sexta-feira, 28 de abril de 2023

Livros de diplomatas e de terceiros sobre temas da diplomacia brasileira - Paulo Roberto de Almeida

 Livros de diplomatas e de terceiros sobre temas da diplomacia brasileira  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Relação de livros publicados, em formatos diversos, vários livremente disponíveis.

  

Apresento na lista abaixo a relação de todos os volumes que compus, em anos anteriores, compilando minhas resenhas de livros de diplomatas e de não diplomatas sobre os temas afetos à política externa, à diplomacia e às relações internacionais do Brasil. A primeira obra da lista, “Prata da Casa”, de 2014, deveria ter sido publicada pela própria Funag, mas como houve uma tentativa de censura a uma das resenhas – no caso crítica à diplomacia do ex-presidente Lula – eu objetei à tal poda, o que me levou a publicar eu mesmo o livro então composto, por acaso extremamente volumoso. Os demais volumes constituem precisamente variações dessa primeira obra, separando livros de diplomatas e de não diplomatas, assim como compondo uma relação repartida tematicamente. Desde então, efetuei outras resenhas, mas ainda não as integrei a nenhum dos volumes, o que vou fazer oportunamente. Na sequência, apresento uma relação dos meus próprios livros que possuem conexão com os mesmos temas, vários deles livremente disponíveis.

 

Obras compilando resenhas de livros: 

 

Prata da Casa: os livros dos diplomatas, Hartford, 11 novembro 2013, 691 p. Compilação das resenhas mais importantes de livros de diplomatas e acadêmicos de livros da área, com Prefácio, Introdução, Índice Alfabético de Autores e Livros e demais informações de expediente. Edição de Autor; Versão de: 16/07/2014, 663 p.; disponível na página pessoal da plataforma Academia.edu, link: https://www.academia.edu/5763121/Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas_Edicao_de_Autor_2014_

 

Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas; Hartford, 16 outubro 2014, 124 p. Nova edição resumida do Prata da Casa, restruturada em partes e contando apenas as mini-resenhas preparadas para o Boletim ADB. Serviu de base para publicação em formato Kindle (Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 151 p. 484 KB; ASIN: B00OL05KYG; DOI: 10.13140/2.1.4630.4325; disponível na Amazon; link: http://www.amazon.com/dp/B00OL05KYG; e na plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/8815100/23_Polindo_a_Prata_da_Casa_mini-resenhas_de_livros_de_diplomatas_2014_). Prefácio e Sumário disponíveis no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/mini-resenhas-de-livros-de-diplomatas.html). 

 

Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros, Hartford, 2 novembro 2014, 326 p. Livro digital, em edição de autor, composto de resenhas de livros de diplomatas, já publicadas no Prata da Casa. Tornado disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_) e em formato Kindle (1118 KB; 444 p.; ASIN: B00P6261X2; link: http://www.amazon.com/dp/B00P6261X2); Researchgate.net (DOI: 10.13140/2.1.2008.9927).

 

Rompendo Fronteiras: a Academia pensa a Diplomacia, Hartford, 4 novembro 2014, 414 p. Livro de resenhas de não-diplomatas, completando os dois anteriores na série de três derivados do Prata da Casa. Editado em formato Kindle (1202 KB, ASIN: B00P8JHT8Y; link: http://www.amazon.com/dp/B00P8JHT8Y). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/9108147/25_Rompendo_Fronteiras_a_academia_pensa_a_diplomacia_2014_). Researchgate.net (DOI: 10.13140/2.1.4106.1447). Informado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/11/rompendo-fronteiras-academia-pensa.html).

 

 

Outros livros de Paulo Roberto de Almeida: 

 

Sumários dos livros do ciclo do bolsolavismo diplomático: 

       Link: https://www.academia.edu/48857809/Relações_Exteriores_Pol%C3%ADtica_Externa_e_Diplomacia_Brasileira_livros_de_Paulo_Roberto_de_Almeida_maio_2021_

 

Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira (Curitiba: Appris, 2021, 291 p.; ISBN: 978-65-250-1634-4). Informação no link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/06/apogeu-e-demolicao-da-politica-externa_18.html

 

O Itamaraty Sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo2018-2021 (Brasília, 1-9 maio 2021, 114 p.; ISBN: 978-65-00-22215-9; blog Diplomatizzando; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/05/o-itamaraty-sob-ataque-2018-2021.html).

 

O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 225 p.), Brasília, 1 junho 2020, 225 p. Publicado (sem índice) em 11/06/2020; Edição Kindle: 204 p.; 1302 KB; ASIN: B08B17X5C1; ISBN: 978-65-00-05968-7; disponível no link: https://www.amazon.com/-/pt/dp/B08B17X5C1/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=ÅMÅŽÕÑ&dchild=1&keywords=O+Itamaraty+num+labirinto+de+sombras&qid=1591845003&s=digital-text&sr=1-1).

 

Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira, Brasília, 7 setembro 2020, 169 p. Livro sobre a diplomacia, incorporando o Programa Renascença, do Instituto Diplomacia para Democracia, do diplomata Antonio Cottas Freitas. Anunciado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/uma-certa-ideia-do-itamaraty_7.html). Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44037693/Uma_certa_ideia_do_Itamaraty_A_reconstrucao_da_politica_externa_e_a_restauracao_da_diplomacia_brasileira_2020_); Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/344158917_Uma_certa_ideia_do_Itamaraty_A_reconstrucao_da_politica_externa_e_a_restauracao_da_diplomacia_brasileira_Brasilia_Diplomatizzando_2020_169_p).

 

Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p., Coleção “Comunicação e Políticas Públicas”, vol. 42; ISBN: 978-85-8288-201-6 (livro impresso); ISBN: 978-85-8288-202-3 (livro eletrônico; disponível nos links: https://docs.wixstatic.com/ugd/6e2800_3e88aadf851b4b2ba4b54c6707fd9086.pdf e do Google Books: https://books.google.com.br/books?id=tvqjDwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl= pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false). Incorporado à plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/39882114/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_Ed._UFRR_2019_) e a Research Gate (https://www.researchgate.net/publication/334593501_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty). Anunciado no blog Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/07/miseria-da-diplomacia-edicao-da- ufrr.html). 

 

Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p., ISBN: 978-65-901103-0-5. Incorporado à plataforma Academia.edu (link para o miolo do livro: https://www.academia.edu/40000881/A_Destruicao_da_Inteligencia_no_Itamaraty_Edição_do_Autor_2019_) e a Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/334450922_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_Inteligencia_no_Itamaraty_2019). 

 

Contra a corrente: Ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil (2014-2018) (Curitiba: Appris, 2019, 247 p.; ISBN: 978-85-473-2798-9); apresentação na página da editora (link: https://www.editoraappris.com.br/produto/2835-contra-a-corrente-ensaios- contrarianistas-sobre-as-relaes-internacionais-do-brasil-2014-2018). Expediente postado no blog Diplomatizzando (11/02/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/02/contra-corrente-ensaios- contrarianistas.html). Apresentação postada na plataforma Academia.edu (links: http://www.academia.edu/38338893/ContraCorrenteShort.pdf https://www.academia.edu/38338893/Contra_a_Corrente_ensaios_contrarianistas_sobre_as_RI_do_Brasil_2014-2018_2019_).

 

Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014, p. 289; ISBN: 978-85-8192-429-8); Blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/07/nunca-antes-na-diplomacia-todos-os.html). 

 

A ordem econômica mundial e a América Latina: ensaios sobre dois séculos de história econômica; Edição Kindle, 2020; 363 p.; 2029 KB; ASIN: B08CCFDVM2; ISBN: 978-65-00-05967-0; Info blog Diplomatizzando (link: https://www.academia.edu/43494964/A_ordem_economica_mundial_e_a_America_Latina_ensaios_sobre_dois_seculos_de_historia_economica_2020_). 

 

O Mercosul e o regionalismo latino-americano: ensaios selecionados, 1989-2020; Edição Kindle, 2020; 453 p.; 1567 KB; ASIN: B08BNHJRQ4; ISBN: 978-65-00-05970-0; Info blog Diplomatizzando (23/06/2020; links: links: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/06/o-mercosul-e-o-regionalismo-latino.html) e https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/06/o-mercosul-e-o-regionalismo-latino_23.html). 

