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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Brasil: congresso aumenta a irracionalidade orcamentaria, contas publicas se deterioram

São dessas pequenas brigas, ou chantagens recíprocas entre executivo e legislativo -- aqui num caso absolutamente paroquial, deputados-vereadores querendo assegurar verbas para seus gastos eleitoreiros -- que provocam consequências danosas não só para as contas públicas (cuja racionalidade é altamente questionável), como também para o chamado "risco-Brasil".
Não tenho nenhuma dúvida de que as agências de risco vão rebaixar a classificação do Brasil, em face de notícias como as que vão abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

Base contraria Dilma e aprova Orçamento impositivo

O Estado de S. Paulo, 7/08/2013 

Base aliada ignora trégua e desafia Dilma

Com empenho pessoal do presidente da Câmara, comissão especial aprova texto que obriga governo a pagar todas as emendas parlamentares

Eduardo Bresciani e Tânia Monteiro, Brasília

A base aliada ignorou o pedido de trégua de Dilma Rousseff e confrontou a presidente um dia depois de líderes de bancadas visitarem o Planalto. Comissão Especial da Câmara aprovou ontem proposta de emenda constitucional que obriga o Executivo a pagar todas as emendas parlamentares previstas no ano. Trata-se do Orçamento impositivo, que poderá garantir a cada um dos deputados R$ 10 milhões para obras em seus redutos no ano eleitoral de 2014. O governo é contra a medida.
Agora, o texto da PEC está pronto para ser submetido ao plenário. Depois de votação em dois turnos, terá de ser encaminhado para o Senado, algo que os deputados querem fazer até amanhã.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), empenhou-se pessoalmente para fazer o tema tramitar. Ontem, foi duas vezes até à comissão que debatia o projeto para cobrar a aprovação. Para ele, a medida é o fim do "toma lá, dá cá" entre Legislativo e Executivo. Normalmente, as emendas parlamentares são usadas como moeda de troca: o governo libera a verba e o parlamentar aprova os temas de interesse do Executivo e não cria embaraços para o Planalto.
"A matéria está inteiramente amadurecida", disse Alves sobre a emenda constitucional.
Pedidos. Alguns líderes chegaram a sugerir ao presidente da Câmara um adiamento da votação, mas ele disse não ver motivo justificado para postergar. Foi além: procurou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para pedir tratamento prioritário à matéria, para que possa entrar em vigor em 2014. A emenda não precisa de sanção presidencial para passar a valer.
O texto prevê a execução financeira, de forma isonômica, das emendas parlamentares com um limite de 1% da receita corrente líquida do ano anterior.
Termos. Em 2014, a estimativa é que o montante das liberações supere R$ 6 bilhões no total.
O texto traz um dispositivo que os parlamentares dizem poder facilitar a vida do governo: nos dois primeiros anos de vigência, será possível usar emendas de anos anteriores para se chegar ao mínimo estabelecido.
Os parlamentares colocaram ainda um gatilho para que caso haja necessidade de contingenciamento a fim de cumprir metas fiscais: as emendas poderão sofrer corte no mesmo porcentual do aplicado pelo governo em seu próprios gastos.
Isolado, o PT tentou ainda apresentar propostas alternativas para reduzir à metade o porcentual ou obrigar também estados e municípios a seguir a exigência. Não obteve sucesso.
Parlamentares argumentam que o anúncio feito na semana passada de liberação de R$ 6 bilhões até o fim do ano para acalmar a base mostram como as emendas tem sido usadas para "chantagem". Reconhecem também que frequentemente propostas de interesse do Planalto acabam paradas pelo mesmo motivo, a barganha por emendas.
A aceleração da proposta do Orçamento impositivo ocorre também de olho no calendário eleitoral. Se conseguirem transformar a proposta em regra constitucional, os parlamentares terão garantidos recursos para suas bases justamente no ano da eleição. Além de auxiliá-los na conquista de um novo mandato, a medida pode ainda dará mais forças a seus partidos, que com garantia de recursos podem se sentir mais liberados na negociação de alianças. Esse tipo de confronto é explicitado pelo fato de que PT e PMDB, por exemplo, dificilmente estarão juntos nos principais colégios eleitorais, como São Paulo, Rio, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Sul.
Vetos. A movimentação do Congresso novamente em direção ao confronto já levou o governo a pautar seu discurso sobre outro tema que o preocupa: a votação de vetos presidenciais. A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, já antecipou que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal caso o governo seja derrotado. "Todas as matérias que acabam indo para o Judiciário acabam ficando um tempo para ter a decisão. O exemplo mais concreto disso, na distribuição dos royalties, está no Supremo e estamos perto de um ano aguardando. O melhor é evitar (a judicialização). Se não tiver possibilidade de evitar, o judiciário é o recurso legal, constitucional que o Executivo teria para recorrer", afirmou a ministra, após reunião da presidente com líderes no Senado. / Colaborou Rafael Moraes Moura

Lei em debate no Congresso não elimina 'faz de conta' 

 AnáliseGUSTAVO PATU, DE BRASÍLIA

Folha de S.Paulo, 7/08/2013

Texto aumenta poder de parlamentares e mantém truque de 'criar' arrecadação

O texto discutido na Câmara dos Deputados eleva os poderes dos congressistas sobre o Orçamento, mas, retórica à parte, mantém o Legislativo brasileiro livre de novas preocupações com a qualidade dos gastos e a solidez das contas públicas.

No atual faz de conta da elaboração da lei orçamentária, deputados e senadores recorrem a um truque para criar novas despesas sem desagradar a ninguém: inventam arrecadação.
A estimativa de receita para 2013, por exemplo, subiu de um já otimista R$ 1,230 trilhão, no projeto do Executivo, para R$ 1,253 trilhão --o bastante para incluir emendas de R$ 22,7 bilhões.
Encerrado o primeiro semestre, a receita esperada pela equipe econômica já caiu para R$ 1,185 trilhão. E, assim como a arrecadação fictícia, as obras prometidas pelos congressistas a seus redutos eleitorais evaporaram.
O relatório que acompanha a proposta de execução obrigatória das emendas reconhece, em meio a eufemismos, a necessidade de uma nova prática. A solução encontrada foi incluir mais uma declaração de boas intenções na Constituição.
"A previsão de receita e a fixação da despesa no projeto e na lei orçamentária devem refletir com fidedignidade a conjuntura econômica e a política fiscal", dirá o 10º parágrafo do artigo 165, caso a proposta avance.

