sexta-feira, 18 de julho de 2025

Brasil: cronologia sumária do multilateralismo econômico, 1856-2006 - Paulo Roberto de Almeida

Brasil: cronologia sumária do multilateralismo econômico, 1856-2006

Paulo Roberto de Almeida
In: Ricardo Seitenfus e Deisy Ventura, Direito Internacional Público
(4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006; ISBN: 85-734-8441-1).
Relação de Trabalhos n. 1565; Publicados n. 713.


Brasil: cronologia sumária do multilateralismo econômico, 1856-2006
Não adesão do Brasil em itálico (data de adesão do Brasil, se delongada)

1856: Declaração sobre princípios do direito marítimo em tempo de guerra (1857)

1861: Tratado para a abolição do direito de peagem de Stade (Hanover)
1863: Tratado para a abolição dos direitos do rio Escalda (Bélgica)
1864: Tratado sobre uma linha telegráfica entre a Europa e a América (1870)
1864: Convenção estabelecendo a União Telegráfica Internacional – Paris
1874: Convenção criando a União Geral dos Correios e seu Regulamento (1877)
1875: Convenção Telegráfica Internacional – São Petersburgo (1877)
1875: Bureau International des Poids et Mesures – Paris (1954)
1878: Convenção para a formação de uma União Postal Universal (1879)
1883: Convenção de Paris para a proteção da propriedade industrial (1884)
1884: Convenção internacional para a proteção dos cabos submarinos (1885)
1886: Convenção de Berna para a proteção das obras literárias e artísticas (1921)
1886: Convenção para a troca de documentos oficiais e publicações científicas
1890: Escritório Comercial das Repúblicas Americanas
1890: União Internacional para a Publicação das Tarifas Aduaneiras (1891)
1891: Acordo sobre a repressão das falsas indicações de procedência dos produtos
1899: Estatutos da Corte Permanente de Arbitragem – CPA (1907)
1904: Acordo para a repressão do tráfico de mulheres brancas (1905)
1905: Convenção sobre o Instituto Internacional de Agricultura
1907: Convenção sobre direitos e deveres dos neutros na guerra terrestre - Haia (1914)
1907: Convenção sobre direitos e deveres dos neutros na guerra marítima - Haia (1914)
1907: Convenção relativa ao regime de navios mercantes inimigos - Haia (1914)
1907: Convenção sobre transformação de navios mercantes em bélicos - Haia (1914)
1907: Convenção sobre restrições ao direito de captura na guerra marítima - Haia (1914)
1907: Acordo de Paris de criação da Repartição Internacional de Higiene Pública (1908)
1910: Convenção para a unificação de regras em matéria de abalroamento (1913)
1910: União Internacional das Repúblicas Americanas - Washington
1910: Convenção Pan-Americana sobre reclamações pecuniárias (1915)
1910: Convenção Pan-Americana sobre patentes, desenhos e modelos (1915)
1910: Convenção Pan-Americana sobre propriedade literária e artística (1915)
1910: Convenção Internacional para a Repressão do Tráfico de Mulheres Brancas (1924)
1910: Acordo sobre a Repressão da Circulação de Publicações Obscenas (1924)
1911: Convenção de Washington da União de Paris sobre Propriedade Industrial
1912: Convenção internacional do ópio – Haia (1915)
1912: Convenção Sanitária Internacional (1922)
1912: Convenção Radiotelegráfica Internacional – Londres
1913: Convenção internacional de defesa agrícola (regulamentação sobre pragas)
1914: Convenção Sanitária Internacional (1921)
1914: Convenção Radiotelegráfica Internacional (1915)
1919: Pacto da Liga das Nações (SDN; Brasil retirou-se em 1926)
1919: Organização Internacional do Trabalho – OIT
1920: Câmara de Comércio Internacional – CCI (1939)
1920: Convenção do Instituto Internacional do Frio (1929)
1920: Protocolo relativo ao Estatuto da Corte Permanente de Justiça Internacional
1921: Convenção internacional sobre o tráfico de mulheres e crianças (1934)
1921: Convenção adicional à Convenção Internacional do Metro de 1875 (1955)
1922: União Internacional de Ferrovias
1923: Convenção sobre o Estatuto Internacional das Vias Férreas
1923: Protocolo relativo à arbitragem em matéria comercial – SDN (1932)
1923: Convenção sobre uniformidade de nomenclatura aduaneira das Américas
1923: Convenção Pan-Americana sobre marcas de fábrica e de comércio
1923: Convenção sobre publicadade das leis e regulamentos aduaneiros – SDN (1924)
1923: Convenção sobre uniformidade de nomenclatura de mercadorias – SDN (1924)
1923: Convenção para a simplificação das formalidades aduaneiras – SDN (1929)
1924: Acordo sobre o Escritório Internacional do Vinho (1995)
1924: Convenção para a criação do Escritório internacional de Epizootias (1929)
1924: Código Sanitário Panamericano (1930)
1924: Convenção sobre limitação de responsabilidade de proprietários de navios
1925: Convenção internacional do ópio – Genebra (1932)
1925: Convenção da Haia da União de Paris sobre Propriedade Industrial (1929)
1925: Protocolo de Genebra proibindo a guerra com gases asfixiantes e tóxicos (1970)
1926: Convenção sobre imunidade dos navios do Estado (1936)
1926: Convenção Sanitária Internacional (1930)
1926: Convenção sobre a Escravatura (1965)
1926: Convenção internacional sobre hipotecas marítimas (1930)
1926: Convenção internacional sobre circulação de automóveis (1929)
1927: Convenção Radiotelegráfica Internacional – Washington (1933)
1928: Conferência de Roma da Convenção de Berna sobre direito autoral (1933)
1928: Convenção de Direito Internacional Privado - Código Bustamante (1929)
1928: Convenção sobre a União Pan-Americana (1929)
1929: Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais (1932)
1929: Tratado Geral de Arbitramento Interamericano
1929: Convenção Postal Universal
1929: Convenção Internacional para a Repressão de Moeda Falsa (1938)
1929: Convenção sobre regras relativas ao transporte aéreo internacional (1931)
1930: Acordo sobre tribunais chineses na concessão internacional de Xangai
1930: Banco de Compensações Internacionais – BIS (1996)
1930: Convenção sobre conflitos de leis em letras de câmbio – SDN (1942)
1930: Convenção sobre lei uniforme em letras de câmbio – SDN (1942)
1930: Convenção sobre tributação em letras de câmbio – SDN (1942)
1930: Acordo relativo aos sinais marítimos – SDN (1932)
1931: Convenção para limitar a fabricação e distribuição de estupefacientes
1931: Convenção para a Regulamentação da Pesca da Baleia – SDN (1933)
1931: Convenção relativa à lei uniforme sobre os cheques – SDN (1942)
1931: Convenção sobre conflitos de leis em matéria de cheques – SDN (1942)
1931: Convenção relativa à tributação em matéria de cheques – SDN (1942)
1931: União Postal das Américas e Espanha
1932: Convenção Internacional das Telecomunicações – UIT (1938)
1933: Convenção sanitária internacional para navegação aérea (1935)
1934: Conferência de Londres da União de Paris sobre Propriedade Industrial
1935: Tratado de proteção das instituições artísticas e científicas e monumentos
1935: Convenção sobre Repressão do Contrabando (1938)
1936: Convenção para Repressão do Tráfico Ilícito das Drogas Nocivas (1938)
1937: Convenção Interamericana de Radiocomunicações (1939)
1937: Acordo sobre Produção e Comércio do Açúcar (não operacional)
1938: Convenção Sanitária Internacional (1946)
1939: Comitê Consultivo Internacional do Algodão – ICAC (1946)
1940: Convênio Interamericano do Café
1940: Convenção sobre o Instituto Indigenista Interamericano (1954)
1940: Convenção para a proteção da flora e da fauna nos países americanos (1966
1941: Declaração de Princípios das Nações Unidas – Carta do Atlântico (1943)
1943: Convenção Pan-Americana sobre tráfego rodoviário
1943: Convênio criando a Administração de Assistência das Nações Unidas (1944)
1944: Convenção relativa à Aviação Civil Internacional – OACI
1944: Ata Final da Conferência Financeira e Monetária de Bretton Woods
1945: Ata de Chapultepec: solidariedade interamericana, liberalização econômica
1945: Carta das Nações Unidas – São Francisco
1945: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO
1945: Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO
1945: Acordo sobre a criação do Fundo Monetário Internacional – FMI
1945: Convenção Interamericana de Radiocomunicações (1955)
1945: Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento – BIRD
1946: Convenção Internacional da Baleia (1951; denúncia: 1965; nova adesão: 1974)
1946: Organização Mundial da Saúde – OMS (1948)
1946: Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas
1946: Convenção Interamericana sobre Direito do Autor
1947: Organização Meteorológica Mundial – OMM (1950)
1947: Organização Sanitária Pan-Americana (em 1958 passa a se chamar OPAS)
1947: Tratado Interamericano de Assistência Recíproca – TIAR (1948)
