O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Países de origem dos acessos a meus trabalhos em Academia.edu - Paulo Roberto de Almeida

 Minha pequena ONU dos países que mais acessam meus trabalhos na plataforma Academia.edu (sem ordem linear por volume, apenas pelos acessos do último mês).

 Depois do Brasil, o "desconhecido" é o mais frequente: aparece seis vezes mais do que o segundo país, os EUA (acredito que sejam olheiros da CIA, do FSB, do Mossad, do MI6, da ABIN e outros bisbilhoteiros...)


1)    Brazil 134.559

2)    Unknown 96.710

3)    United States 15.086

4)    Portugal 3.899

5)    Puerto Rico 117

6)    France 2.121

7)    Spain 1.506

8)    Mozambique 2.147

9)    Korea 144

10) Canada 637

11) Mexico 510

12) Japan 306

13) Germany 750

14) Russian Federation 452

15) Switzerland 388

16) Belgium 577

17) Italy 570

18) United Kingdom 1.098

19) Argentina 1.088

20) Colombia 341

21) Ecuador 284

22) Angola 1.441

23) Netherlands 334

24) Morocco 143

25) Guatemala 54

26) Norway 40

27) Uruguay 362

28) Ireland 120

29) Peru 290

30) Chile 316

31) Cuba 51

32) Cape Verde 276

33) Costa Rica 45

34) Jamaica 23

35) Tunisia 24

36) Bolivia 116

37) Austria 100

38) Paraguay 248

39) Turkey 200

40) Singapore 55

41) Venezuela 206

42) Algeria 48

43) C.te D'Ivoire 102

44) Finland 58

45) Congo 15

46) Australia 245

47) Poland 117

48) Kazakhstan 12

49) Hungary 96

50) Nicaragua 54

51) Viet Nam 48

52) China 155

53) Kenya 39

54) Senegal 96

55) Egypt 91

56) Suriname 38

57) Trinidad and Tobago 18

58) Malta 5

59) Czech Republic 66

60) Iraq 9

61) Honduras 38

62) Mali 33

63) Cameroon 44

64) Belarus 54

65) Guadeloupe 22

66) Philippines 100

67) Panama 45

68) Cyprus 20

69) Taiwan 34

70) Sweden 101

71) India 310

72) Zimbabwe 10

73) Zambia 25

74) Yemen 2

75) Saint Vincent-Grenedines 1

76) Uzbekistan 4

77) Uganda 12

78) Ukraine 100

79) Tanzania 21

80) Timor-Leste 47

81) Thailand 34

82) Togo 40

83) Chad 5

84) Swaziland 1

85) El Salvador 39

86) Sao Tome and Principe 97

87) Somalia 2

88) Sierra Leone 6

89) Slovakia 48

90) Slovenia 60

91) Sudan 6

92) Seychelles 1

93) Saudi Arabia 17

94) Rwanda 26

95) Serbia 40

96) Romania 207

97) Réunion 4

98) Qatar 7

99) Palestinian Territory 7

100)     Pakistan 60

101)     Papua New Guinea 3

102)     Oman23

103)     New Zealand 36

104)     Nepal 26

105)     Nigeria 110

106)     Niger 10

107)     New Caledonia 1

108)     Namibia 30

109)     Malaysia 56

110)     Malawi 2

111)     Mauritius 9

112)     Mauritania 3

113)     Martinique 5

114)     Macao 11

115)     Mongolia 3

116)     Myanmar 2

117)     Macedonia 22

118)     Madagascar 20

119)     Montenegro 5

120)     Moldova 16

121)     Libya 1

122)     Latvia 2

123)     Luxembourg 44

124)     Lithuania 13

125)     Lesotho 1

126)     Liberia 3

127)     Sri Lanka 27

128)     Saint Lucia 6

129)     Lebanon 112

130)     Kuwait 10

131)     Comoros 1

132)     Cambodia 4

133)     Kyrgyzstan 4

134)     Jordan 31

135)     Jersey 1

136)     Iceland 3

137)     Iran 23

138)     Israel 87

139)     Indonesia 145

140)     Haiti 51

141)     Croatia 19

142)     Hong Kong 63

143)     Guyana 4

144)     Guinea-Bissau 49

145)     Greece 110

146)     Equatorial Guinea 2

147)     Guinea 9

148)     Ghana 20

149)     French Guiana 12

150)     Georgia 7

151)     Gabon 18

152)     Fiji 2

153)     Ethiopia 68

154)     Estonia 27

155)     Dominican Republic 77

156)     Denmark 96

157)     Congo 26

158)     Belize 10

