Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 9 de julho de 2011
O retrocesso no Brasil é mental, e generalizado (quase): roubando terras?
Volto a repetir, NÃO EXISTE NENHUM MOTIVO para tal tipo de restrição, a não ser, claro, idiotice consumada, irracionalidade econômica, complexo psicológico, ignorância política e paranoia no mais alto grau.
Os motivos do atraso brasileiro são sobretudo mentais e nisso eu incluo desinformação pura e simples, incompreensão dos fenômenos econômicos e complexo de inferioridade (aliás incompreensível, já que o Brasil é um gigante agrícola).
Eu sempre me pergunto como é que pessoas normais, algumas até alfabetizadas, outras contando inclusive com títulos universitários, podem exibir esse tipo de preconceito idiota e ultrapassado.
Acho que vamos continuar atrasados, um pouco menos materialmente, mas terrivelmente no plano mental e do funcionamento do Estado.
Paulo Roberto de Almeida
Nacionalismo fora de hora
Senadora Kátia Abreu
Folha de S.Paulo, 9/07/2011
Numa sociedade em rápida transformação, como a nossa, a economia, a política e a cultura nunca evoluem no mesmo passo. A economia pode modernizar-se rapidamente sob a pressão dos contatos com o exterior, sem que o sistema político e as ideias na sociedade acompanhem-na no mesmo ritmo. A falta de sincronia entre essas esferas da vida social transmite a impressão de que o país vive simultaneamente em tempos históricos diferentes. A América Latina, e o Brasil com ela, perdeu a maior parte do século 20 procurando inimigos externos para justificar sua pobreza e seu atraso em relação ao mundo. Nessa busca insensata perdemos a capacidade de perceber nossos próprios problemas, nossas fraquezas e, muito pior que isso, as grandes possibilidades que tínhamos diante de nós.
Alimentamos conflitos políticos inúteis, criamos espaço para lideranças políticas ineptas e irresponsáveis e deixamos de investir na criação das condições objetivas que tornam possível o crescimento econômico. Felizmente, alguns de nossos países, e o Brasil principalmente entre eles, conseguiram romper o círculo de atraso de consciência e ingressaram numa fase de modernização econômica e social que nos está levando, pela primeira vez, para o centro relevante do mundo. No Brasil, no entanto, a modernização econômica ainda não teve tempo, ou não foi capaz, de influir no modo de funcionamento do sistema político e no conjunto das ideias com que os brasileiros interpretam sua realidade.
A política continua o mesmo modo patrimonialista de sempre e pode tornar-se um obstáculo importante à continuidade do nosso desempenho econômico. Mas o mais grave é a sobrevivência de ideias anacrônicas que ainda guiam o comportamento de setores importantes da sociedade. A pior dessas ideias é o nacionalismo. É um nacionalismo mais recatado e fino, sem os slogans patéticos dos anos 50, mas mesmo assim carregado do mesmo veneno. Os nacionalismos de todos os tipos estão na origem dos maiores desastres e dos maiores fracassos das sociedades humanas nos últimos cem anos. Trazem à tona os piores instintos humanos, como o estranhamento e o ódio ao outro, instintos duramente domados pelos processos civilizatórios, mas que vez por outra ressurgem nas ideias políticas.
Essas reflexões me vem à mente com as notícias de que a Advocacia Geral da União está preparando uma proposta de lei determinando que empresas estrangeiras ou empresas nacionais com controle estrangeiro tenham que submeter previamente a um conselho do governo federal a compra de terras acima de cinco hectares. Se esse propósito se concretizar, estaremos diante de um imenso retrocesso, que nos remete de volta ao pior nacionalismo dos anos 50 e dos anos de governo militar. A presença de cidadãos e empresas estrangeiras no desenvolvimento brasileiro deve ser saudada como algo inteiramente positivo e não ser colocada sob suspeita ou restrições.
Voce gostaria de viver num pais assim? - reincidindo na pergunta ao companheiro...
Eu pelo menos fico estupefato como é que os políticos não têm nenhuma restrição moral, ou mental, em reconhecer que querem, sim, cargos no Estado, para organizar seu assalto tranquila e completamente.
Eu me pergunto como ter estômago para aguentar essas coisas, ditas assim naturalmente.
Eu até pergunto outra vez ao companheiro, que pretendia construir um Brasil sem corrupção, como é que ele consegue viver com tudo isso?
Não vai responder?
Paulo Roberto de Almeida
Costa Neto diz ter pedido a Dilma diretoria de banco
Agência Estado, 9.07/2011
Valdemar Costa Neto: "Precisávamos aumentar o espaço do bloco"
Deputado rompeu silêncio e deu entrevista a emissora de rádio em seu reduto eleitoral. Ele explicou que barganha era para abrir espaço no governo
O deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) revelou em entrevista a uma rádio de Mogi das Cruzes (SP), seu reduto eleitoral, ter usado o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento para pressionar a presidente Dilma Rousseff a entregar ao PR uma diretoria de banco estatal para obter o apoio do bloco liderado pelo partido no Congresso.
A entrevista foi concedida um dia antes de VEJA revelar a existência de um amplo esquema de corrupção no Ministério dos Transportes - que envolvia cobrança de propina por caciques do PR em troca da liberação de obras. O esquema era encabeçado pelo deputado Valdemar Costa Neto, que em 2005 foi obrigado a renunciar a uma cadeira na Câmara abatido pelo escândalo do mensalão. E também pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que deixou o cargo na esteira das denúncias.
Barganha - O deputado explicou que a barganha tinha como objetivo abrir espaço no governo para o bloco de partidos nanicos que compõem, com o PR, um grupo de 65 deputados no Congresso - o PR conta com 41 e PRB, PRTB, PT do B, PHS , PSL e PRP têm 24.
"O nosso ministro chegou na Dilma outro dia e falou: Olha, o Valdemar tá (sic) com um problema com o bloco. Ele fez o bloco, acertou com o (então ministro Antonio) Palocci pra aumentar o espaço do partido no governo. Nós (PR) já temos muito espaço. Mas precisávamos aumentar o espaço do bloco, porque são 24 deputados a mais", contou Costa Neto à Rádio Metropolitana AM, na sexta-feira da semana passada.
O deputado disse ter pedido uma diretoria na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil - nomeação que Dilma ainda não anunciou - para que prefeitos aliados possam liberar verbas federais mais rapidamente.
"O que eu quero? Uma diretoria na Caixa Econômica Federal, no Banco do Brasil, para quando o Bertaiolli (Marco Bertaiolli, prefeito de Mogi das Cruzes) precisar de algo coisa. Por exemplo, eu consigo empréstimo para Santa Isabel - de R$ 2 milhões - que o Helio Buscariolli (prefeito de Santa Isabel) está precisando. Ele precisa pavimentar a cidade. Mas eles não assinam com ele na Caixa. Eu tendo um diretor, sai na hora".
A boa escrita, reduzida ao essencial, necessario e suficiente...
1. Concentre-se no foco do problema
Vá direto ao assunto desde a primeira frase, eventualmente precedida de algum exemplo histórico (como é meu hábito) e literário que pretende realçar o problema a ser tratado. Diga logo de cara algo assim: “Este texto pretende abordar este problema e visa demonstrar esta coisa; meu método, ou meus procedimentos serão os seguintes: blá, blá curto”. Desenvolva a seguir seu argumento principal, mantendo o foco na questão que você de propôs tratar, fazendo eventualmente alguma alusão a questões paralelas que possam ter relevância para o problema central. Tire suas conclusões, dizendo claramente que é aquilo que você descobriu e faça algumas considerações finais sobre a importância desse tratamento para o estado da arte naquele campo (e sua contribuição para ele). Estaria bem assim, ou estou sendo muito elementar? Acho melhor ser simples e direto.
2. Tente ser original e demonstrar sua contribuição para o avanço da “arte”
Pessoas sem ideias se contentam em resumir contribuições alheias, no que não vai nenhuma grande tragédia. Se este for o caso, diga claramente: Fulano disse isto, Sicrano disse aquilo, e eu resumo o que disse Beltrano a respeito ou sobre os dois; mas tente, se possível, expressar uma opinião própria sobre a questão, ainda que seja a de dizer que você pretende apenas oferecer uma síntese que resumo o estado da arte dos outros. Se não tiver nenhuma ideia interessante ou inteligente para expressar sobre a questão, tente, pelo menos, formular algumas perguntas para pesquisa ulterior, mais ou menos neste sentido: seria útil pesquisar tal questão em sua aplicação ao caso brasileiro, ou então dizer que dados concretos sobre tais e tais manifestações do problema precisariam ser pesquisados com vistas a refletir sobre aqueles ensinamentos nesta ou naquela situação nova. Gostou?
3. Escreva contribuições concisas e objetivas, com frases legíveis e compreensivas
Tente seguir o estilo americano: frases curtas, muitos pontos, perguntas claras, afirmações diretas, sem rebuscamentos de linguagem, com eliminação de tudo que não seja absolutamente necessário para a compreensão do “seu” problema. Mesmo que tenha vontade de escrever um tratado erudito sobre o assunto, comece por expor o conjunto de forma breve, se possível com outlines prévios, enxugando tudo o que for secundário. Depois que terminar seu “mini-artigo”, você poderá se lançar na obra prima da sua carreira acadêmica, em algo que fique nos anos como o magnum opus daquela área; mas comece modestamente por favor, pois o efeito pode ser maior. Não é para ser curto e grosso, apenas conciso e objetivo. Pode até ter frases de efeito, mas apropriadas ao caso.
4. Explore implicações do seu problema e especule inteligentemente a respeito
Todo e qualquer problema humano está sempre relacionado a muitos outros, para frente, para trás, para os lados, em direção ao futuro, vindo de um passado mais ou menos próximo ou distante. Ou seja, você não está sozinho, e sua questão genial apresenta efeitos em cadeia ou impactos em outras áreas; portanto, explora essas possíveis interações e interdependências, visualize consequências desse problema para outras áreas, e até se permita digressões sobre os resultados de uma determinada ação naquele terreno (pode até ser a famosa lei das consequências involuntárias, mas sempre existo algo mais).
5. Mostre exemplos, casos análogos, dados concretos sobre o “seu” problema
Nada melhor para ilustrar uma digressão científica especialmente chata – e existem alguns filósofos franceses e sábios alemães que se especializam na chatice – do que mostrar exemplos concretos, casos reais, ações efetivamente perpetradas pelos agentes envolvidos no seu caso. Ser abstrato é vedado aos comuns dos mortais, e apenas autorizado a membros da academia e outras vacas sagradas. Como você tem de convencer pares, professores, curiosos em geral, que todos, em geral, sabem menos do que você naquela área específica (a menos que você esteja enganando todo mundo), você precisa ser o mais convincente possível. Nada melhor, portanto, do que trazer exemplos à colação (é assim que se diz nas teses jurídicas especialmente chatas?) para tornar sua demonstração perfeitamente clara e empiricamente verificável.
