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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Individualismo e interesses coletivos: qual a balança exata? - Paulo Roberto de Almeida (Ordem Livre)

Individualismo e interesses coletivos: qual a balança exata?

A distinção entre interesses individuais e coletivos é antiga. No plano das idéias ela já estava presente nas reflexões de filósofos britânicos desde o século XVII e, possivelmente, antes disso, em São Tomás de Aquino e em alguns filósofos gregos. No plano de suas consequências práticas, ela aparece com maior nitidez no curso da revolução francesa, quando os conceitos mais importantes do liberalismo são estabelecidos, primeiro de forma empírica, depois de maneira mais formal, com os constitucionalistas franceses. Ao mesmo tempo, são desenvolvidos os conceitos opostos do socialismo, com o propósito de promover os interesses coletivos, enquanto o liberalismo pode ser equiparado, justamente, à defesa do individualismo.
A topografia política tem observado desde essa época exatamente essa divisão fundamental, que resume todo o debate político dos séculos XIX e XX e que parece destinado a perdurar indefinidamente. Esse é, provavelmente, o ponto central dos dilemas políticos modernos, o grande divisor de águas entre as duas grandes filosofias de nossa época, o elemento definidor por excelência das políticas públicas contemporâneas. Todos os Estados organizados da atualidade, pelo menos os que podem ser caracterizados como minimamente democráticos, se debatem com essa contradição fundamental, provavelmente duradoura em qualquer sociedade: a de definir e aplicar políticas macroeconômicas e setoriais que levem em conta, de um lado, a defesa legítima da privacidade e dos direitos individuais, e que possam implementar, de outro lado, serviços coletivos e bens públicos que contemplem outros direitos legítimos da comunidade (segurança, transportes, escolas, hospitais, além de garantia de emprego e boas perspectivas na aposentadoria).
As populações dos Estados modernos não se inquietam tanto com os dilemas conceituais envolvidos na dicotomia do problema em causa, quanto com seus aspectos práticos, inclusive porque elas estão sempre demandando novos serviços e novas garantias – de emprego, de residência, de seguridade social, até de lazer – que antigamente eram providenciados pelos próprios indivíduos ou famílias. Governos, de seu lado, não discutem posturas filosóficas, apenas implementam políticas, embora os governantes possam ser influenciados – mas isto parece óbvio – por determinadas concepções que orientam essas políticas, que podem se aproximar, ou se afastar, de um dos dois polos, geralmente mais constrangidos pelos orçamentos do que motivados pelas concepções subjacentes.
A realidade dos Estados contemporâneos, pelo menos os do arco capitalista democrático, é feita de escolhas contínuas entre maiores ou menores medidas intrusivas na vida dos cidadãos, ou contribuintes. A política nesses países é feita de uma balança que se move regularmente entre políticas de cunho social-democrata – e, portanto, mais intrusivamente pendentes para o lado dos direitos coletivos – e políticas liberais, tendentes a reduzir impostos e promover os interesses privados. As eleições na Europa ocidental e nos EUA, desde várias décadas, tem confirmado essa indecisão constante dos eleitores entre governos de “direita” – supostamente identificados com políticas liberais – e governos de “esquerda”, que implementavam ativamente políticas de cunho social-democrático. Na prática, seja por inércia dos cidadãos, seja por populismo dos políticos, que gostam de prometer serviços públicos em cada vez mais áreas de interesse privado, todos os governos acabam avançando sobre os direitos individuais, de que é prova o crescimento constante da carga fiscal nos Estados membros da OCDE.
