Itamaraty reage a “tom ofensivo” da China contra Eduardo Bolsonaro
Declaração da que o deputado teria que "arcar com as consequências" de suas críticas foi duramente criticada pelas Relações Exteriores
Metrópoles | Carlos Estênio Brasilino | 25/11/1010, 22h37
O Ministério das Relações Exteriores tomou as dores do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e reagiu às críticas feitas pela China ao filho 03 do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que, anteriormente, havia acusado o Partido Comunista chinês da prática de espionagens cibernéticas.
Nessa terça-feira, em nota na web, os diplomatas chineses pediram que o parlamentar “cesse as desinformações e calúnias” e enfatizaram: “Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”.
Nesta quarta-feira (25/11), num tom bem acima do diplomático, o Itamaraty enviou uma carta à Embaixada da China no Brasil onde, entre outros pontos, diz: “Não é apropriado aos agentes diplomáticos da República Popular da China do Brasil tratarem dos assuntos da relação Brasil-China através das redes sociais”. As informações são do jornalista Caio Junqueira, da CNN.
De acordo com a nota, o fato de a manifestação da China contra Eduardo ter sido feita através das redes sociais “não é construtivo, cria fricções completamente desnecessárias e apenas serve aos interesses daqueles que, porventura, não desejam promover as boas relações entre Brasil e China”.
Para o Itamaraty, o tom “ofensivo e desrespeitoso” com o qual a declaração chinesa se referiu ao deputado “prejudica a imagem da China junto à opinião pública brasileira”.
Aspirações e interesses
O documento das Relações Exteriores ainda aponta que não cabe à Embaixada da China opinar sobre as aspirações e interesses da sociedade brasileira, “assim como a Embaixada do Brasil na República Popular da China se abstém de opinar sobre as aspirações e interesses da China”.
O ministério ainda ressalta que o Brasil deseja manter e promover as “excelentes relações” entre ambos os países. Mas dá um novo puxão de orelhas nos diplomatas chineses: “Desrespeitar a diversidade de pensamento e opinião existente no Brasil, garantida por nossa Constituição democrática e por nossa legislação, não contribui para o avanço das relações”.
Clean Network
Em postagem nas redes sociais. posteriormente apagada por Eduardo Bolsonaro, ele afirmou que o Brasil irá aderir a um programa de tecnologia que “pretende proteger seus participantes de invasões e violações às informações particulares de cidadãos e empresas”. Eduardo se referia ao programa Clean Network, do governo federal.
Sem provas, o filho do presidente Bolsonaro disse que as espionagens cibernéticas “ocorrem em entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China”.
As declarações não repercutiram positivamente. Em nota, os representantes chineses afirmaram que a fala de Eduardo “não são condignas com o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Isso é totalmente inaceitável e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento”, reforçou a nota.
https://www.metropoles.com/brasil/itamaraty-reage-a-tom-ofensivo-da-china-contra-eduardo-bolsonaro
EDUARDO BOLSONARO IRRITA SÓCIA CHINESA DA PETROBRAS NO MAIOR CAMPO DE ÁGUAS PROFUNDAS DO MUNDO
Executivos se incomodam há tempos com histórico do filho do presidente nas redes
Época | Guilherme Amado | 25/11/2020, 18h03
A postagem recente de Eduardo Bolsonaro contra a China irritou os executivos da Corporação Nacional de Petróleo da China, a CNPC, empresa petrolífera semi-estatal e sócia da Petrobras no Campo de Búzios, o maior do mundo em águas profundas e considerado hoje a vaca-leiteira da estatal.
O histórico de Eduardo Bolsonaro nas redes contra a China incomoda há tempos os executivos, que dizem ser inaceitável um parceiro comercial ser destratado pelo filho do presidente por razões ideológicas.
