sexta-feira, 12 de maio de 2023

Vladimir Putin é o tolo mais perigoso do mundo - Thomas Friedman (O Estado de S. Paulo)

Vladimir Putin é o tolo mais perigoso do mundo

Por Thomas L. Friedman
O Estado de S. Paulo, 12/05/2023 | 03h00

Não tenho escrito muito a respeito da guerra na Ucrânia ultimamente porque pouco mudou estrategicamente desde os primeiros meses deste conflito, quando três fatos gerais orientavam praticamente tudo — e ainda orientam.

Fato n.º 1: conforme escrevi no primeiro momento, quando uma guerra desta magnitude começa, a pergunta-chave que você se faz enquanto colunista de assuntos internacionais é muito simples: onde eu deveria estar? Em Kiev? No Donbas, na Crimeia, em Moscou, Varsóvia, Berlim, Bruxelas ou Washington?

E desde o início desta guerra há um único lugar onde é possível compreender seu timing e sua direção — dentro da cabeça de Vladimir Putin. Infelizmente, Putin não concede vistos de entrada ao seu cérebro.

O que é um baita problema, porque esta guerra emergiu completamente de lá — sem, agora nós sabemos, nenhum aporte de seu gabinete nem de seus comandantes militares — e certamente sem nenhum anseio massivo do povo russo. Portanto, a Rússia será impedida na Ucrânia, vencendo ou perdendo, somente quando Putin decidir parar.

O que leva ao fato n.º 2: Putin nunca teve um Plano B. Agora é óbvio que ele pensou que iria entrar em Kiev como quem baila uma valsa, capturá-la em uma semana, instaurar um lacaio como presidente, meter a Ucrânia no bolso e pôr fim a qualquer outra expansão da União Europeia, da Otan ou da cultura Ocidental na direção da Rússia. E depois faria sua sombra pairar sobre toda a Europa.

O que leva ao fato n.º 3: Putin se colocou em uma situação em que não consegue vencer, não pode perder e não pode parar. Ele não conseguirá mais tomar controle de toda a Ucrânia de nenhuma maneira. Mas, ao mesmo tempo, não pode permitir ser derrotado depois de todas as vidas russas perdidas e todo o dinheiro que gastou. Portanto, ele não pode parar.

Plano A x Plano B
Para colocar de outra maneira, já que Putin nunca teve um Plano B, ele adotou por padrão uma guerra de atrito punitiva, bombardeando com frequência e indiscriminadamente cidades e infraestruturas civis ucranianas na esperança de ser capaz de drenar, de qualquer maneira, sangue suficiente dos ucranianos e exaurir o suficiente os aliados ocidentais de Kiev até que lhe deem uma fatia grande o suficiente do russófono leste ucraniano que ele seja capaz de vender para o povo russo como uma grande vitória.

O Plano B de Putin é disfarçar o fracasso de seu Plano A. Se esta operação militar tivesse um nome honesto, poderia ser chamada de Operação Salvem Minha Reputação.

O que torna esta guerra um dos conflitos mais doentios e sem sentido dos tempos modernos — um líder destruindo a infraestrutura civil de um outro país até obter um subterfúgio para esconder o fato que foi um completo imbecil.

Pôde-se perceber no discurso de Putin no Dia da Vitória, pronunciado na terça-feira, em Moscou, que agora ele busca se agarrar a qualquer lógica para justificar uma guerra que ele iniciou com base na própria fantasia de que a Ucrânia não é um país verdadeiro, e sim parte da Rússia. Ele alegou que sua invasão foi provocada por “globalistas e elites” ocidentais que “falam a respeito de sua exclusividade, antagonizam as pessoas e dividem a sociedade, provocam conflitos sangrentos e insurreições, semeiam ódio, russofobia, nacionalismo agressivo e destroem valores familiares tradicionais que tornam as pessoas seres humanos”.

Uau. Putin invadiu a Ucrânia para preservar os valores da família russa. Quem poderia imaginar? Eis um líder com dificuldades para explicar para seu povo por que ele começou uma guerra com um vizinho fraco que, afirma ele, não é um país de verdade.

O disfarce do ditador
Nós poderíamos perguntar por que um ditador como Putin precisa de disfarce. Ele não é capaz de fazer seu povo acreditar no que quiser?

Acho que não. Se analisarmos o comportamento de Putin, parece que ele está bastante assustado hoje com dois temas: aritmética e história russa.

Para entender por que esses temas o assustam, precisamos primeiro considerar o ambiente que o envolve — algo captado habilmente, à medida que transcorre, na letra da canção “Everybody Talks” (Todo mundo fala), de uma das minhas bandas de rock favoritas, Neon Trees. O refrão principal é:

Ei, amigo, você não vai olhar pra mim?

