O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Uma lista de reformas elaborada em 2016, muitas ainda válidas em 2021 - Paulo Roberto de Almeida

O Brasil é um país paralisado por impasses estruturais, requerendo reformas urgentes. Apresento abaixo minha lista de reformas elaborada em 14 de abril de 2016, muitas das quais ainda validas cinco anos depois. 

1) Redução radical do peso do Estado na vida da nação, começando pela diminuição à metade do número de ministérios, com a redução ou eliminação concomitante de uma série de outras agências públicas;
2) Fim do Fundo Partidário e financiamento exclusivamente privado dos partidos políticos, como entidades de direito privado que são;
3) Redução e simplificação da carga tributária, com seu início mediante uma redução linear, mas geral, de todos os impostos atualmente cobrados nos três níveis da federação, à razão de 0,5% de suas alíquotas anualmente, até que um esquema geral, e racional de redução ponderada seja acordado no Congresso envolvendo as agências pertinentes das unidades da federação dotadas de capacidade arrecadatória;
4) Eliminação da figura inconstitucional do contingenciamento orçamentário pelo Executivo; a lei orçamentária deve ser aplicada tal como foi aprovada pelo Parlamento, e toda e qualquer mudança novamente discutida em nível congressual; fica também eliminadas as emendas individuais ou dotações pessoais apresentadas pelos representantes políticos da nação; todo orçamento é institucional, não pessoal;
5) Extinção imediata de 50% de todos os cargos em comissão, em todos os níveis e em todas as esferas da administração pública, e designação imediata de uma comissão parlamentar, com participação dos órgãos de controle e de planejamento, para a extinção do maior volume possível dos restantes cargos, reduzindo-se ao mínimo necessário o provimento de cargos de livre nomeação; extinção do nepotismo cruzado;
6) Eliminação total de qualquer publicidade governamental que não motivada a fins imediatos de utilidade pública; extinção de órgãos públicos de comunicação com verba própria: a comunicação de temas de interesse público se fará pela própria estrutura da agência no âmbito das atividades-fim, sem qualquer possibilidade de existência de canais de comunicação oficiais;
7) Criação de uma comissão de âmbito nacional para estudar a extinção da estabilidade no setor público, com a preservação de alguns poucos setores em que tal condição funcional seja indispensável ao exercício de determinadas atribuições de interesse público relevante;
8) Início imediato de um processo de reforma profunda dos sistemas previdenciários (geral e do setor público), para a eliminação de privilégios e adequação do pagamento de benefícios a critérios autuarias de sustentabilidade intergeracional do sistema único;
9) Reforma radical dos sistemas públicos de educação, nos três níveis, segundo critérios meritocráticos e de resultados;
10) Reforma do Sistema Único de Saúde, de forma a eliminar gradualmente a ficção da gratuidade universal, com um sistema básico de atendimento coletivo e diferentes mecanismos de seguros de saúde baseados em critérios de mercado;
11) Revisão dos sistemas de segurança pública, incluindo o prisional-penitenciário, por meio de uma Comissão Nacional de especialistas do setor;
12) Eliminação de todas as isenções fiscais e tributárias, ou privilégios exorbitantes, associados a entidades religiosas;
13) Reforma da Consolidação da Legislação do Trabalho, no sentido contratualista, e extinção imediata do Imposto Sindical e da unicidade sindical, conferindo liberdade às entidades associativas, sem quaisquer privilégios estatais para centrais sindicais; no limite, extinção da Justiça do Trabalho, que é, ela mesma, criadora de conflitos e de extrema litigiosidade, impondo um custo enorme à sociedade;
14) Revisão geral dos contratos e associações do setor público, nos três níveis da federação, com organizações não governamentais, que em princípio devem poder se sustentar com recursos próprios, não com repasses orçamentários oficiais;
15) Privatização de todas as entidades públicas não vinculadas diretamente a uma prestação de serviço público sob responsabilidade exclusiva do setor público.