 

Um contrarianista na academia: ensaios céticos em torno da cultura universitária, 2020, 363 p. Apresentação sumária no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/meu-proximo-livro-um-contrarianista-na.html); Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42265476/Um_contrarianista_na_academia_ensaios_c%C3%A9ticos_em_torno_da_cultura_universit%C3%A1ria); Edição Kindle (ASIN: ASIN: B08668WQGL; ISBN: 978-65-00-06751-4; link: https://www.amazon.com/-/pt/dp/B08668WQGL/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&keywords=Paulo+Roberto+de+Almeida&qid=1584737696&s=digital-text&sr=1-1). 

 

Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo: trajetória de duas parábolas da era contemporânea; 2019; Edição em Kindle; ASIN: B082YRTKCH. ISBN: 978-65-00-05969-4; Disponível nas plataformas Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41255795/Marxismo_e_Socialismo_2019_) e Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/337874789_Marxismo_e_Socialismo_trajetoria_de_duas_parabolas_na_era_contemporanea_2019). 

 

Contra a corrente: Ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil (2014-2018) (Curitiba: Appris, 2019, 247 p.; ISBN: 978-85-473-2798-9); Disponível na página da editora (link: https://www.editoraappris.com.br/produto/2835-contra-a-corrente-ensaios- contrarianistas-sobre-as-relaes-internacionais-do-brasil-2014-2018). Info blog Diplomatizzando (11/02/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/02/contra-corrente-ensaios- contrarianistas.html), plataforma Academia.edu (links: http://www.academia.edu/38338893/ContraCorrenteShort.pdf https://www.academia.edu/38338893/Contra_a_Corrente_ensaios_contrarianistas_sobre_as_RI_do_Brasil_2014-2018_2019_). 

 

Pontes para o mundo no Brasil: minhas interações com a RBPI, Edição Kindle, 2019, 481 p.; ASIN: B08336ZRVS; ISBN: 978-65-00-06769-9. Info blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/ontes-para-o-mundo-no-brasil- minhas.html) e Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41447612/Pontes_para_o_mundo_no_Brasil_minhas_interacoes_com_a_RBPI_2019_). 

 

Vivendo com Livros: uma loucura gentil, Brasília, Edição de Autor, 2019, 265 p. Edição Kindle; ASIN: B0838DLFL2; ISBN: 978-65-00-06750-7. Info blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/vivendo- com-livros-uma-loucura-gentil.html). 

 

Um contrarianista no limbo: artigos em Via Política, 2006-2009, Brasília, Edição de Autor, 2019, 240 p.; Edição Kindle; ASIN: B083611SC6; ISBN: 978-65-00-06752-1Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/um-contrarianista-no-limbo-artigos- em.html). plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41459572/Um_contrarianista_no_limbo_artigos_em_Via_Politica_2019_). 

 

Minhas colaborações a uma biblioteca eletrônica: contribuições a periódicos do sistema SciELO, 2019, 300 p. Edição Kindle, ASIN: B08356YQ6S; ISBN: 978-65-00-06768-2Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/minhas-contribuicoes-periodicos-do.html); plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41459945/Minhas_colaborações_a_uma_biblioteca_eletronica_contribuicoes_a_periodicos_do_sistema_SciELO_2019_). 

 

O panorama visto em Mundorama: ensaios irreverentes e não autorizados, 2019, 477 p.; edição em Kindle, ASIN: B082ZNHCCJISBN: 978-65-00-06753-8. Divulgado via Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/o-panorama-visto-em-mundorama-livro-em.html) e em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41447822/O_panorama_visto_em_Mundorama_ensaios_irreverentes_e_nao-autorizados_2019_). 

Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude, 2019, 398 p.; Edição Kindle (ASIN: B082Z756JH). Anunciada no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/paralelos-com-o-meridiano-47-ensaios.html) e na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41460298/Paralelos_com_o_Meridiano_47_Ensaios_Longitudinais_e_de_Ampla_Latitude_2019_). 

 

Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial, Brasília, 2018, 110 p.; Edição Kindle, 2018; ASIN: B07BCRM1YF; link: https://www.amazon.com/dp/B07BCRM1YF); Blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/03/volta-ao-mundo-em-25-ensaios-prefacio.html). Relação de Originais n. 2712. Publicados n. 1275.

 

Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização; Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2010, 281 p. ISBN: 978-85-375-0875-6; disponível em Academia.edu: link: https://www.academia.edu/42313006/Globalizando_ensaios_sobre_a_globalizacao_e_a_antiglobalizacao_2011_

 

O Estudo das Relações internacionais do Brasil, Brasília, 24 de agosto de 2006. LGE Editora, 2006; ISBN: 85-7328-271-2; disponível na plataforma Academia.edu, link: https://www.academia.edu/42674261/O_Estudo_das_Relacoes_internacionais_do_Brasil_um_dialogo_entre_a_diplomacia_e_a_academia_2006_https://www.academia.edu/42674262/O_Estudo_das_Relacoes_internacionais_do_Brasil_Quadros_Analiticos_Horizontais

 

Os primeiros anos do século XXI: relações internacionais contemporâneas. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002; ISBN: 85-219-0435-5; disponível na plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/42283521/Os_Primeiros_Anos_do_Seculo_XXI_o_Brasil_e_as_relações_internacionais_contemporaneas_2002_

 

O estudo das relações internacionais do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade São Marcos, 1999, 300 p.; ISBN: 85-86022-23-3; Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/o-estudo-das-relacoes-internacionais-do.html); na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42301157/O_estudo_das_relacoes_internacionais_do_Brasil_1999_ e, para as tabelas: https://www.academia.edu/42301158/Tabelas_Estat%C3%ADsticas_e_Quadros_Anal%C3%ADticos_O_Estudo_RI_Br_).

 

Mercosul: fundamentos e perspectivas. São Paulo: LTr, 1998, 160 p. ISBN: 85-7322-548-3; disponível na plataforma Academia.edu, link: https://www.academia.edu/42290608/Mercosul_fundamentos_e_perspectivas_1998_

 

O Mercosul no contexto regional e internacional. São Paulo: Edições Aduaneiras, 1993, 204 p.; disponível na plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/42007009/O_Mercosul_no_Contexto_Regional_e_Internacional_1993_

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4126: 5 abril 2022, 6 p.

 

O Brasil e a integração regional, da Alalc à Unasul: algum progresso? (2014) - Paulo Roberto de Almeida

 O Brasil e a integração regional, da Alalc à Unasul: algum progresso? (2014)

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata; professor no Centro Universitário de Brasília (Uniceub)

Respostas a questões sobre o Mercosul e a integração regional: Revista Sapientia (São Paulo: ano 3, vol. 18, junho-julho 2014, p. 31-36). Publicado em Mundorama (ISSN: 2175-2052, 11/06/2014).

 

 

Sistema multilateral de comércio e esquemas de integração: quão compatíveis?

O sistema multilateral de comércio contemporâneo, teoricamente administrado pela Organização Mundial de Comércio (OMC), convive, na prática, com dezenas, mais exatamente centenas de acordos bilaterais ou plurilaterais de comércio preferencial (estes bem mais numerosos), de zonas de livre comércio (relativamente comuns, atualmente), de uniões aduaneiras (poucas) ou de mercado comum (de fato apenas um, a União Europeia, embora vários outros pretendam sê-lo, sem de verdade conseguir). O Brasil participa, cronologicamente, de uma área de comércio preferencial – a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), criada em 1980 para substituir uma anterior tentativa frustrada de livre comércio, a Alalc, fundada em 1960 – e de uma “união aduaneira em implementação”, o Mercosul, criado em 1991 para tornar-se um mercado comum em quatro anos, mas que não conseguiu completar sua zona de livre comércio e que sequer conseguiu fazer funcionar de modo adequado os requerimentos básicos de sua união aduaneira, que seria a efetiva aplicação da Tarifa Externa Comum e uma atuação conjunta dos membros com sentido convergente em torno de uma política comercial uniforme. O Mercosul integra, teoricamente, a Aladi.

Muitos outros esquemas regionais ou sub-regionais de integração surgiram, sobreviveram ou estagnaram no curso do último meio século, entre os quais o Grupo Andino (1969), oportunamente convertido na Comunidade Andina de Nações (CAN). Ela pode ser, também teoricamente, considerada uma experiência de união aduaneira – na verdade, tentativamente de mercado comum – que tampouco realizou seus objetivos. Existem diversos acordos preferenciais ou de associação que vinculam o Brasil e o Mercosul a países da CAN, a começar por diferentes acordos de alcance parcial (AAPs), ou de complementação econômica (ACEs) contraídos no âmbito da Aladi, embora todos eles tenham um escopo menos ambicioso – pela cobertura aduaneira e pelo grau de liberalização tarifária – do que seria no caso da existência de um único acordo de livre comércio, plenamente operacional, entre os dois blocos de integração. 

