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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Novo livro saindo do forno: Relações internacionais e política externa do Brasil

Acabo de entregar para a Editora, os originais de meu ultimo livro. Na verdade uma reedição de um livro de 1998, mas totalmente modificado e atualizado, como explico no Prefácio, abaixo...
Deve ser publicado no curso do segundo semestre...
Paulo Roberto de Almeida
(PS.: A capa é minha, feita improvisadamente e rapidamente; não deve ser mantida, pois a Editora tem capistas profissionais, em todo caso mais competentes do que eu.)





Relações internacionais e política externa do Brasil:
a diplomacia brasileira no contexto da globalização


Paulo Roberto de Almeida






Índice da Edição de 2011

Apresentação
Na diplomacia, entre a história e as ciências humanas
Avanços metodológicos, diversidade analítica, produção em alta
Consolidação da produção, redes em crescimento, profissionalização

Parte I: Metodologia das relações internacionais
1. Introdução ao estudo das relações internacionais do Brasil
1.1. O tema
1.2. Os conceitos
1.3. Os métodos
1.4. As fontes
1.5. Periodização temática

2. Historiografia brasileira de relações internacionais
2.1. Relações internacionais do Brasil: da diplomacia à academia
2.2. Pandiá Calógeras: o Clausewitz da política externa
2.3. Hélio Vianna: as elites bem comportadas
2.4. Delgado de Carvalho: o fatual de qualidade
2.5. A reorientação dos estudos de relações internacionais
2.6. Cervo e Bueno: o ideal desenvolvimentista
2.7. José Honório Rodrigues: a recuperação da história diplomática
2.8. Novas etapas: da academia de volta à diplomacia?
2.9. Produção recente: acadêmicos e diplomatas em constante diálogo

Parte II: O Brasil no contexto da economia global
3. Diplomacia comercial: de Bretton Woods e Havana aos impasses da OMC
31. A reconstrução econômica do pós-guerra: entre protecionismo e liberalismo
3.2. De Bretton Woods a Havana
3.3. OIC: a primeira organização para o comércio mundial
3.4. O GATT e as rodadas de negociações tarifárias
3.5. Comércio desigual: os países em desenvolvimento
3.6. A Rodada Uruguai: os novos temas e a agricultura
3.7. O surgimento de uma nova organização para o comércio: a OMC
3.8. Uma nova configuração para o comércio internacional
3.9. A Organização Mundial do Comércio: a última das três irmãs
3.10. A OMC: mais democrática que as instituições de Bretton Woods?
3.11. A longa agonia da Rodada Doha: a OMC em crise institucional?
3.12. O fim de Bretton Woods?: um sistema aparentemente mais justo

4. Os acordos regionais e o sistema multilateral de comércio
4.1. História: blocos políticos, regionalismo, integração econômica
4.2. Evolução da integração econômica: um itinerário com altos e baixos
4.3. O regionalismo: fenômeno político, processo econômico
4.4. Tendências da integração regional: suposições em tons de cinza
4.5. Perigos do regionalismo comercial: o minilateralismo como ameaça
4.6. Protecionismo na prática: industrialização à la List
4.7. O minilateralismo entra em cena: regionalização e globalização
4.8. Minilateralismo regional: estratégias de liberalização comercial
4.9. O futuro do minilateralismo: uma agenda em aberto

5. Diplomacia financeira: o Brasil e o FMI, de 1944 a 2011
5.1. Os dois conceitos de Bretton Woods: instituições e políticas
5.2. O sistema monetário internacional desde a conferência de Bretton Woods
5.3. A crise do sistema monetário internacional e o “não-sistema” pós-1973
5.4. Condicionalidades econômicas e soberania: o modelo de Bretton Woods
5.5. O “modelo de Bretton Woods” e a arquitetura financeira internacional
5.6. O Brasil em Bretton Woods: sem a dimensão do desenvolvimento
5.7. O FMI em sua primeira fase: inconsistências sistêmicas
5.8. Juscelino Kubitschek dá inicio à demonização do FMI
5.9. O regime militar e o FMI: boas relações, sem dependência
5.10. O Brasil redemocratizado e o FMI: más relações, com dependência
5.11. Encontros e desencontros dos anos 1990: o FMI e as crises financeiras
5.12. Outubro-dezembro de 1998: o Brasil volta ao FMI
5.13. Crise argentina e efeito Lula: o Brasil torna-se o maior cliente do FMI
5.14. O Brasil enfrenta as crises financeiras do novo milênio
Anexos: Acordos e relações do Brasil com o FMI, 1944-2011
Quadro 1: Brasil: histórico do relacionamento com o FMI, 1944-2011
Quadro 2: Brasil: acordos formais estabelecidos com o FMI, 1958-2010

6. As crises financeiras internacionais e o Brasil, desde 1928
6.1. Questões sistêmicas relativas às crises financeiras
6.2. A “mãe” de todas crises financeiras: 1928-1939
6.3. A crise de Bretton Woods e seus efeitos sistêmicos: 1965-1975
6.4. O centro adoece, a periferia entra em colapso: 1979-1989
6.5. Globalização financeira, desequilíbrios cambiais: 1994-2002
6.6. O centro tropeça, os emergentes deslancham: 2005-2011
6.7. Elementos comuns às crises financeiras nas economias de mercado
6.8. O debate político sobre os requerimentos da estabilidade financeira
6.9. O Brasil e a globalização financeira
Apêndice: Esquema estilizado das crises financeiras internacionais, 1928-2011

Parte III: A ordem global e a política externa do Brasil
7. A ordem política e econômica mundial do início do século 21
7.1. A ordem política mundial: novos problemas, velhas soluções?
7.1.1. Segurança estratégica
7.1.2. Relações entre as grandes potências
7.1.3. Conflitos regionais
7.1.4. Cooperação política e militar nos hot-spots
7.2. A ordem econômica mundial: velhos problemas, novas soluções?
7.2.1. Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais
7.2.2. Assimetrias de desenvolvimento
7.2.3. Cooperação multilateral e Objetivos do Milênio
7.3. A ordem política e econômica mundial e a diplomacia brasileira
7.3.1. Crescimento econômico
7.3.2. Investimentos
7.3.3. Acesso a mercados
7.3.4. Integração regional
7.3.5. Recursos energéticos
7.3.6. Segurança e estabilidade

8. A diplomacia brasileira no contexto da governança global
8.1. A governança global em transição
8.2. O Brasil no contexto da governança formal
8.2.1. Segurança e estabilidade
8.2.2. Funcionamento da economia mundial
8.2.3. Cooperação política em favor do desenvolvimento
8.2.4. Instrumentos regionais de cooperação e de integração
8.3. A construção de uma governança alternativa
8.4. Possibilidades de reorganização institucional

9. A sociologia institucional do multilateralismo brasileiro (1815-2011)
9.1. A diplomacia econômica do Brasil no contexto mundial
9.2. As relações internacionais do ponto de vista da diplomacia econômica
9.3. Relações econômicas internacionais do Brasil em perspectiva histórica
9.4. As novas bases da diplomacia econômica multilateral
9.5. O Brasil no sistema econômico internacional; rupturas e continuidades
9.6. Acordos multilaterais e instituições internacionais de 1815 a 2011
9.7. Perfil institucional do multilateralismo econômico do Brasil, 1856-2011
9.8. As relações econômicas internacionais do Brasil na era da globalização

Bibliografia de relações internacionais e de política externa do Brasil
Biobibliografia do Autor


Um livro é como uma garrafa jogada ao mar...
Esta aqui foi lançada pela primeira vez em 1998 e novamente atirada ao largo em 2004. Ao que parece, encontrou pela frente muitas ilhas acolhedoras, algumas enseadas intelectuais, vários portos, talvez um ou dois continentes acadêmicos, tanto que terminou por desaparecer…
A garrafa que é agora lançada, com novo rótulo e um conteúdo algo modificado (espero que para melhor, ou pelo menos mais amadurecido), está destinada a navegar por mais alguns anos, a caminho da minha Ítaca dos livros, uma meta intelectual inatingível…

Para Carmen Lícia,
com amor, sempre…
e também para Pedro Paulo e Maíra,
com orgulho…

A meus colegas da carreira diplomática:
Aos que não esmoreceram na defesa de um serviço profissional, em condições por vezes adversas de manutenção dos princípios permanentes da política externa brasileira, e que lutaram pela preservação dos valores da carreira diplomática, ofereço esta obra, na condição de um colega que, por acaso, é também acadêmico, e que sempre levou um duplo combate, nas duas frentes, em prol da ideia de honestidade intelectual e do princípio do interesse nacional.
Vale perseverar...

Apresentação à terceira edição:
Consolidação da produção, redes em crescimento, profissionalização


Uma única viagem nem sempre é destino.
Um destino criativo pode ter vários caminhos.
Itinerários intelectuais podem emprestar estradas diferentes.
Mas a navegação em alto mar não é tarefa para aprendizes ou amadores.



Esta garrafa está sendo lançada ao mar pela terceira vez, desta vez com novos bilhetes e algumas velhas mensagens em formato renovado. O que pode esperar um náufrago concentrado nas leituras, nos estudos e na escritura, como eu? Talvez que seus recados encontrem boas praias, aqui e acolá, e possam servir de sinalização ou de boa orientação para todos aqueles que estejam em busca de alguns mapas em torno da globalização contemporânea. A cartografia marítima sofreu algumas mudanças, mas o espírito e a motivação com que foram escritos os estudos aqui “engarrafados” são os mesmos que presidiram à sua feitura, quando do primeiro lançamento.
Esta obra encontrava-se há certo tempo fora de estoque e talvez até fora do catálogo da editora universitária que responsabilizou-se pelas duas primeiras edições. Muitos alunos me escreviam, assim como professores e pesquisadores, para relatar que estavam tendo dificuldades de achá-la, mesmo nos sebos. Tentava consolá-los, recomendando busca nas bibliotecas universitárias, mas é evidente que isso não é suficiente, inclusive porque as bibliotecas universitárias no Brasil não representam exatamente um modelo de abundância bibliográfica. Cabia, então, enfrentar o desafio de uma nova edição, mais uma vez revista, ampliada e atualizada: esta nova garrafa, que o leitor tem agora em suas mãos.
Não vou estender-me sobre os temas já tratados no prefácio à primeira edição e na apresentação à segunda, pela simples razão de que vários daqueles textos foram incorporados a esta edição, com as exceções que menciono abaixo. Vou aproveitar a oportunidade para abordar novos temas, que me parecem relevantes, mais de uma década e meia depois da “explosão” dos cursos de relações internacionais no Brasil, assunto que abordei em inúmeros textos breves, geralmente divulgados em blogs, sites especializados ou em resposta a questionários submetidos por pesquisadores, alunos e jornalistas.
Tal como concebida, inicialmente, esta obra não se destinava, exatamente, à preparação de candidatos à carreira diplomática, embora ela possa servir também a esse objetivo. Ela tinha sido elaborada, um pouco improvisadamente, como uma coleção de estudos tipicamente acadêmicos em torno de meus temas preferidos de estudo e trabalho, como por exemplo os que ainda figuram na primeira parte do livro atual. Havia também os que sintetizavam uma pesquisa empírica sobre o papel dos partidos políticos e do parlamento na política externa, que ainda figuravam na segunda edição, mas que agora partem para uma nova aventura ao largo, provavelmente destinada a consolidar minhas reflexões nessa área em alguma nova obra com maior amplitude temática e alguma ambição comparativa.
Outros, concebidos como livre expressão de minhas reflexões sobre a “ideologia” e a “economia” da política externa, ou ainda um ensaio histórico sobre a formação da diplomacia moderna na era dos descobrimentos, também foram “lançados ao mar”, para abrir espaços a trabalhos mais elaborados. Aqui figuram, pois, engarrafados em nova “embalagem”, a de uma grande editora, estudos sobre as diplomacias comercial e financeira do Brasil nos últimos sessenta anos, sobre o impacto das crises financeiras na economia brasileira e, sobretudo, sobre a inserção desta nas grandes correntes da interdependência contemporânea, revoltas como podem ser essas ondas turbulentas da globalização, capazes de se transformar repentinamente em tsunamis gigantescos.
Revisei, ampliei e atualizei escrupulosamente cada um dos trabalhos, inclusive o que figura ao final, sobre a arquitetura institucional do multilateralismo contemporâneo, um levantamento que começou a ser feito manualmente quando do momento de sua primeira concepção e que atualmente se beneficia de bases de dados online e outros recursos de internet. Este “navegador”, aliás, continua a surfar nas horas vagas (e nas outras também), anima uma lista de informação e debates sobre os temas que correspondem a suas afinidades eletivas e também mantém um blog, feito mais para divertimento inteligente do que propriamente para efeitos didáticos. Para essa função, existe um site pessoal, que parece ter algum sucesso na “googlemetria” das pesquisas sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Pelo menos assim constato pela correspondência que chega em diversos formatos e variados graus de urgência a propósito de trabalhos universitários e de consultas sobre a carreira diplomática. Acredito que a satisfação derivada dessas horas dedicadas a esse esforço voluntário de educação à distância de tantos jovens em busca de sua vocação ou de seu aperfeiçoamento universitário ou profissional seja equivalente ao crescimento progressivo da produção intelectual voltada para esse campo das relações internacionais, tanto a própria, deste navegante solitário, quanto a da crescente comunidade de internacionalistas acadêmicos.
O que tem, precisamente, caracterizado esse universo de estudos é o avanço da produção científica de boa qualidade, o surgimento e a expansão de redes de pesquisa, muitas delas interconectadas e em ativa cooperação recíproca e a consolidação de uma comunidade que está quase próxima de uma espécie de “profissionalização”. Quando este livro foi publicado pela primeira vez estávamos ainda a dez anos do surgimento de uma associação acadêmica voltada exclusivamente para esse universo em formação – a ABRI, Associação Brasileira de Relações Internacionais – mas já assistíamos à explosão dos cursos de graduação nessa área, depois de anos de algumas experiências solitárias e raríssimos programas de especialização em nível de pós-graduação. O livro não foi composto com o objetivo específico de atender alguma demanda didática desse universo em expansão, mas pode-se dizer que ele preencheu um nicho de mercado, no que, aliás, alcançou certo sucesso, já que estamos em seu terceiro lançamento, aparentemente com boa aceitação da comunidade de “produtores” e “usuários” de textos especializados.
A intenção, agora, é que esta “garrafa” possa navegar mais alguns anos, em direção de antigos portos ou, preferencialmente, em busca de novas praias, e consiga manter o prumo em sua missão de guia dos estudos de qualidade para uma comunidade que possuiu sua própria identidade intelectual e já criou uma cultura de pesquisa e produção centrada sobre questões tipicamente brasileiras e regionais, em lugar de se basear apenas nos text-books importados. Este livro é parte desse processo e sua navegação continuada parece refletir o sucesso crescente desse universo em expansão.

