Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Contra a desonestidade intelectual, simples verdades - a origem do Bolsa Familia
Não existe coisa pela qual eu tenha maior desprezo do que a desonestidade intelectual, apesar de que o uso do adjetivo "intelectual" seja altamente desaconselhado no caso de certas pessoas.
Não tenho opções, nem paixões políticas. Tenho, sim, opiniões e posições políticas, não em torno de pessoas ou partidos, mas em função das melhores políticas públicas a favor do desenvolvimento do Brasil e da prosperidade de seu povo.
Por isso mesmo considero especialmente desonesto (ponto) essa apropriação indébita de políticas passadas como se fossem suas; considero totalmente condenável a mentira a serviço próprio.
Não vou debater com ninguém, vou apenas postar aqui o que deve ser postado:
LEI No 10.836, DE 9 DE JANEIRO DE 2004.
Art. 1º. Fica criado, no âmbito da Presidência da República, o Programa Bolsa Família, destinado às ações de transferência de renda com condicionalidades.
Parágrafo único. O Programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação - Bolsa Escola, instituído pela Lei nº 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA, criado pela Lei n o 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Saúde - Bolsa Alimentação, instituído pela Medida Provisória n o 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal.
Nada é tão desmistificador quanto a verdade...
Paulo Roberto de Almeida
Venezuela: exchange The Guardian vs Venezuela Ambassador to UK
Essa capacidade de ocupar espaços no jornalismo informativo e analítico talvez se deva às boas qualidades das políticas mudancistas do socialismo do século 21, como gostariam de acreditar os chavistas e outros aderentes (inclusive no Brasil) à revolução do coronel de Caracas.
Muitos outros acreditam que é mais em função do desmantelamento das instituições do Estado e da lenta agonia da economia venezuelana.
De fato, olhando-se objetivamente a situação da Venezuela não se pode recusar a evidência prima facie de que a tensão política aumentou enormemente naquele país, com uma linguagem divisionista e vitriólica que não ajuda à paz social.
Por outro lado, olhando-se objetivamente a economia não se pode recusar o fato de que a inflação atingiu níveis inéditos no plano internacional, o diferencial entre câmbio oficial e paralelo se encontra em níveis estratosféricos (mais de três vezes a cotação oficial) e o desabastecimento e a fuga de capitais são evidentes.
Esse é o contexto da resposta a recente editorial do The Guardian -- um jornal normalmente simpático às causas ditas "progressistas" -- e o Embaixador da Venezuela junto ao Reino Unido.
Seguem as duas peças abaixo.
Paulo Roberto de Almeida
Venezuela: the price of victory
Editorial - The Guardian
Tuesday 28 September 2010
Demonising critics as traitors will not turn around an economy which is in deep trouble. Hugo Chávez needs to listen to his critics as well
In the end, Hugo Chávez did not find himself addressing a jubilant crowd from the balcony of the presidential palace, Miraflores, but tweeted his victory instead. It was still a performance that any leader who had been 12 years in power would have been happy to achieve, for his United Socialist party won at least 90 of the national assembly's 165 seats. But his supporters were subdued.
The share-out of seats to the ruling party will doubtless be put down to changes in electoral law earlier this year that favoured sparsely populated rural seats where the opposition are weaker. But this would leave the overall share of vote unaffected. If it turns out that the opposition won, as they claimed 52%, or a majority of the vote, or even if they came close to getting half of the vote, then Chávez's election slogan that the people hold power becomes a harder stretch of the imagination. We the people and we in the party become two different things. For a populist leader to lose a crushing majority is more of a blow than the fact that the opposition have secured one third of the seats (although this allows it to block critical legislation and the appointment of supreme court justices). If the criticism of Chávez is that he has hollowed out the institutions of state by packing them with friends and family, then he will be less in a position to do this now.
Chávez's revolution undoubtedly reflects the will of some of his people. He remains a powerful champion of the poor and the dispossessed, and the idea to import 30,000 Cuban health specialists into the country to bring free healthcare to millions and to train Venezuelan health workers who would replace them was a worthy one. The execution of the plan now in its eighth year has fallen somewhat short of the ideal. Community centres have closed; some of the Cubans have left; not enough Venezuelan health workers have been trained to replace them, and the hospitals are in dire straits. Chávez's reforms are undermined not so much by ideological opponents, although they exist, but by the inefficiency and waste with which they are carried out. Public services have got worse and crime is at an all-time high. An economy buoyed by high oil prices is in its second year of recession and inflation is running around 30%.
Chávez faces a polarised electorate. Even though he has been democratically confirmed time and again, he faces a bigger task as he heads towards a presidential election in 2012. This result shows that a large number of his supporters stayed away. Demonising critics as traitors to the national political movement will not turn around an economy which is in deep trouble. He needs to listen to his critics as well.
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Artículo de embajador venezolano Samuel Moncada dirigido a diario británico The Guardian
Luego de varias solicitudes de derecho a replica, el diario finalmente se negó a publicar articulo del Embajador
Cuando se analiza la democracia venezolana, ¿se deben usar criterios aplicables a países desarrollados? ¿O se debe pensar que es un caso típico de tercermundismo?
Esta pregunta es central para entender su editorial de fecha 28-09-10** sobre las elecciones en Venezuela del pasado domingo 26 de septiembre. En primer lugar, señalemos sus errores factuales: 1) el partido de gobierno no ganó 90 de 165 curules, como usted señala, sino 98 de 165 curules, y 2) la oposición no obtuvo, como usted se hace eco, el 52% del voto popular, sino el 47.4%.
De lo anterior se desprende que la mayoría parlamentaria se corresponde con la mayoría del voto popular, y este hecho no es más que una expresión democrática.
De modo que usted está equivocado cuando dice que “el lema electoral de Chávez de que el pueblo tiene el poder viene a ser un fuerte estiramiento de la imaginación”. Aun más, también se derrumba su afirmación de que la revolución de Chávez refleja la voluntad de “algunos de su pueblo” y no de la mayoría. Todo por creer la propaganda de la oposición política en Venezuela.
Del mismo modo, usted afirma que “el gobierno de Chávez ha vaciado las instituciones del Estado para llenarlas de amigos y familiares”. Si esto es cierto, ¿cómo es posible que una autoridad electoral llena de amigos del presidente, como usted afirma, realizó una elección perfectamente transparente? Todas las críticas contra los resultados electorales anteriores en Venezuela desaparecen cuando se cree que en esta oportunidad la oposición ganó las elecciones.
Usted dice que el gobierno, manejado por los amigos de Chávez, cambió la ley electoral para sobre representar en la Asamblea Nacional al gobierno, lo cual implica algún tipo de trampa tercermundista. En las elecciones del domingo en Venezuela, el gobierno obtuvo el 48,4% del voto popular y obtuvo 59,39% de los curules de la Asamblea Nacional. Sin embargo, en las elecciones parlamentarias del Reino Unido de 1997, el partido que ganó sacó 43% del voto popular y obtuvo 63% de los curules del Parlamento. ¿Hay trampa tercermundista en el Reino Unido?
Usted califica a Chávez de “líder populista” y nunca lo llama democrático, pero ésta es la elección número 15 en los últimos 11 años. ¿Cuándo será democrático en lugar de populista?
Usted dice que para Chávez “es un golpe que la oposición haya asegurado un tercio de los asientos más que haber perdido una mayoría aplastante”. Sin embargo, hasta el año 2005, el Presidente gobernó con una oposición que tenía 80 curules en la Asamblea Nacional. ¿Por qué hoy tiene que ser un “golpe” gobernar con una oposición que tiene apenas 65 curules en la Asamblea Nacional?
Usted afirma que Chávez ha perdido votos porque los trabajadores cubanos de la salud abandonaron sus puestos y los venezolanos no han sido capaces de reemplazarlos. Le informo que no son trabajadores de salud, sino doctores en medicina, con formación universitaria de seis años quienes atienden a los sectores más necesitados de la sociedad. Por esa razón, no se pueden sustituir a 30 mil doctores en un período de seis años, pero también le informo que existe un programa especial de formación médica comunitaria de donde han egresado 468 doctores, actualmente cursan estudios 24.962 ciudadanos y el próximo año se graduarán 8.581. Por tanto, el programa de medicina popular en Venezuela goza de buena salud.
En Venezuela hay problemas, pero los votantes no son masoquistas. Ellos votaron por un gobierno que redujo la pobreza de 49% en 1998 a 24,2% en 2009. Pero sobre todo, tuvieron la oportunidad de decidir en libertad entre el cambio social progresista y el neoliberalismo que quita los beneficios sociales a las mayorías.
Yo creo que los venezolanos eligieron correctamente. ¿Y usted qué criterios usará para juzgarnos?
Samuel Moncada, Embajador de la República Bolivariana de Venezuela ante el Reino Unido de Gran Bretaña e Irlanda del Norte / 11 de octubre de 2010
Contra a desonestidade intelectual, simples verdades - Pedro Malan
Mas existe um outro tipo de mentira que é especialmente viciosa e ultrajante: é aquela mentira deliberada, feita para enganar o eleitorado, distorcer os fatos reais e construir um sistema político baseado na divisão entre "nós" e "eles", entre os pobres e os ricos, entre os negros e os outros, enfim, entre os que se acham os únicos detentores naturais da verdade, da justiça e da igualdade e os demais, que acham que se pode construir um país sem esses maniqueísmos deletérios e esse sectarismo imbecil.
Abaixo um artigo que restabelece a verdade dos fatos.
Só posso dizer que lamento que um artigo desses tenha de ser escrito, pois afinal de contas, em lugar de um debate sobre políticas públicas, estamos tendo simplesmente acusações irresponsáveis e necessidade de respostas retificadoras do outro.
Pena que o ex-ministro Pedro Malan tenha de defender seu capital de realizações contra um celerado da política.
Mas esse é o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida
Diálogo de surdos?
Pedro S. Malan
O Estado de S.Paulo, 10 de outubro de 2010
O presidente Lula, com uma arrogância por vezes excessiva, tentou transformar em plebiscito o primeiro turno desta eleição. Como se o que estivesse em jogo fosse seu próprio terceiro mandato (ainda que por interposta pessoa), um referendo sobre seu nome, uma apoteose que consagraria seu personalismo, seu governo e sua capacidade de transferir votos. Mas cerca de 52% dos eleitores votaram em José Serra e Marina Silva, negando a Lula a tão esperada vitória plebiscitária no domingo passado.
