Mulheres causam terremotos
Bem, nao é misoginia, apenas um aviso cientifico.
Infelizmente, nem todos os paises podem dispor de uma lideranca politica tao alerta e tao esclarecida, a ponto de prever terremotos.
Acredito que com um pouco mais de esforcos, e com contatos mais frequentes com as autoridades iranianas, as nossas liderancas politicas tambem conseguiriam se aperfeicoar, e ajudar o Brasil nesta dificil tarefa de prever terremotos...
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Paulo Roberto Almeida
Islamismo
Clérigo no Irã diz que mulheres causam terremotos
Opinião e Notícia, 20/04/2010 (The Guardian)
Segundo a crença iraniana, a mulher que se veste sem modéstia transforma o comportamento do homem, corrompendo sua castidade e espalhando o adultério na sociedade — o que causaria terremotos no planeta. De acordo com uma previsão do presidente Mahmoud Ahmadinejad, um terremoto irá atingir o Teerã e boa parte dos mais de 12 milhões de habitantes da cidade deveriam relocar em algum outro lugar. No entanto, ele ainda não tem uma data certa para o acontecimento.
O líder espiritual Hojatoleslam Kazem Sedighi afirma que as calamidades ameaçam severamente o seu povo e foi aconselhado por uma Autoridade Divina a convocar a todos para um arrependimento geral, como forma de mostrar a Deus sua devoção, e tentar livrar o Teerã do terrível terremoto que só Deus poderia evitar. Ele se refere também ao terremoto político ocorrido na última disputa à presidência, em que o governo iraniano trava uma forte batalha contra o movimento da oposição que acusa Ahmadinejad de vencer as eleições de forma fraudulenta. O ministro Sadeq Mahsooli disse que orações e pedidos de perdão são as melhores formas de repelir os terremotos.
Fontes: Guardian - Women to blame for earthquakes, says Iran cleric
Women to blame for earthquakes, says Iran cleric
The Guardian, Monday 19 April 2010
Women behaving promiscuously are causing the earth to shake, according to cleric, as Ahmadinejad predicts Tehran quake
A senior Iranian cleric says women who wear revealing clothing and behave promiscuously are to blame for earthquakes.
Iran is one of the world's most earthquake-prone countries, and the cleric's unusual explanation for why the earth shakes follows a prediction by the president, Mahmoud Ahmadinejad, that a quake is certain to hit Tehran and that many of its 12 million inhabitants should relocate.
"Many women who do not dress modestly ... lead young men astray, corrupt their chastity and spread adultery in society, which increases earthquakes," Hojatoleslam Kazem Sedighi was quoted as saying by Iranian media. Women in the Islamic Republic are required by law to cover from head to toe, but many, especially the young, ignore some of the more strict codes and wear tight coats and scarves pulled back that show much of the hair. "What can we do to avoid being buried under the rubble?" Sedighi asked during a prayer sermon last week. "There is no other solution but to take refuge in religion and to adapt our lives to Islam's moral codes." Seismologists have warned for at least two decades that it is likely the sprawling capital will be struck by a catastrophic quake in the near future. Some experts have even suggested Iran should move its capital to a less seismically active location. Tehran straddles scores of fault lines, including one more than 50 miles long, though it has not suffered a major quake since 1830.
In 2003, a powerful earthquake hit the southern city of Bam, killing 31,000 people – about a quarter of that city's population – and destroying its ancient mud-built citadel.
"A divine authority told me to tell the people to make a general repentance. Why? Because calamities threaten us," said Sedighi, Tehran's acting Friday prayer leader. Referring to the violence that followed last June's disputed presidential election, he said: "The political earthquake that occurred was a reaction to some of the actions [that took place]. And now, if a natural earthquake hits Tehran, no one will be able to confront such a calamity but God's power, only God's power ... So let's not disappoint God."
The Iranian government and its security forces have been locked in a bloody battle with a large opposition movement that accuses Ahmadinejad of winning last year's vote by fraud.
Ahmadinejad made his quake prediction two weeks ago but said he could not give an exact date. He acknowledged that he could not order all of Tehran's 12m people to evacuate. "But provisions have to be made ... at least 5 million should leave Tehran so it is less crowded," the president said.
The welfare minister, Sadeq Mahsooli, said prayers and pleas for forgiveness were the best "formulae to repel earthquakes. We cannot invent a system that prevents earthquakes, but God has created this system and that is to avoid sins, to pray, to seek forgiveness, pay alms and self-sacrifice," Mahsooli said.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 20 de abril de 2010
2045) O Pelé da diplomacia e medalhas a go-go...
Amorim compara Lula a Pelé e defende medalha dada a primeira-dama
Maurício de Moraes, do R7, em Brasília
R7, 16/04/2010
Chanceler diz que diplomacia não muda, mas próximo presidente terá menos brilho
O chanceler (ministro das Relações Exteriores) Celso Amorim disse nesta sexta-feira (16), em Brasília, que a saída do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da Presidência não vai deixar a diplomacia brasileira menos importante.
Mas reconheceu que o próximo (a) ocupante do Palácio do Planalto terá menos brilho na cena internacional, comparando Lula a Pelé. Ele defendeu ainda a condecoração Ordem do Rio Branco dada à primeira-dama, Marisa Letícia, e à sua mulher.
Questionado sobre como será a diplomacia brasileira sem Lula na Presidência, ele respondeu que Pelé só teve um, mas o Brasil continuou a ser campeão do mundo.
Para Amorim, a diplomacia brasileira não terá mudanças significativas. Mas reconheceu, indiretamente, o papel de Lula nas relações exteriores do Brasil, que ganharam grande importância nos seus dois mandatos.
Dedicação de D. Marisa lhe valeu a medalha
Amorim também justificou porque a primeira-dama Marisa Letícia e a sua mulher, Ana Maria Amorim, receberam, no último dia 13, a Ordem do Rio Branco, no grau da Grã-Cruz, a mais alta condecoração da diplomacia brasileira.
Ele não citou nominalmente a sua mulher, mas defendeu as homenagens tomando o caso de D. Marisa.
- Não se pode imaginar uma atuação do presidente Lula sem o apoio de sua mulher, deixando horas de lazer e dedicação aos filhos.
Maurício de Moraes, do R7, em Brasília
R7, 16/04/2010
Chanceler diz que diplomacia não muda, mas próximo presidente terá menos brilho
O chanceler (ministro das Relações Exteriores) Celso Amorim disse nesta sexta-feira (16), em Brasília, que a saída do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da Presidência não vai deixar a diplomacia brasileira menos importante.