Brasília, junho de 2011.

Manual do infarte feliz... (sim, existe...)

DOZE CONSELHOS PARA TER UM INFARTO FELIZ
Dr. Ernesto Artur - Cardiologista

Quando publiquei estes conselhos 'amigos-da-onça' em meu site, recebi uma enxurrada de e-mails, até mesmo do exterior, dizendo que isto lhes serviu de alerta, pois muitos estavam adotando esse tipo de vida inconscientemente.

1. Cuide de seu trabalho antes de tudo. As necessidades pessoais e familiares são secundárias.

2 Trabalhe aos sábados o dia inteiro e, se puder também aos domingos.

3. Se não puder permanecer no escritório à noite, leve trabalho para casa e trabalhe até tarde.

4. Ao invés de dizer não, diga sempre sim a tudo que lhe solicitarem.

5. Procure fazer parte de todas as comissões, comitês, diretorias, conselhos e aceite todos os convites para conferências, seminários, encontros, reuniões, simpósios etc.

6. Não se dê ao luxo de um café da manhã ou uma refeição tranqüila. Pelo contrário, não perca tempo e aproveite o horário das refeições para fechar negócios ou fazer reuniões importantes.

7. Não perca tempo fazendo ginástica, nadando, pescando, jogando bola ou tênis. Afinal, tempo é dinheiro.

8. Nunca tire férias, você não precisa disso. Lembre-se que você é de ferro.

9. Centralize todo o trabalho em você, controle e examine tudo para ver se nada está errado... Delegar é pura bobagem; é tudo com você mesmo.

10. Se sentir que está perdendo o ritmo, o fôlego e pintar aquela dor de estômago, tome logo estimulantes, energéticos e anti-ácidos. Eles vão te deixar tinindo.

11. Se tiver dificuldades em dormir não perca tempo: tome calmantes e sedativos de todos os tipos. Agem rápido e são baratos.

12. E por último, o mais importante: não se permita ter momentos de oração, meditação, audição de uma boa música e reflexão sobre sua vida. Isto é para crédulos e tolos sensíveis.

Repita para si: Eu não perco tempo com bobagens.

Duvido que voce não tenha um belo infarto se seguir os conselhos acima.

OS ATAQUES DE CORAÇÃO

Uma nota importante sobre os ataques cardíacos..
Há outros sintomas de ataques cardíacos, além da dor no braço esquerdo(direito). Há também, como sintomas vulgares, uma dor intensa no queixo, assim como náuseas e suores abundantes.

Pode-se não sentir nunca uma primeira dor no peito, durante um ataque cardíaco. 60% das pessoas que tiveram um ataque cardíaco enquanto dormiam, não se levantaram.... Mas a dor no peito, pode acordá-lo dum sono profundo.

Se assim for, dissolva imediatamente duas Aspirinas na boca e engula-as com um bocadinho de água. Ligue para Emergência (193 ou 190) e diga ''ataque cardíaco'' e que tomou 2 Aspirinas. Sente-se numa cadeira ou sofá e force uma tosse, sim forçar a tosse pois ela fará o coração pegar no tranco; tussa de dois em dois segundos, até chegar o socorro.. NÃO SE DEITE !!!!

Um cardiologista disse que, se cada pessoa que receber este e-mail, o enviar a 10 pessoas, pode ter a certeza de que se salvará pelo menos uma vida !

A piada da semana: Brasil quer FMI mais a esquerda...

Brasil quer FMI mais 'à esquerda'

Brasil luta por FMI mais à 'esquerda' na sucessão de diretor-geral
Carta Capital, 2/06/2011

Ministro da Fazenda, Guido Mantega, recebe dois candidatos a diretor-geral do Fundo Monetário Internacional e apresenta exigências em troca do voto: apoio a controle de capitais, mais fiscalização de países ricos e uma vicê-presidência para um latino-americano. Ministra da Economia da França e presidente do Banco Central do México fizeram questão de incluir Brasil no início da agenda de viagens, em sinal do prestígio internacional do país.
André Barrocal
BRASÍLIA – Emergente “queridinho” do Fundo Monetário Internacional, o Brasil tenta empurrar o FMI mais para a “esquerda”, no processo de sucessão do ex-diretor-geral da instituição, Dominique Strauss-Kahn, afastado por suposto abuso sexual contra uma camareira. Nos últimos dias, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, recebeu dois candidatos para negociar o apoio brasileiro. E deixou claras as condições: que o futuro dirigente mantenha a posição do Fundo favorável a controle de capitais, dê uma vice-presidência para um latino-americano e fiscalize países ricos.

A lista de exigências foi apresentada por Mantega ao presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, nesta quarta-feira (01/06), e à ministra da Economia da França, Christine Lagarde, na segunda-feira (30/05). A francesa começou sua campanha pelo Brasil, e o mexicano incluiu o país logo no início das viagens - só tinha ido a Portugal e Espanha antes. Ambos apontaram a liderança internacional alcançada pelo Brasil para justificar o privilégio.

“Escolhi o Brasil porque ele é hoje um dos grandes países emergentes cujas idéias e propostas contam muito no cenário internacional”, afirmou Christine. “O Brasil tem encabeçado muitas batalhas importantes”, disse Carstens.

Para o Brasil, os elogios não bastam, porém, para arrancar apoio. É fundamental que os postulantes se comprometam a adotar posições defendidas pelo país. “É importante que haja mais de uma candidatura, porque assim temos discussão de propostas”, declarou Mantega.

Uma das reivindicações brasileiras é preservar a recente opinião simpática do Fundo à possibilidade de um país controlar entrada e saída de dólares. Essa é uma janela que o governo deseja que continue aberta para o caso de decidir enfrentar o “mercado” contra a enxurrada de moeda estrangeira que vem ao Brasil lucrar com a maior taxa de juros do planeta.

Em debate na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado no fim de abril, Guido Mantega não descartou a adoção do controle de capitais, dizendo, no entanto, que esse tipo de medida não se antecipa num debate, pois exige “caráter surepresa”.

O controle do fluxo de dólares pode ser necessário para evitar que a moeda estrangeira continue custando barato, o que afeta as exportações brasileiras. “Os países em desenvolvimento têm o direito de crescer e também de fazermos controle de capitais, quando em excesso”, afirmou Guido nesta quarta-feira, em entrevista coletiva ao lado de Carstens.

Para eventualmente controlar o fluxo de dólares, o Brasil precisaria de um volume elevado de reserva da moeda norte-americana, a fim de poder liquidar compromissos externos sem depender do capital especulativo que vem pra cá. Daí que, na sucessão no FMI, a posição sobre grandes reservas internacionais também entra nas negociações.

Outro requisito para levar o voto brasileiro é abrir a cúpula do Fundo para um representante latino-americano. “Nós queremos, sim, uma participação maior nos cargos do Fundo Monetário. É uma maneira de influenciar as decisões”, afirmou o ministro, criticando, de forma indireta, a predominância do interesse dos mais ricos na institutição.

O Brasil deseja, aliás, que o Fundo tenha, no geral, uma atitude diferente diante dos ricos. Mantega acredita que, tradicionalmente, o FMI tenta resolver problemas dos ricos ditando regras aos pobres. A atitude deveria ser no mínmima equilibrada. “O FMI mudou muito nos últimos anos, em que só fiscalizava países em desenvolvimento e dava as costas para os desenvolvidos (…) É importante que volte a fiscalizar os países avançados, ou melhor, os países que têm problemas que causam problemas nos outros”, afirmou Guido.

O Fundo anunciou dia 20 de maio como seria a sucessão de Straus-Kahn: de 23 de maio a 10 de junho, serão apresentadas candidaturas, para que haja uma espécie de decantação até que sobre uma lista tríplice. A eleição está marcada para dia 30 de junho, em Washington.

As regras anunciadas pelo FMI dizem que os candidatos podem ser de qualquer nacionalidade, e esse é um dos elementos mais importantes, sobretudo para o Brasil, no atual debate sucessório. Mantediz ga defende que que se rompa uma tradição nascida depois da Segunda Guerra Mundial que garantia o comando do FMI a um europeu. “É importante a colocação da candidatura de um emergente. Rompe uma regra antiga do FMI”, disse o ministro. “Seria um grande avanço que a escolha se desse pelo mérito, e não pela nacionalidade”, completou.

Dois pra la, dois pra ca: sempre los hermanos...

Uma dança estranha, na verdade, que não é bem tango, nem samba canção. Deve ser bolero-hesitação.
Ninguém sabe bem o que fazer, e ninguém quer perder a face.
Os argentinos não parecem dispostos a ceder, pois de fato as licenças prévias são automaticamente liberadas em dois meses. Ou seja, basta esperar um pouco...
Paulo Roberto de Almeida

ARGENTINA E A INTERFERÊNCIA DOS ITAMARATECAS
Blogs d'O Estado de S. Paulo
Raquel Landim, 1 de junho de 2011

Conheci o embaixador Antonio Simões quando estive em Caracas em 2008. Estava cobrindo as eleições regionais da Venezuela e aproveitando para fazer matérias sobre os negócios brasileiros no país. Simões me recebeu na embaixada do Brasil e me impressionou as fotos que tinha em sua sala ao lado do “comandante” Hugo Chávez.

Não eram fotos protocolares, mas de bons amigos. Nessa viagem, me encontrei com os executivos responsáveis pelas maiores empresas brasileiras instaladas na Venezuela. E todos me fizeram relatos da ligação de Chávez com o governo do PT e do bom trânsito do embaixador Simões, que era prontamente recebido pelo presidente venezuelano.

Por isso, não me espantou quando negociadores do setor privado envolvidos nas discussões entre Brasil e Argentina me disseram que o Itamaraty tinha escalado Simões para tenta “apaziguar os ânimos” com o governo de Cristina Kirchner. Chávez é um amigo e aliado político importante dos Kirchner na região. Procurei o embaixador, que hoje é sub-secretário de América do Sul do Itamaraty, mas ele não quis dar entrevista.

As negociações entre Brasil e Argentina, que podem culminar com um acordo amanhã em Brasília, estão sendo conduzidas pelo ministério do Desenvolvimento. O titular da pasta, Fernando Pimentel, vai se encontrar com a ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi. Ele, inclusive, insistiu para que ela viesse ao País, com o objetivo de reduzir o conflito entre os dois sócios do Mercosul. E as negociações técnicas são lideradas pelo secretário-executivo Alessandro Teixeira. O ministério do Desenvolvimento nega que o Itamaraty esteja interferindo nas negociações.

