O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Confiram: minhas previsoes imprevidentes para 2014. Acertei, Errei?, vcs decidem....


Revisando as previsões imprevisíveis para 2013, e preparando as de 2014
Todo final de ano, como muitos já sabem, eu, atrevendo-me a competir com os astrólogos, videntes e outros seres preparados para o que der e vier, costumo fazer as minhas previsões imprevidentes.
Elas têm essa peculiaridade, e bizarrice, de serem concebidas para justamente não se realizar. Fico totalmente realizado quando todas elas falham, pois isso significa que eu acertei pelo contrário, ou al revés, como diria o finado presidente Hugo Chávez, que também praticava, à sua maneira, a economia política ao contrário, de que é mostra o brilhante estado da economia venezuelana.
Mas, o mundo, o Brasil em especial, sempre nos prega surpresas, e algumas previsões imprevidentes acabam se realizando, contra qualquer racionalidade.
Que seja, nem todo astrólogo acerta e este "previsor" por vezes acerta sem querer, ou seja, algumas coisas boas acabam acontecendo sem que as intenções iniciais fossem essas.
Mas, como todo cidadão honesto, também tenho de prestar contas do que acertei, e do que errei.
Nada melhor, neste sentido, do que colocar aqui as previsões feitas no final de 2012, válidas para 2013, para que todos e cada um possam verificar como eu me desempenhei e qual seria, exatamente, minha "taxa de sucesso".
Pelo que ouso chutar, acho que acertei (no caso, desacertei) 70% das previsões, o que me parece uma taxa razoável de desacertos, maior, em todo caso, do que a maioria dos videntes e astrólogos.
Quero, neste momento, agradecer ao governo dos companheiros e todos os seus aliados aloprados, que muito fizeram para aumentar a minha taxa de desacertos, sobretudo nos terrenos da corrupção, da economia, das políticas setoriais improvisadas, que continuam tão confusas quanto sempre foram.
Só faltou acertar que o pequeno Uruguai seria o país do ano, por tentar legalizar a maconha de todos os dias. Vai dar certo em 2014, ou seja, o programa vai ser um fracasso monumental. Acrescento, portanto, o experimento da maconha estatal, na lista das previsões imprevidentes de 2014.
Boa sorte, podem conferir o que escrevi no ano passado, e aguardem mais previsões imprevidentes que elas estão sempre se manifestando espontaneamente, com a ajuda do governo companheiro.
Paulo Roberto de Almeida

Minhas Previsões Imprevisíveis para 2013
(não custa continuar tentando, para ver se em algum ano dá certo...)

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de dezembro de 2012.