REGRA IGNORADA
O texto constitucional em vigor já estabelece, no artigo seguinte, uma regra para as emendas sistematicamente ignorada: as despesas criadas pelos congressistas devem ser compensadas com a anulação de despesas propostas pelo Executivo.
Se aplicado, tal modelo submeteria deputados e senadores ao constrangimento político de cortar investimentos em infraestrutura, já escassos, para acomodar uma miríade de despesas miúdas, típicas de prefeituras.
Algo como remanejar verbas da conservação de rodovias --porque a maior parte do Orçamento é tomada por despesas obrigatórias como o pagamento de salários e aposentadorias-- para o calçamento de ruas ou festas folclóricas no interior do país.
Na proposta votada pelos deputados, esse ônus ficará, na prática, com o governo. De concreto, a única salvaguarda oferecida pelo Congresso Nacional é a dimensão relativamente reduzida de suas pretensões.
Os parlamentares contentam-se com pouco mais de R$ 6 bilhões, metade de um centésimo do Orçamento. Ainda assim, é o triplo do dinheiro disponível neste ano para o transporte ferroviário --ou o dobro do reservado à educação infantil.

Impositivo demais

Editorial Folha de S. Paulo, 7/08/2013

Deputados fariam melhor se pusessem freio nos gastos obrigatórios do Orçamento, em vez de tentar fixar cota individual de emendas
Está prevista para hoje na Câmara dos Deputados a votação da proposta de emenda constitucional que instituiria o "Orçamento impositivo" no Brasil. O conceito, inspirado em democracias maduras, predica que todo gasto pactuado na confecção da lei orçamentária anual deve ser de realização obrigatória ao longo do período.
A programação de despesas pode ser alterada apenas diante de imprevistos, como catástrofes ou quebra na receita de impostos. Mesmo nessas hipóteses, o desvio do script está sujeito a limites e à mediação do Legislativo.
A PEC em tramitação na Casa dos deputados, entretanto, tem objetivos mais provincianos. Tenta instituir uma cota anual de emendas por parlamentar, R$ 10 milhões por cabeça, cuja execução pelo Planalto seria obrigatória. Está mais para "bolsa emenda" do que para Orçamento impositivo.
O governo veria diminuído o seu poder de barganha, pois se vale da liberação discriminada de emendas para assegurar apoio em momentos decisivos no Congresso. Ficaria um pouco mais difícil, por outro lado, para o Executivo ajustar a dura realidade da arrecadação aos desejos fiscalmente irresponsáveis de congressistas, impressos na peça de ficção que uma vez por ano entregam ao governo.
A conta da "bolsa emenda" não parece tão salgada. Seriam R$ 6,2 bilhões ao longo de 12 meses, cerca de 0,5% do desembolso da União, que passa de R$ 1 trilhão.
Mas seria um meio ruim, pulverizado e de difícil fiscalização, de aplicar dinheiro dos impostos. O ideal seria privilegiar as emendas coletivas, pactuadas entre os congressistas de cada Estado e mais coerentemente inseridas em planos de desenvolvimento regional.
Emendas tratam sobretudo da despesa na infraestrutura, a rubrica mais sacrificada nos orçamentos, embora decisiva para o crescimento econômico. Quando se fixa uma cota para as emendas paroquiais, obriga-se o governo a sacrificar outros investimentos.
O Orçamento já é bastante impositivo. Despesas obrigatórias com manutenção da máquina, pessoal, juros e seguridade consomem mais de R$ 80 de cada R$ 100 gastos pela União. O quadro reflete escolhas sedimentadas da democracia brasileira ao longo de três décadas. Optou-se pela constituição de um colchão social extenso, mas incapaz de oferecer serviços de boa qualidade --limitado pela renda apenas média do Brasil.

Se os congressistas desejam transformar o Orçamento numa peça importante para o desenvolvimento do país, deveriam começar pela revisão das despesas obrigatórias. De sua diminuição relativa nos próximos anos depende a retomada de um ritmo confortável de aumento na renda nacional.

Cuba: a generosidade brasileira, e como: US$ 176 milhoes

Brasil dará crédito de U$176 milhões a Cuba para modernizar aeroportos

AFP - Agence France-Presse, 07/05/2013


Brasil e Cuba deram outro passo de aproximação com a assinatura domemorando de entendimento em que o Brasil concede um crédito de 176 milhões de dólares para modernizar cinco aeroportos cubanos, durante a visita de um ministro brasileiro à ilha, fontes de ambos os países informaram nesta terça-feira.

O ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, assinou na segunda-feira em Havana um "memorando de entendimento que estabelece os critérios para a concessão de um crédito de 176 milhões de dólares para a modernização de cinco aeroportos cubanos", disseram fontes brasileiras.

"Esses recursos vão financiar a exportação de bens e serviços brasileiros para a ampliação e modernização dos aeroportos de Havana, Santa Clara (centro), Holguín (oriente), Cayo Coco (na costa norte) e Cayo Largo (costa sul)", acrescentaram as fontes.

Pimentel, que também se reuniu na segunda-feira com o presidente cubano Raúl Castro, assinou o memorando com o ministro cubano de Comércio Exterior e Investimento Externo, Rodrigo Malmierca, segundo as fontes.

Raúl Castro e Pimentel conversaram "sobre o excelente estado das relações bilaterais e ratificaram a vontade de continuar fortalecendo-as", disse o jornal oficial Granma, que não informou nada sobre o crédito.

Os cinco aeroportos estão relacionados com o turismo, segunda fonte de receitas da economia cubana, que aporta cerca de 2,5 bilhões de dólares anuais.

A visita de Pimentel a Cuba coincide com a visita ao Brasil do chanceler cubano Bruno Rodríguez, que na segunda-feira se encontrou com a presidente Dilma Rousseff e seu homólogo Antonio Patriota, segundo a imprensa.

Rodríguez e Patriota analisaram a possível contratação de cerca de 6.000 médicos cubanos para trabalhar em áreas que carecem de profissionais de saúde no Brasil, em um acordo que envolve a Organização Panamericana da Saúde.

A exportação de serviços médicos é a primeira fonte de renda da economia cubana. Cerca de 40.000 médicos trabalham na Venezuela e outros países, e seus serviços rendem 6 bilhões de dólares anuais à ilha.

Brasil é o sexto sócio comercial de Cuba, seu principal fornecedor de alimentos e um importante comprador de medicamentos e vacinas cubanas. O comércio bilateral alcançou um recorde de 662 milhões de dólares em 2012.

O investimento brasileiro está em ascensão em Cuba. O gigante da infraestrutura Odebrecht amplia e moderniza o porto de Mariel, 50 km a oeste de Havana, um projeto de cerca de 1 bilhão de dólares, dos quais 600 milhões vêm de um crédito de Brasília.

