O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Gra-Bretanha: uma vez mais contra o continente...

Em varias fases de sua história, o Reino Unido ficou isolado, em algumas até contra o continente. Geralmente tinha razão, por razões de poder, de economia, de simples cultura ou sobrevivência.
Mais uma vez a pequena ilha parece querer ficar isolada do continente novamente.
Este artigo de Moisés Naim toca em algumas das razões, mas não nas principais. Ele toma por seguro, e por positivo, que a Europa deve permanecer unida, segundo as linhas definidas em Bruxelas (certo, pelos países membros, mas geralmente por eurocratas).
Pode ser: abertura econômica é sempre bom, liberalização comercial também, liberdade de movimento, de pessoas, de capitais, de serviços, geralmente produz mais riqueza e prosperidade.
Mas a pergunta mais importante deve ser: mais regras burocráticas de Bruxelas vão criar essa liberdade, essa abertura, essa liberdade de que todos precisam para criar riquezas e prosperidade? Ou apenas uma construção burocrática custosa e emperrada, que arranca dinheiro dos cidadãos para distribui-lo segundo critérios políticos que nem sempre são os mais racionais economicamente.
Não estou seguro de que a GB perderia saindo da UE: o que seria preciso seria uma análises honesta, independente, dos custos e benefícios do sistema de integração, em seu formato real, não o imaginado por burocratas e políticos.
Paulo Roberto de Almeida

¿Quién manda más? ¿Merkel o Murdoch?

Los tabloides británicos se oponen de forma furibunda a la integración de la Unión Europea

La canciller alemana, Angela Merkel, es sin duda una de las personas más poderosas del mundo. Rupert Murdoch es el dueño de News Corporation, uno de los mayores conglomerados mediáticos y, naturalmente, también es muy poderoso. Las respectivas fuentes de poder de estos dos personajes son diferentes, así como la manera en que utilizan la influencia que tienen, o los objetivos e intereses que guían sus conductas. Merkel es la líder de un gran país y Murdoch el dueño de una gran empresa privada. Más aún, el empresario insiste en que él no utiliza el poder de sus medios de comunicación para presionar a gobiernos o influir sobre la política. Sus críticos rechazan estas afirmaciones y advierten que hay sobradas evidencias de que Murdoch y sus medios de comunicación son actores políticos de primer orden. En Estados Unidos, sus detractores acusan a la cadena de televisión Fox de estar manifiestamente parcializada a favor del partido Republicano, y más recientemente, del Tea Party. En Reino Unido, Murdoch tuvo que presentarse hace unos meses ante una comisión del Parlamento británico que investigaba las practicas periodísticas de los tabloides. “Yo nunca le he pedido nada a ningún primer ministro”, afirmó. Sin embargo, ante esa misma comisión el ex primer ministro John Major reveló que, en una cena en 1997, Rupert Murdoch le pidió que cambiara la política de acercamiento hacia Europa que seguía su Gobierno. De no hacerlo, Murdoch le advirtió, le retiraría el apoyo de sus periódicos. “Esa es una conversación difícil de olvidar”, dijo Major. “No es frecuente que alguien sentado frente al primer ministro le diga: ‘Si no cambia su política, mi organización no lo apoyará”, añadió.
Ed Miliband, el líder del partido laborista británico, también declaró en esa comisión parlamentaria que, en su opinión, el conglomerado de Murdoch “tenía un sentido de poder sin responsabilidad debido a que controla el 37% del mercado de periódicos en Reino Unido, así como el canal de televisión BSkyB”.
¿Qué tiene que ver todo esto con Angela Merkel? Mucho. Y con el futuro de Europa mucho más.
Como se sabe, el primer ministro británico, David Cameron, acaba de anunciar que planea someter a referéndum la permanencia de Reino Unido en la Unión Europea. Esta consulta popular se llevaría a cabo antes del fin de 2017. Antes de hacerla, Cameron tratará de obtener tanto concesiones específicas para Reino Unido como amplias reformas en la manera en que opera el acuerdo entre los 27 países miembros. En particular, Cameron ha indicado que desea recuperar el poder de tomar en su país decisiones que ahora se toman en Bruselas por los órganos de la Unión Europea. De la agricultura y la pesca a la política social, de las regulaciones del sector financiero y del medio ambiente a las políticas de inmigración o defensa, Cameron pretende iniciar una amplia y ambiciosa negociación con Europa.
Las interpretaciones sobre cuáles son los objetivos de Cameron y las consecuencias de su audaz iniciativa son muchas y variadas. Para algunos es una transparente treta para separarse de una Europa debilitada por la crisis y menguada en su peso en el mundo. Para otros, es un intento de extorsionar a Europa para obtener ventajas. Y para otros, como el ex vicecanciller alemán Joschka Fischer, es simplemente una locura que no le conviene ni a Reino Unido ni a Europa y que solo responde a intereses particulares y a los miopes cálculos políticos de Cameron. Y también hay quien piensa que para los británicos el costo de salir de la UE es prohibitivamente alto y que, al final, no votarán mayoritariamente a favor de la salida. Esto último, por supuesto, supone que la opinión publica británica será informada de una manera imparcial y completa sobre los costos y beneficios de continuar o no formando parte de la Unión Europea. Hasta ahora esto no ha sido así, y los tabloides británicos (no solo los de Murdoch) que más moldean la opinión pública han mostrado una furibunda, y con frecuencia tendenciosa, oposición la integración con Europa.
Del otro lado de todo esto está Angela Merkel, quien seguramente va a hacer cuanto esté a su alcance para no pasar a la historia como la líder bajo cuyo mandato fracasó el proyecto de unificar a Europa. A pesar de que el continente puede continuar su integración sin la participación de Reino Unido, no hay dudas de que el retiro de los británicos sería un severo golpe. Además, si el referendo de 2017 lleva a ese desenlace, los movimientos anti-integracionistas de otros países europeos ganarían fuerza y hasta se podría producir un contagio de referendos con ánimo separatista en todo el continente. Por esto y por otras muy buenas razones, Merkel hará lo posible por impedir la salida de Reino Unido.
Veremos quién tiene más poder, la canciller o el magnate.
Sígame en Twitter: @moisesnaim

A Journey Inside the Whale: economia politica companheira no auge da Guerra Fria

Já instalado em Hartford (CT, USA), retomei meu passatempo favorito nos fins de semana frios -- quando não dá para viajar -- no coração do império: passar o maior tempo possível em livrarias, lendo livros e fazendo notas, já que se eu fosse comprar todos os livros interessantes que existem nas livrarias, meu salário diminuiria à metade e minha residência iria rapidamente ficar tão cheia de livros que seria impossível administrar a biblioteca, como já foi o caso recentemente.
Antigamente, duas eram as opções principais: Border's e Barnes and Nobles. Agora, com o desenvolvimento dos livros eletrônicos, a Border's já deixou de existir, e a Barnes também passa por dificuldades. Parece que vão fechar 20 lojas por ano nos próximos anos, o que é uma pena. Apesar de que livros digitais sejam uma grande invenção do espírito humano desde Gutenberg, nada substitui o prazer de percorrer estantes de bibliotecas ou de livrarias, pegar cada livro, olhar dentro, ver se interessa, e depois sentar no café da livraria, com 4 ou 5 livros ao mesmo tempo para deleitar-se durante 2 ou 3 horas de leituras e café (whatever, geralmente Starbucks).
Foi o que fizemos, Carmen Lícia e eu neste domingo de frio e flocos de neve, na Barnes de West Hartford. Dois livros de criança para o neto, muitas revistas de interesse de CL, e três ou quatro livros que recolhi das estantes para conhecer melhor, ou para continuar uma leitura interrompida de semanas atrás.
Foi o caso do livro que menciono a seguir, do qual já havia lido a introdução e o primeiro capítulo, como sample da Amazon ou da própria Barnes (no sistema Nook), e cujo conteúdo já conheço bem, por ter lido pedaços do livro e muitas resenhas (que aliás postei aqui).

Anne Applebaum
Iron Curtain: The Crushing of Eastern Europe, 1944-1956
(New York: Doubleday, 2012, 568 p; ISBN: 978-0-385-51569-6)

Desta vez li o capítulo que mais me interessava, sobre a economia dos países dominados pela União Soviética, desde a guerra até meados dos anos 1950 (mas a situação não mudou muito até o final do comunismo, várias décadas depois). Eu já havia lido da autora sua monumental história do Gulag, cuja resenha postei aqui, e nele havia um bom resumo da importância econômica do setor concentracionário da economia soviética, justamente.
Para os interessados na história do comunismo, especialmente soviético, mas um pouco de todas as partes do mundo, recomendo o livro de Archie Brown, o melhor especialista (inglês) no nefando sistema, e cuja resenha eu também já postei aqui. Li o livro retirado da biblioteca do Itamaraty e penso agora comprá-lo, pois se trata da melhor história desse trágico parênteses na história da humanidade.