Mas reconheceu que o próximo (a) ocupante do Palácio do Planalto terá menos brilho na cena internacional, comparando Lula a Pelé. Ele defendeu ainda a condecoração Ordem do Rio Branco dada à primeira-dama, Marisa Letícia, e à sua mulher.
Questionado sobre como será a diplomacia brasileira sem Lula na Presidência, ele respondeu que Pelé só teve um, mas o Brasil continuou a ser campeão do mundo.
Para Amorim, a diplomacia brasileira não terá mudanças significativas. Mas reconheceu, indiretamente, o papel de Lula nas relações exteriores do Brasil, que ganharam grande importância nos seus dois mandatos.
Dedicação de D. Marisa lhe valeu a medalha
Amorim também justificou porque a primeira-dama Marisa Letícia e a sua mulher, Ana Maria Amorim, receberam, no último dia 13, a Ordem do Rio Branco, no grau da Grã-Cruz, a mais alta condecoração da diplomacia brasileira.
Ele não citou nominalmente a sua mulher, mas defendeu as homenagens tomando o caso de D. Marisa.
- Não se pode imaginar uma atuação do presidente Lula sem o apoio de sua mulher, deixando horas de lazer e dedicação aos filhos.
2044) O trem bala do governo, e o dinheiro do contribuinte
Raramente concordo com qualquer coisa escrita pelo jornalista Elio Gaspari, que acho apenas ser alguem egocentrico, necessitado de alguma diferenciacao em relacao aos demais analistas e que se poe a fabricar frases de efeito e analises duvidosas.
Desta vez sou obrigado a concordar com ele, não porque ele tenha especialmente razão, mas apenas porque reproduziu informações reais e preocupantes.
Também acho que esse projeto é uma loucura, nåo porque não seja, algum dia, necessário, mas porque não é prioritário, em face do caos urbano de Rio e SP, necessitadas de metro, mais e mais metro.
Grandes projetos, como se sabe, servem para políticos roubarem um pouco mais...
Paulo Roberto de Almeida (20.04.2010)
Trem-bala virou uma coisa muito estranha
ELIO GASPARI
19.04.2010
NOSSO GUIA precisa congelar as iniciativas destinadas a apressar a concorrência para a construção de um trem-bala ligando o Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas. Deve fazê-lo porque não fica bem para um presidente com poucos meses de mandato decidir a contratação de uma obra de R$ 34,6 bilhões. Trata-se de um ervanário equivalente à construção de 170 quilômetros de metrô, sabendo-se que as malhas de São Paulo e do Rio somam apenas 104 quilômetros. Se o Grande Mestre persistir, criará a última encrenca de seu governo, ou a primeira do mandato seguinte.
O projeto do trem-bala poderia ter sido uma joia da coroa da política de investimentos do atual governo, mas transformou-se num almanaque de má gestão, improvisações e leviandades.
Em 2007 o Tribunal de Contas recebeu um projeto que quase certamente concederia a obra ao consórcio italiano Italplan. Ele prometia entregar o trem sem pedir um tostão à Viúva. A obra começaria no ano seguinte, estaria pronta em 2016 e custaria em torno de R$ 9 bilhões. O TCU estudou a matemática do projeto e salvou a Viúva, chutando a bola para fora. Estava tudo errado, da estimativa dos custos à previsão da demanda.
Pior: o trem sairia do Rio e, 90 minutos depois, chegaria a São Paulo, sem qualquer parada. Não há no mundo trem de alta velocidade que faça um percurso de 400 quilômetros sem estações intermediárias.
O governo passou o assunto ao BNDES, e os estudos recomeçaram do zero. Mesmo assim, o voluntarismo do Planalto incluiu o trem-bala no PAC. Se o BNDES estava estudando a viabilidade da obra, a cautela sugeria que se esperasse a conclusão da análise. A esta altura, felizmente, a linha havia sido estendida a Campinas.
No início de 2009 a estimativa do custo do trem-bala pulou para R$ 11 bilhões, prevendo oito paradas, uma delas em São José dos Campos. A linha ficaria pronta a tempo de transportar as torcidas da Copa de 20014. Lorota total.
O Tribunal de Contas recebeu há pouco um novo projeto, no qual o custo está em R$ 34,6 bilhões. Desfez-se a fantasia do financiamento privado. Os empreiteiros e fornecedores de equipamentos entram com 30% dos recursos, e a Viúva fica com 70% da conta, quase toda financiada pelo BNDES, com recursos do Tesouro. Os interessados também querem que haja uma garantia da demanda de passageiros por meio de subsídios ou de mágicas financeiras. A tarifa, que começou em R$ 103 e agora está liberada, sob um teto de R$ 206 na classe econômica do trecho Rio-SP.
Técnicos do BNDES que estudaram o projeto viram que um trem para o percurso Rio-São Paulo-Campinas, consumindo R$ 11 bilhões em túneis, é obra de prioridade discutível. Pelas contas de hoje, o trem-bala seria um bom negócio no eixo Campinas-São Paulo-São José dos Campos, mas a prioridade de uma obra dessas poderia ser discutida com o arquiteto Hemiunu, aquele que construiu a pirâmide de Quéops.
Num governo com oito meses de vida e com um candidato oposicionista que não acredita no trem-bala, soa estrondosa a revelação feita à repórter Maria Cristina Frias por Dilma Rousseff, sob cuja coordenação está o projeto: "A primeira fase vai até São José dos Campos, que tem um aeroporto de porte internacional. (...) Além disso, você revitaliza Viracopos". Ou seja, um trem-bala que iria do Rio a São Paulo irá de Campinas e São José dos Campos. Como esse será o trecho barato da obra física (noves fora a compra bilionária de trens e equipamentos), sobrará para o futuro o caroço dos túneis e das pontes na Serra do Mar.
O governo levou dois anos para desfazer a lambança do projeto de 2007. Agora, quer apressar o Tribunal de Contas para iniciar a licitação em maio, em plena campanha eleitoral, com todas as ansiedades e promessas típicas desses períodos. Quem achar que há algo de estranho nisso pode ter certeza: há algo muito estranho nisso.
Desta vez sou obrigado a concordar com ele, não porque ele tenha especialmente razão, mas apenas porque reproduziu informações reais e preocupantes.
