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sexta-feira, 10 de maio de 2019

A Idade de Ouro do Islã: o califado Abassida - Carmen Lícia Palazzo

Como no caso anterior (sobre o palácio Alhambra e a mesquita de Córdoba), sou suspeito para formular elogios, mas creio que basta recomendar leitura aos interessados.
Paulo Roberto de Almeida

A Idade de Ouro do Islã: o mecenato do Califado Abássida e a Casa da Sabedoria The Golden Age of Islam: The Abbasid Caliphate Patronage and the House of Wisdom La Edad del Oro del Islam: el patronazgo del Califato Abasí y la Casa de la Sabiduría
Revista Mirabilia/Mirabilia Journal, 2017
Carmen Palazzo

sábado, 21 de janeiro de 2017

Argentina: muito bela, mas de servicios precarios nas estradas - de Cordoba a Mendoza

Hoje, Carmen Lícia e eu, fizemos a nossa terceira grande etapa de viagem, quinto dia percorrendo a Argentina.
Pelas serras cordobesas (havia um caminho alternativo por Rio Cuarto, mas o GPS indicou esse, o que foi até interessante para conhecer), entre Córdoba e Mendoza, quer dizer, pelas serras até Vila Dolores, pelo menos, daí a estrada é reta e aborrecida.
Fizemos bem mais do que mostra este Google Map, 750 kms de um hotel a outro.
Tendo partido as 10hs do DoctaSuites de Córdoba, chegamos a Mendoza às 18:20, ou seja, mais de 8 horas de viagem quase sem paradas.

O mais surpreendente é a total precariedade dos serviços ao longo das estradas argentinas, nas quais é comum encontrarmos famílias modestas paradas ao borde da estrada, retirando cadeiras dobráveis, para fazer o seu almoço, mesmo sob sol...
Claro, ambições mais modestas podem sempre parar nos comedores e parrillas que pipocam aqui e ali durante todo o percurso, mas a qualidade do ambiente (e dos toilettes) deixa muito a desejar.
Mesmo nas estradas nacionais (Ruta Nacional 7, por exemplo, que vai de Buenos Aires a Mendoza, e que percorremos a partir de San Luís), ninguém espere achar aqueles imensos restaurantes climatizados estilo Graal ou Frango Assado. Nada disso: a Argentina não tem muito conforto a oferecer a seus viajantes, turistas, curiosos ou simples passantes acima da categoria de caminhoneiros.
Logo na saída de Córdoba, como era sábado de férias, pegamos uma fila enorme de carros, vários ônibus, poucos caminhões, mas muitos daqueles carrinhos estilo Trabant socialistas, atravancados de famílias prolíficas, carregando seus pertences no teto, e obviamente desenvolvendo uma velocidade compatível com a potência do motor (ou com a renda familiar). Assim, durante várias dezenas de kms, fizemos filas atrás desses bravos representantes da classe média argentina (provavelmente peronistas de carteirinha), tentando manter algo em torno dos 60 kms/h. Paisagens muito bonitas no alto da serra cordobesa, mas paradas precárias como já informado.
A solução foi se contentar com um sanduíche de jamon con queso (eu) e alfajores (Carmen Lícia), e depois galletitas sem grandes atrativos gourmands. E muita água ou refrigerante, pois a temperatura, mesmo no alto da montanha, podia ultrapassar 30 graus (40 nas zonas baixas).
Finalmente, chegamos no Hotel Diplomatic (de luxo) em Mendoza, nosso primeiro exagero nesta viagem. Breve descanso, copa de vino de cortesia no hotel, e depois jantar na Estância La Florência, eu gambas al ajillo, com salada de palmito, abacate e cogumelos, Carmen Lícia sua preferida bisteca milanesa, tudo regado a um bom Malbec Tomero 2015, do Valle del Uca, região vinícola próxima a Mendoza, uma casa que remonta a 1884.
O hotel é superconfortável, com visão das cordilheiras a partir do 19. andar, onde estamos.
Dois dias de visitas a vinícolas, aos atrativos culturais e gastronômicos da cidade, antes de encetarmos a aborrecidíssima viagem de volta (a San Luís), ou de ida a Buenos Aires, uma reta sem cessar, com as paradas precárias que já antecipamos, com a única vantagem que o sol da tarde vai estar atrás de nós.
O que tem pelo caminho, entre Mendoza e Buenos Aires? Nada, absolutamente nada, com exceção de San Luis e de umas aldeias sem graça perdidas no meio da pampa. Nada de mais aborrecido do que isso, mas não temos tempo para descer a Rio Negro, Bariloche e atravessar para a costa atlântica por baixo (o que aliás já fizemos, no sentido inverso, entre Trelew e Neuquén, paisagens de filmes de cowboy).
Estou com muito trabalho no meu pipeline (trouxe uma mala inteira de livros) e por isso não tenho muito tempo para digressões filosóficas sobre a Argentina contemporânea (e precisa?; depois de Borges, nada surgiu de novidade, ou estou errado?).
Vamos ao trabalho...
Paulo Roberto de Almeida
Mendoza, 21/01/2017