O livro de Applebaum é interessante pelo que já sabíamos de como o sistema não funcionava, não podia funcionar, e ainda assim foi mantido sob pressão política, e com extrema "persuasão" pelos companheiros soviéticos durante várias décadas.
Os companheiros que estão implementando uma economia estatizada no Brasil deveriam ler esse tipo de livro de história, os diversos que existem sobre a história do comunismo, pois eles contam, com base em fontes documentais, em depoimentos pessoais, em análises de especialistas, como e porque o sistema simplesmente é ineficiente, traz custo sociais enormes, e resulta em perdas incomensuráveis, pois atrasam os países por décadas, reduzindo expectativas de vida, prosperidade, ou a liberdade das pessoas.
Em todos os países analisados por Anne Applebaum, a história é a mesma: depois das destruições da guerra, os mercados começaram a ser reconstituídos naturalmente, mas os soviéticos obrigaram todos os países a passar a uma economia de comando, expropriaram industriais, grandes proprietários, simples comerciantes e em todos os lugares implementaram "o Plano", que supostamente deveria assegurar o abastacimento a preços fixos. Conseguiram apenas e tão somente criar penúria, miséria, desabastecimento, mercado negro, mentiras e mais mentiras...
O quadro é desolador, como eu mesmo pude constatar, nos anos 1970 e 1980 viajando por todos os socialismos reais e surreais: vitrines vazias, estantes com duas latinhas de algo não identificado, filas em todos os lugares, por longas horas, para qualquer coisa, até para o que não sabíamos que pudesse existir. Em todos os lugares mercado negro, cambistas, traficantes, ladrões (oficiais, em sua maior parte), ou seja, uma impossibilidade prática, o que já havia sido alertado desde 1919 por Ludwig Von Mises, em seu Cálculo Econômico na Comunidade Socialista (texto disponível nos site do Mises Institute, nos EUA e no Brasil).
Teria muitos dados a acrescentar sobre a impossibilidade prática do sistema econômico socialista, tanto como observação própria, como a partir do livro da Applebaum, mas me contento em reproduzir aqui o frontspício desse capítulo econômico, o décimo, páginas 223-246:

"A definição de socialismo: uma luta incessante contra dificuldades que não existiriam em quaisquer outros sistemas"
Piada húngara dos anos 1950 (p. 223).

Existem muitas outras piadas, mas hoje só cubanos podem contá-las...
Coitados.
Paulo Roberto de Almeida

Republica companheira (3): Estatisticas criativas para os numeros do governo

Existem progressos fantasticos na redução da pobreza, como vocês podem verificar nesta matéria da FSP. O governo pretende "acabar com a miséria" que existe no Brasil. Nobre intenção.
O que eu vejo, sinceramente, é um subsídio ao consumo dos miseráveis. Se o subsídio terminar, o pessoal volta para a miséria, ou para a insegurança alimentar, como eles gostam de dizer.
Isso significa acabar com a miséria, ou criar um exército de assistidos que se acostuma com a caridade pública?
Paulo Roberto de Almeida

13 mil famílias deixam lista da miséria após extra de R$ 2

DANIEL CARVALHO
ENVIADO ESPECIAL AO PIAUÍ
Folha de S.Paulo, 03/02/2013

"Com R$ 2 não dá para comprar nem meio quilo de frango. Comprei um coco hoje com R$ 2", afirma Luiza Sousa, 51, desempregada em Demerval Lobão, no Piauí.
Para o governo, ela e seus quatro filhos deixaram de ser "miseráveis" no fim de 2012, quando passaram a receber R$ 2 mensais do programa Brasil Carinhoso.
Com esse programa, famílias já beneficiadas pelo Bolsa Família recebem um complemento financeiro para tecnicamente deixar a miséria. Segundo os critérios do governo, uma família com renda mensal de até R$ 70 por pessoa é "miserável".
Ex-miseráveis vivem de maneira precária, mas têm o que comer
Programas de transferência de renda se encontram em fase de 'consolidação'
Famílias deixam pobreza extrema, mas ainda enfrentam dificuldades; leia histórias
Análise: Boa conta, sem truques, inclui mais parâmetros além da renda
Luiza já recebia R$ 140 do Bolsa Família. No final do ano passado, os R$ 2 do Brasil Carinhoso foram somados ao benefício, a doações e ao que ela, como lavadeira, e o filho mais velho, como caseiro, conseguem com bicos.
Com esses R$ 2 extras, Luiza e seus filhos passaram a engrossar a estatística oficial, que comemora 16,4 milhões de "ex-miseráveis" apenas nos últimos sete meses.
Próximo à Luiza vivem Joelina Maria de Sousa, 31, e a filha Jucélia, 7, que também receberam R$ 2 para sair oficialmente da miséria.

Beneficiários do Bolsa Família

 Ver em tamanho maior »
Eduardo Anizelli/Folhapress
Conheça histórias de quem recebe benefício do Brasil Carinhoso e, segundo o governo, deixou a miséria extrema, mas ainda enfrenta dificuldades
Para o governo, por exemplo, um casal com três crianças com renda mensal de R$ 350 é "miserável" (R$ 70 por pessoa). Com mais R$ 2 do Brasil Carinhoso, atinge R$ 352 e deixa oficialmente a "miséria" (com renda de R$ 70,40 por pessoa).
Segundo dados do programa obtidos pela Folha com base na Lei de Acesso à Informação, as piauienses Luiza e Joelina e outras 13,1 mil famílias em todo o país recebem R$ 2 por mês para integrar essa estatística que ajuda Dilma a chegar perto de sua promessa: acabar com essa "miséria" até o "início de 2014".
O programa foi lançado em meados do ano passado com o objetivo de erradicar a pobreza extrema.
"Quando a gente tem essa preocupação de retirar da miséria (...) estamos não só praticando um ato moral, um ato ético, mas, também, nós estamos olhando para o futuro do Brasil", disse a presidente Dilma em recente discurso em Teresina (PI).
Complementar ao Bolsa Família, o benefício do Brasil Carinhoso varia de R$ 2 a R$ 1.140, sendo que esse valor máximo é pago a apenas uma única família, segundo mostra documento do programa ao qual a reportagem teve acesso. O valor médio do complemento é de R$ 86.
Em média, uma família beneficiada pelo Bolsa Família e pelo Brasil Carinhoso recebe R$ 245 ao mês do governo.
META
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, há ainda cerca de 600 mil famílias na extrema pobreza em todo o país. Antes do lançamento do Bolsa Família, em 2003, havia 8,5 milhões de famílias nessa situação, segundo a pasta.
Economistas ouvidos pela Folha dizem que é preciso levar em consideração outros aspectos, além da renda da família, para se falar em erradicação da miséria.
"A saída da pobreza, efetivamente, é quando a pessoa tem condições de moradia, vestuário, educação, saúde e emprego para poder se autofinanciar", diz Socorro Lira, coordenadora do doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Jaíra Alcobaça, também da UFPI, afirma que iniciativas que trazem algum tipo de melhoria de vida são válidas, mas precisam ser encaradas como políticas emergenciais e também deveriam levar em conta as diferenças regionais.
As avaliações remetem à piauiense Luíza. Ela recebeu a Folha na casa de tijolos em que vive há dois anos. O imóvel foi erguido pelo irmão após a casa de taipa desmoronar.
Na cozinha, ela tinha pão, dois cocos e um pouco de arroz. "Só não fico sem porque como na casa da minha mãe", diz Luiza.

Editoria de Arte/Folhapress

O "socialismo" empresarial da Noruega: mitos e meias verdades...

O que distingue a Noruega dos demais nórdicos é o fato de possuir uma vaca petrolífera, que está sendo muito bem ordenhada, ou seja, estocando leite para dias menos leitosos...
Cobram quase metade da renda em impostos, para oferecer educação pública gratuita de boa qualidade. Mas não são estatizados como muitos pensam no Brasil, e sim absolutamente empresarias e competitivos.
Possuem uma pequena população, estabilizada desde várias décadas, um sistema praticamente infenso à corrupção, políticos que anda de bicicleta e ganham muito pouco, e sobretudo uma população altamente educada. Não creio que sirva de modelo para o Brasil.
O "socialismo" da matéria é puramente alegórico, ou simbólico, e não tem nada do sabor marxista, ou leninista, que muitos companheiros favoreceriam. A burguesia concorda em deixar metade da renda com o Estado, mas continua burguesia...
Paulo Roberto de Almeida

In Norway, Start-ups Say Ja to Socialism

By Max Chafkin
Inc.,  January 20, 2011

We venture to the very heart of the hell that is Scandinavian socialism—and find out that it’s not so bad. Pricey, yes, but a good place to start and run a company.