Também acho que esse projeto é uma loucura, nåo porque não seja, algum dia, necessário, mas porque não é prioritário, em face do caos urbano de Rio e SP, necessitadas de metro, mais e mais metro.
Grandes projetos, como se sabe, servem para políticos roubarem um pouco mais...
Paulo Roberto de Almeida (20.04.2010)
Trem-bala virou uma coisa muito estranha
ELIO GASPARI
19.04.2010
NOSSO GUIA precisa congelar as iniciativas destinadas a apressar a concorrência para a construção de um trem-bala ligando o Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas. Deve fazê-lo porque não fica bem para um presidente com poucos meses de mandato decidir a contratação de uma obra de R$ 34,6 bilhões. Trata-se de um ervanário equivalente à construção de 170 quilômetros de metrô, sabendo-se que as malhas de São Paulo e do Rio somam apenas 104 quilômetros. Se o Grande Mestre persistir, criará a última encrenca de seu governo, ou a primeira do mandato seguinte.
O projeto do trem-bala poderia ter sido uma joia da coroa da política de investimentos do atual governo, mas transformou-se num almanaque de má gestão, improvisações e leviandades.
Em 2007 o Tribunal de Contas recebeu um projeto que quase certamente concederia a obra ao consórcio italiano Italplan. Ele prometia entregar o trem sem pedir um tostão à Viúva. A obra começaria no ano seguinte, estaria pronta em 2016 e custaria em torno de R$ 9 bilhões. O TCU estudou a matemática do projeto e salvou a Viúva, chutando a bola para fora. Estava tudo errado, da estimativa dos custos à previsão da demanda.
Pior: o trem sairia do Rio e, 90 minutos depois, chegaria a São Paulo, sem qualquer parada. Não há no mundo trem de alta velocidade que faça um percurso de 400 quilômetros sem estações intermediárias.
O governo passou o assunto ao BNDES, e os estudos recomeçaram do zero. Mesmo assim, o voluntarismo do Planalto incluiu o trem-bala no PAC. Se o BNDES estava estudando a viabilidade da obra, a cautela sugeria que se esperasse a conclusão da análise. A esta altura, felizmente, a linha havia sido estendida a Campinas.
No início de 2009 a estimativa do custo do trem-bala pulou para R$ 11 bilhões, prevendo oito paradas, uma delas em São José dos Campos. A linha ficaria pronta a tempo de transportar as torcidas da Copa de 20014. Lorota total.
O Tribunal de Contas recebeu há pouco um novo projeto, no qual o custo está em R$ 34,6 bilhões. Desfez-se a fantasia do financiamento privado. Os empreiteiros e fornecedores de equipamentos entram com 30% dos recursos, e a Viúva fica com 70% da conta, quase toda financiada pelo BNDES, com recursos do Tesouro. Os interessados também querem que haja uma garantia da demanda de passageiros por meio de subsídios ou de mágicas financeiras. A tarifa, que começou em R$ 103 e agora está liberada, sob um teto de R$ 206 na classe econômica do trecho Rio-SP.
Técnicos do BNDES que estudaram o projeto viram que um trem para o percurso Rio-São Paulo-Campinas, consumindo R$ 11 bilhões em túneis, é obra de prioridade discutível. Pelas contas de hoje, o trem-bala seria um bom negócio no eixo Campinas-São Paulo-São José dos Campos, mas a prioridade de uma obra dessas poderia ser discutida com o arquiteto Hemiunu, aquele que construiu a pirâmide de Quéops.
Num governo com oito meses de vida e com um candidato oposicionista que não acredita no trem-bala, soa estrondosa a revelação feita à repórter Maria Cristina Frias por Dilma Rousseff, sob cuja coordenação está o projeto: "A primeira fase vai até São José dos Campos, que tem um aeroporto de porte internacional. (...) Além disso, você revitaliza Viracopos". Ou seja, um trem-bala que iria do Rio a São Paulo irá de Campinas e São José dos Campos. Como esse será o trecho barato da obra física (noves fora a compra bilionária de trens e equipamentos), sobrará para o futuro o caroço dos túneis e das pontes na Serra do Mar.
O governo levou dois anos para desfazer a lambança do projeto de 2007. Agora, quer apressar o Tribunal de Contas para iniciar a licitação em maio, em plena campanha eleitoral, com todas as ansiedades e promessas típicas desses períodos. Quem achar que há algo de estranho nisso pode ter certeza: há algo muito estranho nisso.
2043) Livro sobre a Politica Externa Brasileira
Política externa é tema de livro a ser lançado nesta segunda-feira em Salvador
Jornal Feira online, 17/4/2010
Autor da palestra a ser realizada durante o lançamento do livro “A Política Externa do Brasil – Presente e Futuro”, Marcos Azambuja é diplomata de carreira.
"A questão nuclear e o terrorismo não estão sendo tratados pelo governo brasileiro com a devida atenção". A advertência é do embaixador Marcos Azambuja. Ele faz palestra nesta segunda- feira (19/04) sobre a atual política externa nacional, às 10 horas., durante o lançamento do livro “A Política Externa do Brasil – Presente e Futuro”. Promovido pela Fundação Liberdade e Cidadania, entidade ligada ao Diretório Nacional do Partido Democratas, o evento será realizado na Unijorge (Centro de Relações Internacionais, Prédio 1, na Avenida Paralela 6.775), com entrada franca.
Resultado de seminário realizado no ano passado, em São Paulo, com a participação, além de Azambuja, dos embaixadores Luiz Felipe Lampreia, Rubens Ricúpero, Sergio Amaral, Sebastião do Rego Barros, Roberto Abdenur e do jornalista Antonio Carlos Pereira, de O Estado de S. Paulo, o livro “A Política Externa do Brasil – Presente e Futuro” reúne as palestras realizadas. Apresenta uma análise profunda sobre a condução da diplomacia brasileira na chamada “Era Lula”.
“A principal conclusão é a de que nos últimos anos houve um desmanche da política externa brasileira, cujo foco foi reduzido a, praticamente, um único objetivo no momento inatingível: conquistar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU”, diz o presidente da Fundação Liberdade e Cidadania, o deputado federal José Carlos Aleluia.
Para Aleluia, Ao longo de quase oito anos à frente do Itamaraty, o PT escolheu o caminho de apoiar governos com os quais se identifica ideologicamente deixando de lado o profissionalismo e a isenção que sempre marcaram a diplomacia brasileira. “O Barão do Rio Branco dizia que “em toda parte lembro-me da Pátria”. A diplomacia petista subverteu esta máxima, trocando-a por ‘em todo lugar me lembro do partido’”, comenta.
