Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53
Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks
sábado, 28 de março de 2015
A tragedia do crescimendo brasileiro: diminuindo, diminuindo... sumiu - Ricardo Bergamini
O gato comeu?
Claro que não. Os companheiros estragaram tudo, com suas políticas econômicas ineptas, incompetentes, no limite criminosas, ao comprometer o futuro do país gastando muito mais do que se arrecada...
Paulo Roberto de Almeida
Taxa Média/Ano de Crescimento Econômico Real Relativo ao Período de 1964 a 2014 em Percentuais do PIB
Períodos Média/Ano
1964/84: 6,29
1985/89: 4,38
1990/94: 1,40
1995/02: 2,36
2003/10: 4,05
2011/2014: 2,12
Fonte de Consulta IBGE.
1 – Nos 21 anos dos governos militares, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 6,29% ao ano.
2 – Nos 5 anos do governo Sarney, com moratória internacional e hiperinflação, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 4,38% ao ano.
3 – Nos 5 anos dos governos Collor e Itamar, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 1,40% ao ano.
4 – Nos 8 anos do governo FHC, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 2,36% ao ano.
5 – Nos 8 anos do governo Lula, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 4,05% ao ano.
6 – No governo Dilma (2011/2014) o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 2,12% ao ano.
terça-feira, 27 de maio de 2014
Brasil: crescimento do PIB e dilemas de politica economica - Mansueto Almeida
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Uai! Cade o Pibao que estava aqui? Sobrou essa merrequinha de PIB?
Projeção de crescimento da economia brasileira cai para 2,24%
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Economia brasileira: BC tem festival de noticiais ruins (Focus, Julho 2013)
O importante é que o Banco Central também ficou mais realista, ainda que ele não seja isento de culpa, também.
Lembro que, em meados de 2011, quando a inflação já estava acima da meta central (4,5%), o presidente Alexandre Tombini prometeu, formalmente, em audiência no Congresso, que em 2012 a inflação já teria convergido para o centro da meta.
Não cumpriu em 2012, e não vai cumprir em 2013.
Se fosse nos EUA, já teria sido convocado pela Comissão de Economia da Câmara e do Senado para dar explicações, e se os parlamentares não estivesse contentes, seria dispensado do cargo.
No Brasil, todos são amigos... da inflação...
Paulo Roberto de Almeida
O Brasil em baixo crescimento estrutural: Persio Arida (Entrevista Estadao)
“Uma verdade inconveniente (ou sobre a impossibilidade de o Brasil crescer 5% ao ano)”, Brasília, 12 novembro 2006, 6 p. Disponível no site pessoal, link: www.pralmeida.org/05DocsPRA/1682VerdadeInconvTabs.pdf. Postado no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/11/637-uma-verdade-inconveniente_11.html#links). Publicado em Via Política (Porto Alegre; 12.11; link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_view.php?id_diplomatizando=15) e, com pequenos ajustes de forma e o subtítulo “(ou: por que o Brasil não cresce 5% ao ano...)”, em Espaço Acadêmico (ano 6, nº 67, dezembro 2006; ISSN: 1519-6186; link: http://www.espacoacademico.com.br/067/67pra.htm).
se revelam plenamente válidos. Difícil ser profeta fora do prazo.
Em todo caso, leiam a entrevista do economista Persio Arida ao Estadão deste domingo, 14/07/2013.
Paulo Roberto de Almeida
Pibinho 2013: Para economista Persio Arida, crescimento do PIB ficará em torno de 1,8%
Minúsculo: PIB deve fechar abaixo de 2% e envergonhar o Governo |
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Mais inflacao, menos crescimento: havera plebiscito para isto?
Que tal se ele perguntasse se a população quer voto obrigatório ou livre, ou seja, facultativo?
Mas o governo também poderia perguntar se o povo quer mais ou menos crescimento, se ele quer mais, ou menos inflação. Acho que o povão perceberia melhor onde está o seu interesse.
Um governo incapaz de responder a estas perguntas simples, não merece organizar plebiscito nenhum.