Fontes consultadas pelo Estado, no entanto, contaram que Simões começou a acompanhar as reuniões e a “costurar” um entendimento com os argentinos. Em Buenos Aires, pipocam reclamações de que o Brasil não estaria sendo compreensivo com o vizinho em um momento eleitoral. Pessoas ligadas a Cristina reclamam que, na última campanha eleitoral por aqui, o PT pediu apoio e a Argentina deu uma “trégua”.

Cristina deve anunciar sua candidatura no dia 23 de junho, pouco depois da Cúpula do Mercosul. A situação é delicada, porque ela não quer demonstrar fraqueza para não melindrar sua indústria, mas também não pode bater de frente com o governo do PT, que é admirado do outro lado da fronteira. O correspondente Ariel Palacios me contou que é impressionante a popularidade de Lula e Dilma com aos argentinos.

O Brasil disparou um “tiro de canhão” contra a Argentina quando impôs licenças não-automáticas de importação para veículos. Ontem, no porto de Rio Grande, mais de 5 mil veículos argentinos estavam parados nos pátios. A medida foi vista em Buenos Aires com uma retaliação e uma declaração de “guerra comercial”, embora o Brasil estivesse apenas reagindo a meses de barreiras burocráticas contra os produtos brasileiros.

O objetivo de Pimentel nunca foi o conflito, mas forçar os argentinos a sentar na mesa de negociação. O governo Kirchner vinha se fazendo de “surdo” às constantes reclamações do Brasil. Ao serem atingidos, tiveram que conversar. A avaliação no ministério do Desenvolvimento é que o objetivo foi cumprido e agora é hora de resolver a situação, para evitar problemas mais graves para as indústrias dos dois países.

O Itamaraty vinha mantendo um perfil muito discreto nas negociações. No início do ano, o embaixador Ruy Nogueira, secretário-geral do ministério das Relações Exteriores, esteve em Buenos Aires, tentando convencer os argentinos a marcar uma reunião ministerial para liberar os produtos brasileiros, mas não conseguiu. Voltou irritado da viagem e por ordem da presidente Dilma Rousseff o assunto passou a ser técnico e tratado no ministério do Desenvolvimento.

Agora o ministério das Relações Exteriores volta a cena para impedir a “escalada do conflito” e evitar que “a esfera econômica contamine a relação política”. É hora de lembrar a todos os envolvidos da importância do mercado argentino para as exportações brasileiras e vice-versa. Mas, ao contrário do que ocorria na administração Lula, não se espera que o governo “sacrifique” a indústria nacional para agradar o vizinho. A ordem de Dilma é exigir contrapartidas. Vamos ver o que acontece amanhã.

P. S.: Os dados da balança comercial de maio, divulgados hoje à tarde, confirmam a força do “tiro de canhão” do Brasil contra a Argentina. As importações vindas da Argentina cresceram só 10,1% em maio, bem abaixo da alta de 31,8% das compras totais do Brasil. Em abril, o ritmo de crescimento das importações de produtos argentinos era três vezes maior: 35,4%(!). E não é à toa que os pátios dos portos estão lotados de veículos. As compras brasileiras de carros argentinos caíram 24,2% em maio em relação a abril.

Brasil: agenda econômica em debate - CINDES, 5 anos (RJ, 10/06/2011)

Brasil: agenda econômica em debate

Na comemoração dos seus cinco anos, o Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes) realizará, no próximo dia 10, o seminário "A agenda econômica internacional do Brasil - desafios para os próximos anos".

O evento será realizado no Rio de Janeiro e contará com a presença de especialistas brasileiros e estrangeiros. Os debates abordarão o posicionamento do Brasil frente à agenda econômica internacional e os desafios para a competitividade brasileira impostos pelas novas tendências do comércio internacional.

Participarão do seminário os seguintes especialistas: Marcelo de Paiva Abreu (PUC); Eduardo Viola (UNB); Pedro da Motta Veiga (CINDES); Paulo Roberto de Almeida (UniCEUB); Régis Avanthay (OECD Development Center); Lia Valls (FGV-RIO); Emb. Valdemar Carneiro Leão (MRE); Mauricio Mesquita Moreira (BID), Daniel Lederman (Banco Mundial); José Guilherme Reis (Banco Mundial); José Roberto Mendonça de Barros (MB Associados); José Augusto Fernandes (CNI).

Confira aqui a agenda do evento e informações sobre inscrições.

Um Congresso com "bolas" (no sentido figurado, claro...)

Não, é evidente que não estou no falando da contrafação de parlamento que existe aqui por perto, mas de um congresso que assume suas responsabilidades quando vê algo ilegal --- ou anticonstitucional -- sendo praticado.
Em certos países, violar a lei sai barato, talvez até a custo zero...
Enfim, nem sempre se pode contar com um parlamento macho -- estrito et lato sensii -- como o dessa república teocrática...
Paulo Roberto de Almeida

Atritos
Parlamento do Irã decide levar Ahmadinejad à Justiça
O Globo, 01/06/2011

TEERÃ - O Parlamento do Irã declarou nesta quarta-feira que o presidente Mahmoud Ahmadinejad violou a constituição do país ao se autoproclamar ministro do Petróleo e decidiu remeter o caso ao Judiciário do país. A decisão é a mais recente ação da assembleia contra Ahmadinejad desde que o presidente desafiou em abril o líder supremo do Irã , aiatolá Ali Khamenei, ao tentar demitir o poderoso ministro da Inteligência, Heidar Moslehi.
No mês passado, Ahmadinejad provocou a ira do Conselho de Guardiões - órgão fiscalizador da constituição do Irã - ao demitir o ministro do Petróleo, Masoud Mirkazemi, e se declarar responsável pela pasta. O presidente reestruturou seu Gabinete reduzindo oito ministérios a quatro sem consultar o Parlamento.
Ahmadinejad tem o poder de demitir ministros e substituí-los por novos chefes por até três meses sem a aprovação do Parlamento. Mas a nomeação do próprio presidente como responsável pelo ministério do Petróleo - o setor mais lucrativo do Irã - foi encarada como um movimento ilegal.
Ainda não está claro se a votação dos parlamentares desta quarta-feira vai ser também seguida de punições ou de um processo contra Ahmadinejad. O Parlamento aprovou por 165 votos a um remeter o presidente ao Judiciário.
"Esta ação ilegal e repentina vai prejudicar os interesses da República do Irão em um nível global. Como ministro do Petróleo, Ahmadinejad emitiu e vai continuar a emitir ordens que são claramente uma interferência ilegal", disse o comitê de energia do Parlamento em um comunicado.
Os atritos são parte de uma luta por poder diante das eleições parlamentares no próximo ano e da votação para o sucessor de Ahmadinejad em 2013.
No mês passado, cerca de 50 parlamentares assinaram uma petição para convocar Ahmadinejad para uma sabatina na Casa a fim de esclarecer uma longa lista de acusações, incluindo a recusa de pôr em prática leis aprovadas pelo Parlamento e a falta de transparência no Orçamento do governo. A iniciativa dos parlamentares poderia enfraquecer o governo de Ahmadinejad, num primeiro passo para um pedido de impeachment.
Ao menos um quarto dos parlamentares precisam assinar a petição antes que o presidente possa ser questionado. Se a Casa de fato aprovar a convocação de Ahmadinejad, ele seria o primeiro presidente iraniano a responder a questionamentos no Parlamento desde a Revolução Islâmica há 32 anos.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Nao confie em Premios Nobel, nenhum: eles tambem sao malucos...

Pois é, até mesmo Vargas Llosa, que eu considera um ser pensante, minimamente racional, derrapou feio nessa questão das escolhas eleitorais no Peru...
Amor próprio consegue ser maior que a razão...
Motivo para um bom romance, talvez...
Paulo Roberto de Almeida

Vargas Llosa rompe con el diario peruano 'El Comercio' por favorecer a Keiko Fujimori
EL PAÍS | Madrid 31/05/2011

El escritor cancela su colaboración con el periódico, al que tacha de manipulador

El escritor Mario Vargas Llosa ha solicitado hoy a EL PAÍS que deje de enviar su columna dominical Piedra de toque al diario peruano El Comercio, al que acusa de "manipular la información" y haberse convertido en una "máquina propagandística de la candidatura de Keiko Fujimori".

El premio Nobel de literatura apoya al candidato presidencial Ollanta Humala, a quien considera un mal menor ante la posibilidad de que gobierne el país Keiko Fujimori, hija del expresidente Alberto Fujimori, actualmente en prisión por delitos contra los derechos humanos y corrupción.

Tras solicitar el cese de sus colaboraciones con El Comercio, el novelista ha remitido una carta al director del diario, Francisco Miró Quesada, y a varios medios de Perú, en la que explica por qué había solicitado a EL PAÍS, titular de los derechos sobre sus artículos dominicales, que cancelasen sus colaboraciones con El Comercio.

"Desde que un puñado de accionistas, encabezados por la señora Martha Meier Miró Quesada, tomó el control de ese diario y del grupo de canales de televisión y periódicos de que es propietario, el periódico se ha convertido en una máquina propagandística de la candidatura de Keiko Fujimori que, en su afán de impedir por todos los medios la victoria de Ollanta Humala, viola a diario las más elementales nociones de la objetividad y de la ética periodísticas: silencia y manipula la información, deforma los hechos, abre sus páginas a las mentiras y calumnias que puedan dañar al adversario a la vez que en todo el grupo de medios se despide o intimida a los periodistas independientes, y se recurre a las insidias y golpes bajos de los peores pasquines que viven del amarillismo y del escándalo. No puedo permitir que mi columna Piedra de toque siga apareciendo en esa caricatura de lo que debe ser un órgano de expresión genuinamente libre, pluralista y democrático", advierte Vargas Llosa en su misiva dirigida al director de la publicación y de la que se han hecho eco varios medios de Lima, y a la que ha tenido acceso EL PAÍS.

Vargas Llosa añade finalmente que se aparta del diario El Comercio "por segunda vez y de manera definitiva".

Fuentes del grupo mediático El Comercio indicaron a El PAÍS que su diario ha publicado hasta ahora todas las columnas de Vargas Llosa, incluso en las que abogaba expresamente por el voto por Humala.

Las últimas encuestas electorales, publicadas el domingo, reflejaban una pugna muy reñida entre ambos candidatos y daban una ligera ventaja de entre uno y tres puntos a Fujimori. Otra encuesta, de la empresa Imasen, publicada por el diario La República, le otorgaba ventaja a Humala, por lo que la incertidumbre se mantendrá.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Raymond Aron: meu pensador preferido - coloquio em Paris

Helas, não vou poder estar...
Meu livro: Os Primeiros Anos do Século XX: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas (São Paulo: Paz e Terra, 2001)
é apropriadamente aroniano.
Paulo Roberto de Almeida

COLLOQUE
Raymond Aron, penseur de l'Europe et de la nation
Paris, 7 juin 2011

Raymond Aron, penseur de l’Europe et de la nation, journée d’études, mardi 7 juin 2011, EHESS - Amphithéâtre François-Furet, 105 Bd Raspail, 75006 Paris
-Centre d’études sociologiques et politiques Raymond Aron (CESPRA)
- Société des Amis de Raymond Aron
Il s’agira d’éclairer, à partir de différents points de vue, la question de la nature et du destin à la fois de la nation et de la « construction européenne » telle qu’elle a été présentée par la pensée aronienne. À travers le problème de la forme politique propre à l’Europe, la journée d’études se propose plus généralement de dégager la science politique qu’Aron nous lègue pour mieux comprendre la condition humaine et la situation présente des pays européens.

9h00 – Ouverture de la journée d’études par Philippe Urfalino, directeur d’études à l’EHESS, directeur du CESPRA et Pierre Manent, directeur d’études à l’EHESS, membre du CESPRA, responsable de la formation doctorale « Études politiques ».
9h15 – Présentation de la journée d’études par Giulio De Ligio (Université pour étrangers de Pérouse).
9h30-11h - Qu’est-ce qu’une nation ?
Présidente de séance : Dominique Schnapper (EHESS/CESPRA)
Giulio De Ligio (Université pour étrangers de Pérouse) : Nature et destin des nations : Aron et la forme politique de l’Europe.
Danny Trom (EHESS/GSPM) : L'État d'Israël comme objet de pensée et d'expérience chez Raymond Aron.
Pause café (salle 1)
11h30-13h – Penser politiquement l’Europe
Président de séance : Philippe Raynaud (Université Paris II)
Joël Mouric (Université de Bretagne occidentale) : Raymond Aron, citoyen français et intellectuel européen.
Agnès Bayrou (Sciences po-Paris) : L’Europe comme corps politique ? La science politique aronienne de la construction européenne.

Pause déjeuner
15h-17h – Les nations européennes à l’aube de l’histoire universelle : situation et dimensions
Président de séance : Pierre Manent (EHESS/CESPRA)
Matthias Oppermann (Université de Potsdam) : Raymond Aron et la défense de l’Europe. Questions militaires et politiques.
Olivier de Lapparent (Université Paris I) : La crise de la conscience européenne : l'Europe entre décadence et vitalité historique.
Nicolas Baverez (Cabinet Gibson Dunn) : L'Europe, tiers continent dans la mondialisation.