Búzios, localizado na Bacia de Santos, é responsável atualmente por cerca de 27% da produção de óleo da companhia no Brasil e deve chegar ao final da década com a produção diária acima de 2 milhões de barris de petróleo por dia.
https://epoca.globo.com/guilherme-amado/eduardo-bolsonaro-irrita-socia-chinesa-da-petrobras-no-maior-campo-de-aguas-profundas-do-mundo-1-24765421
Postagem de Eduardo Bolsonaro 'é de uma burrice estratégica impressionante'
Momento da Política, CBN | Merval Pereira | 25/11/2020
O mais grave da atitude do deputado Eduardo Bolsonaro é que, ao colocar no twitter a acusação de que a China usa a tecnologia 5G para fazer espionagem, está refletindo o pensamento do presidente Bolsonaro e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. É uma posição ideológica burra. O Brasil não tem que entrar neste embate geopolítico com EUA e China. Tem que fazer uma análise técnica, ver qual é a melhor tecnologia para nós e aproveitar o melhor dos dois mundos, EUA e China. A tecnologia 5G da China é mais adiantada e se adapta melhor ao nosso sistema. Então, é preciso ver qual a vantagem de optar por outra tecnologia. A nota do governo chinês foi dura, fora dos padrões diplomáticos, assim como a mensagem de Eduardo Bolsonaro, que não entende nada de diplomacia e não tem a menor capacidade, nem mesmo de diálogo. Não precisamos criar embates com nosso maior parceiro comercial.
https://audioglobo.globo.com/cbn/podcast/feed/65/momento-da-politica
Empresários lançam estudo para defender negócios do Brasil com a China
Estratégia de longo prazo propõe ver país asiático como referência e oportunidade
Folha de São Paulo | Eduardo Cucolo | 25/11/2020, 23h45
SÃO PAULO - Estudo encomendado pelo Conselho Empresarial Brasil-China propõe que os brasileiros olhem o parceiro asiático cada vez menos como competidor e ameaça e cada vez mais como referência e oportunidade, em especial para diversificar a pauta de exportação e absorver novas tecnologias.
O documento, que foi batizado de “Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China”, será divulgado nesta quinta-feira (26) pela entidade em um evento que prevê a presença do vice-presidente Hamilton Mourão.
O conselho reúne diplomatas brasileiros e empresários que já mantêm relações com a China ou têm interesse no parceiro comercial. Entre os associados estão instituições financeiras e empresas como Banco do Brasil, Bradesco, BRF, CPFL Energia, Embraer, Itaú e Vale.
O estudo é lançado num momento de seguidas controvérsias políticas e econômicas, em que o país asiático é apontado como ameaça pelo governo Jair Bolsonaro e no contexto de uma disputa comercial e tecnológica mais acirrada com os Estados Unidos.
No capítulo mais recente, Eduardo Bolsonaro postou na sua conta no Twitter, na segunda-feira (23), que o programa Clean Network, ao qual o Brasil declarou apoio, protege seus participantes de invasões e violações. Segundo ele, a iniciativa afasta a tecnologia da China e evita a sua espionagem.
No dia seguinte, o governo chinês rebateu. A embaixada da China no Brasil afirmou na terça-feira (24) que o deputado segue os Estados Unidos para caluniar a China e pediu que a retórica norte-americana seja abandonada para evitar "consequências negativas".
O embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, afirma esperar uma boa recepção das propostas pelo governo brasileiro, mas diz que o alvo prioritário é a iniciativa privada.
“Eu chamaria a atenção de que ele está sendo apresentado ao vice-presidente da República. Esperamos que receba uma boa acolhida por parte do governo brasileiro, mas lembraria que somos um conselho empresarial, formado por empresas privadas que têm interesses em fazer negócios com a China, em vender, investir e receber investimentos”, afirma Castro Neves.
Hamilton Mourão faz parte da Comissão Sino-Brasileira presidida pelos vice-presidentes dos dois países, que voltará a se reunir em 2021.
