O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Um escritor versatil, residente em Connecticut, falando de imigrantes nos EUA - Jose Inacio Werneck

Não sabia ser vizinho de tão distinguido jornalista, ainda mais escrevendo sobre os imigrantes na Nova Inglaterra.
Surpresas sempre acontecem.
Paulo Roberto de Almeida

Os imigrantes e a curiosa história de meus livros

Correio do Brasil, 19/5/2015 15:00
Por José Inácio Werneck, de Bristol

Colunista conta como perdeu a chance de ter seu livro editado pela Record
Colunista conta como perdeu a chance de ter seu livro editado pela Record
Às vezes as pessoas me perguntam por que e como vim a dar com os costados nos Estados Unidos. A resposta está em meu livro “Com Esperança no Coração: Os Imigrantes Brasileiros nos Estados Unidos”.
Sou um autor meio secreto. Mal orientado pelo jornalista Moacir Japiassu, recusei uma oferta da Editora Record para publicar o mencionado livro. Foi lançado na  surdina pela Augurium Editora, me deu  prejuízo e hoje, estranhamente, sem que eu saiba como, pode ser encontrado na Amazon.
No espaço de três anos, entre 2004 e 2006, escrevi não apenas o “Com Esperança no Coração” como  também a novela “Sabor de Mar”, pela Editora Revan, e uma estranha obra que nem sei como explicar direito, mas que começou com um convite da editora Simon &Schuster.
Era, é ou foi um livro sobre o Pelé, em inglês. Que destino tomou, não sei. Sei apenas que um dia meu amigo escocês Hugh McIlvanney me telefonou de Londres dizendo que a Simon & Schuster ia publicar uma biografia de Pelé e, através de uma subsidiária chamada Gloria Books, lançar uma edição de luxo, de tiragem restrita.
Eu tinha sido escolhido para não somente escrever sobre Pelé como para traduzir para o inglês o que viria a ser produzido  pelo respeitado jornalista-historiador João  Máximo.
Pus mãos à obra. Escrevi sobre o dia em julho de 1957 em que  me encontrava com um grupo de amigos no bar Veloso, na rua Montenegro (agora respectivamente Garota de Ipanema e Vinicius de Moraes), em Ipanema,  e consegui uma carona (não tinha carro na ocasião) para ir ao Maracanã.
O Brasil enfrentava a Argentina. No segundo tempo um crioulinho franzino, de 16 anos, entrou em campo e fez um gol. Era Pelé. Fez ali sua estreia pela Seleção Brasileira e iniciou-se a maior história do futebol mundial.
Escrevi sobre isto e outros fatos de uma extraordinária carreira. Traduzi o que João Máximo botou no papel (melhor dizendo, computador) e editei, em inglês, o depoimento de diversos outros jornalistas brasileiros.
Tempos depois, num almoço em Londres, fiquei conhecendo os executivos de Gloria Books. O repasto era regado apenas a água mineral, pois eram todos muçulmanos, até que meu amigo Hugh McIlvanney resolveu por fim àquele “non-sense”, chamou o garcon e mandou descer um vinho. Na conta dos muçulmanos, é claro. A partir dali a refeição tornou-se mais saborosa.
Se me perguntarem o que aconteceu ao livro, não sei. Tenho as provas em casa, pois foi nelas que labutei para fazer a revisão. Recebi o pagamento que me era devido, mas apenas depois de longa troca de e-mails e telefonemas. Quando, em julho de  2013, estive outra vez com Hugh em seu apartamento, em Richmond (cercanias de Londres), ele  me confessou que também nunca mais ouviu falar da biografia nem da tal “edição de luxo” em “tiragem limitada”.
Tão limitada que aparentemente ninguém sabe, ninguém viu. Se alguém souber, me dê notícias. Eu tinha também um plano  de, junto com Roberto Porto e o já citado João Máximo, escrever um livro sobre o Jornal do Brasil, cuja fase áurea e posterior declínio nós três conhecíamos muito bem. Demoramos tanto a passar da ideia à realidade que nosso grande amigo Roberto Porto já morreu.
Chegará este livro a ver a luz do dia?
Quanto ao “Sabor de Mar”, passou por chuvas e trovoadas. Os percalços foram decorrentes do fato de que, para homenagear uma amiga morta, resolvi,  quando estava no meio do livro, trocar o nome da protagonista de Ana Maria para Maria Eduarda.
Acontece que, por artes do computador, houve quatro ou cinco episódios em que o nome Ana Maria continuou aparecendo, o que confundiu os leitores e causou queixas e reclamações.
A boa notícia é que o “Sabor de Mar” acaba de passar por uma reedição que corrigiu este e outros erros. Ele agora pode ser encontrado em “e-book” nas seguintes editoras:
Gato Sabido Livraria
Site: http://www.gatosabido.com.br/ –  Livraria da Travessa,  Site: http://www.travessa.com.br/ – Livrarias Curitiba, Site: http:www.livrariascuritiba.com.br/ – Livraria do Advogado,
Site: http://www.livrariadoadvogado.com.br – Buqui, Site: http:www.buqui.com.br/ – JET Soluções Educacionais, Site: http://www.jetebooks.com.br- Livraria da Folha,
José Inácio Werneck, jornalista e escritor, trabalhou no Jornal do Brasil e na BBC, em Londres. Colaborou com jornais brasileiros e estrangeiros. Cobriu Jogos Olímpicos e Copas do Mundo no exterior. Foi locutor, comentarista, colunista e supervisor da ESPN Internacional e ESPN do Brasil. Colabora com a Gazeta Esportiva. Escreveu Com Esperança no Coração sobre emigrantes brasileiros nos EUA e Sabor de Mar. É intérprete judicial em Bristol, no Connecticut, EUA, onde vive.
Direto da Redação é um fórum de debates, editado pelo jornalista Rui Martins.

sexta-feira, 13 de março de 2015

EUA e Brasil: ser um pais de imigracao e' uma gloria; ser um pais de emigracao e' apenas um fracasso...