Como faço a cada ano (salvo nos bissextos), vou continuar meu tresloucado exercício de fazer previsões ao contrário, isto é, minhas expectativas para o que não tem nenhuma chance de acontecer no ano que pronto se iniciará. É claro que, dada a múltipla natureza bizarra, sempre inovadora, criadora, simpática e decepcionante, e até mesmo surpreendente deste país surrealista que se chama Brasil, corremos o sério risco de sermos desmentidos, e sairmos humilhados, pela absolutamente inacreditável realização de algumas dessas previsões malucas. As surpresas podem ocorrer, especialmente as vindas de certas esferas da alta política, previsíveis na sua imprevisibilidade, e que costumam confirmar aquela máxima do Barão de Itararé: de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Mas isso fica pela conta do seguro contra acidentes não previstos, que renovo a cada ano nessa época, para evitar, justamente, ser processado por algum leitor, e aí cair naquela previsão ainda mais imprevisível de ter o caso julgado por um “auto” tribunal em menos de 20 anos, o que atrapalharia sobremaneira minha aposentadoria.
Sem mais delongas e tergiversações, vamos pois à lista atualizada das previsões imprevisíveis para 2013. Se algumas delas se realizar, os leitores podem me cobrar a conta, mas apenas em 2014, quando terei um estoque inteiramente novo de ofertas do impossível.
Começo pelo mais comum, frequente e corriqueiro: corrupção. Se não sobreviver o fim do mundo antes, vamos ficar inteiramente livres de qualquer novo caso de “malfeitos” em 2013. Tendo aprendido com sua própria experiência, na carne, por assim dizer, os companheiros vão inaugurar uma tecnologia inteiramente nova de combate à corrupção, pela simples razão de que – como a nova nota fiscal que já declara os impostos – a corrupção já virá integrada a todos os negócios públicos. O Partido dos Companheiros está criando uma Secretaria Especial de Negócios Não-Contabilizados, aqui se antecipando ao financiamento público das campanhas eleitorais, o que vai facilitar tremendamente as coisas. Transpondo a tecnologia para o nível estatal, vai ser possível nos livrarmos inteiramente da corrupção, em virtude do expediente já referido de sua integração oficial, formal e carimbada, em todas as transações que envolvem instituições e agentes públicos. Vai ser assim uma espécie de CPMF destinada inteiramente ao caixa 2, mas de forma explícita. Resolvido o problema, não é mesmo?
Fim do Mundo: parece que não deu certo desta vez, mas não custa apostar mais um pouco, inclusive porque esta catástrofe natural – ou dos deuses? – vai resolver todos os outros problemas, inclusive a obrigação deste escriba ficar perdendo tempo neste tipo de besteirol. As apostas ficaram um pouco mais caras, dada a frustração com as últimas cinco previsões e meia. Também: os maias têm aquela escrita complicada, impossível de ler, e números que não são em base decimal. Mais passons...
 Economia: depois do insucesso dos quinze últimos pacotes de estímulo à economia, o governo promete que não vai mais fazer pacotinhos de estímulo à economia; pode ser um pacotão, de tempos em tempos, mas essa coisa de a presidente e o ministro da Fazenda anunciarem, a cada semana, que “estão tomando medidas para estimular a economia” vai finalmente sair de moda. E não tem mais essa coisa de improvisações setoriais; doravante só terão direito a pacotes de estímulos, pacotões, na verdade, os setores minoritários, que já gozam de várias cotas de favor. Isso muda! Os afrodescendentes, por exemplo: com base na auto-declaração, eles já são mais de 55% da população brasileira. Todos os pacotes de favor serão agora para setores minoritários e prejudicados nas políticas dos últimos anos, como os loiros de olhos azuis, coitados.
 Política: o Congresso proclama sua independência, enfim! Só vai trabalhar para o governo nas quartas-feiras, quando o expediente é total. Nas terças e quintas, e só em regime de meio expediente, trabalhará para ele mesmo, que ninguém é de ferro. Estão abolindo o 14o. e o 15o. salários, mas vão criar a semana de expediente ainda mais reduzido. E já avisaram; só vão cassar companheiros legisladores em anos bissextos. O Stalin Sem Gulag, aliás, aproveita para mandar dizer que a luta continua, agora dentro da cadeia, com o apoio do PCC, que é um partido quase alinhado com suas teses.
Justiça: o Supremo diz vai parar de se meter na vida dos demais poderes; mas já avisou que não quer nenhum parlamentar se metendo na fixação dos seus próprios salários, que devem ser proporcionais aos quatro milhões de casos “a julgar”, parados há mais de oito anos nos escaninhos dessas varas que já viraram palácios de papel. Também vão modernizar o figurino: aquelas togas incomodas ficam sempre caindo e atrapalhando o movimento dos braços; vão adotar um simples avental, com os dizeres mais do que atuais: A justiça é cega...
Esporte: a Seleção de futebol da França se exila por completo na Bélgica, por razões fiscais. Os integrantes da seleção da Bélgica, por sua vez, fazem greve para não ter de pagar imposto de renda e ameaçam se exilar no vizinho Luxemburgo. A seleção brasileira adota um uniforme mais largo e mais comprido, daqueles antigos, para acomodar todas as mensagens publicitárias que a CBF negociou com importantes empresas multinacionais e várias estatais tupiniquins. Alguns jogadores vão negociar tatuagens publicitárias na barriga e no bum-bum (este mais caro). Mas, na copa das confederações, a seleção brasileira perde da seleção do Burundi por 1 a 0. Pano...
Economia mundial: a gangorra continua. Depois que o Brasil perdeu a condição de sexta economia mundial, para se converter na oitava economia, o governo reagiu e, via flutuação cambial do Banco Central, conseguiu trazê-la de volta para a sétima posição; os mercados reagem, fazem dois ataques especulativos e levam o Brasil à nona posição, mas o governo faz novo pacote e consegue trazer a economia para a oitava posição outra vez; os mercados, só de birra, provocam fuga de capitais e arrastam o Brasil para a décima-segunda posição; governo, emburrado e amuado desiste de brincar de gangorra cambial. Enquanto isso, a China e os Estados Unidos criam um programa conjunto de manipulações cambiais: pronto, era o que faltava para o governo brasileiro se enfurecer de vez; mas o seu tsunami financeiro não passa de uma marolinha...
Economia doméstica: o Ministério do Planejamento cria o PAC-III, com taxa de realização pré-programada em 35,7% dos recursos empenhados (incluídos restos a pagar...); o TCU também criou um software novo, de embargo preventivo das obras suspeitas de irregularidades: ele também vem pré-programado para embargar metade das obras, inclusive retroativamente, do PAC-I e do PAC-II, mas aí se descobre que as obras paradas são mais do que 75% do total dos volumes empenhados;
Economia sentimental: o governo cria o plano Brasil Amoroso, para distribuir beijos e abraços a quem vive sem companhia; Senadores mais sentimentais que outros, como Suplicy e Buarque, pensam instituir uma Bolsa Carinho, de meio salário de senador, para os contemplados no programa; executivo reage e cria o vale-beijo.
Cultura: as editoras brasileiras pedem proteção contra a Amazon, e querem taxa especial sobre o livro eletrônico, para compensar os custos que tem de estocar um monte de papel impresso que não vende; a Amazon resolve diversificar suas operações nacionais e começa a vender tapioca express-delivery. Deputado Aldo Rebelo reage, e diz que só pode se estiver escrito em língua nacional.
Política Externa: Cuba decide ingressar no Mercosul, antes do Paraguai voltar, e diz que tem direito a receber metade das verbas do Fundo de Recuperação e Apoio à Correção das Assimetrias Sociais Socialistas (FRACASSO), criado na cúpula do meio do ano. Guiana e Suriname reagem e dizem que também querem entrar no Mercosul para se beneficiar do maná brasileiro, à razão de 70% do total. Ministros decidem então criar uma Casa da Moeda do Mercosul (CMM), o mais novo órgão do vasto empreendimento integracionista, que não cessa de se ampliar no continente e surpreender o mundo pela sua criatividade e versatilidade. Obama diz que EUA consideram se tornar membro associado do Mercosul. É a apoteose...
Fim do Mundo, outra vez: guru de Cabrobó da Serra diz que ele descobriu um erro de cálculo no calendário maia, e atrasa do fim do mundo para meados de 2014, o que permite passar o fim de ano sem maiores preocupações com seguro de vida.
Bom ano a todos...