O estudo foi elaborado pela diplomata e economista Tatiana Rosito, que integra o Comitê Consultivo da entidade e representou o Brasil como diplomata e como chefe do escritório da Petrobras em Pequim.
Ele indica três principais caminhos para aproveitar as oportunidades geradas pelo avanço da economia chinesa. Também aponta três eixos (econômico, institucional e de sustentabilidade) e três agendas (infraestrutura, finanças e tecnologia) para o relacionamento com a China.
O primeiro caminho é a agregação de valor às commodities exportadas pelo Brasil para a China, por meio da intensificação das relações com o mercado chinês e da descoberta de novos nichos.
A proposta cita também a adoção pelo país de tecnologias ou de partes das cadeias de produção que deixarão a China, além de uma combinação de importações de commodities industriais chinesas com a agregação de valor para consumo no Brasil ou exportação.
“Tão importante quanto o que o Brasil pode exportar para a China é o que o Brasil importa ou pode importar e como pode construir canais estáveis e eficientes para absorção de novas tecnologias em que a China oferece liderança crescente”, diz o documento.
“Há ainda oportunidades a serem exploradas pelas empresas brasileiras fornecedoras de matérias-primas para a China no desenvolvimento de negócios que possam ir ao encontro das necessidades chinesas, inclusive através da criação de novos mercados mediante a educação dos consumidores chineses para produtos sustentáveis produzidos no Brasil ou associados a marcas brasileiras.”
Dentro da ideia de que uma estratégia para a China de longo prazo deve estar ligada a uma estratégia nacional de desenvolvimento, Tatiana utilizou como ponto de partida um documento divulgado em 2018 pelo governo Michel Temer, revisto e consolidado pelo atual governo na Estratégia Federal de Desenvolvimento 2020-2031, que tem como diretriz principal elevar a renda e a qualidade de vida da população brasileira, com redução das desigualdades sociais e regionais.
“Se esses são os nossos objetivos, faz mais sentido olhar a China como uma nova potência na área de inovação, científica e tecnológica, do que só olhar pela ótica da competição com produtos brasileiros e da exportação. O estudo é mais um alerta. A gente tem logrado excelentes resultados na área comercial, especialmente no comércio agrícola, mas é necessário sair um pouco disso e pensar o longo prazo”, afirma Rosito.
A diplomata diz que os dois países já possuem o que ela chama de uma moldura institucional que só é comparável ao que o Brasil tem com países do Mercosul. Ela cita como exemplo a própria comissão sino-brasileira.
“Isso permite que a gente continue tendo uma relação com a China pragmática, uma relação de Estados, mesmo em um momento em que a China sofre críticas de certos setores no Brasil. Essa moldura nos permite continuar trilhando esse caminho de aproximação”, afirma a diplomata.
Segundo a autora do trabalho, a recente eleição americana aponta para uma distensão em alguns temas nas relações entre Estados Unidos e China e abre uma oportunidade para que o Brasil também possa repensar a relação com o país asiático.
No comércio exterior, por exemplo, os resultados positivos para o Brasil têm oscilado ao sabor da demanda chinesa, com uma concentração em poucos produtos que não é considerada saudável por nenhum dos dois lados, segundo Rosito.
De acordo com o documento, estima-se que a classe média da China seja de 400 milhões de pessoas (30% da população urbana, ante 50% nos EUA) e espera-se que a urbanização e o crescimento de renda per capita incorporem mais centenas de milhões de pessoas até 2050, um mercado potencial consumidor para o Brasil.
Segundo a diplomata, entre os principais desafios para ampliação e diversificação das exportações brasileiras para a China estão a baixa presença de empresas brasileiras e de associações de classe em solo chinês e a ausência de uma campanha coordenada de imagem do Brasil.
