Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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sábado, 5 de setembro de 2020
Grupo de diplomatas propõe política externa pós-Bolsonaro - Carolina Marins (UOL)
segunda-feira, 31 de agosto de 2020
Os delírios e mentiras de Bolsonaro isolaram o Brasil da América Latina, China, Europa e até dos EUA - João Filho (The Intercept)
Os delírios e mentiras de Bolsonaro isolaram o Brasil da América Latina, China, Europa e até dos EUA
Relembremos os mais recentes episódios que chocaram o mundo. Em um intervalo de um mês, dois ministros da Saúde foram demitidos em plena crise do coronavírus, justamente por insistirem em seguir as recomendações da ciência. E, até hoje, seguimos sem um ministro. Eduardo Bolsonaro mentiu (ou não) para a imprensa internacional ao dizer que o presidente estava com a covid-19. A cura pela cloroquina virou uma tara do governo. Em plena pandemia, o presidente vai até uma manifestação que pede o fechamento do Congresso e do STF e abraça o povo sem máscara. Esses fatos, somados às recentes ações para maquiar a contagem dos mortos por covid-19, foram a tampa que faltava para fechar o caixão da nossa imagem internacional.
O enterro está sendo agora, mas o velório começou antes mesmo do bolsonarismo tomar posse. Ainda em novembro de 2018, a xucrice bolsonarista já exibia suas credenciais para o mundo: desrespeitaram abertamente a China, nosso principal parceiro comercial. Atacaram o Mercosul. Criaram atrito com os países árabes ao anunciar mudança da embaixada de Israel para Jerusalém. Ameaçaram sair do Acordo de Paris. Tudo isso aconteceu ainda faltando um mês para a posse. O estrago feito em poucos dias já era um indicativo da tragédia que viria nesse ano e meio de mandato.
terça-feira, 11 de agosto de 2020
As eleições presidenciais nos EUA e o Brasil - Rubens Barbosa
AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NOS EUA E O BRASIL
Rubens Barbosa
Em 90 dias, o mundo conhecerá o futuro presidente dos EUA. As pesquisas de opinião pública indicam hoje uma vitória de Biden sobre Trump com margem de cerca de 10 pontos percentuais. Esse número daria a vitória a Biden, caso a eleição fosse majoritária. Cabe, porém, um elemento de cautela, visto que nos EUA a eleição para presidente é decidida em colégio eleitoral, composto por delegados de todos os Estados, eleitos a partir dos resultados nas votações locais. Refletindo a profunda divisão da sociedade americana, a eleição deverá ser decidida nos Estados que oscilam entre conservadores e democratas, (Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Florida, Idaho) e Trump ameaça contestá-la.
A mudança do cenário eleitoral nos últimos três meses deveu-se à percepção negativa sobre a forma como Trump vem conduzindo as medidas contra a pandemia, a queda no crescimento econômico, o aumento do desemprego e sua reação aos movimentos raciais que se espalharam por todo o país. Passou a haver assim uma chance de Joe Biden vencer as eleições de novembro com mudanças significativas nas políticas econômica, ambiental e de política externa.
O partido democrata no governo tentará uma política econômica que recupere o dinamismo da economia e reduza o desemprego. Deverá prevalecer viés nacionalista, que incluirá forte componente ambiental (Green New Deal), modificações no sistema de saúde e busca de liderança no combate à pandemia. Os EUA voltarão a dar prioridade aos organismos multilaterais, com o retorno à Organização Mundial de Saúde, o fortalecimento da OMC e com adesão ao Acordo de Paris. As crescentes tensões geopolíticas entre os EUA e a China, no governo democrata, deverão continuar e mesmo ampliar-se. Nesse contexto, deverão aumentar a pressão sobre governos autoritários e a defesa da democracia, agravando as tensões nas áreas comerciais, tecnológicas e militares, pois Beijing é tratada hoje como um adversário pelo establishment norte-americano.
Como ficariam as relações Brasil-EUA com um presidente democrata?
Em uma de suas “lives” semanais, o presidente Jair Bolsonaro, ao comentar o cenário da eleição presidencial americana, confirmou que torce por Donald Trump, mas que vai tentar aproximação, caso Joe Biden seja o vencedor. "Se não quiserem, paciência", simplificou. Bolsonaro ouviu e está seguindo o conselho de John Bolton, ex-secretário de segurança nacional de Trump, de buscar fazer pontes com o candidato democrata.
Costumo fazer distinção entre a relação pessoal Bolsonaro-Trump e a relação institucional entre as burocracias brasileira e norte-americana.
Caso Biden seja eleito, vai terminar a relação pessoal estabelecida com Trump por influência ideológica. Manifestação de Eduardo Bolsonaro a favor de Trump recebeu imediata resposta de deputado democrata, presidente da Comissão de Relações Exteriores: “a família Bolsonaro precisa ficar fora da eleição dos EUA”.
