O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Tangos e tragedias cambiais (quiza solo tragedias)

El peso argentino se derrumba
El peso argentino está sufriendo hoy un descalabro del 13% con relación al valor de dólar. Si el miércoles la cotización se contrajo un 1,15% (cada dólar se cambiaba por 6,96 pesos), hoy la caída resulta abrupta, la mayor desde 2002: para lograr el mismo billete verde hacen falta 8,00 pesos.
El jefe de Gabinete del Gobierno argentino, Jorge Capitanich, negó hoy que el Ejecutivo esté detrás de la brusca devaluación del peso. "No ha sido una devaluación inducida por el Estado, sino la libre oferta de demanda la que se expresó ayer en el mercado", subrayó Capitanich durante una rueda de prensa.
Sin embargo, economistas y medios especializados atribuyeron la abrupta devaluación del peso a unintento gubernamental de actualizar el tipo de cambio, que se encuentra retrasado respecto al valor de mercado, lo que perjudica las reservas internacionales, en su nivel más bajo desde 2006.
El Banco Central argentino había ratificado a comienzos de año que para 2014 mantendría la estrategia de "flotación administrada del tipo de cambio", lo que en principio habría descartado actualizaciones bruscas del tipo de cambio.
El aumento del precio del dólar oficial se sumó a la escalada que desde principios de enero protagoniza la divisa también en el mercado negro, donde ayer marcó un récord al situarse en 12,15 pesos por unidad, con lo que acumula una apreciación del 21,5 % en lo que va de año. En 2010 el Gobierno de Cristina Fernández restringió la compra de dólares en un intento de frenar la fuga de divisas, lo que hizo florecer el mercado ilegal de moneda extranjera. Los controles sobre las divisas se fueron endureciendo progresivamente hasta que sólo los argentinos que demuestran que viajarán al exterior pueden conseguir autorización de Hacienda para acceder a moneda extranjera, pero con un recargo adicional.

Davos: um discurso surpreendente (e como...)