Essa realidade é de certo modo surpreendente quando estudos empíricos feitos pelos melhores institutos independentes tem demonstrado que os países caracterizados por maior grau de liberdade – promotores, portanto, dos direitos individuais – são também os de maior crescimento, maior igualdade, menor corrupção, maior eficiência geral nos serviços públicos e, portanto, de maior prosperidade (ou seja, de maior renda per capita) e de maiores possibilidades de escolha para os cidadãos. De fato, relatórios produzidos pelo Cato Institute – cuja metodologia e notas explicativas podem ser vistos aqui – confirmam as interações sugeridas acima: na média, os países mais livres são dez vezes mais ricos e crescem quase duas vezes mais rapidamente do que os menos livres (ou seja, aqueles com excesso de intervenção governamental e planejamento estatal). O primeiro capítulo do estudo organizado por James Gwartney e Robert Lawson,Economic Freedom of the World: 2009 Annual Report (Washington, DC.: Cato Institute, 2009; disponível em: http://www.cato.org/pubs/efw/), traz gráficos eloquentes a esse respeito.
Os céticos, ou aqueles comprometidos com uma filosofia coletivista, poderão argumentar com o exemplo da China, como uma suposta prova que nem sempre a liberdade produz maior crescimento e prosperidade, tentando “demonstrar” que as políticas econômicas do governo autoritário do grande país asiático conseguem conciliar planejamento e rápido crescimento. Mas a China constitui exatamente a prova viva de que maior liberdade consegue produzir maior crescimento econômico, como o próprio relatório do Cato demonstra. O índice global da liberdade econômica no mundo coloca a China à frente do Brasil: no ranking internacional, ela ocupa o lugar de número 82 (com uma pontuação global de 6,54 sobre 10 possíveis), contra 111 para o Brasil (6 pontos redondos).
Mais surpreendente ainda, a China apresenta melhor desempenho no que se refere ao sistema legal e direitos de propriedade (6,3 pontos na escala do Cato, em 49o. lugar, contra apenas 5,3 para o Brasil, em 81o. lugar), no tocante à liberdade de comerciar internacionalmente (bem à frente do Brasil, em 36o. lugar, para o centésimo no caso brasileiro), à disponibilidade de uma moeda sólida (30o. lugar para o renminbi chinês, enquanto o real brasileiro ocupa apenas o 92o. posto) e também no que se refere ao ambiente de negócios (aspecto no qual ela ocupa o ranking 117, para 134 no caso do Brasil). Segundo o mesmo relatório, a China foi também o país que mais avançou na escala de liberdade econômica no período em exame, ganhando dois pontos inteiros desde os anos 1980, contra apenas 1,57 no caso do Brasil. No caso do indicador relativo à liberdade de comerciar internacionalmente, a China surpreende, mais uma vez: tendo partido, em 1980, de uma posição praticamente similar à do Brasil (3,65, em 78o. lugar, para 3,56 no Brasil, em 79o. lugar), ela conseguiu galgar muitas posições até o ano de 2007, passando a ocupar o 39o. posto nesse quesito (com 7,50 pontos), ao passo que o Brasil continuava bem atrás (90o. no ranking mundial, com 5,90 pontos apenas).
Hoje, na China, os trabalhadores tem de ir ao mercado para comprar seus próprios serviços de saúde e pagar pela sua educação, ao contrário do Brasil, onde o Estado supostamente garante esses “direitos coletivos”. Num certo sentido, a China é hoje, pela liberdade econômica e a forte concorrência entre empresas e indivíduos, bem mais capitalista do que o Brasil. Contrariamente ao que muitos pensam, a China caminha no sentido da maior liberdade econômica e do individualismo: este é, na verdade, o segredo de seu sucesso econômico.