Brasília, 20 de dezembro de 2012.

A matematica elementar da criminalidade no Brasil: mata-se mais fora dodentro das cadeias - Reinaldo Azevedo

É, meus queridos. Antigamente, aconteciam coisas estarrecedoras no Brasil. Depois, a situação piorou um pouco. A manchete da Folha de hoje revela, sem dúvida, uma realidade vergonhosa no Brasil: “Cadeias no Brasil têm um preso morto a cada dois dias”. Em 2013, foram 218 ocorrências. É claro que é um absurdo e que algo precisa ser feito. Mas e se eu provar pra vocês que, em boa parte dos estados brasileiros, é mais perigoso viver fora da cadeia do que dentro?
Então vamos fazer as contas. Há, arredondando os números, 550 mil presos no Brasil. Se 218 foram assassinados no ano passado, isso corresponde a 39,63 assassinatos por 100 mil “habitantes dos presídios”. É claro que se trata de uma taxa escandalosa — sempre notando que as mortes são desigualmente distribuídas. No ano passado, só o Complexo de Pedrinhas, no Maranhão, respondeu por 28% do total.
Atenção, leitores! Abaixo, segue uma lista de Estados brasileiros que têm uma taxa de homicídios superior ou igual, com variante depois da vírgula, à dos presídios brasileiros. O número que aparece entre parênteses é o de mortos por 100 mil habitantes. Todos os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública e dizem respeito a 2012:
- Alagoas (61,8)
- Bahia (40,7)
- Ceará (42,5)
- Pará (44,6)
- Paraíba (39,3)
- Sergipe (40)

E a realidade pode ser, acreditem, bem pior. Por quê? A população carcerária tem necessariamente mais de 18 anos — vale para quem mata e para quem morre. Se, cá fora, formos verificar a taxa de homicídios excluindo-se as pessoas abaixo dessa faixa etária, a base ficaria reduzida a mais ou menos 65%. Logo, a taxa de homicídios por 100 mil cresceria bastante.
Inclusive a brasileira. Segundo o anuário, em 2012, a taxa de homicídios no Brasil foi de 25,8 por 100 mil — tendo por base uma população estimada em 194 milhões. Se formos excluir a população abaixo de 18 anos, esses 194 milhões ficariam reduzidos a pouco mais de 126 milhões. Aí, meus caros, a taxa brasileira subiria de 25,8 por 100 mil para 39,7 — ligeiramente superior à dos presídios.
Mas esperem! Praticamente 100% dos mortos nos presídios são homens. Se formos excluir as mulheres da base de dados da população brasileira, aí a coisa assume proporção escandalosa. Fantasio? Não mesmo! Consultem o anuário. A taxa de homicídios por 100 mil de jovens na faixa entre 15 e 19 anos é de 45,7; entre 20 a 24, de 63,7; entre 25 a 29, de 54; entre 30 a 34,de 43,7 — todas elas superiores à taxa nos presídios. Reitero: a esmagadora maioria dos mortos é formada por homens, e a conta dos 100 mil habitantes inclui também as mulheres, o que acaba mascarando os números.
Assim, ainda que os presídios brasileiros sejam verdadeiras pocilgas; ainda que a vida por lá seja um inferno; ainda que se assista permanentemente a um show de horrores, a verdade é que os fatos, à luz da matemática, estão a nos dizer que, em muitos lugares do Brasil, é mais perigoso estar fora da cadeia do que dentro.
Nem poderia ser diferente. Em 2012, houve no Brasil 50.108 homicídios. É claro que a desgraça dos presídios deve nos constranger a todos; é claro que devemos cobrar uma resposta das autoridades. Mas é preciso deixar claro que, em certas faixas etárias, especialmente na população masculina, há um inferno ainda mais rigoroso fora das cadeias.
A campanha eleitoral está chegando. Quem vai se interessar pelo assunto? Daqui a pouco, começa aquela espetáculo virtual de amanhãs sorridentes na propaganda política.
A cada dois dias, morre assassinado um preso no Brasil. A cada dia, morrem assassinados 137 brasileiros fora das cadeias. E o que se houve é apenas o silêncio cúmplice. O tema nem sequer está na agenda dos políticos.

EUA: o ballet da pobreza e da desigualdade - subindo ou baixando?