159)     Botswana 2

160)     Bhutan 2

161)     Bahamas 2

162)     Benin 15

163)     Burundi 4

164)     Bahrain 3

165)     Bulgaria 56

166)     Burkina Faso 8

167)     Bangladesh 18

168)     Barbados 1

169)     Bosnia-Herzegovina 48

170)     Azerbaijan 13

171)     Aruba 2

172)     Armenia 6

173)     Albania 8

174)     Afghanistan 6

175)     United Arab Emirates 23

176)     Andorra 1 

Ernesto mina trabalho de novo chanceler e tenta manter influência ideológica no Itamaraty - Ricardo Della Coletta (FSP)

 Nas redes, Ernesto mina trabalho de novo chanceler e tenta manter influência ideológica no Itamaraty


Folha de S. Paulo, 9.mai.2021 às 17h32
Ricardo Della Coletta

Interlocutores apontam ambições políticas como justificativa para comentários de ex-chanceler

Com uma série de publicações nas redes sociais, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e membros da ala ideológica do governo têm criado constrangimentos e minado o trabalho do novo chanceler, Carlos França.

A avaliação foi feita à Folha por interlocutores no governo Jair Bolsonaro, que consideram as recentes publicações de Ernesto um empecilho para a guinada pragmática que França tenta empreender na chancelaria.

No feriado de 1º de maio, Ernesto afirmou que a partir do ano passado, com a pandemia, uma "reação do sistema" começou a "desmantelar" esperanças geradas com a eleição do presidente Bolsonaro em 2018.

"Hoje o povo brasileiro tem a oportunidade de recuperar sua esperança, ao pedir ao presidente Bolsonaro simplesmente que ele volte a ser o presidente eleito em 2018, aquele que prometeu derrotar o sistema, o líder de uma transformação histórica e constitucional, o portador de uma missão", escreveu.

Mas antes disso Ernesto já havia feito manifestações que deixam evidente sua discordância com França, criando no Itamaraty uma situação inusitada: a de um ex-chanceler que, mesmo permanecendo na ativa na carreira, alfineta a atual gestão.

Em uma sequência de publicações em que se defendeu das acusações de que era um empecilho para a obtenção de vacinas, Ernesto disse em 17 de abril que a situação do Brasil no tema “não mudou” desde que deixou o cargo. “Ou mesmo em alguns casos sofreu adiamentos depois disso. Dificuldades seguem no mundo todo. Minha atuação não foi empecilho para nada.”

Ele também destacou que até aquele dia, desde que deixara o cargo, não tinham chegado ao Brasil novas vacinas. E atribuiu sua queda à "armação de uma falsa narrativa" para tirar o ministério das Relações Exteriores de um projeto que, segundo ele, era transformador.

Dez dias depois, em uma sequência de tuítes sobre Mercosul, Ernesto afirmou que um de seus objetivos foi resgatar o “sentimento da liberdade” nas discussões internacionais, mas sugeriu que essa meta foi abandonada.

“O mundo deixou que a ideia e o sentimento da liberdade fossem excluídos do centro das discussões internacionais. O Brasil agora quer ajudar a corrigir isso, em nível global ou regional. E o Mercosul pode fazer parte deste novo mundo com a liberdade em seu centro”, escreveu.

Ernesto é um diplomata da ativa e em tese não poderia emitir opiniões pessoais sobre a condução da política externa brasileira sem autorização.

Mas interlocutores ouvidos pela Folha opinam que França, mesmo que incomodado, não tem condições políticas de repreender seu subordinado.

Isso porque Ernesto ainda conta com apoio de Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Em discursos recentes, por exemplo, Bolsonaro fez questão de elogiar o ex-ministro.