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Argentina, segunda etapa: se voce acha o Brasil atrasado, deve ser porque ainda nao visitou a Argentina...

O Brasil, certamente, se atrasou muito durante todo o reino dos companheiros: além da Grande Destruição provocada pela inépcia, incúria, incompetência, teimosia, estupidez, ignorância e burrice do lulopetismo econômico (desculpem a abundância de epítetetos, mas eles merecem), tivemos aquilo que os economistas chamam de custo-oportunidade, ou seja, o que se deixou de fazer de bom, porque se apostou sempre em coisas erradas.
Ok, o Brasil se atrasou sob o regime inepto e corrupto dos companheiros, mas a Argentina simplesmente parou no tempo, não avançou minimamente, ou até recuou, e isso graças a peronistas, antiperonistas, liberais, protecionistas, democratas, autoritários, militares e civis, todos concorreram para a Argentina estacionar na máquina do tempo, ou até recuar em relação ao que ela tinha conseguido antes da segunda presidência Yrigoyen, quando era um dos países mais ricos do mundo.
Leiam, por exemplo, o que disse da Argentina cem anos atrás Rui Barbosa, que compareceu às comemorações do primeiro centenário da independência, em julho de 1916 -- eles acabam, suponho, de comemorar o bicentenário -- e que, como embaixador extraordinários e plenipotenciário às festividades, traçou um verdadeiro panegírico ditirâmbico (desculpem a redundância, mais uma vez) em honra aos progressos, à ordem, à civilização argentina, para ele, irretrocedível, se ouso inventar. Seu discurso, por ocasião da concessão de um doutorado Honoris Causa (um verdadeiro, não esses falsos como o chefão mafioso andou acumulando por aí) pela Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires, em 14 de julho de 1916, encontra-se no opúsculo intitulado "Conceitos Modernos de Direito Internacional" (editado pela Fundação Casa Rui Barbosa, em 1983).
Os peronistas foram os lulopetistas avant la lettre, os corruptos com doutrina, os fascistas com convicção, enfim, tudo o que faltou aos nossos neobolcheviques tupiniquins, sem qualquer formação teórica, sem qualquer princípio, apenas roubo rústico, malversação das mais elementares, falcatruas elementares, corrupção aberta e deslavada, sem vergonha.
Viajando nesta terça-feira entre Uruguaiana e Santa-Fé, com uma parada em Paraná, constatamos, Carmen Lícia Palazzo e eu, como os argentinos e a Argentina pararam no tempo, como eles deixaram de avançar, como as coisas se estiolaram na mesmice, na pasmaceira, na modorra dos costumes imutáveis.