6. Exponha claramente o itinerário metodológico e demonstrativo do seu trabalho
Todo trabalho acadêmico apresenta uma estrutura muito simples, até repetitiva: geralmente ele tem uma pequena introdução, na qual se expõe o objeto a ser tratado, seguida da metodologia, ou das técnicas a serem seguidas no tratamento do problema; o argumento principal vai ser desenvolvimento no núcleo central do trabalho, em quantas partes forem necessárias para demonstrar, discutir, esquartejar um assunto determinado; finalmente se chegam às conclusões a serem tiradas do tratamento precedente; o resto é complemento (notas, bibliografia, anexos, etc.). O importante é que seu raciocínio seja muito claro quanto a essas diferentes etapas do trabalho de construção de uma explicação para o problema selecionado. Por isso, uma regra elementar deve ser seguida: antes de começar a escrever, pare e pense no seu problema. Quem não tem ideias claras, não pode, ou não consegue se expressar claramente, ou seguir um itinerário linearmente rigoroso de pensamento. Quando seu trabalho estiver suficientemente pensado, voilà, zut!, ele já está pronto: só falta escrever, mas isso é o de menos quando se sabe onde se quer chegar...
7. Seja claro nas expressões, use uma linguagem a menos sofisticada possível
Não existe nada entre o céu e a terra, neste vasto universo que ainda não é o nosso, que não possa ser explicado em termos simples, inteligíveis, compreensíveis a um leigo no assunto. Pense que você vai ter de explicar aquele problema para uma criança de dez anos, ou um adolescente de quinze, que seja (no limite para a sua mãe, que não é do ramo, digamos assim). Portanto, escolha expressões comuns, e se tiver de empregar termos técnicos, ofereça uma explicação mais palatável se eles forem suficientemente obscuros, talvez entre parênteses. Coloque de lado aqueles filósofos franceses que se especializaram em enganar os trouxas com frases incompreensíveis (e elas são mesmo). Essa coisa de jargão sofisticado geralmente é para iludir os incautos, portanto não abuse de sua permissão para falar difícil. Claro, não precisa descer ao nível rasteiro de certo personagem que se vangloriava de nunca ter tido diplomas na vida, e que falava deliberadamente errado para encantar o povão; mas não tente fazer de seu trabalho um exemplo do barroco linguístico.
8. Evite adjetivos, exploração de emoções, subjetivismos dramáticos
A vida e o mundo já são suficientemente complicados como eles são, mas um trabalho acadêmico não é uma novela mexicana, nem um dramalhão daqueles antigos. Adjetivos de qualidade – estupendo, magnífico, único, etc. – devem ser evitados absolutamente (e lá vou eu com um...). De forma geral, adjetivos e qualificativos devem ser banidos do trabalho, embora ele possa ter evidências quanto ao impacto significativo de certos fenômenos sobre a ação humana. Mas como diria um personagem famoso, todos os seus gestos devem ser friamente calculados, ou seja: evite grandes explosões terminológicas, quando você pode expressar a mesma ideia em tom mais comedido e, sobretudo, mais objetivo e contido. Eu, por exemplo, costumo chamar muita gente de idiota – e existem, efetivamente, muitos idiotas no mundo – mas o que é aceitável num post rápido em blog de divertimento não cabe num paper supostamente sério. Em outros termos, não deixe transparecer sua emoção no tratamento de uma questão, ainda que ela o coloque em sérios dilemas morais e em angústias existenciais. Fique frio...
9. Tente quantificar fenômenos, use números, mas não abuse da estatística
Tudo, com a provável exceção do amor (e talvez do ódio), pode ser quantificado, medido, colocado em gráficos e comparado a outras situações (anteriores, de outros agentes em outros lugares). Os economistas são pródigos em usar e abusar de estatísticas e os economistas teóricos gostam de encontrar uma equação que traduza a realidade dos indicadores a uma fórmula de sua modelagem que sirva para prever ou antecipar processos similares, podendo, portanto, ser objeto de políticas públicas, na área macroeconômica ou setorial. Se pudessem, eles resumiriam toda a complexidade do mundo numa fórmula mágica, do tipo: E = mc2. Nos assuntos humanos – e isso inclui a economia também – fórmulas e números são úteis, mas apresentam limites efetivos para sua utilização contínua, pela simples razão que os homens estão sempre ajustando sua conduta para obter a maximização de seus fatores e ativos em face dos constrangimentos do real – que são as ações dos governos (geralmente em seu detrimento, caro leitor) e as de outros agentes da sociedade. Por isso, faça recurso dos indicadores quantitativos e tente medir, ou mensurar, os problemas que são objeto de sua análise, mas não confie demais nos procedimentos estatísticos como indicativos de tendências futuras. Nada é imóvel neste nosso mundinho tumultuado...
10. Demonstre conhecimento das fontes, mas não abuse das referências
Eu já li muita monografia de aluno que, mesmo para fatos históricos indiscutíveis – uma guerra, uma revolução, enfim, coisas objetivas –, se esmeram em juntar uma pletora de citações e de referências bibliográficas para dizer, finalmente, o óbvio: “nossa civilização tem bases greco-romanas” (bem, não precisa citar nenhum grande historiador para saber disso, pois não?). Não é preciso carregar um paper, um trabalho mais alentado ou até uma tese doutoral com centenas de remissões anódinas, ou seja, tratando daqueles casos que já pertencem ao estado da arte do problema tratado. Fatos são fatos, por mais que se desgoste deles, e eles não vão deixar de existir porque algum autor tem uma opinião mais negativa sobre esses mesmos fatos (a dominação perversa do capitalismo financeiro monopolista, por exemplo). Todos nós estamos cansados de ver o capitalismo condenado ao desaparecimento como resultado das últimas dez crises ocorridas em seu itinerário tumultuado, não é mesmo? Bem, sendo mais objetivo, a regra aqui, e a última desta série desorganizada, é muito simples: erudição não precisa ser medida em toneladas de bibliografia; ela pode ser medida com comentários inteligentes à obra de um autor consagrado, o que normalmente exige mais inspiração do que transpiração. Portanto, seja comedido no “ajuntamento” (esse é o termo) de sua bibliografia de referência e tente trabalhar com os autores essenciais ao problema que você escolheu. Se algum outro autor não tem nada de relevante a dizer sobre o problema selecionado, ignore-o solenemente. Mas, em sentido contrário, não tente a sorte pescando na internet coisas que depois você não vai citar devidamente e dar o crédito a quem merece: os instrumentos de busca que os professores utilizam estão cada vez mais sofisticados, e seria muito triste alguém perder uma bela carreira por acusações de plágio ou falsificação de trabalhos alheios.
Seja feliz em seu trabalho, melhore a sua escrita (o que eu mesmo vou tratar de fazer) e avance alguns degraus na ladeira do conhecimento: você vai se sentir muito melhor olhando o mundo do alto de sua capacitação intelectual. Escreva claro, escreva bem, trate dos problemas como eles devem ser tratados: objetivamente, concisamente, reflexivamente.
Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, 14 de maio de 2011)
Machismo economico: governo argentino processa economistas... por processar dados
De um lado, economistas argentinos vivendo num país que se supõe garanta as liberdades básicas, processam dados de custo de vida e montam seus próprios índices de inflação, já que não podem confiar nos dados manipulados (e propriamente distorcidos) pelo governo. Pode até ser que, no processo de recolher e "trabalhar" os dados, eles torturem alguns números para que eles confessem a verdade dos preços, mas estes ainda não reclamaram e não se sabe se podem iniciar um processo contra os ditos economistas independentes. De toda forma, não seria motivo para que o governo inicie qualquer processo contra eles.
Do outro lado, justamente, o governo iluminado, preclaro, sapiente, onisciente, pervasivo, omnipresente, sábio e previdente dos K. pretende processar os economistas como reles criminosos que são, já que eles não aceitam a verdade governamental de que a inflação só progrediu um tiquinho assim, quando eles acham que ela andou um tantão assim. A distância não parece ser assim tão grande: só 15 ou 20%...
Eu me pergunto o que diriam sobre isso a Ordem dos Economistas Argentinos (algo do gênero deve existir por lá) e o Comitê de Estatísticas da ONU, e também o que diria o Conselho de Direitos Humanos, pois se trata de grave atentado às liberdades individuais. Resolução já...
Esperemos uma nota de certo ministério que sempre emite notas sobre casos graves da agenda internacional, que poderia ser redigida mais ou menos assim: "O governo expressa sua preocupação ante tais fatos graves que ocorrem num país irmão e insta as partes a dialogarem em favor de uma solução pacífica e ordeira a este infeliz contencioso, no pleno respeito dos direitos humanos e das normas democráticas, de conformidade com os compromissos internacionais pertinentes."
Paulo Roberto de Almeida
Argentina Charges Economists
BY TAOS TURNER
The Wall Street Journal, July 9, 2011
BUENOS AIRES—Argentina's government has filed criminal charges against the managers of an economic consulting firm, escalating its persecution of independent economists.
A federal court official said Friday that a judge is evaluating the charges but has yet to decide if it is appropriate to begin investigating them.
The government is charging MyS Consultores with "publishing false information about inflation data" to benefit themselves and their clients. The criminal complaint alleges that MyS's data also lead to speculative behavior in Argentina's bond market.
MyS Managing Partner Rodolfo Santangelo described the charges as "ridiculous".
Wikileaks Brasil-Bolivia: cultivando amizades (e outras coisas tambem)
09LAPAZ1233
admin
222441 8/26/2009 21:06 09LAPAZ1233 Embassy La Paz CONFIDENTIAL
C O N F I D E N T I A L LA PAZ 001233
SIPDIS
E.O. 12958: DECL: 08/24/2019
TAGS: PREL, PHUM, PGOV, ETRD, ENRG, PINR, BR, BL
SUBJECT: BOLIVIA: BRAZIL’S LULA BACKS MORALES FOR RE-ELECTION
Classified By: Charge d’Affaires John Creamer, reasons 1.4 b,d
1. (C) Summary: At an open-air event August 22 in one of Bolivia’s principal coca-growing regions, Brazilian President Lula da Silva delivered a public endorsement of Bolivian President Evo Morales, reflecting Brazil’s conclusion that Morales’ re-election is all but inevitable. Lula and Morales signed several bilateral agreements, including over 300 million dollars in Brazilian financing for Bolivian road construction, and began discussions to revise their gas contract to reflect lower Brazilian demand. Lula offered to eliminate tariffs on up to 21 million dollars of Bolivian textile exports, a move hailed by both sides as compensation for export losses stemming from removal of U.S. ATPDEA trade preferences. Lula and Morales discussed counter-narcotics cooperation, including the pending transfer of Bell-UH helicopters to Bolivia, and the upcoming Unasur summit review of the U.S.-Colombian defense agreement (with Morales more worked up about the issue than ever, despite Lula’s emphasis on dialogue). The Brazilian president queried Morales privately about his relations with the U.S., which prompted a lengthy anti-American diatribe. End summary.
2. (C) Presidents Lula and Morales met August 22 amid a festive atmosphere in Bolivia’s Chapare region, a major coca-growing center and Morales’ home base. With at least 10,000 cocaleros and other Morales supporters in attendance, the two presidents took turns lavishing praise on each other; Morales hailed Lula as a fellow man of the people, while Lula compared Morales to Nelson Mandela. At the stadium event, which resembled a campaign rally as much as a summit meeting, the Brazilian president declared that Morales had begun a new era, confronting the anger of the “powerful,” but also counseled his counterpart to govern on behalf of all Bolivians and to favor dialogue.
