Um blog não é exatamente uma revista de divulgação científica. Ele é um instrumento de divulgação e debate de ideias, eventualmente de informações também.
Boa parte dos blogs são anônimos, o que para mim denota um sério desvio de personalidade.
Em todo caso, este blog debate ideias, e acredito que o faz de modo honesto, expondo primeiro as posições de quem quer que seja e depois emitindo uma opinião, geralmente fundamentada, por vezes, reconheço, em linguagem contundente, pois sua função é exatamente esta: chamar a atenção para certas ideias, boas ou más, e acredito que ele consegue, tanto é verdade que recebo muitos comentários, nem todos publicáveis.
Também publico informações, simples matérias de imprensa, geralmente precedidas de poucos comentários pessoais meus, emitindo minha opinião sobre o assunto.
Surpreende-me, portanto, que a MAIOR PARTE dos comentários se dirija não às ideias expressas, mas à forma usada nessa expressão, quando não à personalidade ou à situação do emitente, no caso eu mesmo.
Creio que as pessoas tem alguma obsessão com a personalidade do emitente, e se esquecem, ou não conseguem, debater as ideias em si.
Considero que esse tipo de atitude é também, de certa forma, um desvio de personalidade. As pessoas se revelam incapazes de se concentrar no objeto central, e se contentam em focar no periférico.
Seria como se, num concurso de tiro, as pessoas se esforçassem para escapar do alvo, atirando a esmo, apenas para justificar uma eventual incapacidade de acertar no centro do alvo.
Surpreende-me também que as pessoas pretendam vincular este meu blog, expressão de uma personalidade livre, absolutamente independente, a uma qualquer condição pessoal ou profissional, o que revela uma incapacidade de separar ideias de situações de vida. Alguns sociólogos, ou psicólogos, chamariam isso de "personalidade autoritária", ou seja, achar que um cidadão qualquer não tem direito a ter ideias proprias, independente de sua condição social ou profissional. Ser livre, justamente, é poder emitir uma opinião, sem estar cingido por qualquer autoridade que seja. Que os outros se sintam obrigados a defender ideias de outros, de seu patrão, eventualmente, isso é problema deles, uma servidão voluntária que eu não considero aceitável num mundo de liberdade. Não costumo ser escravo de ninguém, vivo ou morto, autoridade ou não. Ponto.
A despeito de uma forma por vezes contudente, meu blog está destinado, como expresso no banner de entrada, a discutir IDEIAS.
Minha seção de comentários também traz a mesma advertência: focar no tema do post, apenas isso. Acho que não é pedir muito.
Acho que as pessoas esquecem, ou não conseguem...
Não adianta atirar no mensageiro, pois a mensagem está lá, e continua lá.
Apreciaria que as pessoas retivessem estas pequenas recomendações...
Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
domingo, 1 de agosto de 2010
Diplomacia da demagogia: revisando posicoes em funcao do publico...
O demagogo é aquele que pretende estar sempre junto do povo, ou da opinião pública (numa versão mais seletiva). Ele não hesita em renegar a si próprio, em mudar de posição, se isso lhe favorece politicamente.
Demagogia existe em todas as esferas, interna e externa.
Eu, por exemplo, teria ojeriza a expressar "carinho" por outro demagogo (entre outras qualidades).
Acho que é isso...
Paulo Roberto de Almeida
Lula oferece abrigo a iraniana que pode ser apedrejada
Agência Estado, 31/07/2010
Mulher de 43 anos está presa acusada de um suposto adultério. Em evento ao lado de
Dilma Rousseff, Lula aproveitou para atacar seus adversários políticos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu neste sábado (31), durante comício em prol da candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, em Curitiba, abrigo político para a iraniana Mohammedi Ashitiani, de 43 anos, condenada à morte por apedrejamento em razão de suposto adultério.
"Eu tenho que respeitar a lei de um país, mas se vale minha amizade e o carinho que tenho pelo presidente do Irã (Mahmoud Ahmadinejad) e pelo povo iraniano, se esta mulher está causando incômodo, nós a receberíamos no Brasil", afirmou.
O presidente tocou no assunto quase ao final do discurso, após criticar os Estados Unidos por repudiar sua tentativa de negociar a paz no Oriente Médio. "Parece que tem mais gente trabalhando contra a paz do que trabalhando pela paz", destacou.