Em todo caso, a intensidade de comércio entre o Brasil e o Mercosul e os demais países da CAN, enquanto grupo (menos efetivo) ou individualmente, é bem maior, devido a fatores de proximidade geográfica e de laços historicamente consolidados, do que os tênues laços existentes entre o Brasil, de um lado, e países da Comunidade dos Estados do Caribe (Caricom) ou do Sistema de Integração Centro-Americano (Sica), de outro. O Brasil não está presente nesses dois blocos, tanto por razões de distanciamento físico, da penúria de vínculos diretos de transporte, quanto da falta de tradição no estabelecimento de acordos comerciais, inclusive porque o funcionamento do Mercosul demandaria negociações conjuntas entre os dois blocos (e não é seguro de que se poderia contar com perfeita unanimidade de visões e intenções em cada um deles). 

A existência desses blocos, ou mesmo de acordos não perfeitamente funcionais, poderia, sempre teoricamente, ser positiva para o Brasil, para o Mercosul, e para o próprio sistema multilateral de comércio regido da OMC, desde que todos eles fossem guiados pelo espírito do chamado “regionalismo aberto”, ou seja, de acordos de tipo preferencial mas que ainda assim preservem os princípios básicos dos entendimentos relativos às zonas de livre comércio ou união aduaneiras consagrados nos textos fundacionais (Artigo 24 do Gatt-1947), nos entendimentos posteriores (Parte IV do Gatt, de 1964, cláusula de habilitação da Rodada Tóquio, de 1979) e no memorando de entendimento sobre o Artigo 24 resultante da Rodada Uruguai (de 1993). Cabe, de fato, a expressão teoricamente, uma vez que muitos desses acordos, mesmo os simples esquemas de comércio preferencial podem ser discriminatórios em relação a terceiras partes, ou seja, países e territórios aduaneiros não membros. 

A tensão inerente aos princípios potencialmente liberais do sistema multilateral de comércio e a seus próprios dispositivos de exceção (artigo 24 e subsequentes), que permitem fazer discriminação contra os não membros de acordos preferenciais, está presente desde o início do Gatt, e de fato, historicamente, desde os primeiros acordos consagrando versões limitadas da velha cláusula de nação mais favorecida. Com o surgimento do Gatt, e a versão ilimitada e incondicional de nação mais favorecida, diminuíram as chances de tratamentos especialmente discriminatórios, mas não resta dúvida de que a possibilidade permanece, senão sobre a base de princípios e regras consolidados nos instrumentos existentes, pelo menos na prática, dada a existência de dispositivos especiais que abrem espaço algum tipo de discriminação comercial. 

 

Em que medida os esquemas sub-regionais de integração afetam o Brasil?

O Brasil, ou o Mercosul, não é tão afetado pela existência de acordos como os do Caricom, do Sica ou da CAN, quanto pela existência em paralelo de acordos bilaterais ou plurilaterais que estes blocos, ou seus países individualmente, possam ter contraído ou manter com parceiros mais poderosos, como os Estados Unidos e a União Europeia. O comércio interno aos blocos regionais pode ser, ou não, importante em termos de volume, o que depende mais do grau de complementaridade entre as economias nacionais do que propriamente dos acordos formais existentes: esquemas de livre comércio bilaterais (mantidos com aqueles dois grandes parceiros) ou plurilaterais (como o Nafta, por exemplo) conseguem ser mais abrangentes do que os esquemas puramente intrarregionais. 

Com efeito, o comércio recíproco entre os países membros desses blocos não é provavelmente tão importante – com algumas exceções – quanto os intercâmbios, regulados ou não por algum acordo comercial, mantidos com parceiros mais poderosos. Todos esses países, ou quase todos – no caso do Caricom, todos eles; nos casos do Sica e da CAN, existem exclusões – mantém acordos preferenciais, de associação ou de livre comércio com os Estados Unidos e com a União Europeia, com dispositivos especiais e profundidades diversas em cada um deles. Existe, assim, um mosaico de situações que pode tanto facilitar quanto dificultar o acesso de terceiras partes a seus mercados respectivos, tanto quanto os fluxos de comércio mantidos ao exterior desses acordos podem ser afetados por algumas das preferências trocadas entre os primeiros. 

Tanto é assim que empresas brasileiras procuraram contornar a não existência de acordos diretos com esses grandes mercados – o que foi provocado, por exemplo, pela implosão deliberada das negociações do projeto da Alca, proposto pelos Estados Unidos, pela ação conjunta dos governos Lula, Kirchner e Chávez – mediante sua implantação física no território de alguns desses países, no Caribe ou na América Central, para a partir daí poder vender ao mercado dos Estados Unidos produtos já beneficiados com acesso preferencial. As políticas comerciais protecionistas ou defensivas adotadas por Brasil e Argentina (e por extensão pelo Mercosul) fazem mais mal ao comércio exterior brasileiro do que a existência desses blocos preferenciais.

Criação e desvio de comércio são dois velhos fenômenos vinculados aos esquemas regionais de integração, plenamente identificados desde antes da existência do Gatt por estudiosos como Jacob Viner, que estudou o potencial discriminatório suscetível de ser produzido pelos blocos comerciais com base nos acordos pioneiros efetuados na Europa ou pela Comunidade Britânica de nações (por meio da Imperial Preference adotada na conferência de Ottawa de 1932, por exemplo). O Mercosul já foi acusado de provocar mais desvio do que criação de comércio, mas atualmente parece ser bem mais afetado pelo segundo processo, uma vez que não conseguiu efetivar praticamente nenhum acordo comercial significativo com outros blocos ou países desde que foi teoricamente consolidado como união aduaneira. A relutância da Argentina, e do próprio Brasil, em abrir-se em esquemas mais profundos de liberalização comercial explica essa frustração, o que tem preocupado a comunidade empresarial brasileira, ciente das perdas implícitas a qualquer isolamento das grandes correntes de comércio.

 

Existe superposição de funções entre os diversos esquemas de integração?

Dos três esquemas aos quais o Brasil está associado atualmente, a Aladi, o Mercosul e a Unasul, é praticamente inevitável alguma superposição de funções, entre eles. Mas os três órgãos não podem ser colocados no mesmo plano institucional e, sobretudo, não possuem os mesmos papeis, sequer funções similares, no quadro dos órgãos de integração regional da América Latina. O fato de haver temas comuns não significa que eles tenham surgido com os mesmos objetivos ou se destinam a preencher funções similares, ou semelhantes, a não ser pela designação genérica, em alguns casos equivocada, de “integração”. Essa aparente unidade conceitual em torno do objetivo da integração regional – no caso do Mercosul sub-regional – não pode descurar a realidade de que eles são muito diferentes, e possivelmente vão continuar existindo em paralelo, com alguma superposição de funções, mas não vão se fundir, não vão desaparecer, e tampouco coordenar-se para uma cooperação ideal visando alcançar objetivos semelhantes. Vejamos por que é assim.

A Aladi é o mais antigo de todos: ela tem origem na frustrada Alalc (1960), que procurou criar uma zona de livre comércio na América Latina sem que os países estivessem de verdade preparados para atender todos os compromissos do mandato original e sem, provavelmente, possuir a intenção real de cumprir as etapas e condições requeridas para o atingimento do objetivo final. Ela foi, assim, substituída, pela Aladi que, a despeito do nome mais ambicioso, representou de fato um recuo em relação ao livre comércio, para aspirar tão somente a acordos preferenciais de comércio de alcance parcial e limitado (em consonância com as novas disposições da chamada “cláusula de habilitação”, pela qual partes contratantes ao Gatt menos desenvolvidas estavam autorizadas a contrair entre si acordos preferenciais sem infringir disposições do Artigo 24 do Gatt original). Em outros termos, a Aladi possui objetivos bem delimitados que, mesmo considerando as metas de longo prazo de um espaço ampliado de liberalização comercial, dificilmente transformará a região numa área de livre comércio efetiva. Os países a utilizam – talvez fosse o caso de dizer as empresas, em especial as multinacionais – para objetivos delimitados de acessos recíprocos em setores definidos, de acordo com estratégias de alocação ótima de investimentos e de divisão de mercados, de acordo com um planejamento de tipo microeconômico. 