* Publicado originalmente em 10/04/2010.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Seminário “América Latina: Oportunidades y Desafios”, Lima, Peru, 24-25 março 2014

Seminário “América Latina: Oportunidades y Desafios”
Lima, Peru,  24-25 março 2014

Dia 24 de março, segunda-feira
08:45 horas – Abertura do Seminário “América Latina: Oportunidades y Desafios”
- Palavras de Mario Vargas Llosa – Presidente da Fundación Internacional para la Libertad

09:00 horas – Painel I: “UNA VISIÓN DE LOS PROTAGONISTAS”
- Sebastián Piñera – Presidente do Chile (2009 –2014)
- Felipe Calderón – Presidente do México (2006 – 2012)
Moderador: Luis Bustamante Belaunde – Reitor Emérito da UPC, Perú.

10:30 horas - Painel II “EL DESAFIO DEL NEOPOPULISMO”
- Mauricio Macri – Prefeito de Buenos Aires, Argentina
- Maria Corina Machado – Deputada, Venezuela
- Oscar Ortiz –  Ex - Presidente do Congresso, Bolívia
- Jorge Larrañaga – Candidato à presidência do Uruguai
Moderador: Álvaro Vargas Llosa,  Escritor, Peru.

12:15 horas – Painel III: “EDUCACIÓN, CULTURA Y LIBERTAD”
- Carlos Alberto Montaner –  Escritor,  Cuba
- Arturo Fontaine– Escritor, Ex Diretor do Centro de Estudios Públicos, Chile
- José Luis García Delgado  – Ex - Reitor da Universidade Internacional Menéndez Pelayo, Espanha
- Sergio Ramírez -  Poeta, Ex-Vice-Presidente de Nicarágua                              
Moderador: Lorenzo Bernaldo de Quiroz,  Freemarket, Espanha.

17:00 horas – Bienal de novela Mario Vargas Llosa 2014
local: Museu de Arte Contemporânea - Av. Miguel Grau, 1511

Dia 25 de março, terça-feira
09:00 horas – Painel IV “EL PROBLEMA DE LAS DROGAS”
- Antonio Escohotado – Ensayista, Espanha
- Jorge Castañeda – Escritor, Ex – Chanceler do México
- Héctor Aguilar – Jornalista, México
 Moderador: Ian Vásquez – Cato Institute, USA.

10:30 horas – Painel V  “LA EXPERIENCIA DEL MODELO”
- Eva Arias – Presidenta da Sociedad Nacional de Minería y Petróleo, Perú
- Fernando Schuler – Fronteiras do Pensamento, Brasil
- Plinio Apuleyo Mendoza –  Escritor, Colômbia
Moderador: Miguel Vega Alvear,  CAPEBRAS, Peru.

12.00 – PANEL VI “PERU: LA AGENDA PENDIENTE”
- Gastón Acurio – Empresario, Peru
- Alfredo Barnechea – Escritor, Peru
- Beatriz Merino – Ex – Primeira- Ministra do Peru
Moderador: Enrique Ghersi – CITEL, Peru.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Nuestro nuevo hermano en el Mercosur: Venezuela

Muy buena inauguración del flamante miembro pleno del Mercosur:

Anti-Chavez Venezuelan TV Globovision pays $2.1m fine

People demonstrate in support of Globovision outside the court in CaracasGlobovision employees and supporters demonstrate outside the Supreme Court in Caracas

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BBC, July 2, 2012
A Venezuelan news channel highly critical of President Hugo Chavez has paid a $2.1m (£1.3m) fine for its coverage of a prison riot a year ago.
The move comes a day after the Supreme Court placed a seizure order on assets belonging to Globovision worth nearly three times the original fine.
"The fine is unfair and disproportionate," said Globovision vice-president Carlos Zuloaga.
He said the court should lift the order now that the fine has been paid.
Globovision accused the government of trying to intimidate it ahead of the start of campaigning for October's presidential election.
Opposition candidate Henrique Capriles said the government was attempting to silence independent media.
The fine was imposed by media regulator Conatel in October 2011.
Conatel said Globovision's coverage of disturbances at the El Rodeo prison outside the capital, Caracas, in June 2011 "promoted hatred and intolerance for political reasons."
More than 20 people were killed in the prison mutiny.
Globovision went to court to fight the fine.
But the Supreme Court announced on Thursday that a seizure order had been placed on assets worth $5.7m (£3.6m) belonging to the news channel.
Globovision vice-president Carlos ZuloagaGlobovision's vice-president Carlos Zuloaga says he expects the seizure order to be lifted by Monday
"This decision doesn't surprise us because we are about to begin an election campaign in which the government tends to take judicial actions to intimidate the independent private media," said channel vice-president Maria Fernanda Flores.
Mr Zuloaga and other executives of the channel went to the Supreme Court to pay the original fine, accompanied by employees and supporters.
Globovision lawyer Ricardo Antela said the company feared bigger sanctions and the loss of its broadcasting licence.
Coup attempt
The election campaign begins on Sunday, with President Hugo Chavez seeking a third term in the 7 October vote.
Mr Chavez has accused Globovision of supporting a 2002 coup attempt, and of plotting to assassinate him.
Venezuela's opposition has frequently accused Mr Chavez's government of trying to gag the media.
Several other private radio and television stations have been forced off air for failing to comply with regulations requiring them to broadcast government information.
The government has frequently accused private media companies of using their power to try to undermine the democratic authorities.
State-owned media has expanded dramatically since Mr Chavez took office in 1999.