“A gente explora pouco o imenso mercado chinês. Você poderia a partir de ecommerce identificar nichos para exportações de produtos em áreas como cosméticos, alimentos processados, áreas ligadas a bioeconomia e sustentabilidade, mesmo as pequenas comunidades poderiam chegar a nichos de mercado na China, mas para isso você precisa entender o consumidor chinês. Tudo isso é um mundo novo que poderia estar aberto para nós”, afirma Rosito.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/11/empresarios-lancam-estudo-para-defender-negocios-do-brasil-com-a-china.shtml
Diplomacia da extrema direita aproxima o país de prejuízos reais
Para ex-embaixador, política externa funciona à base de 'alucinações, fantasias e teorias conspiratórias'
Folha de São Paulo | Bruno Boghossian |25/11/2020, 23h15
A diplomacia brasileira conseguiu cometer uma barbeiragem dupla. Nas últimas semanas, o governo desprezou o próximo presidente dos EUA e enviou sinais hostis para a China. Amarrado a Donald Trump e às bandeiras da direita radical, o país pode sofrer prejuízos concretos na relação com seus dois principais parceiros comerciais.
Na terça (24), a embaixada chinesa ameaçou o Brasil com “consequências negativas” depois que Eduardo Bolsonaro publicou uma mensagem que ligava a tecnologia de 5G do país asiático com atos de espionagem.
“Essa talvez seja a mais enfática advertência para os danos que Eduardo e seus cúmplices podem causar às relações com a China”, diz Roberto Abdenur, que foi embaixador brasileiro em Pequim e Washington. Para ele, o silêncio de Jair Bolsonaro sobre a declaração do filho “endossa essa barbaridade”.
O diplomata vê uma escalada nas manifestações do governo chinês, com uma ameaça real de retaliação nos investimentos e no comércio. “O Brasil se ilude ao achar que teremos eternamente a posição privilegiada de grandes exportadores de soja, carne, minério de ferro e açúcar”, diz.
Ainda que existam questionamentos sobre a segurança da tecnologia chinesa de 5G, o governo brasileiro usa uma retórica infantil para satisfazer sua base ideológica. Abdenur afirma que o país enfrentará tempos difíceis se não souber manter uma equidistância entre China e EUA.
O desafio pode ser ainda maior porque Bolsonaro escolheu “uma posição de subserviência” em relação a Trump, segundo Abdenur –o que criou uma política externa baseada em “alucinações, fantasias e teorias conspiratórias”.
Para o ex-embaixador em Pequim e Washington, a atuação de Eduardo e do ministro Ernesto Araújo na diplomacia funciona como elo entre a extrema direita americana e a extrema direita brasileira, “que é uma sucursal da extrema direita americana”. “A não ser que haja uma guinada nessa postura, o que eu não acredito, nós vamos ter problemas”, avalia.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/bruno-boghossian/2020/11/diplomacia-da-extrema-direita-aproxima-o-pais-de-prejuizos-reais.shtml
"Pito" da China em Eduardo Bolsonaro foi também alerta ao Brasil pós-Trump
UOL | Jamil Chade | 26/11/2020, 4h03
Um dos mitos mais repetidos sobre a diplomacia chinesa se refere a um comentário do primeiro-ministro Zhou Enlai. Em 1971, ele teria sido questionado por Henry Kissinger (diplomata e posteriormente secretário de Estado americano) sobre o que pensava sobre o impacto da Revolução Francesa. Sua resposta: "É muito cedo para dizer".
Décadas depois, o mito foi desfeito. Zhou não tinha entendido a pergunta e pensava que o americano o questionava sobre os protestos estudantis em Paris, em 1968. Mas, entre parte dos diplomatas e analistas, o erro era "delicioso demais" para ser desmentido.
Seja qual for o motivo do engano, a realidade é que a resposta cabia como uma luva na narrativa que começava a ser construída sobre a paciência e visão de longo prazo da diplomacia chinesa. E, de fato, esse passou a ser um tom adotado por Pequim, construindo relações com metas ambiciosas e prazos alargados. Entre diplomatas europeus, correm ainda comentários sobre como cálculos de hoje no "Império do Meio" não visam ações imediatas, mas sua hegemonia a partir de 2050.
