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sábado, 24 de abril de 2010
2072) RBPI: um empreendimento exemplar - Antonio Carlos Lessa
Cumprimentos ao atual editor, Antonio Carlos Lessa, pelo seu relevante trabalho à frente da revista.
Paulo Roberto de Almeida
A Revista Brasileira de Política Internacional e o panorama das revistas científicas da grande área de humanidades no Brasil 1
Antônio Carlos Lessa 2
http://docs.google.com/View?id=ajbzk4m2d33k_213p57456f3
I - RBPI, uma trajetória de meio século
A Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI é uma das mais tradicionais publicações científicas brasileiras. Foi criada em 1958, no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Relações Internacionais - IBRI, organização estabelecida em 1954 como uma das expressões do ambiente de renovação intelectual que o país experimentava naquele momento.
A Revista foi pensada em seus primórdios como um veículo voltado para a repercussão do pensamento nacional dedicado a um dos temas centrais da modernização do país: a ampliação dos seus horizontes internacionais e a vinculação dessa dinâmica com o desenvolvimento nacional. Logo nas suas primeiras edições, essa marca se assentou de modo claro: as direções e as oscilações da ação internacional do Brasil, as concepções de ordem internacional, os grandes enfrentamentos entre as potências, a ascensão e a queda dos impérios, e os temas centrais da agenda internacional contemporânea foram sistematicamente acompanhados e criticamente analisados nos 108 compêndios que compõem os 52 volumes de publicação ininterrupta. 3
A RBPI repercutiu em suas páginas cada um dos momentos cruciais da história nacional, vistos sob a perspectiva dos seus desafios externos. Temas como o lançamento da Operação Pan-Americana pelo governo Juscelino Kubitschek, os fundamentos da Política Externa Independente, do governo Jânio Quadros, a alternância dos regimes políticos, as relações complexas com os países vizinhos, os rumos da universalização das relações exteriores, os problemas de segurança nacional e as suas conexões com as estratégias de defesa nacional, o destino das relações com os parceiros tradicionais (as relações com os Estados Unidos e com a Europa), a construção de novos relacionamentos, a abertura para a África e para a Ásia, as conexões da agenda externa com a estratégia de desenvolvimento econômico, as mazelas da dependência estrutural, etc. Enfim, a RBPI se formou como o veículo preferencial do grande debate nacional sobre as escolhas internacionais do Brasil.4
Do mesmo modo, os grandes temas da política internacional contemporânea foram objeto da atenção dos analistas que encontraram na RBPI o espaço adequado para repercutir as suas pesquisas e reflexões. Comércio internacional, integração econômica, fluxos financeiros internacionais, desenvolvimento científico e tecnológico, meio-ambiente, direitos humanos, Antártida, cooperação internacional, segurança internacional, desarmamento e não-proliferação nuclear, entre tantos outros assuntos, ganharam tratamento pioneiro no Brasil nas páginas da Revista. 5
A RBPI manteve, pois, ao longo da sua trajetória, extraordinária coerência com os seus propósitos de fundação, e especialmente, com a decisão das equipes que a dirigiram ao longo da sua existência, de mantê-la como um veículo de debate acadêmico, mas também de formação de uma tradição no modo de ver e pensar Relações Internacionais e os temas da contemporaneidade. Talvez a isso se possa creditar a sua sobrevivência no ambiente acadêmico brasileiro, ao tempo em que muitos outros empreendimentos editoriais importantes das ciências sociais no país não passaram dos seus primeiros números. 6
A trajetória da RBPI pode ser compreendida em três grandes fases:
1. de 1958 até 1993: o veículo se faz expressão do pensamento brasileiro aplicado às relações internacionais, de intelectuais, diplomatas e poucos acadêmicos, porque a área de estudo não era contemplada pela Academia. A gestão da revista é feita pelo IBRI, fora da Universidade;
2. anos 90: quando da transferência para Brasília do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, a RBPI foi acolhida em 1993 por grupo de pesquisadores da Universidade de Brasília, onde mantém desde então a sua base operacional. Em sua nova sede se deu início ao processo de consolidação do viés científico da revista, justamente no momento em que a área de Relações Internacionais começava a se expandir no Brasil, com o crescimento e a sofisticação da comunidade acadêmica especializada e com o aumento exponencial do número de cursos de graduação na área. A RBPI tornou-se uma revista eminentemente científica, como outras geridas em centros de estudo de primeira linha no mundo. Por outro lado, a abertura internacional do Brasil transformou as relações exteriores do Brasil objeto de interesse de segmentos novos e diversificados da sociedade, e à essa mudança também a Revista respondeu com a ampliação e a diversificação dos aspectos objeto de análise;
3. no século XXI, dá-se continuidade à fase anterior, porém as tecnologias da informação e as modificações dos modelos tradicionais de comunicação científica penetram a gestão da revista, de modo a equipará-la aos veículos de mesmo gênero e padrão de qualidade existentes nos países de grande tradição na área. Esta fase porta, pois, novas demandas e ambições. Fazia-se necessário ampliar a sua visibilidade internacional, aumentar a sua circulação e atender aos crescentemente exigentes critérios das agências de fomento, tanto para a viabilização econômica do veículo, quanto para ascender sistematicamente nas escalas de avaliação e indexação nacionais e internacionais.