Eu posso ser seu próximo vício.

Ei, amigo, o que você tem para dizer?

Tudo o que você me traz é ficção.

Eu sou um tolo desprezível, e isso acontece o tempo todo.

Eu descubro que todo mundo fala.

Todo mundo fala, todo mundo fala.

Começa com um sussurro.

Uma das maiores lições que aprendi como repórter de assuntos internacionais trabalhando em países autocráticos é que não importa quão estritamente controlado seja o lugar nem quão brutal e autoritário seja seu ditador, TODO MUNDO FALA.

Todos sabem quem está roubando, quem está fraudando, quem está mentindo, quem está tendo algum caso extraconjugal e com quem. Começa com um sussurro e com frequência permanecem assim, mas todo mundo fala.

Putin claramente também sabe disso. Ele sabe que mesmo se tomar alguns quilômetros quadrados a mais no leste da Ucrânia e mantiver a Crimeia, assim que ele parar sua guerra todas as pessoas farão as contas cruéis sobre seu Plano B — começando por uma subtração.

Prejuízos da guerra
A Casa Branca declarou na semana passada que estimados 100 mil combatentes russos morreram ou se feriram na Ucrânia somente nos cinco meses recentes e que aproximadamente 200 mil morreram ou se feriram desde que Putin começou esta guerra, em fevereiro de 2022.

Trata-se de um número grande de baixas — mesmo em um país grande — e podemos perceber que Putin está preocupado com a possibilidade de seu povo falar disso porque, além de criminalizar qualquer forma de dissenso, em abril ele se apressou em aplicar uma nova lei que reprime recrutas fujões. Agora qualquer um que não se apresente ao serviço militar sofrerá restrições sobre operações bancárias, vendas de propriedades e até para obter carteira de motorista.

Putin não agiria dessa maneira se não temesse que, apesar de seus melhores esforços, todos estivessem sussurrando a respeito de como a guerra está indo mal e como evitar combater por lá.

Leia o ensaio recente no Washington Post de Leon Aron, historiador dedicado a estudar a Rússia de Putin e pesquisador do American Enterprise Institute, a respeito da visita de Putin, em março, à cidade ucraniana de Mariupol, atualmente ocupada pela Rússia.

“Dois dias depois do Tribunal Penal Internacional acusar Putin de crimes de guerra e emitir um mandado para sua prisão”, escreveu Aron, “o presidente russo passou algumas horas em Mariupol. Ele foi filmado parando no ‘microdistrito Nevski’, inspecionando um novo apartamento e ouvindo por alguns minutos moradores efusivamente agradecidos. Conforme ele deixava o local, uma voz quase inaudível surge no vídeo, um grito à distância: ‘Eto vsio nepravda!’ — ‘É tudo mentira!’”.

Aron disse-me que os meios de comunicação russos apagaram posteriormente ‘É tudo mentira’ do áudio, mas o fato de ter sido deixada no vídeo pode ter sido um ato subversivo, de alguém posicionado na hierarquia da mídia russa. Todo mundo fala.

Mudança de regime?
O que leva a outra coisa que Putin sabe: “os deuses da história russa são extremamente impiedosos em relação a derrotas militares”, afirmou Aron. Na era moderna, “quando um líder russo termina uma guerra em derrota clara — ou sem nenhuma vitória — normalmente ocorre mudança de regime. Nós vimos isso após a Guerra da Crimeia, após a Guerra Russo-Japonesa, após os reveses da Rússia na 1.ª Guerra, após Krushchev recuar em Cuba, em 1962, e após o Brejnev e companhia se encrencarem no Afeganistão, o que apressou a revolução da Perestroika e Glasnost de Gorbachev. O povo russo, apesar de toda sua afamada paciência, perdoa muita coisa — mas não a derrota militar”.

É por essas razões que Aron, que acaba de finalizar um livro a respeito da Rússia de Putin, argumenta que este conflito na Ucrânia está longe de acabar e ainda pode piorar muito antes disso.

“Há agora duas maneiras para Putin acabar com esta guerra que ele não consegue nem vencer nem abandonar”, afirmou Aron. “Uma é continuar a sangrar a Ucrânia até o fim e/ou até a fadiga acometer o Ocidente.”

E a outra, argumentou ele, “é, de alguma maneira, forçar um confronto direto com os Estados Unidos — trazer-nos à beira de um bombardeio nuclear estratégico mútuo total — e depois dar um passo atrás e propor para um Ocidente amedrontado algum acordo-geral, que incluiria uma Ucrânia neutra e desarmada e a continuidade da Crimeia e do Donbas com os russos”.