Não é de hoje o desejo presidencial: "Lula quer uma campanha de comparação entre governos, um duelo com o tucano da vez. Se o PSDB quiser o mesmo... ganharão os eleitores e a cultura política do País." Assim escreveu Tereza Cruvinel, sempre muito bem informada sobre assuntos da seara petista, em sua coluna de janeiro de 2006. Não acredito que a "cultura política" do País e seus eleitores tenham muito a ganhar - ao contrário - com essa obsessão por concentrar o debate eleitoral de 2010 numa batalha de marqueteiros e militantes.
Afinal, na vida de qualquer país há processos que se desdobram no tempo, complexas interações de continuidade, mudança e consolidação de avanços alcançados. O Brasil não é exceção a essa regra. Como escreveu Marcos Lisboa, um dos mais brilhantes economistas de sua geração: "Não se deve medir um governo ou uma gestão pelos resultados obtidos durante sua ocorrência e, sim, por seus impactos no longo prazo, pelos resultados que são verificados nos anos que se seguem ao seu término. Instituições importam e os impactos decorrentes da forma como são geridas ou alteradas se manifestam progressivamente..."
Ao que parece, Lula e o núcleo duro à sua volta discordam e estão resolvidos a insistir numa plebiscitária e maniqueísta "comparação com o governo anterior". Feita por vezes, a meu ver, com desfaçatez e hipocrisia. Um discurso primário que, no fundo, procura transmitir uma ideia básica (e equivocada) ao eleitor menos informado: o que de bom está acontecendo no País - e há muita coisa - se deve a Lula e ao seu governo; o que há de mau ou por fazer - e há muita, muita coisa por fazer - representa uma herança do período pré-2003, que ainda não pôde ser resolvida porque, afinal de contas, apenas em oito anos de lulo-petismo não seria mesmo possível consertar todos os erros acumulados por "outros" governantes ao longo do período pré-2003.
Mas talvez seja possível, por meio do debate público informado, ter alguns limites para a desfaçatez e a mentira. Exemplo desta última: a sórdida, leviana e irresponsável acusação de que "o governo anterior" pretendia privatizar a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, entre outros. Algo que nunca, jamais, esteve em séria consideração. Mas a mentira, milhares de vezes repetida, teve efeito eleitoral na disputa pelo segundo turno em 2006 - por falta de resposta política à altura: antes, durante e depois.
Exemplos de desfaçatez: o governo Lula não "recebeu o País com a inflação e o câmbio fugindo do controle", como já li, responsabilizando-se o governo anterior. A inflação estava sob controle desde que o Real foi lançado no governo Itamar Franco, com Fernando Henrique Cardoso na Fazenda, e se aumentou para 12,5% em 2002 foi porque o câmbio disparou, expressando receios quanto ao futuro. Receios não sem fundamento, à luz da herança que o PT havia construído para si próprio, até o começo de sua gradual desconstrução, apenas a partir de meados de 2002. O PT tinha e tem suas heranças.
O governo Lula não teve de resolver problemas graves de liquidez e solvência de parte do setor bancário brasileiro, público e privado. Resolvidos na segunda metade dos anos 90 pelo governo FHC. Ao contrário, o PT opôs-se, e veementemente, ao Proer e ao Proes e perseguiu seus responsáveis por anos no Congresso e na Justiça. Mas o governo Lula herdou um sistema financeiro sólido que não teve problemas na crise recente, como ajudou o País a rapidamente superá-la. Suprema ironia ver, na televisão, Lula oferecer a "nossa tecnologia do Proer" ao companheiro Bush em 2008.
O governo Lula não teve de reestruturar as dívidas de 25 de nossos 27 Estados e de cerca de 180 municípios que estavam, muitos, pré-insolventes, incapazes de arcar com seus compromissos com a União. Todos estão solventes há mais de 13 anos, uma herança que, juntamente com a Lei de Responsabilidade Fiscal, de maio de 2000 - antes, sim, do lulo-petismo, que a ela se opôs -, nada tem de maldita, muito pelo contrário, como sabem as pessoas de boa-fé.
As pessoas que têm memória e honestidade intelectual também sabem que as transferências diretas de renda à população mais pobre não começaram com Lula - que se manifestou contra elas em discurso feito já como presidente em abril de 2003. O governo Lula abandonou sua ideia original de distribuir cupons de alimentação e adotou, consolidou e ampliou - mérito seu - os projetos já existentes. O que Lula reconheceu no parágrafo de abertura (caput) da medida provisória que editou em setembro de 2003, consolidando os programas herdados do governo anterior.
Outros exemplos. Sobre salário mínimo: não é verdade que tenha começado a ter aumento real no governo Lula, como quer a propaganda. Sobre privatização: o discurso ideológico simplesmente ignora os resultados para o conjunto da população - e, indiretamente, para o atual governo.
O monólogo do "nunca antes" não ajuda o diálogo do País consigo mesmo. O ilustre ex-ministro Delfim Netto bem que tentou: "A eleição de 2010 não pode se fazer em torno das pobres alternativas de ou voltar ao passado ou dar continuidade a Lula. A discussão precisa incorporar os horizontes do século 21 e a superação dos problemas que certamente restarão de seu governo."
ECONOMISTA, FOI MINISTRO DA FAZENDA NO GOVERNO FHC
O Brasil e Premio Nobel da Paz 2010: comentarios de jornalistas
Um silêncio covarde
Clóvis Rossi
Folha de S. Paulo, 09/102010
Brasil se cala novamente a respeito da proteção dos direitos humanos, agora no Prêmio Nobel da Paz
QUE ENSURDECEDOR - e triste - silêncio do governo brasileiro em relação à concessão do Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo.
Nem precisava manifestar "grande alegria", tal como o fez, no ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se referir a idêntico prêmio para seu colega Barack Obama.
O Itamaraty alega que chefe de Estado premiado é uma coisa, dissidente é outra. É claro que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, mas parece-me muito mais digno manifestar alegria pela premiação de quem luta pelos direitos humanos do que pela do presidente de um país que estava -e continua- envolvido em duas guerras.
Para tornar ainda mais moral e eticamente inaceitável o silêncio, há o fato de que, na mensagem a Obama, Lula mencionara Martin Luther King e "sua luta pelos direitos civis". Ora, Liu também luta pelos direitos civis. Não merece idêntico respeito?
Convém lembrar também que o governo estaria obrigado até constitucionalmente a manifestar-se, posto que o artigo 4 da Constituição cita a "prevalência dos direitos humanos" entre os princípios a serem utilizados pelo Brasil em suas relações internacionais.
De que tem medo o governo Lula quando se trata de violações aos direitos humanos que envolvem ditaduras?
Os Estados Unidos mantêm com os chineses relações intensas, obtiveram deles até a aprovação das sanções ao Irã, gesto a que o Brasil se recusou.
Ainda assim, na mensagem que emitiu a propósito do Nobel para Liu, Obama ousou pedir ao governo chinês que "solte o sr. Liu o mais depressa possível".
Já o Brasil pediu ao Irã que libertasse a francesa Clotilde Reiss e, mais recentemente, uma americana, até por pedido do Departamento de Estado. Nem por isso, o Irã rompeu relações com o Brasil. Que custo teria já nem digo pedir a libertação de Liu mas, ao menos, soltar uma nota parabenizando-o?
Depois, as autoridades brasileiras resmungam quando o país é criticado por seu silêncio na questão de direitos humanos ou, pior ainda, por dar, mais de uma vez, a impressão de que apoia a repressão aos dissidentes no Irã ou em Cuba.
Crítica, de resto, feita até por acadêmicos que, no conjunto da obra, aplaudem a atuação da diplomacia brasileira.
Direitos humanos, convém repetir até a morte, não é uma questão interna de cada país. É universal.
Como pode um governo que paga indenizações a vítimas de uma ditadura - como, de resto, é justo que o faça- silenciar ante vítimas de outras ditaduras?
Apenas em nome dos negócios com a China? Não é eticamente aceitável, mas, ainda que o fosse, convém anotar cálculos de Kevin P. Gallagher, professor associado de Relações Internacionais da Boston University: para ele, 30% das exportações brasileiras de manufaturados estão sob ameaça direta da produção chinesa, pelo avanço desta nos mercados da América Latina e do Caribe, e mais 54% sob ameaça indireta, que é quando a fatia de mercado da produção latino-americana aumenta a um ritmo inferior ao da China.
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Brasília silencia; Garcia "torcia por Morales"
SIMONE IGLESIAS - DE BRASÍLIA
Folha de S. Paulo, 9/10/2010
O Itamaraty e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva silenciaram ontem sobre a escolha do dissidente chinês Liu Xiaobo para o Prêmio Nobel da Paz.
Até o fechamento desta edição, nenhuma nota ou comunicado oficial haviam sido divulgados pelo Ministério de Relações Exteriores e pelo Planalto; Lula e o chanceler Celso Amorim não fizeram comentários públicos.
Já o assessor especial para Assuntos Internacionais do governo, Marco Aurélio Garcia, disse desconhecer o dissidente chinês e que estava torcendo por outra pessoa.
"Não tenho a menor informação sobre ele. O meu candidato era outro, o presidente [da Bolívia] Evo Morales", disse Garcia.
Morales está sendo criticado na Bolívia por ter sancionado lei que define punições econômicas e até o fechamento de veículos de comunicação que publiquem conteúdo que seja considerado racista pelo governo.
Socialismo Agrario do seculo 21: ultimas noticias do front...
Nenhum outro país neste mundo (sorry detentor do copyright), nunca antes neste século (ops, esta é forçada), nenhum outro Estado minimamente organizado (mas existem muitos desorganizados), nenhuma outra direção política minimamente racional (mas todos tem direito de ser ilógicos em algum momento da vida), enfim, em nenhum outro lugar conhecido no planeta Terra, temos algum líder empenhado em construir o tal de socialismo agrário, que é uma variante, claro, do velho socialismo estatista do século 20, aplicado à produção primária.
Olhando para o que sobrou de socialismo no mundo, temos o seguinte: a ilha-prisão do mar do Caribe está ativamente empenhado em restabelecer as atividades privadas para estimular a produção (acho que vai dar errado no esquema atual, mas a intenção é mesmo a de desmantelar o socialismo agrário, justamente); o imenso gulag norte-coreano, onde o caro lider se empenha em regimes de emagrecimento forçados de sua população há muito tempo. Acho que não sobrou nada de experimentos em matéria de socialismo agrário. Ou quase...
Só poderia ser a terra do inefável coronel de boné e camiseta vermelha...