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segunda-feira, 19 de março de 2012

Le manifeste censuré de Camus (1939) - Le Monde

Nota do Le Monde
L'article que nous publions devait paraître le 25 novembre 1939 dans "Le Soir républicain", un quotidien limité à une feuille recto verso que Camus codirige à Alger. L'écrivain y définit "les quatre commandements du journaliste libre": lucidité, refus, ironie et obstination. 
Notre collaboratrice Macha Séry a retrouvé ce texte aux Archives nationales d'outre-mer, à Aix-en-Provence. Camus dénonce ici la désinformation qui gangrène déjà la France en 1939. Son manifeste va plus loin. Il est une réflexion sur le journalisme en temps de guerre. Et, plus largement, sur le choix de chacun, plus que celui de la collectivité, de se construire en homme libre.

Le manifeste censuré de Camus

LE MONDE CULTURE ET IDEES, 
Il est difficile aujourd'hui d'évoquer la liberté de la presse sans être taxé d'extravagance, accusé d'être Mata-Hari, de se voir convaincre d'être le neveu de Staline.
Pourtant cette liberté parmi d'autres n'est qu'un des visages de la liberté tout court et l'on comprendra notre obstination à la défendre si l'on veut bien admettre qu'il n'y a point d'autre façon de gagner réellement la guerre.
Certes, toute liberté a ses limites. Encore faut-il qu'elles soient librement reconnues. Sur les obstacles qui sont apportés aujourd'hui à la liberté de pensée, nous avons d'ailleurs dit tout ce que nous avons pu dire et nous dirons encore, et à satiété, tout ce qu'il nous sera possible de dire. En particulier, nous ne nous étonnerons jamais assez, le principe de la censure une fois imposé, que la reproduction des textes publiés en France et visés par les censeurs métropolitains soit interdite au Soir républicain (le journal, publié à Alger, dont Albert Camus était rédacteur en chef à l'époque), par exemple. Le fait qu'à cet égard un journal dépend de l'humeur ou de la compétence d'un homme démontre mieux qu'autre chose le degré d'inconscience où nous sommes parvenus.
Un des bons préceptes d'une philosophie digne de ce nom est de ne jamais se répandre en lamentations inutiles en face d'un état de fait qui ne peut plus être évité. La question en France n'est plus aujourd'hui de savoir comment préserver les libertés de la presse. Elle est de chercher comment, en face de la suppression de ces libertés, un journaliste peut rester libre. Le problème n'intéresse plus la collectivité. Il concerne l'individu.
Et justement ce qu'il nous plairait de définir ici, ce sont les conditions et les moyens par lesquels, au sein même de la guerre et de ses servitudes, la liberté peut être, non seulement préservée, mais encore manifestée. Ces moyens sont au nombre de quatre : la lucidité, le refus, l'ironie et l'obstination. La lucidité suppose la résistance aux entraînements de la haine et au culte de la fatalité. Dans le monde de notre expérience, il est certain que tout peut être évité. La guerre elle-même, qui est un phénomène humain, peut être à tous les moments évitée ou arrêtée par des moyens humains. Il suffit de connaître l'histoire des dernières années de la politique européenne pour être certains que la guerre, quelle qu'elle soit, a des causes évidentes. Cette vue claire des choses exclut la haine aveugle et le désespoir qui laisse faire. Un journaliste libre, en 1939, ne désespère pas et lutte pour ce qu'il croit vrai comme si son action pouvait influersur le cours des événements. Il ne publie rien qui puisse exciter à la haine ouprovoquer le désespoir. Tout cela est en son pouvoir.