É impossível entrar na cabeça de Putin e prever seu próximo movimento, mas mesmo assim eu me preocupo. Porque nós sabemos, sim, a partir das ações de Putin, que ele sabe bem que seu Plano A fracassou. E agora ele fará de tudo para produzir um Plano B que justifique as baixas terríveis que ele ocasionou em nome de um país em que todos falam e no qual líderes derrotados não se aposentam tranquilamente. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Energia mais cara matou mais europeus do que a covid-19 no inverno passado - The Economist

Energia mais cara matou mais europeus do que a covid-19 no inverno passado

Por The Economist
11/05/2023 | 22h00

Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, Vladimir Putin transformou o fornecimento de energia de seu país para o continente em arma: cortando as exportações de gás para a Europa e fazendo com que os preços disparassem. Embora os custos no atacado tenham caído em todo o continente agora, os preços domésticos da electricidade e do gás, em comparação com dois anos anteriores subiram espantosos 69% e 145% no inverno passado.

Os altos preços da energia podem custar vidas. Eles desencorajam as pessoas a aquecer suas casas adequadamente, e viver em condições de frio aumenta o risco de problemas cardíacos e respiratórios. Em novembro, a The Economist previu que a energia cara poderia levar entre 22.000 e 138.000 pessoas à morte durante um inverno ameno na Europa. Infelizmente, estávamos certos.

Para avaliar como as mortes no inverno passado se comparam às anteriores, usamos uma medida comum de mortalidade: o excesso de mortes. Comparando as mortes reais com o número que poderíamos esperar dada a mortalidade nas mesmas semanas de 2015-19, descobrimos que as mortes na Europa foram maiores do que o esperado. Nos 28 países europeus que investigamos, houve 149.000 mortes em excesso entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023, o equivalente a um aumento de 7,8%.

Vários fatores podem explicar esse aumento. Entre os que morreram no inverno passado, quase 60.000 foram registrados como mortes por covid-19. A doença provavelmente contribuiu - direta ou indiretamente - para mais mortes, mas é improvável que seja responsável por todo o aumento do inverno passado. Entre março de 2020 e setembro de 2022, a contagem oficial de mortes por covid foi de 79% do total de mortes em excesso entre os 28 países da Europa. No inverno passado, era de 40%.

O clima também influenciou no número de mortes. Uma onda de frio em dezembro foi acompanhada por um aumento na mortalidade. Uma queda de 1°C na temperatura média em um período de três semanas está associada a um aumento de 2,2% no total de mortes. No entanto, o inverno passado foi mais ameno do que a média de 2015-19, então o frio por si só não pode ser responsável pelas mortes adicionais.

É provável que os altos preços da energia podem ter tido um efeito preponderante. Analisar os países caso a caso revela que aqueles com o maior número de mortes em excesso geralmente experimentaram os maiores aumentos nos custos de combustível. Para separar os custos de energia de mudanças climáticas e de temperatura, construímos um modelo estatístico. Nosso modelo também considera a demografia de um país, o número de mortes por covid antes do inverno passado e a subnotificação histórica dessas mortes.

Estimamos que um aumento de preço de cerca de € 0,10 por kwh – cerca de 30% do preço médio da eletricidade no inverno passado na Europa – esteja relacionado a um aumento na mortalidade semanal de um país em cerca de 2,2%. Se a eletricidade no inverno passado tivesse custado o mesmo que em 2020, nosso modelo indica que haveria 68.000 mortes a menos em toda a Europa, uma queda de 3,6%.

As mortes na Europa poderiam ter sido maiores se os governos não tivessem intervindo nos mercados de energia (embora os preços mais baixos aumentem a demanda, causando problemas em outras partes do mundo).

Usando dados da consultoria Vaasaett, o modelo estátistico da The Economist estima quantas mortes em excesso teriam ocorrido se as contas não tivessem sido reduzidas por preços máximos ou impostos de vendas mais baixos.

Em 23 países, nosso modelo descobriu que esses subsídios salvaram 26.600 vidas. À medida que os preços da energia no atacado caem e as temperaturas sobem, a ameaça imediata pode ter acabado, mas está claro que o uso do fornecimento de energia como arma por Putin é mortal.

Plano de paz do Brasil pode funcionar com cansaço de países na guerra, diz Amorim - Patricia Campos Mello (FSP)

 Guerra da Ucrânia Diplomacia Brasileira Governo Lula

Plano de paz do Brasil pode funcionar com cansaço de países na guerra, diz Amorim

Assessor de Lula se reuniu com Zelenski e sugeriu modelo de 'negociação por proximidade' entre Rússia e Ucrânia

São Paulo

O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para política externa, Celso Amorim, propôs ao presidente da UcrâniaVolodimir Zelenski, o início de um processo diplomático chamado de "negociações por proximidade", mesmo antes de a Rússia desocupar os territórios que capturou.

