O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: traida pelo inconsciente

Ele nos prega cada peça. Mas de vez em quando até fala a verdade, distraído...
Enfim, faz todo o sentido.
Paulo Roberto de Almeida 

Maquiavel

Dilma se enrola e cobra ‘compromisso com aqueles que desviam dinheiro público’

A candidata à presidência da República, Dilma Rousseff (PT), faz campanha na praça do Pacificador, em Duque de Caxias na Grande Rio, na noite desta sexta-feira (19)
A candidata à presidência da República, Dilma Rousseff (PT), faz campanha na praça do Pacificador, em Duque de Caxias na Grande Rio, na noite desta sexta-feira (19) (Glaucon Fernandes/Eleven/Folhapress/Folhapress)
Não é novidade a dificuldade de Dilma Rousseff com discursos e entrevistas. Nesta sexta-feira, a presidente-candidata voltou a se enrolar  sobre o escândalo dedesvio de verbas públicas na Petrobras, delatado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa: Dilma falou em “compromisso com aqueles que desviam dinheiro público”. Depois, completou a frase para se corrigir: “no combate a eles”. O discurso foi feito na noite desta sexta-feira, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Como se a gestão dela não estivesse sob questionamento pelas revelações do megaesquema de corrupção, com participação da base aliada no Congresso e de governadores, Dilma continuou a pregação contra os desvios de conduta. “Não é possível que no Brasil tenhamos pessoas que queiram viver com os recursos que não são deles, que são do povo brasileiro. Tenho certeza que iremos construir o país dos nossos sonhos”, afirmou. (Daniel Haidar, de Duque de Caxias)

Big Brother tupiniquim: o fascismo se aperfeicoa

Os brasileiros estão sendo paulatinamente asfixiados pelo fascismo corporativo. Os cidadãos não vão reagir?
Paulo Roberto de Almeida

Receita Federal

Pelo mecanismo, que entrará em funcionamento no próximo ano e envolverá também a PF, as empresas aéreas devem repassar informações sobre passagens, peso de bagagem, assento de passageiros às autoridades brasileiras

Reforma do letreiro do aeroporto de Guarulhos em 2011
Receita: fiscalização vai apertar em aeroportos brasileiros (Yasuyoshi Chiba/AFP/VEJA)
A Receita Federal vai implementar um novo sistema de fiscalização nos aeroportos do país para coibir o contrabando de mercadorias e a lavagem de dinheiro, que terá como base informações prestadas pelas companhias aéreas sobre os passageiros de voos internacionais.
Pelo novo sistema, que entrará em funcionamento no próximo ano e envolverá também a Polícia Federal, as empresas aéreas devem repassar informações sobre passagens, peso de bagagem, assento de passageiros às autoridades brasileiras.
Essas informações serão analisadas antes mesmo dos voos internacionais chegarem ao país, e as pessoas identificadas pela Polícia Federal e o fisco como mais propensas a cometer irregularidades vão passar por uma fiscalização mais cuidadosa. "As companhias aéreas vão transmitir para Receita informações dos passageiros transportados por elas. A partir daí o Fisco analisa e seleciona passageiros que apresentem risco de irregularidade para encaminhar à fiscalização", disse o subsecretário de Aduana e Relações Internacionais da Receita Federal, Ernani Checcucci, nesta quarta-feira.
Fiscalização — No primeiro semestre deste ano, a Receita apreendeu o equivalente 889,9 milhões de reais em mercadorias contrabandeadas nos portos, aeroportos e postos de fronteira, 20,6% acima das apreensões realizadas no mesmo período do ano passado, de acordo com balanço divulgado nesta quarta-feira.
Foram retirados de circulação 89,1 milhões de maços de cigarros, um dos produtos mais contrabandeados, no período, um aumento de 6,44% em relação ao mesmo período de 2013.
O fisco também fez a apreensão de 36,6 milhões de óculos de sol, alta de 53,5% em relação ao primeiro semestre do ano passado. "É resultado de mais eficiência, atuação mais precisa e pontual, menos interrupção de cargas e tempo reduzido da entrada de mercadoria", declarou o subsecretário, ao responder sobre o desempenho da Receita no período.
(Com Estadão Conteúdo)

Politica Externa: mais um degrau (para baixo) na escala da vergonha (mas ainda vai ter mais...)