1947: Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT
1948: Carta de Havana criando a Organização Internacional do Comércio
1948: Convenção do Instituto Internacional da Hiléia Amazônica (não vigiu)
1948: Constituição da Comissão Internacional do Arroz (1964)
1948: Convenção para a prevenção do crime de genocídio (1952)
1948: Acordo Sanitário Panamericano (1955)
1948: Carta da Organização dos Estados Americanos - OEA (1952)
1949: Protocolo à Convenção de 1890 de estabelecimento da União Aduaneira (1954)
1949: Convenção sobre Comércio de Trigo
1950: Convenção sobre o Conselho de Cooperação Aduaneira – CCD/OMA (1981)
1951: Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais – FAO (1961)
1951: Convenção para o Estabelecimento do Centro Internacional do Cálculo (1975)
1951: Conferência de Direito Internacional Privado (1972; denúncia: 1977; 2001)
1952: Convenção Universal sobre o Direito Autoral – UNESCO (1960)
1952: Convenção Iinternacional de Telecomunicações (1957)
1952: Acordo Interamericano de Radiocomunicações (1957)
1953: Comitê Intergovernamental para Migrações Européias (1957; retirada: 1979)
1953: Convenção sobre Abolição da Escravidão e o Tráfico de Escravos (1966)
1953: Acordo Internacional do Açúcar – ISO/OIA (1958)
1954: Organização Internacional do Açúcar
1954: Convenção Internacional da União Latina (1975)
1954: Convenção para a Proteção de Bens Culturais em Conflitos Armados (1958)
1955: Organização Internacional de Metrologia Legal (1984)
1955: Corporação Financeira Internacional – CFI/BIRD
1955: Convenção que estabelece a Comissão Sericícola Internacional (1979)
1956: Protocolo à Convenção sobre Regulamentação da Caça da Baleia (1959)
1956: Convenção Suplementar sobre Abolição da Escravatura (1966)
1956: Convenção de Nova York sobre Prestação de Alimentos (1965)
1956: Estatuto da Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA
1958: Acordo Internacional do Café
1958: Convenção sobre o Alto Mar – ONU (1968)
1958: Convenção sobre Conservação dos recursos Vivos do Alto Mar – ONU (1968)
1958: Convenção sobre a Plataforma Continental – ONU (1968)
1959: Tratado da Antártida – ONU (1975)
1959: Convenção Internacional das Telecomunicações – UIT (1964)
1959: Convenção de Nova York: reconhecimento de laudos arbitrais (2002)
1959: Acordo criando o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID
1960: Associação Internacional de Desenvolvimento – AID/BIRD
1960: Tratado de Montevidéu criando a ALALC
1960: Convenção de Paris criando a OCDE (Brasil: membro observador de comitês)
1961: Convenção de Proteção dos Artistas Intérpretes ou Executantes
1961: Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (1965)
1961: Clube de Paris (participação a partir de 1983 como credor)
1961: Convenção Única sobre Entorpecentes da ONU (1964)
1961: Convenção Internacional para a Proteção das Obtenções Vegetais – UPOV (1999)
1961: Clube de Paris (participação parcial, como credor, a partir de 1983)
1962: Carta de Aliança dos Países Produtores de Cacau
1962: Acordo Internacional do Trigo (1963)
1962: Convenção criando a Organização Internacional do Café – OIC/ICO
1962: Resolução sobre a Soberania Permanente sobre os Recursos Naturais – ONU
1963: Convenção de Viena sobre Relações Consulares (1967)
1963: Convenção sobre Responsabilidade Civil por Danos Nucleares – AIEA (1993)
1963: Tratado sobre experiências nucleares, na atmosfera, no espaço e sob a água (1966)
1963: Programa FAO/OMS de Normas Alimentares – Codex Alimentarius (1968)
1963: Emenda à Convenção de 1955 sobre a Organização de Metrologia Legal (1984)
1963: Banco Africano de Desenvolvimento – BAD
1964: Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD
1964: Comitê de Produtos de Base – UNCTAD
1964: Constituição da União Postal Universal – UPU
1964: Organização Internacional das Telecomunicações por Satélite – Intelsat
1965: Convenção para a facilitação do tráfico marítimo internacional (1977)
1965: Protocolo ao GATT-1947 sobre comércio e desenvolvimento - Parte IV (1975)
1965: Convênio de Créditos e Pagamentos Recíprocos da ALALC/ALADI
1965: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD
1966: Convenção Internacional sobre a Eliminação da Discriminação Racial (1969)
1966: Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1992)
1966: Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1992)
1966: Comissão da ONU sobre Direito Comercial Internacional – UNCITRAL
1966: Convenção Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico (1969)
1967: Organização Mundial da Propriedade Intelectual – OMPI
1967: Tratado de Tlatelolco sobre proibição de armas nucleares na América Latina (1994)
1967: Centro de Comércio Internacional UNCTAD/GATT
1968: Tratado de Não-Proliferação Nuclear (assinatura em 1997; adesão em 1998)
1968: Acordo Internacional do Açúcar (1969)
1968: Convenção constitutiva da Corporación Andina de Fomento – CAF (1996)
1969: Tratado da Bacia do Prata, cooperação regional
1969: Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José (1992)
1969: Convenção sobre poluição por hidrocarburantes em alto mar – OMI (1977)
1970: Tratado de Cooperação sobre Patentes
1970: Sistema Geral de Preferências – UNCTAD
1970: Organização Mundial do Turismo
1970: Convenção sobre importação, exportação e transferência de bens culturais
1971: Convenção para a Proteção dos Produtores de Fonogramas
1971: Acordo operacional da Organização de Telecomunicações por Satélite (1974)
1971: Acordo da Comunidade da Pimenta do Reino (1981)
1971: Acordo Internacional do Trigo e Convenção sobre Comércio doTrigo (1972)
1971: Acordo sobre a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais - Flacso (1991)
1971: Constituição da União Postal das Américas e Espanha (1975)
1971: Protocolo de negociações comerciais entre países em desenvolvimento-GATT (1973)
1971: Convenção sobre zonas úmidas habitat de aves aquáticas – UNESCO (1993)
1971: Grupo dos Vinte e Quatro – G-24 (temas financeiros do FMI e BIRD)
1972: Convenção sobre a conservação das focas antárticas (1991)
1972: Convenção sobre armas bacteriológicas (biológicas) e toxinas (1975)
1972: Convenção sobre armas convencionais excessivamente danosas (1995)
1972: Acordo Internacional sobre o Cacau
1972: Convenção sobre danos causados pelos objetos espaciais
1972: Acordo constitutivo do Fundo Africano de Desenvolvimento – FAD
1972: Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
1972: Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente – UNEP
1972: Convenção sobre Proteção do Patrimônio Mundial – UNESCO (1977)
1972: Convenção sobre o Regulamento Internacional sobre Abalroamento no Mar (1977)
1972: Convenção sobre poluição marinha por alijamento de resíduos – OMI (1982)
1973: Convenção sobre poluição pelos navios – MARPOL/OMI (1988)
1973: Convenção sobre fauna e flora ameaçados de extinção – CITES (1975)
1973: Convênio da Organização Latino-Americana de Energia – OLADE
1973: Acordo sobre comércio internacional de têxteis – Acordo Multifibras-GATT (1974)
1973: Acordo Internacional do Açúcar (1974)
1974: Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata – FONPLATA
1974 Declaração sobre a Nova Ordem Econômica Internacional – ONU
1974: Carta dos Direitos e Deveres Econômicos dos Estados – ONU
1974: Grupo de Países Latino-Americanos e do Caribe Exportadores de Açúcar
1975: Convênio criando o Sistema Econômico Latino-Americano – SELA
1975: Acordo Internacional do Cacau (1979)
1975: Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional (1995)
1975: Diretivas do Clube de Londres sobre equipamentos nucleares (1996)
1976: Organização Internacional de Telecomunicações Marítimas – OMI/Inmarsat
1976: Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA/FAO
1976: Programa integrado para os produtos de base da UNCTAD
1977: Convênio sobre o Escritório Internacional de Madeiras Tropicais
1977: Protocolo de prorrogação do Acordo Multifibras – GATT (1980)
1977: Acordo Internacional do Açúcar (1980)
1978: Convênio Ibero-Americano de Seguridade Social de Quito (1981)
1978: Convênio Ibero-Americano de Cooperação em Seguridade Social (1981)
1978: Tratado de Cooperação Amazônica, cooperação regional
1978: Convenção da Org. Int. de Telecomunicações Marítimas por Satélite (1979)
1979: Convenção Internacional sobre Busca e Salvamento Marítimos (1991)
1979: Código de Normalização – GATT
1979: Código de Subvenções e Direitos Compensatórios – GATT
1979: Código de Valoração Aduaneira – GATT
1979: Código Antidumping – GATT
1979: Arranjo relativo à carne bovina – GATT
1979: Declaração sobre Tratamento diferenciado e mais favorável – GATT
