O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Russia’s war of aggression against Ukraine - NYT briefing

 

Welcome to the New York Times Russia-Ukraine War Briefing, your guide to the latest news and analysis about the conflict.

October 27, 2022

Meal time for Ukrainian soldiers near the front line in the Kherson region yesterday.Ivor Prickett for The New York Times

Mud deepens, battles rage

As the war looks set to drag on over the winter, both the Russian and Ukrainian armies are dealing with autumn mud that is complicating movements across the battlefields. Fighting remains intense in the east, and what could be one of the most consequential battles of the war is shaping up in the south, around the city of Kherson.

In Russian, the word for the muddy season is “rasputitsa,” and in Ukrainian, it’s “bezdorizhzhya.” Both essentially mean “bad roads.” And without roads, the Ukrainian advance will move more slowly, Oleksiy Reznikov, Ukraine’s defense minister, told reporters this week.

The Ukrainian military said today that Russia had sent roughly 1,000 troops to defend Kherson, the first major city to fall to the Russians after the invasion started eight months ago. Russian-installed officials said today that civilian evacuations from Kherson were complete.

The British defense ministry said in an intelligence update that Russia had most likely reinforced its troops in Kherson with mobilized reservists, and that Russian forces were transitioning to a “long-term, defensive posture on most areas of the front line.”

Ukrainian forces recaptured Velyka Oleksandrivka in the Kherson region this month.Ivor Prickett for The New York Times

Kherson is the gateway to both Russian-held Crimea in the south and Ukraine’s Black Sea ports to the west, including Odesa. Its loss would be a severe blow for Putin, who has rejected his commanders’ requests that their forces be allowed to retreat from the city.

Ukraine continues to hit Russian positions in and around Kherson, including carrying out a deadly strike this week on a building used by Russian forces. The Chechen leader Ramzan Kadyrov, who has sent units from Chechnya to fight in Ukraine, said at least 23 Russian soldiers had been killed and more than 50 had been injured.

In the Luhansk region of eastern Ukraine, Ukrainian forces were trying to surround the important city of Kreminna, which the Russians captured in April. Retaking Kreminna would allow Ukraine to disrupt a vital Russian logistical supply artery.

Also on the eastern front, Russian forces continued their assault on the city of Bakhmut, where they have failed to gain significant ground despite months of daily bombardments.

President Volodymyr Zelensky said this week that the fighting in Bakhmut was some of the heaviest in the war.

“The craziness of the Russian command is now most visible there,” he said. “Day after day for months, they drive people there to death, concentrate the maximum power of artillery strikes there.”

A basement of a school in Velyka Oleksandrivka, which Russian forces had used as a base.Ivor Prickett for The New York Times

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Marcio Fortes, ex-presidente do BNDES, explica sua opção por Lula e sua total rejeição de Bolsonaro

Depoimento do Márcio Fortes, ex-presidente do BNDES, ex-secretário de Indústria do governo Marcelo Alencar

Caros amigos de e para sempre! Sobretudo na rede, não se pode escrever muito. Vou tentar. Votarei em Lula e estou confortável. Jamais votei no PT, que me espezinhou muito antes e depois dos 12 anos que fui deputado. 

Entretanto, estudando, lendo, conversando e pensando, escolhi um governo de União Nacional e transitório. 

Estou em boa companhia. A maioria da minha família política - que faz política comigo - está nesta opção. Listei mais de 200 nomes conhecidos, a partir de FHC e José Serra, Nelson Jobim, Persio Arida, Candido Bracher, José Olympio Pereira, Malan, Armínio, Bacha, Gustavo Krause, André Lara Resende, Samuel Pessoa, Hussein Kalout, Henri Reischtul, Emerson Kapaz, Ana Toni, Isabella Teixeira, Horácio Lafer Piva, Eduardo Giannetti, Jacob Kligerman, Antônio Britto, Cristovam Buarque, Elena Landau, Gabeira Jerson Kelman, Tasso, José Roberto Mendonça de Barros, João Amoêdo, ufa!, mais uns cem nomes conhecidos, fora os que só eu sei quem são. 

Reli as obras contemporâneas PORQUE AS NAÇÕES FRACASSAM e COMO AS DEMOCRACIAS MORREM. Além disso, tenho o desprazer de conhecer o Jair - fui à casa dele aqui no Rio, viajamos uma vez ao Peru e estivemos juntos em Dallas em 2019. 

O projeto de seu possível novo governo é estragar de vez a educação e a saúde publicas, acabar com a cultura, o patrimônio ambiental,  a diplomacia, a ciência e a laicidade da política. 

Se possível, esticar sua permanência na Presidencia, através dele mesmo ou de um dos filhos. Mudar a Constituição com o Centrão será ainda mais fácil do que já é hoje. Governo dos piores nomes do Brasil, encastelados na Casa Civil e  nas presidências das casas do Legislativo. Tudo liderado por um bárbaro, primário inculto, cheio de preconceitos e apologista da tortura. 

Entretanto, respeito as opiniões divergentes e mesmo opostas, como aprendi e me acostumei a fazer. 

O que me entristece no momento é a criminalização de minhas posições. Sou acusado de mau brasileiro, indiferente à família (!!!), evitado  em ambientes que sempre foram amigáveis. 