Nesse modelo, dois países em conflito se reúnem em uma cidade e se comunicam por meio de intermediários não alinhados a nenhum deles, trocando informações sobre posicionamentos e ideias e se preparando para o contato direto.

O assessor especial para política externa do presidente Lula, Celso Amorim, durante reunião no Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, em Kiev
O assessor especial para política externa do presidente Lula, Celso Amorim, durante reunião no Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, em Kiev - Divulgação Governo da Ucrânia

Zelenski tem deixado claro que o único plano de paz aceito pela Ucrânia tem como condição prévia a desocupação dos territórios ucranianos e reforçou esse posicionamento nas redes sociais após o encontro com Amorim nesta quarta-feira (10).

Mesmo assim, o ex-chanceler se mostrou otimista. "Ele ouviu", disse à Folha, descrevendo a reação do ucraniano às ideias do Brasil para a paz.

 

Qual foi o objetivo da sua visita à Ucrânia? O objetivo foi a criação de confiança, manutenção do diálogo. A negociação tem várias etapas, a primeira é a criação de confiança entre os atores. Para isso, ela foi muito positiva.

Zelenski abordou a ideia de criar um tribunal internacional para julgar o crime de agressão? Qual é o posicionamento do Brasil nesse sentido? Não abordou. Para cada lado, a agressão é vista de forma diferente. Se você falar com os russos, eles vão dizer que as populações russas do leste da Ucrânia também estão sendo atacadas. Eu compreendo a posição dos ucranianos, eles querem naturalmente mostrar como foram vítimas da agressão, mas eu não quero ficar nisso.

Acho importante, até comentei com Zelenski, o processo diplomático chamado "negociações por proximidade", citado por Thomas Pickering. É um método usado com sucesso em situações análogas [Pickering foi embaixador dos EUA na ONU e citou a abordagem que envolve países terceiros em artigo na revista Foreign Affairs].

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    O terceiro país seria o Brasil ou a China? A China é um país que tem grande influência, comentei com o presidente Zelenski. Não estou dizendo se ele concordou ou não. E o Brasil também tem muita influência, por suas características. É só ver a importância que a mídia internacional dá à posição do Brasil.

    Em tuíte após a reunião com o senhor, Zelenski afirmou que "o único plano capaz de deter a agressão russa é a fórmula de paz da Ucrânia". Ou seja, ele continua rejeitando a ideia de negociar antes de a Rússia desocupar os territórios ucranianos. Ele vai verbalizar dessa forma, da mesma maneira que os russos dizem que esse não é o melhor momento para negociar. Mas a gente não pode desistir. Desistir é a pior opção. Haverá um momento, até mesmo pelo cansaço dos países que apoiam um ou outro, em que o dano causado pela guerra será maior do que prejuízo causado por alguma concessão. Nesse momento, é importante que já haja países que estejam articulados, para que a oportunidade não escape entre os dedos. Eu acho que esse pode ser o papel do Brasil.

    O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que "se a Rússia parar de lutar, acaba a guerra. Se a Ucrânia parar de lutar, acaba a Ucrânia", em alusão à possibilidade de que Moscou fique com os territórios capturados. Como vê essa declaração? Temos conversado com os americanos também, sabemos de algumas preocupações deles. Mas as situações econômicas e políticas vão evoluindo. Respeito muito a posição dele, mas acho que tudo isso é muito retórico. Chegará o momento em que os países terão que optar entre a paz e a vitória; a vitória não virá claramente para nenhum dos dois.

    Existe justamente essa aposta da Rússia de que o Ocidente vai se cansar, por motivos econômicos e políticos, de ajudar a Ucrânia, e que assim os russos vencem o conflito. Poderá sim haver o cansaço, mas o que é uma vitória de um ou de outro? É difícil de dizer. Ninguém levará tudo que quer de jeito nenhum. Então qual será a concessão fundamental?

    Como o senhor vê a proposta de Zelenski de fazer uma cúpula Ucrânia-América Latina? Na minha opinião, isso mostra que ele tem confiança no Brasil.

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    Mesmo ele dizendo que o único jeito de parar a agressão russa é a fórmula ucraniana que implica desocupação dos territórios? Eu não esperaria que ele dissesse outra coisa. Eu não fui para lá para dizer "esta proposta aqui está certa ou errada". Eu também conversei com Putin durante uma hora. A gente não tem uma tese, queremos apenas tornar o diálogo mais próximo, possível, talvez inicialmente de uma forma indireta. Eu não o vi reagir negativamente a essa ideia indireta. Mas não estou dizendo que ele concordou.

    Zelenski encarou com boa vontade o Brasil como mediador? Ele ouviu. A gente tem que ir falando, conversando, até surgir uma situação, às vezes algum aspecto específico, humanitário, alimentar, e aí expandir a negociação.