Um grande professor de economia, como tenho repetido aqui: tudo o que ele recomenda como organização produtiva, distribuição de produtos, repartição de renda, é para ser feito al revés, pois se trata simplesmente do maior professor de economia ao contrário que já conhecemos nos anais da história econômica mundial.
Seguem, pois, duas postagens sobre o tal de socialismo agrário, com um único comentário meu: nem segurança alimentar, nem abastecimento suficiente, nem racionalidade produtiva, nem satisfação dos consumidores, nada disso será assegurado aos venezuelanos como resultado do socialismo agrário sendo aplicado pelo coronel de Caracas.
Não sou de fazer previsões, pois isto é coisa de astrólogos e outros adivinhos. Mas neste caso ouso prever a decadência agrícola, a perda de equipamentos, o desabastecimento alimentar, mais inflação, mais crise, mais tragédias, enfim...
Lineas de Chávez n. 92
(...)
Lo digo en voz alta y clara: nada está por encima de los sagrados intereses de la Patria. Recuerdo aquellas palabras que escribiera Martí en 1873: “La Patria es comunidad de intereses, unidad de tradiciones, unidad de fines, fusión dulcísima y consoladora de amores y esperanzas”. Y nosotros queremos y estamos decididos a hacer vivas esas palabras.
Hago esta reflexión necesaria, a propósito de la decisión que asumimos el domingo pasado de expropiar a la compañía trasnacional Agroisleña, ya que algunos sectores se empeñan en tergiversar la medida con espurias motivaciones políticas.
El pueblo está consciente de los enormes esfuerzos que venimos realizando no sólo para hacer justicia en la tenencia de la tierra, sino también para conquistar nuestra soberanía alimentaria. Por todo ello, teníamos que impedir a toda costa que el oligopolio Agroisleña siguiera extorsionando a nuestros campesinos con sus precios y con el elevado interés de sus créditos, amén de imponernos un paquete agrotóxico y ecocida trasnacional que deteriora nuestros suelos con productos de alta incidencia ambiental. Tenemos, entonces, que esta empresa ejemplificaba todas las perversiones del capitalismo.
En varias ocasiones se les advirtió de la necesidad de acoplarse a los planes implementados por el Gobierno nacional, sin que estos llamados fuesen atendidos. Procedimos a expropiar por razones de interés nacional.
La nacionalización de Agroisleña va a contribuir tanto en el abaratamiento de los alimentos, y con ello a la disminución de la inflación, como a la salvaguarda ecológica de nuestros suelos.
Tengamos presente lo que bien señala el destacado agroecólogo venezolano Miguel Ángel Núñez: Agroisleña tiene numerosos pasivos sociales, labores y ambientales. En realidad y en verdad al nacionalizarla estamos comenzando a saldar una deuda histórica con el campo venezolano.
Quiero desde aquí expresarles a todas y todos los trabajadores de Agroisleña, que este Gobierno se hace responsable, como se ha responsabilizado siempre, de su estabilidad laboral y de la garantía de todos sus beneficios contemplados en nuestras leyes: contamos con ustedes para que la empresa crezca y rinda sus mejores dividendos al servicio del pueblo trabajador.
Agroisleña es ahora propiedad popular, propiedad patria. Y ese es precisamente el nuevo nombre que le damos desde ahora: Agropatria.
Sepan los latifundistas que se acabó este oligopolio del que tanto se beneficiaron: ahora es cuando la Revolución agraria va a acelerarse.
Digámoslo con el General Zamora:
“Tierras y Hombres Libres”
“Venceremos”
Hugo Chávez Frías / (Domingo 10/10/2010)
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Presidente Chávez destaca que recuperación de tierras consolidará socialismo agrario
La recuperación de tierras consolidará el socialismo agrario en el país y permitirá convertir a Venezuela en una potencia agrícola, destacó este domingo el presidente de la República, Hugo Chávez Frías.
“Estamos golpeando la dictadura de los latifundistas. No debe quedar ni un hueso sano del viejo latifundio, hay que consolidar el socialismo y la democracia agraria”, sostuvo el jefe de Estado, durante la transmisión del Aló, Presidente número 364, realizado en el Proyecto Agrario Socialista Río Tiznados, estado Guárico.
El Presidente insistió en la necesidad de continuar rescatando tierras en todo el país para consolidar el socialismo económico y producir los alimentos que requiere el pueblo venezolano.
Chávez solicitó a los gobernadores de cada entidad, sobre todo la llanera, y también a la Fuerza Armada Nacional Bolivariana (FANB), unirse a esta tarea, hacer recorridos y donde se encuentre un latifundio reportarlo.
“Una de las tareas de las Fuerzas Armadas en Los Llanos es hacer reconocimiento terrestre aéreo, donde vean un latifundio, repórtenlo, y si ven que pasa mucho tiempo y no hay acciones me llaman directo a mi. Latifundio que haya, latifundio que vamos a tomar, para entregarlo liberado al pueblo”, enfatizó el mandatario.
Refirió que el latifundio es el gran culpable de la pobreza de los campos y que para revertir esta situación es necesario seguir rescatando tierras.
Chávez realizó un recorrido por el Complejo Agroindustrial Manuel Ibarra en la sabana de Guárico, que cuenta con 9 silos para almacenar el maíz que allí se produzca, y una capacidad cada uno de 3.800 toneladas, para un total de 34 mil 200 toneladas.
Dicho complejo está operando desde la semana pasada y ha recibido, hasta ahora, 400 toneladas de las unidades de producción social de la zona.
Asimismo, cuenta con una planta propia para la generación de energía, que suministra aproximadamente unos 2000 mil amperios. De este total se consume apenas la mitad (1000 amperios).
La estructura del complejo es de procedencia y tecnología italiana, en tanto que la maquinaria fue adquirida a través de un convenio con la República Popular de China, informó el ministro del Poder Popular para la Agricultura y Tierras, Juan Carlos Loyo.
AVN / 03 de octubre de 2010
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Addendum (pequenas notícias sobre a atualidade venezuelana, apenas chamadas):
Venezuela: Chávez anuncia una ley orgánica para ocupar tierras urbanizables
El presidente venezolano, Hugo Chávez, anunció que presentará ante la Asamblea Nacional una ley orgánica que le permitirá al Gobierno “regularizar tierras urbanas” destinadas a la construcción de viviendas.
El Análisis de Infolatam, por Leonardo Vera
Salarios, consumo y votos: ¿Por qué Chávez está perdiendo el respaldo electoral?
(Especial para Infolatam).- “… la economía venezolana no genera ya incrementos de ingresos suficientes para compensar tasas de inflación de 30% anual. En este ambiente, el consumo privado en términos reales se ha desplomado y en los últimos ocho trimestres ha crecido a una tasa promedio interanual de -1,2%. Una decisiva restricción en los ingresos ha conducido a este dramático ajuste. Esta es la pérdida de bienestar que para bien o para mal los venezolanos hipervaloran hoy día. El chavismo no ha permanecido inerte frente a esta realidad. Su desarrollada intuición para conocer el mercado político local le ha advertido la importancia que tiene mitigar los efectos de esta caída en el ingreso real de su clientela”.
Venezuela: Chávez anuncia que la expropiada Agroisleña se llamará Agropatria
El análisis, por Marta Colomina (El Universal)
La hiel de la “victoria”
“…Como no pudo convencer a nadie de su inexistente “victoria” el 26S, Chávez acelera su venganza contra todos los venezolanos, sean burgueses, proletarios o pobres de solemnidad…Chávez “radicaliza su socialismo”, es decir, el comunismo, como dijera Fidel a calzón quitao, y estatiza febrilmente las empresas y fincas agrícolas que aún quedan en pie…El último golpe constitucional que nos conduce al desabastecimiento y hambre colectivos, es la toma salvaje de la empresa Agroisleña”. (El Universal. Venezuela)
domingo, 10 de outubro de 2010
Ultimas noticias do Big Brother: para quando uma nota?
Mas, vamos à matéria.
Paulo Roberto de Almeida
Las autoridades chinas no permiten a la esposa del flamante Nobel de la Paz abandonar su apartamento en Pekín
AGENCIAS - Pekín - 10/10/2010
Retenida la esposa del Nobel Liu Xiaobo tras verle en prisión
España se suma a última hora a la demanda de excarcelación del disidente Liu
Las autoridades chinas retienen a Liu Xia, la esposa del flamente Nobel de la Paz chino Liu Xiaobo, en el interior de su apartamento en Pekín, según han informado las organizaciones Freedom Now y Human Rights in China. Liu Xia, que ha acudido hoy a la cárcel donse permanece reo su esposo desde 11 años por pedir al régimen democracia, no puede recibir la visita ni de sus familiares y amigos ni de los medios de comunicación. Liu Xia viajó custodiada hasta el penal de la provincia de Liaoning para comunicar al líder disidente chino la concesión del premio, según informaron los familiares.
La ONG Freedom Now ha denunciado en una nota que Liu Xia no puede tampoco usar su teléfono móvil. Esta organización ha detallado además que el premiado ha recibido la noticia de su galardón entre lágrimas y se lo ha dedicado a "los mártires de Tiananmen". Human Rights in China, ONG que habla de "arresto domiciliario", ha detallado que tras abandonar la prisión, Liu Xia fue seguida hasta su domicilio por agentes de seguridad. Según la información que la propia Lui Xia ha hecho llegar a la organización, tanto su móvil como el de su hermano han sido interferidos. Liu Xia ha pedido a los medios de comunicación que den noticia sobre su arresto domiciliario.
El hermano pequeño del galardonado, Liu Xiaoxuan, ha confirmado a sus allegados que el matrimonio se reunió esta mañana, según el diario taiwanés Ziyou Shibao (The Liberty Times). La ONG Centro de Información de Derechos Humanos y Democracia de China, con sede en Hong Kong, ha dicho también citando a familiares de los Liu que éstos se han reunido en la mañana de hoy "en un lugar secreto", lo que confirma informaciones previas.
Cita "en un lugar secreto"
Según esta fuente, Liu Xia y su hermano acordaron con las autoridades un encuentro en la prisión de Jinzhou con el disidente en la tarde del viernes, cuando se supo que Liu Xiaobo era el nuevo receptor del premio Nobel de la Paz y la esposa abandonó Pekín custodiada por la policía china. Los familiares han informado de que, según el acuerdo, Liu Xiaobo fue escoltado fuera de la prisión ayer, sábado, por la noche, y el matrimonio se pudo reunir esta mañana "en un lugar secreto".