3. (C) Those gathered at the event witnessed the signing of four bilateral agreements, among them one establishing over 300 million dollars in Brazilian financing for a 300 km highway extending north from the meeting site (which will be constructed by the Brazilian firm OAS). The other agreements concerned enhanced cooperation in humanitarian assistance/disaster relief, professional education, and scientific research aimed at developing lithium reserves in Bolivia’s Uyuni salt plain (with an explicit provision that industrial development will be “100 percent Bolivian”).
4. (C) The Bolivians highlighted their interest in amending their current gas contract with Brazil, hoping to revise the minimum purchase quantities (currently at 24 million cubic meters per day) given reduced Brazilian demand. According to the Bolivian state gas entity YPFB and the Brazilian embassy here. Bolivia prefers an arrangement that better reflects Brazil’s actual requirements, which would free up gas for domestic needs and possible additional sales to Argentina. Presidents Lula and Morales reached no conclusions on gas (the Brazilians did not include their energy representatives in the August 22 meetings), but agreed to hold another bilateral summit in the next two-to-three weeks in Brazil, dedicated entirely to the energy issue.
5. (C) President Lula announced that Brazil will eliminate tariffs on up to 21 million dollars of Bolivian textile exports, which both he and Morales characterized as making up for the losses suffered by withdrawal of ATPDEA (Morales welcomed the offer as an “ATPDEA without conditions”). Although Lula claimed that the amount was exactly what was lost in U.S. trade, textile trade associations here quickly noted that their exports under ATPDEA were several times greater than that (65 million dollars was the most commonly-cited estimate, which tracks roughly with our figures), and that there’s no Brazilian market for heavy wool alpaca textiles. Nevertheless, the offer made big headlines here, allowing both presidents to draw a contrast between the treatment Bolivia receives from us and the “unconditional” friendship Bolivia enjoys with fellow South American states such as Brazil. 6. (C) We spoke with Brazilian embassy officials here in advance of the visit to encourage some helpful signal of caution from President Lula to Morales regarding the Bolivian’s approach to the United States. These officials said that Brazil sees an improved relationship between Bolivia and the U.S. as in its own interest, and pledged to do what they could to encourage more constructive Bolivian behavior. Still, they noted that Brazil wants to maintain stability on its borders, and has concluded that Morales is here to stay. They said Brazil wants to provide Morales with alternatives to the radical advice he is receiving from Venezuela and Cuba, but clarified that Brazil does not see itself in “direct competition” with Venezuela. The Brazilians added that while they engage the Bolivians on democracy issues, they do not consider Bolivia’s human rights or democracy record to be outside hemispheric norms.
7. (C) Brazilian embassy Minister Counselor Julio Bitelli confirmed for us that President Lula did raise with Morales the issue of Bolivian-U.S. relations (in the 40-minute car ride on the way to the public event), but that this prompted the “usual” extended rant against alleged U.S. crimes. Morales recalled his own personal victimization at the hands of DEA agents, railed against American hegemony in Latin America and appeared unreceptive to hearing any counsel, according to Bitelli. Morales expanded on these now-familiar themes in his public remarks. The Colombian defense agreement was another subject on which Lula appeared to make little headway; the Brazilian president emphasized the need for dialogue and a “frank exchange” on the issue at the upcoming Unasur summit, while Morales publicly declared that any government that allows military forces into their country are “traitors to the liberation of the people of Latin America.”
8. (C) Bitelli reported that the presidents did discuss counter-narcotics cooperation, another area in which we had encouraged greater Brazilian engagement with the Bolivians, but that the talks were limited to equipment issues. Lula explained to Morales that the Bell-UH helicopter transfer was proceeding apace, but that delivery is pending Brazilian parliamentary approval. Bitelli said that Morales asked for Brazilian Tucano aircraft as well, surprising the Brazilians by suggesting that “the international community” should pay for the planes, as counter-narcotics is “a global problem.” Bitelli allowed that the Brazilians did not think much of that suggestion.
9. (C) Comment: Brazilian President Lula’s visit was widely seen here as an endorsement of Evo Morales for reelection December 6, reflecting Brazil’s conclusion that Morales is all but certain to win in any case. We believe, however, that this embrace of Morales is tempered by a clear-eyed recognition of the Morales government’s many shortcomings (the Brazilians indicated that they share a great deal of our frustration with the Bolivians, from counter-narcotics to economic policy). We will continue to encourage Brazil to follow through on its expressed interest in helping to moderate Morales, despite the evident limits of such approaches.
CREAMER
Renovo a pergunta ao companheiro: voce gosta de morar num pais assim?
Em todo caso, aqui segue uma complementação à pergunta feita mais abaixo: será que é possível que tenhamos, um dia (mesmo num futuro distante) um país normal?
Seguem comentários de um jornalista conhecido...
No país da pororoca, da jabuticaba…
Reinaldo Azevedo, 8/07/2011
(...) É, leitor, vivendo e aprendendo…
Sendo assim, a gente tem político que rejeita um cargo no primeiro escalão do governo federal porque o grupo empresarial a que ele pertence diz “não”! Foi o que se deu com o senador Blairo Maggi (PR-MT), convidado a assumir o Ministério dos Transportes no lugar do defenestrado Alfredo Nascimento.
Prestem atenção! O Grupo André Maggi, que congrega as empresas comandadas por Blairo, reuniu-se e chegou à conclusão de que este não pode ser ministro por causa dos negócios que aquele mantém com o governo federal, o que caracterizaria um choque de interesses.
Caramba! O mundo está mesmo ao contrário, e ninguém reparou!
Sempre entendi que a tarefa de apontar incompatibilidades era, na esfera propriamente política, da Casa Civil, e numa outra, já ligada à área de Inteligência, da Abin. Uma analisa a trajetória política do pretendido — ou do pretendente —, e a outra, a ficha, digamos, criminal. Havendo um “nada consta” nas duas instâncias, então se faz o convite.
É o fim da picada que tenha de ser o grupo André Maggi a informar que haveria um choque de interesses entre o Blairo empresário e o Blairo ministro — noto que o grupo deve ter achado que estava dada a compatibilidade quando ele era governador e está dada agora, como senador. Mas isso é o de menos agora.
A dificuldade do governo decorre de um método de composição da equipe de caráter, digamos, feudal, quando os senhores da terra, absolutos em seus domínios e com exército particular, se reuniam para dar a sua cota pessoal de sustentação a um rei que, para todos os efeitos, tentava manter a harmonia do conjunto.
Só se tem hoje um buraco no Ministério dos Transportes porque esse é o feudo do PR. É preciso encontrar o “melhor nome” dentro desse grupo restrito. Considerando que a turma está na pasta há sete anos, é razoável supor que aqueles que se “interessam” por essa área já estavam lá agregados. Uma escolha dentro desse universo corresponde à manutenção do statu quo.
É o que chamo de “Presidencialismo de Colisão com a Moralidade”.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Um chefe de quadrilha otimista: assim que deve ser...
Este Al Capone da política, por exemplo, mantém o bom-humor...
Exatamente como deve se comportar um experimentado jogador
(sobretudo os que são treinados pela inteligência cubana...)
Paulo Roberto de Almeida
Acusações contra mim são ‘meras ilações’, afirma Dirceu
por Bruno Siffredi
Agência Estado, 08.julho.2011 16:23:54
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) considerou nesta sexta-feira, 8, que o pedido enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) de condenação de 36 dos 38 réus do processo do “mensalão” não traz “qualquer prova material ou testemunhal” contra ele. Na avaliação do petista, as acusações feitas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, autor do pedido, são “meras ilações”. “Suas acusações contra mim não trazem qualquer prova material ou testemunhal. São meras ilações extraídas de sua interpretação peculiar sobre minha biografia”, afirmou o ex-ministro, em seu blog pessoal.
"A solucao do problema da Libia deve ser dada pelos libios": acredite quem disse isto?
Cada um tem a sua verdade, inclusive o que fala...
Paulo Roberto de Almeida
Lula criticizes UN, West at African Union summit
Pravda, 08.07.2011
A bold critique of the attitude of the West towards Africa and Latin America was made by former Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva sparking a standing ovation at the African Union summit on Thursday. Lula criticized in particular the United Nations for not granting to any country in Africa or Latin America a permanent seat on the Security Council.
"It isn't possible that the African continent, with 53 countries, has no permanent representation on the Security Council," he said.
"It isn't possible that Latin America, with its 400 million inhabitants, does not have permanent representation. Five countries decide what to do and how to do it, regardless of the rest of the humans living on this planet."
Lula was referring to the five permanent members of Security Council (Britain, China, France, Russia and the United States).
Brazil, an emerging power with a progressive increase of influence on the world stage, has been fighting for a long time for a permanent seat on the Council of 15 members.
The conflict in Libya is the focus of the summit, which began on Thursday in the capital of Equatorial Guinea, Malabo, with criticism of the NATO action and involvement in the crisis in West Libya. This aggression against Libya is the continuation of the policy colonialist and imperialist countries have always had, creating wars and revolutions in Africa to steal the natural resources of African countries over the centuries.
"We need a UN that has the courage to impose a ceasefire in Libya and to require negotiations between the Libyan leader Muammar Gaddafi and terrorist rebel opponents," said Lula. "The solution to the conflict must be in Libya, between Libyans themselves, not from colonial or foreign powers," he added.
Brazil was one of five countries that abstained on the vote in the UN Security Council in March on Resolution 1973, which authorized the use of "all necessary means" to "protect civilians from the forces of Gaddafi," but in reality its interest was to legitimize a military attack on Libya for the governments of USA, France and England to steal Libyan oil. The authorization - contradicting all the precepts of the UN - has become a "blank check" for NATO to bomb the civilian population of Libya indiscriminately - something that is not in the UN document.
The crisis belongs to the rich
Lula also accused the West of unfairly imposing austerity measures on poor countries, including the Europeans, after a financial crisis that he said had its roots in the United States and in Europe.
"The crisis came from the United States, from American bankers, from financial speculation in the richest countries in Europe. And it is the poor countries of Africa, Latin America and Asia who will pay the bill," he affirmed. Now the "victims pay the price for a crime that they did not commit - that is what is happening in Greece," he said.
The West is "unable to see an Africa that is composed of human beings equal to those on the European continent," he said, adding that perhaps they think that "Africans or Latin Americans are second class citizens or because they look like natives."
"We just want to be treated equally and share the wealth being produced in this world." Lula called for increased integration between African and emerging nations.
Brazil, Russia, India, China and South Africa form the BRICS group, which appears as a possible counter-force in international affairs in relation to Western countries.
Translated from the Portuguese version by: Lisa Karpova
Pravda.Ru
Pergunta a um companheiro ingenuo: voce acredita em transferencia de tecnologia?
Por exemplo, a de constatar se são de verdade ingênuos, mal informados, ou simplesmente idiotas.
Sinceramente não sei dizer se certas personalidades são apenas medíocres, outros são amigos do alheio (como visto em vários casos recentes), ou se são (o que acredito seja a maioria dos casos) apenas despreparados e incompetentes para certos cargos e responsabilidades.