    Eles levaram o senhor para Butcha (cidade ucraniana onde corpos foram encontrados nas ruas e em valas comuns após a retirada russa)? Sim, mas em Butcha vimos uma igreja, e dentro dela, uma exposição fotográfica. Obviamente nós somos contra as atrocidades e as mortes em qualquer lugar que ocorram. São imagens fortes, não vou entrar em detalhes. Mas não dá para tirar conclusões totalmente, são fotos.

    Quais são os próximos passos? Continuar conversando. Esta visita era um passo importante que tinha que ser dado para mostrar que o Brasil é a favor da paz, não de A ou de B.

    Zelenski convidou Lula a ir para a Ucrânia. Há previsão para a viagem? Não discuti isso com o presidente.

    E há um convite da Rússia para o fim de junho. Tudo isso será avaliado.


    Raio-X | Celso Amorim, 80

    Atual assessor-chefe da assessoria especial da Presidência da República, é considerado o principal conselheiro de Lula na área de política externa. Foi chanceler por dois períodos: primeiro no governo de Itamar Franco, de 1993 a 1995, e, depois, nos governos Lula 1 e 2, de 2003 a 2011. Nesse meio-tempo, chefiou a missão brasileira na ONU, em Nova York e em Genebra.


    Entre conselhos e controvérsias, Celso Amorim dá as cartas no Itamaraty - Ricardo Ferraz (Veja)

     Entre conselhos e controvérsias, Celso Amorim dá as cartas no Itamaraty


    Assessor especial e amigo de Lula é ideólogo da diplomacia 'ativa e altiva'. A polícia externa, no entanto, vem ostentando mais pisadas na bola do que gols

    Por Ricardo Ferraz 
    Veja, 12 Maio 2023

    Depois de encarar uma viagem de avião a Varsóvia, deslocar-se de lá para a fronteira da Ucrânia e percorrer de trem 700 quilômetros até Kiev — idêntico trajeto trilhado, sob segurança máxima, pelo americano Joe Biden e pelo francês Emmanuel Macron, entre outros —, o diplomata Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, foi conduzido, na quarta-feira 10, direto da estação para um encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em lugar não revelado. Na bagagem, levava um plano de ação sabidamente incômodo para o anfitrião: decretação de cessar-fogo, seguida de abertura de negociações, de efeito imediato, com as tropas de Vladimir Putin ainda ocupando um naco do território ucraniano. A efetividade da proposta, que vem sendo repetida há meses pelo presidente Lula, é duvidosa, mas a reunião em Kiev deixa claros dois pontos vitais da política externa brasileira: o Brasil quer conquistar o protagonismo perdido no cenário internacional e Amorim é o idealizador deste e de outros movimentos d finidores no Itamaraty, e com pleno aval do presidente.

    O encontro não resultou em avanços concretos nem se esperava que o fizesse. “Eu enfatizei que o único plano capaz de deter a agressão russa na Ucrânia é a Fórmula Ucraniana para a Paz”, postou nas redes o presidente Zelensky. “O diálogo foi positivo, de criação de confiança, visando explicar nossos objetivos para a paz”, declarou Amorim. Ou seja: continua tudo como está.

    No papel de comandante de fato dos assuntos externos, Amorim busca implementar o que chama de “diplomacia ativa e altiva”, conceito que desenvolveu como ministro das Relações Exteriores nos dois mandatos anteriores de Lula. No caso da guerra na Ucrânia, essa política se traduz em uma posição ambígua: o Brasil condena a invasão promovida pela Rússia, uma agressão deliberada e injustificada, mas insiste em que, como diz Lula, “alguém precisa pensar na paz”. De preferência, ele, Lula. “É complicado dizer onde termina a esperteza e começa a ingenuidade”, alfineta um diplomata com posição de destaque no Itamaraty. Insere-se no clima geral de desconfiança dos reais interesses brasileiros o fato de o governo querer incluir os cinco integrantes dos Brics em um seleto grupo de nações encarregadas de “facilitar” um cessar-fogo, sem levar em conta que três deles — África do Sul, Índia e China — estão entre os 35 países que se abstiveram na votação da resolução da ONU que condenou a guerra (o quarto é a própria Rússia). Em vez de inspirar neutralidade, a iniciativa causa má impressão ns Estados Unidos e União Europeia, aliados relevantes do Brasil.