Pena, para o Brasil. 

É verdade verdadeira que o PT e Lula cometeram muitos erros graves. Não estarei votando no PT, mas no Lula e no Geraldo, pela pluralidade e abertura, além da transitoriedade. Desculpem o excesso de palavras. 

Nâo pretendo mudar o voto de ninguém, mas colocar minha posição e disposição de esclarecimento e argumentação. Como alías faço há décadas, ainda como estudante - fui presidente do Diretório Acadêmico - e empresário - presidi o Sindicato de Construção do Rio com 25 anos de idade. Exerci à presidência do BNDES, fui secretário de obras do Rio e de Indústria e Comércio e Turismo do Estado. 

Obrigado pela atenção e compreensão. Um beijo em todos!

Marcio Fortes

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Desafios da política externa brasileira no Bicentenário da Independência - Colóquio da UFGD e IDESF (YouTube)

 Participei, com um atraso inicial, deste: 

VI Colóquio sobre Fronteiras e Direitos Humanos na União Europeia e Mercosul

Mesa 1: “Os desafios da política externa brasileira no Bicentenário da Independência”. Palestrantes

Prof. Dr. Paulo Roberto de Almeida (Diplomata, Ministério das Relações Exteriores do Brasil e IBMEC) 

Prof. Dra. Andrea Ribeiro Hoffmann (PUC-RJ) 

Prof. Dr. Guilherme Stolle Paixão e Casarões (FGV-SP) 

Prof. Dr. Camilo Pereira Carneiro Filho (UFG) 

Moderador

Prof. Dr. Tássio Franchi (ECEME) 

Debatedor: Prof. Dr. Diego Trindade d’Ávila Magalhães (UFG)


Preparei uma apresentação de apoio, que foi disponibilizada neste link da plataforma Academia.edu: 

4254. “Desafios da política externa brasileira no Bicentenário da Independência”, Brasília, 14 outubro 2022, 29 slides. Apresentação de suporte para palestra no quadro da Cátedra Jean Monnet da UFGD e o IDESF, em evento online, no dia 26 de outubro de 2022, às 19:30; transmitida pelo canal Youtube do IDESF (https://www.youtube.com/watch?v=7Qpj1aB8QV0). Apresentação disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/89294363/Paulo_Roberto_de_Almeida_CV_resumido)

Enjoy!


Lula e Bolsonaro: o limbo da política externa - Thiago de Aragão (Estadão)

 Lula e Bolsonaro: o limbo da política externa


Lula e Bolsonaro têm características eficazes na política doméstica, mas no exterior devem passar por refino

Thiago de Aragão
Estadão, 26/10/2022

É comum o tema de política externa não ser levado a sério por eleitores ou lideranças políticas durante o período eleitoral. Afinal, o Brasil não tem tradição de engajamento social em temas de política externa, apesar de contar com um dos serviços diplomáticos mais sofisticados e bem-preparados do mundo, o Itamaraty.

Mesmo com a existência do Itamaraty, uma andorinha só não faz verão. Cabe a cada chefe do Executivo eleito definir diretrizes básicas de inserção global e apontar qual o papel que ele espera que o país tenha nos anos subsequentes a sua eleição.

Infelizmente, não temos tido presidentes com fluência suficiente em política externa, ou até mesmo conhecimento básico sobre os impactos diretos e indiretos, positivos ou negativos gerados a partir das interações com outros chefes de estado.

No domingo, teremos a definição da eleição presidencial brasileira. Lula ou Bolsonaro disputam a o cargo. No entanto, já sabemos que, sem um auxílio profissional, não ideológico e eficiente, a grande possibilidade é termos uma política externa fraca, sem firmeza, seja com qualquer um deles.

Lula demonstrou nos seus governos anteriores que a “direção” da sua política externa era movida pelos interesses e apreços do Partido dos Trabalhadores. Enquanto o ex-presidente tentava passar uma imagem de pragmatismo na economia, a política externa era recheada de clichês no relacionamento com Cuba, Venezuela, Evo Morales, Kircheners etc.

A sensação de que o Brasil atingia uma espécie de liderança regional era deceptiva. Como matéria paga em jornais, a influência brasileira nos diversos países da região não aparecia forjada pela narrativa, valores ou poderio nacional, mas pelas benesses e empréstimos subsidiados oriundos do BNDES, por exemplo. Liderança comprada não se sustenta, a não ser que o saco seja sem fundo, como na relação da China com vários países da região.

Lula era visto por Obama como “o cara” e foi celebrado por vários líderes globais. O objetivo macro do Brasil no campo da política externa era, ao mesmo tempo, valoroso e inatingível: uma cadeira de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Aliás, esse objetivo é fantástico, pois o sentimento de propósito na busca do inalcançável mantém a máquina girando e oferece sentido no despertar de mais um dia (mais ou menos como os objetivos macros da política externa argentina de controle das Malvinas ou, de forma ainda mais surreal, da “Antártida” Argentina).

Obviamente a política externa de Lula não era apenas centrada na busca pelo lugar no Conselho de Segurança ou no fortalecimento da amizade com vizinhos por meio da carteira aberta.