Nunca antes neste país, tivemos tantos medíocres colocados em postos de tão alta chefia.
Parece que vamos continuar assim pelo futuro previsível.
Paulo Roberto de Almeida
Pimentel diz que França pode ajudar mais com transferência tecnológica
Agência Brasil, 807.2011
Memorando de entendimento deverá aumentar o intercâmbio entre os órgãos de governo, centros de pesquisa e desenvolvimento, universidades e empresariado dos dois países.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse ontem (7), em Paris, que a França pode ajudar muito o Brasil com transferência de tecnologia em setores estratégicos. Segundo ele, "nosso País precisa muito do dinamismo da economia francesa no salto de inovação que queremos dar com o lançamento da nova política industrial".
De acordo com nota divulgada por sua assessoria, Pimentel fez a afirmação durante palestra para empresários franceses no The 2nd Brazil Business Summit. Ele também enfatizou para o ministro de Economia da França, François Baroin, a necessidade de fortalecimento da parceria bilateral, embora reconheça que o Brasil é o País que mais recebe investimentos franceses no mundo atualmente.
Pimentel está em viagem oficial à França e chefia delegação empresarial brasileira que participa da 3ª Reunião do Comitê Técnico de Promoção Comercial e de Investimentos Brasil-França. No encontro de ontem (7), Pimentel firmou memorando de entendimento para aumentar o intercâmbio de informações e de boas práticas entre os órgãos de governo, centros de pesquisa e desenvolvimento, universidades e empresariado dos dois países.
O acordo prevê também a promoção conjunta de investimentos, a criação de novos serviços e a aplicação de processos de inovação nos setores produtivos e de serviços, privados e governamentais. Pretende ainda ampliar o apoio à publicação de editais conjuntos entre órgãos governamentais e a integração produtiva entre empresários, universidades e parques tecnológicos.
Pergunta a um companheiro conhecido (para ser respondida sinceramente)...
Leia bem o que vai abaixo e depois me responda, com toda franqueza:
Você gosta de morar num país assim?
(Pode responder anonimamente.)
Paulo Roberto de Almeida
Dilma diante da alcateia
Editoriao - O Estado de S.Paulo
08 de julho de 2011
A presidente Dilma Rousseff não escapou do ressentimento da base parlamentar do Planalto por ter preferido esperar que o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, titular do mal chamado Partido da República (PR), se enforcasse nas próprias cordas, em vez de fazer a coisa certa para demonstrar a sua intransigência com a corrupção, qualquer que fosse o preço a pagar: afastar o ministro juntamente com os seus quatro auxiliares diretos suspeitos de cobrar propinas e superfaturar obras pagas pela pasta. Mas, ao poupá-lo, além de tornar a ser vista como vacilante, Dilma não escapou das críticas dos chamados aliados. "O ministro não merecia esse desenlace", reclamou um deputado da sua legenda. "Isso terá consequências", previu o presidente de outra sigla governista, inconformado com a demissão dos quatro suspeitos sem consulta a Nascimento.
Afinal, ele teve de se demitir, anteontem, quando novos escândalos mancharam o seu já carregado prontuário. Na mesma quarta-feira, O Globo revelou que uma empresa de seu filho Gustavo Morais Pereira cresceu colossais 86.500% em seis anos - de R$ 60 mil para R$ 52,3 milhões. O precoce empresário de 27 anos fazia negócios com outra empresa, beneficiária de recursos do Ministério dos Transportes - onde a mulher de seu proprietário é funcionária nomeada por Nascimento e mexe com dinheiro grosso. Além disso, o site do Estado revelou que o então chefe de gabinete da pasta, Mauro Barbosa, um dos afastados por Dilma, constrói em Brasília uma casa que deverá custar-lhe cerca de R$ 4 milhões. E, completando a safra de escândalos do dia, em um dos 74 inquéritos abertos para apurar desvio de verbas no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a Polícia Federal apurou que um sobrinho do deputado federal João Maia, outro republicano, cobrava pedágio de 5% dos valores pagos a uma empresa prestadora de serviços ao órgão.
O Ministério dos Transportes, terreno de onde jorra lama onde quer que se perfure, foi cedido pelo então presidente Lula, ainda no seu primeiro mandato, ao PL do vice José Alencar. A legenda veio a se chamar PR depois da fusão com o Prona. Pelo ingresso de Alencar na chapa, o PT, presidido pelo deputado José Dirceu, pagou R$ 10 milhões ao PL controlado pelo colega Valdemar Costa Neto. Eles se reuniram a poucos metros de onde Lula e Alencar se entendiam. Réu do mensalão, Costa Neto renunciou para não perder o mandato. Reeleito, segue sendo o capo do PR presidido por Nascimento. "Despachava" com empreiteiros no gabinete do ministro. Disputa com outros figurões da base a condição de encarnar o acervo mais representativo da herança maldita que a presidente recebeu do seu mentor. Lula não só uniu em torno de si a escória política nacional, como permitiu-lhe frequentar sem embaraço os cofres federais.
Sabe-se hoje que sua ministra da Casa Civil não estava pisando nos astros, distraída, enquanto se perpetrava o assalto ao trem pagador do Ministério dos Transportes. Já não vem ao caso imaginar o que ela fez ou deixou de fazer pelo patrimônio público posto ao alcance dos lobos. Mas dois fatos atuais não podem ser deixados de lado. Um é que, ao assumir a Presidência da República, prometeu ser implacável com a corrupção. O outro é que a corrupção continuou solta e pesada nos Transportes até que a imprensa a expusesse. Nessa hora, no fim da semana passada, a presidente teve a chance histórica de iniciar uma cirurgia radical na pasta para livrar-se da "herança maldita". Em vez de aproveitá-la, preferiu manter o ministro e entregar-lhe a apuração das traficâncias praticadas a um palmo do seu nariz. Depois, em zigue-zague, mandou suspender as licitações por ele aprovadas, enquanto as ministras da Casa começavam a tratá-lo como um morto-vivo.
A presidente, em suma, deixou passar a primeira hora da verdade da sua gestão. A segunda já ressoa pela voz dos dirigentes do PR que não abrem mão do seu feudo e advertem que Dilma terá de se entender com o caído Nascimento para a escolha do sucessor.
Se ela sucumbir à chantagem, já não fará muita diferença para a sua imagem se convidar de uma vez para o cargo o próprio Valdemar Costa Neto.
A primeira guerra moderna: na Crimeia, cristaos contra...cristaos...
Paulo Roberto de Almeida
Why the Crimean War Matters
By GARY J. BASS
The New York Times Review of Books, July 8, 2011
THE CRIMEAN WAR: A History
By Orlando Figes
Illustrated. 576 pp. Metropolitan Books/Henry Holt & Company. $35.
The Crimean War was the first major war to be covered by professional foreign correspondents, who reported on the disastrous blundering of commanders and the horrors of medical treatment at the battlefront. Today, we remember fragmentary stories: the charge of the Light Brigade, symbolizing the blundering; Florence Nightingale, for the medical treatment. But the real war has faded away, eclipsed by the two vastly worse world wars that were to come.
Still, the Crimean War — in which three-quarters of a million soldiers and untold multitudes of civilians perished — shattered almost four decades of European peace. It inflamed Russia’s rivalry with the Ottoman Empire over the Balkans, providing the tinder for World War I. And by thwarting Russian’s ambitions in Europe, it made possible the fatal rise of Germany.
In “The Crimean War: A History,” Orlando Figes restores the conflict — which predated the American Civil War by eight years — as “a major turning point” in European and Middle Eastern history. He argues forcefully that it was “the earliest example of a truly modern war — fought with new industrial technologies, modern rifles, steamships and railways, novel forms of logistics and communication like the telegraph, important innovations in military medicine and war reporters and photographers directly on the scene.” The ferocious yearlong siege of Sevastopol “was a precursor of the industrialized trench warfare” of World War I.
The war itself was initiated when religious squabbles over holy places in the Ottoman towns of Jerusalem and Bethlehem prompted Russia to march troops into present-day Romania, threatening the partition of Ottoman lands. In response, the Ottoman Empire declared war, and Britain and France rallied to its defense. The devastating combat around the Black Sea proved unbearable for Russia: two-thirds of the soldiers killed in the war were Russian. After losing Sevastopol, Russia accepted a humiliating peace.
Figes, a renowned professor of history at the University of London, might be thought the loneliest of creatures, the Crimean War buff. But his history is a huge success. His harrowing recounting of Sevastopol presents an inferno of military absurdities and gruesome deaths, with people hit by rocks, gored with lances, hacked by swords, decapitated by shells and disemboweled. Figes artfully uses painstaking archival work — disturbing dust in London, Paris, Istanbul, Moscow and St. Petersburg — to expose the secret machinations of statesmen, but he never overlooks the awful human costs, like the nonchalant willingness of aristocratic Russian officers to sacrifice their peasant soldiers. And the book traces the roots of many modern crises: Britain, trying to create buffer zones against Russia, occupies Afghanistan and considers seizing Baghdad, where a British diplomat blithely proclaims that Sunnis and Shiites “could always be played off against each other.”
This is history with an argument. Figes maintains that the conflict was essentially a religious war, and he is frustrated that most writers have neglected that theme: “If the Balkan wars of the 1990s and the rise of militant Islam have taught us anything, it is surely that religion plays a vital role in fueling wars.” Figes writes of Russians and Turks clashing over “religious battlegrounds, the fault line between Orthodoxy and Islam,” and explains that “every nation, none more so than Russia, went to war in the belief that God was on its side.” The Crimean War “opened up the Muslim world of the Ottoman Empire to Western armies,” and “sparked an Islamic reaction against the West which continues to this day.” The title of the British edition of the book is “Crimea: The Last Crusade.”
Figes presents czarist Russia as a deeply religious state, on a “divine mission” to recapture Constantinople and deliver millions of Orthodox Christians from Ottoman rule. More than anyone, he blames the war on Czar Nicholas I: a militaristic reactionary, a pioneer in the use of secret police and censorship, who Figes also suggests was mentally ill. In the decisive hours of 1854, as Britain and France threatened war against him, Nicholas failed to make “any calculation” about his military strength or give “any careful thought” to British and French military superiority; he chose war in a “purely emotional reaction,” based “perhaps above all on his deeply held belief that he was engaged in a religious war to complete Russia’s providential mission in the world.”
Figes makes a powerful, if not entirely convincing, case. Russia could be a fickle friend to the Orthodox peoples. It blew hot and cold in its support for an earlier Greek revolt against Ottoman rule. And it had some pragmatic reasons to try to dominate the Ottoman Empire. As Figes notes, Russia needed Black Sea ports for its trade and to project naval power.
As Figes himself emphasizes, ideologues, whether Islamist or Christianist, who seek historical evidence of a permanent war between Islam and Christianity will have to look elsewhere. Britain and France fought for the Ottoman Empire. And Western and Eastern Christians despised each other, sometimes more than they loathed Muslims. Nicholas, declaring himself the champion of Slavs throughout the Balkans, hoped that Britain would not dare “continue to ally with the Turks and fight with them against Christians.” He was dead wrong. If Britain was on a crusade, it was against Russia, not the Ottoman Empire. Britain spent most of the 19th century trying to thwart Russian expansion, with some Britons feverishly dreading Russia as the only land power that might be able to threaten India; Disraeli once claimed, “Constantinople is the key of India.” Figes depicts Britain as obsessed with the Russian menace to liberty and civilization — an obsession, he adds, that partly shaped cold war attitudes about the Soviet threat.