"Já que minha candidata é uma mulher, eu queria fazer um apelo a meu amigo Ahmadinejad, ao líder supremo do Irã e ao governo do Irã." Logo depois, explicou a centenas de pessoas que se postaram na Boca Maldita, no centro de Curitiba, para ouvi-lo, que no Irã o adultério é punido com a morte por apedrejamento. Ele reconheceu que estava em
situação difícil porque se tratava de falar da soberania de um país.
Quarta-feira passada, Lula havia dito que não tomaria nenhuma atitude em relação à decisão do Irã, justificando que as leis de cada país precisam ser respeitada sob risco de virar "avacalhação". "Acho que é coisa muito grave o que está acontecendo", disse. "Nada justifica o Estado tirar a vida de alguém, só Deus dá a vida e só Ele é que
deveria tirar a vida."
Lula disse que já tinha feito outros apelos a favor de brasileiros condenados à morte, em favor de uma francesa também no Irã e em favor de americanos. "Mas os americanos também tem que liberar companheiros do Irã", ponderou. Em entrevista, mais tarde, Dilma elogiou o presidente por sua "sensibilidade".
Demagogia existe em todas as esferas, interna e externa.
Eu, por exemplo, teria ojeriza a expressar "carinho" por outro demagogo (entre outras qualidades).
Acho que é isso...
Paulo Roberto de Almeida
Lula oferece abrigo a iraniana que pode ser apedrejada
Agência Estado, 31/07/2010
Mulher de 43 anos está presa acusada de um suposto adultério. Em evento ao lado de
Dilma Rousseff, Lula aproveitou para atacar seus adversários políticos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu neste sábado (31), durante comício em prol da candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, em Curitiba, abrigo político para a iraniana Mohammedi Ashitiani, de 43 anos, condenada à morte por apedrejamento em razão de suposto adultério.
"Eu tenho que respeitar a lei de um país, mas se vale minha amizade e o carinho que tenho pelo presidente do Irã (Mahmoud Ahmadinejad) e pelo povo iraniano, se esta mulher está causando incômodo, nós a receberíamos no Brasil", afirmou.
O presidente tocou no assunto quase ao final do discurso, após criticar os Estados Unidos por repudiar sua tentativa de negociar a paz no Oriente Médio. "Parece que tem mais gente trabalhando contra a paz do que trabalhando pela paz", destacou.
"Já que minha candidata é uma mulher, eu queria fazer um apelo a meu amigo Ahmadinejad, ao líder supremo do Irã e ao governo do Irã." Logo depois, explicou a centenas de pessoas que se postaram na Boca Maldita, no centro de Curitiba, para ouvi-lo, que no Irã o adultério é punido com a morte por apedrejamento. Ele reconheceu que estava em
situação difícil porque se tratava de falar da soberania de um país.
Quarta-feira passada, Lula havia dito que não tomaria nenhuma atitude em relação à decisão do Irã, justificando que as leis de cada país precisam ser respeitada sob risco de virar "avacalhação". "Acho que é coisa muito grave o que está acontecendo", disse. "Nada justifica o Estado tirar a vida de alguém, só Deus dá a vida e só Ele é que
deveria tirar a vida."
Lula disse que já tinha feito outros apelos a favor de brasileiros condenados à morte, em favor de uma francesa também no Irã e em favor de americanos. "Mas os americanos também tem que liberar companheiros do Irã", ponderou. Em entrevista, mais tarde, Dilma elogiou o presidente por sua "sensibilidade".
Sobre propostas idiotas e comentários perifericos: à falta de argumentos, atire no mensageiro...
Certos posts meus, pelo chocante dos temas ou pelo inusitado da minha linguagem, contundente ao ponto de parecer grosseira, chamam mais a atenção do que outros posts, o que é normal.
O que eu não acho normal é o fato de que as pessoas tenham de se esconder no anonimato para poder comentar sobre esses posts, como se elas tivessem medo de que eu vá agredi-las fisicamente, ou quem sabe fuzilá-las com alguma arma virtual.
Um espaço público como este chama naturalmente a controvérsias, e é natural que assim seja. Tanto não temo críticas a respeito de minhas posições que, nos casos mais relevantes, eu as retiro de sua semi-obscuridade em que elas repousariam, enquanto notas de rodapé que efetivamente são, para lhes trazer à luz de um novo post, ainda que seus autores se resguardem sob um confortável anonimato, que em outras circunstâncias poderia ser classificado como covardia, ou incapacidade de se expor para defender ideias proprias.