A avaliação entre diplomatas é que Ernesto, alçado à posição de ídolo de movimentos conservadores e do núcleo duro do bolsonarismo, está se preparando para a disputa de um cargo eletivo no Legislativo.

Ainda de acordo com diplomatas, trata-se de uma das poucas opções do ex-ministro, uma vez que ele deixou o comando do Itamaraty sob um intenso desgaste com o Congresso. Nesse quadro, é improvável que ele consiga aval do Senado para assumir alguma embaixada no exterior, ao menos no curto prazo.

Ernesto não é o único que tenta, através das redes sociais, manter a chama do bolsonarismo viva no Itamaraty.

Recentemente, Eduardo Bolsonaro elogiou no Twitter o movimento encampado pelo presidente de El Salvador, Nayib Bukele, pelo qual o Congresso do país destituiu cinco juízes que compõem o Tribunal Constitucional, além do procurador-geral.

Bukele “tem maioria dos parlamentares em seu apoio”, escreveu Eduardo. “Agora, o Congresso destituiu todos os ministros da suprema corte por interferirem no Executivo, tudo constitucional. Juízes julgam casos, se quiserem ditar políticas que saiam às ruas para se elegerem.”

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/05/nas-redes-ernesto-mina-trabalho-de-novo-chanceler-e-tenta-manter-influencia-ideologica-no-itamaraty.shtml

Ativismo diplomático sem bom conteúdo de nada serve ao povo brasileiro - senadora Kátia Abreu, presidente da CREDN-SF (OESP)

Opinião 

Ativismo diplomático sem bom conteúdo de nada serve ao povo brasileiro
      
Kátia Abreu, O Estado de S.Paulo
10 de maio de 2021 | 03h00

A política externa precisa retornar ao seu leito normal. Estamos tentando reunir esforços das diversas instâncias do Estado brasileiro para que a diplomacia volte a ser a voz da moderação e do consenso. Uma voz ativa e propositiva, engajada na construção de um futuro melhor, verdadeiramente sustentável e inclusivo. Ficar contra o mundo deixou de ser uma opção.

Os devaneios ideológicos e incidentes diplomáticos acumulados nos últimos anos causaram imenso prejuízo ao Brasil: um forte desgaste de nossa imagem no exterior, o surgimento de obstáculos a negociações comerciais estratégicas, a retração do fluxo de investimentos e um letal atraso na aquisição de vacinas.

Daqui em diante, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado pretende evitar que semelhantes erros se repitam. Vamos atuar como instância complementar do processo de reconstrução da política externa brasileira. Pretendemos agir em defesa do interesse nacional, conforme nos instruem os artigos 4, 49 e 52 da Constituição. Nosso compromisso é impedir equívocos que possam afetar a renda, o emprego e a saúde dos brasileiros.

Uma política externa compatível com o interesse público observa três pilares: 1) os objetivos estratégicos do Brasil, voltados para o desenvolvimento sustentável da Nação e o bem-estar do nosso povo; 2) a dinâmica internacional e suas tendências de médio e longo prazos; e 3) nossa experiência histórica, com seus êxitos e fracassos. Vale ressaltar que diplomacia não é política externa. Política externa é a substância que rege os interesses de um país no mundo. E diplomacia é o método pelo qual se executa a substância. Ativismo diplomático sem a preponderância de bom conteúdo em nada serve às necessidades do povo brasileiro.

O Senado espera do Itamaraty relatório pormenorizado das propostas que a política externa terá para os anos de 2021 e 2022, os recursos financeiros que serão empregados em cada ação, os responsáveis designados para cada iniciativa, os resultados esperados para o País e uma análise de risco quanto aos projetos propostos. Isso se chama, em linguagem técnica, planejamento estratégico. Como escreveu Machado de Assis, “o esperado nos mantém fortes, firmes e em pé. O inesperado nos torna frágeis e exige recomeços”.

É preciso traduzir objetivos e metas em resultados, com indicadores claros, para que o Senado e o público em geral possam monitorar o bom uso dos recursos públicos. Nesse desenho, a demanda do Senado busca compreender com clareza os objetivos internacionais do País e prestar contas aos seus constituintes – o povo brasileiro.