17h-17h30 – Débat général
Conclusion de la journée d’études par Jean-Claude Casanova, président de la Société des Amis de R. Aron et de la Fondation nationale des sciences politiques, directeur de la revue Commentaire.
Pot de l’amitié (salle 8)

Contacts :
Giulio De Ligio : giulio.de@libero.it
Elisabeth Dutartre-Michaut : dutartre@ehess.fr

FOMERCO: Forum Academico sobre o Mercosul, Rio, 14-16/09/2011

FOMERCO
Trata-se de um evento de grande importância no meio acadêmico da integração regional e, portanto, uma excelente oportunidade para expor suas pesquisas e entrar em contato com outros professores e estudantes.

As inscrições poderão ser feitas no site do evento:
http://www.fomerco.com.br/inscricoes

O XII CONGRESSO INTERNACIONAL DE FoMERCO, que tem por tema 20 ANOS DE MERCOSUL, ocorrerá na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), campus Maracanã, entre os dias 14, 15 e 16 de setembro de 2011.

O Fórum Universitário Mercosul (FoMerco) é uma rede acadêmica de Universidades Sul-americanas que se reúne anualmente para discutir e analisar as implicações, as trajetórias, os problemas e os avanços relativos ao processo de integração do Mercosul.

O FoMerco é uma associação civil, sem fins lucrativos, aberta à adesão e participação das instituições de ensino superior (IES) ou órgãos acadêmicos que se dediquem plena ou parcialmente
a atividades relacionadas com o Mercosul e/ou a integração latino-americana.

É finalidade do Fórum promover o intercâmbio entre IES e instituições de pesquisas, através de atividades de cooperação que contribuam para o aperfeiçoamento do ensino, da pesquisa, da extensão e da prestação de serviços referidos ao Mercosul.

Grupos de Trabalho
Eixo 01. Territórios, Fronteira e Infraestrutura de Integração
GT 06 - Segurança, defesa e fronteiras no Mercosul
GT 11 - As migrações internacionais e a América do Sul
GT 14 - A integração física na América do Sul e infraestrutura

Eixo 02. Matrizes de Sustentabilidade no Desenvolvimento Regional
GT 21 - La observación del medio ambiente en América del Sur

Eixo 03. Integração e Cooperação Econômica Regional
GT 16 - Integração econômica, cooperação e desenvolvimento regional
GT 26 - A Amazônia e a cooperação regional

Eixo 04. Regionalismos e Relações entre Blocos
GT 02 - Estado, Mercosul e Unasul
GT 09 - Mercosul: relações políticas com os países andinos
GT 10 - El Mercosur y el nuevo regionalismo sudamericano
GT 18 - O Mercosul e a União Europeia

Eixo 05. Desafios Teóricos para a Integração Regional
GT 07 - Dinâmicas do capitalismo contemporâneo nas relações sul-sul
GT 08 - Novos paradigmas políticos para a integração regional

Eixo 06. Estado e Atores Institucionais de Integração Regional
GT 05 - Estados, municípios, províncias e departamentos no Mercosul: o papel dos governos subnacionais e a paradiplomacia
GT 17 - A institucionalização do Mercosul

Eixo 07. A Questão Agrária e os Movimentos Sociais na América do Sul
GT 27 - A questão agrária e a integração latino-americana

Eixo 08. Desenvolvimento, Inovação e Produção do Conhecimento
GT 12 - Universidade e políticas de C&T na América Latina
GT 19 - Sistemas de Produção e Inovação

Eixo 09. Comunicação, Informação e Poder na América do Sul
GT 03 - Elites e opinião pública na América do Sul
GT 20 - Mídia, democracia e poder
GT 28 - Impactos das novas tecnologias de comunicação e informação no processo de integração

Eixo 10. Identidades e Direitos na América do Sul
GT 01 - Direitos humanos e violência na América do Sul
GT 04 - Pensamento político e social da América do Sul
GT 13 - Identidades sul-americanas cultura(s) jurídica(s) e direito(s) na América do Sul

Eixo 11. Novas Configurações do Trabalho na América do Sul
GT 15 - O mundo trabalho e a integração no Mercosul

Eixo 12. Políticas Sociais para a Integração Regional
GT 22 - Políticas sociais, democracia e suas tendências no Mercosul e América Latina

Eixo 13. O Mercosul Educacional
GT 23 - Estado e políticas de educação no Mercosul: análises e pespectivas
GT 25 - As Universidades, o Fomerco e o Mercosul
GT 29 - Politicas Linguisticas no Mercosul

Eixo 14. Espaço, Arte e Cultura na América Latina
GT 24 - A dimensão da Cultura numa perspectiva latinoamericana: identidade, patrimônio, indústria e gestão cultural.

Corrupcao na esfera publica: uma excelente oportunidade para esclarecer casos escabrosos recentes...

...ou então para ficar calados de vez:

Frente de Combate à Corrupção faz primeira reunião
O deputado Francisco Praciano (PT-AM), coordenador da Frente Parlamentar Mista de Combate à Corrupção convida para 1ª reunião do colegiado, que será realizada hoje, às 17h30, no plenário 14 da Câmara.

Na reunião haverá escolha de algumas proposições Legislativas que tratam do combate à corrupção, a fim de serem apresentadas às Presidências da Câmara e do Senado com pedido de suas inclusões em Ordem do Dia.

Também em pauta proposta de atividades para a Frente nos estados; no âmbito do Congresso Nacional e audiências junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), à Controladoria Geral da União à Procuradoria Geral da República. A reunião servirá também para a escolha dos coordenadores regionais da Frente.

Do Boletim da Liderança do PT na Câmara dos Deputados (31.05.2011)

Acredito que todas as questões atinentes a casos recentes de corrupção possam ser colocadas...
Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Coerencia com as palavras: o minimo que se espera...

Do discurso de posse da presidente eleita Dilma Rousseff (1/01/2011):

A partir deste momento sou a presidenta [ugh!] de todos os brasileiros, sob a égide dos valores republicanos.
Serei rígida na defesa do interesse público. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. A corrupção será combatida permanentemente, e os órgãos de controle e investigação terão todo o meu respaldo para aturem com firmeza e autonomia.


Perguntar não ofende:
Bem, o que está esperando, então?

Paulo Roberto de Almeida

Dominique Strauss-Kahn em seu esporte favorito

NO, YOU CAN'T!!!

O pepino assassino (acredite, existe...)

Não, não se trata de uma nova banda de rock, mas de um pepino verdadeiramente dotado de poderes maléficos, fatais, em certos casos.
Quando a gente pensa em comer saudável -- alimentos, eu quero dizer -- surge alguma surpresa desse tipo para atrapalhar nossa dieta vegetariana. Vamos voltar para a carne vermelha (mas cuidado com a vaca louca, que ainda existe em certos pastos, mais frequentemente em ministérios, porém...).
Paulo Roberto de Almeida

Killer cucumbers' fear spreads across Europe
Agencies, May 31, 2011

AN E. coli outbreak linked to contaminated cucumbers that has killed 14 people and made more than 300 seriously ill in Germany has spread to other north European countries and is expected to worsen in the coming week.

"We hope that the number of cases will go down but we fear that it will worsen," said Oliver Grieve, spokesman for the University Medical Center Schleswig-Holstein in north Germany. Many of those affected by the E.coli outbreak in Germany are being treated at the medical center.

The source of the virulent strain of the bacteria is unknown, German authorities said yesterday ahead of a crisis meeting of federal and state officials in Berlin.
Most of the deaths have been in northern Germany.

The E. coli pathogen has been identified on cucumbers imported from Spain but it is unclear if they were contaminated there, during transport or in Germany.

There are 36 cases of suspected E. coli in Sweden, all linked to travel in northern Germany, authorities said.

A small number of cases have been reported in Britain, Denmark, France and the Netherlands, all linked with travel to Germany.

The German government has identified the pathogen as hemolytic-uremic syndrome (HUS), a serious complication of a type of E. coli known as Shiga toxin-producing E. coli (STEC), and said it had killed 14 people and made at least 329 ill.

The European Center for Disease Prevention and Control said in a risk assessment that the HUS/STEC outbreak is one the largest in the world of its kind.

HUS affects the blood, kidneys and, in severe cases, the nervous system and can be particularly serious for children and the elderly.

Some 60 cases of HUS are reported annually in Germany, the government said.

Grieve said his hospital had 82 cases of HUS and 115 confirmed E. coli cases, and said the number of cases there had doubled within the past few days.

The northern port city of Hamburg alone has reported 488 cases of E. coli since the outbreak began in mid-May and has 94 cases of HUS.

A hospital in the city said it was transferring patients with less serious illnesses to other clinics to cope with the flood of HUS patients.

Spain meanwhile said yesterday it was mulling taking action over Spanish cucumbers being blamed for the outbreak.

"There is no proof of this and so we will demand explanations from who has attributed this matter to Spain," Diego Lopez Garrido, secretary of state for the European Union, told journalists.

Horticultural farms in the southern Spanish region of Andalusia have been losing 7 to 8 million euros per day since German authorities linked the bacteria to Spanish cucumbers last week.

German authorities have warned consumers to avoid eating cucumbers, lettuces and tomatoes and have ordered some products removed from store shelves.

"As long as the experts in Germany and Spain have not been able to name the source of the agent without any doubt, the general warning for vegetables still holds," German Consumer Protection Minister Ilse Aigner said on Sunday.

Authorities in Sweden have warned Swedes traveling to north Germany to steer clear of cucumbers, tomatoes and salad.

Austria's food safety agency ordered a recall of organically grown cucumbers, tomatoes and eggplant supplied by a Spanish producer thought to be the source of the outbreak. It said 33 Austrian stores were affected.

China age para vetar Brasil no Conselho de Segurança

Ainda bem que somos "aliados estratégicos".
Imaginem se não fôssemos...
Paulo Roberto de Almeida

China age para vetar Brasil no Conselho de Segurança
Assis Moreira - De Deauville (França)
Valor Econômico, 30/05/2011

A China, o mais poderoso país do Brics, grupo que o Brasil integra, ampliou ofensiva diplomática contra tentativas de ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma das reivindicações da política externa brasileira. O Valor apurou que o governo chinês tenta agora torpedear um projeto de resolução que o G-4 - Brasil, Índia, Alemanha e Japão, todos candidatos a um assento permanente no Conselho de Segurança - planeja apresentar em breve à Assembleia Geral da ONU.

O projeto, que tem 71 apoios firmes, procura fazer com que a Assembleia sancione a necessidade de expandir as duas categorias de membros do Conselho de Segurança, os permanentes e os não permanentes. É uma tentativa de dar fôlego politico à discussão e obter o reconhecimento de que o mundo mudou e que as mudanças têm de ser incorporadas na estrutura das instituições de governança global.

O governo chinês mandou seus representantes advertirem as delegações diplomáticas africanas na sede da ONU, em Nova York, a não apoiarem nenhuma resolução por reforma do Conselho de Segurança. Para ter a certeza de que a mensagem foi bem recebida, Pequim também despachou emissários a capitais na África.

Nos círculos do G-8, dos países industrializados, fontes confirmaram também a existência de um telegrama diplomático atribuído à missão americana na ONU, que teria sido divulgado pelo Wikileaks, relatando antiga demanda da China para os Estados Unidos não levarem adiante uma reforma na organização.

No plano bilateral, Pequim tem dito ao Brasil que no momento adequado não vai complicar o pleito brasileiro. No entanto, o sentimento é de que os chineses fazem tudo para que esse momento nunca chegue.

A pressão chinesa visa bloquear a entrada do Japão e garantir para si a posição de único emergente com assento permanente no Conselho, o que lhe dá a aura de representante dos países em desenvolvimento. Se entram Brasil e Índia, os chineses tem reduzido seu poder.

A China não tem sido especialmente solidária com os países em desenvolvimento na cena multilateral. Na reforma das quotas para dar mais poder aos emergentes no Fundo Monetário Internacional, em 2010, Pequim não ajudou o Brasil a lutar por um resultado mais amplo e equilibrado. Agora, tampouco quer brigar por um representante emergente para dirigir o Fundo, preferindo apostar na conquista para um chinês do cargo de número dois.

Pra frente Mercosul, despacito, quase parando...

Duas chamadas contraditórias:

30-05-2011 07h22 |Internacional
Com visita ao Uruguai, Dilma cumpre meta de dar prioridade ao Mercosul

30-05-2011 07h20 |Internacional
Uruguai se esforça para reduzir dependência do Mercosul

Nem vamos transcrever as matérias: vale pelo mistério que o Mercosul encerra...
Buenas noches Mercosur...