O Mercosul, por sua vez, nasceu de uma percepção de que os dois grandes parceiros do Cone Sul não poderiam ficar indiferentes à onda de acordos minilaterais que estavam sendo negociados a partir dos anos 1980, quando o sistema multilateral de comércio perdeu o grande impulso liberalizador do imediato pós-Segunda Guerra. Naquela época, a então Comunidade Econômica Europeia estava concretizando seu projeto de mercado unificado, com a ameaça de converter-se em uma fortaleza comerciais, ao passo que os Estados Unidos e o Canadá negociavam uma extensão geral do seu acordo de livre comércio automotivo dos anos 1960, no sentido de estabelecer uma zona de livre comércio, abrangendo temas e objetivos não cobertos, então, pelos dispositivos relativamente limitados do Gatt-1947 e alguns dos protocolos setoriais. 

O Mercosul avançou relativamente bem nos primeiros anos, mas logo deparou-se com tarefas mais exigentes em liberalização e, sobretudo, em coordenação das políticas econômicas e setoriais dos países membros, com o que diminuiu o ímpeto original de caminhar rapidamente para um mercado comum. A bem da verdade, nem o livre comércio tornou-se efetivamente universal, nem a Tarifa Externa Comum foi implementada de maneira uniforme e abrangente para cobrir toda a pauta aduaneira comum dos países membros. Exceções nacionais persistiram nos dois âmbitos, e dinâmicas diferenciadas de estabilização econômica nos dois grandes países fizeram com a coordenação de políticas macroeconômicas – em especial a cambial, mas também a fiscal e a monetária – fosse impossível de ser realizada na prática, a despeito de solenes proclamações em contrário. No meio do caminho, o Mercosul enfrentou alguns percalços, mas poderia ter continuado a avançar, se não fossem orientações totalmente contrárias ao espírito original do Tratado de Assunção, que passaram a guiar as ações desses dois países, a partir das administrações de Lula no Brasil e de Kirchner na Argentina, ambas inauguradas em 2003. Desde então, o Mercosul só fez recuar no plano do comércio e da abertura econômica, ainda que criando novos dispositivos de caráter político e social, que não estavam contemplados no tratado original, a não ser de modo muito vago e indireto. 

A Unasul, finalmente, a despeito de uma retórica ainda mais ambiciosa quanto aos objetivos da integração na América do Sul, não pretende (de fato não poderá) realizar esse objetivo, a não ser de forma totalmente vaga e sem dispor de qualquer meta precisa quanto aos meios e instrumentos pelos quais esse objetivo poderia ser alcançado. A Unasul deriva de uma iniciativa do governo Lula no sentido de criar uma espécie de “linha auxiliar” para o Mercosul, no terreno político e da coordenação dos países sul-americanos, podendo também servir de cobertura para projetos de integração física na região, sem precisar retomar a Iniciativa de Integração Sul-Americana que tinha sido iniciada no governo Fernando Henrique Cardoso, e sem precisar abrigar os objetivos mais comercialmente abrangentes com os quais o México já estava comprometido no âmbito dos seus outros compromissos de livre comércio na América do Norte e alhures. A estratégia brasileira não resultou totalmente satisfatória, uma vez que o projeto original – a Comunidade Sul-Americana de Nações – foi, ainda na fase constitutiva, parcialmente sabotado por outros países sul-americanos e, pouco depois, deliberadamente desviado de seu curso inicial pelo caudilho venezuelano Hugo Chávez, que fez aprovar o tratado da Unasul na Isla Margarita, em 2008, e colocou o seu secretariado na capital de um aliado, o Equador de Rafael Correa. 

Do ponto de vista prático, não há nenhuma possibilidade de que a Unasul realize a integração econômica sul-americana, inclusive porque ela serve apenas de tribuna retórica para os presidentes da região, e vem sendo utilizada, e abusada, de forma totalmente enviesada pelos chamados países bolivarianos, que se servem de uma suspeita legitimidade para justamente legitimar uma erosão sensível dos princípios democráticos em seus próprios países. Suas reuniões têm sido consistentemente políticas, e apenas políticas, sem qualquer conteúdo visível de liberalização comercial, e muito menos de abertura econômica, inclusive porque os ditos bolivarianos operam um retrocesso notável para fases ultrapassadas da história econômica latino-americana, ao promoverem exercícios controversos de nacionalismo econômico, de intervencionismo estatal, de dirigismo comercial introvertido e defensivo, ademais de todas as demais ofensas contra direitos proprietários e o desrespeito a normas contratuais, inclusive no que respeita a proteção do investimentos estrangeiros (ações de que o próprio Brasil foi vítima, na Bolívia, por exemplo). 

Em resumo, a Aladi vai permanecer como um cartório de registro de acordos parciais e limitados de abertura mercantilista na área comercial, o Mercosul continuará como uma tribuna mais política do que efetivamente econômica pelos tempos que correm, e a Unasul seguirá sendo utilizada para outros objetivos políticos, e manipulada por países que pouco compromisso mantêm com um projeto realista e ordenado de integração econômica ou comercial. Não estranha que a região esteja sendo fragmentada em blocos diversos, e que a Aliança do Pacífico tenha sido criada por quatro países – Chile, Peru, Colômbia e México – bem mais voltados para objetivos pragmáticos de natureza econômica do que para a retórica gasta de uma integração ilusória. 

 

O Mercosul está condenado ao desaparecimento ou poderá sobreviver?

Nunca ocorreu, a propriamente dizer, a realização dos objetivos estatutários do Mercosul, a despeito de alguns visualizarem uma “época áurea” nos primeiros nove anos de existência do bloco. Antes de 2003, ou mais exatamente antes de 1999, os países membros pareciam sinceramente comprometidos em alcançar os objetivos originais, procurando resolver as diferenças quanto aos ritmos da integração por meio de projetos concretos para superar as dificuldades, envidando esforços reais para continuar a liberalização do comércio recíproco e realizar a coordenação tentativa de suas políticas econômicas nacionais. 

A partir da crise cambial de 1999 no Brasil, e do aprofundamento da crise do regime de conversibilidade na Argentina, na mesma época, as divergências quanto às medidas a serem adotadas, nacionalmente ou de modo coordenado no bloco, foram aprofundadas. As administrações seguintes, de Lula no Brasil, e de Nestor Kirchner na Argentina, se desvincularam de modo claro dos objetivos originais do Mercosul, para impulsionar em seu lugar agendas políticas de reduzido, ou praticamente nenhum, conteúdo econômico ou comercial. Não cabe, no entanto, nenhuma culpa ao Mercosul, enquanto bloco, nem pelo lado institucional, nem pelo seu funcionamento, uma vez que a responsabilidade pelos fracassos e retrocessos continuados incumbe inteiramente aos países membros, em especial aos dois maiores. 

Da mesma forma, não se pode atribuir à diplomacia profissional brasileira qualquer responsabilidade pelas turbulências surgidas nos últimos dez anos, uma vez que as principais decisões quanto ao curso adotado pelo Mercosul foram todas tomadas no âmbito do poder executivo, ou seja, em nível presidencial. A orientação seguida pela diplomacia presidencial foi a de tentar fazer do Mercosul um instrumento a serviço de uma pretensa vontade de liderança brasileira na região, que jamais foi impulsionada pela diplomacia profissional, pelo fato desta conhecer exatamente os limites desse tipo de exercício numa região fragmentada por visões divergentes sobre sua união política. 

O Mercosul sempre foi, desde a origem, um projeto prioritário da diplomacia profissional e das políticas presidenciais no âmbito externo, mas essas percepções podem ter variado tanto em função da dinâmica econômica em curso no Brasil e nos demais países, quanto em função de objetivos políticos dos diversos presidentes ao longo do tempo. Pode-se dizer que José Sarney e Fernando Henrique Cardoso tinham uma noção pragmática da integração sub-regional, de seus limites e possibilidades, ao passo que Lula esteve animado por objetivos que poucas relações mantinham com os objetivos originais do bloco, em especial sem conexões mais afirmadas com a abertura econômica e a liberalização comercial. 

O objetivo de um espaço econômico integrado no Cone Sul, e progressivamente na América do Sul, é de fato prioritário, não apenas para a diplomacia brasileira, mas sobretudo para o Brasil, enquanto economia e na condição de um ator regional de certa importância geopolítica. Os governos Sarney e FHC procuraram, de modo bastante engajado, impulsionar o bloco pela vertente de seus objetivos originais, mas a partir do governo Lula pode-se dizer que o Mercosul passou a ser utilizado para cumprir finalidades que tinham poucas relações com suas metas econômicas e comerciais. Mas, mesmo esses objetivos não foram satisfatoriamente cumpridos, uma vez que a Argentina, a partir do governo Kirchner, desvinculou-se completamente do espírito do bloco para impulsionar seus próprios projetos de “reindustrialização” do país.