1979: Medidas comerciais sobre Balança de Pagamentos – GATT
1979: Medidas de Salvaguarda para fins de Desenvolvimento – GATT
1979: Acordo sobre notificações, consultas, solução de controvérsias – GATT
1979: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA
1979: Acordo sobre Itaipu e Corpus, entre Argentina, Brasil e Paraguai
1979: Conv. Interam. sobre eficácia extraterrit. de sentenças e laudos arbitrais estr. (1995)
1979: Convenção Interamericana sobre Conflitos de Leis em Matéria de Cheques (1994)
1979: Conv. Interam. sobre Conflitos de Leis em Matéria de Sociedades Mercantis (1997)
1979: Acordo Internacional sobre a Borracha Natural (1983)
1979: Organização para o Desenvolvimento Industrial – ONUDI
1980: Fundo Comum para os produtos de base – UNCTAD (1991)
1980: Convenção sobre os recursos vivos marinhos da Antártica – ONU (1986)
1980: Convenção sobre a proteção física de materiais nucleares (1991)
1980 : Tratado de Montevidéu criando a ALADI
1982: Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – ONU (1988)
1982: Tratado da Comunidade Íbero-Americana de Previdência Social (1986)
1983: Convenção sobre o Sistema Harmonizado de mercadorias – CCA (1988)
1983: Associação dos Países Produtores de Estanho (ATPC) – (1998)
1983: Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana – RITLA (1990)
1983: Estatutos do Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia (1999)
1983: Acordo Internacional de Madeiras Tropicais, OIMT/FAO/UNCTAD (1985)
1985: Agência Multilateral de Garantia de Investimentos – MIGA (1992)
1985: Protocolo de Cartagena de Indias reformando a OEA (1989)
1985: Convenção de Viena para a proteção da camada de ozônio – UNEP (1990)
1986: Declaração ministerial sobre a Rodada Uruguai – GATT
1986: Protocolo de prorrogação do Acordo Multifibras – GATT (1991)
1986: Grupo de Cairns – GATT
1986: Cooperação Aduaneira entre países de língua portuguesa (1995)
1987: Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis – MTCR (1995)
1987: Protocolo sobre substâncias que destroem a camada de ozônio (1990)
1988: Sistema Global de Preferências Comerciais entre países em desenvolvimento (1991)
1989: Convenção sobre movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos (1993)
1989: Tratado sobre o registro internacional de obras audiovisuais
1989: Acordo de criação do Mercado Comum Cinematográfica da América Latina (1998)
1989: Grupo dos 15 – G-15 (coordenação política entre países em desenvolvimento)
1990: Declaração da ONU sobre cooperação econômica internacional
1991: Tratado de Assunção – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai (Mercosul)
1991: Protocolo de Brasília sobre Solução de Controvérsias no Mercosul (1993)
1991: Protocolo ao Tratado da Antártida sobre Proteção Ambiental (1995)
1992: Acordo de transporte fluvial da Hidrovia Paraguai-Paraná (1995)
1992: Sexto Protocolo de Prorrogação do Acordo sobre Têxteis - Acordo Multifibras (1993)
1992: Instituto Interamericano para pesquisa em mudanças globais (1994)
1992: Protocolo de Emenda à Convenção para a Conservação do Atum Atlântico (2005)
1992: Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (1998)
1992: Convenção sobre Diversidade Biológica (1998)
1992: Agenda 21 e Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
1992: Protocolo de Washington reformando a OEA (1998)
1992: Acordo Internacional do Açúcar (1999)
1992: Constituição e convenção da União Internacional de Telecomnicações (1999)
1992: Fundo Multilateral de Investimentos – BID
1993: Convenção sobre Armas Químicas e sua Destruição (1999)
1993: Protocolo de Manágua reformando a Carta da OEA (1998)
1993: Acordo Internacional do Cacau (2000)
1993: Associação dos Países Produtores de Café – APPC (1995)
1993: Plano de Retenção do Café, da APPC (1996)
1993: Protocolo prolongando o Acordo Multifibras (1994)
1994: Protocolo sobre jurisdição em matéria contratual no Mercosul (1996)
1994: Protocolo de promoção e proteção recíproca de investimentos no Mercosul
1994: Centro de Desenvolvimento da OCDE
1994: Ata Final dos resultados das negociações comerciais da Rodada Uruguai
1994: Acordo constitutivo da Organização Mundial do Comércio – OMC
1994: Protocolo de Marraqueche ao Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT-1994
1994: Acordo sobre Salvaguardas
1994: Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio
1994: Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio - TRIMs
1994: Acordo sobre Implementação do Artigo VI do GATT de 1994 (Anti-dumping)
1994: Acordo sobre Inspeção Pré-Embarque
1994: Acordo sobre Aspectos Comerciais da Propriedade Intelectual – TRIPs
1994: Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias
1994: Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços e Anexos - GATS
1994: Acordo sobre Agricultura – Rodada Uruguai
1994: Acordo sobre Têxteis e Vestuário – Rodada Uruguai
1994: Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias – Rodada Uruguai
1994: Acordo sobre Procedimentos para o Licenciamento de Importações
1994: Acordo Internacional (plurilateral) sobre Carne Bovina – Rodada Uruguai (1994)
1994: Acordo Internacional sobre Madeiras Tropicais (1998)
1994: Protocolo sobre investimentos de Estados não-membros do Mercosul
1994: Convênio Internacional do Café (1998)
1994: Centro Sul – South Center (ainda não ratificado)
1994: Protocolo adicional ao Tratado de Assunção – Protocolo de Ouro Preto (1996)
1994: Protocolo relativo ao Código Aduaneiro do Mercosul
1994: Tarifa Externa Comum do Mercosul
1994: Norma de Aplicação sobre Valoração Aduaneira no Mercosul
1994: Acordo sobre Transporte Multimodal no Mercosul
1994: Princípios de “Supervisão Bancária Global Consolidada” no Mercosul
1994: Protocolo de Medidas Cautelares do Mercosul (1998)
1994: Declaração de Miami sobre Área de Livre-Comércio das Américas - ALCA
1995: Acordo de Cooperação Interregional Mercosul-União Européia
1995: Acordo da Organização Internacional de Telecomunicações por Satélite (2005)
1996: Adesão ao Comitê do Aço da OCDE
1996: Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares – CTBT (1998)
1996: Instituto Internacional de Vacinas (1999)
1996: Convenção Interamericana contra a Corrupção – OEA (2002)
1996: Convenção sobre proibição de armas excessivamente lesivas (2000)
1996: Acordo de Complementação Econômica entre o Mercosul e o Chile
1996: Protocolo de Defesa da Concorrência no Mercosul (2000)
1997: Adesão ao Comitê de Comércio da OCDE
1997: Protocolo Modelo sobre Salvaguardas Adicionais ao TNP - AIEA
1997: Convenção sobre proibição de minas antipessoal e sua destruição (1999)
1997: Convenção Interamericana sobre Tráfico Ilícito de Armas de Fogo (1999)
1997: Acordo de Complementação Econômica entre o Mercosul e a Bolívia
1997: Adesão ao Comitê de Investimentos e Empresas Multinacionais da OCDE
1997: Protocolo de Quioto à Convenção sobre Mudança Climática (2005)
1997: Convenção sobre o uso dos cursos de águas internacionais – ONU
1997: Convenção sobre corrupção nas transações internacionais – OCDE (2000)
1998: Adesão ao Comitê de Agricultura da OCDE
1998: Adesão ao Comitê de Política de Concorrência da OCDE
1998: Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional – TPI (2002)
1998: Acordo-quadro Mercosul-Comunidade Andina para liberalização do comércio
1999: Acordo de reconhecimento de títulos universitários no Mercosul (2005)
2000: Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança da Conv. Divers. Biológica (2006)
2000: Tratado de Direito Patentário (OMPI)
2000: Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (20024)
2000: Acordo-quadro Mercosul-República da África do Sul e SACU
2001: Adesão ao Comitê de Administração Pública da OCDE
2001: Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (2005)
2001: Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente do Mercosul (2004)
2001: Convênio Internacional do Café de 2001 (2002)
2002: Protocolo de Olivos sobre solução de controvérsias no Mercosul (2004)
2002: Acordo de complementação econômica Mercosul-México - ACE-54 (2003)
2002: Convenção Interamericana contra o Terrorismo (2005)
2002: Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes
2003: Acordo-quadro entre o Mercosul e a Índia
2003: Acordo de Complementação Econômica Mercosul-Peru
2003: Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (2006)
2003: Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (2006)
2004: Acordo Mercosul-Comunidade Andina – ACE-59 (2005)
2005: Decisão política pelo ingresso da Venezuela no Mercosul (em negociação)
2006: Protocolo ao ACE-14 Brasil-Argentina sobre salvaguardas - MAC (2006)

