O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Historia nao carioca-centrica do Brasil: Evaldo Cabral de Melo - resenha de Paulo R Almeida


15. “História quase virtual do Brasil”, Brasília, 20 março 2005, 2 p. Resenha de Evaldo Cabral de Mello: A outra Independência: o federalismo pernambucano de 1817 a 1824 (São Paulo: Editora 34, 2004, p. 260; ISBN: 85-7326-314-8). Revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 2, nº 9, abril 2005, p. 71; link: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1770:catid=28&Itemid=23). Relação de Trabalhos nº 1411. Relação de Publicados nº 553.
História quase virtual do BrasilImprimirE-mail
por Paulo Roberto de Almeida
livro01
O novo livro do diplomata-historiador (ou vice-versa) Evaldo Cabral de Mello explora a possibilidade de uma independência alternativa, não como hipótese virtual, mas como realização efetiva, tal como tentada nas cidades e nos campos da Bahia e de Pernambuco, entre a insurreição precoce de 1817 e a Confederação do Equador, em 1824. Esses movimentos, com outros do Sul, ficaram agrupados sob o amálgama de "separatismo", ao passo que os construtores do Império, a partir do Rio de Janeiro, passaram para a história com o beau rôle de unitários e de nacionalistas. Essa é, porém, uma perspectiva equivocada, uma vez que, no momento da Independência, o Brasil era um ajuntamento de províncias que se relacionavam mais com a metrópole (ou com a África) do que entre si. Luiz Felipe Alencastro já tinha alertado para esse arquipélago de sistemas desvinculados, sem unidade econômica real.

Esse livro conta a história desse "destino não manifesto", traduzido no desejo de algumas elites regionais, no caso as do Nordeste, de recuperar o poder local perdido quando da vinda da família real e a centralização operada em favor do Rio de Janeiro. O federalismo, segundo Cabral de Mello, era uma possibilidade real, se alguns destes processos não tivessem ocorrido: a manutenção da dinastia bragantina no Rio, um tratamento mais conforme às aspirações das elites regionais pelas cortes de Lisboa e a determinação da "administração" da corte no Rio em preservar sua posição hegemônica. Mas foi uma luta bárbara, na qual a força foi mais importante que a persuasão. A historiografia ulterior alimentou o "rio-centrismo", descurando ou desvalorizando os "separatismos" regionais, uniformemente agrupados na rubrica contrária à unidade nacional, quando o que eles pretendiam, na verdade, era uma forma diferente de organização do Estado (e do equilíbrio entre as províncias), provavelmente mais conforme ao modelo proposto nos Estados Unidos poucas décadas antes.

A Bahia, como se sabe, ficou sob ocupação portuguesa no episódio da separação, razão pela qual coube a Pernambuco a liderança federalista. Longe de obedecerem a impulsos regionais anárquicos, como a propaganda fluminense quis fazer acreditar (dando os exemplos caóticos dos Estados hispano-americanos), os patriotas do Nordeste queriam a verdadeira liberdade e a igualdade, num regime de poderes compartilhados.

José Bonifácio foi, nesse caso, menos sábio do que o habitualmente afirmado, pois que, partindo da idéia de uma "peça majestosa e inteiriça desde o Prata até o Amazonas", denegriu o projeto federalista, assimilando-o ao republicanismo e acusando seus líderes de pretenderem um "governo monstruoso", para serem nas províncias "chefes absolutos, corcundas despóticos". Os "bispos sem papa", no dizer de Bonifácio, foram esmagados, e assim o Brasil continua a ser até hoje, a despeito da ironia de carregar no nome o adjetivo federalista, a mais unitária das repúblicas americanas.


Não sei se está completo, assim, coloco meu texto original aqui: 

História quase virtual do Brasil

Evaldo Cabral de Mello:
A outra Independência: o federalismo pernambucano de 1817 a 1824
(São Paulo: Editora 34, 2004, 260 p.; ISBN: 85-7326-314-8).