O mundo hoje avança para um novo ordenamento, centrado no desenvolvimento sustentável, na economia verde e nas tecnologias inovadoras. A proteção do meio ambiente e o acesso à tecnologia 5G serão elementos decisivos. Equívocos em tais áreas podem resultar em danos ao comércio exterior do Brasil, ao setor produtivo e às famílias brasileiras. O agronegócio – carro-chefe da nossa economia – deve abraçar o desenvolvimento sustentável. Somos, por natureza, uma potência climática e uma potência agrícola. Temos vocação para as energias limpas, para a preservação da biodiversidade e para a agropecuária sustentável. Seria tolo e antieconômico abrir mão dessas conquistas.

Ao contrário, devemos estar atentos às novas oportunidades. O correto acesso dos brasileiros às plataformas de inovação, como no caso do 5G, vai permitir a todo o País avançar em qualidade, produtividade e sustentabilidade, de modo a ampliar a sua participação numa economia global cada vez mais exigente e competitiva. Não menos relevante: precisamos de políticas específicas para desenvolver e aprofundar as relações bilaterais com os Estados Unidos e com a China. Não pode ser “um” ou “outro”. Não são parcerias estratégicas excludentes. Em defesa do nosso interesse nacional, precisamos extrair o melhor de cada uma dessas duas superpotências.

A América do Sul é a nossa circunstância. Por isso, precisamos estar atentos e engajados numa clara política exterior para a região. Liderança não vem a reboque da inércia. O Brasil precisa definir com clareza como quer projetar o seu poder e como quer ser indutor do desenvolvimento no contexto regional.

O Brasil necessita, ainda, reativar a sua interlocução com os países africanos. O que nos une é incomensurável e, portanto, não podemos seguir equidistantes.

Igualmente devemos buscar uma relação estável e respeitosa com as potências europeias.

Garantir que essas mudanças se concretizam é o papel constitucional do Senado e as pessoas esperam de nós ousadia e coragem. Só assim vamos seguir em busca de um País mais justo, um Brasil seguro de si mesmo, uma Nação fortalecida pelo respeito ao meio ambiente e pelo cumprimento dos direitos humanos.

SENADORA (PP-TO), PRESIDE A COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL DO SENADO, FOI MINISTRA DA AGRICULTURA (GOVERNO DILMA ROUSSEFF) E PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL

https://opiniao.estadao.com.br/noticias/espaco-aberto,metodo-e-substancia,70003709367

Ernesto mobilizou Itamaraty para garantir cloroquina, mesmo após alertas - Patrícia Campos Mello (FSP)

 Telegramas mostram que Ernesto mobilizou Itamaraty para garantir cloroquina, mesmo após alertas


Em telefonema, Bolsonaro disse ao premiê indiano que havia resultados positivos da droga contra Covid no Brasil

Folha de S. Paulo, 9.mai.2021 às 23h15
Patrícia Campos Mello

O ex-chanceler Ernesto Araújo mobilizou o aparato diplomático do Brasil para garantir fornecimento de cloroquina ao país, mesmo após a Organização Mundial da Saúde ter interrompido testes clínicos com a droga e depois de associações médicas terem alertado para a ineficácia e o risco de efeitos colaterais.

Isso é o que revelam telegramas diplomáticos obtidos pela Folha e informações de pessoas envolvidas nas negociações. O ex-ministro, que pediu demissão no fim de março, será ouvido na CPI da Covid na próxima quinta (13), para explicar se houve prejuízo na aquisição de insumos e vacinas por causa da política externa de sua gestão.

A corrida do Itamaraty atrás da cloroquina começou pouco depois de o presidente Jair Bolsonaro falar em "possível cura para a doença" em suas redes sociais, em 21 de março do ano passado.

"Hospital Albert Einstein e a possível cura dos pacientes com Covid-19. Agora há pouco os profissionais do hospital Albert Einstein me informaram que iniciaram um protocolo de pesquisa para avaliar a eficácia da cloroquina nos pacientes com Covid-19", escreveu ele.