Poucos dias atrás postei aqui uma matéria falando exatamente o inverso: pobreza aumenta mas desigualdade recua no EUA.
Será que esses economistas não se entendem?
Por outro lado, o muito conservador Wall Street Journal informa, na segunda matéria, abaixo, que os 10% mais ricos, em sua minoria demográfica, pagam muito mais impostos, em volume, do que os 90% restantes, o que pode confirmar a desigualdade distributiva, mas não que os ricos não pagam muito imposto, ou pagam menos que os menos afortunados. 
Paulo Roberto de Almeida 

Desigualdade

EUA conseguiram reduzir pobreza, diz Casa Branca

Relatório divulgado pela Presidência aponta que o porcentual da população americana que vive na pobreza caiu de 25,8% em 1967 para 16% em 2012

O presidente americano Barack Obama
O presidente americano Barack Obama (Jonathan Ernst/Reuters)
A Casa Branca publicou na noite de terça-feira um relatório informando que os Estados Unidos fizeram progressos da redução de pobreza, mas que ainda têm "muito trabalho a fazer", particularmente na expansão das "oportunidades econômicas". De acordo com o levantamento oficial, o porcentual da população dos EUA que vive na pobreza caiu de 25,8% em 1967 para 16% em 2012. O documento se utiliza de uma medida que leva em conta os créditos fiscais e outros benefícios.
Ainda assim, o relatório apontou que 49,7 milhões de americanos viviam abaixo da linha da pobreza em 2012, incluindo 13,4 milhões de crianças. O relatório da Casa Branca reiterou muitas das recentes declarações do governo do presidente americano, Barack Obama, sobre as disparidades de renda, dizendo que os programas federais são necessários para ajudar as famílias.

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Além disso, o relatório da Casa Branca indicou que as taxas de pobreza podem variar de acordo com a formação educacional. O levantamento apontou que 35,8% dos americanos com idades entre 25 e 64 anos que não conseguiram concluir o ensino médio vivem na pobreza. Entre as pessoas que possuem educação universitária nessa faixa etária, 5,9% vivem na pobreza. Os dados também sinalizaram que negros, hispânicos e imigrantes estavam duas vezes mais propensos a viver na pobreza em relação aos brancos.
O relatório não detalhou novas propostas da Casa Branca para o combate à pobreza. O levantamento apenas reafirmou propostas existentes para o aumento do salário mínimo, a criação de novos programas de formação profissional para desempregados de longa duração e melhorias nas escolas. "A lição mais importante da guerra contra a pobreza é que os programas e as políticas governamentais podem tirar as pessoas da miséria", disse o comunicado da Casa Branca.
Histórico – O programa 'Guerra contra a pobreza' foi inaugurado há exatamente 50 anos, em 8 de janeiro de 1964, pelo estão presidente democrata Lyndon B. Johnson. Por causa da efeméride, a administração democrata de Obama, que luta contra os republicanos para defender seus programas sociais, não quis desperdiçar a ocasião do simbólico aniversário e publicou o relatório de 53 páginas no qual destaca o papel do governo no combate à pobreza.
Johnson anunciou uma luta para acabar com a pobreza nos EUA durante seu primeiro Discurso da União diante do Congresso, que pronunciou dois meses após ter substituído o presidente John F. Kennedy, assassinado em novembro de 1963. O plano de Johnson incluía quinze programas sociais, criados entre 1964 e 1968, que seus sucessores, tanto democratas como republicanos, consolidaram ou reformaram.
Congressistas republicanos apontaram um viés eleitoreiro na divulgação do balanço, acusando Obama de fazer campanha para os democratas – os EUA terão eleições estaduais em novembro. Já para os democratas, Obama reforçou suas iniciativas para reduzir a desigualdade, entre elas o aumento do salário mínimo e a renovação do seguro desemprego. As tentativas atuais da administração democrata para reduzir a desigualdade batem de frente com a ferrenha oposição de vários legisladores republicanos, que lutam para diminuir o gasto público.
Um dos opositores mais convictos dos programas sociais do governo Obama é o senador cubano-americano Marco Rubio, cujo nome está presente na lista de potenciais candidatos à Presidência dos EUA em 2016, pelo Partido Republicano. Rubio dará nesta quarta-feira um discurso no qual são esperadas críticas contundentes às políticas sociais iniciadas por Johnson e continuadas por seus sucessores na Casa Branca há 50 anos.
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BY JAMES FREEMAN AND BRIAN CARNEY
The Wall Street Journal, January 9, 2014

As President Obama returns to his favorite political theme of class envy, the Tax Foundation reports that the top 1% of income earners pay more taxes than the bottom 90%. This helps explain the flaw in liberal measurements of income inequality: their calculations typically omit taxes paid and government benefits received. We think ensuring the ability of the poor to become wealthier should be the goal. But for those who care about income inequality, it turns out that incomes are less evenly distributed in Washington, D.C. than in any of the 50 states or even New York City.