Meus caros capitalistas de Davos

Rascunho de um (possível) discurso no Fórum Econômico Mundial de 2014
Permitam-me que eu os chame desse modo: capitalistas de Davos. Afinal de contas, vocês viajam para cá todos os anos para melhor administrar os seus negócios, não é mesmo? Pelo que me disseram, aqui é o lugar onde a concentração de capitalistas por centímetros quadrados é a maior do mundo. Dizem até que, se houver uma catástrofe, um ataque terrorista – eu, obviamente, rezo para Nossa Senhora para que nada disso aconteça – desaparecerá com vocês mais ou menos 20 por cento do PIB do planeta. Será verdade? Não sei. Vocês, que dispõem de excelentes economistas, que calculem isso; os meus economistas estão muito ocupados neste momento fazendo cálculos para eu começar uma nova política econômica.
Pois bem, é sobre isto que eu vim lhes falar neste dia. Desculpem se eu não apareci antes, mas é que o pessoal do Fórum Social Mundial vivia me torrando a paciência para ir falar para eles as coisas que eles gostam. Cansei! Os antiglobalizadores não têm nada de útil a propor, nem para o mundo, muito menos para o meu governo. Então, eu disse para mim: vamos lá, debater com aqueles capitalistas, ouvir o que eles têm a dizer e dizer-lhes umas coisas novas.
As minhas são estas: durante certo tempo – eu colocaria aí uns 20 ou 30 anos – acreditei num conjunto de receitas de crescimento propostas pelos keynesianos de botequim de lá onde eu fiz o meu curso de economia. Saí de lá convencida que tudo estava resolvido, e que o ponto essencial era sustentar a demanda agregada, estimular o consumo das massas, enfim, inverter a tal de lei de Say, como receitava o nosso guru maior, não o Marx, mas o Keynes. A gente sabe que o Marx não serve muito para administrar uma economia complexa, não é mesmo? Assistimos os países marxistas dando dois suspiros e depois, pluf!, sumiram. Eu também tive essas ilusões, mas já passou. Depois, passei a apostar nas receitas daquele inglês. E assim foi feito, nos últimos três anos. Só que na hora de comer a omelete, só tinha ovos quebrados; não tivemos nem mesmo um modesto crescimento de 3%. Dá para continuar assim? Não dá!
Então, resolvi aposentar essas ideias e vim dizer a vocês que, daqui para a frente, tudo vai ser diferente. Chega de receitas do Chávez, da Cristina, dos meus amigos da UniCamp; a palavra de ordem agora é produtividade, competitividade, essas coisas que vocês estão sempre falando. Vou fazer uma nova política econômica, a nossa NEP, com a diferença que não vai ser preciso nenhum Stalin para implantar o novo modelo. Parte do pessoal vai reclamar um pouco, mas eu sei tratar com eles, com jeito e persuasão.
Vou começar dizendo a eles uma coisa muito simples: se o governo não precisar de mais dinheiro do que já arrecada, o Banco Central não vai precisar aumentar os juros, certo? Mais ainda: se com esse dinheiro ainda der para pagar todos os juros da dívida, melhor ainda. Vou determinar que superávit primário não seja mais primário, mas sim final. O governo agora só gasta o que tem, inclusive com os juros da dívida.
Capitalistas do mundo: vocês não têm nada a perder, venham ao Brasil, agora!
Outra coisa: eu também acho um absurdo o preço dos carros no Brasil. As nossas montadoras têm de fazer como as de vocês, espalhadas pelo mundo: comprar peças e acessórios onde for mais barato, o que vale dizer que as nossas, que aliás são todas de vocês, vão ter de se integrar às suas fábricas espalhadas pelo mundo. Acho que vai ser o começo do fim dessa indústria infante que já tem mais de cinquenta anos e que nunca quis deixar a mamadeira do governo. Pois para mim, chega!
Mais ainda: acho um absurdo o preço das passagens aéreas, o pessoal da Copa está reclamando, e aí descobri que nós vivemos em duopólio. A partir de agora vou declarar a política de céus abertos no Brasil: aceitaremos todas as companhias, e já estou mandando privatizar todos os nossos aeroportos. A Infraero nunca funcionou direito: ainda há pouco uma menina se machucou no Rio, por falta de inspeção dessa geringonça que só sabe cobrar e não investe quase nada.
Vocês estão cansados de saber que nossas estradas são ruins, que as tarifas telefônicas são absurdamente caras e que as comunicações são lentas. Vou determinar abertura total, quanto mais concorrência melhor. Preparem-se, pois os mercados do Brasil vão estar totalmente abertos em menos de um ano. Cansei de ouvir reclamações, e isso não tem nada a ver com os 40% que cobramos de impostos, pois o pessoal nem sabe disso, mas sim com o fato de que as companhias estão mal acostumadas. Vou abrir outros setores cartelizados, vocês vão ver.
Sim, o Mercosul: parece que até os capitalistas de São Paulo, que já ganharam muito com o Mercosul, cansaram de vez, e acho que eles têm razão: vamos falar olho no olho com os nossos hermanos e dizer o seguinte: ou a gente abre, e se integra ao mundo, ou não tem mais sentido ficar fazendo todas essas reuniões, só para ouvir mais reclamações a cada vez. Os colegas uruguaios têm razão, mas não é por causa da maconha, e sim quando eles querem fazer acordos com quem tem mercado para oferecer. Não dá mais para se esconder como o avestruz. O Mercosul tem de voltar a ser o que ele já foi.
Vou mais longe: estou saindo daqui para Havana e Caracas. Vou dizer ao Raul e ao Maduro que as coisas que eles estão fazendo simplesmente não se sustentam: não tem lógica econômica no que eles querem; eles precisam mudar, pois quem vai pagar a conta, mais uma vez, é o povo.
Pois é isso, meus capitalistas de Davos: eu quero dizer a vocês que o Brasil está aberto aos negócios; eu sei que às vezes é difícil, para quem vem de fora. Vou mudar isso: vou criar um ministério da desburocratização. Capitalistas do mundo: vocês não têm nada a perder, venham ao Brasil, agora!