Wiggo Dalmo is a classic entrepreneurial type: the Working-Class Kid Made Good.
Dalmo, who is 39, with sandy blond hair and an easy smile, grew up in modest circumstances in a blue-collar town dominated by the steel industry. After graduating from high school, he apprenticed as an industrial mechanic and got a job repairing mining equipment.
He liked the challenge of the work but not the drudgery of working for someone else. "I never felt like there was a place for me as an employee," Dalmo explains as we drive past spent chemical drums and enormous mounds of scrap metal on the road that leads to his office. When he needed an inexpensive part to complete a repair, company rules required Dalmo to fill out a purchase order and wait days for approval, when he knew he could simply walk into a hardware store and buy one. He resented this on a practical level—and as an insult to his intelligence. "I wanted more responsibility at my job, more control," he says. "I wanted freedom."
In 1998, Dalmo quit his job, bought a used pickup truck, and started calling on clients as an independent contractor. By year's end, he had six employees, all mechanics, and he was making more money than he ever had. Within three years, his new company, Momek, was booking more than $1 million a year in revenue and quickly expanding into new lines of business. He built a machine shop and began manufacturing parts for oil rigs, and he started bidding on and winning contracts to staff oil drilling sites and mines throughout the country. He kept hiring, kept bidding, and when he looked around a decade later, he had a $44 million company with 150 employees.
As his company grew, Dalmo adopted the familiar habits of successful entrepreneurs. He bought a Porsche, a motorcycle, and a wardrobe of polo shirts with his corporate logo on the chest. As rock music blasts from the speakers in his office, Dalmo tells me that he is proud of the company he has created. "We tried to build a family, and we have succeeded," he says. "I have no friends outside this company."
This is exactly the kind of pride I often hear from the CEOs I have met while working at Inc., but for one important difference: Whereas most entrepreneurs in Dalmo's position develop a retching distaste for paying taxes, Dalmo doesn't mind them much. "The tax system is good—it's fair," he tells me. "What we're doing when we are paying taxes is buying a product. So the question isn't how you pay for the product; it's the quality of the product." Dalmo likes the government's services, and he believes that he is paying a fair price.
This is particularly surprising, because the prices Dalmo pays for government services are among the highest in the world. He lives and works in the small city of Mo i Rana, which is about 17 miles south of the Arctic Circle in Norway. As a Norwegian, he pays nearly 50 percent of his income to the federal government, along with a substantial additional tax that works out to roughly 1 percent of his total net worth. And that's just what he pays directly. Payroll taxes in Norway are double those in the U.S. Sales taxes, at 25 percent, are roughly triple.
Last year, Dalmo paid $102,970 in personal taxes on his income and wealth. I know this because tax returns, like most everything else in Norway, are a matter of public record. Anyone anywhere can log on to a website maintained by the government and find out what kind of scratch a fellow Norwegian taxpayer makes—be he Ole Einar Bjørndalen, the famous Norwegian biathlete, or Ole the next-door neighbor. This, Dalmo explains, has a chilling effect on any desire he might have to live even larger. "When you start buying expensive stuff, people start to talk," says Dalmo. "I have to be careful, because some of the people who are judging are my potential customers."
Welcome to Norway, where business is radically transparent, militantly egalitarian, and, of course, heavily taxed. This is socialism, the sort of thing your average American CEO has nightmares about. But not Dalmo—and not most Norwegians. "The capitalist system functions well," Dalmo says. "But I'm a socialist in my bones."
Norway, population five million, is a very small, very rich country. It is a cold country and, for half the year, a dark country. (The sun sets in late November in Mo i Rana. It doesn't rise again until the end of January.) This is a place where entire cities smell of drying fish—an odor not unlike the smell of rotting fish—and where, in the most remote parts, one must be careful to avoid polar bears. The food isn't great.
Bear strikes, darkness, and whale meat notwithstanding, Norway is also an exceedingly pleasant place to make a home. It ranked third in Gallup's latest global happiness survey. The unemployment rate, just 3.5 percent, is the lowest in Europe and one of the lowest in the world. Thanks to a generous social welfare system, poverty is almost nonexistent.
Norway is also full of entrepreneurs like Wiggo Dalmo. Rates of start-up creation here are among the highest in the developed world, and Norway has more entrepreneurs per capita than the United States, according to the latest report by the Global Entrepreneurship Monitor, a Boston-based research consortium. A 2010 study released by the U.S. Small Business Administration reported a similar result: Although America remains near the top of the world in terms of entrepreneurial aspirations -- that is, the percentage of people who want to start new things—in terms of actual start-up activity, our country has fallen behind not just Norway but also Canada, Denmark, and Switzerland.
If you care about the long-term health of the American economy, this should seem strange—maybe even troubling. After all, we have been told for decades that higher taxes are without-a-doubt, no-question-about-it Bad for Business. President Obama recently bragged that his administration had passed "16 different tax cuts for America's small businesses over the last couple years. These are tax cuts that can help America—help businesses...making new investments right now."
Since the Reagan Revolution, which drastically cut tax rates for wealthy individuals and corporations, we have gotten used to hearing these sorts of announcements from our leaders. Few have dared to argue against tax cuts for businesses and business owners. Questioning whether entrepreneurs really need tax cuts has been like asking if soldiers really need weapons or whether teachers really need textbooks—a possible position, sure, but one that would likely get you laughed out of the room if you suggested it. Or thrown out of elected office.
Taxes in the U.S. have fallen dramatically over the past 30 years. In 1978, the top federal tax rates were as follows: 70 percent for individuals, 48 percent for corporations, and almost 40 percent on capital gains. Americans as a whole paid the ninth-lowest taxes among countries in the Organization for Economic Cooperation and Development, a group of 34 of the largest democratic, market economies. Today, the top marginal tax rates are 35 percent, 35 percent, and 15 percent, respectively. (Even these rates overstate the level of taxation in America. Few large corporations pay anywhere near the 35 percent corporate tax; Warren Buffett has famously said that he pays 18 percent in income tax.) Only two countries in the OECD—Chile and Mexico—pay a lower percentage of their gross domestic product in taxes than we Americans do.
But there is precious little evidence to suggest that our low taxes have done much for entrepreneurs—or even for the economy as a whole. "It's actually quite hard to say how tax policy affects the economy," says Joel Slemrod, a University of Michigan professor who served on the Council of Economic Advisers under Ronald Reagan. Slemrod says there is no statistical evidence to prove that low taxes result in economic prosperity. Some of the most prosperous countries—for instance, Denmark, Sweden, Belgium, and, yes, Norway—also have some of the highest taxes. Norway, which in 2009 had the world's highest per-capita income, avoided the brunt of the financial crisis: From 2006 to 2009, its economy grew nearly 3 percent. The American economy grew less than one-tenth of a percent during the same period. Meanwhile, countries with some of the lowest taxes in Europe, like Ireland, Iceland, and Estonia, have suffered profoundly. The first two nearly went bankrupt; Estonia, the darling of antitax groups like the Cato Institute, currently has an unemployment rate of 16 percent. Its economy shrank 14 percent in 2009.
Moreover, the typical arguments peddled by business groups and in the editorial pages of The Wall Street Journal— the idea, for instance, that George W. Bush's tax cuts in 2001 and 2003 created economic growth—are problematic. The unemployment rate rose following the passage of both tax-cut packages, and economic growth during Bush's eight years in office badly lagged growth during the Clinton presidency, before the tax cuts were passed.
And so the case of Norway—one of the most entrepreneurial, most heavily taxed countries in the world—should give us pause. What if we have been wrong about taxes? What if tax cuts are nothing like weapons or textbooks? What if they don't matter as much as we think they do?
I'm sure I've already pissed off some people with that question—and not just the rich ones. It's hard these days to say anything positive about taxes without being accused of economic treason. President Barack Obama's health care plan and his proposal to allow certain Bush tax cuts to expire in 2012—a move that would cause the top marginal tax rate on individuals to go up by 4.6 basis points, to the rate that prevailed in the late 1990s—have caused the administration to be eviscerated by business groups and their allies. "We are essentially undoing the very thing that has made America exceptional: the free enterprise system," wrote congressional candidate (and now a Republican congressman from New York) Richard Hanna in a letter published by the National Federation of Independent Business. "We can no longer devalue the energy of the entrepreneur this way." Newt Gingrich, a presidential hopeful and the former Speaker of the House, has called Obama's presidency the first step toward "European socialism and secularism," which he has suggested is a greater threat to our country than Islamic terrorism.
The idea that Americans should be more terrified of Norwegian economists than of al Qaeda bombmakers is pretty nutty, but I couldn't help wondering: How bad would European socialism really be? What if President Obama's health care and tax policies—which so far have been modest by European standards—are just the beginning? What if his proposal to allow the income tax rate on the richest Americans to rise by several basis points is just the first step? What if, say, by some crazy backdoor dealing involving Joe Biden, Nancy Pelosi, and the Ghost of Ted Kennedy, liberals manage something more sweeping: taxes of 50 percent, a government-run health care system, an expansion of Social Security, and sweeping regulations on business?
In other words, instead of some American version of European socialism, what if we got the genuine article? What if the nightmare scenario were real? What if you woke up tomorrow as a CEO in a socialist country?
To answer this question, I spent two weeks in Norway, seeking out entrepreneurs in all sorts of industries and circumstances.I met fish farmers in the country's northern hinterlands and cosmopolitan techies in Oslo, the capital. I met start-up founders who were years away from having to worry about making money and then paying taxes on it, and I met established entrepreneurs who every year fork over millions of dollars to the authorities. (Norway's currency is the kroner. I have converted all figures in this article to dollars.)
The first thing I learned is that Norwegians don't think about taxes the way we do. Whereas most Americans see taxes as a burden, Norwegian entrepreneurs tend to see them as a purchase, an exchange of cash for services. "I look at it as a lifelong investment," says Davor Sutija, CEO of Thinfilm, a Norwegian start-up that is developing a low-cost version of the electronic tags retailers use to track merchandise.
Sutija has a unique perspective on this matter: He is an American who grew up in Miami and, 20 years ago, married a Norwegian woman and moved to Oslo. In 2009, as an employee of Thinfilm's former parent company, he earned about $500,000, half of which he took home and half of which went to the Kingdom of Norway. (The country's tax system is progressive, and the highest tax rates kick in at $124,000. From there, the income tax rate, including a national insurance tax, is 47.8 percent.) If he had stayed in the U.S., he would have paid at least $50,000 less in taxes, but he has no regrets. (For a detailed comparison, see "How High Is Up?") "There are no private schools in Norway," he says. "All schooling is public and free. By being in Norway and paying these taxes, I'm making an investment in my family."
For a modestly wealthy entrepreneur like Sutija, the value of living in this socialist country outweighs the cost. Every Norwegian worker gets free health insurance in a system that produces longer life expectancy and lower infant mortality rates than our own. At age 67, workers get a government pension of up to 66 percent of their working income, and everyone gets free education, from nursery school through graduate school. (Amazingly, this includes colleges outside the country. Want to send your kid to Harvard? The Norwegian government will pick up most of the tab.) Disability insurance and parental leave are also extremely generous. A new mother can take 46 weeks of maternity leave at full pay—the government, not the company, picks up the tab—or 56 weeks off at 80 percent of her normal wage. A father gets 10 weeks off at full pay.
These are benefits afforded to every Norwegian, regardless of income level. But it should be said that most Norwegians make about the same amount of money. In Norway, the typical starting salary for a worker with no college education is a very generous $45,000, while the starting salary for a Ph.D. is about $70,000 a year. (This makes certain kinds of industries, such as textile manufacturing, impossible; on the other hand, technology businesses are very cheap to run.) Between workers who do the same job at a given company, salaries vary little, if at all. At Wiggo Dalmo's company, everyone doing the same job makes the same salary.
The result is that successful companies find other ways to motivate and retain their employees. Dalmo's staff may consist mostly of mechanics and machinists, but he treats them like Google engineers. Momek employs a chef who prepares lunch for the staff every day. The company throws a blowout annual party—the tab last year was more than $100,000. Dalmo supplements the standard government health plan with a $330-per-employee-per-year private insurance plan that buys employees treatment in private hospitals if a doctor isn't immediately available in a public one. These benefits have kept turnover rates at Momek below 2 percent, compared with 7 percent in the industry.
But it takes more than perks to keep a worker motivated in Norway. In a country with low unemployment and generous unemployment benefits, a worker's threat to quit is more credible than it is in the United States, giving workers more leverage over employers. And though Norway makes it easy to lay off workers in cases of economic hardship, firing an employee for cause typically takes months, and employers generally end up paying at least three months' severance. "You have to be a much more democratic manager," says Bjørn Holte, founder and CEO of bMenu, an Oslo-based start-up that makes mobile versions of websites. Holte pays himself $125,000 a year. His lowest-paid employee makes more than $60,000. "You can't just treat them like machines," he says. "If you do, they'll be gone."
If the Norwegian system forces CEOs to be more conciliatory to their employees, it also changes the calculus of entrepreneurship for employees who hope to start their own companies. "The problem for entrepreneurship in Norway is it's so lucrative to be an employee," says Lars Kolvereid, the lead researcher for the Global Entrepreneurship Monitor in Norway. Whereas in the U.S., about one-quarter of start-ups are founded by so-called necessity entrepreneurs—that is, people who start companies because they feel they have no good alternative—in Norway, the number is only 9 percent, the third lowest in the world after Switzerland and Denmark, according to the Global Entrepreneurship Monitor.
This may help explain why entrepreneurship in Norway has thrived, even as it stagnates in the U.S. "The three things we as Americans worry about—education, retirement, and medical expenses—are things that Norwegians don't worry about," says Zoltan J. Acs, a professor at George Mason University and the chief economist for the Small Business Administration's Office of Advocacy. Acs thinks the recession in the U.S. has intensified this disparity and is part of the reason America has slipped in the past few years. When the U.S. economy is booming, the absence of guaranteed health care isn't a big concern for aspiring founders, but with unemployment near double digits, would-be entrepreneurs are more cautious. "When the middle class is shrinking, the pool of entrepreneurs is shrinking," says Acs.
The downside to Norway's security, of course, is that it is expensive. Norway has substantial oil reserves—but most of the proceeds are invested abroad in a sovereign wealth fund. Norway's generous social benefits are financed largely from taxes that fall heavily on the country's richest people. The most controversial of these taxes is a wealth tax, a 1.1 percent annual levy on the entirety of a person's holdings above about $117,000, including stock in private companies held by the owner.