II - A RBPI e o panorama das publicações científicas da grande área de humanidades
A gestão de uma publicação científica no Brasil não é uma responsabilidade simples. Também não é trivial a manutenção e a valorização de um acervo que é a tradução do acumulado científico de uma disciplina desde os seus primórdios. Cabem aqui algumas considerações gerais sobre a natureza do ambiente editorial de ciências sociais brasileiro e sobre como tem impacto na direção de uma publicação como a Revista Brasileira de Política Internacional.
Há um número extraordinariamente elevado de publicações na grande área de humanidades no Brasil, de todos os tipos, formatos e vocações. O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - IBICT informa que existem atualmente 13.141 publicações científicas das mais diversas áreas no Brasil, entre as quais, 3.550 são da grande área de humanidades. Ainda que esses números escondam imprecisões, dado o fato de que boa parte das publicações científicas naufragam sem que os seus editores informem a sua interrupção ao órgão, temos um cenário editorial bastante fragmentado e também instigante.
Número de publicações científicas da grande area de humanidades constantes nos registros do IBICT-MCT
Ciências Humanas 185
Filosofia 331
Sociologia 214
Antropologia 80
Arqueologia 22
História 307
Geografia 276
Psicologia 402
Educação 1310
Ciência política 230
Teologia 193
Total 3550
Fonte: IBICT, 13/04/2010.
Dados gentilmente cedidos pelo Centro Brasileiro do ISSN – IBICT – MCT.
Por um lado, o treinamento para a ciência passa pelo exercício da publicação científica, pela estímulo à exposição de argumentos, pela iniciação ao debate de alto nível, pela convalidação pelos pares e, por isso, parece ser muito positivo que existam publicações em quantidade e com vocação para suportar o seu crescimento. O advento das publicações em formato digital e em acesso aberto torna isso ainda mais simples e cada vez mais fácil (ainda o IBICT informa que existam atualmente no país 1.821 publicações on line). São muitos os condomínios institucionais de revistas que existem atualmente no Brasil, em geral mantidos por universidades a partir da plataforma do Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER), apesar de que esse não seja o único sistema a facilitar a publicação científica disponível.
Por outro lado, a fragmentação do cenário editorial gera também problemas de certo modo difíceis de serem resolvidos. O primeiro deles são as dificuldades de financiamento, que transferem para as agências de fomento grande responsabilidade pela sobrevivência das publicações científicas brasileiras. Isso aponta para a dificuldade de afirmação de padrões de excelência e de consolidação do mercado editorial científico especializado. São produzidos, assim, muitos veículos com qualidade abaixo da desejável, periodicidade irregular e altos níveis de endogenia.
O segundo grande problema desse cenário de fragmentação diz respeito às condições de competividade e de visibilidade internacional das revistas nacionais, que afligem especificamente as publicações consolidadas. É fato que a grande área de humanidades é a menos internacionalizada do cenário científico brasileiro. Isso entretanto, parece ser próprio da área, e vemos que o mesmo acontece com as comunidades científicas de outros países do mesmo porte do Brasil. Produz-se, pois, ciência para consumo próprio, naturalmente ensimesmada, e quando muito, para circulação em espaços acadêmicos especializados no exterior.
As ciências sociais brasileiras, por exemplo, estão há muito consolidadas no nicho de estudos latino-americanos. São raros os trabalhos publicados em revistas nacionais que informam o mainstream, que por seu turno permanece alheio ao que se passa ao Sul. Para tanto, contribuem as trajetórias de formação e de estruturação dessas comunidades, tanto as do exterior, quanto as nacionais, mas também as suas formas de comunicação científica e os seus veículos.