En face de la marée montante de la bêtise, il est nécessaire également d'opposer quelques refus. Toutes les contraintes du monde ne feront pas qu'un esprit un peu propre accepte d'être malhonnête. Or, et pour peu qu'on connaisse le mécanisme des informations, il est facile de s'assurer de l'authenticité d'une nouvelle. C'est à cela qu'un journaliste libre doit donner toute son attention. Car, s'il ne peut dire tout ce qu'il pense, il lui est possible de ne pas dire ce qu'il ne pense pas ou qu'il croit faux. Et c'est ainsi qu'un journal libre se mesure autant à ce qu'il dit qu'à ce qu'il ne dit pas. Cette liberté toute négative est, de loin, la plus importante de toutes, si l'on sait la maintenir. Car elle prépare l'avènement de la vraie liberté. En conséquence, un journal indépendant donne l'origine de ses informations, aide le public à les évaluer, répudie le bourrage de crâne, supprime les invectives, pallie par des commentaires l'uniformisation des informations et, en bref, sert la vérité dans la mesure humaine de ses forces. Cette mesure, si relative qu'elle soit, lui permet du moins de refuser ce qu'aucune force au monde ne pourrait lui faire accepterservir le mensonge.
Nous en venons ainsi à l'ironie. On peut poser en principe qu'un esprit qui a le goût et les moyens d'imposer la contrainte est imperméable à l'ironie. On ne voit pas Hitler, pour ne prendre qu'un exemple parmi d'autres, utiliser l'ironie socratique. Il reste donc que l'ironie demeure une arme sans précédent contre les trop puissants. Elle complète le refus en ce sens qu'elle permet, non plus derejeter ce qui est faux, mais de dire souvent ce qui est vrai. Un journaliste libre, en 1939, ne se fait pas trop d'illusions sur l'intelligence de ceux qui l'oppriment. Il est pessimiste en ce qui regarde l'homme. Une vérité énoncée sur un ton dogmatique est censurée neuf fois sur dix. La même vérité dite plaisamment ne l'est que cinq fois sur dix. Cette disposition figure assez exactement les possibilités de l'intelligence humaine. Elle explique également que des journaux français comme Le Merle ou Le Canard enchaîné puissent publier régulièrement les courageux articles que l'on sait. Un journaliste libre, en 1939, est donc nécessairement ironique, encore que ce soit souvent à son corps défendant. Mais la vérité et la liberté sont des maîtresses exigeantes puisqu'elles ont peu d'amants.
Cette attitude d'esprit brièvement définie, il est évident qu'elle ne saurait sesoutenir efficacement sans un minimum d'obstination. Bien des obstacles sont mis à la liberté d'expression. Ce ne sont pas les plus sévères qui peuvent décourager un esprit. Car les menaces, les suspensions, les poursuites obtiennent généralement en France l'effet contraire à celui qu'on se propose. Mais il fautconvenir qu'il est des obstacles décourageants : la constance dans la sottise, la veulerie organisée, l'inintelligence agressive, et nous en passons. Là est le grand obstacle dont il faut triompher. L'obstination est ici vertu cardinale. Par un paradoxe curieux mais évident, elle se met alors au service de l'objectivité et de la tolérance.
Voici donc un ensemble de règles pour préserver la liberté jusqu'au sein de la servitude. Et après ?, dira-t-on. Après ? Ne soyons pas trop pressés. Si seulement chaque Français voulait bien maintenir dans sa sphère tout ce qu'il croit vrai et juste, s'il voulait aider pour sa faible part au maintien de la liberté, résister à l'abandon et faire connaître sa volonté, alors et alors seulement cette guerre serait gagnée, au sens profond du mot.
Oui, c'est souvent à son corps défendant qu'un esprit libre de ce siècle fait sentirson ironie. Que trouver de plaisant dans ce monde enflammé ? Mais la vertu de l'homme est de se maintenir en face de tout ce qui le nie. Personne ne veut recommencer dans vingt-cinq ans la double expérience de 1914 et de 1939. Il faut donc essayer une méthode encore toute nouvelle qui serait la justice et la générosité. Mais celles-ci ne s'expriment que dans des coeurs déjà libres et dans les esprits encore clairvoyants. Former ces coeurs et ces esprits, les réveiller plutôt, c'est la tâche à la fois modeste et ambitieuse qui revient à l'homme indépendant. Il faut s'y tenir sans voir plus avant. L'histoire tiendra ou ne tiendra pas compte de ces efforts. Mais ils auront été faits.
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Nota PRA: Agradeço ao jornalista Reinaldo Azevedo ter me chamado a atenção para este texto.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

