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quinta-feira, 15 de abril de 2010

2019) O Fim do Terceiro Mundo -- calma, apenas do conceito...

Na verdade, ainda que a realidade seja completamente diferente, atualmente, as mentes ainda não mudaram, e algumas vão demorar para mudar.
Tem gente, por exemplo, que precisa desse conceito desesperadamente. Não querem deixar de ser Terceiro Mundo para nada.
Tem gente conservadora que detesta mudanças, mesmo quando elas são ditadas pela realidade.
AO fim e ao cabo, as mentalidades vão demorar a mudar, sobretudo certas mentalidades...
Paulo Roberto de Almeida

Nova ordem: Zoellick defende fim do uso do termo datado da Guerra Fria
Para o Banco Mundial, não há mais 'Terceiro Mundo'

Valor Econômico, 15/04/2010

O antigo conceito de "Terceiro Mundo" já não se aplica atualmente e os países ricos não podem mais impor sua vontade às nações em desenvolvimento, que são agora os principais motores do crescimento mundial, disse o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.

Em um discurso feito ontem, que serviu como uma espécie de preparação para as reuniões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, na próxima semana, Zoellick advertiu contra o uso de velhos padrões, que refletem apenas interesses próprios. Ele se referia ao termo hoje pejorativo de Terceiro Mundo, já que esses países emergentes tendem a desempenhar um papel cada vez maior nas duas instituições surgidas dos Acordos de Bretton Woods (1944).

Ele disse que o progresso econômico nos países em desenvolvimento teve profundas implicações para a cooperação global, multilateralismo e para o trabalho de instituições como o Banco Mundial. "As placas tectônicas econômicas e políticas estão se movendo", afirmou Zoellick em discurso no Woodrow Wilson Center. "Nós podemos mudar com elas ou podemos continuar a ver o novo mundo pelo prisma do velho. Devemos reconhecer novas realidades. E agir sobre elas."

O termo Terceiro Mundo foi oficialmente adotado pela primeira vez durante a reunião de países asiáticos e africanos, em abril de 1955, na Conferência de Bandung, em Java, na Indonésia. Ele definia os países que se pretendiam não-alinhados às duas superpotências da época: EUA e URSS.

A origem do nome está na ideia do demógrafo francês Alfred Sauvy, que propunha a ideia de um Terceiro Mundo, inspirado na ideia do Terceiro Estado, usada na revolução francesa. Os países do chamado Terceiro Mundo deveriam se unir e revolucionar a Terra, como fizeram os burgueses e revolucionários na França. Os chamados Primeiro Mundo e Segundo Mundo surgiram de uma interpretação errônea por parte principalmente da mídia. Assim, convencionou-se que o Primeiro Mundo seria o dos países capitalistas desenvolvidos, enquanto o Segundo Mundo seria o dos países socialistas industrializados. Restariam no Terceiro Mundo os países capitalistas economicamente subdesenvolvidos e geopoliticamente não-alinhados.

Espera-se que nas reuniões da próxima semana seja aprovado o o primeiro aumento de capital para o Banco Mundial em 20 anos. Os países ricos industriais têm sido os maiores contribuidores para o Bird e ditado a forma como esses fundos são gastos. Espera-se agora que os países emergentes tenham um papel maior.

Zoellick disse temer que o incentivo à cooperação entre países vá desaparecer com a recuperação da economia global e a rápida evolução de uma economia mundial multipolar, em que alguns países em desenvolvimento estão se tornando potências econômicas.

As mudanças no mundo não estão apenas na China e na Índia, disse ele. A África Subsaariana poderia crescer a uma média de mais de 6% até 2015, enquanto o Sul da Ásia, onde vive a metade dos pobres do mundo, pode crescer até 7% ao ano no mesmo período. "Estamos agora em uma nova economia mundial, em rápida mutação multipolar, onde o norte, o sul, o leste e o oeste são agora os pontos de uma bússola, não destinos econômicos", disse Zoellick.

Mas com a maior influência global vem acrescentada a responsabilidade, observou ele, advertindo os países em desenvolvimento que querem maior participação nas instituições internacionais.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou reformas nos organismos multilaterais e disse que o Brasil não se tornou credor do FMI e do Bird para não haver modificações em seus procedimentos.

"É preciso que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional abandonem seus dogmas obsoletos e condicionalidades nefastas. O Brasil não se tornou credor desses organismos para que as coisas continuassem como antes", disse o presidente.

"Exigimos reformas profundas para que os países em desenvolvimento possam ter voz ativa na definição de seu futuro."

(Com agências internacionais)

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