Os EUA ainda são um país de imigrantes, e por isso continuam a ser dinâmicos, flexíveis, inovadores, vanguardistas.
Ser um país que exporta seus filhos, seja por razões econômicas -- como fazem quase todos os ilegais brasileiros nos EUA -- seja por razões de trabalho decente e de segurança -- como fazem os quadros da classe média -- isso sim representa um fracasso para o país...
Desse ponto de vista, os EUA estão predestinados a ainda ser um país de futuro, e o Brasil uma nação fracassada...
Paulo Roberto de Almeida

LEADERS

Latinos in the United States - How to fire up America
The Economist, March 12, 2015

The rise of Latinos is a huge opportunity. The United States must not squander it

A SATIRICAL film in 2004, called “A Day Without a Mexican”, imagined Californians running scared after their cooks, nannies and gardeners had vanished. Set it in today’s America and it would be a more sobering drama. If 57m Hispanics were to disappear, public-school playgrounds would lose one child in four and employers from Alaska to Alabama would struggle to stay open. Imagine the scene by mid-century, when the Latino population is set to have doubled again.
Listen to some, and foreign scroungers threaten America, a soft-hearted country with a wide-open border. For almost two centuries after America was founded, more than 80% of its citizens were whites of European descent. Today, non-Hispanic whites have dropped below two-thirds of the population. They are on course to become a minority by 2044. At a recent gathering of Republicans with presidential ambitions, a former governor of Arkansas, Mike Huckabee, growled about “illegal people” rushing in “because they’ve heard that there is a bowl of food just across the border.”
Politicians are right that a demographic revolution is under way. But, as our special report this week shows, their panic about immigration and the national interest is misguided. America needs its Latinos. To prosper, it must not exclude them, but help them realise their potential.
A Hispanic attack
Those who whip up border fever are wrong on the facts. The southern frontier has never been harder to cross. Recent Hispanic population growth has mostly been driven by births, not fresh immigration. Even if the borders could somehow be sealed and every unauthorised migrant deported—which would be cruel and impossible—some 48m legally resident Hispanics would remain. Latino growth will not be stopped.
They are also wrong about demography. From Europe to north-east Asia, the 21st century risks being an age of old people, slow growth and sour, timid politics. Swelling armies of the elderly will fight to defend their pensions and other public services. Between now and mid-century, Germany’s median age will rise to 52. China’s population growth will flatten and then fall; its labour force is already shrinking. Not America’s. By 2050 its median age will be a sprightly 41 and its population will still be growing. Latinos will be a big part of that story.
The nativists fret that Hispanics will be a race apart, tied to homelands racked by corruption and crime. Early migrants from Europe, they note, built new lives an ocean away from their ancestral lands. Hispanics, by contrast, can maintain ties with relatives who stayed behind, thanks to cheap flights and Skype. This fear is wildly exaggerated. People can love two countries, just as loving your spouse does not mean you love your mother less. Nativists are distracting America from the real task, which is to make Hispanic integration a success.
An unprecedented test of social mobility looms. Today’s Latinos are poorer and worse-educated than the American average. As a vast (and mostly white) cohort of middle-class baby-boomers retires, America must educate the young Hispanics who will replace them, or the whole country will suffer. Some states understand what is at stake—and are passing laws to make college cheaper for children with good grades but the wrong legal status. Others are going backwards. Texas Republicans are debating whether to make college costlier for undocumented students—a baffling move in a state where, by 2050, Hispanic workers will outnumber whites three to one.
Politicians of both left and right will have to change their tune. For a start, they will have to stop treating Hispanics as almost a single-issue group—as either villains or victims of the immigration system. Almost 1m Latinos reach voting age each year. With every election, Hispanics will want to hear less about immigration and more about school reform, affordable health care and policies to help them get into the middle class.
Republicans have the most work ahead. The party has done a wretched job of making Latinos feel welcome, and suffered for it at the polls. Just 27% of Hispanics voted for Mitt Romney, the Republican presidential candidate in 2012, after he suggested that life should be made so miserable for migrants without legal papers that they “self-deport”. Yet Democrats have no reason to be smug. At present, most Latinos do not vote at all; as they grow more prosperous their votes will be up for grabs. Jeb Bush, a putative White House contender in 2016 who is married to a Latina, has wooed Latinos by saying that illegal migration is often an act of family “love”.
Since their votes cannot be taken for granted, Hispanics will become ever more influential. This is especially true of those who leave the Catholic church to become Protestants. This subset already outnumbers Jewish-Americans, and is that rare thing: a true swing electorate, backing Bill Clinton, George W. Bush and Barack Obama. America should welcome the competition: its sclerotic democracy needs swing voters.
Chilies in the mix
Anxious Americans should have more faith in their system. High-school-graduation rates are rising among Latinos; teenage pregnancy is falling. Inter-marriage between Hispanics and others is rising. The children and grandchildren of migrants are learning English—just like immigrants of the past. They are bringing something new, too. A distinctive, bilingual Hispanic American culture is blurring old distinctions between Mexican-Americans and other Latinos. That culture’s swaggering soft power can be felt across the Spanish-speaking world: just ask artists such as Romeo Santos, a bachata singer of Dominican-Puerto Rican stock, raised in the Bronx. His name is unknown to many Anglos, but he has sold out Yankee Stadium in New York (twice) and 50,000-seat stadiums from Mexico City to Buenos Aires. One of his hits, “Propuesta Indecente”, has been viewed on YouTube more than 600m times.
America has been granted an extraordinary stroke of luck: a big dose of youth and energy, just as its global competitors are greying. Making the most of this chance will take pragmatism and goodwill. Get it right, and a diverse, outward-facing America will have much to teach the world.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Crimes economicos, e humanitarios, do lulo-petismo: imigracao ilegal de haitianos para o Brasil