Retrato de certa velha juventude: Old Black Bloc - Campos 51

OLD BLACK BLOC


- Filho, eu descobri essas coisas no seu armário…
- Qual é o problema de ter uma máscara do anônimos e um taco de beisebol?
- Você usa isso?
- Não… quer dizer, as vezes…
- É que que estou precisando. Será que você me empresta?
- Precisando? Pra quê?
- É que eu li as coisas que você andou escrevendo na internet…
- Você andou lendo o meu face?
- Qual é o problema? Não é público?
- É…mas…
- Pois é, eu li o que você escreveu e …
- Pai, eu sei que você não gostou do que eu escrevi lá , mas… eu não vou discutir, são as minhas ideias. Eu sou anarquista e…
- Não. Eu achei legal. Você me convenceu.
- Convenci? De quê?
- Tá tudo errado mesmo… eu li o que você escreveu e concordo. Agora eu sou anarquista também, que nem você…
- Você o quê? Pai… que história é essa?
- É, você fez a minha cabeça, tem que quebrar tudo mesmo! Agora eu sou
Old Black Bloc!
- Pai, você não pode… você é diretor de uma empresa enorme e…
- Não sou mais não. Larguei o meu emprego. Mandei o meu chefe tomar no... Mandei todo mundo lá tomar ...
- Pai, você não pode largar o seu emprego. Você está há 30 anos lá…
- Posso sim! Aliás tô juntando uma galera pra ir lá quebrar tudo.
- Quebrar tudo onde?
- No meu trabalho! Vamos quebrar tudo ! Abaixo a opressão! Abaixo tudo!
- Você não pode fazer isso, pai…
- Posso sim! É só você me emprestar a máscara e o taco de beisebol. E aí, você vem comigo?
- Não… acho melhor não…
- É melhor você vir porque agora que eu larguei tudo, a gente vai ter sair desse apartamento…
- Sair daqui? E a gente vai morar aonde?
- Sei lá! Vamos acampar em frente a uma empresa capitalista qualquer e exigir o fim do capitalismo!
- Pai, você não pode fazer isso ! Não pode abandonar tudo!
- Tô indo! Fui!
- Peraí, pai! Pai! Volta aqui! Volta aqui, pai!!! Voooltaaaaa!

O mundo se divide em dois: os que dividem o mundo em dois e os que não o fazem...

Pet theories



The New York Times, January 8, 2014

Socks Clinton at the podium in the White House briefing room in March 1994.Marcy Nighswander/Associated PressSocks Clinton at the podium in the White House briefing room in March 1994.
David Brooks: As is well known, the world is divided into two sorts of people: those who divide the world into two sorts of people and those who don’t.
Gail Collins: I demand equal rights for those of us who divide the world into three kinds of people. At this moment I am working on just such a — um —  trialism.
David: Not to get theological on you, but I believe the word you’re searching for is Trinitarian. Putting that large subject aside, I am a chronic dualist. I believe in Isaiah Berlin’s distinction between hedgehogs and foxes. I believe in David Riesman’s distinction between inner directed and other directed. I believe in Matthew Arnold’s distinction between Hebraic and Hellenistic. I believe in Nietzsche’s distinction between the Apollonian and the Dionysian. I think all dualisms are true. How about you?
Gail: Well, there’s Republican and Democrat. However, dueling parties is sort of an American thing. I have been watching that Danish political series, “Borgen,” lately and the Danes have a ton of parties. You can be Liberal or Radical Liberal or Danish People’s or Conservative People’s. Or, according to the series, you can belong to a weenie group that appears to consist only of one cranky young woman who used to be a squatter.
That seems more common than our dual system. What do you call it when you divide the world into a dozen pieces?
David: A full out nuclear exchange.
One of the nice things about being right-leaning is that I never watch Danish political dramas. Come to think of it, if you had to identify yourself on the basis of the above dualisms, how would you do it? I’d say I’m a fox who wishes he were a hedgehog. In other words I wish there were one all explaining theory of the universe that I could really sign up for, but I just haven’t found it.
Gail: I like the stories about the lion and the – something else. Lamb, mouse, amoeba – there are a lot of stories about the lion and a little weakling animal that turns out to be pretty canny. Then the moral is always that everybody can get along. Except in the case of the lion and the cobra, which I believe is an old Sinead O’Connor album.
David: Unless the lion were Aslan, I’d go with the wisdom of the serpent and the virtue of the dove. But back to dualisms: I used to be other-directed until I started reading the comments section under the columns; now I’m more inner-directed. I’m Hellenistic, but I should probably be more Hebraic. And I’m an Apollonian who probably should have been more Dionysian when I was young.
Gail: Wow, David, if we keep this up I’ll be forced to tell you about my lost youth as a Goldwater girl.
David: But I didn’t come here for a full set of confessions. I came here to bounce another dualism off of you. Do you think politicians are divided between cat politicians and dog politicians?
Gail: I have no idea, but I do know that readers love it when we talk pets. I’m already living in hope that during the next presidential cycle, we’ll discover that one of the candidates tossed a cat out of his dorm window, and I will get to mention it endlessly.