El acceso a la prisión de Jinzhou está cortado desde ayer por la mañana, y algunos de los periodistas que han intentado acercarse fueron detenidos y obligados a abandonar la localidad. El régimen chino recibió con un rechazo frontal la concesión del Nobel de la Paz a Liu Xiaobo, al que considera un "delincuente" por reunir hace dos años 300 firmas para pedir la aplicación de los derechos fundamentales recogidos en la Constitución china.
Pekín ha censurado casi toda la información concerniente al Nobel en la prensa china, ha detenido a decenas de disidentes y amigos del matrimonio, y llamado a consultas al embajador noruego en la capital para expresar su enfado por el premio.
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Agora um comentário: eu conheço um governo, desses bastante ativos, que, ao menor sinal de convulsão em qualquer canto do planeta, sempre emite uma daquelas notas vasadas na mais pura linguagem diplomática, nas quais pede, com toda seriedade requerida pelos dramáticos acontecimentos em curso, comedimento das partes, respeito aos direitos humanos, sentido de justiça, preocupação com a violação de direitos fundamentais, enfim, o bullshit habitual, em diplomatês costumeiro. Estamos aguardando essa nota...
PRA
Brasil faz chantagem internacional com o Vaticano?
Paulo Roberto de Almeida
Lula amenaza revisar acuerdo con el Vaticano por caso Rousseff
BRASILIA, 07 Oct. 10 / 05:42 pm (ACI)
La agencia italiana ANSA informó que el secretario personal del Presidente Luiz Lula da Silva, Gilberto Carvalho, dijo a la cúpula de la Iglesia que si continúan los cuestionamientos contra la candidata Dilma Rousseff – debido a su postura favorable al aborto – puede ser revisado el acuerdo firmado con el Vaticano.
ANSA, que recoge una noticia de Valor Económico, señaló que Carvalho se reunió con miembros de la Conferencia Nacional de Obispos de Brasil y les comunicó que el gobierno puede volver a discutir el acuerdo que contempla el apoyo a escuelas católicas y otros beneficios.
Lula revisaría el acuerdo firmado por él mismo y el Papa Benedicto XVI en 2007 en Brasil, y ratificado en 2009 en el Vaticano, tras lo cual fue aprobado por el Congreso, donde fue cuestionado por congresistas evangélicos.
Copyright © ACI Prensa
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A retificação, ou desmentido, acabou chegando:
Brasil desmente ameaça de rever acordo do Vaticano
Luiza Damé e Gerson Camarotti
O Globo, 09/10/10
Notícia mencionava encontro de Gilberto Carvalho com bispos
O chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, negou ontem que tenha se reunido com integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ameaçado revisar o acordo entre o Brasil e o Vaticano, caso não cessassem os ataques à presidenciável petista, Dilma Rousseff.
Ele afirmou que essa “é mais uma acusação mentirosa devido ao processo eleitoral”.
O secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar do Rio de Janeiro, dom Dimas Lara Barbosa, também negou o encontro e a suposta ameaça.
Por meio da assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, Gilberto Carvalho repudiou a notícia — publicada por agências internacionais — e qualquer tentativa de criar uma situação de atrito entre o governo e a Igreja Católica. Ele disse ainda que o acordo foi aprovado pelo Congresso e não tem relação com a campanha eleitoral.
Para Marco Aurélio Garcia, estão fazendo terrorismo O acordo foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Papa Bento XVI, em 2008, e regulamenta aspectos jurídicos da Igreja Católica no país, incluindo isenções fiscais, liberdade de credos e ensino religioso nas escolas públicas.
Ao GLOBO, dom Dimas foi enfático ao negar que o chefe de gabinete tenha feito qualquer ameaça: — Eu não recebi nada a esse respeito. Fiquei surpreso com a notícia. Não houve ameaça.
Isso seria a última coisa que alguém anunciaria em plena campanha presidencial. Eu diria que esse seria um tiro no pé — disse.
Amigo de Gilberto, o secretáriogeral da CNBB informa que desde que começou a eleição não se encontrou com o chefe de gabinete. Foi Gilberto quem escreveu o perfil de Dimas, quando o bispo foi considerado pela “Época” um dos cem brasileiros mais influentes em 2009.
O assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que os acordos internacionais têm a chamada cláusula de denúncia, mas que o governo não tem qualquer intenção de revisar o tratado. Marco Aurélio disse que o Estado é laico e deve ser preservado dessa forma: — Isso que estão fazendo se chama terrorismo. E é muito grave porque fere o sentimento religioso da sociedade e introduz uma coisa que não temos aqui no Brasil, que é a divisão religiosa.
Ontem, a Catholic News Agency publicou em seu site que o Brasil ameaçava rever acordos com o Vaticano se a candidata do PT continuasse a ser pressionada sobre a questão do aborto. O texto citava uma nota da agência de notícias italiana Ansa, que por sua vez remetia ao “Valor Econômico”.
Narcisismo na pesquisa: apenas verificando as fontes
Apenas como teste sobre a eficiência dos instrumentos de busca dessa publicação, coloquei meu próprio nome para um search rápido (neste link: http://lcweb2.loc.gov/cgi-bin/query), e deu o que vai abaixo:
Handbook of Latin American Studies
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1. Almeida. A formação da diplomacia econômica do Brasil.
2. Almeida. Brasil y el Mercosur de cara al TLC.
3. Almeida. Brazil and the future of Mercosur:dilemmas and options.
4. Almeida. A diplomacia financeira do Brasil no Império.
5. Almeida. O Brasil e a diplomacia do tráfico, 1810-1850.
6. Almeida. A estrutura constitucional das relações internacionais...
7. Almeida. Uma política externa engajada:a diplomacia do governo L...
8. Almeida. Relações internacionais do Brasil:ensaio de síntese s...
9. de Almeida. As relações econômicas internacionais do Brasil do...
10. Almeida. Uma nova "arquitetura" diplomática?:interpretações di...
11. Almeida. O Brasil e o multilateralismo econômico /Paulo Roberto ...
12. Almeida. Internacionlismo proletario no cone sul:a experiência i...
13. Almeida. Une histoire du Brésil :pour comprendre le Brésil cont...
14. Almeida. Formação da diplomacia econômica no Brasil:as relaç...
15. Almeida. O Brasil e o Mercosur em face do NAFTA.
16. Almeida. Estudos de relações internacionais do Brasil:etapas de...
17. Almeida. A economia da política externa:a ordem internacional e ...
18. Pour comprendre le Brésil de Lula /Denis Rolland et Joëlle Chass...
19. Almeida. O legado do Barão:Rio Branco e a moderna diplomacia bra...
20. Almeida. Relações internacionais do Brasil:introdução metodol...
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21. Almeida. O estudo das relações internacionais do Brasil.
22. Almeida. MERCOSUR y la Unión Europea:de la cooperación a la aso...
23. Almeida. Os primeiros anos do século XXI:o Brasil e as relaçõe...
24. Almeida. Relações internacionais e política externa do Brasil:...
25. Almeida. A política internacional do Partido dos Trabalhadores:d...
26. Almeida. Os partidos políticos nas relações internacionais do ...
27. Almeida. Relações internacionais e política externa do Brasil:...
28. Almeida. O Mercosul no contexto regional e internacional.
29. Almeida. Propiedade intelectual:os novos desafios para a América...
30. Almeida. Mercosul:antecedentes, desenvolvimento e crise; uma aval...
31. Almeida. O Brasil e a construção da ordem econômica internacio...
32. Almeida. MERCOSUR, ALCA y Brasil:una evaluación política sobre ...
33. Envisioning Brazil:a guide to Brazilian studies in the United Stat...
34. O Brasil dos brasilianistas:um guia dos estudos sobre o Brasil nos...
(depois seguem os itens em que meu nome aparece ocasionalmente, ou sob outros nomes)
Abrindo um item ao acaso, o que se tem é a ficha da obra em questão, a exemplo desta, relativa ao meu primeiro livro publicado, informando que esta informação foi publicada no HLAS n. 55:
Item 28 of 500
Citation: Almeida, Paulo Roberto de. O Mercosul no contexto regional e internacional. São Paulo: Edições Aduaneiras, 1993. 204 p.:. bibl.. 22 cm..
Annotation: Useful general work on Mercosul written during the transitional phase. Discusses founding, basic structures, and provisions, as well as challenges faced. Places Mercosul in the context of the preceding Argentina-Brazil Integration program and broader trade agreements, such as the General Agreement on Tariffs and Trade and the Latin American Free Trade Area.
Subjects:
Mercosur
General Agreement on Tariffs and Trade (GATT)
Economic Integration--South America
Trade Policy--South America
LC Call No: HC165.A43 1993
LC Control No: 94831192
Bibl. Info.: (Includes bibliographical references (p. [199]-204).)
HLAS Volume: 55 HLAS Item#: bi 94009586
HLAS Editor/Code: birch six
Um outro livro meu, recebeu esta avaliação generosa do resenhista, que desconheço quem seja:
Item 23 of 500
Citation: Almeida, Paulo Roberto de. Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 283 p.:. bibl..
Annotation: This prolific author, a Brazilian diplomat, surveys the country's stances in international relations post-Cold War and post- 9/11. Using perspectives in international political economics, the work links historical developments with systemic forces shaping Brazil's foreign relations in the new century.
Subjects:
International Economic Relations--Brazil
Brazil--Foreign relations--1985-
Brazil--Foreign economic relations.
LC Call No: F2523.A45 2002
LC Control No: 2005344459
Bibl. Info.: (Includes bibliographical references (p. 275-283).)
HLAS Volume: 63 HLAS Item#: bi2006001865
HLAS Editor/Code: Costa stu
Já esta ficha, igualmente generosa, foi preparada por um acadêmico de minhas relações, Scott Tollefson, que colaborou com um capítulo sobre a produção brasilianista em relações internacionais do Brasil no livro que organizei com Marshall Eakin sobre os brasilianistas (Envisioning Brazil, também generosamente apreciado por outro colaborador):
Item 21 of 500
Citation: Almeida, Paulo Roberto de. O estudo das relações internacionais do Brasil. São Paulo: Unimarco Editora, 1999. 299 p.:. bibl..
Annotation: Insightful and thorough review of the study of Brazil's international relations, both in Brazil and abroad. Much more than a reference book, it is essential reading. Chap. 4 focuses on Brazilian contributions to the literature and is especially noteworthy.
Subjects:
International Relations--Brazil
International Relations--Research
Brazil--Foreign relations.
Brazil--Foreign economic relations.
LC Call No: F2523.A44 1999
LC Control No: 99886260
Bibl. Info.: (Includes bibliographical references (p. 255-299).)