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Eleicoes 2014: Politica externa e Programa de governo - Marcelo de Paiva Abreu

Meu interesse nacional, seu interesse nacional

Marcelo de Paiva Abreu*

O Estado de São Paulo, quarta-feira, 22.1.2014

O senador Aécio Neves deu a partida na definição de seu futuro programa de governo com o documento Para mudar de verdade o Brasil. Confiança. Cidadania. Prosperidade. Suas ideias quanto à economia brasileira se limitam, a esta altura da partida, ao diagnóstico dos muitos equívocos do atual governo e de incitações à mudança, sem grandes propostas quanto a correções de rumos.
O documento concentra a atenção na falta de transparência de políticas públicas, na perda de competitividade da indústria e no isolamento do Brasil em relação ao resto do mundo, com nova política externa que preserve adequadamente o "interesse nacional, acima de todo e qualquer interesse partidário".
A perda de competitividade das exportações brasileiras merece ocupar posição central nas preocupações do candidato. As carteiras de empréstimos e transferências a fundo perdido dos órgãos públicos devem ser transparentes e refletir ênfase absoluta em inovação. A condução de políticas industriais, de inovação e correlatas deve ser centralizada e coordenada com a política de comércio exterior, abandonando-se o modelo atual de "colcha de retalhos".
Que o isolamento do Brasil em relação à economia mundial se deve à "partidarização" da política externa e suas implicações sobre a política econômica externa é sabido. Mas é preciso meditar sobre as razões que explicam a imposição de um claro viés ideológico à política externa brasileira desde 2003. O sucesso da triangulação Garcia-Amorim-Guimarães na imposição desse viés sugere grande fragilidade institucional do Itamaraty quanto a qualquer ambição de ter influência efetiva na formulação da política externa.
O PT, vitorioso nas eleições desde 2002, naturalmente pretendeu implementar suas ideias sobre política externa. O que talvez tenha surpreendido tenha sido a débâcle das correntes críticas do viés ideológico aplicado à política externa. É claro que a capacidade de resistência a pressões do Planalto sempre será modesta, mas a diplomacia brasileira terá dificuldades em manter a reputação de excelência se abdicar de sua influência na formulação da política externa. Que há algum espaço de manobra, mesmo em condições adversas, é sugerido pelo contraste entre as gestões Figueiredo e Patriota no passado recente.
É necessário que se pense um formato institucional alternativo capaz de atenuar a amplitude das flutuações da política externa de acordo com o governo do dia. Talvez um conselho efetivamente representativo das diferentes correntes de opinião, inclusive com representação da sociedade civil. Mas que se afaste do modelo petista de assegurar representação aos que pensam igual ou aos que dependem da cornucópia de benesses distribuídas pelo governo. Isso, é claro, repugnará o Itamaraty, cioso de suas atribuições nominais que se vão mostrando obsoletas, mas, pelo andar da carruagem, talvez seja melhor aceitar o formato e abandonar o papel de simples executor de instruções de assessores presidenciais.
A afirmação de que o Itamaraty deve defender o interesse nacional é trivial. Os responsáveis pela política externa petista dirão que defenderam o interesse nacional.
O problema é como definir interesse nacional. Fora os temas não controversos, em geral associados à defesa da soberania, interesse nacional resulta da interação de interesses setoriais. Cabe ao governo assegurar que a assimetria entre diferentes atores não resulte em definição deformada do que seja interesse nacional. O governo brasileiro tem sido tradicionalmente ineficaz na intermediação requerida por razoável definição do que seja interesse nacional. É uma distorção a corrigir.
O Brasil, hoje mergulhado na mediocridade e satisfeito, está precisando de uma sacudidela política. Alternância política é bom, mas um bom programa de governo seria muito melhor. Esperemos.
*Marcelo de Paiva Abreu é doutor em economia pela Universidade de Cambridge e professor titular no departamento de economia da PUC-RIO.

Sucesso extraordinario do fracasso total do FSM de Porto Alegre: alternativos desapareceram

Gentes: os altermundialistas estão precisando de ajuda.
Vcs poderiam pelo menos ir dormir naquelas cadeiras confortáveis...
Paulo Roberto de Almeida 

Fórum Social Temático engordado com fartas verbas públicas abre com total fracasso de público

Tinha mais gente na mesa do que na platéia. E foi para isto que o prefeito José Fortunati entregou R$ 1 milhão, sem exigir sequer prestação de contas do dinheiro doado. Tarso e Dilma também encheram os cofres do FST, que só saiu porque se alimenta com os impostos dos contribuintes gaúchos.