O chavismo esta vivo, e incomodando...

A volta de Manuel Zelaya a Honduras, na verdade, não representa nenhuma grande ameaça para a paz e segurança internacionais, dessas a requerer pronta ação do CSNU, sequer para a paz e a segurança regional, ou quiçá da América Central, embora possa, de fato, representar uma ameaça para a paz e a democracia de seu próprio e minúsculo país.
Aquele que deveria ter sido mais um líder chavista na região, nunca conseguiu ser o que pretendia, de forma histriônica e desastrada. Só existiu politicamente nas manchetes inteiramente por causa do coronel petroleiro do Caribe.
Não se sabe por que raios, então, o Brasil foi se meter nessa aventura, e da pior forma possível, apoiando um golpista e depois patrocinando uma vergonha violação do direito internacional e de suas próprias regras constitucionais, ao patrocinar acolhimento e forte apoio político na nossa embaixada em Tegucigalpa durante meses e meses. Ou se sabe, sim, e tudo por causa dos instintos bolivarianos e chavistas de certas pessoas que aconselhavam (mal) o ex-dirigente semi-bolivariano.
Agora passou, mas pode voltar, por isso é oportuno este artigo de Carlos Malamud.
Paulo Roberto de Almeida

El retorno de Zelaya y el futuro de la democracia en Honduras
Por CARLOS MALAMUD
Infolatam, Madrid, 29 de mayo 2011

(Especial para Infolatam).- Con más de tres horas y media de retraso sobre el horario previsto, Manuel Zelaya volvió a Honduras tras su brusca expulsión del poder por fuerzas militares hace casi dos años. En todo este tiempo pudo sobrevivir políticamente gracias al apoyo de Hugo Chávez, a tal punto que Zelaya y sus acompañantes volaron a Honduras en dos aviones venezolanos. Probablemente por ello el presidente Chávez escribió en su cuenta de twitter: “Volvió Mel Zelaya a su patria hondureña. ¡Es una gran victoria del pueblo hondureño! ¡Abajo las dictaduras! ¡Viva el poder popular, viva la democracia real!”.

Si bien sus numerosos seguidores esperaron largas horas a pleno sol, su esfuerzo fue compensado por la fiesta que acompañó la llegada. Pero más allá de las muestras de fervor popular que acompañaron su regreso, hay más dudas que certezas en el futuro de Honduras y su sistema democrático. El comienzo del discurso de Zelaya es un claro testimonio de la alianza heterogénea que lo respalda: “Camaradas del Frente Nacional de Resistencia Popular, liberales en resistencia, resistencia de la Unificación Democrática, de los otros partidos Pinu, Partido Nacional, Democracia Cristiana, hermanos maestros, hermanos obreros, campesinos, hermanos indígenas, grupos de defensa de los derechos humanos, grupos lésbicos, negros y misquitos, a la juventud, que reclamaron la democracia”

El ex presidente era esperado en Tegucigalpa por un representante del actual presidente, Porfirio Lobo, y el secretario general de la Organización de Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza. También estaban los ministros de exteriores de Colombia y Venezuela, María Angela Holguín y Nicolás Maduro, en representación de los países impulsores del pacto de Cartagena que hizo posible la vuelta de Zelaya. Entre quienes lo acompañaron de su exilio en República Dominicana, vía Nicaragua, estaban el ex presidente de Panamá Martín Torrijos, la ex senadora colombiana Piedad Córdoba, Marco Aurelio García, asesor internacional de Dilma Rousseff, y muchos representantes de los países de la Alianza bolivariana de los pueblos de nuestra América (ALBA),aunque Daniel Ortega finalmente no se desplazó a Tegucigalpa.

Los organizadores del acto, especialmente los dirigentes del Frente Nacional de Resistencia Popular (FNRP), esperaban un baño de multitudes en homenaje a su coordinador general. Pese a las declaraciones de que habían reunido entre medio millón y un millón de personas, la cifra de asistentes fue sensiblemente inferior. Esta situación coloca a Zelaya y al FNRP frente a uno de los primeros condicionantes, ¿cuál es su verdadero apoyo popular?

La respuesta a esta pregunta es trascendente, ya que si se mantienen los objetivos iniciales del movimiento, y el discurso del sábado de Zelaya lo confirma, la idea es rescatar el proyecto de la “cuarta urna” y convocatoria de una Asamblea Constituyente que permita la reelección. Por eso Zelaya dijo: “Vamos a la Constituyente para recuperar el poder”. Pero como saben sus amigos bolivarianos, una cosa es impulsar las reformas constitucionales desde el poder, manejando todos los resortes institucionales y controlando el presupuesto público, y otra muy distinta es hacerlo desde el llano, desde la incomodidad de la oposición.

Para colmo de males nadie sabe, y parece que Zelaya tampoco, desde qué lugar de la oposición, y con qué estructuras partidarias y organizativas, se impulsará el proyecto “revolucionario”. Según Patricia Rodas, ex ministra de Exteriores de Zelaya, y una de las voces más activas después de su caída: “Ahora viene la lucha, la movilización, pero fundamentalmente prepararnos para asumir el poder, con un pueblo hondureño organizado en la Resistencia, por medio de la cual vamos a transformar este país y eso no tiene colores políticos”. Sin embargo, la misma Rodas reconoció que por un lado existe la “resistencia liberal” y por el otro la “resistencia popular”.

Ésta es precisamente una de las claves sobre las cuáles girará el futuro de Zelaya y de su proyecto político. Zelaya sabe que fuera de los dos partidos tradicionales, el Liberal (al que pertenecía) y el Nacional (el del actual presidente) hay poco margen para la política en serio y que construir desde la nada es muy difícil. Si bien están sentadas las bases para el reconocimiento del FNRP como partido político todavía hay que recorrer un largo camino. Por eso sus dudas: ¿retornar a la disciplina del Partido Liberal para transformarlo desde dentro en una fuerza “revolucionaria” o apostar por el FNRP? Pero la vuelta al liberalismo podría tener un costo adicional si no se logran rápidamente los objetivos propuestos: el abandono del respaldo de Chávez y de sus dineros vía Petrocaribe. Resultaba muy significativa la parafernalia “bolivariana” montada en el acto de recibimiento.

Tras su mitin público junto al aeropuerto, Zelaya fue recibido en la casa de gobierno por el presidente Lobo. Se puede decir que Lobo y Zelaya fueron los dos grandes ganadores de la jornada. Y aquí se observa una de las grandes paradojas de la actual política hondureña: Lobo es un ex comunista (estudió en Moscú en la universidad Patricio Lumumba) reconvertido en político de derechas, y Zelaya es un ex derechista y gran hacendado reconvertido en populista y bolivariano. De cara al futuro lo interesante será ver en que dirección y a favor de quien se decantan los acontecimientos hondureños.

Si Zelaya quiere reforzar la democracia en su país y hacer realidad su clamor de no más golpes de estado, debe renovar su discurso y apostar por reforzar las estructuras organizativas de sus sectores afines. Es un gran trabajo y no sé si el ex presidente estará a la altura de las circunstancias. Hasta ahora mantenía un discurso fuertemente anclado en el pasado, habrá que ver si su regreso a Honduras lo conecta con el presente y el futuro y lo convierte en un activo de la democracia de su país. Para ello, y para lograr reinsertar a Honduras en el contexto internacional Porfirio Lobo jugó bien sus cartas. ¿Quién ganará la próxima mano?

CARLOS MALAMUD - Catedrático de Historia de América de la Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), de España e Investigador Principal para América Latina y la Comunidad Iberoamericana del Real Instituto Elcano de Estudios Internacionales y Estratégicos. Ha sido investigador visitante en el Saint Antony´s College de la Universidad de Oxford y en la Universidad Torcuato Di Tella de Buenos Aires y ha estado en posesión de la Cátedra Corona de la Universidad de los Andes, de Bogotá. Entre 1986 y 2002 ha dirigido el programa de América Latina del Instituto Universitario Ortega y Gasset, del que ha sido su subdirector. Actualmente compatibiliza su trabajo de historiador con el de analista político y de relaciones internacionales de América Latina. Ha escrito numerosos libros y artículos de historia latinoamericana. Colabora frecuentemente en prensa escrita, radio y TV y es responsable de la sección de América Latina de la Revista de Libros.

Brasil-Argentina: sao dois pra la, tres pra ca... ou cada um dança sozinho...

Impasse com a Argentina
Editorial - O Estado de S.Paulo
29 de maio de 2011

Dois dias de negociações foram insuficientes para a superação do novo impasse comercial entre Brasil e Argentina, as duas maiores economias do Mercosul, uma união aduaneira cada vez mais desmoralizada. Dos dois lados da fronteira caminhões carregados com produtos continuarão sendo barrados, com prejuízos para indústrias e consumidores. A crise intensificou-se a partir do dia 12, quando o governo brasileiro impôs licenças não automáticas à importação de carros. A medida foi anunciada, oficialmente, como válida para todos os parceiros, mas o grande objetivo era mesmo barrar o ingresso de veículos argentinos. A decisão de Brasília foi uma resposta à política de barreiras adotada há anos por Buenos Aires e agravada, há meses, pela suspensão das licenças automáticas para vários produtos brasileiros. Durante meses a importação de máquinas agrícolas brasileiras ficou quase totalmente suspensa, mas vários outros produtos, como chocolates, calçados, geladeiras e fogões - entre outros - estão sujeitos a limitações comerciais.

Delegações discutiram a situação na segunda e na terça-feira, em Buenos Aires. No fim da semana anterior, os dois lados haviam liberado a passagem de alguns produtos pela fronteira, para demonstrar boa vontade. Terminada a reunião, o governo argentino anunciou, em nota, um acordo para "promover o desenvolvimento integrado". Além disso, os dois lados avançaram, segundo a nota, "nas negociações para liberação gradual das licenças pendentes". Nenhum detalhe sobre como seria essa liberação foi acrescentado. Fontes argentinas e brasileiras, ouvidas depois da reunião, concordaram pelo menos quanto a um ponto importante: nenhum acordo sério havia sido alcançado.

Fontes brasileiras atribuíram o fracasso do encontro à disposição dos argentinos de tratar da política industrial dos dois países, em vez de negociar a eliminação das barreiras. O governo argentino tem reivindicado, entre outras concessões, financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para suas exportações. Não é função do BNDES fornecer esse tipo de crédito.

Além disso, as autoridades argentinas insistem na manutenção de limites para o ingresso de várias categorias de produtos. Algumas indústrias, como a de calçados, já se submetem há anos a um regime de cotas. Uma das consequências foi a perda de espaço para produtores de outros países, porque o mercado argentino continuou em expansão.

Empresários brasileiros foram praticamente forçados a aceitar essa "autorrestrição" no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porque a diplomacia econômica defendia concessões aos latino-americanos, como preço de uma liderança imaginária. Concessões injustificáveis foram feitas e isso estimulou o protecionismo argentino e prejudicou a construção de um efetivo mercado comum.

O governo da presidente Dilma Rousseff pareceu tomar outro rumo. A suspensão da licença automática para importação de veículos foi uma resposta dura, porque esse comércio representa um quarto das exportações argentinas para o Brasil. O objetivo, obviamente, não deveria nem deve ser a instalação de mais uma barreira entre os dois países. O peso dessa decisão deveria servir para mostrar a disposição brasileira - quase nula nos últimos anos - de tratar o comércio bilateral com seriedade.

Apesar dessa resposta, o governo argentino se mostra disposto a manter o protecionismo, uma política intensificada a partir de 2008 e justificada, na ocasião, pela crise internacional. Se o governo brasileiro recuar - e se continuar, por exemplo, apoiando sem discussão o regime de cotas -, sua diplomacia voltará rapidamente ao caminho errado.

Sem fechar as portas à conciliação e até a algumas concessões, Brasília deve agir para restabelecer as condições mínimas indispensáveis a uma zona de livre comércio. O mero cumprimento de uma regra internacional - o prazo de 60 dias para liberação de licenças - é insuficiente. Os sócios do bloco simplesmente deveriam eliminar restrições desse tipo. Um compromisso sério e leal com a liberação do comércio deve ser um requisito básico de qualquer entendimento.

domingo, 29 de maio de 2011

O Itamaraty como inimigo da transparencia (pelo menos aparece assim)

É o que dizem nesta matéria sobre a Lei Geral do Acesso à Informação, em debate no Congresso.
O Itamaraty, alegam, estaria fazendo obstrução por causa de bisonhos papéis da guerra do Paraguai. Não creio que seja isso: coisa velha demais não impressiona muito, mesmo no plano diplomático. Não acredito que revelações espetaculares venha a luz para envenenar nossas relações com os vizinhos.
Deve ser coisa mais recente, de gente ainda viva, e muito viva, por sinal...
Aposto mais na ditadura e após, e não apenas por razões políticas...
Paulo Roberto de Almeida

INFORMAÇÕES PÚBLICAS
Os inimigos da transparência
Por Luiz Egypto
Observatório da Imprensa, 25/5/2011

Por acordo de líderes, não foi a exame no plenário do Senado, na terça-feira (24/5), o projeto de lei número 41, de 2010, a Lei Geral do Acesso à Informação. Trata-se de mais uma tentativa de regulamentar dispositivos da Constituição de 1988 que aparecem bonitos no texto, mas não têm efeito prático algum. Este, em especial, trata dos "procedimentos a serem observados pelos órgãos públicos para garantir o acesso à informação previsto na Constituição", de acordo com a ementa do projeto.

