouco tempo antes, e seu editor havia feito um Reader comemorativo na ocasião. Ela já era intensamente lida nesses meios conectados às realidades da política mundial na era da Guerra Fria, e o volume especial, reunindo os textos mais significativos dos 25 anos anteriores, tinha sido publicado justamente quando certo Mr. X, o diplomata George Kennan, ainda baseado em Moscou, havia publicado um artigo intrigante sobre as fontes do poder soviético, que constituiria não só a base conceitual, mas também a legitimação política para a doutrina do containment, que seria rigorosa e religiosamente aplicada pelos EUA no meio século seguinte, até praticamente a derrocada da União Soviética.
Talvez. Não sabemos, de fato, qual era o pensamento dominante entre aqueles visionários, que queriam colocar o Brasil no mapa da análise, da reflexão, e da ação em temas de política internacional, conceito que acabou sendo impresso no título da revista que surgiria pouco mais de quatro anos depois, período extremamente movimentado sob qualquer critério que se examine no contexto de nossa história republicana: suicídio do presidente incumbente – do qual, aliás, vários dos fundadores do IBRI eram assessores diretos –, seguido da sucessão tumultuada de três outros presidentes, de golpes e contragolpes, com a participação de militares, de uma campanha eleitoral e da posse de um presidente contestada como inconstitucional pelo principal líder da oposição – e que depois seria um dos mentores do golpe de 1964 –, de todo um clima de efervescência geral no país, de otimismo pela promessa dos “cinquenta anos em cinco”, mas também um período permeado por mais tentativas de sublevações militares, marcado por um rebrote preocupante da inflação, bastante empurrada pela construção de Brasília e pelas primeiras diatribes contra o FMI, então demonizado politicamente como um “obstrutor” do desenvolvimento brasileiro. Foi nesse ambiente febril que surgiu a Revista Brasileira de Política Internacional, que em breve também comemorará os seus 60 anos.
O Reader da Foreign Affairs, volume especial publicado pelo Council em 1947, já estava integrado à Biblioteca do Itamaraty, e seu artigo inaugural [de 1922] tinha sido assinado pelo então decano da diplomacia americana, Elihu Root, que tinha estado no Rio de Janeiro em 1906, para uma das conferências das repúblicas americanas, acolhida por Rio Branco, sob recomendação de Joaquim Nabuco, mas cujas posições pró-império já eram contestadas por um competidor de ambos, o historiador Oliveira Lima. Pode ser, ainda assim, que os “pais fundadores” do IBRI se inspirassem no modelo do Council, e da Foreign Affairs, e tomassem inspiração nas figuras de Rio Branco e de Elihu Root para impulsionar um projeto que não só sobreviveu às intempéries políticas que soem se abater sobre um país em estado de recriação permanente como é o Brasil. Mas é um fato que esse empreendimento desafiador foi mantido por mais de duas gerações, em duas capitais da República, por cosmopolitas dedicados, que têm a intenção de fazê-lo chegar ao seu primeiro centenário, da mesma forma como o fará, dentro de pouco mais de sete anos, o Council e a própria Foreign Affairs.
É certo que o IBRI não se converteu, nem poderia, num êmulo do Council, que pôde dispor, desde sua origem, dos enormes recursos da aristocracia endinheirada da costa leste dos Estados Unidos, do prestígio associado ao establishment acadêmico da região atlântica e do próprio cadinho cultural e cosmopolita de Nova York, a mais internacionalizada das metrópoles daquele país, até mesmo mais do que Washington, uma vez que a ONU, os bancos de Wall Street, os milhões de turistas estrangeiros e de imigrantes, antigos e recentes, fazem daquela cidade uma aglomeração multinacional por excelência. O IBRI, na verdade, sequer dispunha de locais apropriados, abrigado de favor aqui e ali, até se instalar, nos últimos anos, na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, de onde foram trasladados alguns poucos arquivos quando de sua transferência, na verdade a sua recriação em Brasília, em 1993. Ele nunca dispôs de uma conta em banco que fosse minimamente capaz, como fazia o Council, de manter staff próprio, pesquisadores contratados, bolsistas convidados, e empreender projetos de certa magnitude. Os livros de sua pequena biblioteca – cedida para a FGV quando da despedida do Rio – foram obtidos em doações de seus associados, em intercâmbio com instituições estrangeiras e nacionais, ou adquiridos com os recursos de seus próprios membros.
A figura de Cleantho de Paiva Leite, depois do presidente inaugural do IBRI, Oswaldo Trigueiro, do diplomata Henrique Valle e do historiador José Honório Rodrigues, na RBPI, merece aqui uma menção especial, e uma reverência obrigatória, pois foi ele o animador principal, o editor “eterno” e o financiador pessoal do Instituto e de sua revista, que permanece como a realização principal, quase única, do IBRI. Escrevendo, no volume 35, n. 139-140 (julho-dezembro de 1992), ainda sob o impacto da morte de Cleantho, o Embaixador Sérgio Bath, um dos recriadores do IBRI e da RBPI em Brasília, disse que em todas as atividades em que ele se engajou,

Cleantho marcou sua presença pelo otimismo, a disposição para o trabalho, o espirito criativo; a seriedade de propósitos temperada por perene bom humor. Em toda parte, em muitos países fez numerosos amigos; no Itamaraty, no DASP, no BID, no BNDE, era uma figura carinhosamente respeitada. Conheceu bem a sua geração, e quando falava sobre o passado reconstruía com riqueza de pormenores e acentos pessoais a trama de muitas vidas, comentando-as com sorriso ameno, a percepção aguda de humor e empatia. Realista, compreendia e aceitava os defeitos alheios, que coloria com benevolência; mantinha-se conciliado com o mundo, acentuando sempre o melhor, em todos e em tudo. Cultivava intensa dedicação aos amigos, que fazia questão de servir. Nada o agradava mais do que receber a encomenda de um livro recém-publicado, dar um conselho, uma indicação útil. A amizade era para ele uma arte, que praticava com prazer.