David:  What if it’s a Democrat? Do you promise?
I don’t mean that some politicians own cats and others own dogs. That distinction is well known. In politics, owning a dog is practically obligatory for presidents while owning a cat is discriminated against. If a president even owns a cat (Lincoln, van Buren, McKinley, Carter and Clinton did) they usually keep the cat in the background. Presidential dogs are much more famous. I’m not sure you could get elected these days as a person who owned a cat but no dog.
Gail: This discussion makes me wish Rudy Giuliani had done better with his presidential aspirations. Then we could talk about his grand crusade against ferret owners.
But you were worrying about the lack of famous presidential cats. What about Socks Clinton? Although I am forced to avoid pronouns when discussing Socks because I have no idea whether Socks was a boy or a girl. Which I guess makes your point.
David: Come to think of it, this is a grave injustice. Why should we be discriminating against cat owners in this way? Why are there not marches and Supreme Court cases? I’m suddenly filled with righteous indignation. To the barricades!
Gail: David, once long ago I was on book tour and wound up at a reading with several other authors, all of whom wrote cat mysteries. That was the only time I’ve run into this much feline enthusiasm. But I know you speak for many Americans.
David: And I say this even though research suggests that Republicans are more likely to be dog people while Democrats are cat people. Nine of the 10 states with the highest rates of dog ownership voted for Romney. And this is despite a certain dog on the roof episode you may have heard about. Meanwhile, four of the top five states with the highest cat ownership went for Obama (Vermont, Maine, Oregon, Washington).
Gail: I’m thinking we’re just talking about empty states versus crowded states. That’s my longstanding theory about what underlies most of our politics. If you’re in a crowded state you appreciate the role of government, and if you’re in an empty state you tend not to see the point.
If you’re in an empty place, you would definitely want a dog for hunting and guarding purposes. But if you’re in, say, a studio apartment in a 20-floor condo building, you might be thinking cat.
David: I have no data on this. In New York, you see tons of dogs, but I guess that’s because hardly anyone takes the cat out for a walk. More discrimination!
Actually, my distinction is this. Some politicians have dog personalities and some have cat personalities. For example, Bill Clinton has a dog personality: eager to befriend, occasionally socially overenthusiastic. Barack Obama has a cat personality. He is a more self-sufficient, a little aloof, not pack oriented. Of presidents over the last hundred years, I would add both Bushes, L.B.J., J.F.K. and F.D.R. to the dog category.
Gail: I do remember L.B.J. picking up that beagle by the ears. Some of the presidents you named seemed to suffer from a short attention span, which I would definitely say is a dog thing.
David:  I put Carter, Nixon, Coolidge and Wilson in the cat category. Eisenhower was a cat personality who put on the appearance of being a dog personality.
Gail: Eisenhower seems more like tanks versus golf clubs.
David: I say all this having read Nicholas Wade’s review, “What Your Cat Is Thinking,” in the paper earlier this week. He notes that while dogs have been domesticated for eons, cats are still essentially wild. According to Dr. John Bradshaw, the author of “Cat Sense,” cats regard humans as larger nonhostile cats. Dogs have adapted to life with humans and respond to human cues as if humans are humans.  Cats have less highly evolved social behaviors.
Gail: I have finally figured out how to divide this in three! Guinea pigs. Right now I have a dog, but in the past I’ve had some really good experiences with pet guinea pigs. They do tend to squeal a lot and are totally fixated on short-term rewards. So guinea pigs can be Congress. Or maybe just the Senate, while the House is more hamster-y. Same behavior pattern, just harder to hear the individual squeaks.
David: Guinea pigs are too independent minded for Congress. I’d go straight for lemmings.  Very angry lemmings.
Of the looming presidential candidates, Biden is definitely a big dog personality. Governor Christie is, too, but he’s got a louder bark. Personally, I could be persuaded that America needs a big, friendly dog in the White House, someone who is open toward everyone, no matter how rude people are. I’d like to see a politician who could win the country over with love and licking, and an endless capacity to fetch.
Gail: You’ve completely ignored Hillary, who I remember talking with great enthusiasm about her dog. His name was – or I guess still is – Seamus, the same as the Romneys’ Irish setter who got carted to Canada on the roof of the car.
I had intended never to bring Seamus up again, but now I’m thinking maybe the pet theme should be less about dualism and more about the perfect circle of political life.