Digo isto a proposito do mesmo assunto, abordado em dois posts meus (ambos de sexta-feira, 30 de julho de 2010), como referido a seguir:
Como ser um(a) debiloide pos-doutoral, sem sequer perceber isso...
e
Novas consideracoes sobre a ignorancia letrada (a propósito de algumas ideias idiotas)
Pois bem, uma Anônima indignada escreveu o que segue:
Anônimo disse...
Prezado Paulo Roberto de Almeida, suas ponderações são pertinentes e até certo ponto inteligíveis, mas o seu grande problema é a falta de ética e o demérito ao trabalho da tal pós-doutora.
Ou talvez seja até uma certa inveja dela estar na ONU e você não.
Criticar é uma coisa ! Falta de ética é outra. Insultar e injuriar uma profissional como fez neste post não leva à acadêmia a pensar melhor, mas tão somente a uma produção intelecto-educacional nefanda para muitos jovens que aqui frequentam e que não precisam deste tipo de discurso.
Mas como o senhor já está em fim de carreira e frustrado por não pertencer a ONU, levaremos seu discurso como a materialização de uma pessoa idosa que já não sabe mais o que diz e que talvez já esteja até caducando.
Além disso, insisto estude DIREITO direito, para entender o âmago do conceito utilizado pela pós doutora, para após sim, crítica-la com embasamento científico e não COM ACHISMOS....
Muito triste de ver um profissional de sua estirpe acabar deste jeito...
OBS: Antes que inicie sua metralhadora cheia de mágoas, eu não me identifiquei para não ter que ser insultada como o faz quando tem suas idéias contrariadas, pois apesar de dizer que este blog é democrático, talvez esta seja a sua maior FALÁCIA...apenas por isso.
Retomo (PRA):
A Anônima em questão não parece ter lido a matéria com atenção, pois seu comentário permanece completamente alheio ao tema em debate.
Incapaz de rebater argumentos substantivos com outros argumentos substantivos, ela perpetra o mais comum dos atos típicos dos que se sentem carentes disso mesmo: atirar sobre o mensageiro, em lugar de discutir suas ideias.
A despeito de eu ter chamado a pós-doutora em questão de idiota, eu me dirigi sobretudo a seus argumentos em favor de um direito à "não-pobreza", como sendo especialmente nefasto ao futuro comum da humanidade.
A Anônima em questão não consegue discutir esse problema e se vinga ao acusar-me de falta de ética (!!!???). Como?, se eu fui aberto e totalmente transparente ao classificar as ideias de sua autora,e a própria, de idiotas?
Isso é sinceridade, e pode até ser chamado de agressividade, mas ética é outra coisa: seria falta de, se eu, por exemplo, atacasse essa autora de maneira anônima, como faz essa comentarista que não parece ter lido os materiais com atenção.
Nem a pós-doutora em questão está na ONU, como ela considera equivocadamente, nem eu jamais cogitei trabalhar num dinossauro perdulário, repleto de ideias malucas como essas expostas no post.
Só posso recomendar a Anônima em questão que leia com atenção os posts, para não sair por aí atirando no que pensa que viu e que não existe.
Também recomendo que estude um pouco de economia, para não incorrer nas mesmas bobagens que a "onusiana" que ela vislumbrou equivocadamente.
Bons argumentos independem de idade, posição social, condição profissional, status acadêmico.
Dependem apenas de raciocínio lógico, fundamentação empírica e honestidade intelectual.
Eu tenho por hábito expor claramente o que penso. E assinar embaixo. Assumo responsabilidade pelo que digo, pelo que escrevo e pelo que publico. E me submeto ao escrutínio público, sem qualquer outro instrumento de defesa do que a escrita.
Pena que nem todos possam ou pretendam fazer o mesmo, assinando embaixo do que escrevem.
Mas cada um é ético à sua maneira...
Paulo Roberto de Almeida
(1.08.2010)
O que eu não acho normal é o fato de que as pessoas tenham de se esconder no anonimato para poder comentar sobre esses posts, como se elas tivessem medo de que eu vá agredi-las fisicamente, ou quem sabe fuzilá-las com alguma arma virtual.