De servos e de seres livres: um rebound (e encerramento do debate)

Um EX-SERVO do Estado me escreveu um longo comentário ao post que leva este título (ver mais abaixo), e depois reclamou que eu tinha limitado seu direito de expressão. Isso se deveu não à minha censura, como pretendeu afirmar o comentarista em questão, mas a uma limitação técnica do sistema, como vai aqui explicitado:

Seu HTML não pode ser aceito: Must be at most 4,096 characters

Ou seja, como eu, o Ex-Servo do Estado tem a mania de escrever demais. Vou transcrever abaixo o que esse comentarista escreveu, que agora sei quem é, mas não vem ao caso.
Considero que fica encerrada aqui a discussão, pois não me interessa prolongar um debate esquizofrênico, cheio de equívocos e ressentimentos.
Permito-me apenas responder a determinadas bobagens ao final.
Paulo Roberto de Almeida

Transcrevo:
Prezado embaixador,
Vejo que V.Exa tem um problema terrível com a palavra hermenêutica, pois eu afirmei que me considero um ex-servo do Olimpo, justamente, por que me libertei daquilo que supostamente me remetia a uma prisão [de qualquer ordem].
Eu não disse que sou servo. Vou dar um exemplo: V.Exa se diz ex-socialista, isto significa que ex-socialista não é socialista. Conseguiu compreender a diferença agora ?
Foi apenas uma metáfora que quer significar a liberdade plena e nada mais. Já tinha reparado que V.Exa escreve sem interpretar, devidamente, os próprios escritos, que dirá os alheios !
Quanto ao seu conceito de liberdade, achei um tanto sofrível, posso dizer até “gongorico”, o final de sua defesa, pois quase me emocionou. O que eu questionei não foi o fato de V.Exa ser um servo [ops! melhor servidor] do Estado, mas sim, justamente, por que faz críticas e usufrui de TODAS as prerrogativas que o Estado lhe confere. Assim como os militares, V.Exa sempre diz que os diplomatas são sanguessugas do Estado. Não fui eu que disse isso, foi V.Exa em seu livro “A Grande Mudança”.
Eu não sou contra o que escreve, pelo contrário. Só acho que V.Exa critica mas, efetivamente, não faz nada para mudar ideologicamente suas atitudes. É liderado por um homem que tem menos estudo do que uma relés Dona-de-Casa. Como isso deve fazê-lo sofrer! Estudou a vida inteira para ser chefiado pelo Lula, que trágico fim o seu. Isso não é uma prisão? Ele é que decide mandá-lo para China ou para Conchinchina, acha mesmo que isso é liberdade ?
Usarei suas próprias palavras: “...as pessoas têm o direito de criticar o Estado e de criticar as políticas públicas....” e acrescentarei o seguinte: “desde que suas ações coadunam com seus pensamentos”.
O Brasil não precisa de mais Estado na economia para se desenvolver. Isto é fato!
Mas V.Exa, que critica os muitos jovens que querem a carreira pública faz, parte do serviço público. Então por que está no Serviço Público ?
Apenas a guisa de esclarecimento, eu não me contento com um Estado espoliador, jamais ! E concordo plenamente que o Brasil é uma anomalia no conjunto de economias em desenvolvimento; que possui uma carga tributária nefasta para setor patronal e, também, para o povo, mas V.Exa faz parte daqueles que usufruem de todos os privilégios dados pelo Estado e que aumentam o déficit público, pois isso volta para o contribuinte.