Lembro-me perfeitamente do processo decisório que levou o Brasil ao Haiti. Em 2004 eu trabalhava no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, quando algum idiota no Planalto, ou até em outro Palácio, inventou que o Brasil deveria ir ao Haiti. Seria o nosso bilhete de ingresso no Conselho de Segurança.
Argumentei fortemente contra, pensando numa miríade de consequências futuras, muitas das quais imprevisíveis naquele momento.
Lembro-me de ter dito claramente a um dos membros da Troika que assessorava o megalomaníaco -- não era o megalonanico, esclareça-se -- que o Haiti permaneceria na assistência pública internacional por uns 50 anos, mais ou menos, e que o Brasil precisava pensar muito bem se desejava envolver-se no imbroglio, que poderia sair muito caro e custar vidas humanas.
Eu estava pensando nas vidas dos soldados brasileiros, e não imaginei o cenário atual de imigração em massa ilegal. Mas argumentei contra, enfaticamente. Fui voto vencido no pequeno círculo, e lá foram todos aqueles deslumbrados, com seleção de futebol e tudo.
Sempre achei isso ridículo, perigoso e muito acima das possibilidades do país.
Pois é: agora temos esse cenário.
Já custou, está custando, e ainda vai custar muito caro ao Brasil, inclusive moralmente, e não apenas financeiramente. Não foi por falra de aviso de minha parte.
Paulo Roberto de Almeida 
É do balacobaco! Quando o governo do Acre começou a mandar para São Paulo os haitianos que chegavam àquele estado, acusei, obviamente, a irresponsabilidade do governador Tião Viana (PT) e tentei ouvir, no programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele preferiu não falar ao vivo e enviou uma nota em que afirmou, entre outras coisas, o seguinte:
“Durante os últimos três anos, o Ministério da Justiça, por meio da Resolução Normativa, editada pelo Conselho Nacional da Imigração, concede vistos de permanência em caráter humanitário e promove ações de apoio aos haitianos que chegam ao país (…) O Brasil não tem tradição de deportação em massa. Para a recepção dos imigrantes em situação de vulnerabilidade, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome está ampliando em mais de 5 mil vagas a capacidade dos serviços de acolhimento em diversos estados e municípios em todo o país”.

Muito bem! Ponderei, então (o áudio está aqui, a partir de 28min15s), que o visto dito “humanitário”, como estava sendo fornecido pelo Brasil, era uma desumanidade que estava estimulando a indústria da imigração. Respondi ainda que não se estava cobrando deportação em massa coisa nenhuma! O que se pedia era que o governo brasileiro parasse de estimular a imigração ilegal. Mas quê… Os petistas até se orgulhavam, não é? O assunto virou tema de redação do Enem de 2012. Os estudantes eram convidados a exaltar as glórias de um país, o Brasil, que estaria atraindo imigrantes em razão de sua pujança econômica…
Muito bem! Reportagem de Lucas Ferraz e Avener Prado, na Folha desta terça, prova por A mais B que “coiotes” estão promovendo o tráfico de haitianos do Peru para o Brasil. “Coiotes”, como sabem, são pessoas que se especializam em organizar a imigração ilegal.
O tráfico já começa no Haiti ou na República Dominicana. Dali os imigrantes voam para Quito, no Equador. Tem início, então, a jornada terrestre até o Acre. Para tanto, é preciso atravessar o Peru, e é praticamente impossível fazê-lo sem se submeter aos coiotes. Na cidade peruana de Puerto Maldonado, haitianos e africanos são mantidos em albergues pelos coiotes, em regime de cárcere privado — com a porta dos quartos trancadas por fora. A polícia do país é conivente e recebe parte do dinheiro.
Eis no que resultou a dita ação “humanitária” do governo brasileiro. Na prática, a irresponsabilidade gerou no Haiti, na República Dominicana, no Equador, no Peru e, em parte, na Bolívia, o mercado de tráfico de gente. A Polícia Federal brasileira nada pode fazer porque, obviamente, não pode atuar em solo peruano. Quando a gente tenta saber por que o governo mantém a política de estímulo à imigração ilegal, é obrigado a ouvir que o governo é contra “deportações em massa”, como se alguém estivesse cobrando tal prática do Ministério da Justiça.
Mais uma contribuição de José Eduardo Cardozo, o Garboso, à civilização.

sábado, 12 de outubro de 2013

Vinde a mim os muito ricos, famelicos abstei-vos: as leis de imigracaoem paises europeus

Só ricos são bem-vindos na Europa
UE se fecha para os refugiados, mas países europeus atraem estrangeiros oferecendo cidadania em troca de investimentos
Claus Hecking, do Der Spiegel - O Estado de S.Paulo, 12/10/2013