O IBRI, em sua fase de Brasília, empreendeu diversos convênios, realizou muitos seminários – vários deles internacionais, em cooperação com universidades e instituições congêneres do exterior – e editou muitos livros, que hoje integram qualquer lista de referência na literatura especializada na área que é a sua, desde a origem. A RBPI constitui, sem qualquer sombra de dúvida, o mais belo fruto deste instituto, que nunca foi um impávido colosso, como seu êmulo de Nova York, mas que não deixa de ser a moldura institucional indispensável para que o projeto inaugurado em 1954 possa evoluir para etapas ainda mais brilhantes de um itinerário modestamente exemplar.
A RBPI, decana das revistas especializadas em Relações Internacionais no Brasil, e uma das mais tradicionais da América Latina, realmente desponta como o projeto mais constante do IBRI. A transferência para Brasília, juntamente com o IBRI em 1993, foi o mais importante passo da já longa trajetória da Revista, porque lhe permitiu a confirmação da sua identidade científica, a partir de então mantida e velada consistentemente por professores de Relações Internacionais da Universidade de Brasília.
O IBRI agora se prepara para celebrar também, em 2017, o sexagésimo aniversário da publicação do primeiro volume da Revista. Ao longo da sua história brasiliense, o IBRI e os professores e diplomatas que animam a instituição, não pouparam energias e recursos para manter a Revista como o seu grande empreendimento intelectual, que a essas alturas, já é um patrimônio de toda a comunidade brasileira de Relações Internacionais.

Referências bibliográficas
BATH, Sérgio. Cleantho de Paiva Leite (1921-1992). Revista Brasileira de Política Internacional, Vol. 35, No. 139-140, 1992.

Antônio Carlos Lessa, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, é editor-geral da Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI;
Paulo Roberto de Almeida , diplomata de carreira, é editor-adjunto da Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI;



terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Revista Brasileira de Política Internacional: um projeto pedagogico - Antonio Carlos Lessa

A Revista Brasileira de Política Internacional e uma divulgação pedagogicamente instruída
Antônio Carlos Lessa
Mundorama, 9/12/2014

A equipe da Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI vem investindo ao longo dos últimos anos no desenvolvimento de novas formas de comunicação e de divulgação das suas edições, mas também de eventos e de notícias relacionadas com os ciclos editoriais do veículo. Nesse sentido, tanto o site do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais – IBRI (que publica a Revista desde 1958) quanto os seus perfis nas redes sociais tem repercutido intensamente os artigos veiculados, press releases, chamadas para contribuições, perfis, e também entrevistas realizadas com os autores de alguns dos trabalhos publicados.

Na preparação do lançamento da edição especial “China rising – strategies and tactics of China’s growing presence in the world”, o Editor da RBPI apresentou ao time de estudantes que compõe o Programa de Educação Tutorial do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília o desafio da produção da série de entrevistas que foi publicada entre outubro e novembro do corrente ano.

O PET-REL funciona desde o final dos anos noventa e foi o primeiro programa dessa natureza na área de Relações Internacionais no Brasil. O Programa de Educação Tutorial é uma iniciativa do Ministério da Educação que tem por objetivo propiciar a uma seleção de alunos, em geral com rendimento acadêmico destacado e com potencial para o desenvolvimento de estudos avançados, formação complementar que levem ao seu aperfeiçoamento acadêmico, na forma de atividades extracurriculares coordenadas por um professor tutor. Funciona no PET-REL já há alguns anos o Laboratório de Análise de Relações Internacionais, no qual os participantes são levados a construir análises de conjuntura sobre temas da agenda internacional contemporânea.

O exercício proposto pela Editoria da RBPI não era trivial: pressupunha a leitura crítica dos artigos selecionados, a eventual consulta a fontes e recursos de informação adicionais, o estudo dos perfis dos autores, a contextualização do trabalho escrito na literatura da área, a elaboração de roteiros e de perguntas originais, bem redigidas e sequenciadas e, finalmente, a realização das entrevistas.

Sob a orientação do tutor do PET-REL, Alcides Costa Vaz, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, a equipe de estudantes se entregou a esse trabalho com dedicação. Foram produzidas doze entrevistas, cobrindo boa parte dos trabalhos publicados na edição especial da RBPI (que publicou quinze artigos inéditos – a edição especial pode ser lida aqui). As entrevistas foram publicadas no site do IBRI (seção Foco no Autor), no Boletim Mundorama e no Blog Scielo em Perspectiva – Humanas.

Os resultados desse esforço, podem ser acessados abaixo:

The international implications of the Chinese model of development in the Global South: Asian Consensus as a network power`an interview with the authors  – Veja a entrevista concedida a Gabriela Araújo;
“China’s Proposing Behavior in Global Governance: the Cases of the WTO Doha Round Negotiation and G-20 Process”, an interview with Hongsong Liu  – Veja aentrevista concedida a Bruno Basílio Rissi;
“Chinese and Brazilian Ideas and Involvement in Sub-Saharan Africa”, interview with the authors – Veja a entrevista concedida a Mariana Barros Nóbrega Gomes;
“The role of China in the Greater Mekong Sub-region”, an interview with Truong-Minh Vu – Veja a entrevista concedida a Banvasten Araújo;
“The tale of a Trojan horse or the quest for market access? China and the WTO”, an interview with Sven Van Kerckhoven – Veja a entrevista concedida a Laís Bueno Sachs;
“Chinese energy policy progress and challenges, 2006 – 2013”, an interview with Larissa Basso – Veja a entrevista concedida a André Vicente Pintor;
“Macau in China’s relations with the lusophone world”, an interview with Carmen Mendes – Veja a entrevista concedida a Vanbasten Noronha;
“Peaceful Rise and the Limits of Chinese Exceptionalism”, an interview with Raquel Vaz-Pinto – Veja a entrevista concedida a Joana Soares;
“The role of rhetoric in constructing China-Africa relations”, an interview with Lucy J. Corkin – Veja a entrevista concedida a Isabela Ottoni Penna do Nascimento;
Interview about the article “Chinese engagement for Global Governance: aiming for a better room at the table”, with Henrique Altemani – Veja aentrevista concedida a Pedro Simão Mendes;
Interview about “Japan and India: soft balancing as a reaction to China’s rise?”, with Wellington Amorim & Antonio Lucena – Veja a entrevista concedida a Rafael Monteiro Manechini;
Interview about “Swords into Ploughshares? China’s Soft Power Strategy in Southeast Asia and Its Challenges”, an interview with Tung-Chieh Tsai – Veja aentrevista concedida a Mila Pereira Campbell.
Antônio Carlos Lessa é professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília - iREL-UnB e editor da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Parcerias Estrategicas do Brasil: novo livro na praça (A.C. Lessa; H. Altemani, orgs.)