In search of an opinion on how such soak-the-successful policies affect the truly successful, I visited the tiny town of Misvær, a mountain hamlet in the country's interior, 38 miles north of the Arctic Circle. To get to Misvær, I took a small plane from Oslo to Bodø, where I was met by a gorgeous twentysomething blonde in a flight suit. She was, I somehow knew instantly, the pilot for Inger Ellen Nicolaisen, the country's answer to Donald Trump and the most flamboyant character in a country that prefers its wealthy to go about their business modestly.
After a short helicopter ride over a fjord and some mountains, we touch down in a snow-covered backyard, where we are greeted by a positively feudal scene: Nicolaisen trots out from the house, a modernistic structure perched far above the rest of the town like some enormous suburban castle, followed by five dogs—two Great Danes, two toy poodles, and a bulldog. She has shoulder-length platinum blond hair and wears teal contact lenses and knee-high boots, looking entirely unlike the 52-year-old mother of three that she is. "Welcome to Miami," she yells above the roar of the helicopter.
She leads me inside, where we are attended by a pair of servants who bring us coffee, pastries, and, though it's not quite noon, champagne. Nicolaisen's husband—her second, a 39-year-old former professional soccer player— eventually shows up and immediately begins assisting the servants. Later, he shows me around the grounds on a six-wheel all-terrain vehicle. There are the grazing sheep, the three teepees equipped with heat, electricity, and full bars—Nicolaisen uses the structures for corporate retreats—and the pack of Icelandic horses. As we rumble around on the ATV, it seems clear to me that these are the sort of people who should be animated by the wealth tax—and who won't mind saying so.
But they aren't, not really. Although Nicolaisen considers herself a conservative, she told me the issue that most animates her is poverty, not taxes. "Yeah, the wealth tax is a problem," she says. "But you have to make a choice. You can live in the Cayman Islands and pay no tax. But I don't want to live in the Cayman Islands. To live in Norway, you have to do what you have to. I think it's worth it."
Nicolaisen is famous for being the host of the country's version of The Apprentice and for founding Nikita, the largest chain of hair salons in Scandinavia. Over 26 years, Nikita has expanded into a hair care conglomerate called Raise, whose concerns include a line of private-label products and 120 salons in Norway and Sweden. Nicolaisen owns the $60 million company outright. Her story, which she tells in a best-selling memoir, Drivkraft—Norwegian for driving force—is a triumph of scrappiness. Nicolaisen dropped out of high school at 14, when she became pregnant. In her late teens, she supported herself and her daughter, Linda, by hawking handmade children's clothes. In her early 20s, she moved to Bodø and got a job as the receptionist in a hair salon. She took up with the salon's owner, they eventually married, and she got hooked on the hair business.
Nicolaisen was never much of a stylist, but her entrepreneurial ambitions quickly outstripped her husband's."My first goal was five salons—that seemed like a big goal," says Nicolaisen. She would eventually divorce her husband and take over the business completely. By 2000, she had expanded to 50 salons, and she found herself at a crossroads. She was booking $21 million in revenue a year, and the company was throwing off enough cash to allow her to live well. "I had to decide: Should I relax, stop growing, and just earn a lot of money, or should I expand?" she says. "I realized I couldn't stop there, so I set the next goal at 500. Because, you know—5, 50, 500—it made sense."
I would have thought that Norway's tax system would discourage this kind of thinking, but it doesn't seem to have been a factor. When I asked her why she bothered growing, she said simply, "I'm an entrepreneur. It's in my backbone."
This was the attitude of even those entrepreneurs who strenuously objected to the Norwegian tax regimen, which I learned when I traveled to Stokmarknes and visited the region's best-known entrepreneur, Inge Berg. Berg's company, a fish-farming enterprise called Nordlaks, is a half-hour's flight north of Bodø. The cold North Atlantic waters there make for ideal spawning grounds for salmon, cod, and herring.
We hop into an inflatable skiff and, with Berg in the cockpit, motor across the fjord to one of the company's 23 fish farms. There are three floating pens, barely visible from a distance, each housing 50,000 teenage salmon jostling to catch the food pellets that are being blown over the pens from a nearby barge. When Berg started as a fish farmer, it was his job to hand-feed the fish, dumping bucket after bucket of feed over the pens.
From the farm, we take the boat back to Berg's slaughterhouse and packing facility, where the same salmon will eventually meet their demise at a breathtaking rate of one fish per second. "One of the reasons we've been successful is that we've focused exclusively on salmon and trout farming—some other companies tried to expand to the tourist industry or the cod industry," Berg says over the din of the machines. "We invest everything in improving the process." Berg proudly catalogs a number of innovations—a flash-freezing process, a robotic packing system, and a fish oil plant that ensures that no fish scrap is wasted. For now, the oil is mainly used in livestock feed, but Berg brags that he has made sure it is approved for human consumption, then proves his point by pouring me a shot of the viscous pink liquid. (It smelled and tasted awful, but to his point, I did not die.)
In 2009, Nordlaks pulled in $62 million in profits on revenue of $207 million, making Berg, the sole owner, a very rich man. Although the Norwegian wealth tax includes generous deductions that allow Berg to report a net worth of about $30 million, far less than he would net if he sold his company, his tax bill is still substantial. Even if Nordlaks made no profits, paid no dividends, and paid its owner no salary, Berg would owe the Norwegian government a third of a million dollars a year. "Every year, I have to take a dividend, just to pay the tax," he says, sounding genuinely angry.
Berg is successful enough that paying the wealth tax is no hardship—in 2009, he took a dividend of nearly $10 million—but when a company slips into the red, entrepreneurs can find themselves in trouble. "If a company grows to a large size and then has two bad years in a row, the founder may be forced to sell some stock," says Erlend Bullvåg, a business-school professor at the University of Nordland and an adviser to the Norwegian central bank. But none of the entrepreneurs I spoke with had been forced to sell stock to pay their taxes—and Bullvåg, who has interviewed dozens of entrepreneurs on behalf of the Norwegian central bank, hasn't encountered a case personally. Berg told me that he hadn't given much thought to the wealth tax; he didn't even know exactly how it was calculated. "I get so pissed sometimes," he says. "But you just have to look forward, and it passes."
The posting of tax returns online makes tax evasion nearly impossible in Norway, but it doesn't stop the very rich from fleeing the country altogether. The best-known example is John Fredriksen, a shipping tycoon worth $7.7 billion and at one time the richest Norwegian. In 2006, Fredriksen, who had kept most of his personal assets outside the country to avoid taxes, renounced his Norwegian citizenship. He became the richest man in Cyprus.
Fredriksen's past is murky—he is reputed to have been one of the only exporters willing to do business with Iran after the revolution—and he rarely gives interviews. But in 2008, he told The Wall Street Journal, "It's almost impossible to do business in Norway today." Norway's prime minister, Jens Stoltenberg, dismissed the defection as no great loss—Fredriksen hadn't paid personal taxes in Norway for decades, and his companies continue to pay taxes in the country. Even so, Fredriksen is something of a folk hero to the entrepreneurs in his former home.
"He is cool," says Jan Egil Flo, chief financial officer of Moods of Norway, a $35 million clothing company in Stryn. I visited Moods of Norway's offices on my last day in Norway and chatted with Flo and his co-founders, Simen Staalnacke and Peder Børresen. The three were able to start their company, which makes fashionable sportswear and suits, largely thanks to the beneficence of the Norwegian socialist system. In 2004, they received a $20,000 start-up grant from the Norwegian equivalent of the Small Business Administration. Staalnacke and Børresen enrolled in a local college, because doing so meant the government would cover most of their living expenses. This may be why, when I ask the three founders if they might become Cypriots anytime soon, they protest. "No, no, no," says Børresen. "We've received a lot from Norway and Norwegian society. Giving back is not a problem."
Moods of Norway operates 10 boutiques, which, in a country of five million, means the company has saturated its home market. Two years ago, it opened its first store in the U.S., a 2,500-square-foot space in Beverly Hills, and Flo is in negotiations to open stores in New York City's SoHo neighborhood and Mall of America in Minnesota. It has been more challenging than he expected. "It's much easier to do business in Norway," Flo says. "The U.S. isn't one country; it's 50 countries." Although Norway may be more heavily regulated than America, the regulations are uniform across the country and are less apt to change drastically when the political winds blow.
In addition to regulatory stability, Flo pointed to a number of other advantages his company enjoys in Norway. Although personal taxes on entrepreneurs are high, the tax rate on corporate profits is low—28 percent, compared with an average of about 40 percent in combined federal and state taxes in the U.S. A less generous depreciation schedule and higher payroll taxes in Norway more than make up for that difference—Norwegian companies pay 14.1 percent of the entirety of an employee's salary, compared with 7.65 percent of the first $106,800 in the U.S.—but that money pays for benefits such as health care and retirement plans. "There's no big difference in cost," Flo says. In fact, his company makes more money, after taxes, on items sold in Norway than it does on those sold in its California shop.
Flo is pushing his business into America for reasons that have nothing to do with our tax structure. He wants Moods of Norway to be here because America is the largest, most influential market in the world. "There are more Norwegians in the Minneapolis area than in Norway," Flo says excitedly. "If you can get known in America, then the whole world knows you."
I heard this sort of sentiment from lots of the entrepreneurs I spoke with in Norway. They talked about the ambition and aggressiveness of American culture, which can't help breeding success. The younger entrepreneurs yearned for our tradition of mentoring, whereby seasoned entrepreneurs help nascent ones, with money or advice or both.
The more time I spent with Norwegian entrepreneurs, the more I became convinced that the things that make the United States a great country for entrepreneurs have little to do with the fact that we enjoy relatively low taxes. Kenneth Winther, the founder of the Oslo management consultancy MoonWalk, regaled me for hours about the virtues of Norway—security, good roads, good schools. But at the end of our interview, he confessed that he had been hedging his bets: He intended to apply to the American green-card lottery in January. "Why not try?" he said with a shrug.
I also became convinced of this truth, which I have observed in the smartest American and the smartest Norwegian entrepreneurs: It's not about the money. Entrepreneurs are not hedge fund managers, and they rarely operate like coldly rational economic entities. This theme runs through books like Bo Burlingham's Small Giants, about company owners who choose not to maximize profits and instead seek to make their companies great; and it can be found in the countless stories, many of them told in this magazine, of founders who leave money on the table in favor of things they judge to be more important.
At one point, I asked Wiggo Dalmo why he was still working so hard to expand his company: Why not just have a nice life—especially given that the authorities would take a hefty chunk of whatever additional money he made? "For me personally, building something to change the world is the kick," he says. "The worst thing to me is people who chose the easiest path. We should use our wonderful years to do something on this earth."
When I got back to the United States, I had a beer with Bjørn Holte, the CEO of bMenu, whom I'd first met in Oslo. It was early November—days after the congressional elections—and Holte had just arrived in New York City, where he is opening a new office. We talked about the commercial real estate market, the amazing cultural diversity in a city that has twice as many people as his entire country, and the current debate in the United States about the role of government. Holte was fascinated by this last topic, particularly the angry opposition to President Obama's health care reform package. "It makes me laugh," he says. "Americans don't understand that you can't have a functioning economy if people aren't healthy."
Holte's American subsidiary pays annual health care premiums that make his head spin—more than $23,000 per employee for a family plan—and that make the cost of employing a software developer in the United States substantially higher than it is in Norway, even after taxes. (For a full breakdown, see "Making Payroll.") Holte is no pinko—he finds many aspects of Norwegian socialism problematic, particularly regulations about hiring and firing—but when he looks at the costs and benefits of taxes in each country, he sees no contest. Norway is worth the cost.
Of course, that's only half the question when it comes to taxes. The other, more divisive question is, What is fair? Is it right to make rich people pay more than poor people? Would paying a greater percentage of our income for more government services make us less free? "I'd rather be in the U.S., where you can enjoy the fruit of your labor, rather than a country like Norway, where your hard work is confiscated by the government," says Curtis Dubay, senior tax policy analyst at the Heritage Foundation, a Washington, D.C., think tank that advocates for lower taxes.
These are important moral issues, but, in America, they are often the only ones we are willing to consider. We have, as Holte suggests, become religious about economic policy. We are unable or unwilling to make the kind of cool-headed calculations about costs and benefits that I saw in Norway. "There's a disconnect in the way people think about paying taxes and funding public services that's worse here than in any other country," says Donald Bruce, a tax economist at the University of Tennessee. "We refuse to believe that taxes can be used for anything productive. But then we say, 'Stay out of my Social Security. And my Medicare. And don't cut defense or national parks.' "
Our collective inability to have a rational conversation about taxes will have consequences. In 2010, the American budget deficit hit $1.3 trillion, or 10 percent of GDP. By 2035, the deficit could be close to 16 percent of GDP, according to the report issued late last year by the National Commission on Fiscal Responsibility and Reform. That report prescribed dramatic spending cuts and tax increases. But just weeks after it was released, President Obama and congressional Republicans unveiled a new package of tax cuts, which will add an extra $800 billion to the deficit over two years.
Obama has said he hopes to allow these cuts to expire in 2012 and for income tax rates to revert to levels of the 1990s, and that is only one of many revenue-generation ideas kicking around in policy circles. There are also proposals for a tax on millionaires, a national sales tax, and even a dreaded, Norwegian-style wealth tax.
When lawmakers inevitably take up these issues, it's a sure thing that those who oppose raising revenue through tax hikes will make the argument that higher taxes will hurt entrepreneurs. They will make it sound as if even a modest tax increase would represent a death knell for American business. But the case of Norway suggests that Americans should view these arguments with skepticism—and that American entrepreneurs could stand to be less dogmatic about the role of government in society.
This isn't to say that entrepreneurs don't have a right to get angry about taxes—or to fight tax increases in the same way they might fight any price increase by a supplier. It is to say only that, despite what you hear from Washington politicians and activist groups, the tax rate is probably far from the most important issue facing your business. Entrepreneurs can thrive under almost any regime, even the scourge of European socialism. "Taxes matter, but their effect is small in magnitude," says Bruce. "In the end, decisions entrepreneurs make are about more important things: Is there a market for what you're making? Are you doing something relevant for the economy? If the answer is no, then taxes don't matter much."
Max Chafkin is Inc.'s senior writer.