Atravessamos duas das regiões que deveriam ser  as mais ricas da Argentina: Misiones e Entre Rios, graneros do país, com imensos campos propícios ao reflorestamento, ao plantio de grãos, à manutenção de ganados imensos, e no entanto o que constatamos nas paradas foi o subdesenvolvimento em estado clássico, nada comparável ao "MidWest" brasileiro, ou seja, a região equivalente que seria o interior de São Paulo.
O Brasil, mesmo com a ignorância abissal dos companheiros, com todas as suas falcatruas em nível federal, estadual e municipal, não deixou de avançar naquilo que dependia não do governo, mas da própria sociedade: o agronegócio, por exemplo, avançou, e muitíssimo, graças ao tino empresarial e capitalista dos administradores de grandes fazendas comerciais, mais até do que os donos presumidos das terras, e outros setores, como na ampla gama de serviços, também puderam acompanhar alguns dos progressos feitos pelo mundo, mesmo com toda a sabotagem da Receita Federal, esse órgão fascista por excelência, que só vê o lado da arrecadação, não os seus efeitos deletérios sobre o emprego e a atividade econômica.
Na Argentina, desde que pusemos os pés (ou as rodas do carro) nas Aduanas de Paso de Los Libres, pudemos comprovar o peso da burocracia entravada, e que entrava os negócios e a produtividade dos negócios. Até para comprar alguns livros, em Santa Fé, pude sentir o peso da burocracia no registro dos preços, pois além de 1.000 pesos, é preciso tomar os dados do comprador, o que prolonga uma fila inútil no caixa da Livraria.
Como é possível prosperar quando todo o peso do Estado está em cima de cada empresário, de cada pequeno negociante, de cada cidadão?
Portanto, se você acha que o Brasil se atrasou -- e, de fato, ele perdeu muito sob os trezes anos de besteirol e de corrupção lulopetista -- você precisa fazer um tour pela Argentina, não pegar o avião e ir até Buenos Aires, mas passear pelo interior, para constatar a Argentina real, aquela que foi inviabilizada pelo peronismo, bagunçada sob os diversos regimes militares, e terminada de ser destruída sob o regime celerado dos Kirchners.
Memórias do subdesenvolvimento, como poderia dizer algum cineasta...
Paulo Roberto de Almeida
Santa Fé, 17 de janeiro de 2017

sábado, 20 de agosto de 2016

Alexandra David-Neel: itinerarios de uma orientalista - Carmen Licia Palazzo

Minha cara cara-metade (se ela me permite esta expressão meio machista e ultrapassada) publicou este livro pela Annablume, que parece estar fazendo sucesso entre os interessados na literatura de viagem, de estudos orientais e de estudos feministas, tudo isso junto e um pouco mais.
Postagem em Academia.edu, com o prefácio do professor Eiiti Sato, da UnB:

https://www.academia.edu/1027246/Alexandra_David-N%C3%A9el_itiner%C3%A1rios_de_uma_orientalista_S.Paulo_Annablume

 

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Afeganistao: do esplendor da Rota da Seda 'a tragedia da guerra contemporanea - Carmen Licia Palazzo

Carmen Licia Palazzo (Centro Universitario de Brasilia - UniCEUB, History) just uploaded a paper on Academia.edu:

Afeganistão: do esplendor da Rota da Seda à tragédia da guerra contemporânea
by Carmen Licia Palazzo

O texto foi apresentado em uma palestra no UniCeub, em Brasília, e faz uma síntese da história do Afeganistão, contextualizando algumas questões relativas aos conflitos contemporâneos.

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The Academia.edu Team

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terça-feira, 5 de maio de 2015

Across the Empire: cruzando os Estados Unidos, 2014 - Paulo Roberto de Almeida e Carmen Licia Palazzo


Across the Empire: cruzando os Estados Unidos, 2014

Viagem de Paulo Roberto de Almeida e
Carmen Lícia Palazzo, em setembro de 2014

            No curso do mês de setembro de 2014, Carmen Lícia e eu atravessamos pela segunda vez os EUA de carro, de uma costa a outra. Em 2013, tínhamos feito o percurso pelo centro dos EUA – com um pequeno desvio no Colorado, que estava então submergido por inundações catastróficas, e tivemos de seguir pelo norte, pelos estados de Wyoming e Montana, antes de descer a Utah – e voltamos pelo sul. Em 2014, fomos e voltamos pelo norte, mas fizemos, justamente, uma descida até o Colorado, para visitar o que tinha sido impossível no ano anterior. Entramos duas vezes no Canadá, tanto no Pacífico, quanto por Detroit, até Toronto.
            Toda a viagem foi objeto de postagens constantes, quase diárias, e estão refletidas abaixo, linearmente, ou cronologicamente.