Editora Fino Traço, o Centro de Estudos sobre o Pacífico e o Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília anunciam a publicação do livro ”Parcerias Estratégicas do Brasil: os significados e as experiências tradicionais”, obra coletiva organizada por Henrique Altemani de Oliveira, professor da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, e Antônio Carlos Lessa, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília.
A expressão parcerias estratégicas se converteu, ao longo dos últimos anos, em uma idéia importante das políticas externas de muitos países, inclusive do Brasil. Por isso, muita energia tem sido dispendida, em diferentes comunidades acadêmicas por todo o mundo, em esforços de análise em torno do sentido que a expressão adquiriu na prática diplomática de tantos e tão diferentes atores.
Nesta obra coletiva se procura debater a ideia de parcerias estratégicas, no Brasil e em outros países, como também as suas diferentes acepções e graduações. São apresentadas reflexões sobre alguns relacionamentos tradicionais que adquiraram sentido prioritário no cálculo da política externa brasileira contemporânea. Busca-se também avançar na reflexão acerca da origem e do desenvolvimento de novas formas de parcerias, como as que se observa em espaços multilaterais e em processos de regionalização. E, finalmente, trazer para a reflexão sob a perspectiva brasileira, algumas outras experiências, como as que se concretizam na Ásia e na integração européia.
Neste volume são examinados os marcos conceituais das parcerias estratégicas, os relacionamentos com os países que denominamos de parceiros tradicionais (Estados Unidos, União Européia, Portugal, Espanha e Japão) e os parceiros regionais (o conjunto sul-americano, a Argentina e a Venezuela).
Acesse aqui a apresentação e a introdução deste livro.
Este livro pode ser adquirido nas melhores livrarias, ou diretamente no site da Editora Fino Traço – clique aqui para comprá-lo.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI (1/2011): Guerra e Paz de Portinari

Instituto Brasileiro de Relações Internacionais
Revista Brasileira de Política Internacional
Editorial da Edição Vol. 54 – No. 1 (1/2011) da RBPI
Guerra e Paz, traduções do nosso tempo
por Antônio Carlos Lessa
Publicação decana da área no Brasil, com mais de cinquenta anos de circulação, a Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI desde a sua fundação foi diagramada com capas padronizadas, que mudaram apenas duas ou três vezes ao longo da sua história. Desde 2004 temos empreendido um esforço de rejuvenescimento do padrão gráfico da Revista, com capas especialmente preparadas para cada uma das edições, de modo a emprestar-lhe leveza e modernidade. A idéia é a de singularizar a nossa publicação nas estantes dos nossos leitores, fazê-la ponto de referência visual e, para além do seu conteúdo, tornar a sua apresentação um ponto de observação e de nota.

Até o momento, não tivemos a oportunidade de ocupar o espaço nobre da capa das nossas edições com homenagens – talvez pela desconfiança de que uma revista científica não seria o espaço adequado para manifestações dessa natureza, ou porque não tenhamos tido até então um fato marcante o bastante, e de interesse geral, que o justificasse. A transferência dos painéis Guerra e Paz, de Cândido Portinari, para obras de restauro no Brasil, nos oferece essa primeira oportunidade e, por isso, as capas das duas edições do nosso volume 54, referente a 2011, estamparão as duas magníficas imagens.[1]

Os painéis foram doados pelo governo brasileiro à Organização das Nações Unidas, e inaugurados no hall dos Delegados da Assembléia Geral em setembro de 1957. No nosso ponto de vista, os painéis sugerem de modo dramático as circunstâncias do mundo em que vivemos, e são hoje, tanto quanto no momento em que foram concebidos, a expressão de crise internacional, e também a de seu remédio. São, portanto, uma expressão gráfica perfeita do nosso objeto, da agenda de pesquisa de todos quantos se dediquem ao estudo das Relações Internacionais, que de certo modo repercutimos nas edições da RBPI desde 1958.

A sua execução esgotou a saúde de Cândido Portinari, artista que fez do Brasil o seu grande tema, numa obra de caráter social e trágico, mas que se superou com a linda homenagem que o Brasil fez à ONU. Na inauguração dos painéis, o Embaixador Cyro de Freitas Valle, chefe da delegação brasileira à Assembléia Geral, resumiu com perfeição o significado dos painéis, e a importância de terem sido concebidos e executados por um dos maiores artistas brasileiros: “…o Brasil está oferecendo hoje às Nações Unidas o que acredita ser o melhor que tem para dar”.

Nós agradecemos à equipe do Projeto Portinari pelo suporte técnico para a reprodução das imagens e, especialmente, ao Professor João Cândido Portinari, filho do grande artista brasileiro, pelo apoio que nos deu. A permissão para a reprodução do trabalho de seu pai em nossa Revista viabilizou essa homenagem, que é nossa, e de todos os que acreditam que as inquietações expressadas em Guerra e Paz são também a tradução do nosso tempo.

[1] Mais informações sobre os trabalhos de restauração podem ser obtidas no site do projeto, acessível em http://www.guerraepaz.org.br.

Antônio Carlos Lessa é Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília – UnB, pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e editor da Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mundorama: divulgando um empreendimento exemplar em RI

Fazendo explicitamente propaganda (o que não é hábito neste blog):

Mundorama
Divulgação Científica em Relações Internacionais – ISSN 2175-2052

O que é o Boletim Mundorama

Mundorama é uma abordagem ágil sobre os temas da agenda internacional e da política externa brasileira. A iniciativa divulga análises de conjuntura, notas técnicas, teses de doutorado, dissertações de mestrado, artigos científicos, relatórios de pesquisa, notícias de eventos e notícias sobre o acervo em formato digital de periódicos especializados. Tudo desenvolvido em uma abordagem não-exaustiva, mas cuidadosa e atenta aos rumos do desenvolvimento da comunidade especializada em Relações Internacionais no Brasil.