   Estamos tão habituados à versão tradicional da independência do Brasil, de cunho unitário e quase que “naturalmente monarquista”, que negligenciamos outros modos possíveis de desenvolvimento da nação ou de formação do Estado. Já não falo de uma história declaradamente virtual, que poria em confronto “o que efetivamente se passou”, segundo a visão rankeana, com possibilidades inesperadas ou puramente hipotéticas, como uma separação holandesa do Nordeste, em caráter permanente, ou um movimento inconfidente bem sucedido nas Gerais, de caráter republicano, ou ainda uma divisão de fato entre as várias províncias do norte e do sul no processo de independência, o que teria conformado um arquipélago de nações luso-parlantes na América do Sul (a exemplo da fragmentação hispano-americana na vertente andina).
   Este novo livro do diplomata-historiador (ou vice-versa) Evaldo Cabral de Mello explora justamente essa última possibilidade, a de uma outra independência possível, não como hipótese virtual, mas como realização efetiva, tal como tentada nas cidades e nos campos da Bahia e de Pernambuco, entre a insurreição precoce de 1817 e a Confederação do Equador em 1824. Esses movimentos, junto com outros do Sul, ficaram agrupados sob o amálgama enganador de “separatismo”, ao passo que os construtores do Império, a partir do Rio de Janeiro, passaram para a história com o beau rôle de unitários e de nacionalistas. Essa é, porém, uma perspectiva equivocada, uma vez que, no momento da independência, o Brasil era tudo menos Brasil, e sim um ajuntamento de províncias que se relacionavam mais com a metrópole (ou com a África, por exemplo) do que entre si. Luiz Felipe Alencastro já tinha alertado para esse arquipélago de sistemas desvinculados entre si, sem unidade econômica real.
   Este livro conta a história desse “destino não manifesto”, traduzido no desejo de algumas elites regionais, no caso as do Nordeste, de recuperar o poder local perdido quando da vinda da família real e a centralização operada em favor do Rio de Janeiro. O federalismo, segundo Evaldo, era uma possibilidade real, se alguns destes processos não tivessem ocorrido: a manutenção da dinastia bragantina no Rio, um tratamento mais conforme às aspirações das elites regionais pelas Cortes de Lisboa e a determinação da “administração” da Corte no Rio em preservar sua posição hegemônica. Mas foi uma luta bárbara, na qual a força foi mais importante do que a persuasão. A historiografia ulterior alimentou o “rio-centrismo”, descurando ou desvalorizando os “separatismos” regionais, uniformemente agrupados na rubrica contrária à unidade nacional, quando o que eles pretendiam, na verdade, era uma forma diferente de organização do Estado (e do equilíbrio entre as províncias), provavelmente mais conforme ao modelo proposto nos Estados Unidos poucas décadas antes.
   A Bahia, como se sabe, ficou sob ocupação portuguesa no episódio da separação, razão pela qual coube eminentemente a Pernambuco a liderança federalista, quando na verdade ambas as províncias tinham condições econômicas de sustentar um modelo diferente, singularmente autonomista, de construir um Estado não centralizado, ainda que passavelmente unitário, sob a égide da monarquia (mesmo se muitos liberais fossem declaradamente republicanos). Longe de obedecerem a impulsos regionais anárquicos e anti-patrióticos, como a propaganda fluminense quis fazer acreditar (dando os exemplos caóticos dos estados hispano-americanos), os patriotas do Nordeste queriam a verdadeira liberdade e a igualdade, num regime de poderes compartilhados.
José Bonifácio foi, neste caso, menos sábio do que o habitualmente afirmado, pois que, partindo da idéia de uma “peça majestosa e inteiriça desde o Prata até o Amazonas”, denegriu o projeto federalista, assimilando-o ao republicanismo e acusando seus líderes de pretenderem um “governo monstruoso”, para serem nas províncias “chefes absolutos, corcundas despóticos”. Os “bispos sem papa”, no dizer de Bonifácio, foram esmagados e assim o Brasil continua a ser até hoje, a despeito da ironia de carregar no nome o adjetivo federalista, a mais unitária das repúblicas americanas.
Paulo Roberto de Almeida (www.pralmeida.org)
Brasília, 1411: 20 março 2005

Ideias que movem o mundo: Felipe Fernández-Armesto - resenha Paulo R. Almeida

Continuando com as resenhas desparecidas e reaparecidas: 

14. “Ideias que movem o mundo”, Brasília, 20 março 2005, 2 p. Resenha de Felipe Fernández-Armesto: Ideias que mudaram o mundo (São Paulo: Editora Arx, 2004, 400 p.; ISBN: 85-7581-147-9). Revista Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, ano 2, nº 9, abril 2005, p. 70; link: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1769:catid=28&Itemid=23). Divulgado no blog Diplomatizzando (30/01/2012; link: ). Relação de Trabalhos nº 1410. Relação de Publicados nº 551.