Republica companheira (2): Petrobras dos prejuizos S.A.

Parece que os companheiros não gostam de lucros: companhias públicas, para eles, tem de dar prejuízos, supostamente para beneficiar o público. Acaba afastando acionistas, e levando a companhia para o buraco. Eles sempre foram assim: primeiro preocupações supostamente sociais, depois os resultados econômicos. Acabam produzindo resultados negativos nas duas frentes...
Paulo Roberto de Almeida

Alívio passageiro
Editorial Folha de S.Paulo, 31/01/2013

Há quase sete anos, em abril de 2006, num prenúncio da euforia com as descobertas do pré-sal, o então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, enterrou R$ 37 milhões numa campanha publicitária laudatória da autossuficiência alcançada pelo país.

De lá para cá, o entusiasmo evaporou, assim como os resultados da Petrobras. A instrumentalização da maior empresa do país como arma de propaganda governista deu no que não poderia deixar de dar: deterioração acelerada do desempenho da companhia.

Não só a autossuficiência não livrou o Brasil do deficit na balança comercial de combustíveis como o país vem importando quantidades crescentes deles --sobretudo gasolina, que é vendida no mercado interno por preços inferiores aos do mercado internacional, defasagem que causa prejuízos bilionários à petroleira.

Não é com o aumento da gasolina e do diesel para distribuidores (6,6% e 5,4%, respectivamente) anunciado anteontem, contudo, que a Petrobras se verá livre da sangria. O reajuste ficou longe de zerar a defasagem. As estimativas variam, mas ela ainda estaria, após a alta, na faixa de 7% a 15% de diferença entre os preços domésticos e os internacionais.

O prejuízo mensal da Petrobras com esses combustíveis, calculado em cerca de R$ 2 bilhões, cairia para algo mais próximo de R$ 1 bilhão. Ainda assim, um subsídio considerável para seu consumo, bancado por uma empresa que deveria lutar por resultados melhores para apresentar aos acionistas.

Na segunda-feira devem ser divulgados os novos números do desempenho da Petrobras, e as expectativas são pessimistas --espera-se o anúncio de queda na produção de petróleo em 2012, por exemplo. O próprio reajuste dos combustíveis, acredita-se, teria sido um expediente para contrabalançar as más notícias iminentes.

Outro fator que explica o momento escolhido para o aumento é a inflação. O governo federal --que representa o acionista controlador da Petrobras, a União-- vinha represando o preço dos combustíveis para evitar a alta dos índices. A folga obtida com a redução das tarifas de energia elétrica, anunciada há uma semana pela presidente Dilma Rousseff, permitiu acomodar a majoração que traz algum alívio para a petroleira.

Há indicações de que Graça Foster, presidente da estatal, defendia alta maior para a gasolina, da ordem de 7,5%. Teve de contentar-se com 6,6% (que devem resultar em cerca de 4,6% para o consumidor).

Não será a primeira nem a última vez em que a Petrobras submete o interesse dos acionistas particulares aos interesses do Planalto.

Flavio Saraiva: Meio século da política externa independente (Correio Braziliense)

Um artigo do ex-diretor do IBRI e professor do IRel-UnB, falando da RBPI, a revista da qual tenho a honra de ser editor-adjunto.
Paulo Roberto de Almeida

Meio século da política externa independente
José Flávio Sombra Saraiva
Correio Braziliense, 27/01/2013

Chega na hora propícia o novo exemplar da Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI). Criada nos anos 1950, segue rígida em sua periodicidade de dois números lançados ao ano. Angariou prestígio internacional nas últimas décadas graças a abnegados professores e diplomatas brasileiros. A revista, a mais tradicional do Brasil, é importante depositário da memória da inserção internacional do Brasil há mais de meio século.
A RBPI é a revista nossa, compulsada por toda a comunidade de profissionais das relações internacionais, que corresponde às congêneres Foreign Policy, International Affairs, Foro Internacional e Foreign Affairs. Homenageada pela métrica de classificação de revistas de ponta em suas diferentes áreas, a RBPI recebeu, do índex mais relevante da produção científica nas ciências humanas e políticas do mundo, o reconhecimento de revista brasileira com maior fator de impacto do Journal Citation Reports (JCR) nesse campo.