Mundorama é uma publicação do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília – iREL-UnB, desenvolvida pela equipe do projeto integrado de pesquisa Parcerias Estratégicas do Brasil: as experiências em curso e a construção do conceito, e apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Em Mundorama são publicadas contribuições em formato variado dos pesquisadores vinculados ao projeto e de pesquisadores colaboradores externos cuja reflexão de algum modo se alinhe com os temas da nossa agenda. São especialmente valorizadas contribuições curtas versando sobre os temas da agenda internacional contemporânea.
Expediente

Editor: Antônio Carlos Lessa – Universidade de Brasília – UnB

Conselho Editorial/Equipe do projeto integrado de pesquisa Parcerias Estratégicas do Brasil: as experiências em curso e a construção do conceito:

* Amado Luiz Cervo – Universidade de Brasília – UnB
* Ana Flávia Granja e Barros Platiau – Universidade de Brasília – UnB
* Antônio Jorge Ramalho da Rocha – Universidade de Brasília – UnB
* Argemiro Procópio Filho – Universidade de Brasília – UnB
* Cristina Soreanu Pecequilo – Universidade Estadual Paulista – UNESP
* Eiiti Sato – Universidade de Brasília – UnB
* Estevão Chaves de Resende Martins – Universidade de Brasília – UnB
* Henrique Altemani de Oliveira – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP
* José Flávio Sombra Saraiva – Universidade de Brasília – UnB
* Miriam Gomes Saraiva – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
* Paulo Fagundes Vizentini - Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
* Pio Penna Filho – Universidade de São Paulo – USP

Secretaria: Celi Rodrigues de Oliveira (admin@mundorama.net)
Quem somos

A equipe do projeto integrado de pesquisa “Parcerias Estratégicas do Brasil: a construção do conceito e as experiências em curso” é composta por professores de universidades brasileiras e estrangeiras, que colaboram em uma grande rede de pesquisa dedicada ao estudo do sistema de relações internacionais internacionais do Brasil, em múltiplas perspectivas teóricas e metodológicas. Os objetivos precípuos do projeto são, além da formação e do funcionamento regular da rede científica internacional, a formação de quadros em nível de pós-graduação especializados nos temas do projeto, a criação de uma ambiência multiinstitucional dedicada ao estudo e à pesquisa acerca dessa agenda (o que inclui o envolvimento de estudantes de graduação e a orientação de projetos de iniciação científica), a disseminação de resultados (publicação de trabalhos científicos, na forma de artigos e livros, e organização de seminários e cursos temáticos) e a formação de insumos para a formulação de políticas com repercussão internacional.

A iniciativa Mundorama, desenvolvida como portal de divulgação científica do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília e do projeto integrado de pesquisa, é dirigida pelo Professor Antônio Carlos Lessa (coordenador), com apoio técnico de Celi Rodrigues de Oliveira.

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Seleção de recursos bibliográficos sobre Relações Internacionais e política exterior do Brasil, em diferentes perspectivas metodológicas – acervos de periódicos científicos, teses de doutorado, dissertações de mestrado e relatórios técnicos


Revista Brasileira de Política InternacionalRBPI
Publicação semestral do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI), editada desde 1958. Na nossa biblioteca estão disponíveis os números completos publicados desde 1993.
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Revista Cena Internacional
Publicação semestral do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (iREL-UnB), editada desde 1999. Na nossa biblioteca está disponível a série completa.
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Meridiano 47 – Boletim de Análise de Conjuntura em Relações Internacionais
Publicação mensal do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, editada desde julho de 2000. Na nossa biblioteca está disponível a série completa.
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Livros
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Teses de doutorado e dissertações de mestrado
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Relatórios técnicos
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sábado, 24 de abril de 2010

2072) RBPI: um empreendimento exemplar - Antonio Carlos Lessa

Um empreendimento meritório, ao qual estive associado desde o início de sua etapa brasiliense, e do qual tenho orgulho de participar.
Cumprimentos ao atual editor, Antonio Carlos Lessa, pelo seu relevante trabalho à frente da revista.
Paulo Roberto de Almeida

A Revista Brasileira de Política Internacional e o panorama das revistas científicas da grande área de humanidades no Brasil 1
Antônio Carlos Lessa 2
http://docs.google.com/View?id=ajbzk4m2d33k_213p57456f3

I - RBPI, uma trajetória de meio século


A Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI é uma das mais tradicionais publicações científicas brasileiras. Foi criada em 1958, no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Relações Internacionais - IBRI, organização estabelecida em 1954 como uma das expressões do ambiente de renovação intelectual que o país experimentava naquele momento.

A Revista foi pensada em seus primórdios como um veículo voltado para a repercussão do pensamento nacional dedicado a um dos temas centrais da modernização do país: a ampliação dos seus horizontes internacionais e a vinculação dessa dinâmica com o desenvolvimento nacional. Logo nas suas primeiras edições, essa marca se assentou de modo claro: as direções e as oscilações da ação internacional do Brasil, as concepções de ordem internacional, os grandes enfrentamentos entre as potências, a ascensão e a queda dos impérios, e os temas centrais da agenda internacional contemporânea foram sistematicamente acompanhados e criticamente analisados nos 108 compêndios que compõem os 52 volumes de publicação ininterrupta. 3