Eu teria muitas outras propostas de reformas a fazer – como por exemplo a extinção do salário mínimo para permitir pleno emprego no Brasil, a abertura ampla ao comércio e aos investimentos internacionais –, mas me contento no momento com estas quinze reivindicações para a melhoria do Brasil.
Como se pode verificar, nada disso é muito fácil, ou será conduzido de maneira exitosa nos próximos anos, ou décadas. Mas estas me parecem ser ideias mais ou menos condizentes com um Brasil liberal, ou seja, um país totalmente diferente do que tem sido historicamente e até hoje.
Ilusão, utopia da minha parte. Não creio. Nenhuma dessas propostas apresenta dificuldades técnicas, são socialmente prejudiciais ao desenvolvimento do país (ao contrário, elas permitiriam o crescimento e o desenvolvimento) ou apresentam efeitos nefastos do ponto de vista social. Elas são apenas politicamente difíceis, não porque sejam impossíveis de serem conduzidas pela via legislativa, mas porque ainda não nasceram (ou apareceram) estadistas capazes de conduzi-las, ou porque nossa classe política, nossas elites, de forma geral, estão despreparadas para enfrentar esse rol de reformas modernizadoras.
Cada vez me convenço mais que não temos propriamente um problema de atraso material a vencer, mas sobretudo alguns bloqueios mentais a serem superados. O trabalho dos liberais, nos anos e décadas à frente deve contudo orientar-se nessa direção: menos Estado, mais liberdades econômicas, mais responsabilização da classe política, maior participação e consciência cidadã.
Paulo Roberto de Almeida

Homenagem a Alfredo Bosi (1936-2021) - Lilia Moritz Schwarcz, Pedro Meira Monteiro (FSP)

 Crítico produziu interpretações originais e ácidas sobre a literatura 

Lilia Moritz Schwarcz

Pedro Meira Monteiro

Folha de S.Paulo, Ilustrada, 8 abr. 2021, p.B13

 

Com a pandemia se desenvolvendo de forma desenfreada e sem controle no Brasil, andamos perdendo vozes fundamentais na defesa da nossa tão combalida democracia. É o caso de Alfredo Bosi (1936-2021), que ocupou um lugar único na crítica literária brasileira.

Descendente de italianos do Vêneto, Bosi começou sua carreira acadêmica dando aulas de literatura italiana na USP, para onde levou seu amor pela poesia de Leopardi e pelos personagens angustiados de Pirandello. Bosi também fazia mágica ao misturar um autor como Croce, com sua ideia do sopro vital movimentando a literatura, e Gramsci, com sua atenção às contradições da sociedade capitalista incrustadas na cultura, mas também à ideia de resistência. Desse caldo improvável, bem como de uma cultura literária e filosófica extraordinária, vasta e profunda, assim como de uma militância constante contra a ditadura, nasceram algumas das interpretações mais agudas e originais da literatura brasileira e universal: Vieira, Machado de Assis, Rosalía de Castro, Cecília Meireles, Antonil, Nabuco, Graciliano, Lima Barreto—a lista é interminável.

Interessava a Bosi entender como a liberdade era escavada na escrita, algumas vezes de forma aberta, outras vezes de forma contida e recôndita como se os compromissos e a situação social e política fossem uma força operando dentro do sujeito, ao mesmo tempo contra e a favor dele. O mestre também não opunha a estética à política e aos aspectos sociais. Ao contrário, era essa a sua “dialética”. Essa contradição fundamental foi explorada em aulas na USP, já como professor de literatura brasileira, ao longo das décadas de 70 e 80, bem como no Instituto de Estados Avançados, da mesma universidade.

O resultado dessa militância do espírito, alerta dentro e fora da sala de aula, foi um livro que se tornaria um dos grandes clássicos da historiografia literária brasileira: a Dialética da Colonização, publicado pela primeira vez em 1992. Ali podem ser sentidas as principais linhas de força de sua interpretação, que estão também em outros livros, anteriores e posteriores, como O ser e o tempo da poesia (1977, com nova edição em 2000), Literatura e resistência (2002) e Ideologia e contraideologia (2010). Neles, a resistência não é vista necessariamente como ato heroico e por vezes isolado, mas como uma forma complexa de insurgência, muitas vezes torturada, sentida como contradição. As forças presentes no interior da pessoa, presas, mas capazes de atravessar a fresta de sua máscara social, o emocionavam muito.