Um espaço público como este chama naturalmente a controvérsias, e é natural que assim seja. Tanto não temo críticas a respeito de minhas posições que, nos casos mais relevantes, eu as retiro de sua semi-obscuridade em que elas repousariam, enquanto notas de rodapé que efetivamente são, para lhes trazer à luz de um novo post, ainda que seus autores se resguardem sob um confortável anonimato, que em outras circunstâncias poderia ser classificado como covardia, ou incapacidade de se expor para defender ideias proprias.
Digo isto a proposito do mesmo assunto, abordado em dois posts meus (ambos de sexta-feira, 30 de julho de 2010), como referido a seguir:
Como ser um(a) debiloide pos-doutoral, sem sequer perceber isso...
e
Novas consideracoes sobre a ignorancia letrada (a propósito de algumas ideias idiotas)
Pois bem, uma Anônima indignada escreveu o que segue:
Anônimo disse...
Prezado Paulo Roberto de Almeida, suas ponderações são pertinentes e até certo ponto inteligíveis, mas o seu grande problema é a falta de ética e o demérito ao trabalho da tal pós-doutora.
Ou talvez seja até uma certa inveja dela estar na ONU e você não.
Criticar é uma coisa ! Falta de ética é outra. Insultar e injuriar uma profissional como fez neste post não leva à acadêmia a pensar melhor, mas tão somente a uma produção intelecto-educacional nefanda para muitos jovens que aqui frequentam e que não precisam deste tipo de discurso.
Mas como o senhor já está em fim de carreira e frustrado por não pertencer a ONU, levaremos seu discurso como a materialização de uma pessoa idosa que já não sabe mais o que diz e que talvez já esteja até caducando.
Além disso, insisto estude DIREITO direito, para entender o âmago do conceito utilizado pela pós doutora, para após sim, crítica-la com embasamento científico e não COM ACHISMOS....
Muito triste de ver um profissional de sua estirpe acabar deste jeito...
OBS: Antes que inicie sua metralhadora cheia de mágoas, eu não me identifiquei para não ter que ser insultada como o faz quando tem suas idéias contrariadas, pois apesar de dizer que este blog é democrático, talvez esta seja a sua maior FALÁCIA...apenas por isso.
Retomo (PRA):
A Anônima em questão não parece ter lido a matéria com atenção, pois seu comentário permanece completamente alheio ao tema em debate.
Incapaz de rebater argumentos substantivos com outros argumentos substantivos, ela perpetra o mais comum dos atos típicos dos que se sentem carentes disso mesmo: atirar sobre o mensageiro, em lugar de discutir suas ideias.
A despeito de eu ter chamado a pós-doutora em questão de idiota, eu me dirigi sobretudo a seus argumentos em favor de um direito à "não-pobreza", como sendo especialmente nefasto ao futuro comum da humanidade.
A Anônima em questão não consegue discutir esse problema e se vinga ao acusar-me de falta de ética (!!!???). Como?, se eu fui aberto e totalmente transparente ao classificar as ideias de sua autora,e a própria, de idiotas?
Isso é sinceridade, e pode até ser chamado de agressividade, mas ética é outra coisa: seria falta de, se eu, por exemplo, atacasse essa autora de maneira anônima, como faz essa comentarista que não parece ter lido os materiais com atenção.
Nem a pós-doutora em questão está na ONU, como ela considera equivocadamente, nem eu jamais cogitei trabalhar num dinossauro perdulário, repleto de ideias malucas como essas expostas no post.
Só posso recomendar a Anônima em questão que leia com atenção os posts, para não sair por aí atirando no que pensa que viu e que não existe.
Também recomendo que estude um pouco de economia, para não incorrer nas mesmas bobagens que a "onusiana" que ela vislumbrou equivocadamente.
Bons argumentos independem de idade, posição social, condição profissional, status acadêmico.
Dependem apenas de raciocínio lógico, fundamentação empírica e honestidade intelectual.
Eu tenho por hábito expor claramente o que penso. E assinar embaixo. Assumo responsabilidade pelo que digo, pelo que escrevo e pelo que publico. E me submeto ao escrutínio público, sem qualquer outro instrumento de defesa do que a escrita.
Pena que nem todos possam ou pretendam fazer o mesmo, assinando embaixo do que escrevem.
Mas cada um é ético à sua maneira...
