Mais uma matéria, de meados de dezembro de 2018, que antecipava quais seriam as principais iniciativas da Bolsodiplomacia, sob condução prática do chanceler acidente, mas guiada pela mesma tropa olavobolsonarista que assegurou enorme influência no governo atual.
Não se pode dizer que não tenhamos sido avisados dos desastres que estavam sendo construidos...
Futuro chanceler propôs a Bolsonaro pacto cristão com EUA e Rússia
Artigo de
Ernesto Araújo selou sua nomeação ao novo governo
Tatiana Bilenky
Folha de S.Paulo, 16 dezembro 2018 às 2h00
Um artigo
reservado do diplomata Ernesto Araújo com proposições de política externa,
tais como a “contestação ao eixo globalista China-Europa-esquerda americana”,
selou seu ingresso na equipe ministerial do presidente eleito, Jair Bolsonaro
(PSL).
O texto,
obtido pela Folha, que Araújo fez chegar ao núcleo da campanha em
setembro, foi o primeiro passo para sua posterior nomeação como chanceler do
futuro governo.
Intitulado
“Por uma política externa do povo brasileiro”, o artigo, de cinco páginas, é
propositivo, uma espécie de carta de intenções.
Nele, o
diplomata revisa o pacifismo nacional (“não estamos no mundo para ser Miss
Simpatia”) e sugere um realinhamento internacional do Brasil com o eixo de
direita populista em ascensão.
“É o
caso dos Estados Unidos com Donald Trump, da Itália com seu atual governo, de alguns países da
Europa do Leste como Polônia e Hungria. É o caso talvez de alguns países não
ocidentais que desejam defender suas próprias civilizações e suas nações frente
ao globalismo dominante”, escreve.
Em sua
interpretação, “há países que resistem à demonização do sentimento nacional, ao
esmagamento da fé (principalmente da cristã), que rejeitam o esvaziamento da
alma humana e sua substituição por dogmas anêmicos que servem apenas aos
interesses de dominação mundial de certas elites”.
A Folha o
procurou para comentar o teor. Araújo respondeu que era complicado e que
conversaria a respeito depois, o que não ocorreu.
Com a
vitória nas urnas, a primeira das sugestões do artigo já foi anunciada: a saída
do Brasil do Pacto Mundial para Migração, que propõe a cooperação internacional
para enfrentar ondas migratórias.
No
texto, Araújo já defendia o que chamou de “dessacralização da imigração,
combatendo a ideologia do ‘imigrante intocável’, do direito universal à
migração sobrepondo-se à soberania nacional”.
O texto
propõe a “renacionalização das políticas comerciais”, alegando não se tratar
“de negar o comércio, mas de tornar a política comercial um instrumento do
Estado, e não [fazer do] Estado um instrumento da política comercial”.
Nessa
linha, Araújo defende que o Brasil questione os Brics, bloco formado por
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Sugeriu que se tente, no lugar,
constituir “um agrupamento nacionalista Brasil – EUA – Itália – (Rússia?) –
(Índia?) – (Japão?) – (países de Visegrado?)”, em suma “um Brics antiglobalista
sem a China”.
Os
países de Visegrado são Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia.
Sem
entrar em detalhes, o futuro chanceler faz uma proposição inusitada no campo da
geopolítica, que causou estranhamento entre interlocutores de Bolsonaro. Para
Araújo, conviria ao governo “explorar a possibilidade de um núcleo composto
pelos três maiores países cristãos, Brasil-EUA-Rússia”.
Ele
expressa preocupação particular com a questão da fé, requerendo “promoção da
liberdade religiosa, notadamente defesa do espaço para o exercício da fé
cristã, ameaçada e acuada em todo o mundo”.
À China
são reservadas numerosas linhas. Araújo quer impor ao país, principal parceiro
comercial do Brasil, “pressão em todas as frentes”.
“Condicionar
qualquer avanço na relação com esses países ao exercício da liberdade religiosa
e liberdades políticas básicas”, propõe. “Utilizar os organismos financeiros
internacionais para frear a crescente dependência dos países em desenvolvimento
em relação ao capital chinês. Virar o jogo da globalização contra a China.”
Em
sintonia com o discurso de Bolsonaro, Araújo defende a “liquidação do
bolivarianismo nas Américas”. Segundo o diplomata, “o Brasil poderia comandar o
processo de deslegitimação do governo Maduro na Venezuela e pressão total,
juntamente com os EUA, para sua substituição por um regime democrático”.
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comentários
1.
EDUARDO
DE AZEVEDO SILVA
17.dez.2018 às 2h02
2.
WAGNER
CASTRO
16.dez.2018
às 21h36
3.
MAURO
UMBERTO ALVES
16.dez.2018
às 15h20
1.
MIRELLA
KOLD
17.dez.2018
às 9h13
4.
ERNESTO
PICHLER
16.dez.2018
às 11h11