Talvez a figura de Eugênia, nas Memórias póstumas de Brás Cubas, seja uma das que mais o fascinavam: “triste como os enterros pobres, solitária, calada, laboriosa”, até que viesse “para esta outra margem”, escreve o defunto autor. Aí estava um pensamento dialético, combinado a uma sensibilidade fina e um profundo saber histórico que superava, de longe, dicotomias fáceis como pessimismo resistente ou otimismo falastrão; negatividade diante do passado ou confiança cega no progesso. Bosi, tal qual equilibrista, era avesso à mística das ideologias, mas guardava seu afeto pelos projetos de literatos, pelas palavras deles, também entendidos como agentes sociais.

O professor viveu essa forma de resistência e de empatia irrestrita pelos pobres. Uma simplicidade franciscana o unia, em amor completo, a sua querida Ecléa, falecida em 2017, leitora profunda da poesia que ambos amavam, e ela mesma poeta cujo trabalho Alfredo Bosi recentemente recuperou e tornou público. Já o mestre buscou pelo “ser da poesia”—a imagem que “busca aprisionar a alteridade estranha das coisas e dos homens”. O casal era alimentado pela docência e pelo bom conhecimento. Ecléa era professora do Departamento de Psicologia, Bosi do Departamento de Letras, ambos da USP. Os dois lidavam, cada um à sua maneira mas em conjunto, com as tantas memórias que este Brasil costuma esquecer e deixar passar.

Um detalhe engraçado: em 2008, quando foi lançado seu primeiro livro em inglês, Alfredo Bosi fez sua única viagem aos Estados Unidos, mas apenas depois de certificar-se que George W. Bush deixara a Casa Branca. Entrando em Nova Iorque pela ponte do Brooklyn, ao entardecer, seus olhos se iluminaram: “essa paisagem mágica que conhecemos do cinema”, disse ele. Encontrou tempo para passear, comprar um presente para Ecléa, e refletir sobre aquela sociedade que via com tanta suspeita, mas cuja complexidade ele também reconhecia. Em Princeton, conheceu Ricardo Piglia e Arcadio Díaz-Quiñones, com quem descobriu afinidades profundas.

Na chácara em que moraram por muito tempo, em Cotia, Ecléa plantou uma giesta—a flor que, num poema de Leopardi, sobrevive à beira do Vesúvio, “amante de lugares do mundo abandonados, e de infelizes fados companheira”. Bosi lembrou o fato quando recebeu o título de professor emérito na USP, em 2012. A imagem da giesta atravessa sua obra e seu espírito, clara e potente, como se nela se contivesse a força insuspeitada da resistência que foi tema e prática na vida de Alfredo Bosi.

Politica Externa: vai mudar de fato? - Creomar de Souza

 

Muda-se tudo, mas se altera algo?

Como bem cita Lampedusa em sua magistral obra ‘Il Gattopardo’, algumas vezes as coisas precisam mudar para permanecerem iguais 
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As últimas semanas foram intensas em Brasília. A troca repentina de uma série de ministros deixou muita gente perplexa. Passado o susto das águas de março que alteraram a foto do ministério Bolsonaro, é legítimo perguntar se as mudanças são reais ou apenas mais um exemplo da famosa citação do Gattopardo de Lampedusa segundo a qual para que tudo fique na mesma, é preciso que alguma coisa mude.

O caso do Itamaraty, em particular, suscita dúvidas. Afinal, a Chancelaria havia se transformado, nos últimos dois anos, em espaço privilegiado de atuação do discurso ideológico que elegeu o presidente da República. Por afinidade política ou interesse em tornar-se político, o ex-Chanceler Araújo incorporou o papel de militante a serviço de uma causa. Neste processo, nitidamente, a política externa foi colocada a serviço da mobilização de setores mais extremos do bolsonarismo. 

Esse movimento, que teve sua serventia político-eleitoral, nunca redundou em um avanço real de temas importantes para o desenvolvimento nacional. Ao contrário, acarretou prejuízos evidentes no momento em que o país mais precisava de canais diplomáticos azeitados com parceiros e organismos internacionais. Não por acaso, o capítulo final do Embaixador Araújo foi marcado por um confronto desnecessário com o Senado Federal e uma carta de demissão construída às pressas diante de um cenário de descarte concreto. 