Em termos institucionais, o relacionamento bilateral continuará a ter baixa prioridade e o novo presidente poderá até fazer alguns gestos para afastar o Brasil da China. As críticas continuarão, como vimos recentemente, quando, por conta da política ambiental e de direitos humanos em relação aos indios, Comitê de Orçamento da Câmara, relatório do Departamento de Estado e carta de deputada democrata criticaram o governo brasileiro e pediram que não seja negociado nenhum acordo comercial com o Brasil e que haja sanções contra Brasília e que seja vetada ajuda na área de defesa ao Brasil como aliado da OTAN. O alinhamento com os EUA, nem sempre concretizado nas relações bilaterais, tornou-se automático nas votações de resoluções sobre costumes, mulheres, direitos humanos, saúde e sobre o Oriente Médio nos organismos multilaterais (ONU, OMS, OMC). Em muitos casos, o Brasil fica isolado com EUA e Israel e, nas questões de costumes, fica acompanhado de países conservadores, como Arábia Saudita, Líbia, Congo e Egito. Com a mudança na política de Biden nos organismos multilaterais, o Brasil tenderá a ficar ainda mais isolado, sem a companhia dos EUA.
A geopolítica será o dilema mais sério para o governo brasileiro, caso Biden vença a eleição. A crescente presença da China na América do Sul está na raiz da decisão de Washington de apresentar candidato a presidência do BID contra um representante brasileiro, e pode ser indício de um renovado interesse político dos EUA para conter Beijing com pressão financeira sobre os países da região. Seria a volta da Doutrina Monroe. O apoio brasileiro à proposta dos EUA para discutir se países que não são economia de mercado podem ser membros da OMC, - o que, na prática, excluiria a China - e uma eventual decisão contra a empresa chinesa na licitação do 5G indicariam que o Brasil teria escolhido seu lado no confronto. Será que os EUA levarão o governo brasileiro a se chocar com a China? Não convém ao Brasil ajudar a trazer a disputa geopolítica para a região, nem tomar partido por um dos lados em uma longa disputa que está apenas se iniciando. Permanecer equidistante é o que defende o VP Mourão.
Menos ideologia e geopolítica e mais interesse nacional é o que o bom senso recomenda nesse momento de incerteza nos rumos da relação Brasil-EUA.
Rubens Barbosa, Presidente do IRICE
terça-feira, 28 de julho de 2020
De Trump Para Biden, sem vergonha nenhuma, e sem se corrigir - Entrevista de Sami Adghirni com o chanceler acidental
O mais contraditório é que, depois de apoiar Trump, e não apenas os EUA, ele proclamam que as relações são entre países e não os seus líderes. Mas, continuam se submetendo a Trump, apoiando seu candidato ao BID, quando isso representa uma TRAIÇÃO a um acordo estabelecido desde o início do Banco, em 1960, que reserva o cargo a um latino-americano, sendo que os EUA ficariam com a vice-presidência (aliás mais estratégica). Esses caras não aprendem.
A Trump Ally, Brazil Says It’s Prepared to Deal With Biden
By Samy Adghirnisegunda-feira, 27 de julho de 2020
Posturas erráticas e irracionais do governo, grandes prejuízos para o Brasil - Paulo Roberto de Almeida
quarta-feira, 24 de junho de 2020
VERGONHA da política externa subordinada - Paulo Roberto de Almeida
Pensei que os militares fossem mais patriotas.
É até inconstitucional — está no Artigo 4 da CF-1988 — subordinar de forma tão completa e de maneira tão absurdamente dependente os altos interesses nacionais e a política externa do Brasil não só a uma potência estrangeira, assim como a um dirigente específico (“I love you Trump”), como fazem o presidente e seus medíocres aspones diplomáticos.
Os militares não vão reagir?
Vão deixar que a subordinação se perpetue indefinidamente?
Continuaremos a ser assim tão servis?
Os militares não veem que estamos sendo ridicularizados no plano internacional?
Não perceberam ainda que estamos completamente isolados até mesmo no continente e nas relações com nossos vizinhos e parceiros do Mercosul?
Não perceberam que o chanceler foi abjetamente capacho ao ter desistido de apoiar um brasileiro na presidência do BID e que, para se opor a um candidato argentino, foi até ao extremo de expedir uma nota oficial apoiando o candidato de Trump sem sequer saber de quem se tratava? Nem se deu ao trabalho de consultar o Itamaraty, os demais setores do governo, de se coordenar na região.
Dobrou-se ao capricho de seus mestres em Washington. Nada menos que isso!
Automaticamente! Sabujamente!
Trata-se de uma RUPTURA tão extrema em relação ao que está estabelecido DESDE 1960, que CINCO ex-presidentes latino-americanos tiveram de fazer uma declaração contrária a essa decisão de Trump.
Os militares vão deixar que continue essa enorme VERGONHA que é ver o Brasil ser RIDICULARIZADO na própria região?
Não se deram ainda conta de que esse governo subordina interesses concretos da nacionalidade a posturas ideológicas absolutamente ridículas pelo seu anacronismo político?
Não, não estou pedindo que as FFAA deem um golpe. Estou sugerindo que elas, e eles, os MILITARES, deixem de apoiar um presidente tão inepto e tão antinacional quanto o atual e um chanceler abjetamente subordinado a outros ineptos conselheiros.
No ponto em que estamos, tenho MUITA VERGONHA de nossa diplomacia e de suas posturas ridículas no plano externo.
Os militares deveriam pensar um pouco...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 24/06/2020