Apesar de todo o dinheiro despejado pelos governos municipais de Porto Alegre e Canoas, mais governo estadual e governo federal, o primeiro dia do chamado Fórum Social Temático foi um fracasso completo, como se vê na foto de bruno Alencastro, Agência RBS, aí ao lado, conforme publicado pelo site www.zerohora.com.br Integrantes de movimentos sociais de quatro países estiveram reunidos nesta quarta-feira, em Porto Alegre, para debater a crise capitalista e a agenda pós-2015. A conferência de largada do Fórum Social Temático na Capital contou com a participação de representantes do Chile, França e Egito, além do Brasil, e um público reduzido.

. O prefeito José Fortunati mandou dar R$ 1 milhão para o evento, mas nem esperou para participasr do convescote da esquerda global.



. As manifestações no país em 2013 também foram abordadas no primeiro dia de atividades do Fórum Social Temático em Porto Alegre.

Elite corrupta do Partido Comunista Chinês tenta esconder informações sobre os roubos... - NYT

Parece que o Big Brother chinês bloqueou todos os acessos a todos os sites estrangeiros que estavam trazendo estas matérias altamente incômodas para os mandarins corruptos do poder.
Ditaduras são sempre estúpidas, achando que vão poder bloquear eternamente as verdades, seja pela censura, seja pela repressão dos que transmitem informações desconfortáveis para os donos do poder.
A verdade sempre acaba ultrapassando as piores barreiras das ditaduras.
Paulo Roberto de Almeida

ASIA PACIFIC

Report Says China’s Elite Use Offshore Companies

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Dez mandamentos dos livros - Afonso Borges

Recebo, do meu amigo Afonso Borges, este aviso, que suponho deva interessar e divertir todos os amigos de livros, como eu mesmo.
Vou tentar seguir alguns dos mandamentos (não sou religioso, e portanto não santifico nada, a não ser os bons livros, talvez(=), mas na verdade eu já sigo várias deles.
Confesso, aliás, que já perdi vários livros com criminosos de alta estirpe, que nunca me devolveram livros que eu generosamente sempre fiz questão de partilhar com amigos, alunos, etc.

Sinto falta de uma regra para as bibliotecas pessoais (e trocaria pela coisa santificada, já que sou irreligioso), pois a minha biblioteca (aliás espalhada) é uma barafunda total, e já me ocorreu de ir buscar livros que eu sabia que tinha em bibliotecas ou comprar um outro exemplar simplesmente por não achar nas minhas estantes que estão em várias camadas geológicas e outras escondidas, por não ter mais onde colocar. 
Minha kit em Brasília ficou atulhada de livros e o apartamento aqui nos EUA já está começando a ficar cheio, e eu estou me contendo (compro livros só depois de passado algum tempo do lançamento, lendo o essencial nas livrarias, e depois comprando mais barato na Abebooks.com).
Enfim, seguem os bons mandamentos do Afonso Borges.
Paulo Roberto de Almeida 

Queridos amigos e amigos, 
Enquanto fevereiro não chega, com os lançamentos e debates, curtam nossa página no Facebook, onde estamos desenvolvendo um trabalho de posts de incentivo ao hábito da leitura. Vejo vocês lá: https://www.facebook.com/SempreUmPapo
Afonso Borges