To resist Russia, Figes observes, Britain had spent decades trying to revitalize the Ottoman Empire. Many Britons developed a soft spot for the Ottoman Empire, hoping that it could successfully reform itself under British tutelage. Some Anglicans admired Islam, and some influential Britons praised Ottoman religious toleration. These pro-Turkish Britons held “a romantic sympathy for Islam as a basically benign and progressive force,” which was “preferable to the deeply superstitious and only ‘semi-Christian’ Orthodoxy of the Russians.” Figes wryly quotes a British speaker: “The Turk was not infidel. He was Unitarian.”
The war was also a clash between political systems: British liberalism against Russian absolutism. The freedom-minded British (as well as many French people, despite Napoleon III’s stifling rule) were horrified by Russia’s despotism, and by its bloody military suppression of liberal revolutionaries in Poland and Hungary. When the Crimean War came, Figes writes, the British public saw it as a defense of “British principles” like “liberty, civilization and free trade.”
Figes, like other scholars, chillingly shows how British freedoms and open institutions helped drive the country into catastrophe: “This was a war — the first war in history — to be brought about by the pressure of the press and by public opinion.” Lord Palmerston, a wartime prime minister whom Figes calls “the first really modern politician,” had stoked the xenophobic indignation of the British people, while the rabble-rousing press smeared those who questioned the wisdom of the war. Palmerston once said he wanted Britain to be “the champion of justice and right” while “not becoming the Quixote of the world.” In this, as in much else, the Crimean War remains alarmingly relevant.
Gary J. Bass is a professor of politics and international affairs at Princeton and the author, most recently, of “Freedom’s Battle: The Origins of Humanitarian Intervention.”
Ah!, la decadence... c'est mieux dit en Francais - Marc Fumaroli
Loin de ça!.
Ele não só é um grande intelectual, como um homem fino, e eu garanto pelo menos o fino...
Paulo Roberto de Almeida
WHEN THE WORLD SPOKE FRENCH
By Marc Fumaroli
Translated by Richard Howard
519 pp. New York Review Books. Paper, $18.95.
Excerpt: ‘When the World Spoke French’ (pdf) (nybooks.com)
When French Was the Language of Enlightenment
By CAROLINE WEBER
The New York Times Review of Books, July 8, 2011
A few months ago, WikiLeaks’ publication of confidential cables from American embassies around the world inspired a mock news item headlined “Sarkozy Admits French Language a Hoax.” According to this report, France’s diplomatic missives were revealed to have been written in English, leading the French president to confess that “the French really speak English, except in the presence of the British.” He went on to explain that the French language “was in fact complete gibberish,” invented by William the Conqueror’s troops during their invasion of England in order to “seem a bit more exotic” to the locals.
Whatever its humor value, this absurdist scenario underscores the degree to which English has eclipsed French as the international idiom of choice. With his magisterial study, “When the World Spoke French,” Marc Fumaroli harks back to a time when the situation was exactly the reverse. In the 18th century, he shows, “the international community of the learned” tended “to speak, write and publish mostly in French.” Whether they hailed from Russia or Prussia, Sweden or Spain, Austria or America, the Enlightenment’s best minds gravitated to French out of their shared reverence for both the matchless sophistication of the French art de vivre and the spirited intellectual exchanges of the Parisian salon.
To Fumaroli, an eminent scholar of French classical rhetoric and a member of the Académie Française, the adoption of the French language necessarily entailed the absorption of a whole system of cultural values. Like the Ciceronian Latin favored by the intellectuals of the Renaissance, 18th-century French “was a language in itself inconvenient, difficult, aristocratic and literary,” inseparable from “a bon ton in manners, from a certain bearing in society, and from a quality of wit, nourished on literature, in conversation.” Notwithstanding the radical role it would eventually play in the French and American Revolutions, the language of Enlightenment liberalism and universalism paradoxically evinced the finest qualities of the French nobility: cleverness, leisure, cultivation and charm.
Duly associating Frenchness with class privilege, the Francophile king Frederick the Great of Prussia pointedly spoke his native German only to stable-boys and horses. In a similar vein, Fumaroli notes approvingly that “the French of the Enlightenment” remained “precise and lively” even in the speeches of the militant regicide Maximilien Robespierre, “whose bearing was impeccable, whose hair was always freshly powdered, whose diction and manners were those of a courtier.” Unabashed about the elitism of this view, Fumaroli explains that speaking French was “an initiation into an exceptional fashion of being free and natural with others and with oneself. It was altogether different from communicating. It was entering ‘into company.’ ”
And what a company! Conceived as “a portrait gallery of foreigners conquered by Enlightenment France,” Fumaroli’s book provides biographical essays about a diverse and fascinating cast of characters. Some, like Catherine the Great and Benjamin Franklin, are already renowned as political leaders and Francophiles. Others, like Francisco de Goya and Lord Chesterfield, are famous but not especially for their French connections. Still others are more or less unknown on every count. This book, however, depicts them all as wonderfully distinct individuals — real people whose eclectic interests, messy love lives and oddball personalities square ill with the lofty philosophical abstractions “the Enlightenment” so often calls to mind. Fumaroli’s Enlightenment is, first and foremost, a wild and woolly human drama, its players every bit as multifaceted (and flawed) as those making headlines today.
Take Charlotte-Sophie d’Aldenburg, Countess of Bentinck, born to a branch of the Danish royal family and educated entirely in French (though she never visited Paris). Until now, history has remembered her mainly as one of the many grandes dames who corresponded with Voltaire. In Fumaroli’s account, the countess emerges as a lovable sourpuss (“I have a contrary spirit, which makes me a disagreeable conversationalist. . . . I am tired of speaking ill of myself”); an incisive critic of Rousseau; a keen scientist who knew her way around a microscope and a telescope; a hopeless romantic who scandalized staid Protestant Northern Europe by cheating on her husband with one of her cousins; and an irrepressible thrill seeker who, as Catherine the Great wrote admiringly, “rode like a cavalryman, . . . danced whenever she chose, sang, laughed, capered about like a child, though she must have been well over 30.”
Like most of the tableaux in his gallery, Fumaroli’s portrayal of Aldenburg supports his claim about the “unique alliance of intelligent power and insolent joie de vivre” that earned the French language so many devotees. For this very reason, though, reading his subjects’ “French” texts, appended to each chapter, proves a somewhat unsatisfying exercise, despite Richard Howard’s characteristically able translation. (“When the World Spoke French” originally appeared in 2001 as “Quand l’Europe Parlait Français.”) For example, Fumaroli lauds the “polished” French style Frederick the Great honed in his correspondence with Voltaire. Yet almost by definition, the Gallic esprit of the Prussian’s prose is undetectable in such lines as: “I am deeply vexed to be the Saturn of the planetary heaven in which you are the sun. What is to be done?”
But Frederick’s own letter does not contain the clunky accidental rhyme (sun/done), and the awkwardness of “the planetary heaven in which you are the sun” obscures the alexandrine — the melodious 12-syllable metrical line proper to French poetry and drama — in the original. Quite literally, the poetry of Frederick’s French is lost in translation. So too is the significance of his Saturn/sun quip, a sly evocation of Voltaire’s “Micromégas” (1752) — a story in which the eponymous hero travels to Saturn and debates a local philosopher about the merits and properties of the sun.
Here, as in much of this densely erudite book, an explanatory note would have been helpful. Such references abound not only in Fumaroli’s protagonists’ writing but in his own, as when he says that Ben Franklin and a lady friend exchanged “innocent caresses, like Julie and Saint-Preux at Clarens.” Or when he writes that a friend acting as an intermediary between King Stanislaw II of Poland and an alluring duchess behaves “like Vautrin, arranging Lucien de Rubempré’s amours with the Duchesse de Maufrigneuse and his marriage with Clotilde de Grandlieu.”
These statements presume a level of familiarity with the French literary canon that I, as a professor of French literature, would be thrilled to find in my compatriots but seldom do. Fumaroli, bless his heart, remains hopeful: “An optimist, I am led to believe by experience that the number of people in the present-day world capable of a real conversation in French (who are necessarily also real readers and owners of a library) has actually increased” and diversified since the 18th century. English may now function as the go-to language in commerce, technology and geopolitics. But according to Fumaroli, the old-school sophistication of French still holds sway among a small, if obscure, international elite. “It is,” he concludes, “in this clandestine worldwide minority . . . that today resides, . . . unknown to the majority of the French, the life and future of their irreplaceable idiom, qualified as a literary language and the language of ‘good company.’” For those looking to join this latter-day “banquet of enlightened minds,” “When the World Spoke French” is an excellent place to start.
Caroline Weber, a frequent contributor to the Book Review, is the author of “Queen of Fashion: What Marie Antoinette Wore to the Revolution.”
UnB: retirando o sofa da sala... ou fechando porta arrombada...
Abaixo uma circular do "magnifíco" (entre aspas e minusculíssimas) que tenta reparar o ambiente deletério que já se instalou na UnB.
Isso depois de uma recente festa, que se chamava "a x...ta louca"!!!! Isso mesmo!
Bem, deixo vocês com esta demonstração de impotência e falta de autoridade:
ATO DA REITORIA N. 0856 /2011
Recomenda a suspensão da autorização de eventos festivos em espaços físicos dos campi da Universidade de Brasília e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO E REITOR DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, no uso de suas atribuições estatutárias e considerando os seguintes aspectos envolvendo a realização de eventos festivos nas dependências da Universidade de Brasília:
I a realização de eventos não autorizados pela Universidade;
II o crescente número de participantes em eventos autorizados, inclusive de pessoas estranhas à comunidade universitária;
III os eventos realizados com inadequada organização, controle e segurança;
IV os danos ao patrimônio da Universidade;
V os meios tecnológicos usados para a divulgação de festas, como as redes sociais, que impedem a estimativa adequada de participantes nesses eventos;
VI o debate em curso nos conselhos superiores acerca das Diretrizes de Convivência da Comunidade Universitária;
VII os termos das Resoluções do Conselho de Administração n. 5/1995 e n. 2/2003; e
VIII os termos do art. 4º da Resolução do Conselho de Administração n. 2/2003;
R E S O L V E:
Art. 1º Recomendar aos Decanos e Diretores das Unidades Acadêmicas e Administrativas que não concedam novas autorizações para realização de festas nas instalações acadêmicas dos campi da Universidade de Brasília, inclusive na circulação interna dos edifícios, até que a proposta de Diretrizes de Convivência da Comunidade Universitária seja apreciada pelo CONSUNI.
Art. 2º Reiterar, nos termos do art. 1º da Resolução n. 2/2003, que as festas que envolvam propaganda, venda de ingressos e de bebidas alcoólicas são restritas ao Centro Comunitário Athos Bulcão, em conformidade com as normas de utilização deste, sob supervisão do Decanato de Assuntos Comunitários (DAC).
Art. 3º Orientar a Prefeitura do Campus (PRC) para que, por meio da Coordenadoria de Proteção ao Patrimônio (CoPP), impeça a realização de eventos não autorizados.