Os companheiros são insuperáveis, por outros, eu quero dizer.
Eles estão sempre se superando, a si mesmos, na descida para a ignomínia, para a decadência moral, para a total abjeção, na direçao contrária a qualquer sentimento humanitário. Constato que eles não hesitam diante de qualquer compromisso vergonhoso, desde que seja com alguma estupidez política, ou diplomática, que sirva para opor-se ao Império, nem se sabe bem por qual motivo, exatamente. Alguém aí tem alguma explicação para o inexplicável?
As atitudes declaradas tocam o limiar da loucura e da degradação ética, sendo até incompreensíveis no plano da lógica ou do simples bom senso. Repito: as atitudes são incompreensíveis para os nossos padrões de raciocínio elementar. Por vezes eu me pergunto se temos alguém com um mínimo de dois neurônios funcionando em certas paragens do cerrado central.
Não tenho palavras para expressar minha repulsa pessoal, que é apenas a de um cidadão pensante, e que não tem nada a ver com minha condição profissional.
Se eu tiver de renunciar a um dos dois status, já se sabe o que eu faria. Tanto porque eu me sinto terrivelmente incômodo com uma delas.
Certas coisas são inclassificáveis. Voilà, encontrei a palavra, que é um cul-de-sac, se me permitem a expressão quase pornográfica da língua francesa: os companheiros são inclassificáveis, eles estão abaixo de qualquer categoria aceitável em sociedades normais.
Paulo Roberto de Almeida 

EU QUERO QUE A DILMA DESEMBARQUE NO CALIFADO DO ESTADO ISLÂMICO PARA NEGOCIAR COM TERRORISTAS. SEI QUE ELA ESTÁ PREPARADA PARA ISSO!Reinaldo Azevedo, 
24/09/2014
 às 4:03

A estupidez da política externa brasileira não reconhece limites.

Não recua diante de nada.
Não recua diante de cabeças cortadas.
Não recua diante de fuzilamentos em massa.
Não recua diante da transformação de mulheres em escravas sexuais.
Não recua diante do êxodo de milhares de pessoas para fugir dos massacres.
Não recua diante da conversão de crianças em assassinos contumazes.
A delinquência intelectual e moral da política externa brasileira, sob o regime petista, não conhece paralelo na nossa história.