Idéias que movem o mundoImprimirE-mail
por Paulo Roberto de Almeida
livro02
A evolução nas sociedades humanas libertou-se dos constrangimentos do mundo natural e tornou-se essencialmente cultural ou basicamente tecnológica. Os seres humanos, eles mesmos, estão sendo mudados pelas técnicas de intervenção cromossômica e de manipulação genética (ou pelo menos existe capacidade potencial de fazê-lo). A despeito disso tudo, a humanidade continua a ser movida por sentimentos ancestrais, como o desejo sexual, o amor, o ódio, a vontade de poder e outros tantos impulsos mais ou menos nobres ou simplesmente mesquinhos.

Esse livro, do conhecido historiador, professor na Universidade de Londres, identifica e explica quase duas centenas de idéias que influenciaram o destino da humanidade, desde 30 mil anos atrás até a atual era da incerteza. Atento para não parecer "ocidentalocêntrico", o autor buscou em civilizações orientais conceitos e princípios que também se tornaram universais. Mas reconhece que predominam as idéias ocidentais, pois são as que moldaram o mundo tal como o conhecemos hoje. Ele também aceita que a maior parte das mudanças tem origem intelectual e que as idéias são poderosos agentes transformadores. Os conceitos estão cronologicamente organizados em sete partes, desigualmente distribuídas: o primeiro capítulo cobre 20 mil anos, na era dos caçadores primitivos, ao passo que os últimos dois séculos merecem um capítulo cada um. Ainda assim, a maior parte das idéias tidas como importantes tem origens antiquíssimas. Como ele diz na introdução, "é humilhante para o homem moderno admitir que uma parcela tão grande de seu pensamento foi antecipada há muito tempo e que a modernidade acrescentou pouquíssimo a nosso equipamento intelectual básico".

A organização do livro permite uma leitura não linear, e cada página dupla que explora um conceito particular remete a outras idéias a ele vinculadas, assim como sugere leituras adicionais. Verdade que nem todas são idéias, no entendimento habitual do termo, pois comparecem hábitos ancestrais, como o canibalismo, ou práticas de governos que depois foram formalizadas por "filósofos morais", como o mercantilismo. Ainda assim, o livro mapeia um conjunto impressionante de princípios norteadores de nosso tempo, tirados de todas as épocas e várias sociedades. Para os que crêem que o capitalismo é uma noção tipicamente ocidental, desenvolvida nos últimos cinco séculos, vale conferir a defesa que o filósofo indiano fundador do jainismo, Mahavira, do século VI a.C., fez da criação de riqueza, estimando que o rico trabalha "para que muitos desfrutem dos seus ganhos". Esse verbete remete tanto a Karl Marx como a Milton Friedman e Max Weber, cuja tese sobre as "afinidades eletivas" entre capitalismo e protestantismo é considerada "desacreditada".

O livro começa por desmistificar a idéia de que "mentes primitivas" não possam ter idéias brilhantes, relativizando a noção de progresso. Termina pelo conceito de aldeia global, ou seja, a idéia do pluralismo cultural, remetendo ao pensador Isaiah Berlin: para ele existe uma "pluralidade de valores", que são inúmeros mas não infinitos, o que difere do relativismo cultural. Os antiglobalizantes, que lutam contra a dominação mundial do capital, são contrários ao "pensamento único". Suas idéias são provavelmente inexeqüíveis na sociedade capitalista abrangente e multiforme. Esta é a mensagem final do livro: "O pluralismo é obviamente o único futuro prático para um mundo multiforme. Talvez seja o único interesse uniforme que todos têm em comum". Esta é a sociedade humana: unidade na diversidade.