Paulo Roberto de Almeida
(1.08.2010)
Cotas: polarizacao em torno do racismo oficial
O debate, já por si acrimonioso, promete continuar dividindo o país, criando aliás duas nações opostas: os defensores de cotas e seus opositores.
Triste destino para um país que se pretendia misturado, o fato de ter agora de dividir artificialmente sua população em "negros" e todo o resto, ou seja, os "não-negros", sendo que os primeiros, supostamente, totalizam mais da metade da população do país (isto segundo os dados da PNAD, já que 53% da população se auto-declararou "afro-descendente", pessoas que, obviamente, estão de olho nas cotas e outras facilidades oficiais, mesmo sem que anteriormente elas se considerassem negras ou afro-descendentes a qualquer título; agora elas o são, por oportunismo).
Caminhamos para o Apartheid, o que estimulará ainda mais o racismo, ainda que invertido.
Paulo Roberto de Almeida
Cotas: polarização continua
Marcelo Medeiros
Jornal da Ciência, 30.07.2010
O sistema de cotas deve ou não ser adotado nas universidades públicas do país? E por quê? As perguntas deram a tônica da sessão "Ciência em Ebulição" desta quinta-feira, penúltimo dia da 62ª Reunião Anual da SBPC
A favor da reserva de vagas estava o antropólogo José Jorge de Carvalho, da Universidade de Brasília (UnB), idealizador do sistema daquela instituição. De outro, Daltro José Nunes, do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Enquanto o professor da universidade gaúcha embasava-se em afirmações de igualdade de competição entre indivíduos, apontando ser injusto oferecer condições favoráveis a uns e não a outros em um concurso público, Carvalho apontava a necessidade de reparação da opressão histórica à qual os negros brasileiros foram submetidos.
Para Nunes, o problema da desigualdade no acesso às universidades públicas é estrutural e não racial. Segundo ele, a diferença na qualidade da educação nas escolas públicas e privadas afeta a entrada no ensino superior. Caso ignorada, esta diferença poderia representar ameaças à excelência das universidades públicas. "Com as cotas, as universidades tendem, em média, a perder qualidade, pois alunos menos preparados tiram lugar de mais preparados", afirmou.
Logo, segundo ele, a questão deve ser debatida como provocador de política pública de melhoria da educação como um todo. "As cotas atacam o efeito [dessa falta de política] e não a causa. Os governos são os verdadeiros culpados, mas as universidades repassam a culpa para os indivíduos", argumentou.
Para o professor de informática, a função da universidade não deve ser reparar injustiças, mas formar bons profissionais, independente de classe social ou cor. "Não me interessa se meu médico é negro, branco ou índio, desde que ele seja bom", provocou.
Nunes não se furtou a apresentar uma solução para resolver o problema da entrada na universidade enquanto o acesso se torna universal. Para ele, o vestibular deveria dar lugar a um sistema de seleção baseado não no conhecimento de disciplinas básicas, mas na capacidade cognitiva do estudante. "Avaliaríamos o raciocínio para ver o quanto ele é capaz de apreender novos conteúdos e superar deficiências", explicou.
Carvalho, por sua vez, lembrou da importância da discussão do sistema de cotas para levantar a questão do acesso à universidade. "Os primeiros debates aconteceram em 1999, na UnB. As cotas geraram um forte debate sobre a inserção dos pobres no ensino superior, onde está a camada dirigente do país", afirmou.
O antropólogo se mostrou contrário a soluções uniformes e defendeu a pluralidade de sistemas, desde que voltados para a garantia de um mínimo de vagas para negros. "A questão é complexa, mas o foco da discussão deve ser o debate", ressaltou. Isso porque, em sua análise, argumentos favoráveis à inserção por níveis de renda e origem escolar apenas esconderiam o racismo estrutural existente na sociedade brasileira e, principalmente, nas universidades.
Apresentando dados que mostram que em nenhuma instituição de ensino superior pública a quantidade de professores negros ultrapassa 1% do total, o professor foi além do tradicional discurso em prol de ações afirmativas na graduação. "Precisamos de cotas na pós. Ou por acaso os negros não chegam à pós-graduação?", questionou. "Temos um passivo muito grande a compensar".