Paulo Roberto de Almeida
Em deterioração
sexta-feira, 24 de maio de 2013
O PIB subiu no telhado - Mansueto Almeida
PIB no Brasil: o gato subiu no telhado
sábado, 18 de maio de 2013
BRICS perdem prestigio entre investidores - Raul Juste Lores (FSP)
quinta-feira, 14 de março de 2013
Pra' Frente Brasil! Ops: apenas uma exortacao, para nao cair no pessimismo...
Ah, essa mídia maldosa, do PIG, e do grande capital, sempre querendo diminuir nosso glorioso Brasil.
Paulo Roberto de Almeida
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1246141-idh-brasileiro-sobe-mas-em-ritmo-menor-do-que-paises-em-desenvolvimento.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1246173-avaliacao-e-injusta-com-brasil-afirmam-ministros-sobre-idh.shtml
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/03/14/idh-do-brasil-avanca-mas-fica-abaixo-da-media-da-america-latina.htm
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/03/14/desigualdade-mundial-diminui-mas-157-bilhao-ainda-vivem-na-pobreza.htm
http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/03/14/brasil-tem-3-maior-taxa-de-evasao-escolar-entre-100-paises-diz-pnud.htm
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/03/14/noruega-e-a-primeira-colocada-no-idh-pelo-quarto-ano-consecutivo.htm
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2013/03/14/governo-contesta-dados-do-idh-e-questiona-pesquisa.htm
http://noticias.uol.com.br/album/2013/03/14/o-grupo-dos-dez-menos-no-idh.htm
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/03/14/mesmo-em-guerra-civil-libia-avanca-e-passa-brasil.htm
sexta-feira, 1 de março de 2013
Fabuloso crescimento do PIB em 2012, de 0,9%
Agora veja a manchete do jornal:
PIB do País fecha 2012 com crescimento de 0,9%, o menor patamar dos últimos três anos
Setor de Serviços foi o único a registrar crescimento, de 1,7%. Maior queda foi de agropecuária, 2,3%. Consumo das famílias, apesar de ser o menor desde 2003, ajudou a segurar o Produto Interno Bruto em alta.O leitor inteligente também deve saber que o governo não produz um grama, um centavo de riqueza e que tudo de que ele dispõe é arrancado da sociedade, dos empresários e dos trabalhadores que produzem todas as riquezas, criam renda e empregos úteis. Tudo o que governo "produz" são despesas (muitas inúteis, terrivelmente inúteis ou perdulárias) e déficit público (porque ainda gasta mais do que arranca da sociedade, aumentando continuamente a dívida pública e gravando a sociedade com o pagamento de juros extorsivos, que só são altos, justamente, porque se trata de um gastador contumaz e um potencial inadimplente, que não pode contar com o beneplácito de risco baixo).
Portanto, meu caro leitor, é fácil deduzir que se o consumo do governo não fosse tão alto, sobrariam mais recursos para investimentos e consumo da própria sociedade, não é mesmo?
O mais preocupante, porém, é registrar a queda brutal na Formação Bruta de Capital Fixo, ou seja, a taxa de investimento. Isso significa que além do baixo crescimento atual, conjuntural, não haverá capacidade produtiva, no médio prazo, para aumentar a oferta de bens e serviços, o que significa que o Brasil vai estacionar no baixo crescimento, numa taxa medíocre de aumento de renda (se houver) e numa inflação crescente, pois os agentes econômicos já não confiam mais na capacidade do governo de manter a estabilidade.
Ou seja, se descontarmos do crescimento do PIB a inflação e o crescimento demográfico, o que sobra para você, caro leitor? Nada, ou menos do que nada: o governo lhe tungou pelo menos 5% do seu poder de compra em 2012, e bem mais no caso da classe média, que paga por mais serviços do que a média da população e estes provavelmente têm uma taxa de inflação maior.
Esse é o resultado que os companheiros podem apresentar na frente econômica, já que estão comemorando não se sabe bem o quê. Se trata também de uma herança maldita, que eles deixam para toda a sociedade: menor crescimento, mais inflação, perda de confiança, baixo investimento, desindustrialização e, claro, aumento exponencial da corrupção.