Rodrigo Constantino e a obsessao equivocada da Oxfam com a desigualdade

Obsessões, a despeito do que o conceito pode pretender indicar, podem significar boas coisas.
Eu, por exemplo, tenho obsessão por livros, não pelos objetos em si, ou por constituir uma grande biblioteca, vistosa, bonita, bem organizada, essas coisas exibicionistas. Minha biblioteca é a coisa mais bagunçada que tenho, e já me ocorreu de ter de buscar um livro que eu sabia que tinha em bibliotecas, ou comprar novamente, apenas porque não acho, na barafunda dos meus livros, ou talvez, porque o tenha emprestado, sem anotar, e não recebi de volta. Não importa, a obsessão por livros continua, a despeito de todos esses problemas, e continuo tratando mal os livros, lendo em qualquer lugar, deixando abertos na mesa, espalhados pelo chão (quando a mesa já está cheia), enfim, esse é o meu jeito.
Mas a minha obsessão pelos livros é um função do conhecimento que eles trazem, simples assim. Aprendi com os livros, e devo tudo o que sou a eles, tudo e mais um pouco, até os meus vícios incuráveis, também trazidos por essa febre doentia pelos livros.
Mas tem outros tipos de obsessões menos saudáveis, como essa dos distributivistas, e dos socialistas em geral, com a igualdade, e portanto com o combate às desigualdades. Geralmente, pelas más razões, por métodos errados e com resultados geralmente desastrosos, como a experiência histórica do socialismo demonstrou amplamente, nos últimos cem anos.
Também conheço a Oxfam, bastante bem, por sinal. Quando eu era estudante sem dinheiro, na Bélgica, eu morava numa "mansarda" (ou seja, o último andar de um casarão de três ou quatro andares) que pertencia aos escritórios da Oxfam em Bruxelas, e morava de graça contra o compromisso de limpar os escritórios de noite (tirar o lixo, etc) e fazer uma limpeza um pouco mais elaborada (aspirador, etc) nos fins de semana. Confesso que limpava mal, pois passava meu tempo lendo, obviamente. Mas eu também participava das reuniões da Oxfam, e conheci profundamente sua história e suas atividades.
Ela surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, na Inglaterra -- Oxford Famine Relief -- e como seu nome indica, dedicava a saciar a fome dos ingleses durante aqueles tempos de escassez. Finda a guerra passou a fazer caridade um pouco em todos os países, nas colônias e depois nos países independentes. Como sempre acontece com certas ONGs, foi dominada pelos esquerdistas, o que eu também era nesses tempos, mas confesso também que nunca gostei de caridade. Acho que as pessoas precisam ser ensinadas a trabalhar, e depois conseguir o seu sustento no mercado. Sempre pensei assim, mesmo sendo esquerdista. Por isso sempre valorizei a educação.
O único trabalho assistencial que eu concebo, à parte vacinações em massa contra epidemias, endemias e outros problemas desse tipo, seria o de ensino, educação técnica, elementar, básica, fundamental, e para por aí. Depois, ensino superior, graduação, pós, especializações, nada, isso é com cada um, cada família, com o mercado (que também pode ser um mercado com intervenção dos governos, para assegurar a qualidade do ensino, por exemplo, mas sem outras interferências sobre se é pago, quem tem direito a diploma, etc, tudo isso tem de ser uma decisão pessoal, familiar, sem interferência dos governos).
Pois a Oxfam sempre se meteu a querer repartir a riqueza dos mais ricos com os pobrezinhos da África, da América Latina, da Ásia, enfim, do Terceiro Mundo, sempre sem qualquer resultado, a não ser alívios ocasionais.
Conheço muito bem a história da África, pré e pós colonial, já que a Bélgica administrava dois dos grandes desastres humanitários e ditatoriais do continente, Congo Belga, ex-Zaïre do Mobutu, depois República Democrática do Congo, além dos dois irmãos menores, Ruanda e Burundi, ex-colônias alemãs até a Primeira Guerra. Enfim, resumindo, a história da ajuda ao desenvolvimento, da assistência pública, estatal e privada, a esses países, é um desastre do começo ao fim: dezenas de bilhões de dólares foram despejados na África desde os anos 1960 (e mesmo antes), sem muitos resultados aparentes, até com grandes desastres (roubos, corrupção, deformação das estruturas econômicas, por esse maná pingando dos céus, apropriados por certas elites corruptas).
Enfim, a Oxfam pode até ser bem intencionada, mas é profundamente equivocada no que faz, como várias outras ONGs por sinal, e dezenas de governos e economistas, que vivem querendo reduzir a pobreza, "reduzindo as desigualdades". Geralmente dá errado, e o país fica pior.
Essa obsessão com a desigualdade é a pior coisa que possa existir no mundo econômico. Ela mata a criação de riqueza e torna todo o sistema produtivo menos eficiente.
Existem em cada governo, de qualquer país, dezenas, centenas, talvez milhares de burocratas, além da praga de políticos políticos empenhados em diminuir ou até eliminar as desigualdades.
As únicas desigualdades que devem ser eliminadas são as derivadas do ensino elementar e técnico: ciências e matemáticas elementares para todos, língua pátria e um pouquinho mais apenas, e pronto, o país estaria pronto para crescer e se desenvolver. Fazer mais do que isso significa arrancar o dinheiro dos que teem para dar aos que não tem. Não resolve. Melhor criar novas fontes e novos fluxos de riqueza capacitando as pessoas e deixar que elas busquem sua felicidade lutando para ficar tão ricas quanto o Bill Gates e o Warren Buffet. Ponto.
Leiam o resto...
Paulo Roberto de Almeida