Marcos Azambuja
Autor da palestra a ser realizada durante o lançamento do livro “A Política Externa do Brasil – Presente e Futuro”, Marcos Azambuja é diplomata de carreira. Foi chefe da Delegação do Brasil para Assuntos de Desarmamento e Direitos Humanos, em Genebra, de 1989 a 1990; coordenador da Conferência Rio 92; secretário-geral do Itamaraty de 1990 a 1992; embaixador do Brasil na Argentina de 1992 a 1997 e embaixador do Brasil na França de 1997 a 2003.
Azambuja é especialista nos campos do desarmamento, desenvolvimento sustentável, integração regional, direitos humanos, Antártica e política espacial. Atualmente atua como consultor e membro do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo.
Jornal Feira online, 17/4/2010
Autor da palestra a ser realizada durante o lançamento do livro “A Política Externa do Brasil – Presente e Futuro”, Marcos Azambuja é diplomata de carreira.
"A questão nuclear e o terrorismo não estão sendo tratados pelo governo brasileiro com a devida atenção". A advertência é do embaixador Marcos Azambuja. Ele faz palestra nesta segunda- feira (19/04) sobre a atual política externa nacional, às 10 horas., durante o lançamento do livro “A Política Externa do Brasil – Presente e Futuro”. Promovido pela Fundação Liberdade e Cidadania, entidade ligada ao Diretório Nacional do Partido Democratas, o evento será realizado na Unijorge (Centro de Relações Internacionais, Prédio 1, na Avenida Paralela 6.775), com entrada franca.
Resultado de seminário realizado no ano passado, em São Paulo, com a participação, além de Azambuja, dos embaixadores Luiz Felipe Lampreia, Rubens Ricúpero, Sergio Amaral, Sebastião do Rego Barros, Roberto Abdenur e do jornalista Antonio Carlos Pereira, de O Estado de S. Paulo, o livro “A Política Externa do Brasil – Presente e Futuro” reúne as palestras realizadas. Apresenta uma análise profunda sobre a condução da diplomacia brasileira na chamada “Era Lula”.
“A principal conclusão é a de que nos últimos anos houve um desmanche da política externa brasileira, cujo foco foi reduzido a, praticamente, um único objetivo no momento inatingível: conquistar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU”, diz o presidente da Fundação Liberdade e Cidadania, o deputado federal José Carlos Aleluia.
Para Aleluia, Ao longo de quase oito anos à frente do Itamaraty, o PT escolheu o caminho de apoiar governos com os quais se identifica ideologicamente deixando de lado o profissionalismo e a isenção que sempre marcaram a diplomacia brasileira. “O Barão do Rio Branco dizia que “em toda parte lembro-me da Pátria”. A diplomacia petista subverteu esta máxima, trocando-a por ‘em todo lugar me lembro do partido’”, comenta.
Marcos Azambuja
Autor da palestra a ser realizada durante o lançamento do livro “A Política Externa do Brasil – Presente e Futuro”, Marcos Azambuja é diplomata de carreira. Foi chefe da Delegação do Brasil para Assuntos de Desarmamento e Direitos Humanos, em Genebra, de 1989 a 1990; coordenador da Conferência Rio 92; secretário-geral do Itamaraty de 1990 a 1992; embaixador do Brasil na Argentina de 1992 a 1997 e embaixador do Brasil na França de 1997 a 2003.
Azambuja é especialista nos campos do desarmamento, desenvolvimento sustentável, integração regional, direitos humanos, Antártica e política espacial. Atualmente atua como consultor e membro do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
2042) Brasil-China: uma relacao crescente e positiva
A visão oficial sobre as relações é obviamente positiva: esperemos que todos pensem assim. Claro, lutar por uma "nova ordem internacional" é uma missão grandiosa, que vale todos os esforços, sobretudo quando a globalização é assimétrica e disfuncional. Curioso que os chineses não tem reclamado da globalização assimétrica. Acredito, também, que eles estão contribuindo para um pouco mais de assimetria, ao "roubar", literalmente, empregos industriais dos demais países, inclusive do Brasil.
Bem, mas isso é uma tarefa para os Brics resolverem, simetricamente...
Paulo Roberto de Almeida
(Xian, 20.04.2010)
Lula diz que Brasil e China têm que lutar por nova ordem internacional
O Globo, 15/04/2010 às 15h49m
Valor Online
BRASÍLIA - Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da China, Hu Jintao, manifestaram hoje Interesse em estreitar relações comerciais e assinaram acordos em áreas como cultura, agricultura e petróleo, durante reunião realizada em Brasília.
Para Lula, ao receber presidente o chinês, o Brasil está acolhendo"mais do que um grande estadista"."Recebemos um amigo", disse durante declaração conjunta dos dois presidentes.
Ao tratar de política externa, Lula disse que os dois países têm a obrigação de lutar por uma"outra ordem internacional"e que, assim como o Brasil, a China busca nas organizações multilaterais respostas progressistas para a"globalização assimétrica e disfuncional que vive a humanidade".
Lula disse que o Brasil que Hu Jintao encontra hoje é diferente do que visitou em 2004."Como a China, o meu país se reencontrou com sua vocação para o desenvolvimento. Está superando vulnerabilidades econômicas e sociais históricas". O presidente brasileiro afirmou ainda que o Brasil consolidou um mercado interno vigoroso que é motor do crescimento econômico.
O presidente brasileiro ressaltou que o intercâmbio entre os dois países cresceu 780% desde o início de seu governo e que a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil.
Lula, no entanto, afirmou que para que a promessa de comércio Sul-Sul seja uma realidade, o Brasil precisa aumentar o valor agregado de suas vendas. Ele citou o setor aeronáutico como uma área que pode tornar as trocas entre os dois países mais equilibradas.
No discurso, Lula afirmou que são excepcionais as possibilidades de engajamento de empresas chinesas na modernização da infraestrutura brasileira no momento em que o Brasil inicia os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Hu Jintao destacou disse que houve vários pontos de consenso na conversa com o presidente brasileiro e classificou de"frutífera"a relação entre os dois países. O governante chinês falou também em aumentar ainda mais os mecanismos de cooperação e em diversificar o comércio bilateral.