Quando, às 8 horas, abrem-se os guichês no departamento de imigração da Letônia, eles já estão aguardando: russos, cazaques, chineses abastados acompanhados por seus intérpretes e assessores com contratos de compra e venda à mão. Alguns adquiriram propriedades na Letônia poucas horas antes; muitos estão em Riga pela primeira vez, apenas em trânsito. E todos querem uma única coisa: autorização de residência permanente, seu bilhete de ingresso na Europa Central.
Esse programa atrai milhares de estrangeiros à Letônia. E dificilmente qualquer dessas pessoas viverá ali. Mas qualquer pessoa que comprar um imóvel que custe no mínimo 71.000 (US$96.500) nas províncias, ou o dobro no caso de uma propriedade em cidades grandes como Riga, recebe um visto de residência por cinco anos. E isso significa acesso irrestrito aos 28 países do EspaçoSchengen. O governo letão implementou esse controvertido programa para salvar seu enfermo mercado imobiliário. E agora outros países também o adotaram.
Grécia, Espanha e Hungria têm feito essa oferta para atrair investidores de todo o mundo. O modelo afeta as estritas leis de imigração e asilo da Europa. A tragédia de Lampedusa, onde mais de 330 africanos morreram afogados na semana passada quando seu barco incendiou-se e afundou, mostra como ele é moralmente questionável.
A "fortaleza Europa" procura se defender contra esses refugiados que fogem da pobreza. De acordo com as Nações Unidas, cerca de duas mil pessoas perderam a vida nas águas do Mediterrâneo desde o início de 2011. E, ao mesmo tempo, alguns governos dentro da UE permitem que estrangeiros abastados entrem nos países por vias indiretas.
"Isso é cinismo", diz Karl Kopp, diretor da organização Pro Asyl, que defende os direitos dos refugiados. "Os que realmente precisam de refúgio são repelidos de todas as maneiras. Mas os que têm dinheiro recebem acesso livre".
E são os países da UE sofrendo crises financeiras os interessados no modelo letão: Na Espanha, na terça-feira, entrou em vigor lei com base na qual será fornecida autorização de residência para investidores estrangeiros que aplicarem pelo menos 500 mil na compra de um imóvel. Para especialistas do setor imobiliário, o programa deve atrair pelo menos 300 mil compradores.
Trampolins. Desde a meados deste ano, a Grécia vem concedendo vistos de residência de cinco anos para quem investe 250 mil numa propriedade. Tecnicamente, são concedidos vistos a cidadãos de fora da UE para uma permanência de 90 dias em cada 180 dias em outros Estados da zona deSchengen. Mas ninguém fiscaliza o cumprimento da norma.
Portugal oferece o que chama de "visto de ouro" desde outubro de 2012: mais de dois anos de residência em troca de um investimento imobiliário de ao menos500 mil. O governo de direita da Hungria, que normalmente procura manter os estrangeiros longe do precioso solo húngaro, iniciou em julho a venda de títulos do governo em troca de um visto de permanência. Os estrangeiros interessados precisam injetar no mínimo 250 mil; além disso há outras despesas em torno de 40 mil euros, pagas para empresas duvidosas parceiras do governo e sediadas em paraísos ficais como Ilhas Cayman e Chipre.
"Com programas desse tipo, a Europa está perdendo sua credibilidade", dizBirgit Sippel, porta-voz para a área de políticas de imigração e segurança do grupo parlamentar do Partido Social Democrata alemão (SPD). Em princípio o direito de residência é assunto de cada Estado. "Mas o que vem ocorrendo afeta a Europa toda. Não podemos excluir rigorosamente um grupo de pessoas e por outro lado permitir que todos esses indivíduos com vistos se movimentem por toda a zona de Schengen à vontade".
Na Letônia, em todo caso, dificilmente esses estrangeiros permanecem. Segundo uma pesquisa realizada pelo Departamento de Imigração, nem um quinto das pessoas que participaram do programa permanece em solo letão. Outros alugam suas propriedade imediatamente após a compra ou simplesmente as deixam vazias e mudam-se para França, Áustria ou Alemanha. Mas o programa produz consenso na classe política e cerca de 600 milhões já foram injetados no mercado imobiliário da Letônia.
Ao final, os vistos que dão acesso à zona de Schengen são muito lucrativos para o país desistir do seu programa. / TRADUÇÃO DE TEREZINHAMARTINO
É JORNALISTA

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Leis de imigracao restritivas nos EUA: prejudicando a economia americana

Broken Borders
Government, Foreign-Born Workers, and the U.S. Economy

 35   12   3
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The U.S. government interferes with the market for foreign laborers by restricting the number and mix of immigrants and setting tight quantitative limits on foreign-born guest workers. This has created a mismatch between the demand for foreign workers from U.S. businesses and their supply, directly leading to the illegal immigration situation we confront today. The current system inefficiently limits the gains that our economy could achieve from employing larger numbers of foreign workers, and it disproportionately harms small U.S. businesses. The economic fears associated with increased guest workers or immigrants are unfounded. The current Senate immigration reform proposal would be a marginal improvement but does not go far enough. Red Card, an alternative guest worker proposal, would better coordinate labor markets. Ultimately, an immigration market free from government limitations and interference would be the most efficient solution.