Lista de postagens no blog Diplomatizzando Across the Empire 2014:

0) Crossing the Empire (0): segunda viagem através dos EUA: 12,6 mil km em 30 dias: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/crossing-empire-segunda-viagem-atraves.html
1) Across the Empire (1) First day: boring roads, sempre mais do que o planejado...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-1-first-day-boring-roads.html
2) Across the Empire (2) Second day: only the road, no more than the road...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-2-second-day-only-road-no.html
3) Across the Empire (3): Des Moines, Omaha e o caminho dos pioneiros...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-3-des-moines-omaha-e-o.html
4) Across the Empire (4): de North Platte, Nebraska, a Denver, Colorado: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-4-de-north-platte.html
5) Across the Empire (5): em Denver, num jardim botânico de vidro (Chihuly): http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-5-em-denver-num-jardim.html).
7) Across the Empire (7): de Denver a Cody, leituras no velho Oeste: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-7-leituras-no-velho-oeste.html
8) Across the Empire (8): tinha um Yellowstone no caminho: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-8-tinha-um-yellowstone-no.html
9) Across the Empire (9): de Twin Falls a Portland, pelo Oregon Trail: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-9-de-twin-falls-portland.html
10) Across the Empire (10): em Portland, buscando cultura: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-10-em-portland-buscando.html
11) Across the Empire (11): de Portland, OR, a Tacoma, WA: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-11-de-portland-or-tacoma.html
12) Across the Empire (12): de novo com Chihuly, desta vez em Seattle: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-12-de-novo-com-chihuly.html
13) Across the Empire (13): em Vancouver, fazendo o balance da metade do caminho: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-13-em-vancouver.html
14) Across the Empire, 2014 (14): Flanando em Vancouver: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-14-flanando-em.html 
15) Across the Empire, 2014 (15): Adieu, Vancouver (mas prometemos voltar): http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-15-adieu-vancouver-mas.html
16) Across the Empire, 2014 (16): De Vancouver a Missoula, Montana: dois países, três estados, quase 1000km: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-16-de-vancouver-missoula.html
17) Across the Empire, 2014 (17): De Missoula, Montana, ao Mount Rushmore, South Dakota, via Little Big Horn: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-17-de-missoula-mt-ao.html 
18) Across the Empire, 2014 (18): De South Dakota a Minnesota, terras de cowboys, gado e milharais: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-18-de-south-dakota.html
19) Across the Empire, 2014 (19): Wisconsin e Michigan, dos vidros ao lago: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-19-wisconsin-e.html
20) Across the Empire, 2014 (20): balanço quantitativo de 20 dias de viagem: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-20-balanco.html
21) Across the Empire, 2014 (21): Detroit, a Paris (falida) do MidWest?:  http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-21-detroit-paris.html
22) Across the Empire, 2014 (22): Detroit, entre a tecnologia e a arte: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-22-detroit-entre.html
23) Across the Empire, 2014 (23): de Detroit a Toronto, só turismo e gastronomia...: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-23-de-detroit.html 
24) Across the Empire, 2014 (24): Toronto, cultura e pequenos prazeres: http://diplomatizzando.blogspot.ca/2014/09/across-empire-2014-24-toronto-cultura-e.html
25) Across the Empire, 2014 (25): Back home, where there is work waiting...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-25-back-home-where.html
26) Across the Empire, 2014 (26): balanço final e avaliação: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-26-balanco-final-e.html 

27) Across the Empire, 2014 (27): listagem consolidada das postagens da viagem nos EUA, coast to coast: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-2014-27-listagem.html

            No ano de 2013, tínhamos cruzado os EUA, e eu também postei muita coisa no meu blog, a despeito de não ter feito uma relação tão minuciosa quanto a que efetuei em 2014. Em todo caso, aqui está a informação consolidada sobre esta viagem:
2515. “Across the whale in (less than) a month: United States coast to coast”, Hartford, 9-10 Outubro 2013, 27 p. Consolidação da informação postada no blog durante os 26 dias de viagem pelos Estados Unidos, de uma costa a outra, entre os dias 13 de setembro e 9 de outubro, sem as fotos colocadas no blog Diplomatizzando. Roteiro de viagem postado (http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/10/across-whale-in-less-than-month-20.html).