Lula iniciou o discurso manifestando solidariedade ao povo chinês em decorrência do terremoto que já provocou mais de 600 mortes no país. O tremor antecipou para hoje o retorno de Hu Jintao à China e, por isso, a Cúpula do Bric (grupo formado pelo Brasil, pela Rússia, Índia e China), que ocorreria amanhã, foi antecipada para hoje, mesmo dia da reunião do Ibas, que reúne a Índia, o Brasil e a África do Sul.
Brasil e China assinaram hoje um Plano de Ação Conjunta para definir caminhos da parceria estratégica entre os dois países, além de fixar metas concretas para a cooperação bilateral nos próximos cinco anos.
O plano inclui a realização de consultas políticas mais frequentes sobre temas de interesse comum, levando-se em conta os acontecimentos no cenário internacional.
O plano abrange setores como energia e mineração, agricultura, supervisão da qualidade, inspeção e quarentena de produtos comerciais, indústria e tecnologia da informação, cooperação espacial, ciência, tecnologia e inovação, cultura e educação.
Todos os projetos relativos a essas áreas serão coordenados e monitorados, ao longo dos próximos anos, pela Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).
Segundo Lula, o Plano de Ação Conjunta oferece um excelente roteiro para o futuro comum, permitindo uma melhor coordenação da atuação global dos dois países,"em benefício dos objetivos e aspirações de nossos povos".
(Agência Brasil)
Bem, mas isso é uma tarefa para os Brics resolverem, simetricamente...
Paulo Roberto de Almeida
(Xian, 20.04.2010)
Lula diz que Brasil e China têm que lutar por nova ordem internacional
O Globo, 15/04/2010 às 15h49m
Valor Online
BRASÍLIA - Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da China, Hu Jintao, manifestaram hoje Interesse em estreitar relações comerciais e assinaram acordos em áreas como cultura, agricultura e petróleo, durante reunião realizada em Brasília.
Para Lula, ao receber presidente o chinês, o Brasil está acolhendo"mais do que um grande estadista"."Recebemos um amigo", disse durante declaração conjunta dos dois presidentes.
Ao tratar de política externa, Lula disse que os dois países têm a obrigação de lutar por uma"outra ordem internacional"e que, assim como o Brasil, a China busca nas organizações multilaterais respostas progressistas para a"globalização assimétrica e disfuncional que vive a humanidade".
Lula disse que o Brasil que Hu Jintao encontra hoje é diferente do que visitou em 2004."Como a China, o meu país se reencontrou com sua vocação para o desenvolvimento. Está superando vulnerabilidades econômicas e sociais históricas". O presidente brasileiro afirmou ainda que o Brasil consolidou um mercado interno vigoroso que é motor do crescimento econômico.
O presidente brasileiro ressaltou que o intercâmbio entre os dois países cresceu 780% desde o início de seu governo e que a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil.
Lula, no entanto, afirmou que para que a promessa de comércio Sul-Sul seja uma realidade, o Brasil precisa aumentar o valor agregado de suas vendas. Ele citou o setor aeronáutico como uma área que pode tornar as trocas entre os dois países mais equilibradas.
No discurso, Lula afirmou que são excepcionais as possibilidades de engajamento de empresas chinesas na modernização da infraestrutura brasileira no momento em que o Brasil inicia os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Hu Jintao destacou disse que houve vários pontos de consenso na conversa com o presidente brasileiro e classificou de"frutífera"a relação entre os dois países. O governante chinês falou também em aumentar ainda mais os mecanismos de cooperação e em diversificar o comércio bilateral.
Lula iniciou o discurso manifestando solidariedade ao povo chinês em decorrência do terremoto que já provocou mais de 600 mortes no país. O tremor antecipou para hoje o retorno de Hu Jintao à China e, por isso, a Cúpula do Bric (grupo formado pelo Brasil, pela Rússia, Índia e China), que ocorreria amanhã, foi antecipada para hoje, mesmo dia da reunião do Ibas, que reúne a Índia, o Brasil e a África do Sul.
Brasil e China assinaram hoje um Plano de Ação Conjunta para definir caminhos da parceria estratégica entre os dois países, além de fixar metas concretas para a cooperação bilateral nos próximos cinco anos.
O plano inclui a realização de consultas políticas mais frequentes sobre temas de interesse comum, levando-se em conta os acontecimentos no cenário internacional.
O plano abrange setores como energia e mineração, agricultura, supervisão da qualidade, inspeção e quarentena de produtos comerciais, indústria e tecnologia da informação, cooperação espacial, ciência, tecnologia e inovação, cultura e educação.
Todos os projetos relativos a essas áreas serão coordenados e monitorados, ao longo dos próximos anos, pela Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).
Segundo Lula, o Plano de Ação Conjunta oferece um excelente roteiro para o futuro comum, permitindo uma melhor coordenação da atuação global dos dois países,"em benefício dos objetivos e aspirações de nossos povos".
(Agência Brasil)
2041) Brics: o que ficou, afinal, depois da cupula?
A pergunta tem sentido, pois todo exercício dessa dimensão diplomática chama, naturalmente, análises ex post de avaliação e balanço. Ainda não li nenhuma que me trouxesse luzes sobre a contribuição dos quatro para o avanço da agenda internacional em qualquer capítulo que se pense: comecial, financeiro, humanitário, ambiental, segurança etc. etc. etc.
Em todo caso, esperando que venha alguma análise esclarecedora, reproduzo um editorial ex ante, do sempre cáustico Estadão, sobre a reunião, antes que ela produzisse algum resultado tangível, se produziu, além dos comunicados e declarações tradicionais, que são mais bullshit diplomático do que realizações concretas.
Quatro atores sem enredo
Editorial O Estado de S.Paulo
15 de abril de 2010
Falta um bom enredo para os quatro atores que se apresentarão amanhã em Brasília, na reunião de cúpula Bric - Brasil, Rússia, Índia e China. Só o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, parece acreditar numa importante convergência de interesses dos quatro grandes emergentes, a ponto de poderem atuar em conjunto na cena internacional. Mas essa crença não foi confirmada até agora. Na área comercial o fato mais notável, nos últimos tempos, foi a aproximação da China com os países latino-americanos, onde os produtos chineses têm tomado o lugar não só dos norte-americanos, mas também dos manufaturados brasileiros.
A conferência de amanhã será o segundo encontro de chefes de governo dos quatro países. O primeiro ocorreu em junho do ano passado, na Rússia, e nada produziu de notável. "Com a Índia temos pelo menos alguma cooperação na esfera técnico-militar, mas é difícil imaginar o que podemos querer do Brasil", escreveu na ocasião o analista político Mikhail Vinogradov.