Como disse, a qualidade dos nossos diplomatas gera inúmeros microcosmos de excelência pelo mundo, o que eleva a percepção positiva em relação ao Brasil. Isso ocorre apesar da política externa do presidente em exercício.

Caso Bolsonaro saia vencedor, espero que Carlos França siga à frente do leme do Itamaraty. Após alguns anos sem Ministro de Relações Exteriores (no início de seu mandato), Bolsonaro nomeou corretamente Carlos França para a função.

Mesmo assim, a característica de Bolsonaro como presidente não inclui o interesse ou a leitura do papel do Brasil no mundo. Alianças cristãs com a Hungria não contam, pois não fazem sentido para brasileiros ou húngaros.

O que realmente conta é como Brasil se posiciona no meio de um ambiente de tensão crescente entre as duas superpotências globais. Somos demasiados passageiros das decisões internacionais alheias para mantermos picuinhas com Joe Biden porque ele é do Partido Democrata, ou com Xi Jinping porque ele é do Partido Comunista.

Na política externa não há espaço para a esquizofrenia política tão comum na política doméstica. Por isso, a compreensão por parte do Executivo sobre tudo o que acontece em Pequim e em Washington é tão importante quanto o monitoramento legislativo feito em Brasília.

Para que o Brasil tenha um governo com posicionamento mais sofisticado no campo da política externa, temos de elevar as vozes que falam e escrevem sobre o tema. O CEBRI — Centro Brasileiro de Relações Internacionais — merece atenção do Parlamento e do Executivo, assim como especialistas espalhados pelo país.

Tanto Lula como Bolsonaro possuem características pessoais peculiares. Essas características se mostraram eficazes na política doméstica, tanto que cada um possui um volume alto de intenção de votos (apesar de serem igualmente rejeitados). Na política externa, as características dos dois precisam passar por um refino guiado e liderado pelo Itamaraty, por formadores de opinião e, acima de tudo, pelas circunstancias globais.

O mundo está mudando de uma forma que afetará a tudo e a todos pelos próximos 50 anos. Como falei, nosso costume de sermos passageiros das decisões alheias não condiz com as urgências que já estão aí dentro do contexto geopolítico.


Estratégia Nacional de Segurança dos EUA - Rubens Barbosa (OESP)

 ESTRATÉGIA NACIONAL DE SEGURANÇA (NOS EUA)

Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo, 25/10/2022

            Muitos países anunciam periodicamente a estratégia que suas políticas domésticas e externas devem seguir. O governo de Washington acaba de divulgar a estratégia de segurança nacional, que será seguida em resposta aos desafios do mundo atual. O documento, assinado pelo presidente Joe Biden, define uma visão para o futuro e oferece um roteiro de como os EUA pretendem atingir seus objetivos. Deve ser ressaltado que esse documento se refere à segurança nacional e não a defesa nacional.

            Depois de indicar as prioridades internas para fortalecer a economia, a competitividade e a defesa dos interesses comerciais e estratégicos, a Estratégia Nacional de Segurança (ENS) focaliza as prioridades globais norte-americanas. Dentre as áreas de maior interesse e dos EUA estão: a contenção da ascensão da China e as ações contra a Rússia, a superação dos desafios globais, como a segurança climática e energética, a pandemia, a biodefesa e a insegurança alimentar. E ainda o controle de armamentos e a não proliferação, o terrorismo, e como exercer influência sobre o estabelecimento de regras sobre tecnologia, segurança cibernética, economia e comercio exterior”.

            Na parte final, está enunciada a estratégia dos EUA por região: “apoiar a região do Indo-Pacífico (mar do Sul da China) para permanecer aberta e com liberdade; aprofundar a aliança com a Europa; fortalecer a Democracia e a Prosperidade compartilhada no Hemisfério Ocidental; apoiar a redução das tensões e promover a integração no Oriente Médio; construir uma parceria para o século XXI com a África; manter o Ártico pacífico e proteger o mar, o ar e o espaço”.

            No tocante às Américas, as prioridades do governo de Washington se concentram na “expansão das oportunidades econômicas, no fortalecimento da democracia e na construção da segurança com o objetivo de reforçar a estabilidade nacional, regional e global”. “Para tanto, os EUA pretendem interagir com os países da região e ampliar a colaboração multilateral e institucional, além de ajudar no desenvolvimento de iniciativas regionais, o fortalecimento das instituições econômicas regionais, assegurar cadeias de fornecimento, criar emprego com energia limpa, promover a descarbonização, assegurar comércio sustentável e inclusivo além de promover investimentos que possam aumentar a eficácia da administração pública”. É de se notar que o Brasil sequer é mencionado explicitamente no documento de estratégia dos EUA.