O problema do idioma da publicação explica parcialmente as dificuldades de repercussão internacional do conhecimento publicado mesmo em revistas nacionais de alto nível, mas isso não diz tudo. Ao lado do problema da comunicação, está a qualidade das pesquisas que inspiram os artigos publicados, o que produz a percepção de ciência pouco séria, e portanto, que pouco repercute e que possui baixo impacto internacional.
Uma medida interessante para se observar adequadamente esse processo pode ser tomada com o número publicações científicas de ciências sociais, por exemplo, que têm fator de impacto, de acordo com os parâmetros do Journal Citation Reports - JCR. Mesmo que essa medida seja polêmica, ela é adequada para mesurar os índices de internacionalização dos veículos nacionais da área. Assim, apenas 3 revistas brasileiras estão elencadas no JCR 2008 de ciências sociais. Um exame mais sistemático do quadro de citações evidencia os graus elevados de auto-referenciamento na área e do quanto é ela paroquiana: grande parte das citações se fazem em publicações brasileiras que, por um motivo ou por outro, estão também nas bases indexadas do ISI Web of Science. Em outras palavras, bem poucas publicações estrangeiras importantes publicam artigos que citam trabalhos veiculados em revistas brasileiras, mesmo aquelas que são percebidas pelas comunidades científicas nacionais como sendo as mais importantes e internacionalizadas da grande área.
O quadro abaixo sistematiza os dados comparativos do JCR 2008.
Número de revistas constantes no JCR 2008 e no ISI Web of Science
JCR Ciências - JCR Ciências Sociais - ISI Web of Science (Todas as áreas)
Número de publicações: 6620 - 1985 - 11259
Estados Unidos: 2506 - 1060 - 4078
Brasil: 28 - 3 - 123
Rússia: 108 - 6 - 154
Índia: 45 - 4 - 109
China: 81 - 6 - 134
África do Sul: 21 - 8 - 64
Argentina: 8 - 2 - 20
Fonte: ISI Web of Science, data de acesso: 19/04/2010
Um outro aspecto que também causa a baixa circulação internacional das grandes revistas nacionais é a falta de cuidado de boa parte das equipes editoriais com algumas medidas simples, e que poderiam amplificar a visibilidade dos seus veículos: referimo-nos especialmente à falta de políticas para a indexação internacional. Com efeito, a internet facilitou não apenas a publicação científica em acesso aberto, mas tornou mais ágeis os processos de candidatura e a inserção das boas revistas nos melhores serviços indexadores, que em geral possuem regras bastante exigentes para a definição dos veículos a serem acompanhados. A concentração do mercado das agregadoras de conteúdo também possibilita que os acervos dessas revistas passem a figurar em bases de dados altamente especializadas e acessíveis para universidades e centros de pesquisa em todos os países do mundo.
Portanto, pelo momento, parece que o destino das publicações científicas da grande área de humanidades é figurar nos segmentos altamente especializados. Não há demérito nessa constatação, mas ela impõe uma necessária adaptação nas estratégias de sobrevivência e de competividade para as publicações que pretendem aumentar a sua circulação internacional, se considerarmos que esse passa a ser o desafio dos principais veículos brasileiros da grande área em geral, e das ciências sociais, em particular. Acresce que as condições de visibilidade internacional acabam tendo repercussões dramáticas para a performance dos veículos e para a sua capacidade de atrair contribuições cienficamente impactantes.
Isso é particularmente importante quando consideramos a escala de classificação Qualis-CAPES, especialmente nos seus estratos superiores, em que imperam os veículos estrangeiros. Por mais polêmicos que sejam os critérios de classificação nos estratos A1 e A2, essa é uma realidade inarredável, que contigencia a ação das equipes editoriais das boas publicações científicas da grande área de humanidades no Brasil. Aqui, o intrigante não é propriamente o número de publicações nacionais no estrato A1, que representa 13,45% do total, mas a sua distribuição francamente desigual. Como se vê na tabela abaixo, ao tempo em que algumas áreas têm até um número razoável de publicações nacionais, outras consideram que em todo o cenário editorial brasileiro não existe uma única revista em condições de atender parâmetros de qualidade provavelmente enviesados demais ou exigentes demais.