A delinquência intelectual e moral da política externa brasileira tem poucos paralelos no mundo — situa-se abaixo, hoje, de estados quase-párias, como o Irã e talvez encontre rivais à baixura na Venezuela, em Cuba e na Coreia do Norte.
Nesta terça, na véspera de fazer o discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, a ainda presidente do Brasil fez o impensável, falou o nefando, ultrapassou o limite da dignidade. Ao comentar os ataques dos Estados Unidos e aliados às bases do grupo terrorista Estado Islâmico, na Síria, disse a petista:
“Lamento enormemente isso (ataques aéreos na Síria contra o EI). O Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU. Eu não acho que nós podemos deixar de considerar uma questão. Nos últimos tempos, todos os últimos conflitos que se armaram tiveram uma consequência: perda de vidas humanas dos dois lados. Agressões sem sustentação aparentemente podem dar ganhos imediatos, mas, depois, causam prejuízos e turbulências. É o caso do Iraque, está lá provadinho. Na Líbia, a consequência no Sahel. A mesma coisa na Faixa de Gaza. Nós repudiamos sempre o morticínio e a agressão dos dois lados. E, além disso, não acreditamos que seja eficaz. O Brasil é contra todas as agressões. E, inclusive, acha que o Conselho de Segurança da ONU tem de ter maior representatividade, para impedir esta paralisia do Conselho diante do aumento dos conflitos em todas as regiões do mundo”.
Nunca a política externa brasileira foi tão baixo. Trata-se da maior coleção de asnices que um chefe de estado brasileiro já disse sobre assuntos internacionais.
A fala de Dilma é moralmente indigna porque se refere a “dois lados do conflito”, como se o Estado Islâmico, um grupo terrorista fanaticamente homicida, pudesse ser considerado “um lado” e como se os EUA, então, fossem “o outro lado”.
A fala de Dilma é estupidamente desinformada porque não há como a ONU mediar um conflito quando é impossível levar um dos lados para a mesa de negociação. Com quem as Nações Unidas deveriam dialogar? Com facínoras que praticam fuzilamentos em massa?
A fala de Dilma é historicamente ignorante porque não reconhece que, sob certas circunstâncias, só a guerra pode significar uma possibilidade de paz. Como esquecer — mas ela certamente ignora — a frase atribuída a Churchill quando Chamberlain e Daladier, respectivamente primeiros-ministros britânico e francês, celebraram com Hitler o “Pacto de Munique”, em 1938? Disse ele: “Entre a desonra e a guerra, escolheram a desonra e terão a guerra”.
A fala de Dilma é diplomaticamente desastrada e desastrosa porque os EUA lideram hoje uma coalizão de 40 países, alguns deles árabes, e conta com o apoio do próprio secretário-geral da ONU, Ban ki-Moon.
A fala de Dilma é um sarapatel de ignorâncias porque nada une — ao contrário: tudo desune — os casos do Iraque, da Líbia, da Faixa de Gaza e do Estado Islâmico. Meter tudo isso no mesmo saco de gatos é coisa de uma mente perturbada quando se trata de debater política externa. Eu, por exemplo, critiquei aqui — veja arquivo — a ajuda que o Ocidente deu à queda de Muamar Kadafi, na Líbia, e o flerte com os grupos que se organizaram contra Bashar Al Assad, na Síria, porque avaliava que, de fato, isso levaria a uma desordem que seria conveniente ao terrorismo. Meus posts estão em arquivo. Ocorre que, hoje, os terroristas dominam um território imenso, provocando uma evidente tragédia humanitária.
A fala de Dilma é coisa, de fato, de um anão diplomático, que se aproveita de uma tragédia para, uma vez mais, implorar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança de ONU. O discurso da presidente do Brasil só prova por que o país, infelizmente, não pode e não deve ocupar aquele lugar. Não enquanto se orientar por critérios tão estúpidos.
Ao longo dos 12 anos de governos do PT, muita bobagem se fez em política externa. Os petistas, por exemplo, condenaram sistematicamente Israel em todos os fóruns e se calaram sobre o terrorismo dos palestinos e dos iranianos. Lula saiu se abraçando com todos os ditadores muçulmanos que encontrou pela frente — incluindo, sim, o já defunto Kadafi e o antissemita fanático Mahmoud Ahmadinejad, ex-presidente do Irã. Negou-se a censurar na ONU o ditador do Sudão, Omar al-Bashir, que responde pelo assassinato de 400 mil cristãos. O Brasil tentou patrocinar dois golpes de estado — em Honduras e no Paraguai, que depuseram legitimamente seus respectivos presidentes. Endossou eleições fraudadas na Venezuela, deu suporte ao tirano Hugo Chávez e ignorou o assassinato de opositores nas ruas, sob o comando de um louco como Nicolás Maduro.
E, como se vê, ainda não era seu ponto mais baixo. Dilma, nesta terça, deu o seu melhor. E isso quer dizer, obviamente, o seu pior. A vergonha da política externa brasileira, a partir de agora, não conhece mais fronteiras.
Pois eu faço um convite: vá lá, presidente, negociar com o Estado Islâmico. Não será por falta de preparo que Vossa Excelência não chegará a um bom lugar.
Por Reinaldo Azevedo