     Como escrevi nessa postagem:
     Quem desejar ler tudo o que escrevi, durante a viagem, vai precisar acessar o instrumento de busca deste blog, usando as palavras-chaves: "Across the whale", e aí deve aparecer todas as postagens sob essa rubrica (1 a 20), como feito aqui: http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/10/across-whale-in-less-than-month-20.html#uds-search-results

sábado, 6 de setembro de 2014

Across the Empire, 2014: postagens no blog Diplomatizzando sobre a viagem pelos Estados Unidos (so far...)


Across the Empire, 2014
Postagens no blog Diplomatizzando sobre a viagem pelos Estados Unidos

Paulo Roberto de Almeida

            Uma consolidação da informação já oferecida em “pílulas”, com pequenas postagens a cada dia de viagem, com muitas fotos e algumas ilustrações, relatando o itinerário percorrido desde a saída de Hartford, na costa leste, no final da sexta-feira, dia 29 de agosto, até Portland, em 6/09, quase às margens do Pacífico. Para quem não leu, ou perdeu alguma postagem, remeto aqui aos links dessas postagens improvisadas, geralmente feitas noite adentro, antes de adormecer nos hotéis de etapas.
            Desde Hartford até aqui foram exatamente 3.500 milhas, ou seja, 5.600 km. Temos um pouco mais do que isso até voltar, pois ainda vamos a Vancouver, várias outras localidades no norte dos EUA e vamos terminar por Toronto, ainda no Canadá. Carmen Lícia é minha planejadora de viagens, de visitas, de passeios, mestre em obras artísticas (sobretudo fotografias) e sobretudo controladora deste motorista que escreve...
Paulo Roberto de Almeida
Portland, 6 de setembro de 2014

0) Crossing the Empire (0): segunda viagem através dos EUA: 12,6 mil km em 30 dias: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/crossing-empire-segunda-viagem-atraves.html

1) Across the Empire (1) First day: boring roads, sempre mais do que o planejado...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-1-first-day-boring-roads.html

2) Across the Empire (2) Second day: only the road, no more than the road...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-2-second-day-only-road-no.html

3) Across the Empire (3): Des Moines, Omaha e o caminho dos pioneiros...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-3-des-moines-omaha-e-o.html

4) Across the Empire (4): de North Platte, Nebraska, a Denver, Colorado: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-4-de-north-platte.html

5) Across the Empire (5): em Denver, num jardim botânico de vidro (Chihuly): http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-5-em-denver-num-jardim.html).


7) Across the Empire (7): de Denver a Cody, leituras no velho Oeste: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-7-leituras-no-velho-oeste.html

8) Across the Empire (8): tinha um Yellowstone no caminho: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-8-tinha-um-yellowstone-no.html

9) Across the Empire (9): de Twin Falls a Portland, pelo Oregon Trail: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-9-de-twin-falls-portland.html

10) Across the Empire (10): em Portland, buscando cultura: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-10-em-portland-buscando.html

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Across the Empire (4): de North Platte, Nebraska, a Denver, Colorado


Crossing the Empire, 2014 (4)
de North Platte, Nebraska, a Denver, Colorado


            Nada de extraordinário na viagem em si, ou seja, o percurso de estrada, mas sim no início e no final. Começamos por passar uma excelente noite neste hotel de “beira de estrada”, na verdade o maior da cidade (pequena) e da região (condado de Lincoln, como existem dezenas, centenas em todos os estados dos EUA). Carmen Lícia adotou os Quality Inns, como padrão para etapas de estrada, com razão.
            Os Quality Inns têm se revelado uma excelente surpresa, um preço camarada para uma qualidade excelente, pelo preço, mas desta vez fizemos um upgrade: uma suite de luxo, com jacuzzi (aliás não usada, pois não podia ser mais brega, em pleno living, ao lado da cozinha; deve ser coisa de gays). Pedimos salmão no quarto e duas taças de vinho, pois estávamos cansados da viagem do dia anterior. A despeito disso fui até de madrugada, terminando a informação sobre Des Moines e Omaha.
            Como não podia deixar de ser, o Hotel também homenageia o herói da região (junto com John Wayne, nascido bem perto), Buffalo Bill, por meio deste tapete, junto ao qual também apareço numa foto tirada por Carmen Lícia.
 