    Na cruzada por protagonismo e liderança no cenário internacional, a política externa brasileira tocada por Amorim ostenta mais pisadas na bola do que gols. No começo do governo, navios militares do Irã, país boicotado por quase todo mundo, tiveram autorização para ancorar no Porto do Rio de Janeiro. O assessor especial de Lula esteve em Moscou há um mês para reuniões com altos funcionários e Putin em pessoa abriu espaço na agenda para recebê-lo. Lula, por sua vez, recepcionou o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, no Palácio do Planalto. Em outra ocasião, responsabilizou os países ocidentais que ajudam a Ucrânia militarmente pela continuidade da guerra — uma declaração desastrada, reflexo de conversas ao pé do ouvido com Amorim, que foi considerada “um deslize fora de tom” pelo próprio Itamaraty e rendeu protestos nas escalas seguintes, Portugal e Espanha (Lula, como se sabe, não tira o pé da estrada desde que assumiu a Presidência). Aproveitando a recente estadia em Londres, para a coração de Charles III, o presidente gastou saliva justificando as posições brasileiras junto ao primeiro-ministro Rishi Sunak. Sem sucesso. O premiê britânico não tocou no assunto publicamente.

    A visão de que o Brasil não deve “falar fino” com as potências mundiais, partilhada por Lula e Amorim, tem reflexo nas questões regionais. O presidente enviou seu ex-chanceler para reabrir a embaixada brasileira na Venezuela, fechada por Jair Bolsonaro, e Amorim aproveitou para estreitar as relações com Nicolás Maduro, em um encontro revelado pelo ditador em uma postagem nas redes sociais comemorando os “acordos de união e solidariedade” entre os dois países. “A busca por marcar diferenças com o governo anterior tem gerado controvérsias desnecessárias. O Brasil consegue se colocar como ator neutro trabalhando nos bastidores, sem precisar aparecer de maneira excessiva”, critica Leandro Lima, analista da consultoria Control Risks.

    Lula e Amorim tiveram dois encontros casuais antes de serem devidamente apresentados, no início do primeiro mandato, em 2003, pelo então assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia. Três outros diplomatas foram sondados para assumir o Itamaraty, mas o presidente se decidiu por Amorim por motivos vários, inclusive alguns prosaicos: os dois compartilhavam a inconveniência de caspas no couro cabeludo. E rindo se aproximaram ainda mais. Na ocasião, Amorim era filiado ao PMDB e ex-chanceler do presidente Itamar Franco, mas, 139 viagens depois, tornaram-se amigos próximos. Uma delas foi a missão no Irã, em 2010, quando o Brasil anunciou haver convencido Teerã a produzirenergia nuclear só para fins pacíficos. Pelo feito, Lula chegou a acreditar que ganharia o Nobel da Paz (o que, aliás, teria virado uma obsessão incansável), mas o tal pacto foi desfeito em menos de 24 horas pelos Estados Unidos. A amizade se consolidou de vez quando Amorim, que quase não bebe, se rendeu a uma dose de uísque e, língua destravada, queixou-se de não poder chamar o presidente de Lula, simples assim. Ele prontamente concedeu a intimidade, que só é usada, a bem da verdade, quando estão a sós.

    Neste governo, Amorim indicou dois de seus ex-chefes de gabinete para posições centrais do Itamaraty: Mauro Vieira assumiu a pasta e Maria Laura da Rocha é secretária executiva. Indicações internas para embaixadas também passam por sua mesa, onde nomes já aprovados pelo chanceler têm sido riscados. Apesar da concentração de poder em mãos alheias, Vieira garante não sentir desconforto. “Eu e o Celso costumamos rir sempre que tentam criar intrigas entre nós. São especulações recicladas, que aparecem de tempos em tempos, ao longo de quarenta anos de amizade”, diz Vieira. Quando perguntado como quer ser tratado, Amorim recorre, em tom de brincadeira, a uma resposta irônica do ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger: “Excelência serve”. Quem o conhece sabe que a piada tem lá seu fundo de verdade.


    As recomendações de Alexander Dugin a Putin - via redes sociais

     As recomendações de Alexander Dugin a Putin:

    (gogle translator)

    The enemy counteroffensive has begun. Our actions:

    1. Declaring martial law and declaring war on the Kyiv regime.

    2. General mobilization, including the mobilization of industry and the economy.

    3. Immediate internment of the fifth column - the party of betrayal.

    4. Do everything to avoid the use of NSNW (non-strategic nuclear weapons), if points 1-3 do not help, use TNW for limited targets. And be ready to use strategic nuclear weapons.

    5. Change personnel in a number of leading ministries and departments that made this situation possible. Ruthlessly, uncompromisingly and immediately.

    6. Move to a sharp ideologization of society: instead of liberalism, which, alas, continues to dominate, we need the ideology of patriotism (both right and left).

    7. Rally around the Supreme Commander and act strictly according to his orders. Ignore everyone else but him. Traitors can be everywhere.

    A confirmar, que é verdadeiro e teve seguimento.