Miseria da politica externa, e sua necessaria reconstrucao - Rubens Barbosa

Nova política externa
A política externa é um dos setores em que o PT mais deixou registradas sua visão de mundo e suas preferências partidárias, com muitos erros e minguados resultados. Dependendo do resultado das eleições, haveria mudanças nas principais prioridades da atual política externa e o Itamaraty voltaria a defender o que é de fato de nosso interesse, sem qualificações ideológicas ou partidárias.
Alguns dos delineamentos mais importantes de uma nova política externa poderiam ser assim resumidos:
— A estratégia de negociação comercial multilateral (OMC), regional e bilateral deveria ser modificada para a abertura de novos mercados e a integração das empresas brasileiras nas correntes de comércio global;
— A integração regional deveria ser reexaminada, e o Brasil, deixando de ficar a reboque dos acontecimentos, deveria enfrentar o desafio de dar novo enfoque a esse processo;
— O Mercosul deveria ser revisto. De acordo com o estrito interesse brasileiro, não caberia defender o fim da união aduaneira, mas seria deixado claro que essa possibilidade existe, caso os demais parceiros se recusem a seguir o rumo da abertura comercial que nos interessa, como a negociação com a União Europeia;
Relações com os países vizinhos deveriam ser intensificadas, segundo o nosso interesse e não por afinidades ideológicas
— As relações com os países vizinhos deveriam ser intensificadas, segundo o nosso interesse e não por afinidades ideológicas. O Brasil continuaria a apoiar os esforços da Argentina e da Venezuela para o restabelecimento da estabilidade da economia, mas defenderia os interesses das empresas nacionais afetadas por medidas restritivas desses países. O Brasil continuaria a apoiar o fim do embargo econômico a Cuba e a participar, com transparência, do processo de abertura e desenvolvimento do pais;
— O relacionamento com os países em desenvolvimento deveria ser ampliado e diversificado, de acordo com nossos interesses. Em particular com a África e a América do Sul, um programa de cooperação e de ampliação de comércio e proteção de investimentos deveria ser executado;
— Voltar a dar prioridade às relações com os países desenvolvidos, de onde poderá vir a cooperação para a inovação e o acesso à tecnologia;
— Nos organismos multilaterais, o Brasil deveria ampliar e rever sua ação diplomática em todas as áreas, para refletir os valores (democracia e direitos humanos) e os interesses que defendemos internamente. O Brasil manteria seu interesse na ampliação dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU;
— Definir uma política em relação ao Brics para expressar o que nos interessa, ampliando a cooperação entre os países que integram o grupo e aumentando a atuação conjunta em temas econômicos e comerciais;
— A politica de assistência técnica e a diplomacia cultural — instrumentos do soft power brasileiro — deveriam ser fortalecidas;
— Prioridade especial para assistência a brasileiros no exterior e o apoio a empresas multinacionais nacionais.
Pragmática, a nova politica externa deveria buscar resultados concretos, e não apenas retóricos, para o Brasil.
Fonte: O Globo, 23/09/2014





SOBRE RUBENS BARBOSA



Rubens Barbosa

Rubens Antônio Barbosa foi embaixador do Brasil em Washington (1999-2004). É presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior (Coscex) da Fiesp. Barbosa é articulista dos jornais “O Estado de São Paulo” e “O Globo”, e editor chefe da revista “Interesse Nacional”. É autor dos livros “Panorama Visto de Londres”, sobre política externa e econômica; “Integração Econômica da América Latina” e “The Mercosur Codes”. É mestre pela Escola Superior de Ciências Econômicas e Políticas de Londres. Foi secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e representante permanente do Brasil junto à Associação Latino-Americana de Integração (ALADI).

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Diplomacia companheira: um inedito na historia do Brasil - Reinaldo Azevedo

Dilma na ONU: nada comparável desde o sapato de Krushev. Ou: A estupidez como categoria de pensamento
Por Reinaldo Azevedo, 24/09/2014