Fontes: Paulo Roberto de Almeida, Relações internacionais e política externa do Brasil (Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004) e atualizações subsequentes.
Paulo Roberto de Almeida (pralmeida@mac.com)
Atualizado em 25 de março de 2006

Livro de Paulo Roberto de Almeida: O Brasil e o multilateralismo econômico, resenha de Alberto Tamer (O Estado de S. Paulo)

Uma resenha de um dos meus livros, recuperado recentemente em velhos papeis (e copiado do jornal):


A inserção internacional do Brasil
Livro de Paulo Roberto de Almeida:
O Brasil e o multilateralismo econômico
(Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 1999, 328 p.)

Alberto Tamer
O Estado de São Paulo, 28.06.99, caderno de Economia

        Os jornais trazem, todos os dias, informações e comentários a respeito das mais diversas organizações internacionais, FMI, OMC, BIRD, cuja atuação e funcionamento passaram a influenciar como nunca a política econômica do Brasil. O ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero ocupa atualmente — já em segundo mandato — a Secretaria-Geral da UNCTAD. Alguém saberia, fora dos ambientes diplomáticos, traduzir exatamente o que essa sigla significa, assim como esta outra, ainda menos conhecida: OCDE?
        Mais importante, contudo, do que explicar a que veio e o que fazem cada uma dessas entidades — o que comparece de forma exaustiva num completo Glossário ao final deste livro de Paulo Roberto de Almeida — é saber o que o Brasil faz em cada uma delas, como elas podem repercutir no processo de formulação de políticas econômicas e setoriais do Estado brasileiro e que papel elas podem cumprir na inserção internacional do nosso país, num mundo cada vez mais interdependente e globalizado.
        Este livro é, provavelmente, o mais bem informado de todos aqueles publicados no Brasil sobre um campo ainda pouco explorado pelos especialistas acadêmicos e mesmo pelos supostos detentores do monopólio da representação brasileira nesses foros por vezes pouco conhecidos do grande público.

        Paulo Roberto de Almeida se utiliza muito pouco do “diplomatês” para explicar como surgiram, como evoluiram e o que fazem, hoje, cada uma dessas organizações, por uma razão muito simples: ele é um cultor da História, com “h” maiúsculo, e vai buscar no início do século XIX os fundamentos do moderno sistema econômico multilateral que passou a impregnar todos os aspectos da vida moderna. Quem já não ouviu falar de protestos de agricultores franceses em frente à sede do GATT — antecessor da atual Organização Mundial do Comércio — em Genebra? Ou, mais próximo de nós, quem ainda não leu na imprensa que a política monetária do Brasil estaria sendo supostamente conduzida pelos tecnocratas do FMI, talvez a mais vilipendiada dessas entidades e objeto familiar da demonologia brasileira praticamente desde o início de sua atuação efetiva, nos anos 50?

        Longe das diatribes estéreis e das acusações irresponsáveis, o livro do Paulo Roberto de Almeida é o mais completo “passeio” pelas origens, estrutura e funcionamento dessas organizações. Mas, não se pense que se trata de um “mero” manual introdutório, algo como um repertório linear dessas entidades. Não: o que o autor faz é traçar um panorama completo dos dois últimos séculos do processo de globalização, tendo sempre o Brasil como fio condutor de suas reflexões. Ele vai buscar a emergência do multilateralismo contemporâneo no mundo restaurado da Europa pós-napoleônica, segue seus passos pelas primeiras organizações de cooperação técnica (telégrafo, correios, patentes de invenção), para examinar sua multiplicação neste “breve” século XX, desde a Liga das Nações até o universo onusiano de dezenas de agências especializadas.
        As mais importantes entidades econômicas do pós-segunda guerra são, sem dúvida alguma, as duas “irmãs” de Bretton Woods, FMI e BIRD, e o GATT, que seria depois completado pela OMC. Mas, desde antes, já existia o Banco de Basiléia (BIS), o banco central dos bancos centrais, criado em 1930 para administrar a dívida externa da Alemanha derrotada na primeira guerra e que hoje se ocupa fundamentalmente de assegurar o bom funcionamento do sistema bancário num mundo de finanças globalizadas. Quantos sabem que o Brasil aderiu ao BIS em 1997, e aplica suas normas de prudência bancária (ainda que elas não sejam seguidas de fiscalização pertinente)?

        O livro segue ainda todas as rodadas da história de meio século do GATT (sempre como acordo “provisório) e discute porque a OMC pode ser mais democrática do que as instituições de Bretton Woods. Ele também segue a ascensão e crise da ideologia desenvolvimentista, personificada na UNCTAD, hoje em dia certamente mais identificada com as grandes forças da interdependência mundial.
Uma série de quadros analíticos e de tabelas informativas retraça a história multisecular da inserção econômica internacional do Brasil, desde o século XVI até o ano 2000 (inclusive com previsões quanto ao sistema hemisférico em 2005), seguindo, por exemplo, os meandros e a evolução de nossa da política comercial. O autor, um especialista do Mercosul e da integração regional e hemisférica — ele acaba de publicar, igualmente, dois outros títulos sobre a questão, pela LTr — ostenta uma vasta bibliografia, podendo-se talvez reclamar que suas referências, para não desmentir o viés diplomático, são muito “internacionais” para o público brasileiro.         Trata-se, em todo caso, de um livro que todo professor de economia e todo estudante de direito, de relações internacionais ou todo curioso de “globalização”, deveria ler e estudar.


O mundo rejeita Bolsonaro - Public Opinion Outlook Worldwide 2025 (Casa das Garças)

 Recebido de Luiz Henrique Carneiro, uma compilação completa dos resultados eleitorais dos últimos anos em diferentes países e pesquisas de opinião (menos nos países que não possuem eleições, ou onde elas são fraudadas.