Posse do novo Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Carlos Alberto Franco França. Foto: Gustavo Magalhães/MRE/Fotos Públicas
Posse do novo Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Carlos Alberto Franco França. Foto: Gustavo Magalhães/MRE/Fotos Públicas

O novo ministro, Carlos França, assume com essa carga negativa, sucedendo um Chanceler que procurou implementar uma ruptura com as tradições do Itamaraty. O discurso de posse do novo Chanceler, por contraste com seu antecessor, foi como uma lufada de ar fresco, uma sinalização à normalidade, à ponderação e ao pragmatismo. Teria sido um discurso apenas correto em tempos normais, mas diante da comparação com o que se via no Itamaraty, assumiu ares de grande peça retórica. Foi possível ouvir de longe uma grande suspiro coletivo de alívio dos diplomatas de carreira.

De fato, em seu discurso de posse, França enfileirou conceitos que evocam a melhor tradição do Ministério.  Ao falar da importância do multilateralismo, da necessidade de construir pontes com o mundo e do uso da diplomacia como elemento de solução de controvérsias, gerou uma sensação de normalidade que permite relação direta com a substituição de Pazuello por Queiroga na Saúde. 

O discurso, por mais que tenha sido bem recebido, não foi suficiente para superar certa desconfiança em quem conhece como funciona Brasília e, em particular, como a política externa esteve sob uma tutela de núcleo bolsonarista desde o início do governo. E neste ponto há um elemento importante a ser lembrado: “na relação entre um ministro e o presidente, só um dos dois é demissível, e não é o presidente”. Este axioma serve para lembrar que muito da lealdade do antecessor de França deveu-se à percepção de que era uma peça de fácil substituição na engrenagem política do Palácio do Planalto. 

Esta percepção, obviamente, levou a um processo de sinergia e alguma submissão intelectual aos desígnios da família presidencial em termos de concepção de mundo. Ciente deste processo e do destino do seu antecessor, tal como um faquir, França tem o desafio cotidiano de não ser espetado pela cama em que decidiu deitar-se. E neste verdadeiro malabarismo que é ser ministro no Brasil de 2021, o ministro deverá pesar constantemente eventuais ajustes em nome dos interesses do país e os limites do que seria aceitável pelo próprio presidente e seus conselheiros em política externa, o próprio filho e deputado Eduardo e o assessor palaciano Filipe Martins, que segue no cargo. 

Se prevalecer a tutela palaciana, as ideias vertidas por França em seu discurso de posse não passarão de palavras ao vento e nossa diplomacia adentrará o terreno descrito por Lampedusa. A mudança não passará de uma pantomima, um teatrinho para ganhar tempo com uma aparência momentânea de normalidade. É preciso que o bom discurso do Ministro se traduza em posições concretas e ações palpáveis, de modo que  nossa diplomacia, despida da ideologia excêntrica que lhe corroeu a alma, possa contribuir efetivamente para o enfrentamento das urgências em matéria de saúde, segurança e prosperidade.


Argentina e Brasil: dois países condenados ao retrocesso? - Paulo Roberto de Almeida

 Desculpem me repetir, mas vivo angustiado com nossos retrocessos, frutos da ESTUPIDEZES dessas elites MEDÍOCRES!

Argentina: o caso mais trágico na história econômica mundial - Paulo R. de Almeida, Instituto Mises: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/04/argentina-o-caso-mais-tragico-na.html - Conheço a Argentina muito bem e os argentinos, em especial, e lamento pela decadência auto-infligida. Trágico!

Espero que o IDIOTA do Bolsovirus não se converta num Perón de araque e destrua o Brasil como Perón fez com o seu país! 

Em toda a minha vida de estudo da história econômica mundial, eu nunca encontrei um caso mais dramático como a Argentina. Talvez a China imperial, mas ela foi foi esquartejada pelo império czarista, pelos colonialistas europeus e depois pelos bárbaros japoneses, ao passo que a Argentina conseguiu se suicidar por seus próprios meios, inteiramente destruída pela ação de estúpidos nacionais (como talvez o Brasil agora), corporativos militares , mafiosos sindicais, mandarins do Estado, todos unidos, inconscientemente, no saque e na dilapidação da riqueza nacional, exatamente como estamos sendo saqueados agora pelos mandarins do Estado, pelos corruptos da política, pelos barões ladrões do empresariado, pelos gigolôs do sistema bancário, por todos os oportunistas de todos os matizes.

Lamento, sinceramente, mas estamos em uma trajetória de DECADÊNCIA que se situa entre Grécia, Itália e Argentina.

A menos que consigamos reagir. Seremos capazes?

Duvido muito: nossas elites são muito MEDIOCRES!