A presidente Dilma Rousseff certamente considerou que o ridículo a que submeteu nesta terça o país não era o suficiente. Resolveu então dobrar a dose. Como sabem, a nossa governanta censurou ontem, em entrevista à imprensa, os EUA e países aliados pelos ataques às bases terroristas do Estado Islâmico.
Dilma, este gênio da raça, pediu diálogo. Dilma, este portento da política externa, quer conversar com quem estupra, degola, crucifica, massacra. Dilma, este novo umbral das relações internacionais, defende que representantes da ONU se sentem à mesa com mascarados armados com fuzis e lâminas afiadas. Nunca fomos submetidos a um vexame desses. Nunca!
Nesta quarta, no discurso que abre a Assembleia Geral das Nações Unidas, uma tradição inaugurada em 1947 por Oswaldo Aranha, Dilma insistiu nesse ponto, para espanto dos presentes. Os que a ouviam certamente se perguntavam: “Quem é essa que vem pregar o entendimento e o diálogo com facinorosos que só reconhecem a língua da morte e da eliminação do outro?”.
Houvesse uma lei que proibisse o uso de aparelhos públicos internacionais para fazer campanha eleitoral, Dilma teria, agora, de ser punida. Sua fala na ONU foi a de uma candidata — mas candidata a quê, santo Deus? A presidente do Brasil desfiou elogios em boca própria, exaltando, acreditem, suas conquistas na economia, no combate à corrupção e na solidez fiscal — tudo aquilo, em suma, que a realidade interna insiste em desmentir.
Não falava para os que a ouviam; falava para a equipe do marqueteiro João Santana, que agora vai editar o seu pronunciamento de sorte a fazer com que os brasucas creiam que o mundo inteiro se quedou paralisado diante de tal portento, diante daquele impávido colosso que insistia em dar ao mundo uma aula de boa governança. Justo ela, que preside o país que tem a pior relação crescimento-inflação-juros entre as dez maiores economias do mundo.
De tal sorte fazia um pronunciamento de caráter eleitoral e eleitoreiro que, numa peroração em que misturou dados da economia nativa com um suposto novo ordenamento das relações internacionais, sobrou tempo para tentar faturar com o casamento gay. Afirmou: “A Suprema Corte do meu país reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo, assegurando-lhes todos os direitos civis daí decorrentes”. É claro que queria dar uma cutucadinha em Marina Silva, candidata do PSB à Presidência, que o sindicalismo gay petista tentou transformar em homofóbica numa das vertentes sujas da campanha.
Sem ter mais o que pregar aos nativos; temerosa de que o eleitorado cobre nas urnas os muitos insucessos de sua gestão; sabedora de que boa parte da elite política que a cerca pode ser engolfada por duas delações premiadas — a de Paulo Roberto Costa e da Alberto Youssef —, Dilma elegeu a sede da ONU como um palanque.
Na tribuna, bateu no peito e elogiou as próprias e supostas grandezas, como fazem os inseguros e os mesquinhos. No discurso que abre a Assembleia Geral das Nações Unidas, tratou de uma pauta bisonhamente doméstica — e, ainda assim, massacrando os números. Quando lhe coube, então, cuidar da ordem internacional, pediu, na prática, que terroristas sejam considerados atores respeitáveis.
Desde 12 de outubro de 1960, quando o líder soviético Nikita Krushev bateu com o próprio sapato na mesa em que estava sentado — e não na tribuna, como se noticia às vezes — para se fazer ouvir, a ONU não presencia cena tão patética. Nesta quarta, Dilma submeteu o Brasil a um ridículo inédito.

Reflexao do dia: George Orwell (sempre ele...)

Comprei, antes da viagem, dois livros que me acompanharam por 12 mil kms, mas que não pude abrir, devido justamente à concentração total nas coisas da viagem através dos EUA.
Como a Birmânia parece ter deixado para trás (esperemos que de forma definitiva) o Estado orwelliano que a caracterizou durante mais de quatro décadas de regime militar "socialista", eu havia comprado dois livros para conhecer melhor o país nesta fase de sua nova integração ao mundo.
O Brasil, inclusive, abriu uma embaixada em Rangoon (antigo nome da capital sob o império britânico), mas isto foi uma decisão companheira, adotada quando a Birmânia (ou Mianmar, como eles preferem ser chamados agora) ainda era uma ferrenha ditadura, o que combina totalmente com o espírito companheiro: basta ser ditadura, que eles são aliados incondicionais.
Enfim, os livros são estes:

George Orwell:
Burmese Days
Edição Penguin, de 1989, mas baseada na primeira edição que a editora fez em 1944, quando foram corrigidas adaptações que o autor teve de fazer em 1935, a pedido do editor comunista Victor Gollancz, e que seguiu a primeira edição americana de 1934, corrigida depois pelo autor.

Emma Larkin:
Finding George Orwell in Burma
Edição da Penguin de 2004, mas com um epílogo atualizado em 2011, depois que a ditadura organizou eleições, ainda controladas, mas já num processo de abertura gradual.

O primeiro eu comprei barato na Abebooks; o segundo na Amazon, pois se trata de livro relativamente novo.