Imigração, saúde e mudança de clima receberam um tratamento específico. “A questão da imigração, inclusive dos 6 milhões de venezuelanos, deve ser vista como um esforço conjunto para estabilizar as populações que migram e para substituir a migração irregular por fluxos ordenados que podem alimentar o crescimento econômico nos EUA e em toda a região. O governo americano vai perseguir esses esforços conjuntos para assegurar uma atitude justa, organizada e humana para controlar a imigração e implementar a segurança da fronteira norte-americana e proteger os interesses dos EUA”. “Os problemas de saúde em função da Covid e do fornecimento de vacinas merecerão o apoio dos EUA, em especial os países da América Central e Caribe”. A crise climática está no centro da estratégia americana que vai “utilizar os esforços de mitigação e adaptação para a recuperação econômica norte-americana e para proteger ecossistemas florestais, inclusive pela promoção do comércio e investimento em energia limpa para alcançar uma meta coletiva de 70% da capacidade instalada para a geração de energia renovável no setor elétrico da região até 2030, além de mobilizar recursos financeiros e outras formas de apoio para promover a conservação da floresta Amazônica”,  referindo-se talvez ao pedido de apoio feito pela Colômbia.

            Os EUA deverão “apoiar os países da região para uma governança que responda às necessidades dos cidadãos, defenda os direitos humanos, combata a violência de gênero, a corrupção e proteja contra a interferência externa, inclusive da China, da Rússia e do Irã. Com o apoio das instituições interamericanas e em parceria com a sociedade civil e outros governos, os EUA respaldarão a autodeterminação democrática na Venezuela, Cuba e Nicarágua”.  O governo de Washington “assistirá os países da região para evitar ameaças à segurança dos EUA por ações internas nos países do hemisfério ou transnacionais de tráfico de drogas e de pessoas ou mesmo por ações para se estabelecer na região para ganhos militares ou de inteligência”, menção indireta à China e Rússia.

No Brasil, desde a década de 90, a cada 4 anos, são editadas a Política Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa. Esses documentos, coordenados pelo Ministério da Defesa, oferecem uma visão das prioridades do governo de turno do ponto de vista militar, mas não de uma percepção mais abrangente dos interesses do país. É chegado o momento de se considerar a elaboração de documento de Estado, mais abrangente, uma grande estratégia, que possa tratar das prioridades domésticas, de defesa e da política externa com ênfase no conceito mais amplo de Segurança, despida dos preconceitos criados pela sua utilização, como doutrina, nos governos de 1964-1985.  

Rubens Barbosa, presidente do IRICE


Johan Galtung: my Norwegian Mentor - Simon Schwartzman

  

Johan Galtung: my Norwegian Mentor

By Simon on Oct 24, 2022 03:51 pm

(transcribed from the International Peace Research Institute – Oslo, PRIO blog, October 24, 2022)

Johan Galtung, PRIO’s founder, is 92 today. We take this opportunity to publish an  essay by one of his former students, Simon Schwartzman.

Foto em preto e branco de grupo de pessoas posando para foto

Descrição gerada automaticamenteThe author is seated in front to the left in this picture from January 1965. Behind him, three other PRIO visiting staff, Paul Smoker, Manolo Mora y Araujo, and Malvern Lumsden. To the right, PRIO’s core staff at the time, Ingrid Eide [Galtung], Mari Holmboe Ruge, and Johan Galtung. Photo: Unknown

In 1963, I met Johan Galtung for the first time. He was to become one of my important mentors. This is the story of how that came to be.

FLACSO

In 1961, I was finishing my BA in sociology and political science at the School of Economics of University of Minas Gerais, Brazil. I had been a full-time student, had a contract as a research assistant, and expected to work and teach at the University once graduated. In that year, we had a visit from Lucien Brams, a French sociologist working at FLACSO in Santiago, Chile. He was on a mission to recruit students for their program. I was selected, together with three other colleagues, and went to Santiago in early 1962 to start the course.

The Latin American Faculty of Social Sciences (FLACSO) was created in 1957 by UNESCO through a broad international agreement with the participation of almost all Latin American countries. The two-year course at the master level included about twenty students recruited from all parts of Latin America, who received a fellowship to live in Santiago. At the time, Santiago was the Latin American version of Geneva, home to several international organizations such as the United Nations’ Latin American Economic Commission (CEPAL/ECLAC), the Latin American Center for Demography, the Latin American School of Economics (Escolatina), and UNESCO’s Regional Office for Education. FLACSO was located in a park at the Nuñoa neighborhood, close to the Pedagogical Institute of the University of Chile. The classes were in Spanish, but most of the readings were in English, a language I barely mastered at the time; most of my reading till then had been in Portuguese, Spanish or French.

When I arrived in February 1962, FLACSO had two permanent faculty members. Peter Heintz, the director, a Swiss sociologist, taught sociological theory, while Lucien Brams, from France, taught research methodology. Peter Heintz had lived in Spain and Paris. Under the Swiss sociologist René König, he had written a doctoral thesis on Pierre-Joseph Proudhon, the philosopher of anarchism and forerunner of Marxism. Brams had studied with Georges Friedmann, the founder of sociology of work in France. He had also participated, with Alain Touraine and Torcuato Di Tella, from Argentina, in a comparative study of working-class consciousness in two settings in Chile, the Lota coal mine and the steel mill of Huachipato. Other courses were taught by Chileans from other institutions and visiting professors from Europe and North America who came for a semester or so.[1]

FLACSO did not bring sociology to Latin America, as it was already thriving in institutions such as the Universidad de Buenos Aires, Universidade de São Paulo, Universidad Nacional Autónoma de México, El Colegio de México, and others. But it was influential in bringing in an empirical approach as well as modernization theories that had developed mostly in the US since Second World War.