Passado um ano, o Bric continua longe de formar um bloco ou uma frente diplomática, apesar da intensificação dos contatos entre representantes governamentais. Em 2009, os ministros de Finanças dos quatro países combinaram contribuir para o reforço financeiro do Fundo Monetário Internacional, juntando-se ao movimento iniciado pelos governos do mundo rico. O ministro brasileiro Guido Mantega funcionou como porta-voz do grupo, trombeteando condições para o empréstimo. Nenhum outro ministro apareceu em público para repetir as bravatas do colega brasileiro.
A pauta definida para Brasília inclui os itens mais previsíveis: o quadro econômico mundial, a regulação do sistema financeiro, a reforma do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial e, provavelmente, a polêmica sobre o programa nuclear do Irã.
China, Rússia e Índia têm muito mais peso que o Brasil nas questões de segurança global. As duas primeiras têm arsenais nucleares e são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. A terceira também tem armas atômicas e um papel importante no jogo estratégico regional. O Brasil não tem nenhum desses atributos, mas seu governo é o mais barulhento no debate sobre o programa nuclear do Irã. Se Brasília tem interesse estratégico nesse caso, certamente não coincide com os objetivos dos outros três.
Rússia, Índia e China têm ambições bem definidas de ocupar espaços crescentes na economia e na política internacionais. Essas ambições são projetos nacionais e não se subordinam a nenhuma fantasia terceiro-mundista. Nenhum de seus governantes atribui prioridade a relações comerciais do tipo Sul-Sul nem se dispõe a participar de movimentos para reformar a ordem global. Podem até usar essa linguagem, de acordo com a ocasião, mas cada qual age de fato em vista de objetivos nacionais. Nenhum deles tomou a iniciativa de converter em bloco a sigla Bric, inventada em 2001 por um economista do banco de investimentos Goldman Sachs.
O projeto chinês inclui a conquista de mercados na África e na América Latina. Inclui também a realização de acordos e de investimentos para garantir o suprimento de matérias-primas e bens intermediários produzidos nessas áreas. Isso não tem a mínima correspondência com qualquer aliança estratégica imaginada e alardeada pelo governo brasileiro. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), até 2014 a China tomará da União Europeia o posto de segundo mercado de destino das exportações latino-americanas, ficando pouco abaixo dos Estados Unidos. Mas será também a segunda maior fonte de produtos importados pela região. Nos dois casos, tomará espaço dos Estados Unidos, mas também deslocará o Brasil.
Esse deslocamento já ocorre até no interior do Mercosul onde produtores chineses tomaram espaço de brasileiros, competindo, em muitos casos, de forma bem pouco transparente. O governo brasileiro teria, se quisesse, motivos excelentes para rediscutir a relação com a China. E por que não com a Rússia, onde as carnes brasileiras têm sido discriminadas em favor das europeias e americanas? Mas para isso não seria preciso fantasiar sobre o Bric nem promover tertúlias de cúpula quase sem agenda.
Em todo caso, esperando que venha alguma análise esclarecedora, reproduzo um editorial ex ante, do sempre cáustico Estadão, sobre a reunião, antes que ela produzisse algum resultado tangível, se produziu, além dos comunicados e declarações tradicionais, que são mais bullshit diplomático do que realizações concretas.
Quatro atores sem enredo
Editorial O Estado de S.Paulo
15 de abril de 2010
Falta um bom enredo para os quatro atores que se apresentarão amanhã em Brasília, na reunião de cúpula Bric - Brasil, Rússia, Índia e China. Só o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, parece acreditar numa importante convergência de interesses dos quatro grandes emergentes, a ponto de poderem atuar em conjunto na cena internacional. Mas essa crença não foi confirmada até agora. Na área comercial o fato mais notável, nos últimos tempos, foi a aproximação da China com os países latino-americanos, onde os produtos chineses têm tomado o lugar não só dos norte-americanos, mas também dos manufaturados brasileiros.
A conferência de amanhã será o segundo encontro de chefes de governo dos quatro países. O primeiro ocorreu em junho do ano passado, na Rússia, e nada produziu de notável. "Com a Índia temos pelo menos alguma cooperação na esfera técnico-militar, mas é difícil imaginar o que podemos querer do Brasil", escreveu na ocasião o analista político Mikhail Vinogradov.
Passado um ano, o Bric continua longe de formar um bloco ou uma frente diplomática, apesar da intensificação dos contatos entre representantes governamentais. Em 2009, os ministros de Finanças dos quatro países combinaram contribuir para o reforço financeiro do Fundo Monetário Internacional, juntando-se ao movimento iniciado pelos governos do mundo rico. O ministro brasileiro Guido Mantega funcionou como porta-voz do grupo, trombeteando condições para o empréstimo. Nenhum outro ministro apareceu em público para repetir as bravatas do colega brasileiro.
A pauta definida para Brasília inclui os itens mais previsíveis: o quadro econômico mundial, a regulação do sistema financeiro, a reforma do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial e, provavelmente, a polêmica sobre o programa nuclear do Irã.
China, Rússia e Índia têm muito mais peso que o Brasil nas questões de segurança global. As duas primeiras têm arsenais nucleares e são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. A terceira também tem armas atômicas e um papel importante no jogo estratégico regional. O Brasil não tem nenhum desses atributos, mas seu governo é o mais barulhento no debate sobre o programa nuclear do Irã. Se Brasília tem interesse estratégico nesse caso, certamente não coincide com os objetivos dos outros três.
Rússia, Índia e China têm ambições bem definidas de ocupar espaços crescentes na economia e na política internacionais. Essas ambições são projetos nacionais e não se subordinam a nenhuma fantasia terceiro-mundista. Nenhum de seus governantes atribui prioridade a relações comerciais do tipo Sul-Sul nem se dispõe a participar de movimentos para reformar a ordem global. Podem até usar essa linguagem, de acordo com a ocasião, mas cada qual age de fato em vista de objetivos nacionais. Nenhum deles tomou a iniciativa de converter em bloco a sigla Bric, inventada em 2001 por um economista do banco de investimentos Goldman Sachs.