Enfim, a frase que eu encontro na abertura do livro da Emma Larkin é a seguinte, muito citada, extremamente conhecida e no entanto absolutamente verdadeira:

Who controls the past controls the future;
who controls the present controls the past.

Nineteen Eighty-four

Perfeito para os dias que correm e para o que estão fazendo os companheiros, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 24/09/2014

Estado Islamico: fotos do "dialogo" dos EUA com os fundamentalistas islamicos

Uma seleção de fotos sobre os raids aéreos do "diálogo" dos EUA com o Estado Islâmico, muito diferente, obviamente, daquele diálogo aberto e generoso que nossa dirigente pretende manter com os representantes do novo Califado:

https://medium.com/war-is-boring/watch-america-strike-syria-one-photo-at-a-time-73227b072e34?

Watch America Strike Syria—One Photo at a Time
Military photographers and recon aircraft document missile & air raids
War is Boring · Read Now

Bolivar Lamounier se ocupa dos "intelectuais"

Com aspas, e aproveito para recomendar os livros de Paul Johnson e de Thomas Sowell sobre as contribuições nefastas que muitos desses personagens fizeram para maior prejuizo da humanidade.
A postagem eu devo a meu amigo Orlando Tambosi. 
Paulo Roberto de Almeida 
O antiliberalismo dos intelectuais brasileiros
Bolívar Lamounier acaba de lançar o livro Tribunos, Profetas e Sacerdotes - Intelectuais e ideologias no Século XX (SP, Cia. das Letras), em que analisa "o papel dos pensadores na atualidade". A obra está na minha lista de leituras, pois trata exatamente de uma questão que sempre me interessou: a persistência, entre a intelectualidade, do pensamento autoritário. Infelizmente, somos um país infenso à cultura da liberdade: passamos do positivismo para o autoritarismo militar, reforçado depois, a partir das universidades, pelo marxismo. Lamounier está certo: a esquerda se apropriou do conceito de intelectual. Resultado: aqui, até um Emir Sader, que escreve Getúlio com lh (Getulho) reivindica o papel de "pensador":