Mostrando que o tema ainda está distante de ser consensual no país, a plateia se dividiu em críticas e elogios. Alguns presentes contaram histórias pessoais para ilustrar a complexidade do tema. As principais questões faziam referências a definições de cor, reparação histórica e injustiça, mas os professores reafirmaram seus argumentos.
Triste destino para um país que se pretendia misturado, o fato de ter agora de dividir artificialmente sua população em "negros" e todo o resto, ou seja, os "não-negros", sendo que os primeiros, supostamente, totalizam mais da metade da população do país (isto segundo os dados da PNAD, já que 53% da população se auto-declararou "afro-descendente", pessoas que, obviamente, estão de olho nas cotas e outras facilidades oficiais, mesmo sem que anteriormente elas se considerassem negras ou afro-descendentes a qualquer título; agora elas o são, por oportunismo).
Caminhamos para o Apartheid, o que estimulará ainda mais o racismo, ainda que invertido.
Paulo Roberto de Almeida
Cotas: polarização continua
Marcelo Medeiros
Jornal da Ciência, 30.07.2010
O sistema de cotas deve ou não ser adotado nas universidades públicas do país? E por quê? As perguntas deram a tônica da sessão "Ciência em Ebulição" desta quinta-feira, penúltimo dia da 62ª Reunião Anual da SBPC
A favor da reserva de vagas estava o antropólogo José Jorge de Carvalho, da Universidade de Brasília (UnB), idealizador do sistema daquela instituição. De outro, Daltro José Nunes, do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Enquanto o professor da universidade gaúcha embasava-se em afirmações de igualdade de competição entre indivíduos, apontando ser injusto oferecer condições favoráveis a uns e não a outros em um concurso público, Carvalho apontava a necessidade de reparação da opressão histórica à qual os negros brasileiros foram submetidos.
Para Nunes, o problema da desigualdade no acesso às universidades públicas é estrutural e não racial. Segundo ele, a diferença na qualidade da educação nas escolas públicas e privadas afeta a entrada no ensino superior. Caso ignorada, esta diferença poderia representar ameaças à excelência das universidades públicas. "Com as cotas, as universidades tendem, em média, a perder qualidade, pois alunos menos preparados tiram lugar de mais preparados", afirmou.
Logo, segundo ele, a questão deve ser debatida como provocador de política pública de melhoria da educação como um todo. "As cotas atacam o efeito [dessa falta de política] e não a causa. Os governos são os verdadeiros culpados, mas as universidades repassam a culpa para os indivíduos", argumentou.
Para o professor de informática, a função da universidade não deve ser reparar injustiças, mas formar bons profissionais, independente de classe social ou cor. "Não me interessa se meu médico é negro, branco ou índio, desde que ele seja bom", provocou.
Nunes não se furtou a apresentar uma solução para resolver o problema da entrada na universidade enquanto o acesso se torna universal. Para ele, o vestibular deveria dar lugar a um sistema de seleção baseado não no conhecimento de disciplinas básicas, mas na capacidade cognitiva do estudante. "Avaliaríamos o raciocínio para ver o quanto ele é capaz de apreender novos conteúdos e superar deficiências", explicou.
Carvalho, por sua vez, lembrou da importância da discussão do sistema de cotas para levantar a questão do acesso à universidade. "Os primeiros debates aconteceram em 1999, na UnB. As cotas geraram um forte debate sobre a inserção dos pobres no ensino superior, onde está a camada dirigente do país", afirmou.
O antropólogo se mostrou contrário a soluções uniformes e defendeu a pluralidade de sistemas, desde que voltados para a garantia de um mínimo de vagas para negros. "A questão é complexa, mas o foco da discussão deve ser o debate", ressaltou. Isso porque, em sua análise, argumentos favoráveis à inserção por níveis de renda e origem escolar apenas esconderiam o racismo estrutural existente na sociedade brasileira e, principalmente, nas universidades.
Apresentando dados que mostram que em nenhuma instituição de ensino superior pública a quantidade de professores negros ultrapassa 1% do total, o professor foi além do tradicional discurso em prol de ações afirmativas na graduação. "Precisamos de cotas na pós. Ou por acaso os negros não chegam à pós-graduação?", questionou. "Temos um passivo muito grande a compensar".
Mostrando que o tema ainda está distante de ser consensual no país, a plateia se dividiu em críticas e elogios. Alguns presentes contaram histórias pessoais para ilustrar a complexidade do tema. As principais questões faziam referências a definições de cor, reparação histórica e injustiça, mas os professores reafirmaram seus argumentos.