Diante de tal realidade, a decisão da China de emitir um comunicado violento contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, foi recebido como um recado claro dentro do Itamaraty de que a paciência dos chineses teria chegado a um limite.
No dia 23 de novembro, Eduardo Bolsonaro foi às redes sociais para acusar a China de praticar espionagem cibernética e defendeu a iniciativa dos Estados Unidos de criar uma aliança internacional que discrimina a tecnologia 5G de Pequim.
Na quarta-feira, a embaixada da China em Brasília respondeu com um ataque direto, acusando o filho do presidente — e seus aliados — de serem uma ameaça para a relação bilateral e apontando que o Brasil poderia sofrer consequências diretas e "negativas" se tal comportamento fosse mantido.
Recado ressalta que era Trump vai ficando para trás, e Brasil pode ficar também
O comunicado surpreendeu por seu tom ameaçador e de alerta, rompendo com uma postura dos mandarins da diplomacia de buscar consenso e pensar no longo prazo.
Mas o gesto não seria apenas o fim da paciência. A ação chinesa também ocorreu por canais diplomáticos, criando um mal-estar em Brasília. Para uma parcela dentro do governo, a elevação do tom por parte de Pequim obedeceria a outra lógica: a percepção de que, a partir de agora, o governo Bolsonaro não tem mais como se esconder de baixo da saia da administração de Donald Trump em ataques coordenados contra a China.
No fundo, a ameaça de Pequim não é de retaliação imediata. Mas de um alerta que, sozinho, o Brasil não tem o poder que imagina que possa desempenhar. E que, se continuar a fazer ataques contra a China, enfrentará as consequências sem o apoio de seu aliado derrotado em Washington.
Entre analistas estrangeiros, muitos apontam que o democrata Joe Biden não deve reduzir a pressão sobre a China. Biden, segundo interlocutores que trabalharam em sua campanha, pretende costurar uma aliança global para se contrapor a Pequim.
Mas, por suas escolhas para ocupar os cargos na diplomacia americana, a opção não será por uma confrontação pública e nem por meio da geração de crises deliberadas.
O raro pito chinês, portanto, foi um alerta: vocês estão sozinhos.
https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2020/11/26/pito-da-china-em-eduardo-bolsonaro-foi-tambem-alerta-ao-brasil-pos-trump.htm
Revealed: UK supermarket and fast food chicken linked to deforestation in Brazil
The Guardian | Jonathan Watts, Andrew Wasley, Alexandra Heal, Alice Ross, Lucy Jordan, Emma Howard and Harry Holmes | 25/11/2020, 15h
Supermarkets and fast food outlets are selling chicken fed on imported soya linked to thousands of forest fires and at least 300 sq miles (800 sq km) of tree clearance in the Brazilian Cerrado, a joint cross-border investigation has revealed.
Tesco, Lidl, Asda, McDonald’s, Nando’s and other high street retailers all source chicken fed on soya supplied by trading behemoth Cargill, the US’s second largest private company. The combination of minimal protection for the Cerrado – a globally important carbon sink and wildlife habitat – with an opaque supply chain and confusing labelling systems, means that shoppers may be inadvertently contributing to its destruction.
The broadcaster and campaigner Chris Packham said the revelations showed that consumers needed to be given more information about their food. “Most people would be incredulous when they think they’re buying a piece of chicken in Tesco’s which has been fed on a crop responsible for one of the largest wholesale tropical forest destructions in recent times,” he said.
“We’ve got to wake up to the fact that what we buy in UK supermarkets, the implications of that purchase can be far and wide and enormously damaging, and this is a prime example of that.”
The UK slaughters at least a billion chickens a year, equivalent to 15 birds for every person in the country. Many are fattened up on soya beans imported into the UK by Cargill, which buys from farmers in the Cerrado, a woody tropical savanna that covers an area equal in size to Britain, France, Germany, Italy and Spain combined.