Um dia antes, a Prevent Senior e o hospital Albert Einstein haviam anunciado que tinham iniciado estudos com o medicamento. Em declaração durante reunião do G-20, em 26 de março, relatada em telegrama, Bolsonaro apontou para “testes bem-sucedidos, em hospitais brasileiros, com a utilização de hidroxicloroquina no tratamento de pacientes infectados pela Covid-19, com a possibilidade de cooperação sobre a experiência brasileira”.

No mesmo dia, mesmo não existindo nenhum “teste bem-sucedido” em hospitais brasileiros, o ministério das Relações Exteriores pediu, em telegrama, que os diplomatas tentassem “sensibilizar o governo indiano para a urgência da liberação da exportação dos bens encomendados pelas empresas antes referidas [EMS, Eurofarma, Biolab e Apsen] e outras que se encontrem em igual condição, cujo desabastecimento no Brasil teria impactos muito negativos no sistema nacional de saúde”. Na época, o governo indiano havia restringido a exportação da cloroquina.

Em outra comunicação, no dia 15 de abril, o ministério pede que a embaixada na Índia faça gestões junto ao governo indiano para liberar uma carga de hidroxicloroquina comprada pela empresa Apsen antes de a exportação ser vetada por Déli e para que a venda da droga seja normalizada.

Durante todo o mês de abril, houve inúmeros pedidos do Itamaraty para obtenção de cloroquina —defendida por Bolsonaro como “cura” para a Covid-19.

Um dos telegramas, por exemplo, afirma que o Itamaraty teria pedido à Organização Pan-Americana de Saúde que entrasse em contato com o governo indiano para conseguir a liberação de um lote de milhões de doses de hidroxicloroquina.

Em outro, datado de 24 de abril, o ministério pede apoio para uma farmacêutica brasileira conseguir importar sulfato de hidroxicloroquina e relata que ela forneceria habitualmente para "FURP [Fundação para o Remédio Popular], Fiocruz, LAQFA [Laboratório Químico-Farmacêutico da Aeronáutica] e Laboratório do Exército". Na comunicação, o ministério pede à embaixada que sejam feitas gestões junto ao governo indiano para liberar a carga.

Mesmo depois de a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e a Associação de Medicina Intensiva Brasileira desaconselharam o uso da cloroquina contra a Covid e apontarem efeitos colaterais graves, em 19 de maio, o Itamaraty continuou acionando o corpo diplomático, em telegramas em junho, para garantir o fornecimento de hidroxicloroquina.

Já o empenho do Itamaraty para garantir vacinas e medicamentos da China foi muito menor do que o dedicado à cloroquina. Até novembro de 2020, o ministério não havia enviado instruções específicas para diplomatas prospectarem potenciais fornecedores de vacinas ou medicamentos na China, segundo pessoas envolvidas em negociações.

A China é o país que mais produz imunizantes contra a Covid e foi alvo de ataques constantes durante a gestão de Ernesto. O país tem cinco vacinas aprovadas pelas autoridades sanitárias locais, entre elas a da gigante Sinopharm —ainda que os produtos chineses tenham eficácia menor do que os da Pfizer e da Moderna, por exemplo.

Das chinesas, o Brasil só usa a Coronavac, da Sinovac, produzida em parceria com o Instituto Butantan, em acordo fechado pelo governador de São Paulo, João Doria. Mais de 80% das doses administradas no Brasil são de Coronavac. Segundo pessoas envolvidas na negociação, houve apenas pedidos vagos de informação sobre os desenvolvimentos na área de vacinas, mas nenhuma orientação ativa para obter vacinas, ao contrário do que foi feito com a cloroquina.

Só a partir deste ano, a embaixada do Brasil na China foi acionada para fazer gestões pela liberação de insumos para a produção de vacinas da AstraZeneca.

Um telegrama de 4 de abril de 2020 relata que o presidente Bolsonaro teria dito, em conversa telefônica com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que o Brasil havia tido “resultados animadores” no uso da hidroxicloroquina para tratar pacientes com Covid-19.