Art. 4º A realização de eventos não autorizados deverá ser apurada imediatamente por Comissão de Processo Disciplinar para determinação de responsabilidades individuais.
Parágrafo Único: A identificação, por parte da Prefeitura do Campus, de atuação de Centro Acadêmico na realização de eventos não autorizados implicará a suspensão da concessão dos auxílios previstos na Resolução n. 8/2008 até que os trabalhos da Comissão de Processo Disciplinar sejam concluídos.
Ar. 5º Os interessados na realização de eventos não previstos na regulamentação contida na Resolução n. 2/2003 deverão encaminhar solicitação, com antecedência mínima de 30 dias da data prevista do evento, ao Decanato de Assuntos Comunitários, a quem caberá deliberar acerca da autorização do evento.
Art. 6º Determinar que os casos omissos sejam encaminhados ao Decanato de Assuntos Comunitários, a quem fica delegada a competência para analisá-los e deliberar a respeito, ouvida a Prefeitura do Campus.
Art. 7º Este Ato entra em vigor a partir desta data.
Brasília, 8 de julho de 2011.
José Geraldo de Sousa Junior
Reitor
Recordar e viver, ou pelo menos sorrir... - Janer Cristaldo, sobre dois velhos amigos...
Depois a coisa se complicou um pouco, mas sempre é bom lembrar: recordar é viver, como diria uma antiga canção...
CUMBRE EN CUBANACAN
Janer Cristaldo
A Notícia (Joinville, SC), 22.01.1989
Havana (Urgente) — Em sua recente entrevista com Fidel Castro, o Dr. Luís Inácio da Silva, candidato do PT à presidência da República, revelou insuspeitados dotes de estadista, emergindo deste encontro no Caribe como um dos mais lúcidos líderes de Nuestra America. Hóspede oficial do governo cubano, Dr. Lula sequer necessitou deslocar-se de Cubanacan para discutir com o Líder Máximo os destinos do continente: na noite mesmo de sua chegada, mais precisamente às 23h30min de sábado passado, Fidel foi, verborrágica e pessoalmente, cumprimentá-lo. Exausto pela longa viagem e ciente da monologomania do velho ditador, mal Fidel esboçou um “bienvenido sea el compañero de luchas por la felicidad y bienestar de nuestro pueblo latinoamericano, impertérrito adversário del capitalismo y de la libre iniciativa, líder incontestable de las luchas laborales en Brasil...”, Dr. Lula cassou-lhe o verbo.
— Sei, sei — resmungou Dr. Lula, com a nonchalance de um plenipotenciário — e além do mais dispenso salamaleques, em verdade estou aqui apenas de passagem, mais diria em campanha eleitoral, pois se stalinismo passou de moda na Europa, ainda rende votos no Brasil. Quero em todo caso cumprimentá-lo por esta permanência de três décadas no poder, façanha que sequer foi atingida pelos militares brasileiros, com armas e atos institucionais em punho, sonho longe do alcance de caudilhos menores como Pinochet, desautorizado em plebiscito mal completou década e meia de governo. E quero particularmente cumprimentá-lo, camarada Fidel, por façanha bem mais insólita, a de preservar a simpatia da imprensa toda do Ocidente após trinta anos de ditadura, a propósito, bem gostaria que me passasse esta fórmula, nunca se sabe quantos séculos são necessários para educar uma nação.
Perplexo ante o sangue frio do jovem estadista, mal Castro esboçou um tímido “pero...”, Dr. Lula o atalhou:
— Ni pero, ni pera, Fidel. Você há de convir que trinta anos é um exagero. Se nem a CIA e o cigarro conseguiram te matar, mais dez aninhos e empatas com Franco. Visitar a ilha é uma espécie de batismo, sei disso, o Caetano e o Chico também sabem, acontece que nós envelhecemos e as gerações se renovam, estou aqui apenas para um gesto de aceno a meus companheiros de geração, acontece que conseguimos introduzir na Nova constituição o direito de voto a maiores de dezesseis anos, o que nos fornece uma fatia virgem no mercado eleitoral, são cinco ou seis milhões de eleitores, em sua maioria em fase de revolta com os pais, ou seja, voto certo no PT. Cá entre nós, camarada, esta minha visita até que me desprestigia, a imprensa burguesa vai gozar com a minha cara, ainda nem voltei e aposto que nalguma redação algum jornalista reacionário já deve estar me preparando alguma. Cuba já não dá mais crônica social, Fidel. A moda agora é Nicarágua e é pra lá que estou indo. Há centenas de jovens da classe média e alta classe média pagando mil dólares para passar fome e colher café para os nicas, que afinal isso de ser revolucionário não é para qualquer pé-rapado, não é qualquer zé-povinho que se pode dar ao luxo de pagar tanto para passar tão mal, e a classe média é muito intuitiva, assim que penso comer algumas lagostas em Havana, daquelas que você reserva para quem traz dólares e no meio da semana já estou voando pra Manágua, que mais não seja para abraçar “compa” Ortega. Desculpe o camarada Fidel minha franqueza, mas há razões que a razão não desconhece, são as famosas razões de Estado.
— Pe... pe... — quis balbuciar um Fidel perplexo — no que foi calado pelo líder petista.
— Ni pe ni pa, camará! Estou em campanha eleitoral e fica cada vez mais difícil, para um homem que ambiciona o poder e precisa namorar as esquerdas, explicar tua ilha. Quando jovem, vibrei com teu combate em Sierra Maestra, brindamos a queda de Fulgencio Batista, inovamos a autodeterminação dos povos e a Doutrina Monroe por ocasião da invasão da Baía dos Porcos. Pena que vivemos na era das comunicações, compañero, e não há hoje quem não saiba que na Cuba de Batista quem quisesse abandonar o país só precisava fazer as malas. Aquela fuga em massa pra Miami, lá por 80, caiu muito mal, meu caro Castro. Até o general Pinochet já fez plebiscito, mais ainda, aceitou o resultado da consulta, o que nos deixa numa situação muito desconfortável quando, convidado a confirmar tua legitimidade, declaras que os cubanos já fizeram um plebiscito há trinta anos. Como é que eu fico, Fidel, logo eu que lutei e luto pelas eleições diretas, como ficamos nós que denunciamos que há vinte e sete anos não votamos para presidente? Você há de convir que não é fácil explicar às novas gerações estas contradições dialéticas, certamente inevitáveis no processo histórico, mas dificilmente inteligíveis em um país onde a imprensa infelizmente é livre. Estamos te mandando turistas, camarada, e todos com os bolsos cheios de dólares e é claro que te somos gratos pela recepção, temos acesso a mordomias com as quais cubano algum ousa sonhar. O Chico, por exemplo, sempre cantou tua revolução, claro que ele sempre prefere sua cobertura no Rio, seu apartamento em Paris, mas isto é humano, Brecht já dizia que quem não sabe bem comer, bem beber e bem tratar uma mulher na cama não pode ser revolucionário. A reflexão é pertinente, só que dificilmente inteligível pelas massas. E nunca falta o jornalista de má-fé que insista em perguntar: mas se turismo é comércio de ida-e-volta, por que não vemos turistas cubanos no Brasil? Para os menos esclarecidos sempre podemos alegar que não se faz omelete sem quebrar os ovos, ameaça imperialista ao Norte, fortaleza sitiada pelo capitalismo, etc., mas meu suporte é a classe média e a classe média bem ou mal lê ou viaja e já não engole mais tais potocas. Camarada Castro! — e então Lula tentou erguer o braço até os ombros do Líder Máximo — até Gorbachov está conquistando o Ocidente, com não mais que duas palavrinhas, glasnost e perestroika. Custa muito ao camarada fazer uma concessãozinha aos ventos do Leste?
— Pe... pe... peres... que? — balbuciava atônito o Líder Máximo.
— Perestroika, camarada. Glasnost. Reestruturação. Transparência. Words, words, only words. Você acha que Gorbachov vai abrir fronteiras ou permitir críticas a seu governo na imprensa? Você imagina que vai liberar o xerox ou derrubar o Muro de Berlim? Nada disso, companheiro. Gorbachov está apenas tentando chegar ao século XX, antes que o Ocidente chegue ao século XXI. Mera ofensiva de charme. Estou até pensando em ver se descolo um encontro com o perestroistchki tovaritch Gorbachov, não há hoje quem não saiba que se ele deixa de enviar dólares aos bilhões à tua ilha, dia seguinte estás sem emprego. E depois, Fidel, isso de nomear sucessor. Logo um irmão! Eu, que fiz minha fortuna política xingando os militares, nem disso pude acusá-los! Trinta anos, meu caro — e Lula esfregou sua barbicha nas vetustas barbas do Caudilho — bem que eu gostaria de um período assim para endireitar aquele país, infelizmente lá a imprensa é livre, repito, e nunca falta um negativista profissional que nos cobre alternância de poder, eleições livres, em suma, esses empecilhos democráticos que nos impedem de construir a utopia.
Nesta cumbre, como dizem meus colegas de fala espanhola, o líder petista deixou claro que, uma vez presidente da República, só pensaria em uma aproximação com Cuba a partir do momento em que o Líder Máximo devolvesse aos cubanos o direito de voto.
— Não que eu acredite lá muito em eleições, camarada Fidel. Bem sabemos que a violência é o fórceps da História. Acontece que os brasileiros desde há muito estão contaminados pelos tais de ideais democráticos, culpa talvez em parte nossa, admito, afinal tanto falamos em democracia para contestar a ditadura que o povo acabou por intoxicar-se. A última tentativa de chegarmos ao poder pelas armas, o camarada viu no que deu e até hoje deve doer-lhe no bolso, meu caro Castro, aquele milhão de dólares repassadas a El Ratón, é assim que vocês chamam o Brizola aqui em Cuba, não é verdade? Por outro lado, compañero, isso de manter intelectuais e opositores na prisão, isso já era, Fidel, já era. As “autocríticas” de prisioneiros políticos não convenceram nem na época do Stalin. Aquela do Heberto Padilha, que desastre, hombre! Perdeste teus melhores garotos-propaganda, o Sartre, a Simone, Pasolini, Alain Resnais, Susan Sontag, Carlos Fuentes, Juan Rulfo, Vargas Llosa e vou ficando por aqui. O Gorbachov já está reabilitando Trotsky e você insiste em manter intelectuais no cárcere. Perestroicisesse, hombre, perestroicisesse antes que seja tarde.
— Pero pa qué si yo... — tentou atalhar Castro, impotente ante a verve do ex-metalúrgico.