Um Hitchcock para um terror mais que real: o nazista, das exterminacoes nos campos de concentracao

Cinema

Documentário esquecido de Hitchcock sobre Holocausto é restaurado

O cineasta Alfred Hitchcock
O cineasta Alfred Hitchcock (AP)
Um documentário de Alfred Hitchcock sobre os campos de concentração nazistas, rodado em 1945, será projetado pela primeira vez na íntegra, após ser restaurado pelo Imperial War Museum, de Londres.
O cineasta se envolveu no projeto em 1945, depois que seu amigo Sydney Bernstein pediu ajuda para editar um documentário sobre as atrocidades cometidas pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O conteúdo das imagens feitas por operadores de câmera da Unidade de Cinema do Exército Britânico, enquanto as tropas aliadas libertavam os judeus dos campos de concentração, "horrorizaram" e atraíram o criador de Vertigem e Os Pássaros. O diretor, reconhecido como o "mestre do suspense", ficou tão chocado com as gravações que se afastou dos estúdios Pinewood por uma semana.
Toby Haggith, curador do Departamento de Pesquisas do Imperial War Museum (Museu de Guerra Imperial, em tradução direta), afirmou ao jornal britânico The Independent que o documentário terminou deixado de lado devido ao choque sofrido por Hitchcock e à fragilidade da situação política de então. O desejo aliado de não irritar a Alemanha derrotada, que americanos, russos, ingleses e franceses passaram a controlar, levou ao esquecimento cinco dos seis rolos cinematográficos do filme, que terminaram nos arquivos do museu.
Nos anos 1980, as imagens foram descobertas por um pesquisador americano e, em 1984, uma versão incompleta do documentário foi projetada no Festival de Cinema de Berlim. Um ano depois, a mesma cópia foi exibida nos Estados Unidos sob o título Memória dos Campos, mas com má qualidade e sem incluir o sexto rolo.
Agora, há planos para que o filme seja projetado no final de 2014 em uma versão restaurada pelo museu londrino. A decisão de ressuscitar esse documentário deve provocar um debate, pois inclui imagens realmente impactantes dos campos, em particular de Belsen-Berger. 
(Com agência EFE)
Before Hollywood dubbed him the "Master of Suspense," Alfred Hitchcock made anti-Nazi propaganda films for the British Ministry of Information. Some of his work from that period, including "Foreign Correspondent" (1940) and "Saboteur" (1942), enjoyed wide release, but two of the films -- "Bon Voyage" (1944) and "Aventure Malgache" (1944) -- were deemed by ministry officials "too subversive" to serve the allied cause and remained in storage until the 1990s.
Now another of his long-forgotten propaganda films -- perhaps the most disturbing -- is set to make its worldwide debut. The Imperial War Museum announced Wednesday that it had digitally restored and re-edited a nearly 70-year-old Holocaust documentary that Hitchcock worked on with Sidney Bernstein, the film chief of Britain's Psychological Warfare Division. The film has never been publicly screened in its entirety.
Toby Haggith, a senior curator at the Imperial War Museum and one of the people responsible for reviving the film, told the Independent that "colleagues, experts, and film historians" who had pre-screened the movie were profoundly disturbed by it. "One of the common remarks was that it was both terrible and brilliant at the same time," he said.
The film consists of footage captured inside concentration camps by Army videographers at the end of World War II. As the story goes, Hitchcock found the footage so horrific, he refused to return to the studio for a week after first screening it. When he finally did come back, he worked with Bernstein to give the film a cinematic treatment that would set it apart from conventional newsreel documentaries from the period.
The project was meant to be a British-American collaboration and the film was to have three versions, according to documents drafted by Bernstein: one for Germans living in Germany, one for German prisoners of war, and one for Allied audiences. The German versions were intended to remind "the German people of their past acquiescence in the perpetration of [war] crimes" and encourage them to take responsibility for those crimes.
It's not clear how much Hitchcock contributed to the film. He certainly didn't oversee any of the filming -- but he helped Bernstein order and set the mood of the piece. One of his major contributions, according to Bernstein, was situating the atrocities of the Holocaust within a familiar, pastoral setting, the proximity of which would shock audiences. A 2011 article in the journalArcadia argued that the auteur's influence is "clear already in the beginning of the film when images of an idyllic countryside create, in light of the horror to come, a kind of vintage Hitchcockian suspense."
The project was abandoned for a number of reasons. The production ended up taking much longer than expected due to myriad logistical challenges. The U.S. Department of War and its collaborators, impatient to produce a short, to-the-point atrocity film, pulled out in light of these delays to make their own movie, "Death Mills." After hostilities ended in May 1945, the psychological warfare office was dissolved, leaving the film in the hands of the British Ministry of Information. By 1946, official demand for atrocity films had diminished in response to the changing political climate. A note (documentedhere) to Bernstein from an official at the Foreign Office highlighted some of the challenges to completing the film: "Policy at the moment in Germany is entirely in the direction of encouraging, stimulating, and interesting the Germans out of their apathy and there are people around the [regional commander] who will say 'No atrocity film.'"
Eventually, Bernstein, too, abandoned the film. Comprising six reels, the documentary lay forgotten in government archives until the 1980s, when they were discovered by a researcher. Shortly thereafter, PBS aired a version of the documentary made up of the first five reels and some additional Russian footage used in previous Holocaust films.
The digitally remastered version of the film to be released by Imperial War Museum next year will include all six reels, edited in a the way "that Hitchcock, Bernstein, and the other collaborators intended."
But will the footage leave contemporary audiences as traumatized as it left Hitchcock?

Eleicoes 2014: comecou a campanha - PT parte para golpes sujos contra o candidato do PSB

Eduardo Campos reage aos destemperados ataques do PT: "São cães que ladram"

A montagem ao lado e a notícia são do site www.brasil247.com.br O último à direita, no sentido do relógio, é Rui Falcão, presidente do PT, responsável pela nota.

Em nota divulgada pelo sitewww.brasil247.com.br, o  PSB acusa petistas de "desespero" diante de sua candidatura própria à Presidência da República e chama o partido da presidente Dilma Rousseff de "seita fundamentalista que ataca qualquer um". É a reação do Partido aos ataques a Eduardo Campos e Marina Silva (leia nota abaixo).

. No  texto assinado pelo vice-presidente da legenda, deputado Beto Albuquerque (RS), reagindo à nota de  ontem no Facebook do Partido dos Trabalhadores com críticas ao governador de Pernambuco, ele  revela que "o PT perdeu completamente seu espírito republicano".

. Também pelo Facebook, Eduardo Campos chama a nota de "ataque covarde" e diz que seguirá firme no "debate de alto nível sobre o Brasil". O resumo da nota:  "O resto a gente ignora. Porque, enquanto os cães ladram, a nossa caravana passa".

PT ataca Campos: "Playboy mimado !". Beto reage: "Covardes !". A campanha começou.

O deputado gaúcho Beto Albuquerque considerou "covarde" o ataque do PT. A verdade é que o ataque é apenas grosseiro e revela certo desespero por parte das forças governistas, alarmadas com um cenário eleitoral bem mais adverso para Dilma, do que elas esperavam. Dilma terá que se equilibrar na corda bamba, sem rede e com fogo crepitando embaixo. Leia nota do Diário de Pernambuco e o texto integral da chamada Balada de Eduardo Campos. A troca de insultos entre os ex-aliados demonstra que ao contrário do que esperavam políticos e analistas, a campanha iniciada por Dilma vai a plena carga. 