A RBPI repercutiu em suas páginas cada um dos momentos cruciais da história nacional, vistos sob a perspectiva dos seus desafios externos. Temas como o lançamento da Operação Pan-Americana pelo governo Juscelino Kubitschek, os fundamentos da Política Externa Independente, do governo Jânio Quadros, a alternância dos regimes políticos, as relações complexas com os países vizinhos, os rumos da universalização das relações exteriores, os problemas de segurança nacional e as suas conexões com as estratégias de defesa nacional, o destino das relações com os parceiros tradicionais (as relações com os Estados Unidos e com a Europa), a construção de novos relacionamentos, a abertura para a África e para a Ásia, as conexões da agenda externa com a estratégia de desenvolvimento econômico, as mazelas da dependência estrutural, etc. Enfim, a RBPI se formou como o veículo preferencial do grande debate nacional sobre as escolhas internacionais do Brasil.4

Do mesmo modo, os grandes temas da política internacional contemporânea foram objeto da atenção dos analistas que encontraram na RBPI o espaço adequado para repercutir as suas pesquisas e reflexões. Comércio internacional, integração econômica, fluxos financeiros internacionais, desenvolvimento científico e tecnológico, meio-ambiente, direitos humanos, Antártida, cooperação internacional, segurança internacional, desarmamento e não-proliferação nuclear, entre tantos outros assuntos, ganharam tratamento pioneiro no Brasil nas páginas da Revista. 5

A RBPI manteve, pois, ao longo da sua trajetória, extraordinária coerência com os seus propósitos de fundação, e especialmente, com a decisão das equipes que a dirigiram ao longo da sua existência, de mantê-la como um veículo de debate acadêmico, mas também de formação de uma tradição no modo de ver e pensar Relações Internacionais e os temas da contemporaneidade. Talvez a isso se possa creditar a sua sobrevivência no ambiente acadêmico brasileiro, ao tempo em que muitos outros empreendimentos editoriais importantes das ciências sociais no país não passaram dos seus primeiros números. 6

A trajetória da RBPI pode ser compreendida em três grandes fases:

1. de 1958 até 1993: o veículo se faz expressão do pensamento brasileiro aplicado às relações internacionais, de intelectuais, diplomatas e poucos acadêmicos, porque a área de estudo não era contemplada pela Academia. A gestão da revista é feita pelo IBRI, fora da Universidade;
2. anos 90: quando da transferência para Brasília do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, a RBPI foi acolhida em 1993 por grupo de pesquisadores da Universidade de Brasília, onde mantém desde então a sua base operacional. Em sua nova sede se deu início ao processo de consolidação do viés científico da revista, justamente no momento em que a área de Relações Internacionais começava a se expandir no Brasil, com o crescimento e a sofisticação da comunidade acadêmica especializada e com o aumento exponencial do número de cursos de graduação na área. A RBPI tornou-se uma revista eminentemente científica, como outras geridas em centros de estudo de primeira linha no mundo. Por outro lado, a abertura internacional do Brasil transformou as relações exteriores do Brasil objeto de interesse de segmentos novos e diversificados da sociedade, e à essa mudança também a Revista respondeu com a ampliação e a diversificação dos aspectos objeto de análise;
3. no século XXI, dá-se continuidade à fase anterior, porém as tecnologias da informação e as modificações dos modelos tradicionais de comunicação científica penetram a gestão da revista, de modo a equipará-la aos veículos de mesmo gênero e padrão de qualidade existentes nos países de grande tradição na área. Esta fase porta, pois, novas demandas e ambições. Fazia-se necessário ampliar a sua visibilidade internacional, aumentar a sua circulação e atender aos crescentemente exigentes critérios das agências de fomento, tanto para a viabilização econômica do veículo, quanto para ascender sistematicamente nas escalas de avaliação e indexação nacionais e internacionais.

II - A RBPI e o panorama das publicações científicas da grande área de humanidades

A gestão de uma publicação científica no Brasil não é uma responsabilidade simples. Também não é trivial a manutenção e a valorização de um acervo que é a tradução do acumulado científico de uma disciplina desde os seus primórdios. Cabem aqui algumas considerações gerais sobre a natureza do ambiente editorial de ciências sociais brasileiro e sobre como tem impacto na direção de uma publicação como a Revista Brasileira de Política Internacional.

Há um número extraordinariamente elevado de publicações na grande área de humanidades no Brasil, de todos os tipos, formatos e vocações. O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - IBICT informa que existem atualmente 13.141 publicações científicas das mais diversas áreas no Brasil, entre as quais, 3.550 são da grande área de humanidades. Ainda que esses números escondam imprecisões, dado o fato de que boa parte das publicações científicas naufragam sem que os seus editores informem a sua interrupção ao órgão, temos um cenário editorial bastante fragmentado e também instigante.

Número de publicações científicas da grande area de humanidades constantes nos registros do IBICT-MCT

Ciências Humanas 185
Filosofia 331
Sociologia 214
Antropologia 80
Arqueologia 22
História 307
Geografia 276
Psicologia 402
Educação 1310
Ciência política 230
Teologia 193
Total 3550
Fonte: IBICT, 13/04/2010.
Dados gentilmente cedidos pelo Centro Brasileiro do ISSN – IBICT – MCT.

Por um lado, o treinamento para a ciência passa pelo exercício da publicação científica, pela estímulo à exposição de argumentos, pela iniciação ao debate de alto nível, pela convalidação pelos pares e, por isso, parece ser muito positivo que existam publicações em quantidade e com vocação para suportar o seu crescimento. O advento das publicações em formato digital e em acesso aberto torna isso ainda mais simples e cada vez mais fácil (ainda o IBICT informa que existam atualmente no país 1.821 publicações on line). São muitos os condomínios institucionais de revistas que existem atualmente no Brasil, em geral mantidos por universidades a partir da plataforma do Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER), apesar de que esse não seja o único sistema a facilitar a publicação científica disponível.

Por outro lado, a fragmentação do cenário editorial gera também problemas de certo modo difíceis de serem resolvidos. O primeiro deles são as dificuldades de financiamento, que transferem para as agências de fomento grande responsabilidade pela sobrevivência das publicações científicas brasileiras. Isso aponta para a dificuldade de afirmação de padrões de excelência e de consolidação do mercado editorial científico especializado. São produzidos, assim, muitos veículos com qualidade abaixo da desejável, periodicidade irregular e altos níveis de endogenia.