O texto regulamenta critérios de sigilo aplicáveis a documentos oficiais e o acesso a informações públicas de todos os poderes e esferas de governo. É matéria cuja aprovação significa avanço considerável do direito à informação no Brasil. Prevê providências como a obrigação de os órgãos públicos informarem na internet sua estrutura organizacional, suas despesas e processos licitatórios. Estabelece prazo de 20 dias para responder aos pedidos de informação e estipula punição ao servidor que se negar – injustificadamente – a fornecê-la.

Trâmite espinhoso
O projeto foi aprovado na Câmara estava pronto para ser votado no Senado em sessão de 3 de maio, Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, mas ficou retido na comissão presidida pelo senador Fernando Collor de Mello.

Um acordo de líderes aprovou requerimento de urgência para que a votação ocorresse na quarta-feira (18/5), mas outra vez o senador Collor brecou a tramitação. Ele pediu prazo para negociar emendas que pretende propor. Estas, se acatadas, obrigarão o projeto a voltar à Câmara para ser rediscutido, como manda o regimento.

Resistência do Itamaraty
A imprensa abandonou a cobertura do assunto no final de abril. Noticiou-se, então, a intenção da presidente Dilma Rousseff de ver o texto aprovado em 3 de maio. Mencionavam-se resistências do Ministério da Defesa – repressão política foi exercida durante a ditadura por militares em instalações militares, o que incluiu torturas, assassinatos e "desaparecimentos" − e do Itamaraty, que estaria preocupado com a abertura dos arquivos da Guerra do Paraguai (1864-1870) e de documentos relativos às relações com a Bolívia. Em 1903, como se sabe, esse país perdeu para o Brasil o atual estado do Acre.

O Ministro da Defesa, Nélson Jobim, declarou que a pasta não opõe qualquer restrição ao texto enviado pela Câmara ao Senado. A resistência efetiva, comenta-se em Brasília, viria do Itamaraty, e não apenas devido às relações com Paraguai e Bolívia, mas principalmente em função do envolvimento do Ministério das Relações Exteriores na Operação Condor, que uniu na troca de informações e na repressão as ditaduras de Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai, Chile e Bolívia.

O punho e a renda
Esse capítulo sombrio da história da diplomacia brasileira é o pano de fundo político do romance O punho e a renda, publicado em 2010 pelo diplomata aposentado [corrijo, PRA: ainda não está aposentado] e escritor Edgard Telles Ribeiro. No livro, diplomatas colaboram com militares dos chamados "órgãos de informação" na perseguição a exilados.

Outro processo ficcionalizado por Telles Ribeiro é o de negociações secretas relativas a contrabando de material sensível, no contexto do acordo nuclear Brasil-Alemanha, do qual resultou a construção das usinas de Angra dos Reis.

O diplomata e professor Paulo Roberto de Almeida, no ensaio "Do alinhamento recalcitrante à colaboração relutante: o Itamaraty em tempos de AI-5" (Tempo negro, temperatura sufocante – Estado e sociedade no Brasil do AI-5, org. por Oswaldo Munteal Filho, Adriano de Freixo e Jacqueline Ventapane Freitas, 2008), menciona, entre outros episódios, o papel do Ministério das Relações Exteriores na invasão da República Dominicana, promovida em 1965 pelos Estados Unidos com a participação de tropas de diversos países, Brasil inclusive, e, ao longo de vários anos, um esforço sistemático junto a países escandinavos para impedir que o Prêmio Nobel da Paz fosse concedido a D. Hélder Câmara, adversário do regime militar. [Corrijo: No caso da República Dominicana, o papel mais importante foi dos militares, não do Itamaraty,]

Collor, Sarney
Outra fonte de resistência é o próprio relator Fernando Collor. Ele estaria preocupado com documentos do período em que foi presidente da República (1990-1992). Soma-se ao grupo dos obstrucionistas o presidente do Senado, José Sarney, igualmente ex-presidente da República (1985-1989).

Sarney não fez nada para acelerar a tramitação da lei, e, segundo a Agência Senado, apoia a proposta, feita por Collor, de que seja formado um conselho de ex-presidentes da República "para colaborar [com a presidente Dilma Rousseff] na decisão sobre os níveis de acesso a informações sigilosas de documentos oficiais".

Em bom português, o nome disso é manobra diversionista. Dá bem a ideia do poder da resistência a um projeto democrático.

Com a colaboração de Mauro Malin

Leia também
Mídia subestima acesso à informação pública

Matematica politica (so no Brasil...; enfim, talvez na India, tambem...)

...e no Japão, e na Itália, enfim, tem matemática política por todo lado, mas isso não importa aqui. Cada país tem a política que merece, assim dizem.

Mas só o nosso tem uma matemática exemplar, melhor que a do Bill Gates, como já cansei de comparar aqui.
Assim vejamos.

Se é verdade o que a imprensa diz, que o extraordinário ministro para assuntos extraordinários faturou, enquanto era um reles deputado (existem vários tipos de reles, claro), cerca de 20 milhões de reais (expresso melhor: R$ 20.000.000,00; querem em dólares: US$ 12.500.000,00; DOZE MILHÕES E QUINHENTOS MIL DÓLARES), e se é verdade que um trabalho de consultoria normal (mas pode ser que o do ministro in pectore seja anormal, claro) rende entre 5 e 10%, como comissão, dos valores normalmente (bota normalmente nisso) auferidos pelo contratante, então, a empresa ou as empresas que empregaram o reles deputado como consultor devem ter faturado algo entre:

R$ 100.000.000,00 e R$ 200.000.000,00 (por baixo, claro, o que daria entre US$ 62.500.000,00 e 125.000.000,00).
Ficamos curiosos para saber qual ou quais empresas tiveram negócios acima de CEM MILHÕES DE DÓLARES, para justificar o pagamento.

Ainda um pouco de matemática política.

Se é verdade que o mentor e protetor do reles deputado e grande destruidor das instituições republicanas ganha, para proferir bisonhas palestras para empresários debilóides, e soltar duas ou três piadas sem graça, com alguns palavrões pelo meio, cerca de 200 mil reais, vejamos quantas palestras ele precisaria dar para chegar aos pés (ou a outras partes) do seu reles deputado:

exatamente cem.
Supondo-se que ele não dê mais de uma por semana (e ainda assim seria um esforço extraordinário para quem gosta de ficar bebendo e assistindo jogo de futebol pela TV), ele demoraria cem semanas, ou cerca de DOIS ANOS, para ganhar o que o seu protegido ganhou em dois meses (ou pouco mais).

Tenho a impressão de que, impressionado por essa matemática política, nosso personagem vai querer mudar de ramo: em lugar de palestras ruidosas para ouvintes idiotas, ele vai preferir conversas discretas com espertos qualificados...

Paulo Roberto de Almeida

Todos os livros resenhados: de diplomatas e sobre diplomacia

Ufa, deu trabalho mais terminei.
Fiquei compilando todas as notas e resenhas de livros que fiz, ao longo dos anos, sobre diplomacia brasileira e sobre relações internacionais em geral, tanto os de terceiros autores, quanto aqueles, em lista especial, feitos por diplomatas brasileiros.

Essas listas (atenção, apenas a ementa, ou o registro, não o teor da resenha) foram compiladas por mim e postadas num blog que mantenho exclusivamente para resenhas de livros, justamente, embora nesse caso não seja as próprias resenhas mas apenas o registro sobre elas.

São apenas os registros, os interessados na leitura das notas ou resenhas precisam solicitar os arquivos correspondentes, que podem ser os números dos trabalhos.
(transcrevo apenas o primeiro e o último de cada lista)
Quem quiser consultar, pode ir nestes dois posts:

Resenhas de obras de diplomatas (sobre todos os assuntos)

Retiro de minha lista de trabalhos todos os livros que resenhei que foram escritos por diplomatas, independentemente do assunto, do tempo e lugar, ou seja, obras de autores diplomatas, geralmente enfeixadas na categoria Prata da Casa e como tal publicados no Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB).

Lista cronológica de resenhas de livros de diplomatas brasileiros
(obras de todos os gêneros escritas por diplomatas profissionais do Brasil)

Paulo Roberto de Almeida
(atualizada em Maio de 2011)

148. “Filosofia Política”, Brasília, 15 março 1987, 2 pp. Apresentação do livro de João Almino, O Segredo e a Informação: Ética e política no espaço público (São Paulo, Brasiliense, 1986, 118 pp.). Publicada na seção “Crítica” da revista Humanidades (Brasília, Ano IV, nº 13, maio-julho 1987, pp. 132-33). Relação de Trabalhos Publicados nº 040.
(...)
2277. “Prata da Casa – Boletim ADB 2o. trimestre 2011”, Brasília, 26 março 2011, 3 p. Notas sobre os seguintes livros: José Augusto Lindgren Alves: Viagens no Multiculturalismo: O comitê para a eliminação da discriminação racial, das Nações Unidas, e seu funcionamento (Brasília: Funag, 2010, 256 p.; ISBN: 978-85-7631-258-1); Paulo Roberto de Almeida, Rubens Antônio Barbosa, Francisco Rogido Fins (orgs.): Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil: coleções documentais sobre o Brasil nos Estados Unidos (Brasília: Funag, 2010, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-274-1); Denis Rolland; Antonio Carlos Lessa (coord.): Relations Internationales du Brésil: Les Chemins de la Puissance; vol. I: Représentations Globales (Paris: Harmattan, 2010, 322 p.; ISBN: 978-2-296-13543-7; 2 volumes); Michel Arslanian Neto: A Liberalização do Comércio de Serviços no Mercosul (Brasília: Funag, 2010, 408 p.; ISBN: 978-85-7631-255-0); Fernando Cacciatore de Garcia: O Ritual dos Pastores: Memórias de um homossexual na infância (romance) (Porto Alegre: Editora Sulina, 2011, 263 p.; ISBN: 978-85-205-0605-9) e Marcelo Cid (introdução, tradução e notas): Priapeia: Poesia erótica latina em honra ao deus Príapo – edição bilíngue (Jundiaí, SP: Editora Literarte, 2010, 80 p.; ISBN: 978-85-7487-044-3), revisando notas já preparadas sob n. 2255. Boletim ADB (ano 17, n. 73, abr-mai-jun 2011, p. 31-32; link: www.adb.org.br).

(neste link)
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Resenhas de livros sobre diplomacia brasileira e relacoes internacionais

Transcrevo abaixo, retirados de minhas listas completas de trabalhos, os registros relativos a todos os livros que resenhei, anotei, referi-me em trabalhos ou resenhas escritas na area de relações internacionais e política externa do Brasil.
Não é a lista completa de livros que resenhei, pois dela retirei aqueles romances ou obras de literatura que não tinham a ver com o campo delimitado.

Lista cronológica de resenhas de livros sobre Diplomacia
(e sobre temas de relações internacionais em geral)

Paulo Roberto de Almeida
(atualizada em Maio de 2011

126. “Dívida Externa”, Brasília, 31 agosto 1986, 5 pp. Resenha-crítica ao livro de Santiago Fernandes, A Ilegitimidade da Dívida Externa do Brasil e do III Mundo (Rio de Janeiro, Nórdica, 1985). Publicada na Revista Brasileira de Política Internacional (Rio de Janeiro: Ano XXIX, 1986/2, nº 115-116, pp. 127-130) e na Seção “Crítica” de Humanidades (Brasília, Ano III, nº 11, novembro 1986-janeiro 1987, pp. 14-115). Relação de Trabalhos Publicados nº 030 e 033. Anexo: Reação de Santiago Fernandes à minha resenha: “Controvérsia sobre a legitimidade da dívida”, publicada no Jornal do Commércio (Rio de Janeiro: 20 março 1987, p. 4).
(...)
2277. “Prata da Casa – Boletim ADB 2o. trimestre 2011”, Brasília, 26 março 2011, 3 p. Notas sobre os seguintes livros: José Augusto Lindgren Alves: Viagens no Multiculturalismo: O comitê para a eliminação da discriminação racial, das Nações Unidas, e seu funcionamento (Brasília: Funag, 2010, 256 p.; ISBN: 978-85-7631-258-1); (...) Denis Rolland; Antonio Carlos Lessa (coord.): Relations Internationales du Brésil: Les Chemins de la Puissance; vol. I: Représentations Globales (Paris: Harmattan, 2010, 322 p.; ISBN: 978-2-296-13543-7; 2 volumes); Michel Arslanian Neto: A Liberalização do Comércio de Serviços no Mercosul (Brasília: Funag, 2010, 408 p.; ISBN: 978-85-7631-255-0); (...) revisando notas já preparadas sob n. 2255. Boletim ADB (ano 17, n. 73, abr-mai-jun 2011, p. 31-32; link: www.adb.org.br).