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 9/04/2021


Argentina: o caso mais trágico na história econômica mundial - Hilcker, Scopel Damasceno, Paulo Roberto de Almeida Instituto Mises

 A Argentina é um caso extremamente raro na história econômica MUNDIAL, de uma decadência auto-inflingida, um retrocesso brutal devido à incompetência total de suas elites, em primeiro lugar as militares, coroneis fascistas que deram início à truculência de um regime que pretendeu libertar o país da dominação oligárquica dos estancieros latifundistas, e que jogou o país nas mãos (e pés) de máfias sindicalistas corporativas (e mafiosas) que simplesmente DESTRUIRAM o país. 

O que mais me supreende é que pessoas ilustradas, os acadêmicos, se tenham deixado SEQUESTRAR por um cadáver, o de Perón (além de Evita, claro), até hoje cultuado no País como o grande líder industrializador, quando ele terminou de arrasar a Argentina, depois do golpe de 1930. 

A loucura ainda não acabou, mas não tem mais nada a ver com Perón, que é apenas utilizado e explorado por politicos oportunistas (medíocres) para explorar a credulidade de um povo reduzido à pobreza e à ignorância. Triste realmente. Mas não se animem, brasileiros, pois estamos entregues atualmente a um ESTUPIDO MONUMENTAL, capaz de dar início a uma DECADÊNCIA similar à argentina! 

Nunca subestimar a capacidade dos IDIOTAS de dominarem massas INCULTAS.

Paulo Roberto de Almeida

A lição argentina 

Imagine se pudéssemos viajar no tempo, ou, imagine ainda, se fôssemos habitantes deste mundo entre o final do século XIX e início do século XX. Poderíamos prever que uma das nações mais promissoras do mundo teria 44% da sua população na pobreza no século XXI?

Não é segredo para ninguém que nossos hermanos já foram uma das maiores economias do mundo. Em 1896, a Argentina possuía o maior PIB per capita do mundo, de acordo com a base do Maddison Project, de Angus Maddison. Para se ter uma ideia, um argentino era 29% mais rico que um francês, 14% mais rico que um alemão, 3 vezes mais rico que um japonês e 5 vezes mais rico que nós, brasileiros.

Está pensando em viajar? Fique tranquilo! Um peso argentino atualmente equivale a 0,0632 reais. Embora muitos estabelecimentos queiram te cobrar em dólar americano, para minimizar o impacto da desvalorização da própria moeda, ainda é possível encontrar um bom vinho argentino por cerca de R$ 5,00 em um supermercado.

Mas porque a Argentina fracassou em sua efêmera “primavera econômica”? 

Apesar de todo o sucesso econômico devido à forte agricultura exportadora, principalmente pela vitória liberal sobre os federalistas antes dos anos 40, quando permitiu-se o crescimento econômico devido ao investimento estrangeiro e à criação das grandes ferrovias graças ao investimento Britânico, após a Segunda Guerra Mundial nasceu uma forte corrente nacionalista, de política das massas, advinda do peronismo, que teve como principal corrente o intervencionismo estatal. Essa mentalidade faz parte da política argentina até hoje.

Com o peronismo, ferrovias e companhias elétricas, setores antes privatizados, foram novamente estatizados, juntamente com a administração do Banco Central. Além disso, medidas no âmbito social também foram aplicadas por meio da intervenção estatal, como aumento de salários, férias remuneradas, licenças por doenças, preço fixo de aluguel, controle de preço de mercadorias, planos de habitação e a construção de escolas. Em princípio, essas medidas aumentaram o poder de consumo e qualidade de vida da população, mas, principalmente pelo controle de preços e aluguéis, o salário anteriormente elevado foi consumido pela inflação.

O assunto por trás de toda a história econômica da Argentina é demasiadamente longo para ser explorado somente em um artigo. O fator principal sobre que precisamos refletir é a relação de causa e efeito da história da Argentina, com a história de outros países (Venezuela e Cuba, por exemplo) que seguiram o mesmo caminho, e, principalmente, como a mentalidade peronista está entranhada na cultura política argentina até os dias de hoje (é possível encontrar políticos de direita e esquerda que pactuam deste pensamento). 