Enfrentando ostras em Paris (sorry, gourmets)

Sorry, gourmands e gourmets que por acaso frequentam este blog.
Não resisti a esta oportunidade para tripudiar sobre alguns famintos e desnutridos, publicando esta foto com meu esporte atual favorito: praticar gastronomia diferente a cada dia.
Ontem foi num restaurante japonês ao lado do hotel: sopa, salada japonesa, brochete de frutos do mar (vieira, camarão, salmão), cerveja japonesa Asahi.
Hoje foi num restaurante chamado justamente
Restaurant de Haute Mer (bar a huitres de St. Germain)
no número 33 da rue Saint Jacques, próximo ao boulevard St. Germain, perto do Metro Maubert-Mutualite, quase na esquina da rua Dante (sim, o poeta).
Começamos com uma bisque de crevette, como entrada, depois enfrentei as ostras de Noumoutier (dentre as muitas outras qualidades oferecidas, grandes, pequenas, gigantes); apenas no limão e com uma pequena vinaigrette rose, com cebolas. Posto aqui a foto de um momento culminante (não conseguia olhar para a câmera), feita por Carmen Lícia.

Depois fui de Saumon a la planche, e Carmen Lícia de Dourade grillé, ambos com um molho insuperável e purée de pommes de terre, que é o nosso purê simples.
O vinho foi um blanc Macon-Villages Geoges Dubeuff 2007, bem geladinho, e uma garrafa de Perrier bleue.
Terminei com um meio abacaxi (mas não foi o melhor), e um café.
Preço final, no cartão: Euros 98,40.
Existem, obviamente, muitos outros lugares para se comer frutos do mar, e especificamente ostras em Paris, inclusive o Grand Café des Capucines, no boulevard do mesmo nome, perto da Opera (onde pretendemos ir uma noite), mas este restaurante é um dos melhores que vi.
A carta está todo no iPad2, e você vai clicando e tendo fotos de cada prato, escolhendo dentre as muitas variedades de vinhos, etc.
Dois velhotes ao nosso lado tinham alguma dificuldade com a tecnologia, mas o garçon foi ajudando-os a clicar nos lugares certos...
Fica a dica (mas a conta pode desequilibrar orçamentos mais reduzidos).

Da minha serie de "manchetes idiotas": essa foi forte...

Em Cuba só existe um único jornal, o do Partido Comunista Cubano. Os próprios cubanos acham que ele não é o ideal para usar como... vocês sabem o que, quando se vai ao banheiro. Mas o que se há de fazer se os planos econômicos da ilha-prisão não conseguem colocar no mercado a quantidade certa de papel higiênico? Vai com o Gramna mesmo, incômodo como pode ser (inclusive nem vem picotado, para poder cortar na medida certa, e a tinta é muito... denunciativa...).
Mas a manchete, que ilustra a suprema idiotice de um site servil aos companheiros da ilha, é de Carta Maior, um apenas entre os maiores mentirosos dentre os sites dos companheiros...


Dilma chega a Cuba e é destaque de primeira página do Granma

Por que o Brasil ficou caro? Monopolios sao uma das razoes...

Um aviso circular de um ministério da República.
Eu só não compreendo por que, em lugar de estimular a concorrência, fazendo leilões para receber as melhores ofertas de preços para sua própria utilização, esse ministério prefere favorecer um monopólio, e ainda alertar os incautos que eles não podem usar qualquer outro serviço, sequer Skype.
Ou é mesmo para dar mais dinheiro a monopólios semi-estatais, ou é burrice consumada: 


"Operadora de longa distância nacional e internacional
A Dxx informa a todos os usuários do Ministério que a única empresa contratada e autorizada para fazer ligações de longa distância, nacional e internacional, tanto para telefonia fixa como telefonia móvel é a Embratel, cujo código é 21. Por falta de amparo legal, o uso de qualquer outra operadora será de responsabilidade única e exclusiva do usuário."


Isso ocorre em todo o Brasil, em todas as áreas: em lugar de concorrência, monopólio.
Em lugar de abertura dos mercados, cartéis autorizados pelo governo.
Em lugar de liberdade, escravidão.