22/01/2014
 às 11:26 \ EmpreendedorismoFilosofia políticaHistória

A obsessão com a desigualdade denota uma mentalidade equivocada de riqueza como jogo de soma zero

pesquisa da organização Oxfam International gerou espanto em muita gente. Um seleto grupo de apenas 85 pessoas concentraria a mesma riqueza que os 3,5 bilhões mais pobres do planeta. A fortuna desses bilionários seria de US$ 1,7 trilhão. Os 1% mais ricos do mundo concentrariam a metade da riqueza global. Diz a matéria:
Para a Oxfam, dedicada ao combate à pobreza, o alto nível de desigualdade está relacionado à concentração de poder, que garante mais oportunidades aos mais favorecidos. A entidade cita pesquisas realizadas em seis países, inclusive o Brasil, que mostram que a maioria das pessoas acredita que as leis são distorcidas em favor dos mais ricos. Segundo o estudo, paraísos fiscais, práticas anticompetitivas e baixo investimento em serviços públicos estão entre os fatores que dificultaram uma melhor distribuição de oportunidades.
A mim, o foco obsessivo na desigualdade sempre pareceu fruto ou do sentimento de inveja, o mais mesquinho de todos, ou da ignorância econômica, ao tratar a economia como um jogo de soma zero, onde José é rico porque Pedro é pobre. A típica mentalidade marxista tão disseminada por nossos ilustres professores.
Ofereço um outro ponto de partida. Que tal analisarmos as desigualdades comparando o presente com o passado? Ou seja, ao invés de comparar os mais ricos de hoje com os mais pobres de hoje, que tal comparar a vida dos pobres de hoje com a vida dos pobres de ontem, ou mesmo dos ricos de ontem?
Esse exercício mudaria bastante o quadro. Recomendo o livro The Rational Optmist, de Matt Ridley, sobre o assunto. O autor traz uma quantidade infindável de dados históricos mostrando como a riqueza evoluiu nos últimos séculos, como o comércio permitiu um grau de conforto material inimaginável para nossos antepassados.
Imaginem alguém voltar no tempo e falar para uma tradicional família campestre do século 19 que seus filhos não mais teriam de trabalhar duro para ajudar nas plantações, mas que poderiam apenas focar nos estudos. Que eles não precisariam mais dedicar boa parte do dia para colher lenha e ter alguma energia em casa, bastando apertar um botão em troca. Que o calor do verão seria combatido com uma máquina chamada ar condicionado. Que tudo isso seria possível com cada um do casal trabalhando apenas 8 horas por dia. Eles certamente questionariam onde está a pegadinha.
O avanço na produtividade do trabalho com o capitalismo tem sido brutal. Fazemos hoje muito mais com muito menos. Produzimos uma quantidade de energia absurda sem ter de devastar florestas inteiras para isso. Temos uma produção de alimentos crescente utilizando áreas cada vez menores e liberando um contingente gigantesco de trabalhadores do campo para fazerem outros serviços nas cidades.
Em resumo, o capitalismo tirou centenas de milhões da completa miséria, o estado natural da vida humana, e permitiu um aumento expressivo da população mundial. Se temos 7 bilhões de bocas podendo ser alimentadas hoje, isso se deve ao capitalismo.