Agora leia a matéria completa, caro leitor:
SÃO PAULO - O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro fechou 2012 com crescimento de 0,9%, o pior desempenho desde o pico da crise, em 2009, quando encolheu 0,3%. O resultado ficou abaixo do PIB de 2011, que avançou 2,7%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu que os números vieram abaixo das expectativas do governo. Os dados divulgados nesta sexta-feira, 1º, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o País teve o menor PIB entre os Brics e só superou os países europeus, combalidos pela crise.
No ano, o desempenho foi puxado, pelo lado da oferta, pelo setor de serviços, que avançou 1,7%, contra quedas de 2,3% na agropecuária e de 0,8% da indústria. A participação do setor de serviços no PIB atingiu 68,5%, a maior registrada desde 2000, influenciada, sobretudo, pelo consumo das famílias, avaliou o IBGE.
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias desacelerou e subiu 3,1% no ano passado, o pior desempenho desde 2003, quando caiu 0,8%. A despesa do consumo do governo avançou 3,2%. Em valores correntes, o PIB somou R$ 4,4 trilhões.
No quarto trimestre de 2012, o PIB cresceu 0,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Na comparação com o quarto trimestre de 2011, o PIB apresentou alta de 1,4%. Entre o setores, o de serviços também liderou a expansão, com alta de 1,1% ante o trimestre anterior, enquanto a indústria subiu 0,4% e a agropecuária recuou 5,2%.
O ano foi marcado também pela queda do investimento, medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FCBF), que encerrou 2012 com recuo de 4%. No quarto trimestre, contudo, a FBCF apresentou melhora e subiu 0,5% ante o trimestre imediatamente anterior, quebrando uma sequência de cinco quedas seguidas nessa análise. Era a maior sequência desse tipo de comparação desde as cinco quedas registradas entre o terceiro trimestre de 1998 e o terceiro de 1999.
"É um fato que eu não esperava. As contas que tínhamos no Ibre ainda apontavam retração no quarto trimestre", disse o chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Samuel Pessôa. Para ele, virar o ano já com aumento na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) é uma "excelente notícia, pois sugere que a retomada de investimento começou já no quarto trimestre do ano passado, mesmo que timidamente".
A taxa de investimento teve o segundo recuo anual seguido em relação ao PIB e ficou em 18,1%, ante 19,3% em 2011 e contra 19,5% em 2010. Em 2009, a taxa foi de 18,1%, a mesma de 2012.
Expectativa. Para 2013, a expectativa é que a economia volte a crescer com mais força, impulsionada por uma safra recorde de grãos e pela retomada da indústria. A maioria dos economistas projeta avanço de 3% do PIB, embora existam apostas de até 4%.
É o caso do Credit Suisse, mesmo banco que, em junho do ano passado, cortou a projeção do PIB de 2012 para 1,5% e causou reação de Mantega. "É uma piada. Vai ser muito mais que isso", disse o ministro à época. A previsão da Fazenda, em fevereiro de 2012, era bem mais otimista: avanço de 4,5%.
Preocupado com a fraqueza da economia, o governo tem adotado algumas medidas para tentar dar impulso ao PIB. Entram na lista o programa de concessões para ferrovias, aeroportos e portos, a desoneração da folha de pagamentos para 40 setores e o programa de redução do custo da energia elétrica para consumidores e indústria, entre outros.
E veja, finalmente, o comentário de um leitor do Estadão online, que faço questão de destacar em bold, pois se trata da única parte mais agradável de toda essa história lamentável:
Não gostaria de ser pessimista e reclamão, mas você vê motivos para outras atitudes, caro leitor?
Eu, sinceramente, não...
Paulo Roberto de Almeida
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Economia brasileira: piorando devagarinho... - Estadao
Mas os números estão aí, e são os do próprio governo: ou seja, a economia está se deteriorando lentamente, e o Brasil se aproxima de uma crise de transações correntes e, provavelmente também, de uma crise fiscal. Ambas -- tirando todos os outros fatores -- são decorrente de uma única grande causa: o Estado é grande demais, gasta demais, arrecada demais.
Resulta então que as empresas não são competitivas - e daí a diminuição do saldo externo -- e que a arrecadação não cobre todas as despesas.