A frase de sempre: Theodor Adorno

Para um homem que já não possui uma pátria, a escrita converte-se num lugar onde viver

Sanguinetti sobre o Brasil; enfim um outro Brasil...

"O Brasil pretende assumir um papel mais universal, mas fracassa no Mercosul, fracassa na Unasul e, não obstante sua relevância, não tem uma liderança de fato. Seus ciúmes do México tem apequenado o País. Digo tudo isso com pesar, porque a região necessita de um Brasil vigoroso e compreensivo. (...)
Paraguaios e uruguaios, somos "brasileirólogos" ontológicos, ou seja, o Brasil é parte da nossa razão de ser. Um Brasil grande e respeitoso, um Brasil a la Barão de Rio Branco é importante para todos nós. Infelizmente, hoje o País não vem agindo assim e nossos governos teriam de encontrar uni modo de superar esta situação. O Brasil é fundamental, mas arrastado pela retórica venezuelana e isolado do México, não age à altura do seu peso específico e da qualidade dos seus governantes. Tomara que possamos fazer com que ele entenda isso, para toda a região se inserir num mundo globalizado."

Julio Maria Sanguinetti, ex-presidente (duas vezes) do Uruguai
05/08/2013

A frase da semana: Albert Hirschman sobre governos e gangsters

Comparando, com um interlocutor americano,  no outono de 1940, o submundo de Marselha, onde ele tentava escapar dos nazistas que tinham derrotado a França pouco antes, com os gangsters de Chicago, o jovem Albert O. Hirschman, alias Albert Hermant na ocasião, estendeu a comparação à sua Alemanha natal, inteiramente dominada, então, pelos gangsters nazistas:

"Na Alemanha, os gangsters e o governo são uma coisa só!"

(In Germany, the gangsters and the government are the same people.)

Soa familiar, pois não?

[ from: Jeremy Adelman, Worldly Philosopher: The Odissey of Albert O. Hirschman. Princeton University Press, 2013, p. 178 ]

Brasil: capital Caracas - Julio Maria Sanguinetti

"Brasil está subordinado à Venezuela"
Entrevista: Julio Maria Sanguinetti, ex-presidente do Uruguai
Senador que governou o Uruguai duas vezes critica o Brasil, a quem acusa de ter ciúme do México e não ser um líder de fato
ABC Color, Assunción, 5/08/2013

O ex-presidente uruguaio e senador Julio Maria Sanguinetti (1985-1990 e 1995-2000), entrevistado pelo jornal paraguaio ABC Color, afirmou na quinta-feira que o Paraguai deve retornar ao Mercosul, mas antes disso o órgão deve voltar às suas origens como rampa de lançamento para o mundo e não um "espartilho que nos amarra".
O político uruguaio criticou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Sobre a líder brasileira, disse que o governo dela está "subordinado aos ímpetos da Venezuela". Os principais trechos da entrevista:
* Dentro de alguns dias deve assumir o novo governo eleito do Paraguai. Qual a sua avaliação do processo político paraguaio?
O Paraguai está no bom caminho. A crise envolvendo o presidente Fernando Lugo foi administrada dentro das normas constitucionais e esse foi um sintoma de amadurecimento político. Infelizmente isso não foi compreendido dentro do Mercosul, que agiu à margem do direito, como afirmou o próprio presidente José Mujica. Ele reconheceu expressamente isso ao afirmar que, em Mendoza, "o político superou amplamente o jurídico".
Agora há um retorno do Partido Colorado, que obteve um triunfo cabal. O mais importante é o presidente (Horacio) Cartes consolidar uma maioria e, desta maneira, preservar uma estabilidade que permitirá ao Paraguai dar um salto qualitativo. Há uma expectativa positiva na região e mais além. Virão investimentos e com eles a modernização do país e mais trabalho. O essencial é que a política não prejudique a economia.
* Por que o senhor acha que surgiu um Hugo Chávez na Venezuela o bolivarianismo se propagou para alguns países da região?
Nossa região viveu a partir de 2003 uma fase de bonança única, com preços internacionais que do ponto de vista fiscal enriqueceram os Estados. Os períodos de prosperidades às vezes têm esse filho espúrio, o populismo, que nasce com essa bonança. Ele se alimenta da nostalgia dos tempos em que todos desfrutavam. Assim nasceu o peronismo e assim nascerão todos os populismos.
* O senhor vê algo positivo no Socialismo do Século 21?
Não é uma doutrina. Apenas um discurso autoritário de um antiamericanismo anacrônico que divide as sociedades, as inflama e abre caminho para o autoritarismo.
* Quais são os aspectos mais negativos?
A restrição da liberdade de imprensa e a violação do princípio da separação dos poderes. Essas são as bases da democracia que os populismos atacam em primeiro lugar.
* O senhor acha que o processo bolivariano está consolidado e vai perdurar sem Hugo Chávez?
A última eleição na Venezuela mostrou uma oposição vigorosa apoiando Henrique Capriles, Hoje nada se assemelha aos tempos de Chávez, e assim como Chávez não foi Lula nem Dilma, Nicolás Maduro tampouco é Chávez. O desastre econômico da Venezuela, por outro lado, também abrirá muitos olhos.
* Qual deveria ser a atitude de Horacio Cartes diante da violação do direito e o menosprezo pela dignidade paraguaia por parte de seus parceiros do Mercosul em Mendoza?
O presidente Cartes tem agido, até hoje, com dignidade. Não foi ao Brasil, mesmo com seu desejo de encontrar-se com o papa Francisco. Anunciou que não terá nenhuma atuação no Mercosul sob a presidência da Venezuela, o que é mais lógico. Se foi arrogante e ilícito suspender o Paraguai, não é menos (arrogante) ratificar a presidência da Venezuela, justamente com um presidente que, como ministro do Exterior, esteve no Paraguai incentivando um golpe militar. O que ocorreria se esse mesmo comportamento fosse adotado por um secretário de Estado americano ou, ainda, um ministro do Exterior argentino? Confio e desejo que o Paraguai volte a ser um parceiro ativo no Mercosul, para defender um pacto que não continue traindo os valores estabeleci; dos quando da sua fundação.
* O senhor acredita que a crise do Mercosul é temporária? O Mercosul poderia desaparecer?
O Mercosul sobrevive, como sobrevivem todas as instituições internacionais que, depois de criadas, criam mecanismos para se sustentar. Mas hoje o Mercosul já não é o que construímos. Não existe uma liberdade comercial efetiva, não há uma coordenação macroeconômica, nem as sentenças emitidas pelo Judiciário são aceitas. Sua crise é muito profunda, mas a ideia continua válida. É incrível que estejamos marginalizando o Paraguai e aceitando o Suriname e a Guiana como parceiros. O mesmo ocorre com a Unasul, que abriga países alheios à nossa cultura e, por outro lado, deixa de fora o México, uma potência que se compara ao Brasil.
* Um país como o Paraguai podaria avançar à margem do Mercosul?
Pessoalmente acho que o Paraguai, dentro das simples normas comerciais da Organização Mundial do Comércio (OMC), poderia continuar crescendo como ocorre hoje, e até buscar melhores horizontes para se expandir. Acho que o Uruguai está nesta mesma situação. Mas na minha opinião tem sentido continuar no Mercosul se conseguirmos condições de flexibilidade para manter acordos comerciais fora dele, como fez o Uruguai com o México, por exemplo. Essa seria uma orientação política fundamental. O Mercosul deve ser uma rampa de lançamento para o mundo e não um espartilho que nos amarra.
* Se o senhor fosse presidente do Uruguai, o que faria em favor do Paraguai neste momento e nestas circunstâncias?
Não me coloco nessa posição, mas digo que os outros três países do Mercosul, incluindo o nosso, demonstram amplamente solidariedade com o Paraguai no seu processo de democratização, desde que iniciado pelo general Andrés Rodriguez, em cuja palavra acreditamos na época, felizmente, o que abriu um caminho valioso. Deveríamos hoje retomar essa; orientação e respeitar o Paraguai. Não é possível que o Brasil acabe sempre subordinado aos ímpetos da Venezuela. Infelizmente é o que ocorre.
* O que o Uruguai fez bem na última década que seria recomendável ao Paraguai?
O Uruguai retrocedeu na educação, segurança pública e na integração social. Mas conservou a mesma linha econômica, respeitando a economia de mercado e os equilíbrios ma! croeconômicos. Meu país e mesmo alguns setores da esquerda aprenderam essa lição: não há preço para a estabilidade política e a continuidade econômica, que dão segurança ao investidor, estrangeiro ou nacional. E uma economia forte é o único caminho para lutar seriamente contra a pobreza, a partir de uma educação popular que consiga inserir a nova geração no mundo global da sociedade do conhecimento, para o qual a maioria hoje não está preparada.
* O senhor não acha que há uma competição entre Estados Unidos e o Brasil pela liderança na América Latina e o Caribe?
Hoje, de maneira nenhuma. Os Estados Unidos não estão numa disputa dessa natureza. O Brasil pretende assumir um papel mais universal, mas fracassa no Mercosul, fracassa na Unasul e, não obstante sua relevância, não tem uma liderança de fato. Seus ciúmes do México tem apequenado o País. Digo tudo isso com pesar, porque a região necessita de um Brasil vigoroso e compreensivo.
* Socialismo do século 21, o Mercosul, Aliança do Pacífico, Brasil, Argentina, México, Estados Unidos, Europa, China, qual a sua visão geopolítica da região e do mundo nos próximos anos?
Hoje estamos fora do jogo. Os países do Pacífico avançam entre si e avançam para a Ásia. Os Estados Unidos estão em recuperação e continuam a potência de sempre, já não dominante, mas participando na frente asiática e aproximando-se também de uma Europa em crise, que, mesmo debilitada, continua economicamente um bloco maior. Permanecendo na periferia não vamos nos fortalecer. Estamos aqui, fechados, olhando como os grandes blocos se associam e nós, mergulhados em batalhas de pequenas aldeias. O Mercosul está em crise e isso, é admitido até pelos líderes do governo uruguaio atual.
* O senhor parece muito critico do Brasil. Por quê?
Paraguaios e uruguaios, somos "brasileirólogos" ontológicos, ou seja, o Brasil é parte da nossa razão de ser. Um Brasil grande e respeitoso, um Brasil a la Barão de Rio Branco é importante para todos nós. Infelizmente, hoje o País não vem agindo assim e nossos governos teriam de encontrar uni modo de superar esta situação. O Brasil é fundamental, mas arrastado pela retórica venezuelana e isolado do México, não age à altura do seu peso específico e da qualidade dos seus governantes. Tomara que possamos fazer com que ele entenda isso, para toda a região se inserir num mundo globalizado. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Brasileiros no mundo: resta saber em qual ! - Rui Martins