HLAS Volume: 61 HLAS Item#: bi2002000568
HLAS Editor/Code: Tollefson stu
Organizados esses americanos. Gostaria que tivéssemos instituições semelhantes, mas acredito que ainda estamos a anos-luz desse tipo de realização. Nossas universidades e instituições públicas de pesquisa são muito lentas e muito preguiçosas...
A Petrobras a servico da politica (da má politica, quero dizer)
Paulo Roberto de Almeida (10.10.2010)
Meu post anterior, que deveria ser uma simples transcrição do sério editorial do Estadão sobre a perda de valor patrimonial da Petrobras em função de sua manipulação pelo presidente da república,acabou se estendendo nos comentários condenatórios da ação do dito cujo, mais pelo lado das invectivas do que pelo lado das explicações.
Muitos leitores poderão, portanto, ter pensado assim: "ah, esse gajo [eu] é contra a Petrobras estatal, ele pretende vê-la privatizada, por isso diz essas coisas; ele é contra estatais em geral e a Petrobras em particular; pior, é contra o presidente da república, que quer preservar uma estatal num setor estratégico como o petróleo".
Certo? É o que pensaram vários de vocês?
Errado, eu digo, e me disponho aqui a dar algumas explicações sobre como eu vejo a (má) utilização da Petrobras pelo presidente da república, um ignorante em economia, um primário em gestão empresarial e, no entanto, presidente da república (uma coisa não impede a outra; já tivemos outros ignaros na presidência, e países ao lado tem jumentos).
Já escrevi alguma coisa sobre o petróleo, assim que me dispenso de retomar aqui meus argumentos sobre a essencialidade e o caráter estratégico dessa commodity. Ponto.
Desde 1997, a Petrobras foi levada a atuar como empresa, o que ela deveria ter feito desde a origem, e não fez, pois foi utilizada politicamente -- e para fins de política econômica -- por vários governos. Pois bem: desde que ganhou uma gestão isenta, profissional, isolada da política, a Petrobras cresceu, tremendamente, e se tornou a grande companhia que é hoje, isso num ambiente em que, pesem as mudanças no sentido da liberalização, as regras do jogo ainda são distorcidas, em função do enorme poder oligopolista dessa companhia, que de certa forma consegue "fixar" os preços de mercado, mesmo o mercado sendo teoricamente livre. Mas, sabemos que de fato não existe concorrência e que mesmo as distribuidoras privadas são obrigadas a seguir a Petrobras em seus preços.
Pois bem: todo mundo deve se lembrar - e se não se lembrarem eu me encarrego disso -- que depois de se ter convertido em companhia "comercial" -- parece óbvio mas não é -- a Petrobras disse que seguiria os preços do mercado internacional como referência para sua contabilidade interna, refletindo, portanto, no preço da gasolina ofertada internamente os altos e baixos dos mercados internacionais.
Isso de fato ocorreu, mas com algumas distorções, pois num mercado ainda oligopolista como esse, o preço dos combustíveis tem grande impacto nos índices de inflação.
Todo mundo também deve se lembrar que nas eleições de 2006, o governo fez pressão para que a Petrobras não aumentasse os preços internos, isso a despeito do enorme aumento do preço do barril nos mercados internacionais. Ele foi de 25 dólares em 2002 a mais de 140 dólares em 2006-2007, descendo um pouco depois disso. Todo mundo deve estar lembrado disso, mas aqui não houve alteração no preço da gasolina, durante a campanha eleitoral, o que deve ter gerado perdas para a Petrobras, ou pelo menos uma contabilidade distorcida.
Depois das eleições o preço subiu, subiu muito, e quando o petróleo despencou para menos de 60 dólares o barris, o preço interno não se moveu.
Conclusão: o brasileiro paga hoje uma das gasolinas mais caras do mundo, porque o governo resolveu "capitalizar" a Petrobras, que retem assim o dinheiro que deveria estar sendo "devolvido" aos consumidores.
Em qualquer hipótese, os preços no Brasil há muito deixaram de refletir as flutuações dos mercados internacionais (como aliás ocorre em países surrealistas no plano econômico como Venezuela e Irã).
Preços alinhados com os mercados internacionais são essenciais para refletir as verdadeiras condições econômicas em curso, para sinalizar aos investidores onde colocar o seu dinheiro, para estimular o uso de energias alternativas, enfim, por simples racionalidade econômica.
Se o governo mantem preços artificialmente baixos durante muito tempo, dá prejuizos à companhia, subsidia indevidamente a classe média que usa carro e estimula além da conta o consumo de um bem relativamente raro.
Se o governo por outro lado mantém preços absurdamente elevados, como faz agora, ele está extorquindo os consumidores, encarecendo o processo produtivo das empresas nacionais, fazendo-as menos competitivas no plano internacional.
Enfim, num ou noutro caso, ele deforma completamente as regras do jogo econômico e distorce as condições sob as quais uma empresa faz seus cálculos microeconômicos.
Existem muitas outras razões para a manipulação da Petrobras, algumas até de natureza mafiosa -- como o financiamento de sindicatos e de ONGs partidárias -- todas elas lamentáveis no plano da ética, da racionalidade econômica, da simples gestão administrativa.
Por essas e outras razões, os investidores internacionais -- que não são bobos ou mal informados como a média dos brasileiros (e isso não é preconceito, mas a simples realidade) -- tem desinvestido de ações da Petrobras, o que provocou a enorme queda revelada naquele editorial do Estadão.
Infelizmente, o Brasil tem primários conduzindo a sua economia e influenciando decisões importantes para o dia-a-dia dos contribuintes. Infelizmente somos reféns de ignaros em economia, se não formos objetos de chantagem de gente sem escrúpulos na gestão macroeconômica.
Infelizmente o Brasil não tem administradores nacionais à altura de suas responsabilidades, infelizmente não temos estadistas no comando da nação.
Paulo Roberto de Almeida
(10.10.2010)
O desmantelamento do Estado e a destruicao da Petrobras
"Eu acuso o presidente da República de desmantelar as instituições brasileiras!"
ou
"Eu acuso o presidente da República de destruir a Petrobras!"
Poderia, mas não vou fazê-lo. Inclusive porque já o fiz, venho fazendo, desde sempre.
Não porque me considere seu inimigo pessoal, ou ideológico. Não, longe disso.
Não me considero nada do presidente da República (que deveria ser escrita com r minúsculo, tanto ela vem sendo diminuída).
Sou apenas um cidadão observador da realidade.
E nem acionista da Petrobras eu sou, para vir aqui em defesa de seus interesses enquanto companhia, ou em defesa dos interesses de seus acionistas, que são milhões, brasileiros e estrangeiros, espalhados pelo mundo, ricos e pobres, geralmente classe média, alguns especuladores pelo meio (como é normal no mercado acionário), mas no cômputo global pessoas normais, como eu e você, que simplesmente acham que investir em ações de uma grande e prometedora companhia é um bom negócio pessoal, para rentabilizar seus ativos e transformar uma pequena poupança num bom redimento para o futuro. Sim, a maior parte dos acionistas quer apenas ganhar algum dinheiro.
Se depender do presidente da República vão perder, pelo menos por agora.
Sim, eu acuso o presidente da República de ser um desmantelador sistemático de instituições, do Estado em particular -- o que vem fazendo desde o primeiro dia que assumiu a presidência do brasil (tudo em minúsculas) -- e da Petrobras, nesta caso específico, ao lado de várias outras empresas, públicas e privadas.
Ele as vem destruindo em primeiro lugar pelo seu poder corruptor, em segundo lugar por se pretender administrador e gestor, na verdade dono das estatais, dando ordens às companhias como se elas estivesse a seu serviço e da sua máfia particular.
Eu acuso o presidente da república -- pronto: me entusiasmei com o mote, dito por um professor de harvard (sinto Harvard) que o acusou de ser o mais corrupto da história do brasil, e que depois se colocou sabujamente a seu serviço -- de simplesmente destruir a petrobras (e outras companhias) pelas suas intervenções sistemáticas em decisões que deveriam ser puramente empresarias, mercantis, econômicas, pautadas unicamente pela lógica de mercado e das regras da boa microeconomia.
Eu acuso o presidente da república de solapar a soberania do brasil, ao determinar que a petrobras construisse uma refinaria no estado de pernambuco (sorry Pernambuco) em cooperação com a PDVSA da Venezuela, apenas porque o chávez, esse coronel de opereta fascista, decidiu que a refinaria tinha de ser feita ali, e em nenhum outro lugar mais. Essa decisão foi aliás tomada, servilmente, pela então ministra de minas e energia, que hoje é candidata à infeliz presidência do brasil.
Esse presidente dessa república que aí está pretende ser dono da petrobras, e a conduz a tomar decisões políticas, e de má qualidade, o que ela não faria se tivesse pleno domínio sobre sua gestão, como deve ocorrer com qualquer companhia.
Eu acuso o presidente da república de ser nefasto aos interesses nacionais.
Pronto, acho que já disse o que tinha a dizer, hoje.
Deixo vocês agora com esse editorial impecável do Estadão, que dá as razões do meu desabafo.
Desabafo que, como já disse, não tem nada a ver com o valor de mercado das ações da Petrobras. Trata-se apenas de um desabafo moral, em face de uma situação absurda que estamos vivendo, e que a maioria dos brasileiros, mesmo os políticos, não percebem como essencialmente negativa para o Brasil. Pobre Brasil!
Paulo Roberto de Almeida
A politização da Petrobrás
Editorial - Estado de S.Paulo
Domingo, 10 de outubro de 2010
Depois da “maior capitalização da história”, a maior empresa do Brasil, a Petrobrás, perdeu R$ 28,4 bilhões de valor de mercado em apenas três dias, encolhendo 7,5% nesse período. Na sexta-feira, suas ações ganharam algum impulso, depois de bater no nível mais baixo em um ano e meio. A onda de vendas foi apenas um “ajuste de carteira”, segundo seu presidente, José Sérgio Gabrielli. “É normal as ações subirem e descerem”, ponderou o ministro da Fazenda e presidente do conselho da estatal, Guido Mantega. A empresa, acrescentou, está mais forte do que nunca e sua capitalização foi “reconhecida mundialmente como importante”. Nenhuma das duas explicações é para ser levada a sério. Oscilações dessa amplitude não são normais no dia a dia nem são meros ajustes de carteira. O problema da Petrobrás é o mesmo de antes da capitalização: uma perigosa subordinação aos interesses políticos de um governo centralizador e voluntarista.