Revista nacionais da área de humanidades constantes no estrato A1 do Qualis-CAPES
Área de Avaliação - Estrato A1 - Número de publicações brasileiras
Administração, Ciências Contábeis e Turismo: 70 - 1
Antropologia: 33 - 7
Ciência Política e Relações Internacionais: 33 - 3
Direito: 13 - 2
Economia: 28 - 0
Educação: 59 - 19
Filosofia/Teologia: 33 - 0
Geografia: 20 - 0
História: 26 - 8
Letras/Linguística: 97 - 20
Planejamento urbano: 15 - 2
Psicologia: 50 - 0
Serviço Social: 4 - 2
Sociologia: 42 - 8
Arquitetura e urbanismo: 21 - 0
Ciências sociais aplicadas: 6 - 1
Total: 550 - 73
Fonte: Qualis-CAPES, acesso: 10/04/2010
Nesse caso, a pergunta de ouro é: o problema fundamental é das áreas de avaliação e dos seus processos de decisão, ou das publicações científicas nacionais? A resposta para essa pergunta tem consequências importantes para o cenário editorial brasileiro especializado. Por um lado, as áreas de avaliação podem estar incorrendo no erro de subestimar a qualidade de boas publicações brasileiras, crendo que o estrato superior deve estar reservado principalmente para publicações editadas fora do Brasil, mesmo que por vezes não tenham os mesmos padrões de qualidade de determinadas revistas nacionais. Por outro lado, o problema pode estar também nas revistas, e nesse sentido seria urgente a ação concertada das comunidades científicas, com o apoio das agências de fomento, para redefinir parâmetros de excelência e de competitividade e estimular em novas bases a internacionalização dos seus veículos consolidados. De um modo ou de outro, é fato que a classificação no Qualis-CAPES faz parte de um ciclo vicioso (ou virtuoso) que tem impactos dramáticos para as boas publicações científicas brasileiras.
Os dados acima apresentados têm repercussão evidente para os veículos brasileiros da grande área, especialmente daqueles que se encontram nos limites das possibilidades de reconhecimento internacional. Esse é o caso da Revista Brasileira de Política Internacional.
III - As estratégias de adaptação a um ambiente em mudança
Como a Revista Brasileira de Política Internacional se adaptou a esse cenário que apresenta questões fundamentais para a gestão de um veículo científico de qualidade? Elas passam pelo equacionamento do financiamento, pela busca de visibilidade nacional, pelo aumento da circulação internacional, e especialmente da relevância científica no cenário paroquiano das ciências sociais brasileiras. Uma publicação de corte temático específico, em que coabitam diferentes perspectivas metodológicas (o que de resto, é típico da disciplina Relações Internacionais) como o da RBPI, apesar de largamente consolidada, sofreu por certo tempo com o preconceito de determinadas comunidades científicas. Esse, entretanto, foi percalço menor, que a divulgação adequada do trabalho importante desenvolvido na gestão editorial e na repercussão da Revista permitiu contornar.
Foi tendo em conta a realidade do cenário editorial científico brasileiro, e especialmente os horizontes estreitos da área de ciências sociais, que se buscou o reposicionamento da RBPI, com a definição de uma estratégia que partiu das seguintes constatações:
1. A área é nicho - portanto, a capacidade de escapar dos círculos especializados em estudos latino-americanos é naturalmente limitada, mas isso não é uma fatalidade. É importante aproveitar a especificidade da inserção das ciências sociais brasileiras no cenário científico global para difundir o veículo, mas é fundamental tentar romper esse ciclo, e ensaiar projetos que permitam o aumento da sua visibilidade internacional;
2. As inovações tecnológicas na publicação científica, e em especial a vulgarização do acesso aberto, têm repercussões extremamente positivas, uma vez que proporciona o aumento da visibilidade nacional e internacional da Revista, mas também trazem riscos para as suas condições de financiamento, por exemplo. As possibilidades de maior difusão pela internet (em acesso aberto) ou em bases de dados de agregadoras internacionais trazem também novos desafios, como a necessidade de aprimorar os controles de qualidade e de se contornar com criatividade o problema fundamental do idioma;
3. O nosso conhecimento é patrimônio - é fundamental pôr em perspectiva a trajetória incomum de uma publicação com mais de meio século de existência e, especialmente, valorizar e difundir o seu acervo bibliográfico e o seu significado para a disciplina Relações Internacionais no Brasil.