Quanto à não concordar com um Estado que arranca metade da renda e ainda o obriga a comprar no setor privado os serviços, não é uma questão de sinceridade, mas sim de coerência, sendo assim, aqui foi um ponto onde concordamos.
Quanto à V.Exa não concordar com a estabilidade funcional, já tinha escrito isso também em seu livro “A Grande Mudança”, para mim continua a ser demagogia, visto que diz que não gosta de Caviar, mas come o infeliz do Caviar. [Eu particularmente adoro Caviar e assumo]
Agora, o seu desfecho nesta defesa foi piegas, pois se acha que tudo isso é uma indignidade com o povo brasileiro e se é adepto do princípio da dignidade da pessoa humana, então, eu pergunto:
1 ) - Por que não larga as tetas públicas e produz [como empresário] para este povo que trabalha tanto e paga os seus privilégios, segundo suas próprias palavras ?
2 ) Acha mesmo que como empresário sua influência não seria mais “producente”, junto à APEX, salvo engano órgão ao qual está com V.Exa. na Expo China representando o Brasil para uma maior visibilidade internacional ?
3 )- Como cidadão pagador de impostos, não seria melhor que o fizesse na condição de empresário ? Visto que além de produzir, daria empregos e ajudaria no desenvolvimento econômico do país ?
4 ) - Matematicamente falando, talvez fosse o caso de deixar de alugar seu cérebro servilmente [santa tolice], para produzir mais dentro deste gigante adormecido, não acha que traria mais resultados positivos para o povo brasileiro ?
5 )- Será que V.Exa, realmente, é um ser livre ?
Da próxima vez que escrever, pode até me criticar, mas, por favor, interprete melhor o que eu escrevo, pois não sou “SERVO” e sim “EX-SERVO” que raciocina e que neste momento se volta contra o criador, no sentido de lhe dizer: produza para o país e saia do discurso a lá moda Azambuja e tantos outros...

Remetente: Um ex-servo do Olimpo
Destinatário: Ao Deus do Saber do Olimpo
(Brasil, 17.06.2010)

Fim de transcricao

Comento rapidamente:
1) Não sou embaixador, mas isso não vem ao caso e não tem nada a ver com o debate.
2) Meu conceito de liberdade é muito simples: pessoas conscientes, mesmo quando funcionários públicos, não se contentam em ser submissos ao Estado, mas exercem o seu direito de criticar esse mesmo Estado. No meu conceito, as liberdades individuais vêm antes da sujeição ao Estado.
3) O "ex-servo do Estado" pretende que eu me retire do Estado para poder criticá-lo, o que é contraditório com a expressão acima, das liberdades fundamentais.
4) Não desfruto de nenhuma mordomia estatal: trabalho, tenho salário, pago minhas despesas com meu próprio salário. As alegações são ridículas, inclusive quanto ao caviar.
5) Seria demagogia se eu usasse minha condição profissional para defender a estabilidade funcional. Como sou um ser livre, defendo o fim da estabilidade para TODOS os funcionários públicos, pois considero isso nefasto do ponto de vista dos serviços público e uma fonte de privilégios e mordomias inaceitáveis para o povo brasileiro.
6) Num país livre, cada um escolhe ser empresário, funcionário público, professor, qualquer coisa, e isso não tem absolutamente nada a ver com o que cada um pensa sobre o Estado, a economia, os direitos individuais, o exercício dos deveres cívicos, etc.

Dou por encerrada esta discussão ridícula, com quem quer se promover, ainda que anonimamente.
16.06.2010