Infelizmente, ainda há, sim, muita miséria, justamente por causa dos obstáculos impostos por governos ao funcionamento do mercado. Os locais mais pobres são também aqueles com menos liberdade econômica, menos empreendedorismo, menos concorrência de empresas na busca pelo lucro em ambiente com respeito às regras do jogo.
Quanto mais perto do modelo socialista, que só pensa em distribuir o que já existe, mais pobreza temos (alguns países que ficaram ricos conseguem bancar um modelo distributivista por algum tempo, mas não sem um alto custo e sem ameaçar seu próprio sucesso). É uma mentalidade ex post facto, que olha em retrospecto aquilo que já existe, que foi criado por outros, e exige sua parte como se fosse um “direito natural”, típico das crianças mimadas.
O objetivo de reduzir a pobreza, portanto, é louvável. Mas quando o foco se desvia disso para o combate à desigualdade em si, aí temos um grande perigo à frente. Afinal, tirar dos ricos para dar aos pobres é a fórmula mais certeira de aumentar a pobreza. Tire os bilhões do casal Gates e doe aos africanos, e teremos apenas mais dois miseráveis no mundo.
Muitos dos ricaços modernos vêm do setor de tecnologia, no Vale do Silício. Não é coincidência. Lá temos um ambiente extremamente competitivo, meritocrático, com bastante capital para investimento. Esses empreendedores bem-sucedidos não tiraram riqueza de ninguém para acumular seus bilhões; ao contrário: criaram riqueza para a humanidade!
Temos ganhos de produtividade, mais conforto, mais lazer, mais tecnologia, justamente porque essas empresas, muitas vezes começando com apenas mil dólares em garagens, foram capazes de inovar, de trazer ao mundo algo valorizado pelos próprios consumidores. Suas fortunas, portanto, são o reflexo dessas conquistas sociais que tivemos. São legítimas. Sobretaxar seus patrimônios seria injusto e ineficaz para combater a miséria.
Dito isso, há sim alguns instrumentos políticos que servem aos interesses dos mais ricos e são injustos. Representam o que se convencionou chamar de “capitalismo de estado” (mas prefiro fascismo ou socialismo light), em contraste ao capitalismo liberal. São subsídios, barreiras protecionistas, estímulos monetários que inflam o preço dos ativos, enfim, intervenções estatais que alteram as regras do jogo da livre concorrência.
Se desejamos viver em um mundo com menos pobreza em termos absolutos, desejo nobre que, creio, quase todos compartilham, então precisamos deixar o foco na desigualdade um pouco de lado e mirar mais nas causas da riqueza. Até porque as causas da pobreza conhecemos: é nosso estado natural. Basta olhar para trás para ver como era dura a vida de nossos antepassados, ao contrário da visão idílica e romantizada de muita gente.
A economia não é um jogo de soma zero. Temos claramente um aumento da riqueza mundial com o passar do tempo, que se tornou exponencial após a Revolução Industrial e o avanço do capitalismo. Isso se deve ao aumento da produtividade do trabalho, graças às várias inovações tecnológicas. Se quisermos que continuem, precisamos valorizar esses empreendedores inovadores, e não atacá-los como “exploradores”, como se sua riqueza fosse fruto da miséria alheia. Nada mais falso. E nada mais prejudicial aos pobres.