Para tanto, a estratégia seguida pela equipe da RBPI ao longo dos últimos anos foi basicamente a seguinte:
1. A busca de indexação internacional de alto nível, com a candidatura do veículo aos principais serviços indexadores da grande área de humanidades. Atualmente a Revista está indexada em 23 serviços de primeira linha, e em alguns outros serviços menores, entre brasileiros e estrangeiros. Esse processo se desenvolveu a partir de 2004 e ainda há algumas candidaturas importantes em aberto, que devem se concluir até 2011, quando ela passará a figurar em todos os mais importantes serviços indexadores e em algumas das mais prestigiosas bases de dados do mundo; 7
2. A inclusão do veículo em importantes bases de dados internacionais, mantidas por grandes agregadoras como a EBSCO e a Cengage Gale, que incluem a publicação nos pacotes comercializados para universidades do mundo inteiro (pode-se testar a eficiência dessas ferramentas no Brasil por intermédio do Portal Periódicos CAPES). Ou seja, a Revista é também acessível em universidades nos cinco continentes e foi a primeira publicação brasileira da área de humanidades a atingir esse nível de difusão. Isso se faz sem prejuízo da manutenção de uma política de acesso aberto irrestrito;
3. A candidatura à Coleção Scielo Brasil, onde a RBPI foi incluída em 2007, teve grande impacto para a visibilidade nacional e internacional da publicação. Além disso, o seu acervo desde 1995 foi publicado na Coleção (http://www.scielo.br/rbpi), o que garante visibilidade adicional em acesso público e gratuito;
4. Digitalização e publicação da série histórica (ou seja, de todos os números publicados entre 1958 e 1992), em acesso público e gratuito (publicados integral e gratuitamente na iniciativa de divulgação científica Mundorama - http://www.mundorama.net);
5. A composição de conselhos com profissionais influentes da grande área, de diferentes perspectivas metodológicas e de várias comunidades científicas, que são acionados para as atividades corriqueiras da gestão da política editorial, mas sobretudo para auxiliar na divulgação internacional da Revista;
6. A manutenção de uma política de divulgação dinâmica, seja nos grandes congressos e eventos internacionais da área, ou em inserções constantes nas principais listas de discussão nacionais e internacionais especializadas;
7. A adaptação das normas de contribuição, com a admissão de artigos também em inglês e em espanhol (e a publicação nos idiomas em que foram submetidos), permitiu a ampliação internacional dos colaboradores;
8. Uma política de doações orientada para a manutenção das coleções de importantes centros de referência no Brasil e na América Latina e de todos os principais centros de estudos latino-americanos dos Estados Unidos, Europa e Japão. Além disso, a RBPI é enviada para os principais pesquisadores brasileiros e para uma seleção de profissionais estrangeiros, que são considerados formadores influentes e em condições de divulgar adequadamente a publicação em suas instituições. A base de cortesias atinge 38 instituições estrangeiras e 27 brasileiras e 150 pesquisadores estrangeiros e 98 brasileiros;
9. A atenção à classificação na escala Qualis-CAPES, onde a Revista é sistematicamente bem avaliada, mas não figura ainda no estrato A1 da sua área de avaliação natural, que é Ciência Política e Relações Internacionais. Em outros comitês, a publicação tem avaliação com vieses considerados neutros, o que é motivo para a intensificação da divulgação da missão do veículo e das suas abordagens multidisciplinares. Busca-se promover o debate franco e aberto sobre os critérios de classificação e, especialmente, esclarecer que a publicação há muito atende a critérios ainda mais exigentes e competitivos como, por exemplo, os de alguns dos mais influentes indexadores internacionais.