Os investidores foram confrontados durante a semana com duas novidades importantes. Uma delas foi a avaliação negativa divulgada por seis bancos. Diluição de lucros e perspectiva de baixo retorno foram os problemas apontados. A outra foi o rumor sobre irregularidades na administração da empresa.
Este segundo fator seria muito menos importante, se o mercado reconhecesse a gestão da Petrobrás como essencialmente profissional e voltada para objetivos empresariais. Mas esse não é o caso. Há meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou publicamente haver mandado a estatal investir em refinarias no Nordeste. Esses investimentos, segundo ele, não teriam ocorrido, se a decisão dependesse da avaliação dos diretores da companhia. Nos últimos dias, o presidente da República voltou a alardear sua intervenção.
A Petrobrás, disse ele na quinta-feira, deixou de ser uma caixa-preta e converteu-se numa caixa branca, ou quase, durante seu governo. Ele teria apontado um fato positivo, se mencionasse apenas o aumento da transparência - discutível, na verdade. Mas foi além disso e se vangloriou, mais uma vez, de mandar na empresa: “A gente sabe o que acontece lá dentro e a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer.”
“A gente decide” é mais que uma expressão singela. É uma confirmação - mais uma - do estilo centralizador e voluntarista do presidente da República. Não só de um estilo, mas de uma mentalidade. Ele age e fala como se as diretorias das estatais fossem apenas extensões de seu gabinete e não tivessem compromissos com milhões de acionistas. “A gente sabe” e “a gente decide”. Ele, de fato, foi além disso. Tentou interferir também na gestão de grandes empresas privatizadas, como a Embraer e a Vale, como se coubesse ao presidente da República orientar as políticas de pessoal e de investimentos dessas companhias.
Esse jogo de interferências não tem sido apenas econômico e administrativo. O envolvimento do presidente da República tem sido sobretudo político e, muitas vezes, político-eleitoral. “A Petrobrás também está no segundo turno”, disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, ao comentar a inauguração antecipada, na quinta-feira, da Plataforma P-57. Antes da votação de domingo, o evento estava previsto para dezembro.
Também a capitalização da Petrobrás foi politizada, o que complicou o processo. O leilão ocorreu quase no fim do prazo previsto, porque o governo foi incapaz de cuidar do problema com critérios essencialmente econômicos e administrativos. Sua insistência em ampliar a participação do Estado na Petrobrás dificultou a fixação do preço dos 5 bilhões de barris cedidos à empresa pela União. O preço médio foi estabelecido, afinal, por um processo nunca explicado de forma satisfatória, até porque não passa de suposição o volume das jazidas envolvidas no negócio.
A confusão e a insegurança criadas por esse processo politizado afetaram duramente o mercado. O valor da Petrobrás encolheu cerca de 30%, enquanto a empresa, o governo e a Agência Nacional do Petróleo se enrolavam nas dificuldades políticas da capitalização. A empresa continua sob os efeitos de uma gestão politizada e, por isso, vulnerável a rumores e escândalos. O mercado refletiu, nos últimos dias, essa vulnerabilidade.
sábado, 9 de outubro de 2010
A frase do dia, na verdade de uma vida inteira...
Nem um só dia sem escrever, pelo menos uma linha, geralmente mais do que isso.
(Bem, contando, são duas frases, mas o sentido é um só...)
Paulo Roberto de Almeida
Big Brother vs CNN: continua o jogo de gato e rato...
Assim que a CNN passa a mencionar o caso do laureado chinês, hóspede temporário das prisões chinesas por ter colaborado na redação e divulgação de um manifesto democrático, os funcionários do Big Brother apertam o botão e a tela fica preta.
No meio da escuridão, para não ficar muito ridículo -- como se já não fosse -- aparecem algumas propagandas genéricas, reproduzidas da própria CNN, ou informações meteorológicas interrompidas, visivelmente improvisadas rapidamente, ou então um ou dois avisos na tela:
"Poor Quality Signal", ou "No Signal".
Sei...
Mais um pouco, tudo volta ao normal.
Assim é, se lhes parecem.
Big Brother misturado com Franz Kafka...
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
China censura noticias sobre o ativista Premio Nobel
Os chineses, os governamentais, quero dizer, vão conseguir se desmoralizar...
Paulo Roberto de Almeida
Nobel para Liu Xiaobo é censurado nos sites da China
Yahoo Notícias, Sex, 08 Out, 01h45
PEQUIM (AFP) - A notícia da entrega nesta sexta-feira do Prêmio Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo rodou o mundo, mas, como era esperado, foi censurada nos principais sites da China, assim como nas redes de telefonia móvel.
Uma simples busca com as palavras-chave "prêmio Nobel, paz, Liu Xiaobo" não indicava resultado algum nos grandes portais de notícias e ferramentas de busca, como Sina, Sohu e Baidu.
A censura também estava ativada no Weibo, um site de relacionamento semelhante ao Twitter.
As mensagens de SMS contendo o nome de Liu Xiaobo estavam bloqueadas, e não chegavam ao seu destinatário.
O noticiário da noite da televisão estatal CCTV foi aberto com notícias sobre as inundações na ilha chinesa de Hainan.
O Prêmio Nobel da Paz 2010 foi atribuído nesta sexta-feira pelo Comitê Nobel norueguês ao dissidente chinês na prisão "por seus esforços duradouros e não violentos em favor dos Direitos Humanos na China".
A censura é forte na China a posições críticas em relação ao governo ou a questões referentes aos Direitos Humanos. As notícias sobre dissidentes são retiradas dos sites politicamente sensíveis e Pequim controla rigidamente a internet para evitar que os opositores se organizem.
Cristina K salvando a America Latina (aqui sim, de si propria)
Finalmente, já não era sem tempo...
Ainda bem que temos dirigentes tão preclaros e instruídos.
Imaginem se fossemos depender de certos coronéis que andam por ai, alguns mafiosos em outras partes, aventureiros um pouco em todos os lugares. A "velha" AL deveria ser um lugar insuportável.
Sejamos gratos à presidenta K. Ela também aderiu à tese do "novo olhar", aquela coisa que significa um pouco de tudo, e que já vinha sendo usada aqui e ali. Olhar lânguido, langoroso, lamurioso, talvez...
Paulo Roberto de Almeida
Na Alemanha, presidente argentina defende “uma nova América Latina”
EFE, 07 Oct 2010 08:18 PM PDT
Hannover (Alemanha), 7 outubro 2010. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou hoje na cerimônia de encerramento da 61ª conferência latino-americana, em Hannover, que a reunião entre empresários latino-americanos e germânicos é o exemplo de “uma nova Argentina e de uma nova América Latina”
Cristina deu como exemplo dessa “nova Argentina” o contrato de cooperação assinado, hoje, com a Volkswagen.
O acordo em formação, pesquisa e desenvolvimento permitirá criar as carreiras de Engenharia e Técnica na Universidade Tecnológica Nacional do país, e desenvolver um centro de pesquisa com questões de mobilidade.
A Volkswagen põe à disposição da Universidade US$ 2,5 milhões para infraestrutura e equipamento.
De acordo com Cristina, o acordo com a multinacional alemã se soma à inauguração, em dezembro, da primeira sede na América Latina do Instituto Max Planck de pesquisa científica.
A governante defendeu a necessidade de “um novo olhar em direção a América Latina”, região que reúne “15% do petróleo do planeta, 43% do cobre e 46% da água potável”.
“Devemos deixar de nos ver como clientes para nos enxergar como parceiros”, propôs a presidente como nova regra nas relações entre nações perante as mais de 400 pessoas no jantar de encerramento da conferência.
Também deu como exemplo da “Nova América Latina” a reação dos 12 países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) ao recente levante policial no Equador e a “defesa da democracia e do presidente Rafael Correa”.
O encerramento da 61ª conferência latino-americana, reunião eminentemente econômica, encerra uma viagem da presidente argentina, iniciada na terça-feira, em Frankfurt, com a inauguração da Feira do Livro, na qual, este ano, o país sul-americano foi o convidado de honra.
IMF to the rescue of the world (bem, acho que ele nao consegue salvar-se nem a si proprio)
O FMI é sempre politicamente correto, o que não o impede, por vezes, de acertar umas e errar outras. Nesta entrevista, houve inclusive perguntas sobre a tal de "guerra cambial" que o mundo estaria vivendo, segundo o ministro Guido Mantega. Parece que os rumores a respeito são amplamente exagerados...
Transcript of a Press Briefing on the International Monetary Fund’s World Economic Outlook
8/10/2010
Olivier Blanchard, Economic Counsellor and Director of the IMF Research Department
Jörg Decressin, Assistant Director of the IMF research Department
Petya Koeva Brooks, Division Chief of World Economic Studies
Rupa Duttagupta, Deputy Division Chief of the World Economic Studies
William Murray, Division Chief of Media Relations
Wednesday, October 6, 2010
Washington, DC
MR. MURRAY: Good day. William Murray, Chief of Media Relations of the IMF. This is the latest WEO press conference. We are covering Chapters 1 and 2 of the WEO.
The briefing today is Mr. Blanchard, Economic Counsellor and Director of the Research Department, which produces the WEO. Joining Mr. Blanchard is Mr. Decressin, Ms. Koeva Brooks, and Ms. Duttagupta. They are all members of the World Economic studies team and they will be happy to take your questions once Olivier has some brief opening remarks.
MR. BLANCHARD: Thank you, Bill. Good morning, and sorry to be a bit late.
The world economic recovery is proceeding, but it is an unbalanced recovery. It is sluggish in advanced countries and it is much stronger in emerging and developing economies.
To understand what is going on, one has to look at the factors behind this recovery. Over the last year or so, the main drivers of the recovery were inventory accumulation and fiscal stimulus. The first one is coming to a natural end and the second one is being slowly phased out. So, what has to happen is that consumption and investment must now take the lead.
Now, in most advanced countries, however, consumption and parts of investment are still weak and will remain so for some time. By contrast, in most emerging and developing economies, consumption investment is strong and, therefore, sustaining growth. So, what I want to do first is develop a bit these two points and then turn to policy implications.
The weakness of consumption and parts of investment in most advanced economies reflects both a correction of pre-crisis excesses which have to be corrected and the scars of the crisis. So, U.S. consumers who had ever borrowed before the crisis are now saving more and consuming less. This is good for the long run but it is a drag on demand in the short run. Housing booms have given way to housing slumps. Housing investment in many countries will remain depressed for some time to come.
Weaknesses in the financial system are still constraining credit, a theme which was developed by the GFSR yesterday. Bottom line, this is what leads us to predict low growth for advanced countries. The relevant numbers are 2.7 percent for 2010 and 2.2 percent for 2011. With such low growth, we forecast that the unemployment rate will remain very high. The numbers here again are 9.6 percent for the US in 2010 and 10 percent for the euro also in 2011.