O projeto chinês inclui a conquista de mercados na África e na América Latina. Inclui também a realização de acordos e de investimentos para garantir o suprimento de matérias-primas e bens intermediários produzidos nessas áreas. Isso não tem a mínima correspondência com qualquer aliança estratégica imaginada e alardeada pelo governo brasileiro. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), até 2014 a China tomará da União Europeia o posto de segundo mercado de destino das exportações latino-americanas, ficando pouco abaixo dos Estados Unidos. Mas será também a segunda maior fonte de produtos importados pela região. Nos dois casos, tomará espaço dos Estados Unidos, mas também deslocará o Brasil.
Esse deslocamento já ocorre até no interior do Mercosul onde produtores chineses tomaram espaço de brasileiros, competindo, em muitos casos, de forma bem pouco transparente. O governo brasileiro teria, se quisesse, motivos excelentes para rediscutir a relação com a China. E por que não com a Rússia, onde as carnes brasileiras têm sido discriminadas em favor das europeias e americanas? Mas para isso não seria preciso fantasiar sobre o Bric nem promover tertúlias de cúpula quase sem agenda.
2040) Diplomacia topa tudo - Carlos Alberto Sardenberg
Pessoalmente, não acho que a diplomacia brasileira tope tudo. Ela não topa intromissões do Império na América do Sul, por exemplo. Ela não topa o embargo imperialista contra a gloriosa ilha de Cuba, por exemplo. Ela não topa todos esses colonialistas pretenderem dar lições de moral a seus amigos, como o Chávez, por exemplo, ou talvez o Ahmadinejad. Ela não topa o FMI posar de controlador de políticas econômicas de países periféricos. Ela não topou, ainda como exemplo, o projeto imperialista de anexar a América Latina, sob disfarce de uma zona de livre comércio, que na verdade era para nos submeter econômica e politicamente. Ela não topa um Conselho de Segurança oligárquico, com apenas cinco membros permanentes: ela quer estender a oligarquia para pelo menos onze membros, talvez mais.
Ela não topa muitas coisas, que nem é preciso mencionar aqui.
Mas, ela também topa outras, como por exemplo financiar os amigos na região, e consentir na ruptura ou mudança de acordos, em detrimento de nossos interesses.
Ela topa muitas outras coisas mais, mas nem é preciso mencionar.
Paulo Roberto de Almeida (Xian, 20.04.2010)
A diplomacia topa tudo
Carlos Alberto Sardenberg
O Estado de S.Paulo, 19 de abril de 2010
Está certo que a diplomacia requer gestos de aproximação aos países com cujos governos se negocia. Mas o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, precisava aparecer sorridente diante dos fotógrafos entregando uma camisa da seleção brasileira para o também sorridente presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad?
Dirão: ora, foi uma simples gentileza, que não melhora nem piora a complexa questão de como lidar com o Irã.
Vá lá, aceitemos provisoriamente a desculpa.
Agora, se não estivesse escrito em documento oficial, pareceria uma gozação dizer que os governos brasileiro e chinês farão "um intercâmbio de experiências e de melhores práticas" na área de... direitos humanos!
Pois é, está cravado no documento que lança o Plano de Ação Conjunta Brasil-China. Portanto, cabe especular sobre quais práticas poderão ser trocadas.
Os chineses poderão nos ensinar técnicas de execução de condenados, pois são bons nisso. É o país em que mais se aplica a pena capital.
Também poderemos aprender com eles como calar a oposição política, como prender dissidentes e processá-los por crimes comuns.
O governo chinês detém ainda uma tecnologia que muita gente por aqui pode vir a gostar: como controlar e censurar a internet. Com inovadoras ferramentas, as autoridades chinesas conseguem bloquear todas as informações que consideram ser inconvenientes.
O presidente Lula vive reclamando que a imprensa não cobre corretamente os bons feitos do governo. Pois seu colega Hu Jintao não tem do que se queixar: a imprensa de lá só publica o que o chefe quer ler. O governo decide o que o público deve saber, assim como define o que sejam direitos humanos.
E que experiências o Brasil poderia enviar à China? Nosso sistema prisional, por exemplo, que solta rapidinho os condenados. Ou que tal um Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) que, aplicado lá, tornaria obrigatória a abertura dos arquivos da Revolução Cultural da era Mao Tsé-tung, apontando-se os responsáveis por milhões de assassinatos, torturas e violações generalizadas?
Não se trata de brincar com coisa séria. Se é, então a brincadeira é anterior, de quem colocou em um documento oficial que o Brasil e a China trocarão experiências na área de direitos humanos.
Alguns dizem que é tudo por negócios. No mundo democrático, ninguém desconhece como age o governo chinês e todo mundo faz negócios com eles. Também muitos países ocidentais e/ou democráticos fazem negócios com o Irã.
Verdade, mas isso apenas prova que é possível fazer negócios sem gestos que denotem tolerância ou mesmo simpatia a posições indefensáveis.
Tome-se o Irã. Entre os principais países que exportam para lá estão Alemanha, Itália e França. Os três endossam e participam do processo de definição de sanções ao Irã, os três são críticos severos do programa nuclear e das declarações do presidente Ahmadinejad.
Se o Brasil tiver produtos e serviços importantes para o Irã, não precisa entregar camisas da seleção para vendê-los.
Do mesmo modo, o comércio com a China cresceu muito nos últimos anos, não por causa da diplomacia Sul-Sul, muito menos por causa da aceitação dos direitos humanos à chinesa.
Aconteceu, simplesmente, que os chineses precisam muitíssimo de minério de ferro, soja e petróleo, produtos disponíveis no Brasil. São esses três itens que compõem a maior parte das exportações brasileiras - e que continuariam compondo a maior parte das exportações mesmo se o presidente Lula fizesse uma homenagem especial ao dalai-lama.
Há sete anos, quando o presidente Hu Jintao esteve no Brasil pela primeira vez, prometeu bilhões de dólares em investimentos diretos em troca de o governo brasileiro declarar a China como "economia de mercado", condição importante para sua posição na Organização Mundial do Comércio (OMC).
As empresas chinesas não investiram e o governo brasileiro não concretizou a declaração. E as nossas exportações cresceram mesmo assim.
Os investimentos estão começando a chegar, mas são menores e vão especialmente para áreas que interessam diretamente aos negócios chineses. Eles estão entrando em minas de ferro, usinas de aço e portos que exportam para a China.
Já o agronegócio brasileiro tem muita vontade e condição de exportar carnes para lá, mas esbarra nas regras sanitárias aplicadas seletivamente pelo governo chinês. Há negociações, houve uma liberação parcial para exportação de frangos, mas vai tudo muito lentamente.