Benjamin Powell is a Senior Fellow at The Independent Institute, Director of the Free Market Institute at Texas Tech University, and former President of the Association of Private Enterprise Education. Dr. Powell received his Ph.D. in economics from George Mason University. He has been Assistant Professor of Economics at San Jose State University, Associate Professor of Economics at Suffolk University, a Fellow with the Mercatus Center's Global Prosperity Initiative, and a Visiting Research Fellow with the American Institute for Economic Research. He is also the editor of the Independent Institute books, Housing America: Building out of Crisis and Making Poor Nations Rich.
Zachary Gochenour is a Research Fellow at The Independent Institute and a Fellow in the Department of Economics at George Mason University. His articles have been published in such scholarly journals as The Independent Review and The Review of Austrian Economics, and his popular articles have appeared in the Economic Bulletin (American Institute for Economic Research), Reason, and The Conference Board Report.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Brasileiros no mundo: resta saber em qual ! - Rui Martins

Golpe do Itamaraty nos emigrantes

Direto da Redação, 6/8/2013 18:21
Falta criatividade ? Os Conselhos de Cidadania de emigrantes, agora ressuscitados, foram criados no governo FHC.
Falta criatividade ? Os Conselhos de Cidadania de emigrantes, agora ressuscitados, foram criados no governo FHC.
Prometo que não vou continuar batendo na mesma tecla, pois pelo jeito nada vai mudar. Ou a presidenta Dilma não quer ouvir ou os reclamos dos emigrantes não chegam a transpor as paredes de sua torre de marfim.
Porém, antes de aceitar a evidência dos limites da democracia e do meu fracasso em sensibilizar alguém do governo, gostaria de propor uma rápida questão sobre o significado dos emigrantes.
Vejamos – existem milhares e mesmo milhões de brasileiros dispersos pelo mundo. A maioria nos EUA, seguindo-se o Paraguai, os países europeus e o Japão.
Esse pessoal, geralmente com a mania de vestir camisetas verde-amarelas, faz parte da população brasileira ou já foram excluídos e conservam o passaporte como um simples documento de viagem ?
Se já não fazem parte da população brasileira, entendo terem sido entregues aos consulados e seus diplomatas, para poderem renovar o passaporte, registrarem o casamento, os filhos, se divorciarem e enviarem atestados de óbitos ou participarem da partilha de heranças deixadas pela família no Brasil.
Entendo haver um Conselho de Cidadania para esses emigrantes com meia-nacionalidade irem discutir com os diplomatas locais a festa do 7 de setembro (neste ano, a festa será no 9 de setembro por ter caído num sábado, dia de descanso sagrado nos consulados), a cor disto, a data daquilo, mas nunca o total da subvenção distribuída pelo Consulado a esta ou aquela iniciativa proposta por uma associação filantrópica, religiosa ou de comunicação.
Existe uma prestação de contas mensal ou anual dos Consulados, transparente, publicada no Portal de cada região? Para se saber quanto se gastou nisto ou naquilo, se houve concorrência pública, ou essas informações são enviadas apenas para o Itamaraty ?
O chamado Conselho de Cidadãos tem acesso a essas informações ? Pode influir na escolha do pianista ou violonista convidado para uma soirée musical e saber qual foi o caché pago ? Pode saber qual o orçamento previsto para as atividades locais do Consulado especificando as verbas de representação deste ou daquele membro do pessoal ?
Se pode, está na hora de se tornar tudo isso público, se não for em editais publicados na mídia emigrante pelo menos no Portal local e no Quadro de Avisos afixado na sala de espera para os emigrantes.
Se isso não é da competência ou da alçada do Conselho de Cidadãos, seria bom se perguntar qual a utilidade de um conselho de limitadas opções e alternativas, incapaz de tomar decisões, tal como o conselho maior, o CRBE, entidade sem verba para funcionar, sem autonomia e totalmente sujeita ao bem querer do Itamaraty. Um Conselho de Representantes que representa, não se sabe bem quem, pois seus membros foram eleitos com menos de 0,02% da população emigrante.
Qual a finalidade desse Conselho ? Depois da ineficácia do CRBE nos últimos dois anos, justamente por falta de verba e por não poder tomar decisões, a conclusão não pode ser outra – o CRBE tem a finalidade de fazer parte do mundo do faz de conta, porque com ou sem CRBE, nada muda, o Itamaraty aplica a política por ele julgada necessária aos emigrantes.
Cabe ao Itamaraty cuidar do Portal Consular, inscrever ou não as informações de associações emigrantes existentes pelo mundo, nenhuma delas tem a senha para inserir a menor notícia ou informação. O mesmo se aplicando aos portais consulares locais. Ou seja, os membros dos Conselhos de Cidadania participam de uma ópera-bufa, cuja música e cujo libreto são compostos, segundo a criatividade dos diplomatas locais.
Mas voltemos à pergunta inicial – os emigrantes fazem parte da população brasileira ? Se fazem, porque não são considerados como cidadãos emancipados com direito a decidirem eles próprios e a terem representantes parlamentares, como os menores Estados brasileiros ?
Por que o Brasil não segue o exemplo de outros países, experientes em questão de emigração, que reconhecem seus emigrantes como parte integrante da população e lhes dão possibilidades de decisão e de representação no Parlamento ?
É uma lástima, e pior ainda perceber o contentamento de tantos membros de Conselhos de Cidadania por poderem tomar café com os diplomatas e não serem mais tratados como desconhecidos nos guichês dos Consulados. Esaú se vendeu também por um prato de lentilhas.
(Publicado originalmente no site Direto da Redação)
Rui Martins, jornalista, escritor, correspondente em Genebra.