O mundo rejeita Bolsonaro: raramente um dirigente americano foi contemplado com tamanho desprezo em quase todos os países "normais",





Cresce o lobby para tirar o Brasil do Brics - Relatório Reservado, comentário Paulo Roberto de Almeida

Relatório Reservado: o ataque contra o Brics

Recebi do embaixador Jório Dauster a nota abaixo, publicada no Relatório Reservado, com a qual ele colabora. Ao final, transcrevo o que respondi a ele:

"Cresce o lobby para tirar o Brasil do Brics
Redação RR
18/07/2025

Circula nos meandros do Itamaraty mais uma interpretação sobre os motivos do ataque do presidente norte-americano ao Brasil. A derivada envolve a presença e os posicionamentos do país no Brics. O lobby já foi identificado, e se não é vero, é bene trovato. Os artigos defendem a saída do bloco porque o Brasil, leia-se Lula, estaria se valendo desse espaço para fazer seu proselitismo, de discursos voltados à política doméstica à defesa de temas que não tiveram o acordo final dos membros do grupo.

Na verdade, a saída do Brics interessa mais aos EUA do que ao Brasil. A desdolarização do comércio exterior, com a criação da moeda do Brics, seria mais um alvo da Blitzkrieg de Trump. O Brasil é quem mais bate bumbo para emplacar a iniciativa, que não tem apoio explícito da China — em tese a principal interessada — nem da Índia.

A Rússia ignora o assunto. A fonte do RR disse que a África do Sul já teria sinalizado aos gabinetes diplomáticos norte-americanos que discorda da bandeira da moeda única. É pragmática. Consideraria o projeto uma batalha perdida, fora do tempo e sem condições de enfrentamento com o poder monetário dos EUA.

Lula tem carregado na tese, com discursos cada vez mais acalorados. Seu antípoda, Jair Bolsonaro, sequer fala da ideia — e com certeza se alinharia a Trump em uma decisão que acabaria por enfraquecer o Sul Global, mesmo que o Brasil não tenha grande peso econômico no bloco.

Até agora, o Brics funciona como um foro multilateral, inclusive com um banco de fomento, mas com pouca proatividade e número reduzido de ações. Uma espécie de CAF, organismo sul-americano com algumas funções similares, mas integrado por nações sem peso econômico.

Ainda assim, sair do Brics contraria toda a política externa brasileira, cujo traçado é o apoio integral ao multilateralismo e a participação em todos os foros. Lula entendeu antes de todos que o isolamento não seria o melhor caminho para o país. Trump parece ter compreendido o contrário — ou seja, que o isolamento do Brasil faz bem ao interesse norte-americano, por enfraquecer o relacionamento (e a influência ideológica) com os países asiáticos, favorecendo, por outro lado, um alinhamento com os EUA.

Uma espécie de reedição da ideia do Safta — paralelo ao Nafta, mas abrigando os países sul-americanos — só que debaixo do big stick dos EUA. Um velho sonho do Tio Sam: criar o Império das Américas. A pressão, portanto, seria para que o Brasil, por livre e espontânea vontade, deixasse o Brics.

Há também o argumento de que a agremiação virou uma sopa de legumes com o ingresso de países com menor importância geopolítica. Pode ser que as informações constituam uma fração da teoria conspiratória estimulada por Trump, com suas manifestações que combinam intervenção na soberania do país com política tarifária bilateral.

Mas já assistimos, em dosagem extremamente inferior, a uma ação orquestrada para que o Brasil abandonasse o Mercosul. Os grupos de interesse podem até ter algumas motivações distintas, mas todos estão empenhados nessa causa comum."

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Comentário PRA:
        Todos nós, diplomatas, mais os acadêmicos e jornalistas, reconhecemos que o Brasil é uma potência média. Creio que essa é uma ideia de senso comum.
Entendo que, a partir daí, faz sentido uma união de potências médias contra o unilateralismo e a violência das grandes potências.
Então, faria sentido uma grande ação do Brasil em favor dessa aliança, como fez Rui Barbosa em 1907, de invocar outras potências médias europeias, como Bélgica e Países Baixos, por exemplo, contra a postura arrogante das grandes potências, que desejam uma Comissão Permanente de Arbitragem Internacional na qual elas defendiam cargos exclusivos e permanentes para si, e cargos apenas temporários e limitados para as potências médias. Esse é o argumento da igualdade soberana dos Estados, qua se tornou doutrina diplomática brasileira e o eixo central do multilateralismo contemporâneo, agora destruído por Putin e Donald Trump.
Defendemos as mesmas ideias em 1945, na conferência de San Francisco, sem sucesso porém.
Creio que o Brasil deveria se aliar a outras potências médias, do assim chamado Sul Global, e do Norte imperialista, para defender os interesses nacionais e de outras potências médias.
É o que penso.
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Paulo Roberto de Almeida

 

A grande ilusão do Brics : e o universo paralelo da diplomacia brasileira (livro Kindle) - Paulo Roberto de Almeida

 

A grande ilusão do Brics : e o universo paralelo da diplomacia brasileira

Paulo Roberto de Almeida

Índice
Prefácio: Brics: uma ideia em busca de algum conteúdo
1. O papel dos Brics na economia mundial
2. A fascinação exercida pelo Brics nos meios acadêmicos
3. Radiografia do Bric: indagações a partir do Brasil
4. A democracia nos Brics
5. Sobre a morte do G8 e a ascensão do Brics
6. O Bric e a substituição de hegemonias
7. Os Brics na crise econômica mundial de 2008-2009
8. O futuro econômico do Brics e dos Brics
9. O Brasil no Brics: a dialética de uma ambição
10. O lugar dos Brics na agenda externa do Brasil
11. Contra as parcerias estratégicas: um relatório de minoria
Posfácio: O Brics depois da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia
Indicações bibliográficas

Disponível em Kindle, na Amazon

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Eugenio Gudin: O engenheiro que se tornou um dos maiores economistas do Brasil - Luiz Alberto Machado (Espaço Democrático)

 O engenheiro que se tornou um dos maiores economistas do Brasil

Luiz Alberto Machado faz um tributo a Eugênio Gudin no mês em que se lembra os 139 anos de seu nascimento

Luiz Alberto Machado, economista e colaborador do Espaço Democrático

Há 139 anos, no dia 12 de julho, nascia Eugênio Gudin, um engenheiro que se transformou num dos mais importantes economistas do Brasil.

Gudin cursou engenharia civil entre os anos de 1901 e 1905, na escola Politécnica do Rio de Janeiro, e foi como engenheiro que começou sua trajetória profissional na Light & Power Cia., em 1906.

Em sua experiência como engenheiro e executivo, Gudin foi conhecendo e se impacientando cada vez mais com a falta de senso econômico generalizado na forma de administrar os negócios, bem como uma notória falta de planejamento.

Nasceu daí seu interesse pelas Ciências Econômicas, que ele passou a estudar seriamente como autodidata já na década de 1920. Convencido da necessidade de estudar economia, Gudin dedicou-se a isso com o vigor e a dedicação que o caracterizaram por toda a vida.

No livro Eugênio Gudin – Inventário de flores e espinhos (Curitiba, PR: Editora Insight, 2012), os autores Márcio Scalercio e Rodrigo de Almeida afirmam: “O primeiro livro que leu com atenção sobre o assunto intitulava-se The meaning of Money, de Hartley Withers, que foi durante alguns anos editor da revista inglesa The Economist. Logo em seguida, atacou os clássicos com Adam Smith e David Ricardo. Submergiu na leitura de Alfred Marshall, voltando à tona saboreando artigos e revistas de economistas ingleses, americanos e as obras de John Stuart Mill. Apaixonou-se também pelos trabalhos do economista sueco Johan Knut Wicksell. Quando já idoso, gostava de dizer que: “Se eu não estivesse aqui preso com essa bengala, eu me levantaria, porque não se pronuncia o nome de Wicksell sentado”.

Um fator que fez com que o interesse de Gudin pela economia se tornasse cada vez maior e mais conhecido foi decorrência da amizade que ele teve com Assis Chateaubriand durante o período que viveu em Recife. Em 1924, aceitou o convite do amigo para escrever artigos sobre economia em O Jornal, periódico carioca que Chateaubriand acabara de adquirir. Iniciou-se assim outra faceta de sua trajetória profissional, que o acompanhou pelo resto de sua vida. Depois de escrever para diversos órgãos da imprensa, foi como articulista de O Globo que encerrou essa atividade, tendo seu último artigo publicado no dia 6 de março de 1986, poucos meses antes de completar 100 anos.