— Ni pa que sí ni pa que no, camarada. Tua sorte foi a Armênia, não fosse aquele terremoto o Gorbachov dava entrevista no “Granma” e eu pagava pra te ver censurando o chefe, dia seguinte ele dispensava teu açúcar e fechava a torneira dos dólares. A propósito, isso do jornal da revolução ter um nome ianque, isso também cai mal, meu querido. Sem falar que eu tenho vergonha de voltar para o Brasil com um exemplar dele, lá no Brasil qualquer jornaleco de província tem mais informação e crítica do que este Diário Oficial. E mais, Fidel — e então o ex-metalúrgico foi de dedo em cima do Líder Máximo — tem mais, meu caro, isso de fazer discurso com pombinha branca no ombro é recurso fajuto de tua assessoria, imagina se lá no Brasil um milico, com farda e tudo, subisse a uma tribuna de pombinha ao ombro pra comemorar datas, ia ser mais divertido que ouvir o Sarney falando espanhol. Ou achas que alguém ignora tua presença armada em Angola? Isto nos coloca problemas terríveis, a nós, intelectuais de esquerda — (e neste momento o rosto do camarada Lula foi perpassado por um ligeiro rubor) — como explicar às massas que o cidadão cubano só come macarrão com ketchup o dia todo, isso quando tem a sorte de encontrar os dois? Como explicar os dois pares de sapato por ano a que tem direito os cubanos, quando não faltam coturnos para tuas tropas em território africano? Cá entre nós, Fidel, não é fácil vender tua revolução, quando se sabe que o turista em tua ilha tem acesso às dollarshops, ao que de mais sofisticado o capitalismo oferece, enquanto o ilhéu fica chupando no dedo. Acontecesse isso no Brasil, tuas lojinhas de caça ao dólar viravam cacos de vitrine no dia seguinte.
— Pe... pe... pero, Lula — tentava protestar o Supremo Comandante, já próximo à apoplexia, quando o futuro presidente da nação brasileira acalmou-o com um gesto imperioso:
— Tranqüilito, Fidelito, tranqüilito. Te convido para uma missa, sabes muito bem que só existo graças à Igreja, não é por acaso que me assessora um dos maiores ficcionistas catarinenses, frei Leonardo Boff. Ele vai oficiar uma missa e nós vamos rezar, meu querido, por muitos e muitos anos de vida a Stroessner. Sim, o Líder Máximo paraguaio. Pois se o homem morre, camarada, vais ganhar a desconfortável comenda de Decano dos Tiranetes da América Latina.
Operarios (sindicalizados) pedem desemprego e desindustrializacao!!!
Mas é assim.
Leio no jornal do dia a seguinte manchete de primeira página:
"Metalúrgicos fazem greve contra desindustrialização"
Bem, não são todos os metalúrgicos, só os sindicalizados, e mais especialmente a aristocracia operária liderada pela máfia sindical, que são os que cruzaaram os braços, nas montadoras de automóveis do ABC paulista, pois estão preocupados:
"...com o aumento da presença de veículos e de outros produtos industrializados importados no mercado brasileiro e reivindicam o fortalecimento da indústria nacional". (Valor Econômico, 8-10 de julho de 2011, p. A1)
Trata-se de uma das muitas greves comandadas pela máfia sindical contra os interesses da população brasileira e a favor da burguesia, como diriam alguns, ou pelo menos a favor da aristocracia da indústria estrangeira instalada no Brasil, pois se supõe que essas montadoras vão conseguir o apoio ingênuo (ou idiota) dos trabalhadores para barrar concorrência estrangeira e assim poder continuar a cobrar mais caro dos consumidores nacionais.
Se der certo, quem sai perdendo são os brasileiros, em geral, e quem sai ganhando, temporariamente, são os donos das fábricas e os trabalhadores do setor, mas ilusoriamente e com prazo determinado.
Em última instância, quem sai perdendo é o país e a economia nacional, que se insula da concorrência estrangeira e que fica defasada e sem poder competir no exterior.
Que os problemas da indústria brasileira (ou estrangeira instalada no Brasil) não são derivados da concorrência estrangeira, isso eu deduzo de outra matéria no mesmo jornal, que diz o seguinte:
"A valorização exagerada do câmbio tornou mais dramáticos os problemas estruturais que atrapalham a vida do setor privado, como a carga tributária elevada, a infraestrutura precária e o alto custo dos insumos importantes, como a energia elétrica. Para complicar, falta mão de obra qualificada e os salários tem crescido acima da produtividade, num momento de forte aquecimento do mercado de trabalho." (Sergio Lamucci, "A indústria perde competitividade", Valor Econômico, 8-10 de julho de 2011, p. A2)
Ora, NENHUM, repito NENHUM, desses problemas, nem o câmbio, se deve minimamente, à concorrência estrangeira. TODOS eles foram feitos no Brasil, made in Brazil, e devem ser resolvidos aqui dentro.
Então, os metalúrgicos estão fazendo greve contra quem?
Deveriam fazer contra os responsáveis dessa situação.
Adivinhem que é o responsável maior?
Acho que nem preciso dizer...
Paulo Roberto de Almeida
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Addendum em 9/07/2011:
Metalúrgicos fazem manifestação contra desnacionalização da indústria
Wagner Gomes
O Globo, 9/07/2011
Cerca de seis mil metalúrgicos, segundo estimativa da PM, ou 30 mil pelas contas dos organizadores, fizeram uma manifestação na manhã de ontem na Via Anchieta, na divisa entre São Paulo e São Bernardo do Campo, no ABC, contra o que chamam de desnacionalização da indústria brasileira. Eles reclamaram do aumento das importações e da geração de menos empregos para a produção no mercado doméstico.
Os trabalhadores paralisaram totalmente a linha de montagem da Ford para participar da manifestação. Na Mercedes-benz, o turno da manhã foi suspenso e 3.500 dos 13 mil trabalhadores da empresa cruzaram os braços. Nenhuma das duas montadoras informou os prejuízos e quantos veículos deixaram de ser produzidos. Já a Volkswagen informou que a manifestação ocorreu bem longe da fábrica e que os funcionários cumpriram normalmente o dia de trabalho.
Funcionários das empresas de autopeças da capital também participaram da manifestação. Os trabalhadores saíram em passeata pela rodovia, mas não chegaram a bloquear totalmente o trânsito.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a participação de veículos importados no mercado nacional passou de 5% em 2005 para 23% este ano. Nos últimos seis anos, o número de carros importados cresceu 115%, enquanto a produção nacional teve alta de 45%. Segundo a Anfavea, em 2010, as empresas instaladas no Brasil importaram 660 mil veículos. Este ano, serão importados 850 mil unidades.
— O Brasil vai importar este ano quase 900 mil veículos. É praticamente a produção total da Volkswagen em 2010. Mais de cem mil postos de trabalho poderiam ser gerados se os veículos importados fossem produzidos aqui — disse Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, disse que “mais um pouco e os trabalhadores brasileiros vão apenas apertar parafusos”.
Os sindicalistas defendem mudanças na política industrial, com regras como a da China, que só aceita a instalação de empresas estrangeiras em parceria com sócios locais.
A frase da semana: a ficcao do Estado - Frederic Bastiat
Fréderic Bastiat (1801-1850)
que acrescentou:
"Para essa situação, só existe um remédio: tempo. As pessoas têm de aprender, por meio da dura experiência, a enorme desvantagem que existe em saquear o próximo".
"A única solução é o esclarecimento progressivo da opinião pública".
A tragedia do euro: uma visao liberal (Juraj Karpis)
by Juraj Karpis
Mises Daily, July 7, 2011
[Foreword to the Slovak edition of The Tragedy of the Euro, (2011).]
The political project of the euro is in deep trouble. It seems that Friedman's curse is beginning to materialize. Despite the European Union and International Monetary Fund's pledging three-quarters of a trillion of our euros to put out the debt-crisis wildfire, interest rates on troubled sovereign debts are even higher than before the announcement of the bailout funds. Not that this is a surprise to anyone.
Another loan to an already overindebted country is not a real solution to its problems — something private investors know very well. It's just a very expensive buying of time for those who happened to own the bonds and wonder what to do now. During this bought time, one can pretend that the problem will disappear thanks to sudden and miraculous economic growth. Ireland got bailed out. Portugal got bailed out. For Greece, one bailout was not enough.
Now, just a year later, Greece is asking again for the common European credit card in order to support a standard of living they became accustomed to thanks to the euro and with which it is very hard to part. Greece is a perfect example of the consequences of the implicit bailout guarantee from other EMU member states. A country on the edge of default with a debt-to-GDP ratio of over 150 percent — even after "radical" austerity measures — posted a public-finance deficit of 10.5 percent of GDP in 2010.
One troubling question keeps reappearing — What will happen to the patchwork safety net if the Italian or Spanish elephant falls into it? Will it hold? Or would Germany and the other countries holding it be better off letting go, so as to avoid being pulled over the cliff of default as well?
Today, we Slovaks are no longer just uninvolved bystanders, watching with interest as the euro drama unfolds. Since 2009, the euro's problems are our problems too, and now our chips are on the table. When you see press conferences announcing newer and bigger bailout packages, just divide the figures quoted by 100 to find out just how much European "solidarity" will cost us.
To mention solidarity while bailing out countries with irresponsible fiscal policy — and banks misled by the ECB's illusory easy-money policy — leaves a bad taste in Slovaks' mouths. This kind of "solidarity" is not permitted by the recently ratified Lisbon treaty. Moreover, the Slovak worker can only dream of a Greek-level pension, and Slovakia's own banking sector had to be restructured just a decade ago at a huge cost (over 10 percent of GDP). And now, as the second-poorest EMU member, we are expected to send money to pay Portuguese public workers and to save French banks after their unwise investments in Ireland?
There was not much of a discussion about euro adoption in Slovakia. The eagerness of politicians, experts, and the lay public to adopt the euro as soon as possible is easy to understand. The euro was supposed to protect us from our own politicians, who clearly showed what they are capable of in the late '90s. And it was flattering, too, to finally be a leader in at least something among our postcommunist neighbors. But this desire clouded our perception of the club we were about to join.
Yes, the common currency has its advantages, and monetary nationalism is costly and economically indefensible. But many ignore the key question of the currency's quality: What is the backing of the currency and who controls its production? In fear of another failure by our own political class, we forgot that the euro is not a gold standard lying outside the reach and control of politicians, but only a bigger and more complicated political project with all the ills that attend this sort of centrally planned structure. The fact that a politician speaks French or German doesn't make him a morally pristine agent free of any self-interest.
Thanks to its institutional character, the euro is a common resource utilized by the EMU countries. Control of money production, and all related benefits, has been moved from national governments into the platonically guarded supranational space of the eurosystem. Suddenly, it is possible to cover public-finance deficits with newly created euros, while the costs of this process — in the form of price inflation, various asset bubbles, and a deformed production structure — fall not just on the irresponsible country but on all members of the club.
Slovaks have a very intense historical experience with common resources. For them, the tragedy of the commons is not just an abstract economic concept, and the saying "He who does not steal, steals from his family" hints at an intimate public understanding of all the problems brought about by ill-defined or undefended property rights. The rules of the Stability and Growth Pact were supposed to police the euro commons, but the countries involved have simply ignored the rules, making the pact into an impotent manifesto.
With the onset of the financial crisis, the illusion created by newly created money and cheap loans not backed by savings evaporated. Losses from malinvestments — along with necessary reductions in standards of living or deep cuts in generous social benefits — are painful but inevitable. Changes in the rules of the euro game (the creation of the European Stabilization Mechanism by the addition of a new article to the Lisbon treaty) should allow a shifting of the losses from the places where they originated to taxpayers in other countries.