Como já dizia Hipólito da Costa, duzentos anos atrás, o Brasil está condenado a ser um país de escravos.
Paulo Roberto de Almeida 

A volta da diplomacia das canhoneiras (com luvas de pelica...): Alemanha e Grecia

No século XIX, e até a primeira metade do século XX, países que declaravam moratória ou se revelavam incapazes de honrar suas dívidas, quando não eram diretamente ocupados pelas potências imperiais, eram submetidos a "intervenção branca", ou seja, funcionários do Tesouro de alguma potência imperial passavam a controlar suas aduanas, suas administrações financeiras, ou seja, o tesouro real (ou do sultão, ou quem mais fosse o soberano).
Assim ocorreu com vários Estados dependentes do Mediterrâneo (Egito, por exemplo, mas também a Grécia), com a China, alguns caribenhos (o Haiti, administrado durante mais de 20 anos pelos americanos) e centro-americanos (idem), e outros pela periferia do capitalismo avançado. Até o velho Reino de Portugal foi humilhado duas vezes nesse processo.
Atualmente ocorre mais ou menos o mesmo com a Grécia, mas o "interventor" é agora um eurocrata, o que apenas torna mais deprimente a humilhação.
Ninguém mandou se comportar mal, gastando à tripa forra, como se dizia antigamente.
Ou paga, ou declara bancarrota, como a Argentina.
Dá para sobreviver, mas o custo, num e noutro caso, é sempre muito grande.
Paulo Roberto de Almeida


Germany's Role in Europe and the European Debt Crisis


By George Friedman
The German government proposed last week that a European commissioner be appointed to supplant the Greek government. While phrasing the German proposal this way might seem extreme, it is not unreasonable. Under the German proposal, this commissioner would hold power over the Greek national budget and taxation. Since the European Central Bank already controls the Greek currency, the euro, this would effectively transfer control of the Greek government to the European Union, since whoever controls a country's government expenditures, tax rates and monetary policy effectively controls that country. The German proposal therefore would suspend Greek sovereignty and the democratic process as the price of financial aid to Greece.
Though the European Commission rejected the proposal, the concept is far from dead, as it flows directly from the logic of the situation. The Greeks are in the midst of a financial crisis that has made Greece unable to repay money Athens borrowed. Their options are to default on the debt or to negotiate a settlement with their creditors. The International Monetary Fund (IMF) and European Union are managing these negotiations.
Any settlement will have three parts. The first is an agreement by creditors to forego repayment on part of the debt. The second is financial help from the IMF and the European Union to help pay back the remaining debt. The third is an agreement by the Greek government to curtail government spending and increase taxes so that it can avoid future sovereign debt crises and repay at least part of the debt.

Bankruptcy and the Nation State

The Germans don't trust the Greeks to keep any bargain, which is not unreasonable given that the Greeks haven't been willing to enforce past agreements. Given this lack of trust, Germany proposed suspending Greek sovereignty by transferring it to a European receiver. This would be a fairly normal process if Greece were a corporation or an individual. In such cases, someone is appointed after bankruptcy or debt restructuring to ensure that a corporation or individual will behave prudently in the future.
A nation state is different. It rests on two assumptions. The first is that the nation represents a uniquely legitimate community whose members share a range of interests and values. The second is that the state arises in some way from the popular will and that only that popular will has the right to determine the state's actions. There is no question that for Europe, the principle of national self-determination is a fundamental moral value. There is no question that Greece is a nation and that its government, according to this principle, is representative of and responsible to the Greek people.
The Germans thus are proposing that Greece, a sovereign country, transfer its right to national self-determination to an overseer. The Germans argue that given the failure of the Greek state, and by extension the Greek public, creditors have the power and moral right to suspend the principle of national self-determination. Given that this argument is being made in Europe, this is a profoundly radical concept. It is important to understand how we got here.