Tribunos defendem causas e pessoas, profetas inventam paraísos e apontam o caminho da salvação. Já os sacerdotes cuidam da disciplina e ensinam ao rebanho o que é certo ou errado. Visionários ou controladores, eles têm missões distintas, mas neste caso é de intelectuais que se fala o tempo todo. Separá-los por esses três papéis foi a forma que encontrou o cientista político Bolívar Lamounier para contar, em seu novo livro, os feitos, malfeitos, limites e o incerto futuro dessas figuras às vezes destemidas, admiradas ou odiadas, às vezes arrogantes, equivocadas ou perseguidas. 
Tribunos, Profetas e Sacerdotes - Intelectuais e Ideologias no Século XX, que Bolívar lançou na semana passada em São Paulo e lança hoje no Rio, é um passeio pelos altos e baixos da função dos intelectuais na sociedade. Para entendê-la - e entendê-los - ele percorre as experiências de outros países (a antiga União Soviética, Alemanha, EUA) e desemboca, ao fim, na experiência brasileira. Depara-se, então, com a gangorra entre liberalismo e autoritarismo e dedica capítulos especiais a duas figuras centrais do século 20, Oliveira Vianna e Sérgio Buarque de Hollanda.
Ao falar do livro para o Estado, o autor levanta questões sobre o que disseram e dizem os intelectuais dos 21 anos do regime militar. Ele deixa, a propósito, uma advertência: “No Brasil, e em geral na América Latina, a esquerda se apropriou do conceito de intelectual”. Criou-se, dessa forma, “uma ilusão de ótica, uma confusão cultivada de uma forma em grande parte deliberada”.
O que significam os modelos de intelectual que dão título ao livro? 
O tribuno assemelha-se a um advogado: é o que defende as pessoas, grupos ou o próprio país. Um belo exemplo é o poeta andaluz García Lorca, cujo objetivo era defender a etnia cigana, não propagandear paraísos terrestres. Inventar esses paraísos e conduzir a humanidade até lá é papel do profeta - o exemplo clássico são os marxistas. O alto sacerdote é a autoridade que interpreta para o rebanho os livros sagrados. 
O “fim dos intelectuais” é mencionado no livro como um perigo real, num mundo de especializações e redes digitais. Eles vão desaparecer?
Não acredito que o intelectual esteja em extinção; o intelectual-tribuno certamente não está. Mas o espaço se reduziu drasticamente para os profetas e sacerdotes. No mundo atual, falar do futuro não é propor utopias mirabolantes, é projetar tendências a partir de fatos comprovados. Sacerdotes continuarão a existir em esferas específicas, como o âmbito acadêmico, onde cumprem a função de exigir padrões de qualidade científica.
Sua análise destaca uma persistente rejeição do liberalismo na história e na cultura brasileira. A que atribui esse fenômeno?
A história brasileira caracteriza-se pela coexistência entre dois veios importantes, um liberal e outro antiliberal. O liberal tem origem na independência e na Constituição de 1824. O antiliberal começa com a chegada do positivismo de Augusto Comte, forte nas escolas militares e se expande com o protofascismo. A partir dos anos 20 ele é reforçado pelo marxismo e se difunde fortemente através do nacionalismo.
O sr. assinala que Celso Furtado, Hélio Jaguaribe e Cândido Mendes idealizaram o modelo nacionalista do pré-1964. Por quê?
Celso Furtado e Hélio Jaguaribe pensaram que os militares tomariam os fazendeiros como aliados preferenciais e forçariam o restante da economia a permanecer estagnada, o que evidentemente não aconteceu. Cândido Mendes errou na previsão política, por acreditar que os militares detinham um poder ilimitado, imune a dissensões internas. Tal diagnóstico também foi desmentido. 
A percepção, pelos intelectuais, do que representou o regime militar para a sociedade e para o País foi insatisfatória? Pela urgência, moral e prática, eles se centraram na crítica ao autoritarismo e menosprezaram outros temas?
Era natural que assim fosse. As ameaças às liberdades democráticas eram reais. Mas essa ênfase não esgota o que aconteceu ao longo de 21 anos. Falta muito para a análise do período ser feita de modo satisfatório. Ainda são poucos os estudos sérios disponíveis e há barreiras ideológicas consideráveis.
Parece-lhe que há hoje muito mais intelectuais de esquerda do que de direita no debate público, e que a esquerda tem mais espaço nesse universo?
Não exatamente. O que ocorreu no Brasil e em geral na América Latina foi que a esquerda se apropriou do conceito de intelectual, adulterando-o a não mais poder. Assim, todo esquerdista letrado fica conhecido como intelectual, qualquer que seja a qualidade do que diz. No centro e na direita, pessoas com o mesmo perfil, e não raro com mais qualidade, não se apresentam como intelectuais e sim como economistas, historiadores, etc. O que há, portanto, é uma ilusão de ótica, uma confusão cultivada de uma forma em grande parte deliberada. (Estadã0).

Fundo Soberano: mais um crime economico companheiro...

Dilapidando recursos do país numa coisa que nunca foi um fundo e muito menos soberano. Só mais uma das esquizofrenias econômicas dos companheiros. Enfim, um crime econômico dos piores que eles já cometeram. O Brasil deve ter perdido, por baixo, 5 a 7 bilhões de dólares nessa loucura.
Paulo Roberto de Almeida 

Brazil finds novel way to repair budget deficit 
Joe Leahy
Blog BeyondBrics, Financial Times, 24/09/2014

What is this? Brazil is withdrawing $1.5bn from its sovereign wealth fund to plug a hole in its budget.
President Dilma Rousseff justified the move saying the sovereign wealth fund was the equivalent of saving for a rainy day – and that a rainy day had arrived. With Brazil’s economy not growing, the government is missing its budget targets.