So far, these had had little penetration in the region, which was mostly influenced by the French intellectual tradition. Despite their different backgrounds, both Heintz and Brams assumed that the future of sociology lay in the development of middle-range theories as argued by Robert K. Merton, and this is what they tried to convey to the students.

Those were the years when sociologists, especially in the United States, sought to develop a theory of modernization based on the works of Talcott Parsons, in contrast to Marxism. We were able to get acquainted with these theories thanks to a course on Parsons’ sociology by François Bourricaud and another given by Alex Inkeles, who was coordinating a large international comparative project on modernization in Chile and elsewhere. The Chilean Luis Ratinoff brought us up to date with the international literature and methodology of social stratification. We had a course on the sociology of work with Henry Landsberger and another with Nathan Keyfitz, one of the founders of modern demography. The most memorable, however, was perhaps Edgar Morin‘s course on ‘the Marxisms’, in which he outlined the great debates that preceded and followed official Soviet Marxism in Europe.

Johan Galtung

The big news in 1963 was the arrival of Johan Galtung at FLACSO. In his early thirties, Galtung had a solid background in mathematics and logic and a history as an active participant in the peace movement. He had gone to jail in his native Norway for refusing to do military service, when he used the opportunity to write a book about Mahatma Gandhi and peaceful resistance, jointly with his teacher, the philosopher Arne Næss, who was also a pioneer in environmental philosophy.

After graduating in mathematics and sociology in Norway, Galtung had gone to Columbia University in New York, where he taught under the aegis of Paul Lazarsfeld, one of the founders of American quantitative sociology. He came to Chile with his then wife, Ingrid Eide [Galtung] and children. Thanks to his salary as an international civil servant, they were able, for the first time, to buy a big American car and rent a nice house in Santiago, which they enjoyed with some amusement. In addition to the methodology course, in which he replaced Lucien Brams, Galtung offered courses in Mathematical sociology, Sociology of conflict, Norms, roles and status, and Functionalism. He learned Spanish very quickly and was an extraordinary teacher, with very well-structured classes that combined logic, mathematical reasoning, data, and social theory. His classes were supplemented by practical exercises that almost always consisted of interpreting a set of data or discussing the results of a research.

His main project that year was the research methodology book he was writing as the course progressed. I watched the classes fascinated, understanding for the first time what data were for and what it meant, in practice, to build and test hypotheses and theories. To analyze the data by calculating simple proportions, he taught us to use a slide rule and to make tabulations with perforated cards. The methodology he proposed was artisanal. It started with one or two variables and progressively increased the complexity, but without arriving at very sophisticated statistical models or making use of the processing capacity of computers, which were beginning to become accessible. The most advanced classes we had, in addition to the basic concepts of sampling, correlation and regression, were those on latent and manifest functions, which are at the basis of modern item response theories applied to education. More broadly, these functions are also used in the analysis of ‘big data’ developed with the computational resources of artificial intelligence.

Galtung’s methodology book was published in 1967, but it did not have the impact I had imagined, perhaps because it was born out of date: it was too artisanal in terms of research, without incorporating the computing resources that was were becoming available. By then, too, his interest in research methodology had waned. It was increasingly replaced by the themes of conflict, war, and peace, which had resulted in the creation, in 1959, of the Peace Research Institute Oslo(PRIO), on his initiative.

Galtung’s relationship with his Latin American students was not easy. There were cultural differences that are difficult to explain but played a part. Certainly, there were important affinities in political values, in the defense of peace and in the critique of post-war American imperialist policy, and, more generally, in the critical view of the hierarchical nature the relations between central and dependent countries (or ‘international feudalism’, as he preferred to say). But, like Heintz, Galtung had difficulty, or lack of interest, in dealing with the more structural historical perspectives, Marxist, post-Marxist or Weberian, which were dominant in Europe and influenced the Latin American social sciences. In those years, Raul Prebisch, at the UN Economic Commission for Latin America in Santiago, was already writing about the economic imbalances between industrialized and rural-based economies that became one of the foundations of dependence theory. Gino Germani in Argentina was writing about populism and fascism, and FLACSO’s sister organization in Rio de Janeiro, the Latin American Center for Research in Social Sciences, was engaged in an ambitious project on issues of race.

Neither Heintz nor Galtung bothered to learn and bring these issues and this literature to their courses, and this may have influenced the difficulties that may have encountered in the relationships with their students and, ultimately, in the limited impact they had in social sciences that developed later in the region.

Oslo

In early 1964 I returned to my university in Belo Horizonte and was assigned to teach political science in the school year that usually started in February. On March 31st, the civilian government was deposed in a right-wing military coup, and the universities were closed. Before going to Chile, I had participated in different student political organizations on the left. But now I assumed that, after two years as a student in a UNESCO institution. with a fellowship from the Organization of American States, I would not be targeted as dangerous leftist. However, just before the university reopened, in April, I was arrested together with a few other university faculty, and remained in jail for about six weeks. After this I was released, but the university was instructed not to allow me to teach, and the military started a prosecution for vague ideological crimes that could eventually lead to a long incarceration. Learning of my situation, Galtung sent me an invitation to come to Oslo to work at PRIO for one year, with a small fellowship.