Desde 2003, de modo sistemático, a Argentina adotou uma postura abertamente protecionista, inclusive e principalmente contra os demais membros do Mercosul, o Brasil em especial, cujo governo tolerou, e de certa forma foi conivente, com as medidas ilegais, arbitrárias e totalmente contrárias ao espírito e à letra do tratado de Assunção, e até contra normas do sistema multilateral de comércio. Em consequência, o comércio intra-Mercosul recuou, tanto para dentro, quanto no que se refere a processos de negociações comerciais com terceiras partes, no âmbito multilateral e na interface inter-regional (com a UE, entre outros). 

Mais uma vez, não existe nada de errado com o Mercosul em si, mas ele não conseguirá recuperar seu perfil e objetivos originais a menos de uma mudança radical na postura dos seus membros principais. A mudança, na verdade, teria de ser um retorno ao mandato comercial e econômico inscrito no tratado de Assunção, sem mais desvios indevidos pelas áreas política ou pretensamente social. A diplomacia brasileira, pelo seu staff profissional, tem plena consciência de que o bloco foi desviado de suas metas originais, mas a responsabilidade por essa situação incumbe inteiramente às lideranças presidenciais. 

 

O Mercosul pode servir para a integração do Brasil a cadeias produtivas globais?

Teoricamente sim, mas qualquer esquema de integração tem de guardar estreita correspondência com as demais políticas setoriais dos países membros, no sentido de fazê-los aproveitar as economias de escala e as possibilidades de modernização tecnológica e produtiva que normalmente estão associadas às ações em favor da integração, com vistas a realizar o objetivo econômico maior da inserção global. A orientação em favor da integração regional, estrito senso, pode ajudar na coordenação de políticas comuns nas organizações multilaterais, tanto quanto na atração conjunta de investimentos externos, passos essenciais para a inserção produtiva de amplo escopo. 

No caso do Mercosul, a articulação de votos nos organismos internacionais só tem valido, no que tange a integração, em relação a temas comerciais e econômicos estritamente vinculados aos objetivos listados no tratado de Assunção, e não para outros objetivos políticos que não respondem ao mandato original. Na prática, o desvio dos objetivos originais do Mercosul afastou o Brasil, e o resto da região, do atingimento dessas finalidades vinculadas a cadeias produtivas e inserção nas cadeias globais da economia mundial. Em outros termos, o Mercosul deixou de ser visto, pelos grandes investidores globais, como uma entidade homogênea, dotada de políticas comuns.

Nos últimos dez anos, a integração na América Latina de fato recuou, o que explica que alguns países decidiram optar por outros esquemas, mais flexíveis, de integração, e avançar no terreno da liberalização comercial, inclusive com objetivos globalizantes. Este é o caso, justamente, da Aliança do Pacífico, menos voltada para o comércio recíproco do que para sua inserção nos grandes arranjos que estão ocorrendo no âmbito da bacia do Pacífico. No caso do Mercosul, ocorreu certa desvinculação da concepção original, o que explica manifestações do empresariado brasileiro em favor de uma caminhada novamente solitária na região e fora dela. 

Assim, a despeito dos erros de políticas econômicas, da introversão econômica e do protecionismo comercial, cometidos pelos dois grandes países do bloco, as empresas brasileiras continuaram seu movimento de expansão na região, pois tais movimentos correspondem a necessidades objetivas de sua capacidade de projeção competitiva, podendo contar inclusive com o apoio de alguns órgãos governamentais – como o BNDES – para financiar iniciativas mais ambiciosas. Mas, essas iniciativas podem ser erráticas e descontinuadas, o que explica algum recuo na penetração comercial dos vizinhos pelas empresas nacionais. Na prática, são os Estados Unidos e a China que estão ganhando novos espaços na região – em função de acordos comerciais, ou de ganhos significativos com a exportação de produtos primários para o gigante asiático – em detrimento do Brasil e do Mercosul. 

Se o Mercosul estivesse de verdade unido em torno de objetivos comuns as posições dos países estariam alinhadas nas negociações multilaterais da Rodada Doha ou no longuíssimo processo negociador com a União Europeia, o que não ocorre de fato. Para que os objetivos teóricos de um processo de integração sejam plenamente realizados, seria preciso que as políticas econômicas dos membros, em especial as políticas comerciais e industriais, ademais da coordenação macroeconômica entre eles, correspondam aos ideais da abertura econômica e da liberalização comercial. Não parecer ser o caso atualmente, o que não quer dizer que tal situação não possa mudar. Para isso, seria provavelmente necessária a assunção de lideranças políticas com perfil de estadistas nos principais países membros. Não precisaria ser uma condição sine qua, se o processo de construção do Mercosul fosse mais institucionalizado e conduzido de maneira burocrática pelas diplomacias nacionais, mas o fato é que o curso do bloco tem sido mais determinado pelo que decidem politicamente seus presidentes do que comanda a agenda econômica dos tratados firmados pelos Estados membros.

O Mercosul não vai deixar de existir, mas sua relevância política e sua importância econômica para os países membros, para o Brasil em particular, tem diminuído, de maneira provavelmente proporcional, no sentido inverso, à expansão do protecionismo comercial e do intervencionismo econômico nos grandes sócios do bloco. Não é seguro que ele volte a se recuperar plenamente de seu atual estado letárgico, mas a superação da situação atual vai exigir algo mais do que discursos vazios em favor da integração, e ações concretas para se retomar o curso original do processo. 

 

Paulo Roberto de Almeida [Hartford, 18/05/2014]

 

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Le Capitaine Volkonogov s'est échappé: un filme russe sur la Grande Terreur stalinienne, pas encore sorti em Russie

 

https://www.lhistoire.fr/rubrique/cin%C3%A9ma

Le Capitaine Volkonogov s'est échappé : verbatim

Réalisé par Natalia Merkoulova et Alexeï Tchoupov, Le Capitaine Volkonogov s'est échappé est un film russe sorti en France le 29 mars 2023. Sa projection au cinéma Le Balzac, le 11 avril, fut l’occasion d’un dialogue organisé par L’Histoire entre Sabine Dullin, professeure à Sciences Po et spécialiste de l’histoire de l’Union soviétique, et Antoine de Baecque, historien et critique du cinéma.

Cette rencontre s’est tenue en l’absence des réalisateurs, vivants en exil au Kazakhstan depuis le début de la guerre en Ukraine.

 

Pourquoi un film sur la Grande Terreur ne peut-il pas sortir en Russie ?

Sabine Dullin : Le film avait obtenu l’autorisation de sortie en août 2021. Toutefois, la guerre en Ukraine a remis en cause sa sortie en salle. Le producteur Evgeni Nikishov a donné un interview en avril 2022 au moment où cela aurait dû avoir lieu pour dire qu'il ne voyait pas de perspective de distribution pour un film de ce genre à l'heure de « l'opération spéciale en Ukraine » et qu'on allait attendre l'automne. Central Partnership le distributeur qui appartient au groupe Gazprom-Média n'a pas donné suite et a annulé la sortie. Mais le film s'est tout de même retrouvé sur l'internet russe et sa diffusion sur des plateformes de streaming semble avoir été faite à l'initiative d'un producteur du film. La censure n'est donc pas complète. Les réalisateurs font un film sur la grande Terreur sans intention de faire des parallèles avec le temps présent. Mais le film les établit de fait. En racontant un passé très douloureux aux Russes qui ne le connaissent plus, le film agit à la manière de l'ONG Mémorial interdite depuis décembre 2021 et qui menait le travail de mémoire sur les crimes du stalinisme. La stigmatisation des « agents de l'étranger » dans la Russie actuelle résonne avec les accusations d'ennemis du peuple et de cinquièmes colonnes de la grande Terreur qu'évoque magistralement le film.

Pourquoi et comment la Grande Terreur (1936-1938) s’est-elle mise en place ?