            Pela manhã, fomos à grande atração da cidade, o Trading Post Fort Cody, que tem tudo para figurar na coleção de breguices americanas imortalizadas por Umberto Eco no seu Viagens na Irrealidade Cotidiana (que li antes de conhecer os EUA, e achava que o autor estava exagerando, para depois descobrir que não: o kitsch é absolutamente normal neste país, e ele vai muito bem de saúde e de vigor, ainda que com muitos “made in China” em substituição aos antigos “made in America”).
            Na entrada, o painel com o matador de bisões e de índios (antes que ele se tornasse o primeiro show man americano e planetário, com seus espetáculos juntando índios, cavalaria e ele próprio, como o grande desbravador do oeste americano.
 Os politicamente corretos que lerem o que está no cartaz da parte de baixo não vão gostar: o homem se orgulhava de ter matado 4.280 bisões em oito meses.

           
            Não seja por isso, o interior do forte, e do trading post, é um pequeno museu em homenagem ao espírito desbravador dos americanos, com muita coisa de época, inclusive cartas e fotos do próprio William F. Cody (e de sua mulher, que sobreviveu cinco anos à sua morte em 1917), e muitas outras maquetes. No interior do forte, em tamanho real, peças típicas da época, como esta carroça, ilustrada pela presença de Carmen Lícia. 
            Eu fiquei ao lado de um bisão varonil, perfeitamente pintado e resinado para resistir às chuvas que pegamos ontem, com pedras de gelo e ventania.
            Feitas as compras no “trading post” (cartões, bijouteria, camisetas, magnets, e outros gadgets), saímos para as 260 milhas que nos separavam de Denver, nossa primeira grande parada. Aqui escolhemos um Residence Inn, da cadeia Marriot, também super confortável, com cozinha completa e em pleno centro da cidade. Andamos um pouco pela cidade e passamos num supermercado para as compras da noite: salmão, salada, arroz, frutas, e mais um vinho francês na loja em frente ao supermercado (que vende cerveja, mas não vinho). Carmen Lícia preparou um excelente jantar, e depois eu ainda andei em volta do hotel para espairecer pela noite.
            Nesta segunda, Labor Day, tudo estava fechado, obviamente, menos os sindicatos, protestando em favor de um mínimo de 15 dólares a hora.
            Amanhã, terça-feira, dia 2/09, começa verdadeiramente nossos passeios pela cidade. Além dos museus mais famosos, e do túmulo do Buffalo Bill (sacré bonhomme), vamos ao jardim botânico, mas não para ver plantas, e sim as esculturas em vidro do Chihuly, artista famoso, com obras em todas as partes, como esta aqui que fotografei no museu Joslyn, de Omaha.

Boa noite.
Denver, 1 de setembro de 2014


sábado, 28 de junho de 2014

A emergência do ISIS/ISIL e as ameaças ao equilíbrio de forças no Oriente Médio - Carmen Lícia Palazzo

A emergência do ISIS/ISIL e as ameaças ao equilíbrio de forças no Oriente Médio, por Carmen Lícia Palazzo

 
 
 
 
 
 