Atualizada em 28 maio 2011.
(neste link)

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Divirtam-se...
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 28 de maio de 2011

Slavoj Zizek: idiotas completos precisam ser chamados de idiotas... (e bota idiota nisso)

Normalmente eu jamais colocaria aqui um post para falar sobre um idiota. Não é meu estilo.
Tenho certa alergia à burrice e à estupidez, descontando os que não tiveram oportunidade de estudar, claro, mas sem condescendência com os que puderam fazê-lo e continuaram estúpidos (como certo líder que continua incomodando por aí).
Mas isso é o de menos, pois tenho mais horror ainda da desonestidade intelectual.
Pois bem, esse tal de "filósofo marxista Slavoj Zizek", como é sempre chamado, combina essas três características ao mesmo tempo e no mais alto grau, provavelmente elevado à 10a. potência.
Como tal, ele jamais mereceria um post neste blog, que como dito no frontspício se dedica a ideias inteligentes para pessoas inteligentes, e decididamente esse filósofo marxista não entra nessa categoria, não por ser marxista (o que acontece e é aceitável), mas simplesmente por ser burro, estúpido e desonesto intelectualmente.
Mas, decidi colocar um artigo do economista liberal Rodrigo Constantino sobre ele aqui por uma razão muito simples.
Imagino que muitos alunos sejam (ou serão) torturados por professores malucos, que virão falar da "última novidade" na frente anticapitalista (ou seja, esse idiota), e até obrigarão os coitados a ler algo dele, o que seria propriamente intragável. Outro dia eu até encontrei um aluno de RI cujo professor torturou com um livro de outro idiota completo, o alemão Robert Kurz. Fico com pena desses alunos, mas ao mesmo tempo penso que eles precisam de algum antídoto contra esses idiotas, tanto o dito cujo como os professores que se dedicam a esse tipo de tortura intelectual.
Feita esta introdução, deixo vocês com a leitura deste texto...
Termino reiterando (e desculpem a insistência): o Slavoj Zizek é um idiota completíssimo...
Paulo Roberto de Almeida

Marxista pop e o novo comunismo
Rodrigo Constantino
Blog RC, 28/05/2011

A esquerda festiva carioca entrou em polvorosa estes dias, com a visita do filósofo marxista Slavoj Zizek, que atacou a democracia representativa liberal em palestra no Odeon. O caderno Proza & Verso do jornal O Globo entrevistou o filósofo esloveno e traz matéria de capa hoje com o título “A novidade do comunismo”. Como se a mais ultrapassada ideologia de todas pudesse ter realmente alguma novidade...

Zizek defende as “causas perdidas”, e lamenta a perda do espírito revolucionário da esquerda. Ele não tem tempo para angústias e dúvidas, típicas dos liberais que reconhecem a complexidade da vida em sociedade: “Penso que existe a verdade, que existe a verdade universal, e que ela pode mesmo ser vista politicamente”. Claro que esta verdade seria... a sua. Como disse Bertrand Russell, o problema no mundo é que os tolos e fanáticos estão sempre tão certos de si mesmos, mas as pessoas mais sábias estão repletas de dúvidas.

Para Zizek, o problema de Hitler é que ele não foi violento o bastante. Calma, ele explica: não é que ele deveria ter matado mais judeus; é que ele não foi violento o bastante na revolução, em que violência significa “transformação das relações sociais”. Gandhi é que teria sido mais violento como revolucionário, pois organizou um movimento de massa com o objetivo de impedir o funcionamento do Estado colonial inglês na Índia. Alguém sente o cheiro, ainda que de leve, do duplipensar orwelliano aqui? Paz é guerra. Verdade é mentira.

O filósofo não defende, portanto, a violência. A revolução deve vencer no “dia seguinte”. Agora, como ninguém é de ferro, ele confessa: “Se aqueles no poder resistem, é claro que deve haver alguma violência, mas apenas como forma de defesa”. Entenderam? Sou contra a violência, mas se os demais não concordarem com minha revolução, que afinal de contas é a pura encarnação da verdade absoluta, e disso tenho certeza, então sim, posso usar violência como meio, em legítima defesa. Não é fantástico?

Revolução, para Zizek, não é um estado de emergência, mas apenas “mudança radical”. Ele explica melhor: “Revolução para mim é mudança nas relações sociais de poder”. O filósofo acredita que esta “revolução” não se dá com eventos isolados, midiáticos, com massas nas ruas tacando fogo em carros, mas sim de forma lenta e gradual. Um trabalho árduo, diário, paciente. Quem compreendeu isso foi o comunista italiano Antonio Gramsci, que criou um verdadeiro estratagema de tomada de poder em doses homeopáticas, pelas vias culturais principalmente. Nada novo aqui também.

Como em toda seita, há a esperança no dia da redenção. Para Zizek, “o comunismo vai vencer ou estaremos todos na merda” (na verdade, todos onde o comunismo venceu é que ficaram sempre na merda). Ele reconhece que o resultado geral do comunismo no século XX foi um fiasco, e que a social-democracia está hoje em crise. Mas Zizek ainda defende o comunismo, pois o capitalismo liberal global, em que ele curiosamente inclui a China, não tem condições de resolver os problemas atuais, como a questão ambiental, biogenética e propriedade intelectual. E ele não se considera um utópico. Para Zizek, a única utopia é “acreditar que as coisas podem seguir indefinidamente seu curso atual”.

Aqui ele resgata o pessimismo malthusiano para justificar seu ponto: “É claro por exemplo que se a China continuar se desenvolvendo na escala atual haverá uma demanda materialmente impossível de atender”. Será mesmo? Desde muito tempo que os pessimistas alegam que o crescimento populacional não será acompanhado pelo progresso material, mas os dados insistem em prová-los errados. A qualidade de vida material aumentou e muito no mundo de forma geral, e graças justamente ao progresso capitalista. O mercado tem essa mania de inovar, de aumentar a eficiência e produtividade, ou seja, fazer mais com menos. Os recursos naturais não mudaram muito no planeta, mas atualmente temos bilhões de habitantes, e o petróleo não vai acabar em breve! O problema da China não é o crescimento acelerado, mas a falta de liberdade econômica. O lado ruim é justamente a herança comunista, não as pitadas de capitalismo que fizeram milhões saírem da miséria.

Por fim, resta mencionar quem foi o “filósofo” brasileiro que ajudou a divulgar o evento com Zizek: Emir Sader. Para quem não lembra, Sader é aquele que até hoje defende o regime cubano, a mais longeva ditadura do mundo, responsável pela morte de milhares de inocentes. Talvez seja a tal violência necessária para as mudanças sociais, que um dia ainda hão de chegar! Sader escreveu um artigo para enaltecer a vinda de Zizek, em que diz: “Sua nova vinda ao Brasil será, sem dúvida, um grande acontecimento intelectual e político. É um provocador, no melhor sentido da palavra – de provocar o debate, a revisão de clichês, de saber se situar contra a corrente, de enfrentar temas que outros abandonaram, sob a pressão da mídia conservadora. Vale sempre a pena ler e ouvir Zizek, interlocutor obrigatório de quem não tem medo da realidade do presente, do passado e do futuro”.

Como vocês podem ver, é o “novo comunismo”, sem nenhuma ligação com aquele velho, carcomido e putrefato junto com os milhões de cadáveres que produziu. Quem for louco o suficiente que compre estas novas embalagens para os mesmos sonhos utópicos de antes, que deixaram apenas um enorme rastro de sangue e miséria. De minha parte, fico com este “maldito” liberalismo democrático, que tem seus defeitos sim, como qualquer modelo de sociedade com seres humanos imperfeitos, mas que é infinitamente mais justo e eficiente, como a história mostrou. Reformas e mudanças, sempre! Afinal, trata-se de um modelo vivo, uma sociedade aberta, que deve progredir gradualmente, por tentativa e erro. Mas “soluções” mágicas, ainda mais o resgate do mais que ultrapassado comunismo, isso nem pensar!

O filósofo e psicanalista Zizek costuma encantar as esquerdas. É o marxista pop, como alguns já o chamaram. Ser popular com a esquerda festiva que adora viajar a Paris e com jovens revolucionários que odeiam “tudo que está aí” e querem destruir o “sistema” não é mérito algum para mim. Prefiro todos os anônimos ou impopulares que lutam diariamente para construir, de fato, um mundo melhor e mais justo, com respeito às liberdades alheias e, por tabela, repúdio ao comunismo, novo ou velho.

Um questionario sobre a carreira diplomatica (de 2008, mas talvez ainda valido)

Como sempre, fico usando meu tempo livre (que já é pouco, para ler) respondendo a questões de estudantes. Depois acho que talvez outros queiram conhecer, os candidatos à carreira diplomática, justamente, que devem ser em certo número a ler este blog.
Aqui vai (mas não reli nada em 2011).

Questionário sobre a carreira diplomática
Respostas de Paulo Roberto de Almeida
a questionário submetido por candidato
Respostas preparadas em 25.06.2008

1) Quantos anos vc tinha quando decidiu que queria seguir este caminho?
PRA: Eu tinha 27 anos completos, mas eu fiz o concurso tarde, depois de passar quase sete anos na Europa, estudando, durante o período mais duro da ditadura militar no Brasil, de onde tinha saído no final de 1970, com 21 anos recém completados. Eu não sou critério para o típico candidato à carreira diplomática.

2) Quais foram as suas motivações?
PRA: Na verdade, eu não tinha pensado em ser diplomata anteriormente, tanto porque nos anos anteriores estava mais ocupado tentando derrubar o governo brasileiro, como opositor de esquerda à ditadura militar que eu era (daí o exílio auto-assumido). Fiz o exame quase que por surpresa, simplesmente motivado por um anúncio de concurso direto (isto é, não um vestibular para o Curso Preparatório à Carreira Diplomática, tendo de fazer dois anos de estudo no Instituto Rio Branco, como sempre foi o normal desde 1945). Foram concursos diretos excepcionais, feitos durante alguns anos, depois de medidas de expansão do corpo diplomático brasileiro em meados dos anos 1970.
Uma das motivações minhas foi “testar” a minha “ficha policial”, depois de alguns anos trabalhando contra o governo brasileiro, ainda que com outros nomes: todos os candidatos a carreiras públicas tinham de ser “cleared” pelo Serviço Nacional de Informações. Passei, para surpresa minha. Outra surpresa foi simplesmente dar início a uma nova carreira, com novas perspectivas de vida, depois de uma trajetória de vida e profissional basicamente acadêmica (eu era professor universitário antes de ingressar na carreira).

3) Vc trabalhou durante o período em que esteve estudando para o concurso? No quê?
PRA: Sim, eu estava trabalhando o tempo todo, dando aula em duas faculdades em SP, e praticamente não estudei. Eu estava bem preparado para a maior parte dos exames de ingresso, uma vez que sempre fui um “rato de biblioteca”, com milhares de leituras acumuladas.

4) O que sua família achou da sua decisão?
PRA: Não tinha família própria. Meus pais gostaram da decisão, ainda que não soubessem quase nada sobre a carreira diplomática, vindos de um meio social muito modesto.

5) Vc já tinha filhos?
PRA: Não que eu saiba... Não, não tinha filhos, pois não era casado.

6) O que sua esposa achou?
PRA: Só me casei um ano e meio depois de ter ingressado na carreira diplomática.

7) Ela quis lhe acompanhar desde o início? Deu suporte ao seu sonho e período de estudos?
PRA: Minha esposa é uma nômade nata, sempre teve entusiasmo por viagens, mudanças, andanças contínuas e intensas.

8) Ela trabalha em algo que seja possível lhe acompanhar?
PRA: Ela era economista e de certa forma renunciou à sua carreira para acompanhar todas as mudanças que tivemos, tanto de país, como para cuidar dos filhos, etc. Deixou de ser economista e passou a ser historiadora, fazendo pesquisas em todos os lugares para onde fomos, dedicando-se também, e paralelamente, às artes.

9) Onde vc se orientou para estudar?
PRA: Estudei absolutamente sozinho na pequena e breve preparação para a carreira diplomática. Praticamente, apenas li um livro de Direito Internacional, uma de minhas deficiências, e outros de redação em inglês, a outra deficiência. Apenas isto.