    Sim, é dele:

    https://t.me/Agdchan/10253

    (Grato a Duda Teixeira)

    “original:

    AGDchan

    Контранступление противника началось. Наши действия:

    1. Объявление военного положения и объявление войны Киевскому режиму.

    2. Всеобщая мобилизация, в том числе мобилизация промышленности и экономики.

    3. Немедленное интернирование пятой колонны — партии предательства.

    4. Сделать все, чтобы избежать применения НСЯО (нестратегическое ядерное оружие), если не помогут пункты 1-3, применить ТЯО по ограниченным целям. И быть готовыми применить СЯО.

    5. Провести смену кадров в ряде руководящих министерств и ведомств, сделавших подобную ситуацию возможной. Безжалостно, бескомпромиссно и сразу.

    6. Перейти к резкой идеологизации общества: вместо либерализма, который, увы, продолжает доминировать, нужна идеология патриотизма (одновременно и правого, и левого).

    7. Сплотиться вокруг Верховного Главнокоммандующего и действовать строго по его приказам. Всех остальных, кроме него, игнорировать. Предатели могут быть везде."



    quinta-feira, 11 de maio de 2023

    Demetrio Magnoli sobre equivocos de gregos e goianos (FSP)

     O Livres, em lugar de defender as liberdades em abstrato, deveria refletir a partir de alguns argumentos de Demetrio Magnoli.

     Folha de S. Paulo, 11/05/2023

    Plataformas temem a corresponsabilização por discursos que publicam

    Sempre que leio os argumentos dos que se opõem ao PL das Fake News, torço pela sua aprovação. Quando, porém, leio os argumentos dos defensores do PL, torço pela sua rejeição.

    Se escrevo um texto criminoso neste espaço, a Folha partilha o ônus jurídico; se uma rede social difunde o mesmo texto, sofro sozinho as potenciais consequências, enquanto a plataforma contabiliza os lucros. As plataformas de internet temem, acima de tudo, o núcleo correto do PL: a corresponsabilização por discursos criminosos que publicam. O modelo de negócio delas organiza-se em torno do impulsionamento da palavra que acirra emoções primitivas –ou seja, no mais das vezes, o discurso extremista. Por isso, rejeitam as leis de responsabilidade que regulam a imprensa.

    Os oponentes do PL alargam o conceito de liberdade de expressão até fazê-lo abranger o crime. O Facebook foi o veículo principal da campanha de limpeza étnica conduzida pelos militares de Mianmar contra os muçulmanos Rohingya. Foi, igualmente, o megafone da campanha de ódio do governo nacionalista hindu de Narendra Modi contra os muçulmanos indianos.

    Discursos exterministas circulam nas redes, mirando judeus, cristãos, negros e uma infinidade de outros grupos. No Brasil, as plataformas serviram à campanha antivacinal de Bolsonaro e à articulação dos atos golpistas do 8/1. O que é crime fora das redes, é crime nas redes. Os inimigos do PL almejam perpetuar a "liberdade" de disseminar discursos criminosos.

    Mas queremos criminalizar o crime ou a mentira? No seu texto, acertadamente, o PL limita-se ao primeiro. Já seus defensores mais entusiasmados clamam pela eliminação da "mentira", da "desinformação". As freiras imaculadas esqueceram que a inverdade é parte do discurso político desde (pelo menos) os debates no Senado Romano no século anterior à Era Cristã?

    O episódio Google evidenciou a extensão da ira santa. O Google violou a confiança de seus usuários ao transformar a página neutra de busca em suporte de um link editorial. Foi um gesto antiético de uma empresa na sua relação privada com os consumidores. Ela plantou a semente da desconfiança sobre seu bem mais precioso, que é o mecanismo de busca, mas não cometeu um crime contra a ordem pública.

    Segundo a lógica do PL, o Google deve ser tratado como veículo de imprensa. Nesse caso, o que ele produziu foi, apenas, um editorial. As freiras reagiram enrolando-se no sagrado pendão auriverde e invocando nada menos que a Pátria e a Soberania (maiúsculas, aí). Juízes sem freios entraram no jogo, anunciando sanções preventivas e exigindo uma "imparcialidade" que não figura em nenhuma lei. Por algumas horas, o Brasil vestiu-se com as fantasias da China, da Rússia, do Irã ou da Arábia Saudita...

    Banir a "desinformação"? Prenderemos o bolsonarista que qualificar o AI-5 como um instrumento da "guerra ao comunismo"? Encarceraremos o arauto brasileiro de Putin que justifica a invasão da Ucrânia pelo "combate ao nazismo"? Também sentenciaremos Lula por classificar um impeachment fiscalizado pelo STF como golpe de Estado?