Golpe do Itamaraty nos emigrantes

Direto da Redação, 6/8/2013 18:21
Falta criatividade ? Os Conselhos de Cidadania de emigrantes, agora ressuscitados, foram criados no governo FHC.
Falta criatividade ? Os Conselhos de Cidadania de emigrantes, agora ressuscitados, foram criados no governo FHC.
Prometo que não vou continuar batendo na mesma tecla, pois pelo jeito nada vai mudar. Ou a presidenta Dilma não quer ouvir ou os reclamos dos emigrantes não chegam a transpor as paredes de sua torre de marfim.
Porém, antes de aceitar a evidência dos limites da democracia e do meu fracasso em sensibilizar alguém do governo, gostaria de propor uma rápida questão sobre o significado dos emigrantes.
Vejamos – existem milhares e mesmo milhões de brasileiros dispersos pelo mundo. A maioria nos EUA, seguindo-se o Paraguai, os países europeus e o Japão.
Esse pessoal, geralmente com a mania de vestir camisetas verde-amarelas, faz parte da população brasileira ou já foram excluídos e conservam o passaporte como um simples documento de viagem ?
Se já não fazem parte da população brasileira, entendo terem sido entregues aos consulados e seus diplomatas, para poderem renovar o passaporte, registrarem o casamento, os filhos, se divorciarem e enviarem atestados de óbitos ou participarem da partilha de heranças deixadas pela família no Brasil.
Entendo haver um Conselho de Cidadania para esses emigrantes com meia-nacionalidade irem discutir com os diplomatas locais a festa do 7 de setembro (neste ano, a festa será no 9 de setembro por ter caído num sábado, dia de descanso sagrado nos consulados), a cor disto, a data daquilo, mas nunca o total da subvenção distribuída pelo Consulado a esta ou aquela iniciativa proposta por uma associação filantrópica, religiosa ou de comunicação.
Existe uma prestação de contas mensal ou anual dos Consulados, transparente, publicada no Portal de cada região? Para se saber quanto se gastou nisto ou naquilo, se houve concorrência pública, ou essas informações são enviadas apenas para o Itamaraty ?
O chamado Conselho de Cidadãos tem acesso a essas informações ? Pode influir na escolha do pianista ou violonista convidado para uma soirée musical e saber qual foi o caché pago ? Pode saber qual o orçamento previsto para as atividades locais do Consulado especificando as verbas de representação deste ou daquele membro do pessoal ?
Se pode, está na hora de se tornar tudo isso público, se não for em editais publicados na mídia emigrante pelo menos no Portal local e no Quadro de Avisos afixado na sala de espera para os emigrantes.
Se isso não é da competência ou da alçada do Conselho de Cidadãos, seria bom se perguntar qual a utilidade de um conselho de limitadas opções e alternativas, incapaz de tomar decisões, tal como o conselho maior, o CRBE, entidade sem verba para funcionar, sem autonomia e totalmente sujeita ao bem querer do Itamaraty. Um Conselho de Representantes que representa, não se sabe bem quem, pois seus membros foram eleitos com menos de 0,02% da população emigrante.
Qual a finalidade desse Conselho ? Depois da ineficácia do CRBE nos últimos dois anos, justamente por falta de verba e por não poder tomar decisões, a conclusão não pode ser outra – o CRBE tem a finalidade de fazer parte do mundo do faz de conta, porque com ou sem CRBE, nada muda, o Itamaraty aplica a política por ele julgada necessária aos emigrantes.
Cabe ao Itamaraty cuidar do Portal Consular, inscrever ou não as informações de associações emigrantes existentes pelo mundo, nenhuma delas tem a senha para inserir a menor notícia ou informação. O mesmo se aplicando aos portais consulares locais. Ou seja, os membros dos Conselhos de Cidadania participam de uma ópera-bufa, cuja música e cujo libreto são compostos, segundo a criatividade dos diplomatas locais.
Mas voltemos à pergunta inicial – os emigrantes fazem parte da população brasileira ? Se fazem, porque não são considerados como cidadãos emancipados com direito a decidirem eles próprios e a terem representantes parlamentares, como os menores Estados brasileiros ?
Por que o Brasil não segue o exemplo de outros países, experientes em questão de emigração, que reconhecem seus emigrantes como parte integrante da população e lhes dão possibilidades de decisão e de representação no Parlamento ?
É uma lástima, e pior ainda perceber o contentamento de tantos membros de Conselhos de Cidadania por poderem tomar café com os diplomatas e não serem mais tratados como desconhecidos nos guichês dos Consulados. Esaú se vendeu também por um prato de lentilhas.
(Publicado originalmente no site Direto da Redação)
Rui Martins, jornalista, escritor, correspondente em Genebra.