O segundo grande problema desse cenário de fragmentação diz respeito às condições de competividade e de visibilidade internacional das revistas nacionais, que afligem especificamente as publicações consolidadas. É fato que a grande área de humanidades é a menos internacionalizada do cenário científico brasileiro. Isso entretanto, parece ser próprio da área, e vemos que o mesmo acontece com as comunidades científicas de outros países do mesmo porte do Brasil. Produz-se, pois, ciência para consumo próprio, naturalmente ensimesmada, e quando muito, para circulação em espaços acadêmicos especializados no exterior.

As ciências sociais brasileiras, por exemplo, estão há muito consolidadas no nicho de estudos latino-americanos. São raros os trabalhos publicados em revistas nacionais que informam o mainstream, que por seu turno permanece alheio ao que se passa ao Sul. Para tanto, contribuem as trajetórias de formação e de estruturação dessas comunidades, tanto as do exterior, quanto as nacionais, mas também as suas formas de comunicação científica e os seus veículos.

O problema do idioma da publicação explica parcialmente as dificuldades de repercussão internacional do conhecimento publicado mesmo em revistas nacionais de alto nível, mas isso não diz tudo. Ao lado do problema da comunicação, está a qualidade das pesquisas que inspiram os artigos publicados, o que produz a percepção de ciência pouco séria, e portanto, que pouco repercute e que possui baixo impacto internacional.

Uma medida interessante para se observar adequadamente esse processo pode ser tomada com o número publicações científicas de ciências sociais, por exemplo, que têm fator de impacto, de acordo com os parâmetros do Journal Citation Reports - JCR. Mesmo que essa medida seja polêmica, ela é adequada para mesurar os índices de internacionalização dos veículos nacionais da área. Assim, apenas 3 revistas brasileiras estão elencadas no JCR 2008 de ciências sociais. Um exame mais sistemático do quadro de citações evidencia os graus elevados de auto-referenciamento na área e do quanto é ela paroquiana: grande parte das citações se fazem em publicações brasileiras que, por um motivo ou por outro, estão também nas bases indexadas do ISI Web of Science. Em outras palavras, bem poucas publicações estrangeiras importantes publicam artigos que citam trabalhos veiculados em revistas brasileiras, mesmo aquelas que são percebidas pelas comunidades científicas nacionais como sendo as mais importantes e internacionalizadas da grande área.

O quadro abaixo sistematiza os dados comparativos do JCR 2008.

Número de revistas constantes no JCR 2008 e no ISI Web of Science

JCR Ciências - JCR Ciências Sociais - ISI Web of Science (Todas as áreas)
Número de publicações: 6620 - 1985 - 11259
Estados Unidos: 2506 - 1060 - 4078
Brasil: 28 - 3 - 123
Rússia: 108 - 6 - 154
Índia: 45 - 4 - 109
China: 81 - 6 - 134
África do Sul: 21 - 8 - 64
Argentina: 8 - 2 - 20
Fonte: ISI Web of Science, data de acesso: 19/04/2010

Um outro aspecto que também causa a baixa circulação internacional das grandes revistas nacionais é a falta de cuidado de boa parte das equipes editoriais com algumas medidas simples, e que poderiam amplificar a visibilidade dos seus veículos: referimo-nos especialmente à falta de políticas para a indexação internacional. Com efeito, a internet facilitou não apenas a publicação científica em acesso aberto, mas tornou mais ágeis os processos de candidatura e a inserção das boas revistas nos melhores serviços indexadores, que em geral possuem regras bastante exigentes para a definição dos veículos a serem acompanhados. A concentração do mercado das agregadoras de conteúdo também possibilita que os acervos dessas revistas passem a figurar em bases de dados altamente especializadas e acessíveis para universidades e centros de pesquisa em todos os países do mundo.

Portanto, pelo momento, parece que o destino das publicações científicas da grande área de humanidades é figurar nos segmentos altamente especializados. Não há demérito nessa constatação, mas ela impõe uma necessária adaptação nas estratégias de sobrevivência e de competividade para as publicações que pretendem aumentar a sua circulação internacional, se considerarmos que esse passa a ser o desafio dos principais veículos brasileiros da grande área em geral, e das ciências sociais, em particular. Acresce que as condições de visibilidade internacional acabam tendo repercussões dramáticas para a performance dos veículos e para a sua capacidade de atrair contribuições cienficamente impactantes.

Isso é particularmente importante quando consideramos a escala de classificação Qualis-CAPES, especialmente nos seus estratos superiores, em que imperam os veículos estrangeiros. Por mais polêmicos que sejam os critérios de classificação nos estratos A1 e A2, essa é uma realidade inarredável, que contigencia a ação das equipes editoriais das boas publicações científicas da grande área de humanidades no Brasil. Aqui, o intrigante não é propriamente o número de publicações nacionais no estrato A1, que representa 13,45% do total, mas a sua distribuição francamente desigual. Como se vê na tabela abaixo, ao tempo em que algumas áreas têm até um número razoável de publicações nacionais, outras consideram que em todo o cenário editorial brasileiro não existe uma única revista em condições de atender parâmetros de qualidade provavelmente enviesados demais ou exigentes demais.

Revista nacionais da área de humanidades constantes no estrato A1 do Qualis-CAPES
Área de Avaliação - Estrato A1 - Número de publicações brasileiras
Administração, Ciências Contábeis e Turismo: 70 - 1
Antropologia: 33 - 7
Ciência Política e Relações Internacionais: 33 - 3
Direito: 13 - 2
Economia: 28 - 0
Educação: 59 - 19
Filosofia/Teologia: 33 - 0
Geografia: 20 - 0
História: 26 - 8
Letras/Linguística: 97 - 20
Planejamento urbano: 15 - 2
Psicologia: 50 - 0
Serviço Social: 4 - 2
Sociologia: 42 - 8
Arquitetura e urbanismo: 21 - 0
Ciências sociais aplicadas: 6 - 1
Total: 550 - 73
Fonte: Qualis-CAPES, acesso: 10/04/2010

Nesse caso, a pergunta de ouro é: o problema fundamental é das áreas de avaliação e dos seus processos de decisão, ou das publicações científicas nacionais? A resposta para essa pergunta tem consequências importantes para o cenário editorial brasileiro especializado. Por um lado, as áreas de avaliação podem estar incorrendo no erro de subestimar a qualidade de boas publicações brasileiras, crendo que o estrato superior deve estar reservado principalmente para publicações editadas fora do Brasil, mesmo que por vezes não tenham os mesmos padrões de qualidade de determinadas revistas nacionais. Por outro lado, o problema pode estar também nas revistas, e nesse sentido seria urgente a ação concertada das comunidades científicas, com o apoio das agências de fomento, para redefinir parâmetros de excelência e de competitividade e estimular em novas bases a internacionalização dos seus veículos consolidados. De um modo ou de outro, é fato que a classificação no Qualis-CAPES faz parte de um ciclo vicioso (ou virtuoso) que tem impactos dramáticos para as boas publicações científicas brasileiras.