Sabine Dullin : Dans la société stalinienne, on entend forger l'homme nouveau et la femme nouvelle. L'épuration des éléments socialement nuisibles, politiquement suspects, des contre-révolutionnaires, des saboteurs, des traîtres est une entreprise de longue haleine, une ingénierie sociale. Elle a commencé au début des années 1930 avec la dékoulakisation lors de la collectivisation des campagnes. L'assassinat de Sergueï Kirov, un proche de Staline en décembre 1934, provoque le début d'une épuration massive du Parti communiste. Les menaces extérieures font qu'on déporte des nations jugées non fiables aux frontières comme les Polonais ou les Coréens. Mais avant l'ouverture des archives, on ne connaissait pas grande chose de cette Grande Terreur. Robert Conquest aux Etats-Unis la décrivait comme l'épuration des anciens compagnons de Lénine et de tous les cadres de l'Etat-Parti. Une Grande Terreur contre les élites dont les procès de Moscou et les aveux des vieux bolcheviks reconnaissant des crimes insensés sont l'épisode le plus connu. Mais, ce n’était que la partie émergée de l’iceberg. 10 % des victimes. Au début des années 1990, les historiens de Mémorial ont découvert dans les archives les opérations secrètes de 1937-1938 lancées par Staline et Nikolaï Iejov le chef de la police politique. Ces opérations de la Grande Terreur ciblaient des catégories sociales entières, des minorités nationales entières. 90 % des victimes. Durant ces deux années de Terreur, 750 000 personnes sont exécutées, et 1,5 million de personnes arrêtées.

Pour arriver à ces chiffres énormes, la logique a été celle des quotas par régions et par républiques définis par les chefs du NKVD et souvent dépassés. On sollicite les fichiers multiples de police, on élabore des listes de suspects, on constitue des dossiers, les juridictions d'exception appelées troïka formées du chef du Parti, du chef du NKVD et du procureur condamnent à tour de bras. Comme l'explique son supérieur à Volkonogov, l'URSS est « un Etat de droit » et tout doit se faire dans les règles. Dans le palais où travaillent les tchékistes de Leningrad, la torture est ainsi un appendice du travail bureaucratique. Il faut bien une signature des aveux dans le dossier d'instruction pour que l'exécution ne soit entachée d'aucune irrégularité ! Mais comme il faut faire du chiffre, il faut aussi torturer de manière à boucler un cas le plus vite possible avant de passer au suivant.

Dans le film, on exécute ceux qui ont mené la Grande Purge pendant 2 ans. C’est l’histoire de la fin de la Grande Terreur.

Sabine Dullin : C'est à l'automne 1938, le moment où les bourreaux deviennent victimes. Staline arrête la machine de l'épuration, met en cause les méthodes spéciales employés et s'en prend à Nikolaï Iejov, le chef de la police politique, qui est arrêté et condamné. A l'époque, la police politique s'appelle le NKVD mais on continue à appeler ses membres les tchékistes du nom de la Tchéka née avec la révolution russe. La chute de Iejov entraîne celle de ses collaborateurs dans les Républiques et les régions, ceux même qui ont mené les opérations de la grande Terreur. Le chef de Volkonogov, le major Gvozdev se suicide pour échapper à l'arrestation comme le vrai Mikhaïl Litvin, chef du NKVD de Leningrad, connu pour avoir pratiqué largement la torture. Le rouge sang de la cerise ou du cassis évoqué comme jus préféré par Veretennikov, l'ami du capitaine, rappelle une blague qui circulait sur le goût des bais de Litvin. La purge de toute la brigade de Volkonogov démarre. C'est la raison de sa fuite.

C’est vraiment un film sur cette sorte de communauté de tchékistes, on ne voit pas de haute hiérarchie. Mais on la sent, on sent que les ordres arrivent d’en haut.

Sabine Dullin : Le film ne montre pas la chaîne de commandement descendante depuis Moscou et le bureau de Staline. Il montre les exécutants de la Grande Terreur à la direction régionale du NKVD de Leningrad. Les purges à Leningrad ont été particulièrement violentes et massives. La ville était aux yeux de Moscou suspecte. Sergueï Kirov y avait été assassiné. L'intelligentsia y était nombreuse. L'opposition à Staline plus forte. C'était une ville située à 30 km de la frontière de la Finlande, proche des ennemis. Dans le film, on y aperçoit sur un mur de brique la reproduction street art d'un tableau de Malevitch : La charge de la cavalerie rouge. Un rappel de l'avant-garde artistique. L'ancienne Petrograd était la capitale de la révolution. Plutôt que des drapeaux dans les rues, cet héritage révolutionnaire à la fois piétiné et récupéré par Staline éclate dans le rouge flamboyant des joggings des tchékistes...

Comment cette année 1938 s’inscrit-elle dans le contexte international ?

Sabine Dullin : L'Union soviétique est alors sous la menace des Japonais à l'Est qui sont en Mandchourie et en Chine. A l'Ouest, les États hostiles du Sud au Nord de la Roumanie, de la Pologne, des Pays Baltes, de la Finlande sont perçus comme une place d'armes possible pour l'Allemagne nazie qui vient de signer un pacte anti-Komintern, donc anti-communiste avec le Japon et l'Italie. La guerre entre le fascisme et l'antifascisme a déjà commencé à l'autre bout du continent, en Espagne où s'opposent depuis 1936 les Républicains et les franquistes. Staline est à ce moment-là dans le camp antifasciste (cela changera avec le pacte germano-soviétique en août 1939). Il aide à sa manière les Républicains espagnols mais en essayant de noyauter leurs rangs et d'en éliminer anarchistes et surtout trotskistes. Le terme de « cinquième colonne » vient de la guerre civile espagnole. Il s'agit des traîtres infiltrés dans son propre camp et au service de l'adversaire. Staline en fait un usage immédiat en URSS en faisant pourchasser les ennemis intérieurs reliés aux ennemis extérieurs. Le vocable « hitléro-trotskistes » inventé à ce moment-là en dit long sur les amalgames forgés au nom de la cinquième colonne. L'enfant à qui Volkonogov demande le pardon et qui lui répond qu'il ne l'aura jamais a eu son père engagé dans la guerre d'Espagne torturé par les franquistes avant de l'être par les tchékistes, au préalable de son exécution. On peut trouver bizarre qu'un régime qui se sent en danger de guerre en vienne à purger y compris les officiers de l'Armée rouge et tout son État-Major. Mais pour Staline, la vraie garantie de sécurité n'est pas la compétence d'un général comme Toukhachevsky ancien officier de l'armée tsariste rallié à l'Armée rouge, mais la loyauté et le dévouement des jeunes comme Joukov qui lui doivent tout.

Que penser de ce film en historienne ?

Sabine Dullin : Le film témoigne d'une très bonne connaissance des pratiques de la Grande Terreur et du discours qui les entourent. On voit la matérialité des dossiers. Les tchékistes travaillent les biographies de ceux dont ils doivent obtenir les aveux. On voit les interrogatoires : des scènes de violences et d'humiliation. Puis le bourreau à l'œuvre dans une cour pour des exécutions à la chaîne d'une balle dans la tête. Le moteur en marche d'une machine doit recouvrir le bruit des coups de feu car on est en pleine ville.

Les explications données à Volkonogov par Gvozdev, alias Litvin, disent parfaitement l'idéologie de la Terreur stalinienne qui n'a pas besoin de faits ni d'intentions. Les fusillés sont non coupables mais pourraient l'être et cela suffit à leur extorquer les aveux et à les exécuter, La profession (médecin) suffit ainsi à ce qu'on vous condamne pour empoisonnement comme ennemi du peuple contre-révolutionnaire selon l'article 58 du code pénal. Une tache dans la biographie suffit : avoir été paysan riche, avoir des parents à l'étranger, être polonais ou allemand, avoir eu des opposants dans la famille...

La force du film est cependant dans la transgression de ce régime de Terreur par un individu, le capitaine joué par Yuri Borisov. Cela met le système terroriste encore mieux en relief. Acte transgressif face au secret : Volkonogov sort son agenturnoe delo (dossier) ultra-confidentiel du bâtiment du NKVD. Il va montrer aux parents de ses victimes leur acte de décès. Celui-ci n'était jamais montré à la famille. La fille porte ainsi des colis à son père médecin sans savoir qu'il est mort. L'incarcération sans droit de correspondance permettait de camoufler l'exécution. Au moment de la déstalinisation de Khrouchtchev et des premières réhabilitations, l'État a parfois fabriqué des faux certificats avec une soit-disant mort de maladie ou d'accident après des années d'incarcération. Cela permettait à une veuve de toucher enfin une pension parce que son mari était décédé mais cela ne disait rien de la vérité de sa mort. Il faut attendre l'ouverture des archives dans les années 1990 pour que les historiens de Memorial effectuent le travail immense de redonner la vraie date et le lieu de décès aux familles, qui n'en savaient rien depuis des décennies. La volonté de se faire pardonner est aussi une transgression et aucun des interlocuteurs de Volkonogov n'y croit ou ne veut y croire dans une société où le mensonge et le parler faux est omniprésent et où bien souvent on a renié son fils ou sa femme pour survivre.