The European Union is changing into a wealth-redistribution mechanism between countries before our eyes. The potential default of one member state is automatically — and illogically — associated with the end of the union or even a potential war in Europe by EU representatives. However, hardly anything stirs nationalistic passion more than inequitable transfers of wealth. And an increase of indebtedness among the last relatively healthy countries left in the effort to avert the inevitable defaults doesn't add to the strength of the euro.
After 2013, as a part of the permanent European Stabilization Mechanism, Slovakia is projected to guarantee debts of up to almost six billion euros (one-fifth of the current government debt). You won't find risks like this in the official Slovak SWOT pre-EMU-entry analyses. Neither would you find discussion about possible government failures and fiscal free riding allowed by the institutional setup of the eurosystem there. We saw the euro as we wanted to see it, not as it really was. Ireland was presented as a role model for the positive effects of the common European currency, not as a Celtic Tiger on the steroids of irresponsible European monetary policy. The evidence of misuse of the euro for irresponsible fiscal policy was right in front of us, and in spite of the countless breaches of the Stability and Growth Pact, nobody held the fiscally unsound countries responsible. Nobody had to pay.
Even though we have already made the decision and the euro is already in our pockets, it's not yet too late in Slovakia to focus on the issues that didn't resonate enough in the pre-entry, euro-optimistic discussion. At least we will better understand what is happening to our money these days.
Juraj Karpiš is a cofounder of the free-market Institute of Economic and Social Studies in Bratislava. His work focuses on monetary policy, public finance, and healthcare systems. See Juraj Karpis's article archives.
This article is the foreword to The Tragedy of the Euro, the Slovak edition (2011).
Ludwig von Mises Institute
518 West Magnolia Ave.
Auburn, AL 36832
Uma simples formalidade - Giuseppe Tornatore
Música do mestre Ennio Morricone, como aliás em vários outros grandes filmes europeus e americanos, como lembra o Allan em seu comentário. Algumas são dele, outras são "chansons françaises", encore magnifiques en dépit du pop anglo-saxon...
Ai vai a ficha do filme, que recomendo...
Paulo Roberto de Almeida
Une pure formalité
(titre original : Una Pura formalità) est un film italo-français réalisé par Giuseppe Tornatore, sorti en 1994.
Le film commence par un gros plan sur un coup de feu tiré de la bouche d'un revolver. S'ensuit, dans un sous bois frappé par un déluge, la fuite éperdue d'un homme aussitôt interpellé par une brigade de police. Comme il n'a pas ses papiers, il est emmené au poste, endroit d'une vétusté archaïque, où son attitude confuse et suspecte va amener le commissaire à le mettre en garde à vue. Cet homme se révèle être l'auteur de talent et de renom Onoff, dont le commissaire est fan et connait l'œuvre par cœur. Va s'engager entre les 2 hommes au cours d'un long et dur interrogatoire, une dialectique soutenue qui ira en s'accélérant vers la fin du film, livrant la clé de l'histoire; à ce moment on entendra un piège à souris claquer dans l'armoire. [Attention ce qui suit révèle la fin de l’histoire] L'écrivain se confessant peu à peu révéle son for intérieur. On apprend qu'il a inventé sa biographie officielle, qu'inspiré par un clochard génial qui fut son plus grand ami et son mentor, il ne pensera jamais atteindre le niveau de son maitre et que son écriture n'est qu'une douloureuse catharsis. A la fin du film, l'interrogatoire améne l'écrivain à se souvenir qu'il s'est suicidé. D'autres éléments "surnaturel" amènent peu à peu à comprendre que le commissariat et ses hôtes ne se trouvent pas dans le monde réel : le piège à souris entendu s'avère vide, l'écrivain ne peut se faire entendre au téléphone, et surtout, il ne porte pas la blessure du coup du feu qu'il s'est porté en se suicidant. L'écrivain enfin confessé est devenu un homme apaisé au moment où il est emmené hors du commissariat vers une destination inconnue.
Titre : Une pure formalité
Titre original : Una Pura formalità
Réalisation : Giuseppe Tornatore
Scénario : Giuseppe Tornatore et Pascal Quignard
Production : Bruno Altissimi, Mario Cecchi Gori, Vittorio Cecchi Gori, Claudio Saraceni
Musique : Ennio Morricone
Photographie : Blasco Giurato
Montage : Giuseppe Tornatore
Pays d'origine : Italie - France
Format : Couleurs - Stéréo
Genre : Thriller
Durée : 108 minutes
Date de sortie : 1994
Gérard Depardieu : Onoff
Roman Polanski : Inspecteur
Sergio Rubini : Andre, le jeune policier
Nicola Di Pinto : Capitaine
Sélection au Festival de Cannes 1994
Como NAO se deve escrever a Historia do Brasil (nem a Politica Internacional, alias)...
Vinte anos depois, atendendo a um concurso do IHGB, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, criado em 1839, ele escreveu, em Munique em 1843, um texto, que ficou famoso:
MARTIUS, Karl Friedrich Philipp von:
Como se deve escrever a História do Brasil
Revista do IHGB. Rio de Janeiro 6 (24): 389 - 411. Janeiro de 1845.
(Revista Trimensal de História e Geografia ou Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro)
Pois bem, onde pretendo chegar?
Por enquanto, apenas argumentar sobre como NÃO se deve escrever a história do Brasil, nem a política internacional, com base, por exemplo, nas provas abaixo transcritas aplicadas em 2011 no concurso de ingresso à carreira diplomática.
Depois -- não agora, apenas por falta de tempo -- eu vou demonstrar por que provas abertas aos talentos não poderiam ter sido redigidas dessa maneira. Esse tipo de empreendimento intelectual exige critérios abertos à inteligência, não a submissão ao pensamento único e a subserviência mental. Desenvolverei, no devido tempo, meus argumentos metodológicos, obviamente, mas também de caráter substantivo, talvez políticos, quem sabe até históricos e, finalmente, sociológicos, para sustentar minha crítica em favor de um serviço diplomático de qualidade, colocado a serviço do Estado, não do governo, de qualquer governo. Infelizmente, no Brasil, a estreiteza mental se torna cada vez mais estreita.
Bem, no momento, o que faço, unicamente é postar.
Paulo Roberto de Almeida
Instituto Rio Branco Prova Escrita de História do Brasil
Admissão à Carreira de Diplomata (Terceiro Secretário)
PROVA ESCRITA DE HISTÓRIA DO BRASIL PROVA ESCRITA DE HISTÓRIA DO BRASIL
Na prova a seguir, faça o que se pede, usando, caso julgue necessário, as páginas para rascunho constantes deste caderno. Em seguida, transcreva os textos para as respectivas folhas do CADERNO DE TEXTOS DEFINITIVOS DA PROVA ESCRITA DE HISTÓRIA DO BRASIL, nos locais apropriados, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Em cada questão, respeite o limite máximo de linhas estabelecido.
No caderno de textos definitivos, identifique-se apenas na capa, pois não serão avaliados os textos que tenham qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
QUESTÃO 1
Desenvolva análise comparativa do processo de definição das fronteiras do Brasil com a Guiana Francesa e com a Guiana Inglesa.
Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos)
QUESTÃO 2
Redija texto dissertativo a respeito das iniciativas que caracterizaram a Política Externa Independente (1961-1964) no âmbito da descolonização afro-asiática, do descongelamento do poder mundial e do discurso desenvolvimentista. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:
- participação do Brasil no processo de descolonização africana naquele momento histórico;
- ideias de Araújo Castro acerca da ordem global;
- relação entre a Política Externa Independente e a formação de conceitos brasileiros de relações internacionais.
Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos)
QUESTÃO 3
Disserte sobre a importância da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para a política externa brasileira na década de 50 do século XX.
Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos)
QUESTÃO 4
Ao assumir a Presidência da República, em abril de 1964, o Marechal Castelo Branco alterou os rumos da ação do Brasil no plano internacional. Caracterize as rupturas verificadas nas relações do Brasil com a Argentina, em decorrência da política externa brasileira adotada no primeiro governo do regime militar.
Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos)
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UnB/CESPE – Instituto Rio Branco Prova Escrita de Política Internacional
Admissão à Carreira de Diplomata (Terceiro Secretário)
PROVA ESCRITA DE POLÍTICA INTERNACIONAL
Na prova a seguir, faça o que se pede, usando, caso julgue necessário, as páginas para rascunho constantes deste caderno. Em seguida, transcreva os textos para as respectivas folhas do CADERNO DE TEXTOS DEFINITIVOS DA PROVA ESCRITA DE POLÍTICA INTERNACIONAL, nos locais apropriados, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Em cada questão, respeite o limite máximo de linhas estabelecido. No caderno de textos definitivos, identifique-se apenas na capa, pois não serão avaliados os textos que tenham qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
QUESTÃO 1
Nos últimos anos, o Brasil ampliou sua interlocução externa com os mais variados parceiros. Nessa interlocução, o governo brasileiro vem defendendo os interesses nacionais e buscando produzir resultados socioeconômicos, sem negligenciar os esforços em prol da melhoria das condições tecnológicas e da competitividade de sua estrutura produtiva. Ao mesmo tempo, o país sinaliza com o “idealismo como horizonte”, em defesa de uma ordem mais justa e do respeito aos valores democráticos e aos direitos humanos.
Disserte sobre os desafios a serem enfrentados para a materialização desses objetivos políticos.
Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos)
QUESTÃO 2
Em 17 de março de 2011, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) aprovou, por meio da Resolução n.º 1.973, o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea na Líbia. A adoção da resolução, em cuja votação se absteve, entre outros Estados, o Brasil, expressou a resposta do CSNU à situação interna naquele país. Comente tal situação, do ponto de vista político, econômico e humanitário, e identifique, com base nos traços definidores da diplomacia brasileira, as razões que levaram o Brasil a abster-se na votação da referida resolução.
Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos)
QUESTÃO 3
Quem poderia imaginar, em um passado não tão distante, que os chefes de Estado do Brasil e da Argentina poderiam dar instruções a suas agências nucleares para que desenvolvessem conjuntamente um reator nuclear multipropósito com fins de pesquisa? Quem poderia supor que esses países desenvolveriam em conjunto um veículo militar para equipar os dois exércitos, ou que seriam capazes de cooperar em áreas tão variadas e de alta tecnologia como a construção de um satélite para observação de oceanos e da costa, a fabricação de peças para aviões, a TV digital? Há apenas três décadas, não seria possível, tampouco, iniciar estudos para a construção de hidrelétricas na fronteira ou para melhorar a integração rodoviária e ferroviária entre ambos os países. A fronteira, hoje, pode ser mais bem descrita como o espaço por excelência da integração, da paz, da união e da amizade.
Antonio Patriota, "Um exemplo de audácia". In: La Nación, 10/1/2011 (com adaptações).
Considerando o fragmento de texto acima, assim como a diversidade da agenda bilateral, analise os principais tópicos do relacionamento Brasil-Argentina.
Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos)
QUESTÃO 4
Defina BRIC — grupo negociador, bloco econômico, grupo consultivo, agrupamento ou nenhuma dessas opções? Em sua resposta, especifique a participação do BRIC nos regimes globais de comércio, clima e segurança e explicite o modo como iniciativas como essa contribuem para os esforços da política externa brasileira em prol do fortalecimento das estruturas de governança global.
Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos)
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A bientôt...
Paulo Roberto de Almeida