Germany's Part in the Debt Crisis

There were two causes. The first was that Greek democracy, like many democracies, demands benefits for the people from the state, and politicians wishing to be elected must grant these benefits. There is accordingly an inherent pressure on the system to spend excessively. The second cause relates to Germany's status as the world's second-largest exporter. About 40 percent of German gross domestic product comes from exports, much of them to the European Union. For all their discussion of fiscal prudence and care, the Germans have an interest in facilitating consumption and demand for their exports across Europe. Without these exports, Germany would plunge into depression.
Therefore, the Germans have used the institutions and practices of the European Union to maintain demand for their products. Through the currency union, Germany has enabled other eurozone states to access credit at rates their economies didn't merit in their own right. In this sense, Germany encouraged demand for its exports by facilitating irresponsible lending practices across Europe. The degree to which German actions encouraged such imprudent practices -- since German industrial production vastly outstrips its domestic market, making sustained consumption in markets outside Germany critical to German economic prosperity -- is not fully realized.
True austerity within the European Union would have been disastrous for the German economy, since declines in consumption would have come at the expense of German exports. While demand from Greece is only a small portion of these exports, Greece is part of the larger system -- and the proper functioning of that system is very much in Germany's strategic interests. The Germans claim the Greeks deceived their creditors and the European Union. A more comprehensive explanation would include the fact that the Germans willingly turned a blind eye. Though Greece is an extreme case, Germany's overall interest has been to maintain European demand -- and thus avoid prudent austerity -- as long as possible.
Germany certainly was complicit in the lending practices that led to Greece's predicament. It is possible that the Greeks kept the whole truth about the Greek economy from their creditors, but even so, the German demand for suspension of Greek national self-determination is particularly striking.
In a sense, the German proposal merely makes very public what has always been the reality. For Greece to have its debt restructured, it must impose significant austerity measures, which Athens has agreed to. The Germans now want a commissioner appointed to ensure the Greek government fulfills its promise. In the process, the debt crisis will profoundly circumscribe Greek democracy by transferring fundamental elements of Greek sovereignty into the hands of commissioners whose primary interest is the repayment of debt, not Greek national interests.

The Judgment of Athens

The Greeks have two choices. First, they can accept responsibility for the debts on the terms negotiated and accede to the constraints on their budget and tax discretion whether imposed by a commissioner or by a less formal structure. Second, they can default on all debts. As we have learned from corporate behavior, bankruptcy has become a respectable strategic option. Therefore, the Greeks must consider the consequences of simply defaulting.
Default might see them frozen out of world financial markets. But even if they don't default, they will be present in those markets only under the most constrained circumstances, and to the primary benefit of creditors at that. Moreover, as many corporations have found, borrowing becomes more attractive after default, as it clears the way to new post-default debt. It is not clear that no one would lend to Greece after a default. In fact, Greece has defaulted on its debt several times and managed to regain access to international lending.
More significantly, defaulting would allow Greece to avoid fueling its internal political crisis by forfeiting its national sovereignty. Much of the political crisis inside of Greece stems from the Greek public's antipathy to austerity. But another part, which would come to the fore under the German proposal, is that the Greeks do not want to lose national sovereignty. In their long history, the Greeks have lost their sovereignty to invaders such as the Romans, the Ottomans and, most recently, the Nazis. The brutal German occupation still lives in Greek memories. The concept of national self-determination is thus not an abstract concept to the Greeks. Its loss plus austerity imposed by foreign powers would create a domestic crisis in which the Greek state would be seen as an economic and political enemy of Greek national interests along with the commissioner or some other mechanism. The political result could be explosive.
It is unclear if the Greeks will opt not to default. The certain price of default -- being forced to use their national currency instead of the euro -- actually would increase national sovereignty. There will be economic pain if the Greeks continue with the euro, and there will be economic pain if the Greeks leave the euro; the political consequences of losing sovereignty in the face of such pain could easily be overwhelming. Default, while painful to Greece, might well be less painful than the alternative.