O ano 55 da RBPI, por meio de seu segundo número datado de dezembro de 2012, acaba de sair da forja. Está na praça. Celebra o cinquentenário da chamada política externa independente, jargão da diplomacia nacional dos anos 1961-1964. Eram os tempos da Guerra Fria, da descolonização afro-asiática, da crise cubana, do medo nuclear e da bipolaridade estratégica. O Brasil procurava um caminho do meio, próprio, de ação internacional. O clima doméstico e os debates políticos levaram a política externa para o centro do debate, até mesmo para o campo popular. Foi um desses raros momentos no Brasil no qual política externa foi discutida tanto nas mesas de bar quanto nos salões do parlamento.
A política externa independente vinculou um padrão histórico que insiste na seta do tempo, do século 19 aos tempos mais recentes. Trata-se do conceito de autonomia decisória. Esse conceito, até mais que o de independência, foi o traço mais evidente da quadra histórica do início dos anos 1960. A política externa independente deslanchou a partir do artigo do presidente Jânio Quadros intitulado “Nova política externa do Brasil”, publicado na prestigiosa Foreign Affairs, em 1961, e na RBPI, em 1962. O artigo foi considerado um libelo da independência do Brasil em relação a blocos fechados de poder, no Leste ou no Oeste.
Embora natural a vinculação da noção de autonomia decisória aos anos dos governos de Jânio Quadros e João Goulart, o conceito, em forma brasileira, era anterior e já havia mostrado capilaridade prática na política externa do Brasil. E há que se reconhecer que esse cabedal herdado de elementos de continuidade segue presente nos atores e protagonistas da política externa brasileira dos nossos dias.
A lembrança e a reivindicação do léxico substantivo da política externa independente, apesar de certa ciclotimia política de seu tempo original, seguem a pautar setores do processo decisório nacional. Embora gêneses autonomistas e correntes de pensamento nacionalistas tenham sido mantidas em grande parte nas fases republicanas da história do Brasil como parte da agenda da direita, a política externa independente permitiu que essa agenda pudesse migrar também para a então esquerda política.
Recolhemos hoje seus frutos. Espraia-se autoconfiança no papel do Brasil no início do século 21. Há algo de política externa independente no debate atual, mas reduzindo, é claro, a retórica, às vezes exagerada, de euforia autonomista.
Dois autores marcaram a história dos conceitos da política externa independente na Revista Brasileira de Política Internacional, nos anos 1960 e hoje. Refiro-me ao professores Helio Jaguaribe e ao primeiro editor da série “Brasília” da RBPI, Amado Luiz Cervo, professor emérito da Universidade de Brasília. Ambos mostraram, em seus escritos, que a política externa independente foi relevante em seu contexto nacional e causou algum impacto no meio internacional da Guerra Fria. Ambos professores, no entanto, nos lembram que tal política foi fruto de força telúrica, genuinamente brasileira, ao mover formas anteriores de exercício do conceito de autonomia decisória. Mas o detalhamento desse ponto pode ficar para outro artigo.

* Ph. D. pela Universidade de Birmingham, Inglaterra, é professor titular de relações internacionais da UnB e pesquisador 1 do CNPq.

A crise financeira estudantil do capitalismo americano

Lenin, num de seus trabalhos de copia nao atribuida - neste caso de Hobson e de Rosa Luxemburgo - dizia que o imperialismo era o capitalismo chegado a sua fase madura, etapa superior do capitalismo monopolista, como ele dizia.
Num outro trabalho, ja fruto de sua genialidade politica (mas ele era economicamente estupido), ele dizia que o esquerdismo era a doenca infantil (ou juvenil) do socialismo, mas isso era para consagrar o monopolio da verdade no comite central do PCUS controlado por ele.
Pois bem, parece que chegamos 'a crise juvenil do capitalismo maduro, no proprio coracao do imperio.
A coisa anda feia do lado da bolha financeira estudantil. Nao se alegrem os antiamericanos de carteirinha: o Brasil tambem vai ter uma, dentro de mais algins poucos anos...
Paulo Roberto de Almeida

Estudantes podem provocar outra crise financeira nos EUA?
Desemprego entre jovens aumenta consideravelmente a dívida estudantil entre recém-formados
Revista Exame, 3 de fevereiro, 2013

Os Estados Unidos estão preocupados com o crescimento da crise dos empréstimos estudantis, operação que movimenta cerca de um trilhão de dólares no país.

Uma pesquisa realizada pela consultoria FICO mostra que estudantes que pegaram empréstimo representam hoje um risco muito maior de inadimplência do que aqueles que pegaram empréstimo há alguns anos. Além disso, o aumento do montante da dívida que os recém-formandos carregam agrava ainda mais a situação.

De acordo com a pesquisa, a taxa de inadimplência de empréstimos estudantis originados entre 2010 e 2012 aumentou em 22% em relação aos empréstimos originados entre 2005 e 2007. O valor médio da dívida dos empréstimos também vem crescendo rapidamente. Em 2005, o valor médio da dívida era de U$ 17. 233. Em sete anos esse valor subiu para U$ 27.253, um aumento de 58%.

A crise dos empréstimos estudantis já representa quase o dobro da crise dos empréstimos imobiliários.

Desemprego entre jovens aumenta a inadimplência

A taxa de desemprego nos Estados Unidos permanece alta, especialmente entre os jovens.

Uma pesquisa feita pela consultoria TransUnion aponta que mais da metade dos empréstimos estudantis estão sendo prorrogados, permitindo aos estudantes realizar o pagamento posteriormente. O problema é que, após o prazo de prorrogação (geralmente três anos), jovens recém-formados se deparam com um mercado de trabalho desanimador.

“As taxas de desemprego e subemprego entre recém formados – pessoas com menos de 25 anos – estão em cerca de 50%, maior patamar em mais de uma década”, diz Ezra Becker, vice-presidente da TransUnion.

Contudo, Becke não acredita que a crise dos empréstimos estudantis leve o país a uma catástrofe econômica, como fez a crise imobiliária. Segundo Becker, a dívida estudantil representa um segmento muito menor da economia do que a dívida hipotecária.

Fontes: Exame-Estudantes americanos podem gerar uma nova crise financeira?

Republica companheira: Petrobras dos Amigos Incorporated (e como...) - Reinaldo Azevedo

Existem companheiros dos companheiros, mercenários a soldo, ou simples simpatizantes da causa, que ficam indignados, e mandam comentários raivosos para este blog cada vez que eu posto uma matéria do seu (deles) jornalista odiado mais preferido. Quando a causa, ou o objeto, é propriamente político, ainda há espaço para certa subjetividade: afinal de contas, tem gente que acha que mesmo com toda essa roubalheira, com essa falta de ética, com essa podridão aceita como normal, os fins justificam os meios, ou seja, os objetivos são de elevar os pobres à condição de consumidores, dar condições aos "oprimidos" de ontem de aceder aos benefícios antes reservados à classe média, promover a igualdade, essas coisas.
Mas quando se trata de fatos, de evidências materiais, eu encontro poucas reações. Eles nunca conseguem responder a fatos, como estes que são expostos abaixo.
Será que já incorporam o padrão moral que é o exibido pelos seus dirigentes?: a gente rouba, a gente não faz, mas a gente tem uma excelente máquina de propaganda, apoiada por milhares de mercenários a soldo e por milhões de simpatizantes espalhados por ai? Deve ser isso...
Paulo Roberto de Almeida

Caso de Polícia – A Petrobras, a compra escandalosa de uma refinaria e um prejuízo bilionário para a estatal: Ministério Público decidiu investigar a lambança
REinaldo Azevedo, 3/02/2013

Vocês se lembram de um post publicado no dia 15 de dezembro intitulado “ESCÂNDALO BILIONÁRIO NA PETROBRAS – Resta, agora, saber se, ao fim da apuração, alguém vai para a cadeia! Ou: Quem privatizou a Petrobras mesmo?“ Mais ou menos? Ok. Recupero a história em 13 passos e avanço depois, porque já há novidades. Quem tem tudo na memória pode ir direito para o entretítulo “Voltei”.

1: Em janeiro de 2005, a empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria americana chamada Pasadena Refining System Inc. por irrisórios US$ 42,5 milhões. Por que tão barata? Porque era considerada ultrapassada e pequena para os padrões americanos.

2: ATENÇÃO PARA A MÁGICA – No ano seguinte, com aquele mico na mão, os belgas encontraram pela frente a generosidade brasileira e venderam 50% das ações para a Petrobras. Sabem por quanto? Por US$ 360 milhões! Vocês entenderam direitinho: aquilo que os belgas haviam comprado por US$ 22,5 milhões (a metade da refinaria velha) foi repassado aos “brasileiros bonzinhos” por US$ 360 milhões. 1500% de valorização em um aninho. A Astra sabia que não é todo dia que se encontram brasileiros tão generosos pela frente e comemorou: “Foi um triunfo financeiro acima de qualquer expectativa razoável”.

3: Um dado importante: o homem dos belgas que negociou com a Petrobras é Alberto Feilhaber, um brasileiro. Que bom! Mais do que isso: ele havia sido funcionário da Petrobras por 20 anos e se transferiu para o escritório da Astra nos EUA. Quem preparou o papelório para o negócio foi Nestor Cerveró, à frente da área internacional da Petrobras. Veja viu a documentação. Fica evidente o objetivo de privilegiar os belgas em detrimento dos interesses brasileiros. Cerveró é agora diretor financeiro da BR Distribuidora.