O discurso dos grandes líderes, que acreditam na intervenção estatal como método ideal para melhorar a qualidade de vida das pessoas, é sempre o mesmo. Baseia-se na intervenção do Estado com o controle das ações econômicas, por meio de uma planificação, com práticas e discursos nacionalistas, populistas e anticapitalistas.

O que não se percebe é que, embora algumas medidas tragam uma sensação de justiça a curto prazo, elas influenciam diretamente na liberdade do indivíduo (ex.: controle de aluguéis) e causam, à longo prazo, mais malefícios que benefícios. Intervir na economia é não permitir que o mercado se regule, é não permitir que o rio siga seu fluxo. Exemplos históricos sempre nos mostraram que o fim do curso d’água é o fundo do poço. A questão agora é saber se nossos “hermanos” conseguirão se livrar das amarras das velhas ideias e terão força para retomar o curso do “Sonho Argentino”.

* Artigo publicado originalmente no site do Instituto Líderes do Amanhã por Hilcker Scopel Damasceno.


quinta-feira, 8 de abril de 2021

Debate na ABI sobre Hipólito José da Costa, com Silvio Tendler (autor do documentário), Cacá Diegues, Isabel Lustosa, Ricardo Cota e Paulo Roberto de Almeida

Já indiquei aqui o link para o filme 

Preto no Branco, de Silvio Tendler:

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/04/filme-preto-no-branco-censura-antes-da.html

sobre a vida de Hipólito da Costa, que contou basicamente com a direção intelectual do grande jornalista Alberto Dines e da historiadora Isabel Lustosa, editores da edição fac-similar de todos os números do Correio Braziliense (1808-1822), com o qual colaborei num volume suplementar de ensaios sobre Hipólito e a sua época.


Agora tenho o link para o debate realizado no dia 6/04/2021, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, coordenado pelo Ricardo Cota e com intervenções e diálogos do próprio Silvio Tendler, Cacá Diegues, Isabel Lustosa e eu. Neste link: 

https://www.youtube.com/watch?v=6c9hiiYm7rg

Aqui estão as perguntas feitas na ocasião:

Associação Brasileira de ImprensaA ABI convida todos a participar do debate com perguntas e considerações, e também a se inscrever no nosso canal.

Noilton Nunesviva a tecnologia viva a ABI viva Zezé viva Cineclube Macunaíma. viva Tendler que é um beija filmes. por onde passa ele beija cineclubes Viva Ricardo. viva mil vezes ao Cacá. parabéns para todos nós

Henri OkajimaBoa noite!

Ricardo Cotaperguntem por favor

Ricardo Cotaboa noite

Noilton Nunesfaltou no filme do Silvio a marcha carnavalesca Imprensa que gosto.

Marialva MonteiroBoa noite a todos!

Heloisa JardimMuita dificuldade na internet para chegar aqui.Acabei de assistir o filme impactante . Emocionante assistir o Alberto Dines que eu segui uma vida. Parabéns Silvio Tendler .

Henri OkajimaApós assistir o filme, me pareceu que a capacidade de produção de textos do Hipolito era considerável. Foi assim devido à formação do Hipólito ou ele foi de fato um ponto fora da curva?

Noilton NunesParabéns para a Izabel uma das mais iluminadas intectuais da atualidade.

Marialva MonteiroO filme tem que ser exibido nos cursos de jornalismo

Heloisa JardimHipólito José da Costa um maçom libertário?

 Ricardo Cotapodem perguntar mai

Henri Okajimainteressante mesmo, entendi, obrigado profa. Isabel.

Noilton NunesCacá saiu hoje a notícia que a TV BRICS vem aí. É a nova impressora Gutemberguiana capaz de desequilibrar a velha mídia internacional?

A decade after the Global Recession: lessons and challenges for Emerging and Developing Econômies - World Bank book (2021)

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April 2021. 432 pages.
English Version. Paperback.
ISBN: 978-1-4648-1527-0.
Price: $55.00 

Most emerging market and developing economies weathered the 2009 global recession relatively well, in part by using the sizable fiscal and monetary policy ammunition accumulated during prior years of strong growth. However, their growth prospects have weakened since then, and many now have less policy space.

This study provides the first comprehensive stocktaking of the past decade from the perspective of emerging market and developing economies. Many of these economies have now become more vulnerable to economic shocks.The study discusses lessons from the global recession and policy options for these economies to strengthen growth and prepare for the possibility of another global downturn.

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