Os dados acima apresentados têm repercussão evidente para os veículos brasileiros da grande área, especialmente daqueles que se encontram nos limites das possibilidades de reconhecimento internacional. Esse é o caso da Revista Brasileira de Política Internacional.

III - As estratégias de adaptação a um ambiente em mudança

Como a Revista Brasileira de Política Internacional se adaptou a esse cenário que apresenta questões fundamentais para a gestão de um veículo científico de qualidade? Elas passam pelo equacionamento do financiamento, pela busca de visibilidade nacional, pelo aumento da circulação internacional, e especialmente da relevância científica no cenário paroquiano das ciências sociais brasileiras. Uma publicação de corte temático específico, em que coabitam diferentes perspectivas metodológicas (o que de resto, é típico da disciplina Relações Internacionais) como o da RBPI, apesar de largamente consolidada, sofreu por certo tempo com o preconceito de determinadas comunidades científicas. Esse, entretanto, foi percalço menor, que a divulgação adequada do trabalho importante desenvolvido na gestão editorial e na repercussão da Revista permitiu contornar.

Foi tendo em conta a realidade do cenário editorial científico brasileiro, e especialmente os horizontes estreitos da área de ciências sociais, que se buscou o reposicionamento da RBPI, com a definição de uma estratégia que partiu das seguintes constatações:

1. A área é nicho - portanto, a capacidade de escapar dos círculos especializados em estudos latino-americanos é naturalmente limitada, mas isso não é uma fatalidade. É importante aproveitar a especificidade da inserção das ciências sociais brasileiras no cenário científico global para difundir o veículo, mas é fundamental tentar romper esse ciclo, e ensaiar projetos que permitam o aumento da sua visibilidade internacional;
2. As inovações tecnológicas na publicação científica, e em especial a vulgarização do acesso aberto, têm repercussões extremamente positivas, uma vez que proporciona o aumento da visibilidade nacional e internacional da Revista, mas também trazem riscos para as suas condições de financiamento, por exemplo. As possibilidades de maior difusão pela internet (em acesso aberto) ou em bases de dados de agregadoras internacionais trazem também novos desafios, como a necessidade de aprimorar os controles de qualidade e de se contornar com criatividade o problema fundamental do idioma;
3. O nosso conhecimento é patrimônio - é fundamental pôr em perspectiva a trajetória incomum de uma publicação com mais de meio século de existência e, especialmente, valorizar e difundir o seu acervo bibliográfico e o seu significado para a disciplina Relações Internacionais no Brasil.

Para tanto, a estratégia seguida pela equipe da RBPI ao longo dos últimos anos foi basicamente a seguinte:

1. A busca de indexação internacional de alto nível, com a candidatura do veículo aos principais serviços indexadores da grande área de humanidades. Atualmente a Revista está indexada em 23 serviços de primeira linha, e em alguns outros serviços menores, entre brasileiros e estrangeiros. Esse processo se desenvolveu a partir de 2004 e ainda há algumas candidaturas importantes em aberto, que devem se concluir até 2011, quando ela passará a figurar em todos os mais importantes serviços indexadores e em algumas das mais prestigiosas bases de dados do mundo; 7
2. A inclusão do veículo em importantes bases de dados internacionais, mantidas por grandes agregadoras como a EBSCO e a Cengage Gale, que incluem a publicação nos pacotes comercializados para universidades do mundo inteiro (pode-se testar a eficiência dessas ferramentas no Brasil por intermédio do Portal Periódicos CAPES). Ou seja, a Revista é também acessível em universidades nos cinco continentes e foi a primeira publicação brasileira da área de humanidades a atingir esse nível de difusão. Isso se faz sem prejuízo da manutenção de uma política de acesso aberto irrestrito;
3. A candidatura à Coleção Scielo Brasil, onde a RBPI foi incluída em 2007, teve grande impacto para a visibilidade nacional e internacional da publicação. Além disso, o seu acervo desde 1995 foi publicado na Coleção (http://www.scielo.br/rbpi), o que garante visibilidade adicional em acesso público e gratuito;
4. Digitalização e publicação da série histórica (ou seja, de todos os números publicados entre 1958 e 1992), em acesso público e gratuito (publicados integral e gratuitamente na iniciativa de divulgação científica Mundorama - http://www.mundorama.net);
5. A composição de conselhos com profissionais influentes da grande área, de diferentes perspectivas metodológicas e de várias comunidades científicas, que são acionados para as atividades corriqueiras da gestão da política editorial, mas sobretudo para auxiliar na divulgação internacional da Revista;
6. A manutenção de uma política de divulgação dinâmica, seja nos grandes congressos e eventos internacionais da área, ou em inserções constantes nas principais listas de discussão nacionais e internacionais especializadas;
7. A adaptação das normas de contribuição, com a admissão de artigos também em inglês e em espanhol (e a publicação nos idiomas em que foram submetidos), permitiu a ampliação internacional dos colaboradores;
8. Uma política de doações orientada para a manutenção das coleções de importantes centros de referência no Brasil e na América Latina e de todos os principais centros de estudos latino-americanos dos Estados Unidos, Europa e Japão. Além disso, a RBPI é enviada para os principais pesquisadores brasileiros e para uma seleção de profissionais estrangeiros, que são considerados formadores influentes e em condições de divulgar adequadamente a publicação em suas instituições. A base de cortesias atinge 38 instituições estrangeiras e 27 brasileiras e 150 pesquisadores estrangeiros e 98 brasileiros;
9. A atenção à classificação na escala Qualis-CAPES, onde a Revista é sistematicamente bem avaliada, mas não figura ainda no estrato A1 da sua área de avaliação natural, que é Ciência Política e Relações Internacionais. Em outros comitês, a publicação tem avaliação com vieses considerados neutros, o que é motivo para a intensificação da divulgação da missão do veículo e das suas abordagens multidisciplinares. Busca-se promover o debate franco e aberto sobre os critérios de classificação e, especialmente, esclarecer que a publicação há muito atende a critérios ainda mais exigentes e competitivos como, por exemplo, os de alguns dos mais influentes indexadores internacionais.