Como economista relevante na área pública, limito-me a citar apenas duas das contribuições de Gudin. Em 1944, foi escolhido delegado brasileiro na Conferência Monetária Internacional realizada em Bretton Woods, nos Estados Unidos, na qual foi decidida a criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.

Nos sete meses em que atuou como ministro da Fazenda do governo Café Filho, entre setembro de 1954 e abril de 1955, promoveu uma política de estabilização econômica de caráter liberal, baseada no corte das despesas públicas e na contenção da expansão monetária e do crédito, o que provocou crise de setores da indústria. Sua passagem pela pasta foi marcada, ainda, pelo decreto da Instrução 113, da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que facilitava os investimentos estrangeiros no País, e que seria amplamente usada no governo de Juscelino Kubitschek.

A par de sua importância em funções públicas de relevo, Gudin contribuiu também para o aperfeiçoamento do estudo de economia no Brasil. Em 1937, integrou o grupo que formou a Sociedade Brasileira de Economia, entidade que tinha por propósito maior influir em prol da criação de uma escola para o ensino das ciências econômicas na capital da República. No ano seguinte, foi fundada a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas, cujo primeiro diretor foi Temístocles Brandão Cavalcanti. Gudin, então, apresentou sua candidatura para o concurso da cátedra de Moeda e Crédito. Foi aprovado, iniciando assim sua carreira de professor universitário. Anos mais tarde, a faculdade foi incorporada à Universidade do Brasil – depois Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em 1941, enviou um documento ao ministro da Educação, Gustavo Capanema, com um projeto de Programa de Curso Superior de Ciências Econômicas, organizado em colaboração com o professor Maurice Byé e com Octávio Gouvêa de Bulhões. Em 1944, Gustavo Capanema designou Gudin para redigir o projeto de lei que institucionalizou o curso de economia no Brasil.

Quem acompanhou a evolução dos programas dos cursos de Ciências Econômicas no Brasil reconhece nesse projeto a base da grade curricular que prevaleceu até a reforma curricular decorrente do Parecer nº 375/84 e da Resolução Nº 11, de 26/6/84 do Conselho Federal de Educação, que estabeleceu o Novo Currículo Mínimo de Ciências Econômicas adotado em todos os cursos do Brasil a partir de 1985 e que sofreu pequenas alterações em 1997, quando foram definidas as atuais Diretrizes Curriculares.

Gudin tem ainda duas outras contribuições relevantes para o ensino de economia no Brasil. Uma delas aparece na forma de livro. Princípios de Economia Monetária, em dois volumes, de sua autoria (Rio de Janeiro: Agir, 1974), constituiu-se por longo período na bibliografia básica da disciplina Moeda e Crédito, depois chamada de Moedas e Bancos e, posteriormente, Economia Monetária. Outra contribuição significativa decorre de seus vínculos com a Fundação Getúlio Vargas, que foi criada em 1944. Gudin tomou a iniciativa de tentar convencer seu primeiro presidente, Luiz Simões Lopes, a patrocinar a formação de um núcleo de economia na nova instituição. Foi o passo inicial para a gloriosa trajetória da Escola de Economia e do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), que vêm formando gerações de bons economistas e prestando relevantes serviços na área da pesquisa econômica no Brasil.

Não gostaria de concluir este artigo sem mencionar dois episódios em que estive pessoalmente envolvido e que, além de me aproximarem de Eugênio Gudin, serviram para ratificar sua importância.

Na década de 1970, os estudantes da Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Administrativas da Universidade Mackenzie decidiram alterar o nome de seu diretório acadêmico, que até então se chamava Diretório Acadêmico Economia e Administração Mackenzie. Após alguma discussão, em que diversos nomes foram cogitados, a escolha recaiu sobre Eugênio Gudin, de tal forma que passaria a se chamar Diretório Acadêmico Eugênio Gudin, denominação que permanece até os dias de hoje.

Para celebrar o fato, os estudantes resolveram promover uma aula magna com a presença do novo patrono de seu Diretório Acadêmico. Data definida e convite aceito, os integrantes do D. A. decidiram convidar para moderar a palestra o mais conhecido comentarista econômico da época, o jornalista Joelmir Betting, com o qual eu costumava me encontrar nas manhãs de domingo, nos rachas do Esporte Clube Pinheiros − Joelmir jogando vôlei e eu basquete. Fui incumbido, por essa razão, de fazer o convite.

No primeiro contato, Joelmir Betting respondeu que tinha disponibilidade na data e que sua presença implicaria no pagamento de um determinado cachê. Em contato pessoal, expliquei que o evento tinha como principal nome o de Eugênio Gudin, que aceitara participar sem cobrar nada. Ao saber que Eugênio Gudin estaria presente, Joelmir Betting prontamente alterou sua resposta, dizendo que seria um prazer e uma honra participar de um evento com o velho economista.

O outro episódio ocorreu em 2001, ano em que se comemorava o cinquentenário da regulamentação da profissão de economista. A Lei nº 1.411, que dispõe sobre a profissão de economista, foi sancionada pelo presidente da República no dia 13 de agosto de 1951.

Para celebrar a passagem da data, o Conselho Regional de Economia de São Paulo, então presidido por mim, decidiu escolher os dez maiores economistas dos primeiros 50 anos da profissão de economista no Brasil. A escolha ocorreu por meio de votação à qual estavam habilitados todos os economistas inscritos na entidade. Eugênio Gudin foi o economista mais velho a ser eleito. Os outros foram (em ordem alfabética): Affonso Celso Pastore, Antônio Delfim Netto, Armínio Fraga, Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, Mário Henrique Simonsen, Octávio Gouvêa de Bulhões, Paul Singer e Roberto Campos.

Encerro com a convicção de que Eugênio Gudin, falecido aos 100 anos em 24 de outubro de 1986, viveu intensamente, desfrutando de suas grandes paixões: o Brasil − “sempre fui chifrado, corneado por uma mulher chamada Brasil” −, o Rio de Janeiro, a França e, particularmente Paris, a família, os vinhos, as mulheres e as flores.

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

Tarifa de 50% contra o Brasil. Risco e oportunidade - Sergio Florencio (interesse Nacional)

Artigo primoroso do amigo e colega diplomata Sergio Florencio, não apenas sobre a violência do tarifaço político do sociopata Trump, mas também sobre a burrice renitente do protecionismo brasileiro, que prejudica a própria economia e todo o povo. PRA


Tarifa de 50% contra o Brasil. Risco e oportunidade

Sergio Florencio

Portal Interesse Nacional, 15/07/2025

 

Os efeitos previsíveis da tarifa norte-americana de 50% sobre a importação de produtos brasileiros combinam risco econômico e oportunidade política.  O risco tende a ser forte contração de nossas exportações para um mercado que absorve cerca de 12% do total, com forte valor agregado. A oportunidade, para o atual governo, tende a ser o visível desgaste do bolsonarismo, resultante do vínculo entre a campanha destinada a obter apoio de Trump para a anistia do ex-presidente e a imposição da sobretaxa. Essa vantagem política foi magnificada por declarações de partidários do ex-presidente de apoio à decisão de Trump. A política externa passa agora a ditar uma agenda doméstica muito polarizada e já mobilizada pelo pleito de 2026, com um presidente em declínio de popularidade, mas beneficiado por inflexão a seu favor. Quais desdobramentos para o país poderá ter aquela combinação de risco e oportunidade?

Algumas considerações de ordem geral podem ajudar a esclarecer consequências específicas. A política tarifária de Trump tem três digitais – irracionalidade econômica, auto destrutividade geopolítica e imprevisibilidade. A economia é conhecida como a ciência da escassez. Mas hoje ocorre um fenômeno raro de abundância – a esmagadora maioria dos economistas, em diversos países e de diversas colorações, condenam ao fracasso a atual política de Trump. O principal argumento é o anacronismo de utilizar, no século XXI, o instrumento tarifário protecionista responsável pela recessão dos anos 1930.

A geopolítica de Trump consiste no afastamento deliberado de aliados tradicionais – Canadá, México, União Europeia - e aproximação com um dos principais adversários - a Rússia, aliada da China. A outra digital – imprevisibilidade - fica estampada na relação de Trump com Putin – há seis meses considerado um gênio e hoje, um imbecil.