I arrived in Oslo in December 1964 from Paris. It was night and the snow on the streets reflected the yellow lights from the streetlamps. The Galtungs invited me to a Christmas dinner at their house that ended with a sleigh ride through the woods. I stayed at Sogn Studentby, a cluster of student buildings on a hill. Each building had seven bedrooms, one for each student, while the kitchen and bathrooms were shared. We also had a central laundry room where, from time to time, we exchanged used bedding for clean ones. The purse was small, less than two hundred dollars a month, which was barely enough to pay the rent, eat and buy the very expensive Benson & Hedges cigarettes. Students generally bought paper and tobacco and rolled their own cigarettes; I tried, but I never got it right. They also made their own beer, warm and without foam, which looked more like pee.

The Peace Research Institute, created by Galtung a few years earlier as a section of the Institute for Social Research, originally operated out of the building of the mother institute, but by 1964 had moved to its own space. To get there, I took a tram that stopped every 15 minutes at the station about two kilometers away. In winter it was necessary to calculate the time to leave the house, so as not to miss the train and have to wait outside the station in the freezing air.

At Easter, the Galtungs invited me to stay at their country house for a few days, and when we arrived, they gave me a pair of skis to go from the car to the house, in the middle of the snow. They had no idea that I had never put skis on my feet. There was no other way and I barely managed to crawl and fall several times until I reached the house. Over time, I learned to move with the cross-country skis to the point of going skiing to the Institute when it snowed and taking short walks through the countryside. Oslo was a small city, but spread over a large area, with many open spaces and few large buildings. It seemed quite egalitarian, you couldn’t tell poor from the rich on the streets, and the impression was that everyone had just arrived from the countryside.

The Institute’s staff was lean: Johan Galtung, when he was there, Ingrid, his wife, Mari Holmboe Ruge, one of the founders, and a few others. There was also the young Nils Petter Gleditsch, who, like Johan years before, had refused military service for reasons of conscience. In return, he was assigned to work at the Institute in administrative activities, under the supervision of Johan himself, and forbidden to use the time to study or do anything that would bring any advantage over the young men serving in the Army. Throughout the year, students from other countries arrived, such as Malvern Lumsden, from Britain, Birgit Elvang, from Denmark, and Naomi Shapiro, from the United States. Manolo Mora y Araujo and Nilda Sito, former FLACSO colleagues who had gone to study in France, also came to PRIO for a short period. I felt that there was a certain expectation that I, as a political refugee, would wear the shirt of the Latin American revolutionaries, and a certain frustration that I did not play this role.

Besides Portuguese, the only language I spoke was Spanish, which I learned in Chile. At PRIO, the only ones who spoke Spanish were Johan and Ingrid. My French was enough to read the newspaper Le Monde, which I bought with some day’s delay at the newsstands, but not to talk. I had only started to read English with some fluency at FLACSO. Before going to Norway, still in Brazil, I started taking English conversation classes. In Oslo, I hired a private teacher to continue studying English, since learning Norwegian was way beyond my ability. In a short time, I was already speaking in English with a certain ease, a language that practically all Norwegians spoke. As the Institute was international, events were held in English, even though I was the only foreigner in the room. At social gatherings, everything started in English as well, but as more akvavit was poured, Norwegian took over, and I was left out.

Among the Norwegians, without significant internal political problems, the themes that mobilized them were the Campaign for Nuclear Disarmament and the boycott of fruit imported from South Africa, because of apartheid. A South African was elected president of the student association, but as I saw it, his main interest was taking the opportunity to get close to the beautiful Norwegian girls. Sex in Norway was natural and uncomplicated, but the puritanism emerged in the strict control of alcohol, which could only be sold in government stores and consumed with a meal in some restaurants. So, when they could drink, Norwegians got drunk easily.

In the student residence, I related mainly with the Chilean Pedro Sáinz, who had gone there to study with the economist Ragnar Frisch and whom I met again many years later — me, as president of the Brazilian Institute of Geography and Statistics, the IBGE; him, as director of statistics at United Nations Statistical Commission for Latin America, ECLAC. One of our companions was a Hungarian who had taken refuge in Norway after the deposition of Imre Nagy in 1956 and who lived in hiding, fearing that he was being watched by the Russians.

Galtung may have invented the term Peace Research. He said it was inconceivable that there was so much research on wars and conflicts and almost nothing on peace. To help create this area of ​​study, he founded the Journal of Peace Research, still edited at the Institute. An inspiring source was the Quaker couple Kenneth and Elise Boulding, with their lives dedicated to the themes of peace: he, an economist, was the author of important works on systems and conflict theory; she was a sociologist.

Despite the Cold War, and because of concerns about a possible nuclear conflict, an informal bridge of communication had been created between Russian and Western scientists, especially physicists, expressed through a manifesto, published in 1955 by Albert Einstein and Bertrand Russell, on the dangers of nuclear weapons. The network became known as the Pugwash Movement, after a small town in Canada where the first of a series of international conferences on science and international politics was held. Making use of game theory, these scientists developed the concepts that would serve as the basis for the Treaty on the Non-Proliferation of nuclear weapons, signed between the great world powers in 1968.