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O Oriente Médio, palco de incessantes conflitos com profundas raízes históricas, viu surgir recentemente um ator que é motivo de preocupação tanto regional quanto internacional já que prega a abolição de fronteiras, o desmantelamento dos estados nacionais e a imposição estrita da sharia, a lei islâmica. Trata-se do grupo que ficou conhecido como ISIS ou ISIL, siglas referentes às denominações de Islamic State of Iraq and Syria ou Islamic State of Iraq and Levant, uma organização muçulmana sunita que defende a jihad para alcançar seu objetivo finalo retorno ao califado extinto em 1924, e que deverá se sobreporà ideia de pertencimento nacional. Para o ISIS o califado, e portanto a umma, comunidade dos muçulmanos, é a única referência legítima de união dos fiéis.
A decisão das lideranças do ISIS de apoiar os rebeldes sírios coloca o grupogeograficamente próximo ao Iraque cujo governo xiita tem discriminado sua população sunita. Esta, entãotende a ver os jihadistas com certa simpatia. Além disto, fazendo causa comum com os rebeldes que desejam a queda do ditador sírio Assad, o ISIS se fortalece,levantando uma bandeira que não necessariamente tem a ver com o fundamentalismo religioso mas que, no momento atual, granjeia diversos apoios. O sucesso do grupo na região e sua eventual chegada a um poder, ainda que parcial, na Síria ou no Iraque, onde játomou territórios, poderá conduzir à consolidação do sunismo em sua vertente mais radicale, numa etapa seguinte, a um estrito controle não apenas político mas de comportamentosdos próprios sunitas moderados.
Uma das vozes mais lúcidas no Iraque tem sido a do Grande Aiatolá Ali al-Husayni al-Sistanique no passado foi duramente perseguido pelos sunitas no governo de Saddam Hussein. Al-Sistani pertence à corrente denominada “quietista” do xiismo, com pouco envolvimento em assuntos políticos, mas tem insistido na necessidade de que o Iraque impeça o avanço do ISIS em suas fronteiras, o que o grupo vem fazendo a partir de suas bases na Síria. Eleargumenta que a luta contra o ISIS deve ser de todos e não apenas dos xiitas pois o projeto do califado levará ao fim das nacionalidades e consequentemente do Iraque como país.Como pode ser visto na versão eletrônica do jornal libanês Daily Star, o ISIS distribuiu fotos mostrando sua ação nas fronteiras da Síria e do Iraque, sob o título de Smashing the Sykes-Picot border, uma clara contestação das fronteiras do Oriente Médio (Daily Star, 2014). Al Sistani conclamou a população a se unir contra este tipo de agressão que, segundo ele, coloca em risco a independência do país que é múltiplo tanto do ponto de vista religioso quanto étnico. De acordo com suas próprias palavras: “Nossa chamada [à luta contra o ISIS] foi para todos os iraquianos e não para uma seita particular [a dos xiitas]” (NPR, 2014).
O atual governo iraquiano do Primeiro Ministro Nuri al-Maliki, porém, não tem dialogado comos demais grupos do país e são constantes as críticas da parte de curdos, de árabes sunitas, de cristãos e até mesmo de outros xiitas. A brigada Mahdi, criada pelo clérigoMuqtada al-Sadr em 2003, que enfrentou as forças americanas após a invasão, está entre os que não confiam em al-Maliki, declarando que combaterá os jihadistas sunitas mas sem nenhuma associação com o atual governo.
Com o avanço do ISIS no norte e oeste do Iraque e com a tomada de Mosul, a segunda maior cidade do país, estratégica em virtude de seus poços de petróleo, os jihadistas passaram a ameaçar diretamente as populações curdas e cristãs. O líder curdo Massoud Barzani declarou, no dia 27 de junho, que não pretende abrir mão do controle de Kirkuk,uma rica cidade multiétnica que os curdos, graças às suas bem equipadas forças militares, conseguiram defender dos violentos ataques do ISIS (Daily News, 2014). No rastro, portanto, destes enfrentamentos, os curdos do Iraque reafirmaram sua autonomia e se posicionaram de modo a deixar claro seu peso estratégico e político. Bem organizados e acostumados a viver em prontidão, são essenciais na defesa das fronteiras do norte do país, e o primeiro ministro al-Maliki ou qualquer outro governo que o suceda, não podeprescindir de seu auxilio.