4: A Pasadena Refining System Inc., cuja metade a Petrobras comprou dos belgas a preço de ouro, vejam vocês!, não tinha capacidade para refinar o petróleo brasileiro, considerado pesado. Para tanto, seria preciso um investimento de mais US$ 1,5 bilhão! Belgas e brasileiros dividiriam a conta, a menos que…

5:… a menos que se desentendessem! Nesse caso, a Petrobras se comprometia a comprar a metade dos belgas — aos quais havia prometido uma remuneração de 6,9% ao ano, mesmo em um cenário de prejuízo!!!

6: E não é que o desentendimento aconteceu??? Sem acordo, os belgas decidiram executar o contrato e pediram pela sua parte, prestem atenção, outros US$ 700 milhões. Ulalá! Isso foi em 2008. Lembrem-se que a estrovenga inteira lhes havia custado apenas US$ 45 milhões! Já haviam passado metade do mico adiante por US$ 360 milhões e pediam mais US$ 700 milhões pela outra. Não é todo dia que aparecem ou otários ou malandros, certo?

7: É aí que entra a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ela acusou o absurdo da operação e deu uma esculhambada em Gabrielli numa reunião. DEPOIS NUNCA MAIS TOCOU NO ASSUNTO.

8: A Petrobras se negou a pagar, e os belgas foram à Justiça americana, que leva a sério a máxima do “pacta sunt servanda”. Execute-se o contrato. A Petrobras teve de pagar, sim, em junho deste ano, não mais US$ 700 milhões, mas US$ 839 milhões!!!

9: Depois de tomar na cabeça, a Petrobras decidiu se livrar de uma refinaria velha, que, ademais, não serve para processar o petróleo brasileiro. Foi ao mercado. Recebeu uma única proposta, da multinacional americana Valero. O grupo topa pagar pela sucata toda US$ 180 milhões.

10: Isto mesmo: a Petrobras comprou metade da Pasadena em 2006 por US$ 365 milhões; foi obrigada pela Justiça a ficar com a outra metade por US$ 839 milhões e, agora, se quiser se livrar do prejuízo operacional continuado, terá de se contentar com US$ 180 milhões. Trata-se de um dos milagres da gestão Gabrielli: como transformar US$ 1,204bilhão em US$ 180 milhões; como reduzir um investimento à sua (quase) sétima parte.

11: Graça Foster, a atual presidente, não sabe o que fazer. Se realizar o negócio, e só tem uma proposta, terá de incorporar um espeto de mais de US$ 1 bilhão.

12: Diz o procurador do TCU Marinus Marsico: “Tudo indica que a Petrobras fez concessões atípicas à Astra. Isso aconteceu em pleno ano eleitoral”.

13: Dilma, reitero, botou Gabrielli pra correr. Mas nunca mais tocou no assunto.

Voltei [RA]
José Sérgio Gabrielli, então presidente da Petrobras e hoje ocupando uma secretaria no governo baiano, chegou a emitir uma nota dizendo que não havia nada de errado com a negociação, mas preferiu não explicar a mágica. Felizmente, o Ministério Público se interessou pelo assunto, segundo informa Danilo Fariello, no Globo. Leiam trechos. Encerro depois.

*
O Ministério Público Federal (MPF) deve abrir uma investigação criminal para apurar irregularidades no processo de aquisição, pela Petrobras, da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, com base em indícios levantados por procuradores do MPF que atuam no Tribunal de Contas da União (TCU). Desde a compra da refinaria, a petrolífera investiu US$ 1,18 bilhão nesse negócio, apesar de ela não processar um só barril de petróleo brasileiro e de a estatal não conseguir obter um retorno significativo do investimento feito.

Em novembro, os procuradores solicitaram à Petrobras esclarecimentos sobre o processo de aquisição. Após um pedido da Petrobras de prorrogação de prazo para resposta, que foi aceito pelo órgão de controle, a estatal entregou cerca de 700 páginas com documentos, dos quais boa parte já foi analisada. Segundo uma fonte que teve acesso ao conteúdo entregue pela empresa ao TCU, durante o recesso de fim de ano, até agora não apareceram argumentos convincentes para justificar o investimento, tanto do ponto de vista financeiro quanto pelo aspecto estratégico.

“Há várias decisões questionáveis, que podem levar o MPF a abrir um procedimento para verificar se há ocorrência de crime. Pode até pedir auxílio à Polícia Federal, uma vez que havia uma pessoa ligada à Petrobras que fazia parte da empresa belga (Astra Oil, de quem a estatal brasileira foi sócia na refinaria)”, disse a fonte.
(…)

Encerro [ RA]
Os números da operação são aqueles que vocês viram, nunca contestados pela Petrobras. Alguém tem alguma dúvida de que estamos diante de um óbvio caso de polícia?

Cronica de um desastre economico anunciado: Brasil recua - EditorialEstadao

O desastre da indústria
03 de fevereiro de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo

O grande tombo da indústria, principal componente do fiasco econômico do ano passado, está confirmado e medido oficialmente. A produção industrial diminuiu 2,7% em 2012, segundo informou na sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o primeiro resultado negativo desde o recuo de 7,4% registrado em 2009, quando se manifestaram plenamente, em todo o mundo, os efeitos recessivos do estouro da bolha financeira nos mercados de crédito americano e europeu. Mas a pior parte da notícia é outra. É preciso ir aos detalhes para encontrar o significado econômico da crise industrial brasileira e entender o estrago causado por erros políticos acumulados em muitos anos. Os números de 2012 servem tanto para um exame do passado quanto para uma avaliação dos problemas à frente. O mau desempenho em 2012 limita as possibilidades de crescimento do País em 2013 e nos anos seguintes e impõe desafios enormes ao governo e ao empresariado.

O recuo de 2,7% foi o resultado médio de todo o setor industrial. A produção da indústria extrativa diminuiu apenas 0,3%. A do setor manufatureiro encolheu 2,8%. É esse o canal mais importante de irradiação de tecnologia e de criação de empregos decentes.

É também o mais exposto à concorrência internacional. Quando se decompõe a atividade segundo as categorias de uso, aparece um quadro especialmente sombrio. A produção de bens de consumo diminuiu apenas 1%, porque o governo reduziu impostos sobre veículos e eletrodomésticos e, além disso, o emprego e o poder de compra das famílias permaneceram elevados. A demanda foi em parte suprida por importações competitivas e isso explica o resultado negativo da atividade interna.

Mas a fabricação de bens de capital encolheu 11,8%. Vale a pena, de novo, notar alguns detalhes. A produção de máquinas e equipamentos (nomenclatura do IBGE) recuou 3,6%. A de máquinas para escritório e equipamentos de informática recuou 12,7%. A de máquinas, aparelhos e materiais elétricos caiu 5,4%.

A queda de produção do setor de bens de capital é um péssimo prenúncio. O investimento, como qualquer outro uso de recursos, influencia o crescimento a curto prazo, mas seu efeito mais importante é outro.

O potencial de expansão da economia depende, a médio e a longo prazos, do valor investido em máquinas e equipamentos de vários tipos, em instalações de produção de bens e serviços e em infraestrutura (estradas, portos, armazéns, centrais elétricas, redes de transmissão e distribuição de energia e sistemas de comunicação).

No Brasil, o total do investimento desse tipo, também conhecido como formação bruta de capital fixo, continua inferior a 20% do PIB. Em outros países latino-americanos, está nas vizinhanças de 30%. Na Ásia, há taxas maiores e até próximas de 40%, financiadas principalmente por elevados níveis de poupança interna.

Também é muito importante o dinheiro investido em capital humano, isto é, o dinheiro aplicado nos vários tipos de educação e nos cuidados de saúde. Mas esses valores são raramente explicitados nas contas oficiais do investimento, assim como os recursos destinados à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos e processos.

Mas os resultados são facilmente observáveis no desempenho das empresas e das economias nacionais. Em todos esses itens o Brasil fica muito atrás da maior parte dos demais países. Também é preciso levar em conta, naturalmente, a qualidade do investimento, um item quase sempre negligenciado nas avaliações da atividade econômica brasileira. Muito dinheiro perdido em maus projetos e corrupção acaba incluído na conta de investimentos.

Economistas de várias instituições têm estimado em 3,5%, pouco mais ou menos, o potencial de crescimento econômico do Brasil. É um cálculo complicado e impreciso, mas um ponto é indiscutível: o potencial brasileiro, nesta altura, é muito menor que o de outros emergentes. Mas o governo insiste em políticas fracassadas, continuando a atribuir à crise externa e às ações de autoridades estrangeiras (a tal "guerra cambial", por exemplo) os males do Brasil.