Alca al carajo: dixit Chavez; projeto de anexacao economica: dixit Lula; e agora?

Meu amigo Mario Machado foi direto ao ponto.
Endosso e ratifico cada palavra, cada virgula, e, sobretudo, a sua interrogaçao final.
Paulo Roberto de Almeida 

Coisas Internacionais


Posted: 21 Jan 2014 09:44 AM PST
alca al carajoVisitei o Equador no início dos anos 2000 e pelas ruas de Quito um grafite chamou a minha atenção ele dizia: “ALCA, Al carajo, Yanks go home”, a época o recém empossado governo Lula construía o que alardeavam como sua maior vitória política, o torpedeamento da Área de Livre Comércio das Américas, como se dizia a época o bloco que iria da Tierra del Fuego ao Alaska. Anos depois o falecido Chávez usaria a mesma expressão elegante, em Mar del Plata.
O argumento principal era o temor da economia brasileira e da região se tornariam satélites da economia americana, além é claro das dificuldades de sempre, ou seja, agricultura protegida pelo lado americano e serviços blindados pelo lado brasileiro.
Tudo que envolve parceria ou associações com os EUA, acaba sendo decidido com o fígado no Brasil, ou seja, preconceitos ideológicos (e concordâncias cegas, também) dominam o debate, o abstrato interesse nacional é torturado até confessar o que as correntes de opinião desejam.
A tese vencedora foi a do triunfo soberano da política Sul-sul e para isso BRICS seria o caminho, a crise de 2008 parecia ser a grande prova que essa fora a melhor aposta e pouco importava que a pauta comercial brasileira com os demais BRICS (no caso só China mesmo é relevante) fosse concentrada em commodities – o que até pouco tempo antes era sinal claro de atraso diriam os mesmos que agora eram entusiastas dos BRICS – mas, o boom das commodities dava (e ainda dá) muito dinheiro e criava portentosas reservas que nos tornavam credores líquidos do mundo.
Nesse período e com uma forcinha enorme da suspensão do Paraguai o MERCOSUL acrescentou a Venezuela em seu arranjo, pode-se até imaginar que o fácil acesso ao petróleo venezuelano seja algo importante para um bloco em busca de energia, mas politicamente isso mandou uma mensagem altermundista, o MERCOSUL agora seria o bloco em busca de outro mundo possível.
Enquanto isso avançou o movimento de assinatura de acordos de livre comércio entre EUA e vários países da América Central, Caribe e América do Sul, como os vizinhos Peru e Colômbia. E as tentativas de acordo MERCOSUL-UE não passam de declarações de intenções, elogios mútuos, belas notas oficiais e negociações empacadas.
Claro, que ter uma economia relativamente fechada como a brasileira cria distorções que elevam os preços dos produtos fabricados localmente, o que retro-alimenta o fechamento da economia ao justificar a proteção sob pena de perda empregos, automóveis são um caso clássico.
E assim, mais de uma década depois de ver aquele grafite, em Quito, chegamos ao que vemos hoje, a expansão maior dos países do pacífico e como no caso peruano com excelentes resultado na eliminação da pobreza e os países mais fechados patinando, enfrentando inflação.
No inicio desse nosso século fizemos uma opção e mandamos o livre-comércio ‘al carajo’ e o que ganhamos em troca?
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PS: Esse não foi o grafite que vi, mas não achei a foto para ilustrar essa postagem.

Columbia University seleciona professor visitante

Request for Statements of Interest
Tinker Visiting Professorship

Deadline: April 15, 2014 for 2015-2016 Academic Year

About the Tinker Visiting Professorships
Columbia University is one of five major universities to have a professorship endowed by the Edward Larocque Tinker Foundation. The goal of the Tinker Visiting Professor program is to bring to the campus pre-eminent scholars and professionals (journalists, writers, artists, public officials, etc.) who are citizens of Latin America or the Iberian Peninsula and reside in the region as a means of encouraging contact and collaboration.  Please note that citizens of Canada may apply as long as they are considered Latin Americanists.

Since the inception of the Tinker program in 1971, Columbia has hosted many distinguished visitors for one-semester periods of residence. These guests have strengthened our curriculum offerings on Latin America, complemented departmental strengths, and contributed to understanding of Latin American issues. During this 2013-2014 academic year, Sociologist Valeria LLobet of the National University of San Martin, Argentina, was our resident Tinker visitor.

A Tinker Visiting Professor offers to teach (or co-teach) one course - a mixed graduate/undergraduate class in his/her field of expertise. The visitor is asked to also give a public lecture. The Tinker Professor will be supported by a stipend, office space at the Institute of Latin American Studies, assistance in arranging Columbia housing, travel reimbursements, and part-time research assistance. Funding can also be made available to support conferences or other events at the University related to the visitor’s fields of interest during or following their semester of residence.

The Institute of Latin American Studies (ILAS) administers the Tinker Professor Program on behalf of Columbia University. For more information, contact Esteban Andrade (eaa2127@columbia.edu).

Application Process
Potential applicants are invited to submit a brief statement of interest. The statement should explain the qualifications of the candidate, his or her research concentration and the specific goals of the visit to Columbia University (1-2 pages in total), as well as a current and summarized curriculum vita.  The Executive Committee of the Institute of Latin American Studies will review these proposals byMay 1 and invite a limited number of candidates to submit a full application.  This application will include a personal statement describing their research and proposed teaching areas, with the description of one course, a complete vita and the names of two references.

Thanks,
Esteban
--
Esteban Andrade
Program Manager
Institute of Latin American Studies
& Center for Brazilian Studies
Columbia University
420 West 118th St, 828-B
New York, NY 10027
P: 212-854-4644
F: 212-854-4607