Só vejo uma solução: aplicar um garrote no Estado.
Quem vai fazê-lo?
Só vejo uma saída: uma fronda empresarial.
Quando é que nossos empresários vão acordar?
Talvez apenas quando metade já tiver ido à falência...
Embora sempre tenha quem lucre com a gestão companheira.
Quem paga é o povo...
Paulo Roberto de Almeida
De Dilma para Dilma, nova herança maldita?
Ainda ontem dois outros dados bem ruins foram divulgados. O IPCA-15, indicador de inflação fechado no meio do mês, subiu 0,68% em fevereiro. Foi um resultado melhor que o do mês anterior, 0,88%, mas ainda muito alto e, além disso, atenuado pela redução da conta de eletricidade. Também na manhã de ontem o Banco Central (BC) publicou as contas externas de janeiro, indicando uma piora nas transações correntes: o déficit acumulado em 12 meses chegou a US$ 58,57 bilhões e subiu de 2,4% para 2,58% do produto interno bruto (PIB). Esse déficit ainda foi financiado com folga pelo investimento estrangeiro direto, mas a tendência, a julgar pela experiência brasileira, é preocupante por mais de um motivo.
Mais preocupantes que esses números tem sido a reação das autoridades às más notícias. A inflação tem resistido nos últimos tempos, mas deverá recuar no segundo semestre, disse na quinta-feira o presidente do BC, Alexandre Tombini. A boa safra e o crescimento menor da massa de salários, a seu ver, devem contribuir para uma desaceleração dos preços. Na sexta-feira, o diretor do Departamento de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho, Rodolfo Torelly, também realizou seu ato de fé. Já em 2o12 o menor dinamismo do mercado de trabalho havia sido notado, disse ele, mas deverá haver recuperação nos próximos meses, acrescentou. As medidas econômicas tomadas pelo governo "vão surtir efeito ainda no primeiro semestre", garantiu. O secretário do Tesouro, Arno Augustín, também participou do coro do otimismo. Medidas como a redução da conta de energia, o corte de juros, a desoneração da folha de salários e o lançamento do plano de transportes devem permitir um 2013 parecido com 2010, "um ano de recuperação".
Neste momento, no entanto, a recuperação prevista pelo governo é um crescimento na faixa de 3% a 3,5%, com inflação anual próxima de 5,5%. Para isso ainda será necessária, é claro, uma boa acomodação. A alta do IPCA-15 acumulada em 12 meses ainda ficou em 6,18%, com índice de difusão de 71% (proporção de bens e serviços com elevação de preços). Além disso, a conta de luz ficou 13,45% mais barata, por iniciativa do governo, e isso retirou 0,45 ponto porcentual do resultado geral. Medidas como essa podem frear o avanço dos indicadores, mas de nenhum modo se confundem com política anti-inflacionária. Podem ser positivas para o consumidor e beneficiar a produção e o consumo, mas a inflação é determinada por outros fatores, como a expansão do crédito, o gasto público e, como consequência, o descompasso entre a demanda e a oferta de bens e serviços.
Fora do governo ninguém pode dizer com certeza se haverá algum esforço para controlar esses fatores, embora o ministro da Fazenda e o presidente do BC admitam a hipótese de uma elevação dos juros. Nenhum deles indica, no entanto, quando essa intervenção poderá ocorrer e, além disso, ambos parecem dispostos a tolerar por vários meses uma inflação bem acima da meta oficial de 4,5%.
O BC poderá agir depois de conhecer os números de fevereiro e de março, segundo uma interpretação corrente no mercado, mas conversas desse tipo ainda são meras especulações.
Se as condições de emprego continuarem piorando, os consumidores poderão ser levados a uma atitude mais cautelosa. Nesse caso, a pressão da demanda será atenuada e os preços tenderão a se acomodar. Então, o BC poderá evitar uma nova elevação, embora pequena, dos juros básicos. A política monetária continuará, portanto, cumprindo uma das determinações mais firmes da presidente Dilma Rousseff e os empresários mais preocupados com os juros e o câmbio do que com a eficiência produtiva poderão aplaudi-la por mais tempo.