Un autre imaginaire est aussi présent, celui de l’athlète.

Sabine Dullin : Le film commence par une scène incroyable, une partie de volley au milieu des lustres de l'ancien palais et cela fait ressortir la carrure athlétique des tchékistes. Le jogging rouge vif qui est leur uniforme dans le film est une idée superbe. Tous les autres, les gens ordinaires, les victimes, sont vêtus de vestes matelassés ternes, couleur vert de gris. Les survêtements rouges donnent l'esthétique du surhomme communiste au-dessus des masses. Volkonogov habite pourtant comme les autres dans un appartement communautaire et prend le tramway pour aller au travail. Mais il est à part. Dans la cuisine collective comme dans le tramway, il domine. Même les femmes avec qui ils ont des rapports sexuels savent qu'ils sont d'un autre monde. Le culte du corps de l’athlète soviétique renvoie à la jeunesse, à la puissance virile, à l'homme nouveau. La statuaire réaliste socialiste célèbre ce corps athlétique.

Il y a un autre imaginaire présent, celui de la rédemption. Le camarade du capitaine Volkonogov, joué par le remarquable acteur de théâtre Nikita Kukushkin, est celui qui réoriente le scénario. Torturé et exécuté, il vient hanter le capitaine en fuite, lui intimer la nécessité de se racheter. Évidemment, on pense à l'univers de Dostoïevski, à Crime et Châtiment. L'avant-dernière scène du film, celle du rachat, a l'esthétique d’une piéta inversée, lorsque Volkonogov tient dans ses bras une femme mourante qui lui pardonne.

Est-ce qu’il existe un corpus du cinéma de la Grande Terreur ?

Sabine Dullin : Les films sur la Grande Terreur ne sont pas très nombreux en Russie. On préfère montrer les dernières années de Staline. Ceux qui existent portent habituellement sur les victimes comme Soleil trompeur (Nikita Mikhalkov, 1994). Le film est ici centré sur les bourreaux. En cela, il accompagne l'évolution de l'historiographie russe et occidentale de l'étude des victimes vers celle des « perpetrators », comme cela avait été le cas mais plus tôt dans l'historiographie sur la Shoah.

Le film joue beaucoup sur le rouge, et sur son inventivité graphique.

Sabine Dullin : La volonté de toucher un public plus jeune est très importante chez les réalisateurs. Leningrad filmé ici comme une ville d'arrière-cours miteuses et de palais décatis, les hommes en rouge qui sont les héros de l'histoire, tout ceci donne une tonalité dystopique, l'atmosphère d'un conte ou d'un cauchemar. Certains visuels font penser à Tarkovski. Le film navigue dans les grands genres du cinéma, de l'esthétique réaliste socialiste à la Tchapaïev (film des Vassiliev de 1934, un des plus célèbres de l’entre-deux-guerres), jusqu'à Stalker (Tarkovski, 1981). On peut aussi noter les influences américaines, comme celle du film d’horreur de Cronenberg, ou les scènes de torture à la Tarantino.

Ce thriller est très rythmé, avec une double quête : Volkonogov cherche les parents de ses victimes pour obtenir leur rachat, le nouveau major qui remplace celui qui s'est suicidé chasse le fuyard. L’esthétique n'a rien de classique. On n'y voit pas les grandes affiches de propagande, les portraits de Staline qui ornaient les rues et les bureaux. On y voit un dirigeable et surtout du rouge.

Propos recueillis par Charlotte Pangrazzi.


A lire : « La fuite de Volkonogov », Antoine de Baecque, L’Histoire n°506, avril 2023.


Lançamento conjunto: Construtores da Nação, projetos para o Brasil de Cairu a Merquior, de Paulo Roberto de Almeida; A História do Brasil pelas suas Constituições, de Rodrigo Saraiva Marinho

 Finalmente, um evento que estava aguardando desde algum tempo: 


Sumário e apresentação de meu livro figuram nesta postagem: 
https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/08/construtores-da-nacao-projetos-para-o_25.html

O sumário do livro do Rodrigo Marinho segue abaixo: 


Papo de boteco: Lula define postura na guerra da Ucrânia apoiado em sabedoria de botequim - William Waack (O Estado de S. Paulo)

Papo de boteco: Lula define postura na guerra da Ucrânia apoiado em sabedoria de botequim

William Waack

O Estado de S. Paulo, 27/04/2023

 

A política externa atual do Brasil em relação ao conflito na Ucrânia é a política externa do Lula. Ela consiste na promoção da imagem pessoal do presidente como um estadista de grande projeção internacional.

O principal problema dessa política é o notável distanciamento entre a visão que Lula tem do cenário internacional e a realidade dos fatos. Nesse sentido, as bobagens que ele tem reiterado sobre causas, evolução (no sentido cronológico) e possíveis resultados do conflito não são apenas deslizes retóricos.

São distorções trazidas pela ignorância de como funciona a ordem internacional em transformação e o motivo das ações das potências envolvidas. Junto da incapacidade de entender e formular o que seja o interesse nacional brasileiro, que Lula confunde (como fazem populistas em qualquer lugar) com interesses políticos pessoais.

Uma das imprecisões históricas mais reveladoras da falta de visão internacional de Lula foi a afirmação de que a China merece um crédito especial como possível negociadora no conflito da Ucrânia pois “não faz guerra há muito tempo”. A história da moderna China, como a de todas as grandes potências, é a história de suas grandes guerras (de conquista, civil ou ambas). E a China está se preparando para a maior delas, contra os EUA.

A afirmação, feita por Lula, de que não adianta “discutir quem está certo ou quem está errado” no caso da Ucrânia implica desprezo do presidente brasileiro a princípios de Direito Internacional. A preservação desses princípios foi durante décadas o norte da política externa brasileira.

Outra bobagem retórica – “Você só vai discutir acerto de contas quando pararem de dar tiros” – expõe incapacidade de entendimento das relações internacionais. Não se esperava que Lula se dedicasse a interpretar a frase célebre de Clausewitz (A guerra é a continuação da política por outros meios), mas qualquer político realista e realmente pragmático sabe bem o que significa.

A guerra imposta pela Rússia à Ucrânia é uma guerra imperialista clássica de conquista inflamada por nacionalismo e chauvinismo de séculos, dos czares aos bolchevistas, além do típico anseio por segurança (diante de ameaças reais ou percebidas, como a existência da Otan) de grandes potências. Ela se tornou fator definidor da ordem internacional que, simplificando, é a formação de dois formidáveis blocos geopolíticos. Guerra da Ucrânia e nova ordem são eventos com características próprias, mas que se tornaram inseparáveis e se condicionam mutuamente.

É bom observar que o chefe de governo espanhol, um político socialista ao lado de quem Lula proferiu as últimas declarações sobre a guerra, compartilha com outros dirigentes europeus de esquerda ou de direita o mesmo entendimento sobre a natureza do que está acontecendo. Eles não definem a postura externa de seus países apoiados em sabedoria de botequim.

 

https://www.estadao.com.br/politica/william-waack/lula-define-postura-na-guerra-da-ucrania-apoiado-em-sabedoria-de-botequim/

 

O xadrez do acordo entre Mercosul e UE - O Estado de S. Paulo

O xadrez do acordo entre Mercosul e UE

O Estado de S. Paulo, 27/04/2023


Por ocasião da visita do presidente Lula da Silva à Europa, autoridades afirmaram a ambição de ratificar o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) neste ano. Com boa-fé e pragmatismo, é possível. Mas nessa novela de quase 30 anos esses expedientes nem sempre estiveram presentes. É preciso evitar que os erros se repitam.

Mais do que o livre-comércio, o acordo inclui vertentes políticas e culturais. Ele “cria o quadro institucional necessário para facilitar a cooperação numa vasta gama de áreas de interesse mútuo, desde a proteção dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável até a regulação da economia digital e a luta contra o crime organizado”, apontou o vice-presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell. “Esse acordo reforçará as nossas relações não só entre governos e instituições, mas também entre parlamentares, sociedade civil, empresários, estudantes, universidades, cientistas e criadores.”