The New York Times Book Review: um grande jornal sobre livros

Já tive assinatura, durante muito tempo, da versão impressa desse pequeno-grande jornal literário, e depois, numa fase recente, da versão digital dessa publicação político-literária, que não divulgava simples resenhas de livros, mas verdadeiros review-articles, modelo que adotei em minhas longas resenhas-analíticas de grande escopo, como gosto de fazer.
Sérgio Augusto esqueceu de mencionar alguns dos grandes colaboradores, não apenas para resenhas-artigos, mas para verdadeiros ensaios sobre os grandes problemas da vida internacional e americana, como por exemplo George Kennan, Irving Stone e vários outros.
Vou começar a comprar ocasionalmente o NYRBooks, para ver como anda esse velho guerreiro do mundo dos livros.
Desfrutem da história...
Paulo Roberto de Almeida

Meio século com os melhores autores

Com tiragem estabilizada em 143 mil exemplares, a americana 'The New York Review of Books' chega aos 50 anos como um dos mais influentes periódicos do mundo dedicados ao livro e ao debate de ideias

Sérgio Augusto
O Estado de S.Paulo, 01 de fevereiro de 2013

Decano. Robert Silvers: editor desde 63 - Fred Conrad/NYT
Fred Conrad/NYT
Decano. Robert Silvers: editor desde 1963
Greves podem contribuir para melhorar salários e condições de trabalho, podem até derrubar governos, mas só uma contribuiu de forma insofismável para o enriquecimento da cultura, nos últimos 50 anos. No inverno de 1962, os gráficos de Nova York cruzaram os braços durante 114 dias, prejudicando todos os jornais da cidade - e tirando de circulação os cadernos de livros do New York Times, do New York Herald Tribune e da revista semanal The Saturday Review. Sem ter onde divulgar seus caudalosos lançamentos de fim de ano, as editoras se prepararam para um Natal literalmente no vermelho.
A book review dominical do Times foi a ausência mais lastimada, notadamente pelos que nela publicavam resenhas e artigos. Mas, para um círculo de intelectuais de maior envergadura, ligados a revistas como Partisan Review, The Nation, Harper's e The New Republic, e com outro padrão de exigência, a greve dos gráficos caiu do céu. "Graças a ela, confirmamos nossa desconfiança de que a book review do Times não faz a menor falta", tripudiou Edmund Wilson.
Três anos antes, a ensaísta e escritora Elizabeth Hardwick, mulher do poeta Robert Lowell, atacara o declínio da crítica americana e o filistinismo dos suplementos literários, num artigo publicado na Harper's, então editada por um jovem de 30 anos chamado Robert Silvers. Nos primeiros dias da greve, num jantar para Lowell e Hardwick no apartamento do casal Jason e Barbara Epstein (ele vice-presidente da Random House, ela editora), em meio a lamúrias sobre o empobrecimento da crítica literária e manifestações de alívio pela desobrigação de ler jornais todas as manhãs, o poeta propôs a criação de uma publicação literária de alta qualidade, beneficiando-se da publicidade das editoras estancada pela greve. O germe da The New York Review of Books acabara de ser plantado.
Quem poderia editá-la? A escolha natural, Barbara Epstein, declinou, alegando a necessidade de um parceiro para dividir a faina editorial e administrativa. Pensou-se em Norman Podhoretz. Prestes a tornar-se editor-chefe da revista Commentary, ele preferiu não se arriscar. Outra graça recebida. Dali a algum tempo, Podhoretz tiraria a máscara liberal e se revelaria um dos intelectuais mais retrógrados e ressentidos de sua geração. E um péssimo profeta. "Esse projeto não vai dar certo", acrescentou ao seu refugo.
Afinal coeditado por Barbara e Bob Silvers, com Hardwick de conselheira editorial e Symour Chwast cuidando da paginação, o número zero da revista ficou pronto em poucas semanas. Custo operacional: US$ 4 mil, emprestados pelo Marine Midland Trust e avalizados por Jason Epstein. Deu para cobrir as despesas de papel e impressão; a redação não viu um centavo. Era uma aventura cujo sucesso interessava a todos os envolvidos por Silvers & cia. Rodado numa gráfica de Connecticut, impresso em papel jornal, com 47 páginas, o número inaugural chegou às bancas e livrarias em fevereiro de 1963. Custava 25 centavos de dólar e vendeu pouco menos da metade (43 mil exemplares) da tiragem inicial. Nada mau para uma publicação literária sem concessões e lançada na surdina.
Simples, sóbria e elegante, não tinha capa. Na primeira página, uma resenha de The Fire Next Time, de James Baldwin, assinada por F.W. Dupee. Nas páginas seguintes, dividindo espaço com três dezenas de anúncios (conforme Lowell previra, todas as editoras de livros compareceram), o primeiro time das letras americanas: Dwight Macdonald, Phillip Rahv (comentando Soljenitsyn), Mary McCarthy (elogiando Almoço Nu, de William Burroughs), W.H. Auden, Norman Mailer, Irving Howe, Susan Sontag (refletindo sobre os ensaios de Simone Weil), Gore Vidal, Alfred Kazin, William Styron, William Phillips (analisando Elias Canetti), Jules Feiffer, mais Epstein, Lowell, Hardwick e outros 30 craques do ramo.
Sucesso instantâneo. Mecenas fizeram fila para injetar recursos na revista. Ausente da estreia, Edmund Wilson foi seu primeiro grande entrevistado, no segundo número, publicado quatro meses depois. Quando saiu o terceiro, em setembro, já havia dinheiro em caixa e um novo escritório à disposição dos aventureiros. De lambujem, as geniais caricaturas de David Levine, que só deixaria de ilustrar a revista ao perder a visão, em 2007.
Peguei a NYRB já no quarto número, em minha primeira viagem a Nova York. Principal chamariz: O Grupo, de Mary McCarthy, resenhado por Mailer. Nem sequer de nome conhecia a revista. Meu alpiste, naquela época, eram a Esquire, a New Yorker e a Partisan Review. Viciei na hora, corri atrás das três edições anteriores e virei assinante permanente, mas não remido, infelizmente. Mas pago com gosto.
Seu prestígio estendeu-se até aqui, nos anos 1970, graças sobretudo a Paulo Francis, à turma do Pasquim e ao semanário Opinião, que com frequência traduzia seus longos ensaios. Das imitações que inspirou mundo afora, apenas uma, a London Review of Books, é consanguínea.
Em seus 50 anos de vida, a NYRB mudou o panorama cultural da América e a imprensa que o observa e investiga. Até a book review do Times teve de se reciclar para diminuir o abismo entre as duas publicações, embora permaneçam dissemelhantes na periodicidade, na abrangência temática, no espaço e na margem de liberdade concedidos aos colaboradores.
A NYRB, que só sai 20 vezes ao ano, é muito mais que uma publicação literária de indisputável qualidade, é um fórum de debates sobre livros, ideias, tendências e fatos da atualidade, de leitura obrigatória. Além de resenhas e ensaios, investe em grandes reportagens e coberturas internacionais com a assinatura de "repórteres" tão distintos quanto Mary McCarthy (despachada para o Vietnã), Graham Greene (direto do Panamá do general Torrijos), Susan Sontag (Sarajevo), Joan Didion (El Salvador) e V.S. Naipaul (Argentina e Congo), Hardwick (Brasil, durante a ditadura militar). A chama nunca se apagou. O escândalo de Abu Ghraib explodiu nas páginas da revista, esmiuçado por Mark Danner, em outubro de 2004.
Inevitavelmente politizada, mas sem antolhos ideológicos, a NYRB surgiu numa época tumultuosa, a nove meses do assassinato de Kennedy, e depois encarou a guerra no Vietnã, a campanha pelos direitos civis, Maio de 68, os Documentos do Pentágono (que antes de serem entregues ao New York Times estiveram malocados numa gaveta de Silvers, amigo de confiança de Daniel Ellsberg), Watergate, inúmeras guerras, revoluções e golpes de estado, o degelo terminal do comunismo soviético, o ataque às torres gêmeas, o desgoverno Bush, a crise financeira de 2008, a eleição de Obama.
Às vezes mais à esquerda, notadamente quando abrigou articulistas como Noam Chomsky, Alexander Cockburn, Andrew Kopkind e Eric Hobsbawm, esteve quase sempre do lado certo. Seu período mais, digamos, engajado foi na segunda metade dos anos 1960, auge das denúncias contra a C.I.A., o conflito no Sudeste Asiático e os intelectuais chapa-branca.
Na edição de 24 de agosto de 1967, a provocação suprema: na capa, o diagrama de um coquetel Molotov. Mais "radical chic", impossível. A concorrência, liderada pelos trombas da Commentary, quase exigiu a intervenção da Anistia Internacional. "Ela é o inimigo", proclamou Midge Decter. Mas ninguém deu ouvidos à sra. Podhoretz. Nem seu marido, o grão-rabino da intelligentsia kosher, tinha o poder de fogo de um Moshe Dayan.
Quando da invasão do Iraque, enquanto a New Yorker e falcões enrustidos da imprensa mainstream davam um voto de confiança ao intervencionismo bushista, Silvers montou às pressas um manifesto contra, assinado por todos os escritores, poetas, acadêmicos, pensadores e jornalistas que conseguiu alcançar por telefone. Tony Judt, por exemplo, foi acordado às 3 da madrugada, em Londres.
Conheci Silvers num almoço na casa de Fernando Gasparian, publisher do Opinião. Alto, formal, bem-humorado e bem-falante, com ligeiro (e postiço) sotaque britânico; raciocínio relâmpago, curiosidade oceânica. Praticamente me repetiu de viva voz o editorial do primeiro número da revista, a que só se refere como "paper" (jornal). Não pretendia apenas preencher um buraco no mercado editorial nem cobrir todos os livros lançados, mas valorizar a excelência e abrir um novo espaço para a reflexão. Deu detalhes sobre seu modus operandi, como distribuía os livros a serem resenhados, seduzia os colaboradores e, com a ajuda de Barbara Epstein, submetia o material editorial ao mais rigoroso copidesque. Textos que não tivessem clareza, elegância, consistência e escorregassem em jargão e clichês iam direto para o lixo.
Até hoje é assim. Silvers, agora um vigoroso senhor de 88 anos, perdeu suas parceiras originais (Barbara morreu em 2006 e Hardwick, no ano seguinte) mas, de algum tempo amparado por perfeccionistas de outra geração, não baixou seu nível de exigência. A empresa, comprada por Rea Hederman em 1984, cresceu, passou a editar livros, mas nas decisões editoriais ainda é Silvers quem apita. A joia da coroa, com uma tiragem estabilizada em 143 mil exemplares, já chegou ao mundo digital, com blogueiros à altura de suas tradições analógicas: Robert Darnton, Anthony Grafton, Charles Simic e Tim Parks, entre outros.
Quem irá suceder a Silvers? Cinco nomes já surgiram na bolsa de apostas: Louis Menand (também assíduo colaborador da New Yorker), Daniel Mendelsohn (muito ligado a Silvers), Mark Danner (que conhece bem a engrenagem da revista), Michael Shea (que já foi sênior editor) e Alex Star (ex-editor da book review do Times). Todos desconversam. Até porque veneram o velho Bob.
Edições da NYRB: páginas marcadas pela excelência Marcos de Paula/Estadão