Mas mesmo essa hipótese é um tanto mal ajambrada. Atenuar a pressão inflacionária pela piora das condições do emprego, enquanto o governo continua gastando muito, investindo mal e concedendo incentivos errados e ineficientes a uma indústria emperrada, está longe de ser um caminho promissor. Além disso, a piora das contas externas vem sendo causada em boa parte pela deterioração do saldo comercial. Até a terceira semana de fevereiro o País acumulou um déficit de US$ 4,6 bilhões na conta de mercadorias, com exportações 7,3% menores que as de um ano antes e importações 12,5% maiores, pelas médias diárias. Mas esse resultado ainda é maior do que seria se as compras da Petrobrás fossem contabilizadas com menor atraso.
Apesar de todo o falatório do governo e das desonerações parciais, a indústria continua com baixo poder de competição e esse é o dado mais importante para a avaliação das perspectivas de crescimento em médio prazo. A política econômica permanece mal definida, os estímulos são remendos mal costurados e há pouca segurança para investir. O investimento encolheu em 2012 e terá de aumentar muito além das previsões correntes para o País crescer no ritmo de seus vizinhos mais dinâmicos.
A balança comercial tem sido tão maquiada quanto a inflação (atenuada pela contenção política de vários preços) e as contas públicas. Já no meio de seu mandato, a presidente Dilma Rousseff tem pouco tempo para limpar a cara da economia nacional, mudar o jogo e cuidar do legado para o próximo governo.
=============
É o consumo, idiota
A inflação tem tudo para se manter acima de 6% ao ano nos próximos meses. O governo Dilma assegura que, no segundo semestre, esse número ruim será revertido. No entanto, não está claro como e se isso acontecerá de fato. Por enquanto, o governo espera uma virada mais ou menos espontânea. Há razões para acreditar em que, também nesse caso, somente boas intenções não bastarão, como ficará mais bem exposto na próxima Coluna.
A piora das contas externas ficou demonstrada pelo aumento recorde do rombo nas Contas Correntes.
(Apenas para refrescar a memória, Contas Correntes ou Transações Correntes é o fluxo de pagamentos e recebimentos com o exterior em mercadorias, serviços e transferências, que é aquele dinheiro que as famílias mandam ou recebem de quem trabalha ou estuda lá fora. Excluem os fluxos de capital em empréstimos e investimentos.)
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, apressou-se em explicar que as contas externas de janeiro vieram inchadas demais porque parte das importações de dezembro, especialmente de combustíveis, foi descarregada no mês seguinte, por decisões burocráticas que tiveram cheiro de embelezamento dos números de 2012. Esse efeito estatístico tem menos importância. O fato relevante é que as importações medidas em 12 meses (até janeiro) dispararam 14,6%, enquanto as exportações caíram 1,1%.
Refletem elevação do consumo interno (de mais de 8% em 12 meses) que a oferta interna não tem sido capaz de acompanhar. Daí esse forte aumento do suprimento externo.
A surrada tese de que o mau desempenho do comércio com o resto do mundo é consequência “do câmbio fora de lugar” não consegue convencer. Entre março e dezembro de 2012, o câmbio proporcionou desvalorização do real (alta do dólar) de 20%, sem que o ajuste tenha se refletido no resultado.
Esse diagnóstico não é da oposição ao governo, é do Banco Central. Na última Ata do Copom, a autoridade monetária advertiu que o baixo crescimento econômico do País não é desdobramento da falta de demanda (ao contrário, está aquecida demais), mas da insuficiência da oferta. Essa, por sua vez, é o resultado da falta de investimentos e do elevado custo de produção, que vem tirando competitividade da indústria.
Por enquanto, o rombo nas Contas Correntes continua sendo generosamente compensado com a entrada de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED). Mas, mesmo sobre esse item, começam a piscar luzes amarelas. Os números de janeiro (entrada líquida de US$ 3,7 bilhões) ficou aquém do esperado. Ainda é cedo para dizer que a deterioração da percepção que os analistas internacionais têm sobre o Brasil prejudica os IEDs. Mas é bom ficar de olho.