10) Quais materiais usou?
PRA: Livros que eu tinha, outros que consegui, comprando ou emprestando.

11) Como era sua rotina de estudos?
PRA: Nenhuma, apenas lia nas horas vagas.

12) O que fazia para tirar o stress?
PRA: Continuava lendo, algumas obras fora do programa, literatura, sociologia do Brasil, história, etc. Ou seja, eu estou sempre lendo, o tempo todo.

13) Como se alimentava? Fazia exercícios físicos?
PRA: Normalmente. Estava na casa dos meus pais, nessa época, ainda que provisoriamente. Eu tinha praticamente acabado de voltar depois de quase sete anos na Europa e não tinha ainda recursos para viver por minha própria conta.

14) Quanto tempo demorou para vc entrar desde que começou os estudos para o concurso? Quais foram suas maiores dificuldades?
PRA: Três meses. Estudei muito pouco, apenas direito e inglês, como referi acima.

15) Qual o tempo médio de estudo (das pessoas em geral) para entrar?
PRA: Não tenho idéia. Creio que depende de cada um e de sua formação e preparação anterior. Eu sempre fui, como disse, um rato de biblioteca e dominava praticamente o conjunto das matérias, naturalmente, sem jamais ter me preparado anteriormente para esse tipo de concurso.

16) Vc tinha amigos ou conhecidos dentro do Itamarati que lhe forneciam informações ou dicas sobre o concurso?
PRA: Não conhecia absolutamente ninguém, não só no Itamaraty como em Brasília.

17) Quanto influencia o fato de se conhecer alguém lá dentro antes de entrar? O lugar para onde vc é mandado em missões muda de acordo com alguma hierarquia de amizade?
PRA: Não, absolutamente negativo. Os exames de ingresso são totalmente impessoais, não identificados. Ninguém sabe quem está fazendo exame de ingresso, pelo menos nos últimos anos. Até certo tempo atrás (dez anos atrás, talvez), havia uma etapa intermediária composta de uma banca examinadora, supostamente para saber se o candidato tinha mesmo condições ou vocação para ser diplomata. Isso não implicava, porém, em qualquer benefício especial, pois todos os demais exames continuavam não identificados (inclusive um candidato supostamente “apoiado” por alguém de dentro poderia ser teoricamente barrado nos testes psico-técnicos que eram obrigatórios). Uma vez entrado na carreira, pode haver algum tipo de “negociação” para a seleção de algum posto, mas isto tende a ser formalizado de maneira impessoal, também.

18) Como funciona a hierarquia dos diplomatas em função do local para onde são enviados para residir?
PRA: Todos os postos possuem um quadro fixo de diplomatas (geralmente um embaixador, um auxiliar direto, que pode ser um ministro ou conselheiro, dependendo do posto, e depois tantos conselheiros ou secretários em função da dimensão do posto), que está determinado em Portaria e não pode ser mudado arbitrariamente. Ou seja, só se vai para um determinado posto segundo regras muito estritas.

19) Como funciona o mestrado? A pessoa pode escolher assuntos de maior interesse para estudar? Qual é o sistema e horário de estudo?
PRA: Não existe mestrado, estrito senso na carreira diplomática. O próprio curso do Instituto Rio Branco foi equiparado, desde 2002, a um mestrado profissionalizante (tipo C, pelos critérios da Capes), ou seja, o Terceiro Secretário já um “mestre”. No curso da carreira existem duas outras etapas de estudo: como segundo secretário, um Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas, que na verdade é composto de palestras e um conjunto de exames para aferir capacidade intelectual; depois, como Conselheiro, se deve fazer uma tese e defendê-la em banca, o que poderia ser equiparado a um “doutoramento” (embora sem os requerimentos de créditos ou orientação de um doutoramento acadêmico). Não existem horas reservadas a isso, e o estudo deve ser retirado do tempo de lazer pessoal e horas livres.

20) O tempo de estudo é considerado como trabalho?
PRA: Não se aplica, mas um diplomata pode pedir uma licença para “concluir” a sua tese.

21) Quando a pessoa está realizando o mestrado ela só estuda (durante qtas horas?) ou trabalha também (durante quantas horas, e, no quê?)
PRA: Não se aplica. Atualmente, os recém ingressados no curso profissionalizante do Rio Branco estudam pela manha e já trabalham nas divisões pela parte da tarde.

22) E nas missões diplomáticas, ele vai acompanhado por outros diplomatas ou vai só?
PRA: Missão diplomática significa remoção para algum posto: o diplomata é removido individualmente, e parte com sua família apenas. Podem existir coincidências de partidas conjuntas ou simultâneas, mas as remoções são sempre individuais. Uma delegação para alguma reunião especial, ou conferência diplomática, configura uma viagem a serviços, de alguns dias apenas, e podem ocorrer partidas de dois ou mais diplomatas para a mesma reunião (ONU, OMC, etc.).

23) E quanto a moradia? Escola dos filhos? Cursos? Há alguma orientação ou algum tipo de descontos ou posições preferenciais?
PRA: Tudo é administrado pelo próprio diplomática, que tem de encontrar soluções de mercado. Em alguns postos, a embaixada pode dispor de residências próprias. Existe também um auxílio para pagar aluguel, variável segundo os postos, mas nada está previsto para a educação, que fica totalmente no âmbito pessoal.

24) Vc só vai para países onde saiba o idioma?
PRA: Não, não existe nenhuma relação. Este não é o critério para remoção. O diplomata tem de saber inglês e algumas outras línguas preferencialmente, mas os postos são os mais variados possíveis.

25) Como vc faz para equilibrar o tempo entre trabalho/obrigações extras/amigos família?
PRA: Questão puramente pessoal, cada um se organiza como deseja ou pode. A carreira não é diferente da carreira militar, ou pode ser vista como similar a de executivos de empresas internacionais. Existem horas de trabalho, algumas obrigações sociais (recepções, etc.) e o resto depende de cada um. Eu viajo ou leio...

26) Quando vc está morando fora do Brasil, tem passagens gratuitas e algum tempo disponível para vir ao Brasil?
PRA: Não, cada um usa as férias como desejar. Se alguém é chamado a serviço, recebe passagens e diárias, mas isso é determinado por necessidade de serviço, não segundo as preferências ou desejos de cada um.

Respostas preparadas em 25.06.2008

O profissional de RI no setor publico (em 2008): mudou alguma coisa?

Um texto nunca divulgado aqui, sobre o profissional de RI, que alguns preferem chamar de internacionalista. Como sempre, retirado do baú de respostas a interlocutores bilaterais...

A importância do profissional de relações internacionais no setor público
Paulo Roberto de Almeida
Respostas a questionário a Projeto universitário
Brasília, 1 de junho de 2008

1 – O profissional de relações internacionais tem muitas possibilidades para atuação num mercado cada vez mais diversificado. Quais são as áreas de atuação que esse profissional pode exercer na esfera pública além da diplomacia?
PRA: Na esfera do governo federal são várias outras: analista de comércio exterior do MDIC; analista de informações da ABIN; assessorias de relações internacionais dos ministérios setoriais (sobretudo aqueles que possuam grande interface internacional, para cooperação e integração, o que atualmente cobre praticamente quase todos os ministérios); assessores parlamentares do quadro oficial do Legislativo, eventualmente até no Judiciário ou esferas correlatas. Nos governos estaduais e municipais (capitais dos estados, grandes municípios e municípios de fronteira), nas assessorias internacionais que possam existir ou nas secretarias de governo especializadas em temas de cooperação internacional (educação, saúde, etc.).

2 – Qual é a importância de um profissional de relações internacionais na esfera pública?
PRA: Pode ser relevante, na medida em que a rede de acordos internacionais (na esfera regional ou multilateral) é atualmente muito grande, exigindo, portanto, alguma expertise, conhecimento, experiência e vivência em cooperação internacional, que vai muito além do mero conhecimento de línguas. Todas as áreas de especialização técnica se beneficiam de cooperação bilateral (entre países, ou até entre serviços especializados dos países) ou de projetos de cooperação mais ampla, envolvendo vários países e, na maior parte dos casos, organismos intergovernamentais, ONGs e outras entidades com interface internacional (do setor privado, do acadêmico ou centros de pesquisa).
O profissional de RI deve ter competência para lidar com todas essas esferas de maneira a poder definir os melhores instrumentos a serem aplicados em cada caso. Ao mesmo tempo, ele deve saber resguardar as esferas de competência privativa dos setores encarregados de negociações em áreas relevantes de interesse público (geralmente a cargo do MRE, mas também Fazenda, Bacen, MPOG e outras agências públicas).

3 – O setor público em geral conhece a necessidade de ter um profissional de relações internacionais e, além disso, sabe de sua importância?
PRA: Na esfera diplomática e setores afins (ou seja, aqueles que estão constantemente em contato com organismos internacionais) certamente, embora nem sempre é o caso em ministérios setoriais que até pouco tempo atrás tinha pequena interface externa no trabalho diário. Mas não é necessariamente o setor público que precisa conscientizar-se da necessidade: ele geralmente emprega os profissionais mais habilitados para o desempenho de funções especializadas, o que nem sempre quer dizer, necessariamente, um profissional de RI: se o BC quer negociar acordos financeiros, ele terá necessidade de técnicos em finanças internacionais, que podem ser antes economistas do que profissionais de RI. Da mesma forma, negociações especializadas em tarifas aduaneiras ou em epidemias de alcance transfronteiriço podem requerer o concurso de técnicos habilitados nessas áreas, não obrigatoriamente o profissional RI.

4 – Existem perspectivas positivas de expansão da área de atuação do profissional de RI no setor público?
PRA: Certamente, na medida em que a globalização é um traço incontornável da nossa época, veio para ficar e se expandir cada vez mais. Presumivelmente, essa tendência vai exigir um número cada vez maior de profissionais de RI, mas não apenas ou não exclusivamente, pois a especialização crescente de determinados temas – como em mudanças climáticas, por exemplo – pode exigir técnicos especializados nesses temas.

5 – O senhor acredita que a maioria dos cursos superiores de RI no Brasil formam um profissional cosmopolita, capaz de atuar em qualquer setor?
PRA: Não, não acredito. Os cursos foram criados apressadamente, para atender a uma demanda difusa, percebida como “importante”, a partir de uma percepção do crescimento da interface internacional em quase todas as esferas da vida pública e privada. Os cursos foram surgindo de maneira empírica e não necessariamente atendem às necessidades seja do setor público, seja do mercado. Acredito que os cursos precisam melhorar muito, ainda, para formarem profissionais habilitados e competentes. Esses cursos constituem uma assemblagem de matérias tradicionais – advindas do direito, da ciência política, da história e da economia – sem necessariamente constituir um corpo coerente de disciplinas voltadas para a formação de um profissional completo ou preparado para enfrentar responsabilidades importantes no cenário internacional.

6 – Como é o trabalho de um profissional de RI que atua em órgãos públicos hoje?
PRA: Basicamente análise de informação e processamento de diferentes insumos que podem servir para a tomada de decisão em sua área de atuação. Para os diplomatas, essas tarefas são acrescidas de responsabilidades negociadoras e de representação, quando trabalhando em embaixadas e missões diplomáticas no exterior. O domínio dos dossiês sobre os quais se têm responsabilidade é essencial para o bom desempenho dessas funções pelos profissionais em RI, funções que são necessariamente variadas em sua diversidade temática e contínuas no seu desenvolvimento cronológico.

7 – Por se tratar de um curso novo, muitas pessoas acreditam que relações internacionais é um curso “complementar” de outros cursos, como administração ou comércio exterior. Tratando-se especificamente do mercado de trabalho, é possível dizer que essas afirmações tem fundamentos?
PRA: Sim, elas têm fundamento – ainda que possam ser parcialmente equivocadas – porque, na verdade, o profissional de RI é um “administrador” de temas diversos, todos situados na interface com o externo, mas que não deixam de ser de “administração” de coisas e de pessoas. O comércio exterior é uma interface importante na vida de qualquer país, na medida em que todas as empresas, hoje em dia, estão confrontadas à concorrência externa e necessitam desenvolver estratégias competitivas que maximizem seus ganhos no mundo e permitam sua sobrevivência no mercado interno. Os cursos de RI não são, obviamente, “complementares” a administração ou comércio exterior, mas eles surgem a posteriori, com um panorama já dominado por esses profissionais que estão no mercado há mais tempo, sendo assim natural que seja assimilados aos primeiros.
A diferenciação se dará aos poucos, na medida em que currículos e oportunidades de mercado forem se consolidando no Brasil. Em todo caso, muitos cursos de RI formarão “administradores de comércio exterior”, o que será sempre necessário...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 1 de junho de 2008