No entanto, não houve no Brasil nenhum estudo considerado padrão-ouro (randomizado, duplo-cego e com grupo controle) que demonstrasse eficácia da hidroxicloroquina contra a doença. Só duas semanas após o telefonema de Bolsonaro, a Prevent Senior divulgou um estudo preliminar, que foi considerado falho, incompleto e com indícios de fraude.

O Albert Einstein também conduzia um estudo com um grupo de hospitais sobre o uso da hidroxicloroquina —o resultado, divulgado no fim de julho, aponta que a droga não mostrou efeito favorável na evolução clínica de pacientes adultos hospitalizados com formas leves ou moderadas de Covid-19.

No telefonema ao premiê indiano, relatado no telegrama, Bolsonaro pedia a Modi a liberação de carregamentos de hidroxicloroquina adquiridos por empresas brasileiras, dizendo ser “um apelo humanitário” e afirmando que a cloroquina “poderia salvar muitas vidas no Brasil”.

A reportagem entrou em contato com o Itamaraty por e-mail e telefone em busca de posicionamento do ministério e do ex-ministro Ernesto Araújo sobre a questão. Até o fechamento desta edição, o Itamaraty não havia respondido.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/05/telegramas-mostram-que-ernesto-mobilizou-itamaraty-para-garantir-cloroquina-mesmo-apos-alertas.shtml


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Permito-me remeter a minha postagem sobre essa matéria: 

O EMBUSTEIRO do Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida

 O EMBUSTEIRO do Itamaraty

Paulo Roberto de Almeida


Manchete da Folha de S. Paulo desta segunda-feira 10/05/2021:

“Ernesto usou o Itamaraty para garantir cloroquina”

(Segue matéria de primeira página, da Patrícia Campos Mello,  sobre como o patético ex-chanceler acidental fez de tudo para secundar os intentos criminosos do “querido chefe”.)

Acabo de colocar um ponto final em meu quarto, e esperava que fosse o último livro da série do bolsolavismo diplomático, cujo titulo é, como apropriadamente sugerido por meu amigo e colega Miguel Gustavo De Paiva Torres, O Itamaraty Sequestrado (subtítulo: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo, 2018-2021).

Parece que vou ter de continuar nessa senda infeliz, pois tenho de denunciar uma vez mais o PIOR chanceler de nossa história diplomática como um verdadeiro EMBUSTEIRO!

O que é exatamente um embusteiro?

Vou socorrer-me, para definir o termo, de ninguém menos do que Adam Smith, em sua Teoria dos Sentimentos Morais (1759):

“Dizer para uma pessoa que ela é embusteira constitui a mais mortal das afrontas. (...) O homem que padecesse da desgraça de pensar que ninguém fosse acreditar em uma só palavra do que dissesse, se sentiria um pária na sociedade humana, se espantaria ante a mera ideia de integrar-se a ela ou de apresentar-se a ela, e penso que quase com certeza morreria de desespero.”

Como todos sabem, o infeliz e desastroso ex-chanceler já confessou publicamente que não se sente desconfortável em ser um pária reconhecido, mesmo pretendendo defender a “liberdade” (apenas para si, pois que aprisionou todos os diplomatas e o próprio Itamaraty na imbecilidade do antiglobalismo conspiratório a que se rendeu, por submissão vergonhosa a uma malta de aloprados).

Sinceramente não creio que o patético, desequilibrado e infeliz ex-chanceler vai se sentir desesperado por ser, de fato, um EMBUSTEIRO, mas é o que será considerado quando se apresentar na CPI da Pandemia, pois quem é que vai acreditar em suas palavras, na miserável defesa que fizer de sua DESASTROSA gestão à frente do Itamaraty? Penso até que vai “pazuelizar”, ou seja, tentar escafeder-se de comparecer, pois deve saber que estará mentindo o tempo todo.

Denuncio formalmente o EMBUSTEIRO do pior chanceler EVER por ter tentado DESTRUIR a diplomacia e o Itamaraty, como explico em meu quarto livro de um ciclo que não deveria existir.

Como sempre, assino embaixo do que escrevo.

Paulo R. de Almeida

Brasilia, 10/05/2021