By contrast, in many emerging economies where excesses were limited and the scars of the crisis are few, consumption investments are contributing to strong growth. In many of these countries, output is nearly back or already at potential. Our forecasts for emerging and developing countries as a whole are for 7.1 percent for 2010 and 6.4 percent for 2011. If you turn to emerging Asia, we forecast growth in emerging Asia to reach 9.4 percent this year and 8.4 percent next year.
The question is whether a more balanced recovery can be achieved. The answer is yes, but it requires two complex global rebalancing acts. Indeed, rebalancing is one of the main themes of our report and of the way we think about the world at this point, the major challenges. So, let me talk about these two rebalancing dimensions.
First, internal rebalancing: when private demand collapsed, fiscal stimulus helped reduce the fall in output, and that was very much needed and right. This helped avoid the worst. But private demand must now become strong enough to take the lead and sustain growth while fiscal stimulus gives way to fiscal consolidation. This is internal rebalancing. It has to be done in each country.
Then we have external rebalancing, the second aspect of rebalancing. Many advanced countries, most notably the U.S., had to rely excessively on domestic demand before the crisis and they must now rely more on net exports. It is a question of sustaining growth for them. Many emerging countries, here most notably China, had relied excessively on net exports before the crisis and must now turn more to domestic demand. These readjustments are essential to maintaining a strong and balanced recovery.
Let me turn to policy implications, how can these rebalancing acts be achieved. I am going to make four points. First, where private demand is weak, central banks should continue with accommodating monetary policy. One should be realistic, however. Not much more can be done and one should not expect too much from further quantitative or credit easing. It should be done but the implications for the economy will be limited.
While there is no evidence yet that sustained low interest rates are leading to excessive risk-taking or bubbles, were such risks to materialize, they should be addressed through macro-prudential measures, not through increases in the policy rate. That was the first point.
Second point: wherever needed, governments must continue both financial repairs and financial reforms. Many banks do not yet have enough capital to sustain strong credit growth. Securitization, which has to play an important role in any financial system in the future, is still moribund. Financial reforms are proceeding but, again, as was discussed in the GFSR presentation yesterday, questions remain about too-big-to-fail institutions, about the perimeter of regulation, and about cross-border issues. The faster reform uncertainty is reduced, the more the financial system will be able to support demand and growth. That is an essential element needed for a strong recovery.
Third, and again, wherever needed, governments must address fiscal consolidation. What is essential here is not so much to phase out fiscal stimulus now but to offer a credible medium-term plan for debt stabilization and eventually for debt reduction. Such credible plans may involve fiscal rules, the creation of independent fiscal agencies, phased-in entitlement reforms.
These have not yet been offered in most countries, but they are essential because, when they are in place, they give more fiscal room for governments to use fiscal policy today. How much fiscal space each country has will depend from country to country, but this first step, which is a credible, medium-term consolidation plan, is essential.
Fourth, and last, those emerging market countries with large current account surpluses must accelerate rebalancing. This is not only in the world economy's interest but also mainly in their own. In many countries, many of those countries, we see distortions which have led to too low a level of consumption or too low a level of investment and are decreasing wealth there. Removing these distortions and thus allowing consumption and investment to increase is highly desirable from the point of the country. To a large extent, market forces in the form of large capital inflows are pushing these countries in the right direction. Unless offset by reserve accumulation, they will lead to exchange rate appreciation. With the help of macro-prudential measures, these flows can help in reallocating production toward domestic goods. These were the four dimensions of policy which I see as most relevant.
The important point, to end, is that all these pieces are very much interconnected. Unless advanced countries can count on stronger private demand, they will be very reluctant to achieve fiscal consolidation. If fiscal consolidation is in question, then worries about sovereign risks can easily derail growth. If growth were to slow or even stop in advanced countries, emerging market countries would have a hard time decoupling. Its downside risks, which were described again in the GFSR presentation yesterday, should definitely not be ignored.
Final point: the need for a careful design at the national level and collaborative action at the global level may be even more important today than they were in the peak of the crisis a year and a half ago. Thank you very much.
QUESTIONER: Two questions, if I may. What are the risks of a double-dip recession in the advanced economies? Secondly, what mechanisms are there to persuade the surplus countries to run down those surpluses? Has this not been the problem all long that there is no mechanism for persuading countries like China or Germany, the Eurozone, to actually increase their domestic demand? What is a way of doing that?
MR. BLANCHARD: Let me take all the questions. We do not, as you see from our baseline, expect a double-dip recession. We have a fan chart in the World Economic Report document which gives a probability distribution. According to that fan chart, which is our best assessment of risk, the probability that for the world as a whole growth would be less than 2 percent is under 5 percent. Of the U.S., we do not have a number in the document, but we think that the probability is low. Although the probability of negative growth in this case is low, it is probably a bit higher than the first number I gave you.
On the issue of how we achieve this rebalancing, I think the important point to make is that this is a win-win game. Clearly, these rebalancing operations or acts require a lot of structural change adjustment, and so on, but it is beneficial to each country on its own and it is essential to the world recovery. So, we think there that the best way to proceed is clearly through cooperation and we think that the G-20 process and the G-20 members are in a unique position to achieve this cooperation. This is an urgent issue to take up and we hope that they take it at their next meeting.
QUESTIONER: In the report, you mentioned strong and coordinated policy responses from different economies are quite essential to limit the fallout of the recession. In your view, how can different economies better take coordinated multilateral cooperation instead of a unilateral action to guarantee a balanced and sustained global recovery?
My second question is that I do think it is necessary and pressing for emerging markets to have a bigger and larger say in the IMF and other leading international institutions. Thank you.
MR. BLANCHARD: I will take the first question. I think the second question is out of bounds for this particular press conference.
MR. MURRAY: The Managing Director has a press conference tomorrow morning and that would be a good question to raise.
MR. BLANCHARD: What is needed in terms of coordination or cooperation should be clear from my introductory remarks. The main challenge of advanced countries is fiscal consolidation. They are going to be reluctant, and maybe in some cases hardly able to achieve it, if growth is weak, and they basically need to rely more on net exports, for example, in the case of the U.S. But fiscal consolidation is the main task of advanced countries.
The main task of most emerging market countries, at least all the emerging market surplus countries, is to rebalance. Here, again, there are issues of cooperation. What is needed for external rebalancing is a fairly general appreciation of emerging market country currencies relative to advanced country currencies. If one country decides to peg its currency or prevent the adjustment, this makes it much harder for the other countries to adjust and that is where cooperation or coordination is probably of the essence for emerging market countries so that they can all appreciate in the proper way and not get into fights or, as it has been called, currency wars.
QUESTIONER: You recently gave a glowing endorsement of the UK's plans for fiscal consolidation and yet in this World Economic Outlook you suggest there may be scope for easing off on a deficit reduction in some countries. My question is, if growth disappoints, would you expect the UK and other advanced economies to ease off on deficit reduction plans?
MR. BLANCHARD: Fiscal consolidation in the UK has been very ambitious, although sometimes people tend to exaggerate how much stronger it is than in other countries. To give you numbers, we estimate that the measures announced lead to fiscal consolidation from this year to next year of the structural primary balance of about 1.7 percent of GDP. This compares to 1.3 percent in France and 1.4 percent in Canada.
Does it make sense for the UK to do more than others? Well, the fiscal deficit in the UK is larger than in the other countries. This being said, I think there should be no question that in the short run this is going to decrease growth. Fiscal consolidation is needed; it is needed for long-term growth. In the short term, typically it decreases growth; it decreases demand.
Now, this being said, our forecasts for the UK which incorporate these fiscal measures are for 2 percent growth in 2011 and, therefore, positive growth. In other words, we do not think that fiscal consolidation comes close to killing growth, as some have said.
What would happen if growth turned out to be much less than is currently predicted? Our generic advice in our fiscal documents as well as in the WEO is that, if growth threatens to be substantially lower than is currently forecast in any country, in the UK or any other country, then the fiscal plan should be revisited.
QUESTIONER: Germany has experienced quite extraordinary growth recently and the labor market looks quite good as well. Do you think that this is an episode or something longer lasting?
MR. DECRESSIN: The growth rate was indeed very strong, 9 percent in the second quarter, but there were a number of special effects at work. For example, the first quarter had disappointed on account of a very harsh winter and second quarter has made up for this. We expect that, going forward, growth in Germany will slow in the third and in the fourth quarter. As global growth is also forecast to slow, Germany’s exports will be affected.
Nonetheless, we have revised up our forecast for Germany for this year. We are now at a growth rate of 3.3 percent, which is 1.9 percentage points more for 2010 than we forecast in July. We have also revised up our forecast for 2011 to 2 percent growth, which is about 0.4 percent more than we had in July. So, there are some permanent factors but also a large temporary element in this very strong growth rate of the second quarter.
QUESTIONER: The WEO report gives a pretty strong endorsement for legislating fiscal targets. I wondered if you could elaborate on why you have come out so strongly in favor of that approach, given what we have seen here in the US, in particular the states that seemed to have struggled in their effort to simulate the economy because their hands were tied by balanced budget laws.
MR. BLANCHARD: Again, it goes back to the way we think fiscal consolidation should be done. The ideal way of adjusting is to do relatively little today but convince markets that debt will be stabilized eventually, and that is very difficult to do because it is hard to establish credibility if you do nothing today. This is the context in which fiscal rules, either as transition devices or permanent devices, can be extremely useful.
The historical experience with fiscal rules is that, when they are well designed, they often work well. They slow down the growth of spending and they typically allow for a deficit reduction.
They nearly never work perfectly in the sense that there is a bit of cheating, a bit of change in the rules over time, but typically the net result is that they work and that is why we are very strongly pushing the idea of fiscal rules in the current context.
QUESTONER: A question on Russia probably for Jörg. You shaved a few percentage points, a few decimals from Russia's growth rate. Was it just because of the drought or are there any other factors at play? In general, why is Russia not growing more rapidly?
MR. MURRAY: This is Petya, actually.
MS. KOEVA BROOKS: We have revised down the growth operate for Russia modestly this year to 4 percent from 4.3 in our previous report. This is entirely due to the temporary factors and the heat wave and its negative impact on the economy, which we saw earlier in the year. Going forward, we expect the economy to grow at about 4.3 percent in 2011 and you will note that that is actually a modest upward revision relative to our previous forecast.