Analysis of shipping data shows that Cargill imported 1.5m tonnes of Brazilian soya to the UK in the six years to August 2020. Biome-level export figures, collated by the supply-chain watchdog Trase, indicate that nearly half of Cargill’s Brazilian exports to the UK are from the Cerrado.
Among the most recent shipments were 66,000 tonnes of soya beans that landed in Liverpool docks in August on a Cargill-leased bulk tanker, BBG Dream. This was the focus of a collaborative investigation by the Bureau of Investigative Journalism, Greenpeace Unearthed, ITV News, and the Guardian.
The ship’s hold had been loaded in Cotegipe port terminal in Salvador, Brazil, with beans that had come from the Cerrado’s Matopiba region, including some from Formosa do Rio Preto, the Cerrado’s most heavily deforested community. As well as Cargill, the suppliers included Bunge (Brazil’s biggest soya exporter) and ADM (another leading US food producer).
After crossing the Atlantic, the entire shipment was unloaded into Cargill’s Seaforth soya crush plant in Liverpool, according to maritime and shipping records. The investigation tracked the way that grain crushed there is then trucked to mills in Hereford and Banbury, where it is mixed with wheat and other ingredients to produce livestock feed. From there, it is taken to chicken farms contracted to Avara.
Avara is a joint venture between Cargill and Faccenda Foods. It fattens up birds, which are slaughtered, processed and packaged for distribution to Tesco, Asda, Lidl, Nando’s, McDonald’s and other retailers. Avara thrives in relative obscurity. “You might not have heard of us but there’s a good chance you’ve enjoyed our products,” the company’s website says.
So where, exactly, is this soya originating from? Avara’s supplier, Cargill, buys soya from many suppliers in the Cerrado, at least nine of which have been involved in recent land clearance. Analysis by the consultancy Aidenvironment of the land owned or used by these companies since 2015 found 801 sq km of deforestation – an area equivalent to 16 Manhattans. It also detected 12,397 recorded fires.
As recently as last month, drone footage taken in Formosa do Rio Preto showed huge fires burning on Fazenda Parceiro, a farm run by SLC Agrícola, which is a supplier to Cargill. Satellite data shows the fires burned 65 sq km of the farm. More than 210 sq km has been cleared on SLC Agrícola land over the past five years, according to the Aidenvironment analysis. Cargill said it broke no rules, nor their own policies, by sourcing from the farm in question and made clear it does not source from illegally deforested land. SLC Agrícola were approached for comment but declined.
Despite this destruction, produce from these areas can be labelled as legal and sustainable in Brazil. This highlights the shortcomings of an international trade system that relies on local standards, which are often influenced by farmers focused on short-term economic profit, rather than long-term global good, which would incorporate the value of water systems, carbon sinks and wildlife habitats.
The Brazilian government has steadily relaxed controls on deforestation – and sometimes tacitly encouraged it – over the past decade, most notably by the relaxation of the Forest Code in 2012.
This is particularly true in the Cerrado, Brazil’s second biggest biome, which is being sacrificed to boost exports, keep global food prices low and reduce the impact on its neighbour, the Amazon. Farmers can legally cut and burn a higher proportion of trees in this savannah compared with the internationally scrutinised Amazon.
Many biologists believe this policy is shortsighted. The trees, shrubs and soil of the Cerrado store the equivalent of 13.7bn tonnes of carbon dioxide – significantly more than China’s annual emissions. It is the origin of so many rivers it is known as “the birthplace of waters” and home to 1,600 species of birds, reptiles and mammals (including jaguars, armadillos and anteaters) and 10,000 types of plant, many not seen anywhere else in the world.
Scientists say it will be hard – if not impossible – to save Amazonia without conserving the Cerrado. But the latter has suffered double the deforestation even though it is half the size. Between 50% and 80% of the original biome has been replaced by cattle ranches and soya farms, making this the world’s most rapidly expanding agribusiness frontier and one of the fastest shrinking areas of nature.