Galtung’s idea was to contribute to this effort from the perspective of the social sciences, studying the networks of relationships between countries, developing conflict resolution models, the use of non-violence and peaceful resistance in internal disputes, among other topics. One of the ideas was to deal with data on countries and their relationships, in the same way that sociology dealt with data on people and their networks. This was becoming possible with the emergence of comparable demographic, economic, political and institutional national data, which were beginning to be organized into data banks. This is what I worked on throughout the year 1965, which I spent in Norway.

Camelot

At the beginning of 1965, just after I arrived in Oslo, Galtung returned to FLACSO in Chile and it was from there that he caused a stir by denouncing the famous ‘Camelot project’, an affair I followed through the letters he sent to Oslo. It was a project conceived by the American government, with resources from the Pentagon, to study Latin American societies and political systems. It may have been an initiative of the military or, more likely, of social scientists interested in studying the region who managed to get the Pentagon to finance them under the argument that it would be a way to prevent more revolutions like Cuba’s.

The fact is that the money involved in this project was much greater than that spent on studies at the time by civilian sources, allowing Latin American researchers to be hired at prices well above those offered in the region’s markets. In initial contacts with local researchers, the military origin of the resources did not appear, but Galtung found out and wrote a letter exposing it, published in Chilean newspapers. He was accused by the project’s proponents, among them respectable figures in the American social science establishment, of trying to prevent the most important social sciences study on the region ever conceived.[2]

The project was never implemented. It was cancelled by the State Department, which interpreted it as an inappropriate intrusion of the Pentagon in their area of responsibility. After a few years, Galtung began a new career associated with what would become known as ‘the new left’, which took him to different parts of the world. He did not return to FLACSO, left PRIO and, always publishing and occupying different positions, culminated his work with the creation of Transcend International, a network dedicated to the dissemination of his ideas and proposals for peace.

Galtung taught me how to think analytically and to understand the central intuitions of quantitative and statistical analysis, which I carried with me all my professional life. When I had the opportunity to apply for a doctoral degree, my first choice was the Department of Sociology of Columbia University, where Galtung used to work with Robert K. Merton and Paul Lazarsfeld. However, I ended up going to study political science in Berkeley, and never expanded my competence in mathematics and statistics as I should have. At Berkeley, I chose International Relations as one of my fields, expecting to follow up on PRIO’s experience, but gave more emphasis to comparative politics of political behavior. My doctoral dissertation was on the development and transformation of Brazil’s state and political systems [3]

Since Oslo, I exchanged occasional letters with Galtung and read some of his articles but did not follow them very closely. I always shared his concern with issues of human rights, expressed in national and international manifestations of social inequality, oppression and social violence, but with emphasis on a comparative and historical perspective, making use of quantitative and statistical information when available, but not centered on them. At some point, I turned to the issues of sociology of science, education and social policy, without which, I believe, social justice cannot be achieved.

One might have expected the intellectual influence of Johan Galtung in the social sciences in Latin America to be much stronger than it was, given the brilliance of his analysis and his strong commitment to social justice. I don’t have an explanation for that, but it may have something to do with the disconnect between his approaches and those of the social scientists in the region, which I had witnessed in FLACSO half a century ago.

The author

Simon Schwartzman (born in Belo Horizonte, Brazil, 1939) obtained a PhD in Political Science at the University of California, Berkeley in 1973, and pursued his academic career in Brazil, working at the Getúlio Vargas Foundation, Candido Mendes University, University of São Paulo and other places. Between 1994 and 1999 he was the president of Brazil’s national statistical office, the Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Further reading

[1] On the early years of FLACSO, see Rolando Franco (2007) La FLACSO Clásica (1957–1973) – Vicisitudes de las Ciencias Sociales latinoamericanas [The Classic FLACSO (1957–1973) – Vicissitudes of the Latin American Social Sciences], Santiago, Chile: Calatonia.

[2] Cf Irving Louis Horowitz (1967) The Rise and Fall of Project Camelot. Cambridge, MA: MIT Press, which includes a chapter by Johan Galtung (‘After Camelot’, pp. 281ff.)

[3] Regional Cleavages and Political Patrimonialism in Brazil, doctoral dissertation, Department of Political Science, University of California at Berkeley. It was published in Portuguese in several editions, the most recent being Bases do autoritarismo brasileiro (Bases of Brazil’s authoritarianism). Rio de Janeiro: Editora Unicamp, 2015.


segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Reeleição de Bolsonaro seria uma calamidade climática - Mathias Alencastro (Folha de S. Paulo)

 Reeleição de Bolsonaro seria uma calamidade climática

Manutenção da política ambiental atual é maior ameaça à soberania nacional desde a Independência
Mathias Alencastro
Folha de S. Paulo, 23.out.2022 às 13h12

As discussões sobre as consequências de uma eventual reeleição de Jair Bolsonaro no segundo turno giram, obviamente, em torno dos seus riscos para a democracia.

Todavia, no plano internacional, ela também marcaria o fim de um período dramático na luta contra a crise climática, severamente abalada pela Guerra da Ucrânia e pelo regresso em força de fontes fósseis de energia, e inauguraria uma nova era na geopolítica.