The German Dilemma

The Germans are caught in a dilemma. On the one hand, Germany is the last country in Europe that could afford general austerity in troubled states and the resulting decline in demand. On the other hand, it cannot simply tolerate Greek-style indifference to fiscal prudence. Germany must have a structured solution that to some degree maintains demand in countries such as Spain or Italy; Germans must show there are consequences to not complying with the orderly handling of debt without default. Above all, the Germans must preserve the European Union so they can enjoy a European free-trade zone. There is thus an inherent tension between preserving the system and imposing discipline.
Germany has decided to make an example of the Greeks. The German public largely has bought into Berlin's narrative of Greek duplicity and German innocence. German Chancellor Angela Merkel has needed to frame the discussion this way, and she has succeeded. The degree to which the German public is aware of the complexities or the consequences of a generalized austerity for Germany is less clear. Merkel must now satisfy a German public that questions bailouts and sees Greece as simply irresponsible. Capitulation from Greece is necessary for her as a matter of domestic politics.
The German move into questions of sovereignty has raised the stakes in the debt crisis dramatically. Even if the Germans simply back off this demand, the Greek public has been reminded that Greek democracy is effectively at stake. While Greece may have borrowed irresponsibly, if the price of that behavior is yielding sovereignty to an unelected commissioner, that price not only would challenge Greek principles, it would bring Europe to a new crisis.
That crisis would be political, as the ongoing crisis always has been. In the new crisis, sovereign debt issues turn into threats to national independence and sovereignty. If you owe too much money and your creditors distrust you, you lose the right to national self-determination on the most important matters. Given that Germany was the historical nightmare for most of Europe, and it is Germany that is pushing this doctrine, the outcome could well be explosive. It could also be the opposite of what Germany needs.
Germany must have a free-trade zone in Europe. Germany also needs robust demand in Europe. Germany also wants prudence in borrowing practices. And Germany must not see a return to the anti-German feeling of previous epochs. Those are several needs, and some of them are mutually exclusive. In one way, the issue is Greece. But more and more, it is the Germans that are the question mark. How far are they willing to go, and do they fully understand their national interests? Increasingly, this crisis is ceasing to be a Greek or Italian crisis. It is a crisis of the role Germany will play in Europe in the future. The Germans hold many cards, and that's their problem: With so many options, they must make hard decisions -- and that does not come easily for postwar Germany.

A frase da semana: multipartismo como instrumento do imperialismo - Raul Castro

Esta frase mereceria figurar em qualquer seleção de expressões memoráveis -- acrescentem adjetivos, se desejarem -- pois ela realmente traduz o desconcerto de que padecem certas pessoas que vem seu mundo desabar:


Raul Castro declared that a multiparty system would not be part of the government's reforms because it would expose the country to U.S. imperialism.

Vejamos: o governo ditatorial diz que não pode permitir mais de um partido na ilha pois seria abrir o caminho a um partido do imperialismo. Que tal se os companheiros, atualmente em visita, prometessem abrir uma filial do seu partido na ilha-prisão o processo não começaria a andar: dois partidos, depois mais um do PCdoB, outro do Sarney, e assim, pouco a pouco a ilha teria partidos maravilhosos, fazendo concorrência ao partido do imperialismo?
Apenas uma sugestão, claro.
Paulo Roberto de Almeida 

Castro defends one-party system as bulwalk against U.S.

Cuba's President Raul Castro attends to the plenary session of the summit of leaders from the 33-member Community of Latin American and Caribbean States (CELAC) in Caracas December 2, 2011. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Cuba's President Raul Castro attends to the plenary session of the summit of leaders from the 33-member Community of Latin American and Caribbean States (CELAC) in Caracas December 2, 2011.
Credit: Reuters/Carlos Garcia Rawlins
HAVANA | Sun Jan 29, 2012 7:07pm EST