Matematica elementar: a Republica da meia entrada

Vejamos:


O Estatuto da Juventude foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira, com dois vetos ao texto. Foi mantida a meia-entrada para estudantes e jovens de baixa renda até o total de 40% dos ingressos disponíveis para o evento.

Se é até 40% dos ingressos disponíveis, é possível que os 40% representem bem mais das vendas efetivas, se todas as cadeiras pagas não forem preenchidas.
Isso é que se chama bondade com o bolso alheio...
Paulo Roberto de Almeida

Bandidos de todos partidos, uni-vos... na cadeia ! (Qual lugar seria melhor?)

Augusto Nunes, 06/08/2013

Trecho de um post aqui publicado em outubro de 2011:
Os companheiros desmoralizados pelo mensalão e os quadrilheiros da base alugada fazem o possível para entregar à oposição, já desfraldada, a bandeira do combate à ladroagem. Os tucanos fazem questão de devolvê-la, arriada, para não tropeçar em bandidos domésticos. Durante a campanha presidencial de 2010, por exemplo, Dilma Rousseff ofereceu a José Serra a bandeja com a cabeça da melhor amiga Erenice Guerra. O candidato tucano rejeitou-a para livrar-se de perguntas sobre um certo Paulo Preto.
De novo para não topar com esqueletos de estimação, agora é Geraldo Alckmin quem se recusa a abrir os armários da Assembleia Legislativa. É um deslize moral e um equívoco político: a devassa acabará escancarando as bandalheiras que assombram a 1ª Secretaria da Assembleia. Historicamente explorado pelo PT, esse porão está hoje sob a guarda de Rui Falcão, presidente nacional do partido.
Nenhuma sigla conseguiu enxergar as dimensões da indignação do Brasil decente com a corrupção institucionalizada e impune. É natural que sejam todos tratados como gente que não merece confiança. Se a oposição oficial não acordar a tempo, repousará para sempre na mesma cova rasa escavada para acolher os protetores de ladrões federais.
Em abril de 2012, também neste espaço, outro post reiterou a advertência:
Um abismo separa a oposição oficial da oposição real, formada por brasileiros que respeitam a lei, os valores morais e as normas éticas, não cedem à tentação de justificar o injustificável, não fazem concessões ao farisaísmo, à hipocrisia e à pouca vergonha, não aceitam a tese de que, em política, só é feio perder a eleição. O eleitorado  honesto está farto de votar por exclusão e escolher o mal menor. O país que presta teima em ver as coisas como as coisas são. E não tem bandidos de estimação.
Até que o Brasil descobrisse que o templo das vestais camuflava um bordel, o PT fez de conta que era o único partido que, nas palavras de José Dirceu, “não róba nem dêxa robá”. Desmascarada a fraude, a sigla que institucionalizou a corrupção impune e organizou a maior roubalheira federal de todos os tempos não perdeu uma única chance de engrossar a falácia segundo a qual todas se igualam na ladroagem.É o que tem feito desde que pousaram no noticiário jornalístico denúncias envolvendo o metrô de São Paulo. Enquanto recitam que a condenação dos quadrilheiros pelo STF resultou de um “julgamento político”, os companheiros berram que a gatunagem alheia é muito maior. Haja cinismo.
É evidente que as histórias sobre o cartel de que fez parte a Siemens têm as impressões digitais do Planalto. É óbvio que informações em poder dos integrantes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) vazam de torneiras controladas por Gilberto Carvalho. E até os bebês de colo e os índios das tribos isoladas sabem que o barulho foi programado para abafar o ruidoso começo do último capítulo do julgamento do mensalão.
Feitas as ressalvas, está claro que há um escândalo a investigar, suspeitos a identificar e culpados a punir. Já se comprovou que, durante alguns anos, grandes empresas se acumpliciaram para tungar muitos milhões de reais dos pagadores de impostos. São esses, não os milicianos que patrulham a internet insones com a iminente prisão dos mensaleiros, que merecem o completo esclarecimento do caso.
O PSDB tem mais uma oportunidade ─ talvez a derradeira ─ de provar que é diferente do PT. Ao longo do mês, os devotos de Lula estarão tentando livrar da cadeia os delinquentes amigos e acusando qualquer um que se mova fora das fronteiras da sigla. O país que pensa entende que o Código Penal vale para todos. Ficha de filiação partidária não é prova de culpa nem atestado de inocência.