domingo, 21 de abril de 2013

Hispanic imigrants in the USA: the new Italians - David Leonhardt (NYT)


CAPITAL IDEAS

Hispanics, the New Italians

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THE German immigrants of the 19th century were so devoted to their native language that Americans wondered if the new arrivals would ever assimilate. The Irish who followed were said to be too devoted to a foreign pope to embrace American democracy.
Multimedia
Many Italians not only were Roman Catholic but also returned home for the winter, when construction work here slowed. The Chinese and Jews, skeptics argued, were of an entirely different race than many successful immigrants who came before them.
With the arrival of millions of Latinos in recent decades, there have been multiple reasons to wonder if they would assimilate and thrive — including legitimate economic issues that go well beyond ethnic stereotypes. Unlike previous generations of immigrants, today’s can remain in daily telephone and video contact with their homeland. And unlike those in the past, today’s immigrants face legal obstacles, and their pathway to a middle-class life involves college tuition. A decade ago, the political scientist Samuel P. Huntington described the newfound issues with assimilation as simply the “Hispanic challenge.”
Yet as the Senate begins to debate a major immigration bill, we already know a great deal about how Latinos are faring with that challenge: they’re meeting it, by and large. Whatever Washington does in coming months, a wealth of data suggests that Latinos, who make up fully half of the immigration wave of the past century, are already following the classic pattern for American immigrants.
They have arrived in this country in great numbers, most of them poor, ill educated and, in important respects, different from native-born Americans. The children of immigrants, however, become richer and better educated than their parents and overwhelmingly speak English. The grandchildren look ever more American.
“These fears about immigrants have been voiced many times in American history, and they’ve never proven true,” Alan M. Kraut, a history professor at American University, in Washington, told me. “It doesn’t happen immediately, but everything with Latinos points to a very typical pattern of integration in American life in a generation or two.”
Immigrant Latino households have a median income that trails the national median by $24,000 (or more than 40 percent). Among second-generation Latino households, the gap is only $10,000, according to a recent Pew Research Center report. Similarly, only 7 percent of Latino immigrants marry someone of a different ethnicity; a whopping 26 percent of the second generation does. “It’s a very reassuring set of metrics,” said Paul Taylor, the Pew center’s executive vice president.
Even one alarming trend among the children of Latino immigrants highlights their increased American-ness: younger Latinos are having more children outside marriage than their parents did, just as whites and African-Americans are.
If anything, these snapshots of today’s different generations tend to understate immigrants’ progress. Over the last several decades, Mexico and other Latin-American countries sending migrants here, like El Salvador, have also become richer and more educated. As a result, the immigrants of the past — and, by extension, their children and grandchildren — started out even further behind than today’s newcomers.
To gauge the progress of an immigrant group, the ideal comparison is not between the second and third generations in 2013 and the first generation in 2013; it is between the later generations and their actual parents and grandparents. James P. Smith, an economist at the RAND Corporation, has done such complex, longitudinal work and finds that the trajectory of Latinos most closely resembles that of Italians, who also arrived with comparatively little education.
FOR decades, the average Latino immigrant has had slightly more than a junior-high school education. An average child of a Latino immigrant today completes high school and attends almost one year of college. A typical grandchild attends more college, Mr. Smith found. In the last decade alone, according to the Pew study, the number of Latinos graduating from college hasroughly doubled, to more than 250,000.
Latino immigrants, of course, still trail other groups in a number of metrics, including education and income. And there is no guarantee that they or their descendants will close the gaps completely.
They have advantages that previous immigrant waves did not, starting with a national culture less accepting of discrimination than in the past. But they also face new obstacles. Perhaps most important, earlier groups of immigrants were not breaking the law by living in this country.
For the myriad ways that the country accepts illegal immigrants as part of society, their status still brings enormous disadvantages that inhibit climbing the economic ladder. Parents without legal status are less willing to become involved in their children’s schools. They are less willing than legal workers to ask for a raise or to leave one job for another that brings more opportunity. They are less easily able to start a business.
Whether you consider those costs too small or too large for people who enter the country without permission, the bipartisan bill introduced in the Senate last week would clearly reduce them. Long before they won citizenship — which would take years — many of today’s 11 million illegal immigrants would be able to lawfully register as residents.
“The change would be very significant for them, and it would happen immediately after they register,” said Doris M. Meissner, a former commissioner of the Immigration and Naturalization Service who is now at the Migration Policy Institute. “They would no longer be clandestine.”
The Senate bill is a long way from becoming law. The most probable outcome seems to be a bill that will help many recent immigrants, either substantially or modestly. No matter what, the overall direction for the modern wave of American immigrants is unlikely to change.
The notion of a unique “Hispanic challenge” is not wrong. But neither was the notion of a unique Italian challenge, Chinese challenge or Jewish challenge.
To be an impoverished immigrant who does not speak English and has few labor-market skills is not easy. Over time, the specific challenges — legal, cultural and educational — have changed. Yet the core parts of the story have not, including its trajectory.
David Leonhardt is the Washington bureau chief of The New York Times.

domingo, 23 de setembro de 2012

Fabio Koifman e a politica da imigracao no Brasil - Livro

O mesmo historiador que escreveu Dom Quixote nas Trevas, sobre o papel do Embaixador Souza Dantas no salvamento de judeus perseguidos pelo nazismo na França, comparece agora com outro livro sobre o mesmo período, mas enfocando o regime restritivo de concessão de vistos para candidatos à imigração no Brasil.
Estou esperando para ler
Paulo Roberto de Almeida