O PT publicou nesta terça-feira (07), na sua página do Facebook, sua crítica mais dura ao governador Eduardo Campos (PSB), cotado como presidenciável. No texto, que não está assinado, mas permanece no ar mesmo depois da polêmica, a legenda petista chama Eduardo de "playboy mimado", "tolo" e obra da "boa vontade" do ex-presidente Lula e da atual presidente Dilma. O ataque acontece um dia depois de Eduardo criticar o veto da presidente Dilma Rousseff a pontos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que ajudavam a controlar o custo de obras. Também vem quase uma semana após o PSB se coligar, no estado de Pernambuco, com o PSDB, principal adversário da legenda petista. O tom da mostra revela que o tempo que vinha sendo dado por Lula a Eduardo, pedindo que o PT ponderasse o discurso, acabou.

Veja a nota na íntegra
A BALADA DE EDUARDO CAMPOS

Por um momento, desses que enchem os incautos de certezas, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, achou que era, enfim, o escolhido.

Beneficiário singular da boa vontade dos governos do PT, de quem se colocou, desde o governo Lula, como aliado preferencial, Campos transformou sua perspectiva de poder em desespero eleitoral, no fim do ano passado.

O modelo companheiro de regulacao energetica e a revolucao em curso nos EUA e no mundo - Celso Ming

Revolução ignorada

08 de janeiro de 2014 | 2h 06
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
Um dos maiores acontecimentos da economia global em 2013, com graves consequências para o Brasil e enorme impacto estratégico, foi praticamente ignorado pelo governo Dilma. Trata-se da revolução energética que, em apenas seis anos, deverá tornar os Estados Unidos não apenas autossuficientes em petróleo e gás, mas fortes exportadores em potencial.
O assunto não chega a ser novidade, mas é preocupante que não esteja sendo levado em conta pelo governo Dilma em suas formulações de política econômica. Quando se referiram à economia mundial, os dirigentes brasileiros têm olhos voltados para a crise europeia, para a persistência de altos riscos no mercado financeiro global e para os problemas que poderiam ser produzidos pelo desmonte da política monetária altamente expansionista dos Estados Unidos. Mas tendem a ver a revolução energética nos Estados Unidos somente como aposta de alguns, ainda sujeita a confirmações. Quando acordarem, pode ser tarde.
E, no entanto, como consta no relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos divulgado no dia 23 de dezembro, a produção de petróleo e gás subirá nada menos que 800 mil barris diários a cada ano até 2016, quando atingirá 9,6 bilhões de barris diários. Será, então, batido o recorde de 1970.
Há poucos anos, os Estados Unidos importavam 50% do petróleo que consumiam. Esse número já caiu para 37% e, em 2016, o país deverá trazer de fora apenas 25%. Em 2020, aponta a Agência Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês), os Estados Unidos serão autossuficientes.
A revolução energética está sendo obtida graças ao emprego de nova tecnologia de exploração das reservas de xisto, que são rochas fortemente impregnadas de petróleo e gás. Essa tecnologia consiste em um bombardeio a alta pressão das camadas de xisto por uma mistura de água, areia e produtos químicos, que liberta o óleo e o gás aprisionados na rocha.
Os impactos econômicos serão impressionantes. O relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos prevê que o preço médio do barril (159 litros) de petróleo, que esteve em US$ 112 em 2012, baixará para US$ 92 em 2017, queda de 17,9%.
Os baixos preços do gás, que começam a ser negociados a US$ 4 por milhão de BTU (ante os US$ 14 a US$ 16 por milhão de BTU vigentes aqui e na Europa), deverão atrair novos projetos de indústria, não apenas na petroquímica, mas também nos setores eletrointensivos, como química básica, cimento, vidro, cerâmica e metalurgia eletrolítica.
Do ponto de vista da indústria brasileira, que já está alijada dos grandes centros de suprimento global, se for confirmada, essa revolução não implica apenas perda de competitividade em relação à indústria americana. Implica, também, risco de migração da indústria brasileira para lá ou desistência de projetos no Brasil.
Do ponto de vista estratégico, a independência energética dos Estados Unidos forçará mudanças importantes na política voltada para o Oriente Médio, grande centro exportador de petróleo. O atual equilíbrio de forças na região parece ameaçado. O impacto sobre a Venezuela, maior exportador da América Latina, também poderá ser dramático. Hoje, a economia está altamente dependente do faturamento com petróleo, cujos preços cairão em três anos.
O governo do México, outro grande exportador, entendeu o que está em jogo e tratou de criar as bases de sua própria revolução do petróleo. Acabou com o monopólio estatal exercido pela Pemex e também vai tratando de explorar suas reservas de xisto.
Enquanto isso, o governo brasileiro segue excessivamente confiante com as descobertas de petróleo no pré-sal e seus dirigentes preferem desconversar a respeito das consequências sobre a economia brasileira. Alegam que os problemas ambientais causados pela tecnologia do craqueamento hidráulico do xisto acabarão por desencorajá-la. Provavelmente não serão, porque a tecnologia do craqueamento hidráulico está sendo aperfeiçoada. Pode ser mais uma grave omissão do governo Dilma.