Existe um arcabouço teórico, jurídico e até militar pronto a ser colocado em prática caso o governo brasileiro prossiga na sua lógica de autodestruição ambiental. A sua dimensão mais conhecida é a proposta aprovada no Parlamento Europeu, em setembro, para obrigar os importadores da União Europeia a provar o cumprimento de exigências ambientais por parte dos fornecedores.

Apesar de enfrentar resistências entre governos dos Estados-membros, a aprovação final da medida seria tornada irreversível pela pressão da opinião pública da UE depois da reeleição de Bolsonaro.

A internacionalização da Amazônia seguiria avançando entre gritos de "a Amazônia é nossa". No contexto da aproximação da Colômbia de Petro com a Otan, a general Laura Richardson, do Comando Sul dos EUA, mencionou um "esboço" de iniciativas similares com o governo Bolsonaro, em discussão desde julho.

O fato de o Itamaraty ter circulado às pressas uma instrução interna na semana passada esclarecendo a fala da autoridade americana deixou evidente o incômodo com a questão no atual contexto eleitoral.

Pela posição crucial da Amazônia na manutenção do aumento da temperatura global abaixo de 1,5 ºC, a aceleração do desmatamento pode radicalizar a ação externa. Stephen Walt, outro grão-mestre das relações internacionais ao lado de John Mearsheimer, uma celebridade desde o início da Guerra da Ucrânia, teorizou sobre intervenções lideradas pela ONU contra países que ameaçassem a existência humana com a sua política ambiental. O governo Biden deu um passo nessa direção ao colocar o clima no centro da segurança internacional na Estratégia de Segurança Nacional divulgada na semana passada.

O bolsonarismo poderia buscar formas de contornar a pressão internacional até a decisiva eleição presidencial americana de 2024. O encontro noticiado por Fábio Zanini entre o chanceler Carlos França e Mario David, assessor internacional do premiê húngaro, Viktor Orbán, provavelmente não tratou do fechamento de Supremas Cortes e de outras especialidades locais.

David, que foi relator do acordo de livre comércio do Peru e da Colômbia no Parlamento Europeu, é um especialista na defesa de regimes violadores de direitos humanos e ambientais em instituições europeias.

Por fim, a solidariedade do Brics com um país alvo de sanções ocidentais até poderia trazer alívio econômico. Todavia, ao abdicar da condição de mediador em potencial entre os blocos orientais e ocidentais, o Brasil estaria se integrando à China da forma mais subalterna e assimétrica possível.

Todas essas pressões podem ser facilmente revertidas por um governo democrático. Mas se a política ambiental de Bolsonaro continuar —e for reforçada por um Congresso antiambiental—, o Brasil encararia a maior ameaça à sua soberania nacional desde a Independência.

domingo, 23 de outubro de 2022

Chávez-Bolsonaro, duas almas gêmeas -Mariana Sanches (BBC Brasil)

 Apresentação de Sergio Florêncio:


“Excelente trabalho da BBC. O paralelo entre Chavez e Bolsonaro é extremamente didático neste momento. Esclarece trajetórias semelhantes, com o mesmo propósito - o poder absoluto, acima das instituicoes, o contato direto governante-povo , que é a essencia do populismo. Vejam os fatos revelados pela matéria muito correta da BBC.  Origem semelhante nos quartéis. Chávez coronel, Bolsonaro capitão. Ambos foram ameaçados de expulsão do Exército. Chávez  por Golpe de Estado fracassado em 1992. Bolsonaro por ameaça de colocar bomba em quartéis.  Na política,  os projetos foram semelhantes - aproximação com militares colocados no poder. Chávez em 2002 ia ser preso e foi salvo pelos militares, que impediram sua destituição da Presidência. Bolsonaro colocou 6.157 militares em função civil, nomeou um general presidente da Petrobrás, outro como ministro da Saúde . Chávez deu privilégios salariais gigantescos aos militares. Aqui Bolsonaro fez o mesmo, com aumentos astronômicos. Chávez domésticou e instrumentalizou a Corte Suprema, causando juízes opositores e  aumentando o número de membros fiéis ao chavismo. Bolsonaro tenta o mesmo caminho aqui. Mas não consegue porque as instituições resistem - Congresso (em certa medida busca equilíbrio de Poderes) , imprensa, universidades públicas,  sociedade civil. 

Em suma, Lula se aproximou excessivamente de Chávez e  aprovou obras milionárias,  como o Metrô de Caracas, com corrupção. Mas nunca seguiu o projeto autoritário de Chávez. 

Bolsonaro faz um mal maior que Lula, porque segue a trajetória de autocracia implantada por Chávez.  

Chávez conseguiu seu objetivo maior - eliminar a alternância no poder, virar presidente onipotente  sem limite temporal e  destruir  a democracia.

Bolsonaro tem o mesmo propósito. Mas ainda não conseguiu realizá-lo pela resiliência das instituiçoes- sobretudo imprensa e STF. Não conseguiu no 1o mandato. Mas conseguirá se reeleito. 

Por isso, é preciso votar em Lula e, assim, impedir a instalação de  uma ditadura no Brasil.”

https://youtu.be/eNAJfKp2YUg

A matéria é de Mariana Sanches, correspondente em Washington da BBC Brasil.