Imigrante ideal: O Ministério da Justiça e a entrada de estrangeiros no Brasil (1941-1945)
Autor:Fábio Koifman
ISBN:8520010261
Gênero:Ciências Sociais
Páginas:446
Formato:16 x 23 cm
Editora:Civilização Brasileira
Preço:R$ 49,90


Até a década de 1930, a imigração era considerada indispensável ao Brasil, para suprir a carência de mão de obra e ajudar no processo de povoamento do território de dimensão continental. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial a política migratória mudaria, seguindo a tendência que vinha dos Estados Unidos de tentar restringir a entrada de estrangeiros, principalmente de idosos e deficientes, sob a argumentação de que era fundamental promover a “eugenia de nossa gente a saúde do nosso povo”. O governo assumiu uma política nacionalista de controle, que resultou num sistema autoritário repleto de preconceitos étnicos, religiosos e culturais, permitindo que parte de seus altos funcionários se tornassem verdadeiros “porteiros do país”.
Koifmann, nesta obra amplamente documentada e de pesquisa exemplar, traz a público o que se passou no Brasil da ditadura de Vargas, revelando detalhes a respeito da natureza sombria do Estado Novo.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Relatos da Imigracao Alema no Brasil, sec. XIX

Cartas e relatos do início da imigração alemã ao Brasil


É difícil imaginar como era a vida dos imigrantes que desbravaram as matas virgens da região sul do Brasil a partir de 1824. Nesse sentido, para mostrar esses momentos, o jornalista e escritor Felipe Kuhn Braun traz, em seu quarto livro, Cartas e Relatos de Imigrantes Alemães, publicação do autor, importantes testemunhos de época na forma primária e direta de cartas e relatos escritos pelos imigrantes alemães no decorrer do século XIX.

Infelizmente, a maioria das cartas que chegaram aos imigrantes não foram preservadas, ao contrário daquelas que os imigrantes enviaram para a Alemanha. Depois de dez anos de pesquisas, Braun compilou essas cartas para publicação, a fim de preservá-las para as futuras gerações. Por acreditar que só os próprios imigrantes conseguiriam relatar suas vivências com tanta exatidão, descrevendo as dificuldades e o modo de vida daquela época, Felipe decidiu-se pela publicação sistemática dessas cartas, como forma de expressar e comunicar as vivências dos imigrantes.

As primeiras cartas são dos anos iniciais do processo de colonização alemã no sul do país. São cartas trocadas pelas famílias Tatsch, Kayser, Friedrich, Gerhard, Elicker e Franzen. Nas cartas, eles escrevem sobre a saída da Alemanha, a dor e a saudade da despedida, sobre a longa e cansativa viagem de três meses, bem como sobre os falecimentos em alto mar. Também sobre a chegada no Rio de Janeiro e posteriormente no Rio Grande do Sul, sobre a hospedagem na casa da Feitoria em São Leopoldo, sobre o começo dos trabalhos na mata virgem e as dificuldades com os índios. São relatos carregados de palavras e descrições sobre sentimentos como fé e perseverança.



Na segunda parte do livro, estão publicadas cartas do segundo período da imigração, que se iniciou após o término da Revolução Farroupilha. São as cartas dos imigrantes Claeser, Ritter, Schuh e Brill. Os relatos, as narrativas e as memórias são dos imigrantes Mathias Schmitz, Friederika Müller Nienow, Maria Margaretha Schäffer, Heinrich Fauth e Heinrich Georg Bercht. 


Começo na mata virgem. Fotografia  tirada por volta de 1880
Braun dá voz a personagens que ficaram esquecidos, inclusive nos estudos sobre colonização alemã, já que, da maioria desses imigrantes, não há nem fotografias antigas e nem uma grande variedade de documentos.


Georg Heinrich Ritter - cervejeiro da Linha Nova

As cartas complementam os estudos atuais sobre imigração, já que trazem pontos de vista daqueles que foram partícipes de todo esse processo. Juntamente com os escritos dos imigrantes, Braun publica fotografias antigas e desenhos da localidade berço da imigração alemã no Brasil, São Leopoldo, bem como desenhos da despedida dos imigrantes na Alemanha, da viagem para o Brasil e do início da colonização nas Picadas do interior.


Interior dos navios que trouxeram os imigrantes
A seguir, pequenas amostras de relatos escritos pelos imigrantes e publicados por Braun:

"...não deixarei de amar-vos; mesmo quando a morte fechar os meus olhos e meu corpo jazer na sepultura, minha alma não deixará de ser a alma do teu pai..."  
                                                                                                                           Peter Tatsch, em 18 de novembro de 1832



Professor imigrante de sobrenome Dewes e esposa - Picada Cará - Feliz

"..nestes seis anos desde que me despedi de ti, nenhum dia se passou sem que me lembrasse de ti. Então, adeus a ti com tua estimada esposa e filhos; Cristo, o Senhor abençoe e proteja a vós, acompanhe-vos em todos os passos até a vida eterna! Eu sou, até o túmulo, teu irmão leal, de todo o coração".
                                                                                                                                                Johann F. Friedrich, em 1832


Casa do imigrante na Feitoria, onde se instalaram provisoriamente os primeiros imigrantes
"Em vida e na morte, sim, até no túmulo, sou aquele que nunca vos tem esquecido, vosso fiel cunhado. Pelas lágrimas, tenho que terminar e, por isso, eu vos saúdo a todos milhares de vezes. Lembrem-se de mim em vossos corações e representem-me em meu lugar na igreja. Adeus, em constante paz, nunca um mal vos atinja. Eu sou vosso cunhado que vos quer de todo o coração"
                                                                                                                           Mathias Franzen em 27 de agosto de 1832.