Whether or not Brazil deems soya from this area legal, many consumers do not want to buy products associated with deforestation.
The UK imports 700,000 tonnes of raw soya beans each year, many from the Cerrado, It also buys almost three times this quantity of processed soya feed, the majority from Argentina. The environmental impact varies hugely from country to country. But shoppers have little way of knowing whether their chicken breast or burger contributed to the problem of the Cerrado because labels provide insufficient information about origins, crops from sustainable and deforested sources can be mixed, and many firms rely on offsets.
The companies involved say they are working to lower the environmental impact of their offerings, but progress varies.
McDonald’s and Nando’s cover the volumes of soya they uses for chicken feed with sustainability “certifications”, which includes purchasing “credits” – similar to carbon offsetting. The credits support farmers producing sustainably but the actual soya in the supply chain is not necessarily from these producers and can come from deforesting farms.
McDonald’s said it aimed to eliminate deforestation from its global supply chains by 2030. A spokesman said: “We’re proud of the progress we’ve made, yet recognise there is more to do, and will continue to work hard to progress toward our goals.”
Nando’s did not provide a target date to completely phase out deforestation from its supply chain, but it said it was looking at alternatives to soya. “We recognise that there is more work to do which is why we are also investing in research looking at more sustainable feed alternatives and look forward to being able to share the results as soon as possible.”
Asda and Lidl said they were working towards buying only “physically certified” sustainable soya by 2025, but this can mean different things. Asda takes it to mean “segregated” deforestation-free soya – meaning the actual product in its supply chain must be sustainable for it to meet its goal – but Lidl clarified it was including a scheme where sustainable grain can be mixed in with product from deforesting farms. Lidl said it is currently the largest buyer of credits to offset its soya footprint.
Tesco said that it has set itself an “industry-leading” target for its soya to come from verified deforestation-free “areas” by 2025. “Setting fires to clear land for crops must stop,” a spokesperson said. “We’ve played a leading role in convening industry and government to protect the Cerrado, including committing £10m to protect the region’s biodiversity. We need our suppliers, industry, NGOs and governments to work with us to end deforestation and protect our natural environment.”
Avara, Cargill’s joint venture, said it was at the forefront of the UK’s soya purchasers, covering all its soya purchases with certification, and working to achieve much higher transparency in the supply chain. “We welcome the UK government’s proposed legislation aimed at illegal deforestation as this is aligned with these objectives and an important first step.” Avara is part of the Statement of Support for the Cerrado Manifesto and sits on the steering group of this initiative.
McDonald’s, Nando’s and the three supermarkets named have publicly expressed their support for a new agreement, similar to the moratorium in the Amazon, to stop deforestation for soya in the Cerrado, but opposition in Brazil has meant nothing has materialised.
Cargill – one of the most important players in the supply chain – has publicly said it opposes a Cerrado moratorium. At the time, it announced $30m (£22.6m) in funding efforts to address deforestation but did not specify where this would be spent. The Guardian asked Cargill why it had rejected a moratorium, but the company did not comment on this.
It expressed its commitment to a deforestation-free supply chain, however, and to supporting farmers who are working sustainably. It said: “Cargill estimates that 95.68% of our soya volumes in Brazil for the 2018-19 crop year were deforestation- and conversion-free.” The company is continuing to expand its certification programme in Brazil and Paraguay, but put the emphasis on the Brazilian legal system. “Cargill – along with our industry, farmers, local governments and customers – has accountability for transforming the food supply chain, and we are engaging with stakeholders every day to make progress,” it said. “Deforestation in that biome is, in most cases, a criminal act by Brazilian law. It must be treated that way.”
The investigation shows, however, that merely treating it as a Brazilian matter is not enough.
https://www.theguardian.com/environment/2020/nov/25/revealed-uk-supermarket-and-fast-food-chicken-linked-to-brazil-deforestation-soy-soya