A revolta da rua deixou claro que milhões de brasileiros exigem o fim da corrupção impune. Se a oposição oficial ignorar a mensagem transmitida aos gritos, multidões de manifestantes deduzirão que nenhum partido respeita normas éticas e nenhum político merece confiança. Ou o PSDB joga ao mar a carga malcheirosa ou é enlaçado pelo PT no abraço de afogado. Não existe uma terceira opção.
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REYNALDO ROCHA
Blog de Augusto Nunes, 06/08/2013

“O homem infeliz procura consolo mesclando e misturando as suas penas com as penas de outro.” (Milan Kundera).
Chega a ser surreal a incontida alegria de petralhas, milicianos e militontos com o caso da Siemens envolvendo o governo de São Paulo, objeto de reportagem da Folha de S. Paulo.
Lembra-me o pedófilo que, levado à delegacia por estuprar uma criança de 5 anos, lá descobre outro que estuprou uma de 10. Extasiado, grita: “Somos iguais! Não estou só!”

Não vou analisar os fatos da Siemens, que me parecem dignos de credibilidade, mas a euforia incontida dos ladrões de outra gangue.
Eles, os militontos petralhas, não mostraram a mesma satisfação com a CONDENAÇÂO ─ e não investigação inicial ─ que colocou na cadeia José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha et caterva. Não ficaram tão contentes com as provas irrefutáveis contra Lula sobre o uso de NOSSO dinheiro para bancar a amante Rosemary Noronha! Nem se espantaram quando a OI Telecomunicações pagou R$ 5 milhões ao Lulinha para tornar-se sócia minoritária de uma empresa sem clientes, inovação, produto ou passado.
Não vi enxurradas de posts no Facebook e outras redes quando se descobriu que Antonio Palocci era proprietário do apartamento de R$ 6 milhões onde morava e de outro, calculado em R% 11 milhões. que nem estava à venda ou alugado. Fechado, servia de “reserva técnica”, com uma taxa de condomínio mensal de R$ 4,8 mil.
Fernando Pimentel ganhou R$ 2 milhões para dar consultoria a uma fábrica de tubaína no interior de Pernambuco que foi à falência sem que o conselheiro desse as caras por lá.
São apenas alguns dos incontáveis exemplos.
Estamos em algum campeonato nacional de ladroagem?
Não tenho bandido de estimação. Não obedeço à ordem unida de nenhuma quadrilha. Se morasse num morro deste país abandonado, não protegeria marginais, como acontece tristemente em nossas favelas. Não cultuo marginais. E não preciso de mais ninguém que queira entender isto comigo! Sinto que somos muitos.
A histeria incontrolável dos seguidores de bandido é tão cega que não conseguem, mesmo tateando, entender que o recado é: ¨”VIU? Não são só os nossos que são ladrões! Os SEUS também!”
Erraram, idiotas! Não temos os “nossos”. E vocês demonstram que TAMBÉM não os têm: VOCÊS é que são deles! Assumidamente, declaradamente, sem vergonha e sem medo.
Não sei desenhar! Se algum dos opositores (integrantes dessa oposição quase oficial sem coragem que não diz a que veio) for preso por corrupção, ficarei FELIZ! Tanto como fiquei com a condenação de José  Dirceu e ficarei mais ainda quando cruzar o portão de entrada do presídio.
Lugar de BANDIDO é na cadeia! Simples assim. Se for do PCC, Amigo dos Amigos, Comando Vermelho ou qualquer outra associação, que cumpram PENA na mesma pocilga!
Sei que os adoradores do Escadinha (do Comando Vermelho) vibram quando um outro (como o Beira-Mar do AMA) é preso! Soltam foguetes!
Hoje escuto os rojões da petralhada que perdeu a vergonha, a decência, o rumo e o senso de ridículo! (Não há UMA análise sobre O QUE FOI FEITO! Com repúdio e exigência de punição! Basta imaginar QUEM fez!
O ladrão A será absolvido porque descobriram o ladrão B? Celebrem, lulopetistas adoradores da Era de Mediocridade e incentivadores da apologia da ignorância, da mentira e da desfaçatez.
Mas tentem entender, no meio da bacanal que promovem, que alguém roubou vocês! E a nós! Que tal exigir que sejam punidos?
É absurda a festa pela suposta equalização de bandidos. Que riem juntos do uso que fazem dos OTÁRIOS!
Me incluam fora disto. É só o que eu exijo!
“A desonestidade só se consola com a desonestidade dos outros.” Henri Montherlant 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Brics, brocs, brucs, ops, acabou... - Alfredo Valladao

Antes de se internacionalizar, BRICS devem limpar a própria casa
Alfredo Valladão
Radio França Internacional, 06/08/2013
Ouvirhttp://telechargement.rfi.fr.edgesuite.net/rfi/bresilien/audio/modules/actu/201308/MundoAgora_BRICS_060813.mp3