É o primeiro acordo birregional abrangente do Mercosul e o maior da UE. As aproximações começaram em 1995, mas emperraram nos anos 2000 por relutâncias protecionistas: dos europeus, em relação à sua agropecuária; dos latino-americanos, à sua indústria. A conjunção das presidências de Michel Temer e de Mauricio Macri, na Argentina, deu tração às negociações e o acordo foi fechado em 2019. As rupturas geopolíticas recentes o tornam estratégico para reduzir dependências excessivas, diversificar cadeias de valor e estabelecer a cooperação com parceiros políticos e econômicos confiáveis.

Por isso, é preciso dissolver velhas resistências que voltam sob novas formas. A hostilidade dos fazendeiros europeus foi revigorada pelos humores antiglobalistas da nova direita e, sobretudo, pela preocupação ambiental – abastecida pelo antiambientalismo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A UE insiste em vincular a ratificação a compromissos ambientais.

Seria cínico desmoralizar angústias legítimas com a preservação ambiental. Mas seria ingênuo ignorar o oportunismo de políticos europeus em apertar restrições para agradar tanto ao eleitorado jovem de esquerda (os “verdes”) quanto aos velhos agricultores.

Sem dar as costas nem bater de frente, a solução passa por elaborar, a partir do arcabouço aprovado, mecanismos de interesse mútuo. O Brasil já tem uma legislação ambiental de ponta e pode reforçar medidas de combate ao desmatamento, comprometendo-se, por exemplo, a recompor órgãos de fiscalização e aumentar gradualmente a participação orçamentária do Ministério do Meio Ambiente. A Europa, por sua vez, pode apoiar esses esforços com recursos técnicos e financeiros, especialmente em programas de inclusão social na Amazônia. Além disso, precisa renunciar à pretensão de vincular sanções comerciais ao descumprimento de metas ambientais, coisa estranha ao direito internacional ambiental.

O Mercosul faz bem em insistir que, além da proteção ambiental, o desenvolvimento sustentável deve se equilibrar em outros dois pilares: o social e o econômico. A própria Europa, para evitar o colapso desses pilares após a guerra na Ucrânia, se viu obrigada a exumar fontes de energia “suja”.

Nem por isso os governos petista e peronista devem ceder à tentação de reabrir negociações para erguer barreiras protecionistas. Lula fala em manter o direito de preferir produtos nacionais nas compras governamentais. Já existem exceções desse tipo e podem ser flexibilizadas, mas não se deve forçar a mão. Até porque o acordo prevê aberturas gradativas, dando tempo aos setores produtivos de ambos os lados para se modernizarem. Se o governo quer uma “neoindustrialização”, o melhor a fazer não é proteger a indústria, mas criar condições para que ela se torne competitiva, por exemplo, aprovando uma boa reforma tributária e investindo em desburocratização, infraestrutura e inovação para reduzir o “custo Brasil”.

Após quase três décadas, diversos estudos mostram que o acordo é comercialmente lucrativo para ambas as partes. Com boa-fé e pragmatismo, não será preciso gastar tanto tempo para que ele se torne também sustentável.

 

https://www.estadao.com.br/opiniao/o-xadrez-do-acordo-entre-mercosul-e-ue/

 

Constituições e regimes políticos no Brasil, 1824-2022 - Paulo Roberto de Almeida

 Ainda estamos longe de terminar com PECs e outros penduricalhos.



Antonov desmente fake news da imprensa brasileira - Revista Asas

 AVIAÇÃO COMERCIAL & PRIVADA

AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

Antonov desmente fake news da imprensa brasileira

A ignorância letrada, uma crítica contundente à academia, ainda se sustenta como conceito e como realidade? - Paulo Roberto de Almeida

 Hoje, 26/04/2023, tomei conhecimento de que um antigo texto meu, elaborado improvisadamente entre duas ou três viagens entre um canto e outro do mundo, foi citado num livro do conhecido "provocador cultural" Antonio Risério, o que confesso não sabia, e sobre o qual gostaria de ser informado para adquirir e ler.

O texto, também provocador, é o seguinte, com todos os links a que ele teve direito, por publicações sucessivas, em periódicos acadêmicos com os quais colaborava, ou até  um dos aviadores, sem que eu o tivesse encaminhado (eles o quiseram, dez anos depois de sua publicação original, e eu não objetei).

2169. “A Ignorância Letrada: ensaio sobre a mediocrização do ambiente acadêmico”, Dubai-São Paulo, 17/07/2010; Shanghai, 30/07/2010, 10 p. Ensaio sobre a crescente deterioração da qualidade da produção acadêmica brasileira na área de humanas, examinando a natureza do problema, suas causas, suas consequências mais evidentes e as evidências disponíveis. Disponível no blog Diplomatizzando (1/08/2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/08/sobre-ignorancia-letrada-algumas.html). Revista Espaço Acadêmico(ano 10, n. 111, agosto 2010, p. 120-127; link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/10774; pdf: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/download/10774/5859). Publicada na revista acadêmica Espaço da Sophia (ano 4, n. 41; janeiro-março 2011; ISSN: 1981-318X). Reproduzido na revista Aeronáutica (Rio de Janeiro: Clube da Aeronáutica, vol. X, n. 308, julho a setembro 2020, p. 20-25; ISSN: 0486-6274; link: http://www.caer.org.br/downloads/revistas/revista308.pdf); disponível na plataforma Academia.edu (7/10/2020; link: https://www.academia.edu/44249737/2169_A_Ignorancia_Letrada_ensaio_sobre_a_mediocrizacao_do_ambiente_academico_2010_). Publicados n. 985, 1016 e 1469.


Todos os links acima, permanecem funcionais, mas eles reproduzem apenas o artigo em si, não necessariamente o debate que ele possa ter suscitado, e do qual não devo ter tomado conhecimento, pois que permaneci fora do Brasil (na China) até quase o final do ano de 2010.

Permito-me apenas reproduzir, abaixo, um comentário que permaneceu na postagem do meu blog Diplomatizzando.

Informo, por fim, que nunca mais voltei ao tema, e não mais fiz "pesquisas" para comprovar se as minhas críticas acerbas eram legitimas, na ocasião (provavelmente não), ou se elas se mantêm contra meus colegas de academia. Imagino que a qualidade tenha melhorado E piorado, pois, como naquele velho filme de faroeste italiano, temos de tudo, do bom, do mau e do feio.

Será que estou sendo injusto com minha "alma mater" (ironia involuntária)?

Não sei, preciso reler o trabalho, já quase esquecido, e repensar meu ataque feito com metralhadora ponto 50.

Aguardo críticas dos "companheiros" (no pun intended). 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 26/04/2023


============


Leonardo disse... (01/12/2010)

Excelente! Nunca pensei que fosse um dia encontrar um Cientista Social brasileiro sem fortes inclinações marxistas! (Desculpe a brincadeira. Isso é consequência da MINHA ignorância letrada, muito influenciada por um preconceito que surgiu devido a uns panelaços e gritaria enquanto eu fazia prova na Universidade).
Quanto ao assunto do artigo, lembro-me de ter sido fortemente influenciado pela escola quando ainda era uma inocente criança. Me diziam: Papai Noel existe; Jesus vai te salvar; o rico é rico porque toma do pobre; é uma injustiça social colher os frutos da sua iniciativa, criatividade e esforço pessoal.
Acredito que essa lavagem cerebral feita nas escolas, provavelmente influenciada por teorias ultrapassadas e inúteis, com conteúdo ideológico e gente mal intencionada por trás, ajude a perpetuar esse quadro de mediocrização do ambiente acadêmico, já tornando o indivíduo permanentemente desinformado antes mesmo dele perder a virgindade. É uma pena.
Parabéns pelo artigo e pelo blog! Um abraço!

Paulo Roberto de Almeida disse...

Leonardo,
Acabo de voltar ao Brasil, depois de oito meses no exterior, tendo acompanhado pela internet alguns dos"debates" acadêmicos a propósito das eleições. Confesso a você que fiquei assustado com o que li e ouvi, pela extrema vulgaridade dos argumentos expostos, pelo militantismo da pior espécie exposto em todas as esferas e pela mediocridade continuada já por mim criticada neste ensaio. Você deve ter lido, por exemplo, o manifesto dos reitores a favor da candidata oficial. mandei uma carta resposta para a SBPC que obviamente não foi publicada, mas que você pode encontrar aqui neste blog, colocando carta dos reitores ou algo do genero.
Estou realmente assustado com a mediocrização galopante da academia brasileira.
O abraco do
Paulo R Almeida



Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...