Vali Nasr, analista atento das questões sectárias no Oriente Médio já se referiu, antes mesmo da emergência do ISIS, à difícil situação que se delineava no Iraque com aascensão ao poder dos xiitas, majoritários no país. Para Nasr, durante a fase inicial de reestruturação após a derrubada de Saddam, os grupos xiitas consideraram o novo Estado como o seu estado enquanto para os sunitas, as forças de segurança que estavam se organizando eram xiitas, e não nacionais. Os confrontos foram frequentes e as divergências sectárias se mantiveram constantes (Nasr, 2006).
Com tantos conflitos, não é de se admirar que o ISIS tire partido da situação para fomentar o desmembramento do Iraque, o que servirá a seu propósito de enfraquecer sentimentosnacionais que possam se sobrepor à ideia do califado. No entanto, como o grupo jihadistaameaça outros poderes também sunitas, como Jordânia, a Arábia Saudita e a Turquia, é possível que se aperte o cerco a ele, com apoios heterogêneos em torno do inimigo comum.
Os Estados Unidos continuam, ainda que de forma limitada, a auxiliar os rebeldes da Síria e apostam na possibilidade de que os grupos moderados venham a derrubar Assad. Trata-se, porém, de um cálculo perigoso que pode levar à abertura de mais espaço para o ISIS dentro do país. A Turquia teme a fragmentação do Iraque e o fortalecimento das reivindicações independentistas curdas nas suas fronteiras. O crescimento do fundamentalismo interno também é motivo de preocupação na sociedade turca e um hipotético retorno ao califado questiona, em última análise, todo o seu processo de modernização no decorrer do século XX, bem como sua aproximação com a Europa. Quanto aos xiitas iranianos e iraquianos, sua preocupação maior é o crescimento do terrorismo jihadista por parte dos sunitas radicais que atacam com muita frequência
mesquitas e outros lugares sagrados do xiismo.
Entre as informações mais recentes chegadas da região está a de que o atual governo do Iraque, embora alinhado aos americanos, começa a demonstrar simpatia pelas ações de Assad no combate ao ISIS. Al-Maliki declarou ao BBC’s Arabic Service que apoia os ataquesaéreos que o governo sírio realiza na fronteira entre o Iraque e a Síria (BBC, 2014).
Neste contexto, o que se pode esperar, no Iraque, é o acirramento da violência sectária, e na Síria, o fortalecimento de Assad que cada vez mais contará com o apoio dos xiitas iranianos e mesmo iraquianos, como al-Maliki já sinalizou. Quanto ao Irã, este pode se beneficiar de um certo alívio das pressões norte-americanas na medida em que se torne um ator importante para conter a agressiva expansão do ISIS.
Nas próximas semanas deve haver uma recomposição de forças que inclua diversos países na tentativa de assegurar as fronteiras iraquianas mas também de impedir que o grupo fundamentalista se apodere de todas as ações contra Assad. Os Estados Unidos continuam fornecendo alguma ajuda aos rebeldes sírios moderados, o que, no entanto, talvez já seja um pouco tarde dada a considerável infiltração do radicalismo do ISIS no país. No Iraque, é possível que se tente um governo de união nacional e al-Maliki poderá ter dificuldades para se manter no poder, já que desagrada não apenas a curdos e sunitas mas também a diversos grupos xiitas, tendo recusado por diversas vezes o pedido de um encontro da parte do respeitado aiatolá Sistani. São muitas as mudanças que podem ocorrer e é difícil fazer previsões de médio prazo para um conflito de tamanha complexidade. A única certeza é a de que o atual equilíbrio de forças na região dificilmente se manterá por muito tempo semalterações significativas.
Referências:
BBC, June, 27, 2014, Disponível em: [www.bbc.com/news/world-middle-east-28033684] Acesso em: 27/06/2014.
DAILY NEWS, June, 27, 2014. Disponível em: [http://www.dailystar.com.lb/News/Middle-East/2014/Jun-27/261832] Acesso em: 2/06/2014
NASR, Vali (2006). The Shia Revival. New York; W.W. Norton, p.202.
NPR, June, 24, 2014, Disponível em: [http://www.npr.org/blogs/parallels/2014/06/24/325169087/ ] Acesso em: 26/06/2014.
Carmen Lícia Palazzo é Doutora em História pela Universidade de Brasília -mUnB, Pesquisadora associada do Centro Universitário de Brasília – UniCeub, Consultora do PEJ/UnB e Pesquisadora do Grupo Officium da Universidade Federal da Paraíba – UFPB (carmenlicia@gmail.com).