Esse padrão errático se reflete em outras contundentes mudanças. A OTAN, criticada e marginalizada, há poucos dias se transformou em aliada; a abandonada Ucrânia, com o presidente ridicularizado por Trump, conta hoje com apoio político e recebe equipamentos de defesa antiaérea e inteligência de última geração. Essa frequente mudança de rumos teve uma exceção – a aliança incondicional com Israel e Netanyahu. De fato, as três guerras por ele criadas, para sua sobrevivência política – Hamas, Hezbollah e Irã –  contaram com o beneplácito e até coordenação de Trump. Esse, para evitar protagonismo ainda maior de Netanyahu, se antecipou e lançou inédito e poderoso ataque direto contra a instalação nuclear de Fordow.

O caráter imprevisível da tarifa de 50% para produtos brasileiros está ligado às sucessivas indefinições de Trump nessa área. Entretanto, algumas mudanças - mais previsíveis- poderão resultar das eleições, em 2026, de meio de mandato, para renovar um terço do Senado e a Câmara inteira. Outro fator de alteração poderá ter sua origem em decisões judiciais, oriundas da Corte Suprema, contrárias a medidas do Executivo.

​A tarifa de 50% contra o Brasil – caso mantida – deverá reprimir o mercado de maior valor agregado para nossas exportações – aço, aeronaves. As contrapropostas a serem apresentadas pelo Brasil para reduzir aquela tarifa deverão consistir em maior abertura de setores de nossa economia. Assim, o efeito negativo na balança comercial poderá ter contrapartida positiva, em termos de política econômica, ao promover alguma abertura -sem dúvida limitada -  para a 11a maior economia, mas também uma das mais fechadas do mundo. Isso é visível em nossa relação comércio exterior/PIB, em torno de 24%, equivalente à metade da vigente nos vizinhos, e inferior à maioria das economias emergentes. Num prematuro clima eleitoral, o governo certamente será refratário a qualquer abertura e buscará preservar a política de compadrio - benefícios aos setores econômicos privilegiados por proteção tarifária, subsídios e isenções fiscais. Nesse ambiente, reforma só poderá mesmo vir de fora. E virá, por imposição econômica externa, e não por opção política.

​A política econômica do segundo mandato de Trump poderá ter outra influência importante para a economia brasileira, ligada ao fluxo de investimento estrangeiro, à valorização do Real, à taxa de inflação e à taxa de juros.  Sua reeleição gerou expectativas de continuidade do excepcionalismo americano - desregulamentação, crescimento econômico, elevada atração de investimentos estrangeiros. Isso resultou em aumento de 20% nas Bolsas de Valores nos dois últimos anos, que atingiram o recorde de US$ 52 trilhões. Mas a política tarifária de Trump frustrou essas expectativas e os investimentos migraram para as economias emergentes, o que resultou em valorização das bolsas de valores em diversas partes do mundo, inclusive na América Latina – Chile, Colômbia, México e Brasil. A forte entrada de investimento estrangeiro em nosso país elevou a taxa de crescimento, valorizou o Real, e contribuiu para baixa inflação.

​Assim, os bons resultados da economia brasileira no último ano – 3,4% de crescimento, 5% de desemprego e inflação no teto da meta - foram muito mais obra da chamada rotação de carteira (mudança de destino de investimentos, derivada da obsessão tarifária de Trump), do que da política econômica brasileira. Mas esse fenômeno não é sustentável e o bônus terminará este ano, o que vai resultar em queda no investimento, com impacto negativo sobre os demais indicadores.

Para compensar esse ciclo descendente, o governo precisará fazer o que até agora se negou – controle do déficit público. Sem agenda fiscal de maior contenção de gastos, a relação dívida/PIB continuará a preocupante trajetória de acelerado crescimento, o que resultou na altíssima taxa de juros real de 10%. Vale lembrar que, de 1999 a 2003, o país produziu superavit primário anual de 3% a 4% do PIB, mas de 2013 a 2024, a relação dívida/PIB saltou de 50% para 82%. Esse cenário macroeconômico leva muitos analistas a estimar que a economia não aguenta mais dois anos de taxa de juros real situada entre 8% e 10%. Empresas de maior porte, com acesso ao mercado de capitais poderão sobreviver, mas muitas das médias e pequenas deverão desaparecer, e provocar forte crise econômica. Nesse sentido, o próximo governo eleito em 2026, independente da coloração política, será forçado a fazer o que até agora adiou - reforma fiscal com clara contenção de gastos.  

Em síntese, uma avaliação dos efeitos da irracionalidade econômica de Trump sobre o Brasil revela dois momentos bem distintos. Um primeiro, em que a frustração de expectativas nos EUA gerou migração de investimentos para as economias emergentes, o que produziu bons indicadores em 2025. Um segundo momento, em que a tarifa norte-americana de 50% sobre produtos brasileiros – caso mantida- deverá deprimir nossas exportações, com efeitos imediatos negativos. Entretanto, na negociação para reduzir a tarifa, o Brasil será forçado a efetuar alguma abertura de mercado, o que poderá trazer resultados positivos para uma das economias mais fechadas do mundo, com elevada proteção tarifária, não tarifária, subsídios e isenções fiscais.  No atual cenário eleitoral prematuro, é evidente que o governo não caminharia, por vontade própria, na direção de reduzir privilégios para setores econômicos. Mas deverá ser obrigado a fazê-lo no processo de negociação destinado a reduzir a absurda tarifa de 50% imposta pelo governo Trump. A absoluta irracionalidade lá poderá produzir alguma racionalidade cá.

Brasília, 15 de julho de 2025

Sergio Florencio

A guerra tarifária dos EUA contra o Brasil e seus prolongamentos políticos: abrem-se os primeiros tiros... - Paulo Roberto de Almeida

 A guerra tarifária dos EUA contra o Brasil e seus prolongamentos políticos: abrem-se os primeiros tiros...

Um drama bilateral Brasil-EUA que pode virar uma longa novela de retaliações recíprocas durante algum tempo, com prejuízos econômicos reais para cada um dos países, por dois dramalhões incendiados por personalidades autocentradas, Trump e Lula.
O presidente Lula acaba de fazer, em cadeia nacional de rádio e TV, um pronunciamento bastante contundente sobre a crise com os EUA, envolvendo a família Bolsonaro (sem o dizer) e atuando de modo bastante agressivo em relação ao presidente Trump, ele mesmo um presidente contundente e ultra agressivo, e que iniciou uma guerra verbal contra o Brasil que ainda vai render várias semanas de tiroteio dos dois lados.
O discurso foi basicamente dirigido ao público interno brasileiro, assim como Trump sempre atua direcionando suas palavras ao seu público interno, e nisso ambos presidentes são relativamente simétricos.
Ou seja, uma grave questão diplomática, para o Brasil – dada a desproporção de "armas" de cada um dos lados – vem sendo usada com subterfúgios cruzados dos dois lados: a busca de uma punição ao Brics, do lado americano, a defesa da soberania brasileira com respeito ao processo judicial em curso contra os golpistas do 8 de janeiro de 2023 (e Lula ainda reverberou o caso do 6 de janeiro de 2020, no caso americano, que possui certa simetria com o nosso caso: dois presidentes perdedores que tentam se manter no poder).
O assunto vai render matéria nos principais jornais durante as próximas semanas, disputando espaço com a guerra em Gaza, na Ucrânia e outras tragédias ao redor do mundo...
Paulo Roberto de Almeida

Um debate sobre o BRICS, antes do BRICS+ (2022) - Paulo Roberto de Almeida

Um debate sobre o BRICS, antes do BRICS+ (2022)

Paulo Roberto de Almeida

4189. “O futuro do grupo BRICS”, Brasília, 30 junho 2022, 9 p. Texto conceitual sobre os caminhos enviesados do BRICS pós-guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, e reflexivo sobre as ordens alternativas no campo econômico e político. Elaborado a propósito de webinar promovido pelo IRICE (embaixador Rubens Barbosa) sobre “O futuro do grupo Brics” (30/06/2022), na companhia do presidente do NDB, Marcos Troyjo, e da representante da Secretaria de Comércio Exterior do Itamaraty, Ana Maria Bierrenbach. Postado no Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/o-futuro-do-grupo-brics-ensaio-por.html). Vídeo do evento disponível no canal do IRICE no YouTube (link: https://www.youtube.com/watch?v=9Q9l8i4gyX4 ).