This from Itaú Unibanco:
In its 4th budget review of the year, the Planning Ministry reduced its GDP growth forecast to 0.9 per cent from 1.8 per cent and lowered expected revenues (net from transfers to state and municipalities) by R$10.5bn. This reduction was partially compensated by an expected withdrawal of R$3.5bn fromBrazil’s sovereign wealth fund… Our forecast for the primary fiscal surplus this year is 1.1 per cent of GDP (target: 1.9 per cent of GDP). The bulk of the difference from our forecast to the target is lower revenues.
Critics argue the sovereign wealth fund would be better used for investment in such a way as to avoid adding to inflationary pressures in the economy.
Marina Silva, Rousseff’s main challenger at elections on October 5, said the use of the fund to balance the public accounts “demonstrates clearly that the government has put at risk the country’s stability and growth.”
However, the government’s use of the funds to plug its budget deficit is unlikely to affect its electoral chances. Brazilian voters appear to be more concerned with jobs than with other macro-economic headlines. And unemployment is the one thing that is still going right for the government, with joblessness remaining low.
This and a determined campaign of attack by Rousseff against her chief electoral rival has helped the incumbent recover lost ground in the polls. This week, polls showed she is now numerically equal with or ahead of Silva in a second round run-off that would take place on October 26 if no candidate wins an outright majority.

Estado Islamico: "eles so precisam de um pouco de dialogo..."

Claro! Como ninguém descobriu isso antes? É conversando que a gente se entende...
Quem sabe um pouco de atenção para as suas causas também?
Um pouco de carinho não faz mal a ninguém. 
Paz e amor, gente boa...
Paulo Roberto de Almeida 

Na ONU, Dilma condena 'uso da força' para resolver conflitos

Um dia depois de 'lamentar' bombardeio americano contra terroristas na Síria, presidente disse que 'intervenções militares' não levam à paz. Também voltou a criticar Israel e o 'uso desproporcional da força' em Gaza

A presidente Dilma Rousseff aguarda para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York
A presidente Dilma Rousseff aguarda para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York (Mike Segar/Reuters)
Depois de “lamentar” o bombardeio dos Estados Unidos contra terroristas na Síria, a presidente Dilma Rousseff reafirmou sua posição nesta quarta-feira ao condenar o “uso da força” como forma de resolver conflitos mundiais. No discurso de abertura da 69ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Dilma colocou no mesmo cesto Iraque, Síria, Líbia, Ucrânia e Palestina, ignorando o fato de que, nos dois primeiros, um dos grupos terroristas mais selvagens em atividade está avançando e espalhando o horror de forma brutal, por meio de decapitações, crucificações e execuções sumárias.
"Não temos sido capazes de resolver velhos contenciosos nem de impedir novas ameaças. O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da questão Palestina, no massacre sistemático do povo sírio, na trágica desestruturação nacional do Iraque, na grave insegurança na Líbia, nos conflitos no Sahel e nos embates na Ucrânia. A cada intervenção militar não caminhamos para a paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos".
"Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos, morais e civilizatórios", continuou.
Em seguida, Dilma insistiu na necessidade de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, dizendo que o grupo hoje vive uma “paralisação”. E voltou então a carga contra Israel, ao falar sobre a recente ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza. "Gostaria de reiterar que não podemos permanecer indiferentes à crise israelo-palestina, sobretudo depois dos dramáticos acontecimentos na Faixa de Gaza. Condenamos o uso desproporcional da força, vitimando fortemente a população civil, mulheres e crianças", afirmou, repetindo os termos de um comunicado divulgado pelo Itamaraty que deu início a um desentendimento com Israel – que chamou o Brasil de “anão diplomático”.
Para Dilma, o conflito entre Israel e Palestina "deve ser solucionado e não precariamente administrado, como vem sendo". "Negociações efetivas entre as partes têm de conduzir à solução de dois Estados – Palestina e Israel – vivendo lado a lado e em segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas". Os Estados Unidos têm intermediado as difíceis negociações entre representantes israelenses e palestinos, que esbarram não apenas em questões de fronteiras, mas em exigências dos terroristas do Hamas tidas como inaceitáveis pelo governo israelense, como o fim ao bloqueio ao enclave que, na prática, significaria abrir caminho para o grupo obter armas do exterior.

Estado Islamico: sorry Obama, esse "Brasil" nao vai cooperar, vai ate se opor...

Mas é em nome de uma boa causa: o diálogo e a cooperação com o Estado Islâmico. Eles podem ser bons companheiros. Afinal de contas, são anti-imperialistas, não são?
Paulo Roberto de Almeida 
In a much anticipated speech at the General Assembly, President Obama said, “I ask the world to join in this effort.”