Carl Trein - empresário do Vale do Caí, RS

"Meu bisavô ficou morando na sua terra e morreu como um homem relativamente novo, foi enterrado na sua propriedade onde na época ficava o cemitério para os evangélicos. Hoje flores ainda florescem nas sepulturas dos que lá repousam".

                                                                                                                                                                        Juliana Juchum.
Para contatar o autor ou para adquirir o livro, mande um e-mail para  felipe.braun@terra.com.br ou felipe.braun@hotmail.com.
Visite também o site 
www.imigracaoalema.com .

Fonte: o Autor, por e-mail

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pieguice: sentimento bem distribuido na terra...

Todo mundo tem dó dos coitadinhos. Só não se perguntam quem é que vai pagar a conta da caridade.
Alguns anos atrás, escrevi um artigo intitulado interrogativamente:

Estaria aumentando o número de idiotas no mundo? (podem procurar em meu site que está em algum lugar...)

Hoje eu já não perguntaria mais, pois tenho certeza que sim...
Paulo Roberto de Almeida

Não existe almoço de graça
LUIZ FELIPE PONDÉ
Folha de S.Paulo, 27/076/2011

"Bleeding hearts" é como são chamados pelos conservadores esses teenagers da política

A EUROPA ESTÁ em chamas pelo medo da dissolução da União Europeia. No Brasil, os defensores dos direitos dos imigrantes ilegais na Europa ainda se aferram à imagem adolescente de que o continente deve receber "todo mundo", numa conta infinita a ser paga pela colonização.
Não existe almoço de graça, mas tem muita gente, que normalmente não paga o almoço, que não sabe disso ou finge que não sabe.
A atitude é adolescente porque essa gente que grita contra a "direita" europeia (que cresce à medida que os países vão falindo) não pagaria um sanduíche para um estranho, mas acha que os europeus devem pagar comida, casa, hospital e escola até para os ilegais. A recusa em entender isso só piora as coisas.
O que me assusta é como gente grande pode ter sido contaminada por tamanha infantilidade em termos de análise política e social. O filósofo da vaidade, Rousseau (século 18), assim chamado por Burke (também do século 18), crítico dele e da revolução francesa, é muito responsável por esse absurdo, além do velho Marx.
"Bleeding hearts" é como são chamados pelos conservadores americanos esses teenagers da política.
O problema de países como Portugal, Espanha e Grécia é que não se pode ganhar como eles e gastar como franceses e alemães. Uma hora a casa cai.
Recentemente, conversando com um médico brasileiro que ficou um mês trabalhando num hospital importante em Bruxelas, especializado em câncer, fiquei sabendo dos absurdos do sistema de saúde da Bélgica.
A Bélgica deverá acabar em breve por conta do impasse de ser um país que reúne flamengos (etnicamente próximos dos holandeses) e belgas franceses e por isso não consegue formar um governo decente.
Lá, estrangeiros ilegais recebem mais direitos a tratamento médico do que cidadãos belgas. Funcionários belgas do hospital em questão falam disso com grande rancor. Quem aguenta isso?
Tudo bem que a Bélgica, dizem, foi o colonizador mais cruel da África (Joseph Conrad imortalizou a violência da colonização belga do Congo em seu monumental "Coração das Trevas"), mas até onde se pode pagar uma "conta" dessas?
Semelhante é o caso brasileiro e o absurdo do país ficar "sustentando" o Paraguai via Itaipu. Quando o governo brasileiro, por afinidade ideológica com o governo paraguaio, decide que deve aumentar a "contribuição" dada ao Paraguai por Itaipu, quem paga a conta é você através de seu trabalho e de suas agonias cotidianas. Legal, não? Você paga imposto para doar dinheiro para o Fernando Lugo, presidente do Paraguai, posar de "defensor de su pueblo".
Quando acordar de manhã, pense: "Opa, hoje tenho que correr de um lado para o outro pra mandar dinheiro para o Paraguai".
Claro que tem gente que diz que devemos muito ao Paraguai pelo que fizemos lá durante a Guerra do Paraguai, mas até onde essa história é verdadeira? Aconselho a leitura do "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" do Leandro Narloch (Ed. LeYa), para aprender um pouco mais sobre esse mito que destruímos uma nação que marchava para ser um país perfeito sob a batuta de seu ditador Solano Lopez.
Calma, não se trata de ser insensível com o sofrimento dos mais fracos. Sei que o coro dos humilhados e ofendidos gritará, mas não o temo. Trata-se sim de perceber que o mundo não é o que um centro acadêmico pensa que é.
Pensemos numa situação hipotética. Imagine que tivéssemos um número gigantesco de imigrantes de países pobres entre nós. Agora imagine que eles tivessem mais direitos a saúde pública que você, que trabalha como um cão e que paga impostos extorsivos, como é o caso no Brasil e na Europa.
O que você pensaria disso? Você aceitaria sustentar pessoas que se mudam para a sua casa a fim de lá viver às suas custas?
Alguém sempre paga a conta e quando se tenta fechar os olhos à sangria que é bancar o crescimento de imigrantes (ilegais ou não) na Europa, a tendência inevitável é que radicais de direita sejam eleitos.
Quando você se "revoltar" contra isso, doe uma parte da sua grana para a África.