Os chineses não têm pressa, pois seu mercado é bem abastecido por carnes americanas, por exemplo. (E, por falar nisso, a Rússia, nossa colega de Bric, também dá mais espaço às carnes dos Estados Unidos.)
E se aqueles gestos da diplomacia brasileira não têm eficácia econômica, qual seu objetivo? O comando da política externa parece entender que consegue a liderança sendo tolerante e passivo diante das posições e atitudes dos outros.
O presidente Lula está seguro que deu certo, que ele é um grande líder mundial e que as exportações do Brasil cresceram por causa disso.
Porém o Brasil, economicamente estável, é um baita país, qualquer que seja o presidente ou a presidenta; todos os emergentes importantes aumentaram suas exportações e nem todos têm Lula.
JORNALISTA.
E-MAIL: SARDENBERG@CBN.COM.BR CARLOS.SARDENBERG@TVGLOBO.COM.BR
Ela não topa muitas coisas, que nem é preciso mencionar aqui.
Mas, ela também topa outras, como por exemplo financiar os amigos na região, e consentir na ruptura ou mudança de acordos, em detrimento de nossos interesses.
Ela topa muitas outras coisas mais, mas nem é preciso mencionar.
Paulo Roberto de Almeida (Xian, 20.04.2010)
A diplomacia topa tudo
Carlos Alberto Sardenberg
O Estado de S.Paulo, 19 de abril de 2010
Está certo que a diplomacia requer gestos de aproximação aos países com cujos governos se negocia. Mas o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, precisava aparecer sorridente diante dos fotógrafos entregando uma camisa da seleção brasileira para o também sorridente presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad?
Dirão: ora, foi uma simples gentileza, que não melhora nem piora a complexa questão de como lidar com o Irã.
Vá lá, aceitemos provisoriamente a desculpa.
Agora, se não estivesse escrito em documento oficial, pareceria uma gozação dizer que os governos brasileiro e chinês farão "um intercâmbio de experiências e de melhores práticas" na área de... direitos humanos!
Pois é, está cravado no documento que lança o Plano de Ação Conjunta Brasil-China. Portanto, cabe especular sobre quais práticas poderão ser trocadas.
Os chineses poderão nos ensinar técnicas de execução de condenados, pois são bons nisso. É o país em que mais se aplica a pena capital.
Também poderemos aprender com eles como calar a oposição política, como prender dissidentes e processá-los por crimes comuns.
O governo chinês detém ainda uma tecnologia que muita gente por aqui pode vir a gostar: como controlar e censurar a internet. Com inovadoras ferramentas, as autoridades chinesas conseguem bloquear todas as informações que consideram ser inconvenientes.
O presidente Lula vive reclamando que a imprensa não cobre corretamente os bons feitos do governo. Pois seu colega Hu Jintao não tem do que se queixar: a imprensa de lá só publica o que o chefe quer ler. O governo decide o que o público deve saber, assim como define o que sejam direitos humanos.
E que experiências o Brasil poderia enviar à China? Nosso sistema prisional, por exemplo, que solta rapidinho os condenados. Ou que tal um Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) que, aplicado lá, tornaria obrigatória a abertura dos arquivos da Revolução Cultural da era Mao Tsé-tung, apontando-se os responsáveis por milhões de assassinatos, torturas e violações generalizadas?
Não se trata de brincar com coisa séria. Se é, então a brincadeira é anterior, de quem colocou em um documento oficial que o Brasil e a China trocarão experiências na área de direitos humanos.
Alguns dizem que é tudo por negócios. No mundo democrático, ninguém desconhece como age o governo chinês e todo mundo faz negócios com eles. Também muitos países ocidentais e/ou democráticos fazem negócios com o Irã.
Verdade, mas isso apenas prova que é possível fazer negócios sem gestos que denotem tolerância ou mesmo simpatia a posições indefensáveis.
Tome-se o Irã. Entre os principais países que exportam para lá estão Alemanha, Itália e França. Os três endossam e participam do processo de definição de sanções ao Irã, os três são críticos severos do programa nuclear e das declarações do presidente Ahmadinejad.
Se o Brasil tiver produtos e serviços importantes para o Irã, não precisa entregar camisas da seleção para vendê-los.
Do mesmo modo, o comércio com a China cresceu muito nos últimos anos, não por causa da diplomacia Sul-Sul, muito menos por causa da aceitação dos direitos humanos à chinesa.
Aconteceu, simplesmente, que os chineses precisam muitíssimo de minério de ferro, soja e petróleo, produtos disponíveis no Brasil. São esses três itens que compõem a maior parte das exportações brasileiras - e que continuariam compondo a maior parte das exportações mesmo se o presidente Lula fizesse uma homenagem especial ao dalai-lama.
Há sete anos, quando o presidente Hu Jintao esteve no Brasil pela primeira vez, prometeu bilhões de dólares em investimentos diretos em troca de o governo brasileiro declarar a China como "economia de mercado", condição importante para sua posição na Organização Mundial do Comércio (OMC).
As empresas chinesas não investiram e o governo brasileiro não concretizou a declaração. E as nossas exportações cresceram mesmo assim.
Os investimentos estão começando a chegar, mas são menores e vão especialmente para áreas que interessam diretamente aos negócios chineses. Eles estão entrando em minas de ferro, usinas de aço e portos que exportam para a China.
Já o agronegócio brasileiro tem muita vontade e condição de exportar carnes para lá, mas esbarra nas regras sanitárias aplicadas seletivamente pelo governo chinês. Há negociações, houve uma liberação parcial para exportação de frangos, mas vai tudo muito lentamente.
Os chineses não têm pressa, pois seu mercado é bem abastecido por carnes americanas, por exemplo. (E, por falar nisso, a Rússia, nossa colega de Bric, também dá mais espaço às carnes dos Estados Unidos.)
E se aqueles gestos da diplomacia brasileira não têm eficácia econômica, qual seu objetivo? O comando da política externa parece entender que consegue a liderança sendo tolerante e passivo diante das posições e atitudes dos outros.
O presidente Lula está seguro que deu certo, que ele é um grande líder mundial e que as exportações do Brasil cresceram por causa disso.
Porém o Brasil, economicamente estável, é um baita país, qualquer que seja o presidente ou a presidenta; todos os emergentes importantes aumentaram suas exportações e nem todos têm Lula.
JORNALISTA.
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