Os BRICS estão se esfarelando. O grande sucesso econômico dos quatro países – Brasil, Rússia, Índia e China – bateu no teto. Cada uma destas ditas “potências emergentes” tem que cuidar urgentemente da própria casa e esquecer suas ambições de potência. A badalação geral sobre o novo mundo “multipolar” está se transformando em ceticismo. Será que os grandes “emergentes” ainda vão “emergir” um dia?
Quando, dez anos atrás, este astuto acrônimo foi inventado por um economista do Goldman Sachs, a ideia era só criar uma nova classe de investimentos. Naquela época, em plena “globalização feliz”, os investidores estavam procurando ativos que dessem maior rendimento. O conselho era diversificar, comprando 10 a 15% de ações ou bônus desses países-baleia, com territórios imensos, muita população e taxas de crescimento do PIB surpreendentes.
Mas a força do mercado é tanta que os líderes dos BRICS se convenceram de que podiam transformar uma categoria de ativos financeiros em grupo político. Na verdade, essa metamorfose nunca deu muito certo. Ainda por cima quando decidiram agregar a África do Sul na base do “politicamente correto”. O país africano não tinha condições de jogar na mesma categoria dos outros, mas servia de álibi para dizer que era uma associação que representava os “grandes” do Sul.
Só que os BRICS nunca foram além de um seminário anual para puxar conversa entre Estados com interesses extremamente diferentes. Pontualmente, pode haver algum consenso sobre uma questão ou outra. Sobretudo quando se trata de reivindicar mais voz para cada um dos membros nas instituições internacionais onde são tomadas as grandes decisões estratégicas para o futuro do planeta. Pedir para sentar na mesa com as potências de verdade, tudo bem! Mas agenda positiva que é bom, propostas para que o mundo funcione melhor ou de maneira diferente, necas de pitibiriba! Impossível encontrar um consenso.
Apesar desta falta de vontade de aceitar responsabilidades concretas – e obviamente caras – para garantir o bom funcionamento da ordem mundial, os BRICS impunham um certo respeito. A razão era o sucesso econômico dos emergentes. Nenhum deles pode se impor pelo poderio militar. Possuir a bomba atômica não muda nada, porque simplesmente não dá para jogar em ninguém. Nos dias de hoje, a medida da potência militar é a projeção de forças convencionais em teatros de operação longínquos. Nem Brasil, nem Rússia, nem Índia, nem China têm essa capacidade.
O problema agora é que a economia dos cinco está começando frear perigosamente. Cada um começa a ter problemas de “pibinho”. Claro que atuais 7 ou 7,5% da China são um número invejável para o mundo inteiro. Só que não dá para tirar do buraco um país onde ainda existem quase 1 bilhão de miseráveis. Essa queda do crescimento, com surtos de inflação, está ameaçando os equilíbrios políticos internos em todos BRICS. E a solução para resolver esses problemas econômicos cada vez mais graves não é “econômica”. É política.
A China sabe perfeitamente que, para voltar a crescer, ela tem que turbinar o mercado de consumo interno. Acabou o período áureo, quando o resto do mundo estava disposto a comprar toda a tralha fabricada no Império do Meio. Só que não haverá aumento do mercado de consumo doméstico sem liberalização do crédito. Uma solução quase impossível, porque isto acabaria com o Partido Comunista chinês cujo poder é justamente o seu monopólio na distribuição do crédito. A Índia precisa de uma séria desburocratização e abertura do mercado interno. Só que isto significa bater de frente com interesses clientelistas dos governos provincianos. Não vai acontecer tão cedo e o governo central não tem força para isso.
A Rússia não pode mais continuar vivendo só de exportar petróleo, gás e armamentos. Mas abrir o país para os investimentos industriais e de serviços seria aceitar novos e poderosos atores econômicos, estrangeiros e também nacionais. Isso acabaria com o monopólio econômico da nomenclatura russa. Um monopólio baseado nas grandes empresas de gás e de petróleo.
Quanto ao Brasil, todo mundo sabe que o modelo de consumo interno emperrou e que a solução passa por aumentar a competitividade da economia. Só que isso tem que passar por um maior espaço para o setor privado, e grandes investimentos em infraestrutura e simplificação administrativa. Mas isso ameaça diretamente as vantagens da atual elite no poder encastelada na preeminência do poder público e suas verbas bilionárias. Os BRICS estão se desconjuntando, não só por causa da crise mundial, mas sobretudo porque os seus modelos de crescimento bateram na parede dos interesses particulares de suas elites e do clientelismo de Estado.
Alfredo Valladão, de Brasília

Mais maquiagens contabeis? Desta vez no comercio exterior...

 Economistas sugerem manobra para melhorar saldo comercial
Por Angela Bittencourt e Cristiano Romero | De São Paulo
Valor Econômico, 06/08/2013

Criatividade para melhorar as estatísticas do país não é característica exclusiva do governo Dilma Rousseff ou do Tesouro Nacional, pilotado por Arno Augustin. Na sexta-feira, durante encontro com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, economistas de mercado fizeram proposta inusitada: a realização de manobra contábil para mudar o resultado da balança comercial.
Quando era ministro da Fazenda, Pedro Malan dizia que "no Brasil até o passado é incerto". Na reunião de sexta-feira, dois economistas-chefes de bancos sugeriram que o governo transfira, para o resultado da balança comercial de 2012, parte da importação de petróleo e derivados feita pela Petrobras no ano passado e registrada apenas neste ano.
Nos últimos meses de 2012, a estatal importou óleo bruto e derivados no valor de US$ 4,6 bilhões, mas só registrou a compra entre janeiro e março deste ano. Fez isso graças a norma da Receita Federal que permite o registro de importações até 50 dias depois do desembarque do produto. Se o registro tivesse sido feito em dezembro, o saldo comercial de 2012 teria encolhido de US$ 19 bilhões para US$ 14,4 bilhões.
A ideia de transferir importações para a estatística do ano passado tem uma motivação: melhorar o resultado da balança comercial em 2013. No primeiro semestre do ano, o Brasil registrou déficit comercial de US$ 3,1 bilhões. Uma das causas do déficit foi justamente a balança de petróleo e derivados, que acumulou saldo negativo de US$ 8,2 bilhões.
A mudança de registro de importações diminuiria esse déficit para US$ 3,6 bilhões. E produziria um superávit comercial, no primeiro semestre, de US$ 1,5 bilhão. Há mais de uma década o Brasil não registra déficits anuais na balança comercial.
Para o economista-chefe de um grande corretora, presente à reunião com Holland, ao creditar importações de petróleo no ano em que realmente ocorreram, "o governo teria a vantagem de regularizar a série da balança comercial por uma razão estatística e não econômica". Na avaliação do economista-chefe de um dos maiores bancos privados do país, a sugestão teve o objetivo de corrigir uma estatística importante. "Superestimou-se o saldo comercial de 2012 da mesma forma que, agora, está se subestimando o desempenho da balança comercial [de 2013]."
Os economistas alegaram que a prática de transferir registros de exportação e importação de um ano para o outro é comum em outros países. "As importações da Petrobras foram registradas com atraso. Seria adequado, portanto, registrá-las como sendo de 2012", explicou um dos participantes da reunião. "Do ponto de vista técnico, é errado fazer isso? Não. O problema é que o governo já está sem credibilidade", opinou um economista. "É um ajuste que vai sair pela culatra. Não deveria ser feito neste momento", advertiu.
Segundo apurou o Valor, Holland não fez, durante o encontro, comentários sobre a proposta. Além disso, o ajuste das estatísticas não depende da Fazenda e sim do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A princípio, o governo não está pensando em acolher a sugestão.