Relação de Publicados n. 1464.


Pouco antes eu havia publicado este meu livro: A Grande Ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira (2022).

Paulo Roberto de Almeida

Índice
Prefácio: Brics: uma ideia em busca de algum conteúdo
1. O papel dos Brics na economia mundial
2. A fascinação exercida pelo Brics nos meios acadêmicos
3. Radiografia do Bric: indagações a partir do Brasil
4. A democracia nos Brics
5. Sobre a morte do G8 e a ascensão do Brics
6. O Bric e a substituição de hegemonias
7. Os Brics na crise econômica mundial de 2008-2009
8. O futuro econômico do Brics e dos Brics
9. O Brasil no Brics: a dialética de uma ambição
10. O lugar dos Brics na agenda externa do Brasil
11. Contra as parcerias estratégicas: um relatório de minoria
Posfácio: O Brics depois da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia
Indicações bibliográficas



Está na hora de o Brasil sair do BRICS?; Is it time for Brazil to leave the BRICS? - Frlipe Krause

Is it time for Brazil to leave the BRICS?

Felipe Krause (Oxford University)

https://lnkd.in/enrBjK8G

That’s the question I explore in my op-ed published today in O Globo. While my answer is essentially yes — the costs of remaining in the bloc increasingly outweigh the benefits — I believe this is a debate worth having, and one that goes to the heart of Brazil’s foreign policy priorities today.

BRICS was once a symbol of a new multipolar world, but it has become an incoherent and increasingly dysfunctional group, dominated by China’s geopolitical agenda and exploited by Russia to project its narrative on Ukraine and escape isolation. Brazil, in turn, has little to show for its continued participation, other than diplomatic friction with key Western partners.

This is not about ideology, but about pragmatism. Brazil can sustain strong economic ties with China and constructive relations with the Global South without being tethered to a bloc that has lost strategic coherence and meaning.

I would be very interested to hear different perspectives on this topic. The article (in Portuguese) is available here:

https://lnkd.in/enrBjK8

Está na hora de o Brasil sair do BRICS?

Frlipe Krause, Oxford University

Essa é a pergunta que exploro em artigo publicado hoje n’O Globo. Embora minha resposta seja, em essência, afirmativa — os custos de permanecer no bloco passaram a superar os benefícios — acredito que esse é um debate necessário e que toca no centro das prioridades da política externa brasileira hoje.

O BRICS foi, no início, um símbolo de um mundo multipolar emergente, mas se tornou um grupo incoerente e cada vez mais disfuncional, dominado pela agenda geopolítica da China e instrumentalizado pela Rússia para projetar sua narrativa sobre a guerra na Ucrânia e escapar do isolamento. O Brasil, por sua vez, pouco tem a ganhar com essa participação, além de gerar atrito diplomático com parceiros ocidentais centrais.

Não se trata de ideologia, mas de pragmatismo. O Brasil pode manter laços econômicos sólidos com a China e um diálogo produtivo com o Sul Global sem estar vinculado a um bloco que perdeu coerência e sentido estratégico.

Gostaria muito de ouvir diferentes pontos de vista sobre esse tema. O artigo está disponível aqui:

https://lnkd.in/enrBjK8G  

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Comments:

This discussion is not only timely, but necessary. Brazilian society is, perhaps belatedly, being directly confronted with the costs of a choice - whether unfairly, or not. And regardless of how we evaluate the results of those decisions, it is crucial to discuss if the method in this decision-making is still adequate, having passed a quarter of this century. We do need this academic engagement for an increasingly more evidence-based agenda.

Congrats for the article!

Essa discussão não é só oportuna, como necessária. A sociedade brasileira está, talvez com certo atraso, sendo diretamente confrontada com os custos (injustos ou não) de uma escolha. E independente de nossas avaliações sobre os resultados dessas decisões, é crucial discutirmos se o método que utilizamos para tomar essas decisões ainda é adequado, já passado 1/4 desse século. Precisamos desse engajamento acadêmico para uma agenda cada vez mais baseada em evidências.

Parabéns pelo artigo! (Rafa Paulino)

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Ulf Thoene:

Many thanks for sharing, Felipe. Now, with a bit of distance from the Rio summit, a clearer picture is starting to emerge of where individual BRICS member states stand. The Brazilian perspective is relevant and insightful for other states in Latin America as well. I did a quick write-up on the most recent BRICS Summit in Rio for The Conversation en español, published on July 7th. 

https://theconversation.com/cumbre-2025-los-brics-abrazan-el-multilateralismo-y-piden-reformas-en-las-organizaciones-globales-260573

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Sergio Silva:

"Gostemos ou não, a diferença do Brasil para todos os demais países do Brics é que somos a única nação Brics sob a área de influência geopolítica direta dos Estados Unidos. No mesmo continente....

Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/opiniao/os-eua-sempre-se-meteram-no-brasil-e-o-crucial-nunca-foi-a-soberania/)

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Paulo R Almeida:

 O atual assessor internacional da PR, quando chanceler, nunca perdoou-me por ter colocado em dúvida a criação do então BRIC tão cedo quanto 2006, e sabotou consistentemente minha carreira diplomática durante todo o reinado lulopetista: não tive nenhum cargo na Secretaria de Estado entre 2003 e 2016, permanecendo a maior parte do tempo na Biblioteca do Itamaraty. Nunca me dobrei à fantasia do Bric-Brics, agora Brcs+, como provam meus artigos reunidos no livro “A Grande Ilusão do Brics e o Universo Paralelo da Diplomacia Brasileira” (2022). Paulo Roberto de Almeida, diplomata aposentado.

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quarta-feira, 16 de julho de 2025

O lado “bom” do tarifaço de Trump - José Fucs

 *O lado bom do tarifaço e das investigações de Trump contra o Brasil*

José Fucs, jornalista

16/07/2025

Pensei, pensei e cheguei à conclusão de que, apesar dos efeitos nocivos no curto prazo para o Brasil e os brasileiros, que serão pesados, o tarifaço e as investigações de Trump contra as práticas comerciais do País, têm um lado positivo. Entenda por quê:

- Trazem para o debate as tarifas escandalosas e as barreiras não tarifárias impostas sobre os produtos americanos (e de outros países);

- Podem levar a uma maior abertura econômica do País, um dos mais fechados do mundo, com a redução de tarifas alfandegárias e outras barreiras que encarecem a importação de bens e serviços e limitam a concorrência, em prejuízo do consumidor;

-  Escancaram a política antiamericana praticada por Lula e Amorim e defendida pelo PT e por seus aliados;

- Reforçam a discussão sobre o alinhamento geopolítico do Brasil com a China e o Eixo do Mal pelo atual governo e sua tentativa de impulsionar o famigerado bloco do Sul Global, em detrimento da ligação histórica do País com o Ocidente, em especial com os Estados Unidos;

- Revelam a estupidez da proposta de "desdolarização" feita por Lula no âmbito do Brics;

-  Jogam os holofotes sobre as práticas autoritárias e a censura promovidas pelo STF, que colocam em risco a democracia no País, com apoio nada discreto de Lula, do PT e de seus parceiros; 

- Dão dimensão global aos questionamentos sobre o tal "inquérito do fim do mundo" e a perseguição aos desafetos políticos do consórcio Lula/STF/PGR;

- Colocam em xeque a legitimidade dos processos contra Bolsonaro e os atos de 8/1, bem como a narrativa imposta pelo consórcio Lula/STF/PGR a respeito dos acontecimentos.

Podem me chamar de "bolsonarista", "traidor da pátria", "judeu apátrida" e "sionista". Podem colocar os influencers do PT no meu cangote e me ameaçar de degredo e de perda de cidadania. Mas, na minha visão, não dá para negar que tudo isso representa uma contribuição e tanto para o debate sobre os rumos do País e o Brasil que queremos construir. Não é pouca coisa.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...