(Reuters) - President Raul Castro defended Cuba's one-party political system as a bulwark against U.S. imperialism and said it would remain as it is in a speech on Sunday to a Communist Party conference.
He also said previously announced plans to put term limits on the country's leaders were not fully official, but could gradually go ahead.
This weekend's conference, which is the first in the party's history, came amid wide-ranging reforms that have given Cubans the right to open small businesses and to buy and sell cars, but have included no promises of significant political change.
Castro held to that line in his speech when he railed against the United States, Cuba's longtime ideological foe, and its political system and said the Caribbean island 90 miles from Florida intended to remain a one-party state.
The Communist Party is the only legal political party in Cuba and, under a national constitution in effect since 1976, the supreme guiding force of the society and the state.
"In Cuba, based on its experience in the long history of the fight for independence and national sovereignty, we defend the one-party system instead of the demagoguery and commercialization of politics," Castro said.
He said permitting additional parties would open the door to U.S. interference. It "would be the equivalent of legalizing a party of imperialism on our soil," Castro said.
While the party will remain unchallenged, Castor said the country's leaders will be limited to two consecutive five-year terms, an idea he first mentioned at a party congress in April.
Castro said the party was still working out the legal measures for term limits, which will require a change to the constitution, but that implementation could begin "gradually, even before the constitution is changed."
He did not explain how that would be done or when it might start.
Term limits would be a break from the past in the Cuba, where Fidel Castro ruled for 49 years after the 1959 revolution and was succeeded by Raul Castro, his younger brother.
They also could help bring new blood into the government, whose current leaders are elderly and have no obvious replacements.
Raul Castro is 80, his vice president Jose Ramon Machado Ventura is 81 and Fidel Castro, now mostly retired but still present behind the scenes, is 85.
There was talk before the conference that the party might impose age limits on leaders and promote new, younger people into the party hierarchy, but there had been no mention of either.
Bert Hoffmann, a Cuba specialist at German Institute of Global Area Studies in Hamburg, said the message of the conference appeared to be "to downplay any expectations that economic reforms might entail political change."
(Additional reporting by Rosa Tania Valdes and Marc Frank)

BC da Argentina quer controlar envio de lucros - Ja comecou o desespero com deficit em transacoes correntes?

A Argentina, brilhante exemplo, para os companheiros, de país que de um "calote bem merecido" nos especuladores estrangeiros, encontra-se, como se sabe, há mais de dez anos à margem dos mercados internacionais de capitais, sem possibilidade de fazer grandes operações comerciais, inclusive porque tem pendências não resolvidas com dezenas de empresas e centenas de particulares em função de moratória unilateral e diversas outras patifarias econômicas.
Ela cresceu, é verdade, assim como se pode crescer cometendo diversas bobagens econômicas, que acabam acumulando distorções e desajustes que um dia vão cobrar o seu preço. Por exemplo: fuga de capitais. Nenhum argentino, nenhuma empresa -- nacional ou estrangeira -- confia no governo, por isso, legal e ilegalmente vêm remetendo um volume inacreditável de dinheiro para o exterior.
As reservas do país -- extremamente beneficiadas com a alta das commodities exportadas pelos argentinos  -- começam a se exaurir, e o governo quer manter os dólares no país, pois tem necessidade deles.
Não existe volatilidade internacional, ou ela é a que sempre foi, com capitais circulando de um lado a outro, em busca de oportunidades de ganhos, o que sempre se fez e sempre se fará.
A volatilidade, no caso, é interna, é a de políticas econômicas inconstantes, erráticas e contraditórias, que visam objetivos diversos, até opostos, aos que são expressamente declarados pelos governos, mentirosos como sempre, todos.
Paulo Roberto de Almeida

BC da Argentina quer controlar envio de lucros


DCI, 30/01/2012
A diretoria do Banco Central da República Argentina (BCRA) decidiu impor um limite à distribuição de lucros dos bancos com o objetivo de evitar a saída de dólares do país epreservar o nível de suas reservas. Em comunicado distribuído na última semana, o BC disse que a medida consiste em ampliar de 30% a 75%, a partir de quarta-feira, o requisito adicional de capital que as instituições financeiras devem cumprir depois de distribuir seus dividendos. O propósito da nova norma, segundo o órgão regulador da Argentina, "é fortalecer os padrões de solvência e liquidez do sistema financeiro diante de um contexto internacional de alta volatilidade"

A decisão da autoridade monetária argentina foi tomada apenas duas semanas depois da publicação dos resultados anuais dos bancos, nos quais definiram o pagamento de dividendos aos seus acionistas. Segundo fontes oficiais do Banco Central, a medida pretende impedir que os bancos estrangeiros enviem dólares ao exterior, como fizeram nos últimos anos. No ano passado, segundo informação do Instituto de Mercado de Capitais (IAMC), somente os espanhóis BBVA e Santander enviaram mais de US$ 1,6 bilhão ao exterior.

Em momentos de saída de dólares das instituições financeiras e de pressão no mercado de câmbio, o objetivo do governo é manter mais dólares no país. "Quanto mais dólares tiver o banco, mais disponibilidade de crédito terá", disse a fonte.