O Brasil e o perdao de dividas de paises africanos: bilateralismo emultilateralismo

Brasil ajuda cleptocracia africana
Editorial O Globo, 06/08/2013

Ao chegar ao poder em 2003, o lulopetismo teve a sensatez de manter linhas gerais da política econômica da Era FH, pelo menos durante a maior parte do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, em contrapartida, cedeu à sua base ideológica a política externa.
A chamada "diplomacia companheira", inspirada no terceiro-mundismo do pós-guerra, significou - e significa - sério recuo numa política externa que já foi considerada das mais profissionais e coerentes.
Um dos resultados desta mudança foi mostrado nas edições de domingo e ontem do GLOBO: depois de se aproximar de algumas das mais obscuras ditaduras do planeta, o Brasil, no governo Dilma, tem anistiado dívidas de conhecidas cleptocracias africanas. Na prática, cessão de dinheiro do contribuinte brasileiro para o patrimônio de déspotas, donos, no sentido literal da palavra, de países em que o povo sobrevive na miséria enquanto seus ditadores ostentam poder e riqueza em Paris, Mônaco e outras cidades preferidas do "jet-set" internacional.
Congo-Brazzaville, Sudão, Gabão e Guiné Equatorial respondem, somados, pela maior parte de uma dívida de R$ 1,9 bilhão com o Brasil, proveniente da compra de mercadorias e serviços não pagos por uma dúzia de países africanos.Dilma tem conseguido que o Congresso perdoe cerca de 80% deste débito.
Alega-se que isto manterá mercados com portas abertas a exportadores e empreiteiras nacionais. Balela, pois quem aceita um calote receberá vários outros.
Por trás de tudo existe uma geleia geral ideológica curtida nos ares de um pensamento das décadas de 60 e 70 - pulverizado pelo avanço da globalização -, pelo qual o mundo estaria dividido entre os hemisférios Norte (rico) e Sul (pobre). A diplomacia companheira entrou na máquina do tempo e levou o Itamaraty a fazer a opção por liderar o "bloco" dos pobres, contra o "imperialismo" do Norte.
Uma tragédia para os próprios interesses nacionais concretos, muitos deles expressos na projeção comercial do país no mundo. Deriva deste terceiro-mundismo fora de moda que o país, atolado num Mercosul encharcado de ideologia populista, fechado a novos e amplos acordos com grandes mercados, volta depois de muito tempo a acumular déficits na balança comercial e mantém uma participação irrisória, pouco mais de 1%, no total das transações mundiais.
Senadores da oposição e independentes conseguiram adiar a votação do pedido de perdão de dívidas para a Tanzânia, Costa do Marfim e República Democrática do Congo. Agem tardiamente. Deveriam ter demonstrado o mesmo zelo com os cleptocratas da primeira rodada de benemerências a ditadores com dinheiro do Tesouro Nacional.

Ajuda brasileira a ditadores africanos
Ponto Final / Coluna
Gabriel de Sales
Brasil Econômico, 06/08/2013

Pega de surpresa, assim como todos os brasileiros, com a grande adesão aos protestos iniciados em meados de junho, a primeira reação da presidente Dilma Rousseff foi voar até São Paulo para se aconselhar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também surpreendidas, lideranças oposicionistas não se entenderam num primeiro momento e chegaram a emitir opiniões contraditórias, como no caso do senador tucano mineiro Aécio Neves, candidato presidencial em 2014, para quem os protestos eram dirigidos ao governo petista. Foi contestado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que os classificou como um movimento social, acima dos partidos.
Talvez ainda preocupados em afinar o discurso, os oposicionistas não chegaram a usar o encontro da presidente e seu antecessor, revelador, no mínimo, da insegurança da chefe do governo diante da delicadeza do momento. Semanas depois, ao afirmar que “Lula não vai voltar por que nunca saiu”, Dilma voltou a fornecer munição para os adversários, que, dessa vez, não economizaram nas críticas. “Há quem entenda que a comandante do governo é tutelada pelo ex-presidente e atua simplesmente como uma marionete a serviço do tutor”, atacou, pesadamente, o deputado federal Roberto Freire, em artigo publicado neste jornal.
Por isso, não dá para entender como o governo, em queda nas pesquisas de opinião e enfrentando incertezas de todo tipo na economia, deixa suas lideranças parlamentares colocarem em pauta a aprovação do perdão de dívidas da Tanzânia, Costa do Marfim, República Democrática do Congo e Zâmbia que juntamente com os débitos do Gabão, Sudão e República do Congo, cujo perdão já foi aprovado pelos senadores, somam US$ 787 milhões, conforme noticiado neste fim de semana pelo jornal “O Globo”. Mais difícil de aceitar é a justificativa de se tratar de uma anistia para que empresas brasileiras voltem, financiadas pelo BNDES, a fazer negócios com esses governos comandados, em sua maioria, por ditadores.
A oposição sem condições de evitar a aprovação do perdão capitaliza o fato de se tratar de medida que vai beneficiar corruptos, alguns alvo de processos em tribunais internacionais, acusados, inclusive, de genocídio. A repercussão externa da notícia também foi rápida, com grande destaque, por exemplo, no site do diário espanhol El País. “A sociedade brasileira se tornou mais exigente em matéria de corrupção política e não vê com bons olhos que ditadores sejam favorecidos à custa dos contribuintes”, opina e ressalta: “os políticos brasileiros estão sendo especialmente vigiados por uma sociedade que por ter crescido tanto econômica como educacionalmente,parece também mais sensível aos valores éticos”. Não bastassem os corruptos internos, agora o governo brasileiro adiciona os externos à sua extensa lista de problemas.
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Nota nº 8 de esclarecimento, 06/08/2013

Perdão da dívida de países africanos

Com o objetivo de esclarecer erros factuais e omissões presentes em matérias recentes sobre a concessão de perdão da dívida de países africanos, o Governo brasileiro salienta que, ao contrário do extensivamente reportado, o Governo da Guiné Equatorial não tem dívida em atraso com o Brasil, não tendo recebido, portanto, qualquer perdão de dívida do governo brasileiro.

Sobre a política de recuperação de créditos, o que inclui a reestruturação da dívida, esclarece-se que a análise e o acompanhamento de cada caso são realizados pelo Comitê de Avaliação de Créditos no Exterior, no qual têm assento diversos órgãos e Ministérios do Governo Federal. 

As decisões de elevar casos ao Senado Federal são tomadas por esse Comitê com base na Lei 9.665/98 e em parâmetros definidos pela legislação e em negociações bilaterais e em linha com o Clube de Paris, em particular os critérios da iniciativa para beneficiar países pobres e altamente endividados. Trata-se de iniciativa promovida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), implementada por etapas, e destinada a aliviar o peso da dívida de países de baixa renda, da qual participam os grandes credores internacionais. No contexto dessa iniciativa são aprovados planos para assegurar que os recursos liberados sejam aplicados no combate à pobreza. A cláusula de comparabilidade de tratamento obriga o país devedor a não pagar a nenhum credor percentual maior do que acordou com os seus credores internacionais reunidos pelo Clube de Paris, sob pena de ver revertida a redução lá obtida ou demais condicionantes do alívio. Não se trata, assim, de voluntarismo brasileiro, mas de prática concertada internacionalmente, com objetivos claros de permitir que o peso da dívida não se transforme em impedimento do crescimento econômico e da superação da pobreza. 
Ações do d