More generally, the recovery that we are seeing in Russia is a moderate one and there are a number of reasons for that. One is that the oil prices that we are seeing now are not as high as they were prior to the crisis. Another factor was that, as a result of the economic crisis, the banking sector was affected in terms of slowing down the supply of credit in the economy. We have seen progress in this dimension, but, again, this is something which is going to be constraining growth going forward.
MR. MURRAY: I am going to take one question from the Online Media Briefing Center and keep in Europe for a second:
Have the new WEO projections taken into account the new measures by the Portuguese government announced a week ago?
MR. DECRESSIN: No, they do not take those into account. The measures taken by the government amount to roughly 3 percent of GDP, so this additional fiscal consolidation will have a substantial effect on the Portuguese economy. In the WEO we are forecasting that growth this year will be about 1 percent in Portugal and next year it will be about zero. If you factor in the measures that have been announced since we finalized our WEO forecast, then this will not affect, of course, our growth forecast for this year, but for next year the economy is likely to contract by about 1.4 percent.
QUESTIONER: In your World Economic Outlook you have projected a positive sign for emerging economies of Asia, but you also projected a downward revision in the case of Pakistan because of the severe floods. Do you think that it is only the floods or are there any other reasons which are impacting growth negatively?
MS. DUTTAGUPTA: I can take that question. Most of the revision reflects the adverse effects of the floods faced by Pakistan. As you know, the IMF has acted very fast. At the same time, this will affect the vulnerable segments of the population. We expect growth to slow down from about 4.8 percent this year to 2.8 percent next year.
While policy response to the flood is needed, it is also important to keep in mind that fiscal sustainability should be maintained over the long run. Taking all that into consideration, the outlook has obviously weakened.
QUESTIONER: Following what you said about the Portuguese economy and the effects of austerity measures, do you think this would be a case to revisit the fiscal consolidation plan, bearing in mind it would put recession in the economy?
MR. DECRESSIN: No. Portugal is under significant pressure to adjust. In fact, we welcome the package and we encourage the government to follow through with it rigorously.
QUESTIONER: I wonder, Mr. Blanchard, what is your assessment on the Brazilian currency? Finance Minister Mantega has talked about a currency war, and in the report it says that Brazilian economy is now showing signs of overheating. If there would be an increase in interest rates, it would worsen the problem of the valuation of the real against the dollar. In the past 12 months, the real has risen over 5 percent and the government has just doubled the tax on foreign bonds invested. So, what would you suggest for the government to do in this case?
MR. BLANCHARD: Let me give a general answer and then let somebody talk about the specifics of Brazil. Let me go back again to the bigger picture, which is that we think that external rebalancing will imply an appreciation of a large number of emerging market currencies, to a different extent, but this will still be relevant for countries like Brazil.
Capital outflows from advanced countries are increasing, given that returns are not very appealing in advanced countries and more appealing in emerging countries. Then the danger is that some countries close their doors, leading capital to other countries and making things very difficult for these countries to handle. So, this is an example of potential currency tensions that we talked about earlier.
Faced with this, I think that the multilateral answer is to make sure that all the countries which have to appreciate, appreciate. In the case of Brazil, given the current circumstances, these flows are likely to be rather permanent so that e trying to fight them through reserve accumulation is probably self-defeating.
Is there a case for controls? Our position again for Brazil but more generally is that controls can possibly be used to try to direct the capital flows to where they are most useful, not so much to affect the general level of the inflows but to make sure that capital flows do not lead to bubbles, credit booms, and such things that we have seen in the past.
MS. KOEVA BROOKS: If I may just add a little bit more on Brazil. As you know, the economy has been growing extremely strongly. In the first half of this year it was growing at over 8 percent. For the year as a whole we are seeing growth at about 7½ percent. So, any amount of economic slack that was there seems to have been exhausted. Also in response to building inflationary pressures, the central bank raised interest rates by about 200 basis points, which we think was the appropriate response.
Again, on the policy responses there, we are still seeing very fast growth of primary spending. The 12-month primary surplus which we have seen so far as the end of August was about 2 percent, which was way lower than the NDF target of 3.3 percent. So, in this context, we think that a slowdown in spending growth will help, first of all, meet the target and, second of all, take off some of the pressure and the burden on monetary policy to increase interest rates which will also help contain pressures on the currency.
QUESTIONER: Can you tell me how big an obstacle you think the problems in the American real estate or housing market and the UK housing market are to the respective recoveries in both countries and to the global recovery generally?
MR. DECRESSIN: There are significant obstacles but of a somewhat different nature. In terms of construction, the boom has been much bigger in the United States while perhaps in terms of prices it has been bigger in the UK. The issue here is that the UK is already a more built up economy.
So, if you are looking forward, construction in the United States will make a very low contribution to growth, if any, over the near term and that will hold back the recovery. In the UK, it is more that lower house prices will be weighing on consumer confidence and could, as they do in the United States, also lead to further impairments on loans as households are struggling to repay, especially when the houses are worth less than the mortgages they have.
Again, there are differences between the US and the UK that are important to take into account. Overall, the real estate sector is probably going to be a bigger burden in terms of getting strong recovery in the United States than it is in the UK.
QUESTIONER: (In FRENCH)
MR. BLANCHARD: Rupa is the person who knows everything about Africa, I am not sure she speaks French. Rupa, can you say something about the prospects for Africa?
MS. DUTTAGUPTA: Africa was also hit because of the global slowdown, but thanks to good macroeconomic policies in the run up to the crisis, most of the countries had built enough fiscal space to respond to the crisis, which is an important reason why the slowdown was short-lived and in general Africa was very resilient.
But going forward, the shock would affect Africa's ability to meet some of its longer-term goals, for example its Millennium Development Goals. So, it is very important now to take advantage of the good times and rebuild the fiscal space that is needed in order to protect the most necessary elements of Africa's needs, for example, investment in health, education, and social services.
QUESTIONER: Two questions. In the WEO you mentioned a challenge in emerging countries is to handle capital inflows. What will be the impact of the recent Bank Central of Japan drop in interest rate and more quantitative easing in the US on Indonesia, and how a country like Indonesia should cope with the volatile flows?
The second question is still on the currency wars. Do you think the G-20 has failed dealing with the currency issues and whether you think that there is a need to form a smaller group of countries to cope with these issues, and whether the IMF will coordinate a new global currency agreement and whether it will lead to a new monetary system?
MR. BLANCHARD: I will make a general remark and then ask Rupa to talk about Japan and Indonesia maybe. It is much too early to talk of failure. Clearly, the issue of external balancing is becoming a more and more important one. As a result, the issue of exchange rate adjustment is becoming more and more important as well. We are just starting to see the forces, which force these adjustments and the reactions of countries. I am optimistic that the G-20 can actually work out a solution, but we are just at the beginning of the process so it is much too early to declare it a failure.
Let me turn to Rupa.
MS. DUTTAGUPTA: In general, very easy monetary conditions have been one of the factors resulting in large capital flows to emerging markets, including Indonesia. Another big factor is the overall much stronger growth prospects of these countries.
Now, in terms of Indonesia itself, the authorities have currently kept monetary policy on hold. We think that is appropriate because inflation is very much within the inflation target band, but we do support a gradual tightening as inflation expectations start moving up.
QUESTIONER: Mr. Blanchard, in light of the Irish announcement last week that the (Bank Anglo Irish) would cost 50 billion euro, and in the run-up to the four-year plan that is going to be announced next month, what do you think the prospects are for the Irish economy? Is there not a danger that these very draconian cutbacks to be announced next month will inhibit all growth? Finally, does IMF recommend that Ireland increase its corporate tax rate?
MR. DECRESSIN: The Irish economy is currently still struggling. It is reeling from a real estate boom that is unwinding and a banking crisis that is leading to market pressures on interest rates. In such circumstances, a strong and very credible fiscal adjustment is absolutely essential. So, what is needed is a very strong medium-term fiscal plan, but markets are also demanding a downpayment. That this is why we actually support the tough fiscal consolidation measures that the government is taking.
We believe that the economy, after contracting by about 0.3 percent this year, will again grow next year and reach around 2.3 growth, which is broadly unchanged from the forecast that we made in July. In the end, it will be helped along by stronger net exports because the global recovery is gathering steam even if there will be a temporary slowdown during the second half of this year and the first half of next year. This will help pull the Irish economy along.
MR. BLANCHARD: I would like to add something, again more general, about fiscal policy. When we go country-by-country our advice differs, but the principles are the same. We basically think that all countries have to have medium-term, credible fiscal stabilization. How much room they have in the short run depends very much on the initial position.
So, in countries such as Ireland or some of the Southern European countries, Greece for example, there is really no choice than to do fairly dramatic things in as clear a manner as possible, and Ireland is one of these cases. In countries in which there is more room to play, then clearly fiscal consolidation can proceed much more slowly. So, what I want to insist on is that principles are the same. The application to each country has to take into account the specific features of that country, the amount of fiscal space that the country has.
QUESTIONER: Two quick questions for Mr. Blanchard. You have repeatedly talked of the need for emerging economies to collectively appreciate their economies, but is not the continuing depreciation of the US dollar at the root of the problem which is forcing these countries to try to stay under the bar?
Secondly, you used the phrase "if growth stops in advanced economies," not slows but stops. That is fairly strong language. Under what circumstances do you think that could happen and how do you rate the danger of that possibly happening?
MR. BLANCHARD: On the second, we discussed the double dip earlier and I gave you what we think the probability distribution is and the probability that world growth literally stops is zero. The probability that growth is less than 2 percent at the world level is, as I said, around 5 percent or so.
On the first, it takes two to tango. The appreciation of one currency is by implication the depreciation of another one or some other ones, so there is no question. The general statement is that external rebalancing requires the appreciation of many emerging market currencies vis-à-vis many advanced country currencies.
Now, in the first category you clearly have the yuan and a number of other Asian currencies in the second category you clearly have the US dollar. So, it is clear when we talk about the exchange rate adjustment, this requires an adjustment of the yuan vis-à-vis the dollar. Whether it happens formally through the depreciation of the dollar and of advanced country currencies or by an appreciation of emerging market country currencies is irrelevant. The important thing is that the adjustment takes place.
MR. MURRAY: Thank you all for joining us today. If you do have follow-up questions, send an e-mail to media@imf.org and we will follow up for you. Again, thanks for joining us for the WEO press conference. Tomorrow the Managing Director will be here at 9:00 a.m. Washington time. Thank you.
Agora relatório do Fall semester de 2010 do World Economic Outlook
World Economic Outlook (WEO)
Recovery, Risk, and Rebalancing
October 2010