Alguns projetos especiais que estão em desenvolvimento têm o potencial de aprimorar o ciclo virtuoso que se produz a partir da maior visibilidade nas comunidades científicas especializadas, que traz melhores contribuições e que por seu turno aumentam o impacto científico da publicação. A equipe editorial tem trabalhado particularmente em três grandes projetos:

1. Procura-se aproveitar a nova onda de interesse pelo Brasil que se tem verificado nos últimos meses, especialmente pelas características da sua inserção internacional. Nesse sentido, está em organização um número especial sobre a Política Externa Brasileira a partir de 2003, que será publicado inteiramente em inglês, com lançamento previsto para setembro do corrente ano. A depender do sucesso da experiência, cogita-se em repetí-la com frequência, com a produção mais constante de números especiais nos quais se repercutirá a visão da comunidade científica brasileira sobre os temas candentes da agenda internacional contemporânea;
2. É fundamental valorizar o acervo da RBPI. Assim, está em organização uma série de livros em formato digital que trará seleções contextualizadas de artigos publicados ao longo dos mais de cincoenta anos de existência da Revista, versando sobre temas da agenda internacional e da história da política exterior do Brasil. A intenção é que esse material possa ser utilizado como recurso paradidático em cursos de graduação de Relações Internacionais e pelas comunidades acadêmicas interessadas nessa disciplina, no país e no exterior;
3. Em 2010 a Revista estreará o seu blog, repercutindo os artigos publicados em um formato mais leve e dinâmico e ampliando as possibilidades de interação e de debate entre os autores e os seus leitores. Esse novo mecanismo permitirá a produção de entrevistas com os autores, a serem veiculadas em vídeo, e a publicação de fontes e recursos adicionais para o aprofundamento de pesquisa sobre os temas dos artigos publicados.

IV - Breve conclusão: RBPI, tradição e inovação

Há uma máxima comumente utilizada pelos diplomatas brasileiros para se referir às tradições internacionais do país que diz que a política externa nacional se renova na continuidade. Cremos que ela é válida também para sintetizar, com breve adaptação, a trajetória de sucesso da Revista Brasileira de Política Internacional. Assim, poderíamos afirmar que a RBPI é um veículo que soube se RENOVAR mas também INOVAR na sua extraordinária CONTINUIDADE e PERENIDADE.

Notas:
1 Paper preparado para o Seminário RBPG "A Capes e os Novos Paradigmas da Comunicação Científica", Brasília, 25-26/04/2010. O autor agradece os comentários de Amado Luiz Cervo, Estevão Chaves de Rezende Martins, José Flávio Sombra Saraiva e Virgílio Caixeta Arraes. As opiniões expressas neste trabalho são exclusivamente as de seu autor.

2 Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília - iREL-UnB e editor da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI (alessa@unb.br).

3 A propósito, ALMEIDA, Paulo Roberto de. Revista Brasileira de Política Internacional: quatro décadas ao serviço da inserção internacional do Brasil. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 41, n. spe, 1998 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73291998000300004&lng=en&nrm=iso. access on 20 Apr. 2010. doi: 10.1590/S0034-73291998000300004.

4 LESSA, Antônio Carlos. Há cinquenta anos a Operação Pan-Americana. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 51, n. 2, Dec. 2008 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292008000200001&lng=en&nrm=iso. access on 20 Apr. 2010. doi: 10.1590/S0034-73292008000200001.

5 LESSA, Antônio Carlos. RBPI: cinqüenta anos. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 50, n. 2, dez. 2007 . Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292007000200001&lng=pt&nrm=iso. acessos em 23 abr. 2010. doi: 10.1590/S0034-73292007000200001.

6 LESSA, Antônio Carlos; ALMEIDA, Paulo Roberto de. Editorial - O Ibri e a Revista Brasileira de Política Internacional: tradição, continuidade e renovação. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 47, n. 1, June 2004 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000100001&lng=en&nrm=iso. access on 20 Apr. 2010. doi: 10.1590/S0034-73292004000100001.

7 Atualmente a RBPI está indexada nos seguintes serviços: Academic One File; Academic Search Alumni Edition; Academic Search Complete; Academic Search Elite; Academic Search Premier; America: History & Life with Full Text; América: History and Life; Clase - Citas Latinoamericanas en Ciencias Sociales y Humanidades; Current Abstracts; DataÍndice; Directory of Open Access Journals; Fonte Acadêmica; Fuente Acadêmica; Fuente Académica Premier; Handbook of Latin America Studies - Library of Congress; HAPI - Hispanic American Periodicals Índex; Historical Abstracts; Historical Abstracts with Full Text; Informe Académico (Cengage Gale Learning); International Bibliography of the Social Sciences; International Political Science Abstracts; Journal Citation Reports - Social Sciences Edition; Periodicals Index OnLine; Political Science Complete; Public Affairs Índex; RedAlyc – Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal; Scielo Brasil; Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal – Catálogo Latindex; Social Sciences Citation Index - ISI Web of Knowledge; Social SciSearch; Social Services Abstracts; Sociological Abstracts; World History Abstracts; Worldwide Political Science Abstracts database; Open J-Gate; Journal Tables of Contents - Journal TOCS.