Alguns projetos especiais que estão em desenvolvimento têm o potencial de aprimorar o ciclo virtuoso que se produz a partir da maior visibilidade nas comunidades científicas especializadas, que traz melhores contribuições e que por seu turno aumentam o impacto científico da publicação. A equipe editorial tem trabalhado particularmente em três grandes projetos:
1. Procura-se aproveitar a nova onda de interesse pelo Brasil que se tem verificado nos últimos meses, especialmente pelas características da sua inserção internacional. Nesse sentido, está em organização um número especial sobre a Política Externa Brasileira a partir de 2003, que será publicado inteiramente em inglês, com lançamento previsto para setembro do corrente ano. A depender do sucesso da experiência, cogita-se em repetí-la com frequência, com a produção mais constante de números especiais nos quais se repercutirá a visão da comunidade científica brasileira sobre os temas candentes da agenda internacional contemporânea;
2. É fundamental valorizar o acervo da RBPI. Assim, está em organização uma série de livros em formato digital que trará seleções contextualizadas de artigos publicados ao longo dos mais de cincoenta anos de existência da Revista, versando sobre temas da agenda internacional e da história da política exterior do Brasil. A intenção é que esse material possa ser utilizado como recurso paradidático em cursos de graduação de Relações Internacionais e pelas comunidades acadêmicas interessadas nessa disciplina, no país e no exterior;
3. Em 2010 a Revista estreará o seu blog, repercutindo os artigos publicados em um formato mais leve e dinâmico e ampliando as possibilidades de interação e de debate entre os autores e os seus leitores. Esse novo mecanismo permitirá a produção de entrevistas com os autores, a serem veiculadas em vídeo, e a publicação de fontes e recursos adicionais para o aprofundamento de pesquisa sobre os temas dos artigos publicados.
IV - Breve conclusão: RBPI, tradição e inovação
Há uma máxima comumente utilizada pelos diplomatas brasileiros para se referir às tradições internacionais do país que diz que a política externa nacional se renova na continuidade. Cremos que ela é válida também para sintetizar, com breve adaptação, a trajetória de sucesso da Revista Brasileira de Política Internacional. Assim, poderíamos afirmar que a RBPI é um veículo que soube se RENOVAR mas também INOVAR na sua extraordinária CONTINUIDADE e PERENIDADE.
Notas:
1 Paper preparado para o Seminário RBPG "A Capes e os Novos Paradigmas da Comunicação Científica", Brasília, 25-26/04/2010. O autor agradece os comentários de Amado Luiz Cervo, Estevão Chaves de Rezende Martins, José Flávio Sombra Saraiva e Virgílio Caixeta Arraes. As opiniões expressas neste trabalho são exclusivamente as de seu autor.
2 Professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília - iREL-UnB e editor da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI (alessa@unb.br).
3 A propósito, ALMEIDA, Paulo Roberto de. Revista Brasileira de Política Internacional: quatro décadas ao serviço da inserção internacional do Brasil. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 41, n. spe, 1998 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73291998000300004&lng=en&nrm=iso. access on 20 Apr. 2010. doi: 10.1590/S0034-73291998000300004.
4 LESSA, Antônio Carlos. Há cinquenta anos a Operação Pan-Americana. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 51, n. 2, Dec. 2008 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292008000200001&lng=en&nrm=iso. access on 20 Apr. 2010. doi: 10.1590/S0034-73292008000200001.
5 LESSA, Antônio Carlos. RBPI: cinqüenta anos. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 50, n. 2, dez. 2007 . Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292007000200001&lng=pt&nrm=iso. acessos em 23 abr. 2010. doi: 10.1590/S0034-73292007000200001.
6 LESSA, Antônio Carlos; ALMEIDA, Paulo Roberto de. Editorial - O Ibri e a Revista Brasileira de Política Internacional: tradição, continuidade e renovação. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 47, n. 1, June 2004 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000100001&lng=en&nrm=iso. access on 20 Apr. 2010. doi: 10.1590/S0034-73292004000100001.
7 Atualmente a RBPI está indexada nos seguintes serviços: Academic One File; Academic Search Alumni Edition; Academic Search Complete; Academic Search Elite; Academic Search Premier; America: History & Life with Full Text; América: History and Life; Clase - Citas Latinoamericanas en Ciencias Sociales y Humanidades; Current Abstracts; DataÍndice; Directory of Open Access Journals; Fonte Acadêmica; Fuente Acadêmica; Fuente Académica Premier; Handbook of Latin America Studies - Library of Congress; HAPI - Hispanic American Periodicals Índex; Historical Abstracts; Historical Abstracts with Full Text; Informe Académico (Cengage Gale Learning); International Bibliography of the Social Sciences; International Political Science Abstracts; Journal Citation Reports - Social Sciences Edition; Periodicals Index OnLine; Political Science Complete; Public Affairs Índex; RedAlyc – Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal; Scielo Brasil; Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal – Catálogo Latindex; Social Sciences Citation Index - ISI Web of Knowledge; Social SciSearch; Social Services Abstracts; Sociological Abstracts; World History Abstracts; Worldwide Political Science Abstracts database; Open J-Gate; Journal Tables of Contents - Journal TOCS.
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