    As freiras histéricas não escondem sua utopia mais perigosa: entronizar a Verdade (com maiúscula). Entretanto, como se sabe, o Reino da Verdade é, invariavelmente, o outro nome do totalitarismo. A democracia recusa a verdade oficial. Nela, o que existe são verdades, no plural –e, justamente por esse motivo, admite-se a liberdade partidária e exigem-se eleições competitivas.

    O PL tem defeitos óbvios, como a cláusula vergonhosa que permite à casta parlamentar a produção de discursos vedados aos demais e as ambiguidades sobre a fonte e natureza de um indefinido órgão regulador. Seus inimigos, contudo, encontraram um ponto mais frágil, que se situa fora dele: o discurso de seus defensores. É que, de fato, muitos deles sonham com a Censura do Bem.”



    quarta-feira, 10 de maio de 2023

    Conceito de Politica Externa da Russia (31/03/2023) - via Augusto de Franco, disponível em Academia.edu

    O mais importante documento trazendo diretamente a chancela do atual ditador de todas as Rússias, o neoczar stalinista, tirano para o seu próprio povo, destruidor da paz e da segurança internacionais, perpetrador de crimes de guerra, contra a paz e contra a humanidade na Ucrânia, ele mesmo, o cleptocratas Vladimir Putin. 

    Coloquei o documento em pdf em minha página na plataforma Academia.edu

    https://www.academia.edu/101586315/Conceito_de_Politica_Externa_da_Russia_31_03_2023_ 

    Oportunamente, Augusto de Franco e eu faremos uma análise mais precisa desse importante documento – que pode ser chamado de "declaração de guerra de Putin ao mundo"–, com todas as suas implicações para o Brasil, para a América Latina e para o próprio mundo.

    Paulo Roberto de Almeida

    Conceito de Politica Externa da Russia (31/03/2023)

    2023, Conceito de Politica Externa da Russia
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    Conceito de Política Externa da Federação da Rússia (aprovado pelo Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, a 31 de março de 2023) 
    A versão original do documento pode ser encontrada no link abaixo: https://mid.ru/en/foreign_policy/fundamental_documents/1860586/?lang=pt 

    Augusto de Franco divulgou este importante documento, com esta introdução: 
    Decreto de Putin estabelecendo sua nova política externa imperial eurasianista coloca o Brasil junto com as ditaduras da América Latina (Cuba, Venezuela e Nicarágua), atribui papel político aos BRICS e ignora a Ucrânia como nação independente. 
    Está em sua página, neste link: 

    Reproduzo a introdução de Augusto de Franco ao documento, que pode ser chamado de "Livro Negro da Diplomacia Imperial e Agressiva da Rússia", com sua chamada de atenção para os artigos que nos concernem, isto é, Brasil, América Latina, Brics, e suas implicações para a atual política externa lulopetista e sua diplomacia partidária: 

    Decreto publicado em março de 2023, aqui copiado na íntegra, com as novas diretrizes do Kremlin em seu site do Ministério Relações Exteriores da Rússia.

    Oportunamente vamos comentar essa doutrina neo-imperial (eurasianista) da ditadura russa.

    Note-se – no artigo 58 – o lugar de destaque reservado ao Brasil, junto com as ditaduras cubana, venezuelana e nicaraguense. “Reforçar a amizade e compreensão mútua e aprofundar a parceria multifacetada e mutuamente vantajosa com a República Federativa do Brasil, República de Cuba, República da Nicarágua, República Bolivariana da Venezuela, desenvolver as relações com outros países latino-americanos, em função do quão independente e construtiva é a sua política para a Federação da Rússia” (1).

    Note-se ainda – no artigo 13 – que a Ucrânia não é citada como nação independente. “Considerando o fortalecimento da Rússia como um dos principais centros de desenvolvimento do mundo contemporâneo, considerando a sua política externa independente uma ameaça à hegemonia ocidental, os Estados Unidos da América (EUA) e os seus satélites utilizaram as medidas tomadas pela Federação da Rússia para proteger os seus interesses vitais na vertente ucraniana como pretexto para endurecer a política antirrussa de longa data e desencadear uma guerra híbrida de um novo tipo. O seu objetivo é enfraquecer a Rússia por todos os meios e torpedear o seu papel civilizacional criador, o seu poder, as suas capacidades económicas e tecnológicas, limitar a sua soberania na política externa e interna e destruir a sua integridade territorial”.

    Note-se, por último, – no artigo 19 – que aos BRICS é atribuído um papel eminentemente político: na “adaptação da ordem mundial às realidades de um mundo multipolar”.

    A versão original do documento pode ser encontrada no link abaixo:

    https://mid.ru/en/foreign_policy/fundamental_documents/1860586/?lang=pt
     

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