EUA: plano de recuperacao funcionou, segundo economistas
Two economists say in new paper that TARP worked
By Ezra Klein
The Washington Post, Sunday, August 1, 2010; G01
TARP is horribly unpopular. The stimulus is pretty unpopular. But does that mean they were bad policies? Not according to a new paper by Mark Zandi, Moody's chief economist and a former adviser to both the McCain and Obama campaigns, and Alan Blinder, a Princeton economist who has served as vice chairman of the Federal Reserve's Board of Governors.
Zandi and Blinder offer the first comprehensive estimate of our full response to the crisis: Absent the financial rescue and the stimulus, "GDP in 2010 would be about 6 ½ percent lower, payroll employment would be less by some 8 ½ million jobs, and the nation would now be experiencing deflation." I spoke to both men last week about how they got to their estimates, why the economy is so bad if the response was so good, and where we go from here. What follows are edited excerpts from the two interviews.
Q. This paper is heavily based on the model Moody's uses for economic forecasting. But these models have come under some criticism: Some say that they're just abstract equations and that you can get whatever answer you want by tweaking the numbers. So what is this thing? Who uses it?
Mark Zandi: I developed the model almost 20 years ago. I'm an economic consultant. I've got clients in many large, private-sector institutions. And we provide macroeconomic forecasts for them. The model has been used by banks to stress test themselves. Bank of America, J.P. Morgan, SunTrust and others used it to run scenarios on their solvency under different conditions. The business community uses it to figure out how to account for macroeconomic changes in their own budgeting and planning.
And how is it built? What are the numbers based on?
Zandi: I've gone back to every recession and depression and looked at the policy efforts to address the downturn, and try to at least capture the different ways in which policymakers have tried to generate a recovery. And what we've done in the Great Recession, some of it is unique, but most of it has been done many times before. Tax cuts, emergency unemployment benefits, aid to state government: These are things we've done every single time.
Alan Blinder: Different models do give different answers. That's why we say we welcome others to try and estimate this. But you can't make anything come out that you want. These models are fitted to real data. They're not just made up. They describe how the U.S. economy worked in the past.
And the model says that what we did this time broadly worked. In particular, it says the financial rescue worked. In other words, George W. Bush, Hank Paulson and Ben Bernanke deserve some credit for what they did in the immediate aftermath of the crisis.
Zandi: Absolutely! I think TARP was incredibly important. The mistake was for Congress to vote it down initially. That eviscerated confidence and took the equity market down to a whole other level and exacerbated our problems. By that time, the damage was so serious that the intent of TARP had to shift. Originally, it was about buying bad assets, which would've been more graceful. But because of the "no" vote and the damage it did, they had to make TARP a source of capital for the financial system. The capital purchase program was ultimately the one key thing that was necessary for stabilizing the financial system and the economy.
So why is TARP so horribly unpopular then?
Blinder: People feel it was successful in ways they're not happy with: That is, the bankers are making a lot of money now. That part of the bailout cost the government less than nothing, as the government is turning a profit on it. But in some moral sense, these bankers did not deserve to be saved. The problem was that if they went down with the ship, we were going down, too. The right way to think about the banker benefits was collateral damage in a war to save the economy. Had we not done that, things would've been horribly worse for everybody. So I don't hesitate. To me, it's not close.
Do you think it was well-designed?
Blinder: TARP should've come with more strings attached -- a lending requirement, for instance. If banks were going to get this money, they should've had to lend with it. I would've put restrictions on banks' ability to pay dividends, and tougher restrictions on executive pay. I also think it was a very big mistake for Secretary Paulson to force this money on banks that didn't want it. I can hardly say his theory without laughing: He wanted to reduce the stigma of taking it. The market knew who was strong, and the strong banks, like JP Morgan, went to the media and loudly said that the government is forcing this down our throats.
And what about the stimulus? Famously, the Obama administration predicted it would keep us beneath 8 percent unemployment. That obviously didn't happen. Does that mean it was a failure?
Zandi: The original forecast was just a bad forecast. The unemployment rate was already at 8 percent by the time stimulus passed. We just didn't know it because the data lags. What really matters is what the unemployment rate would've been if we didn't do stimulus, and in my view, it would clearly have been higher.
If the response to the crisis was effective, then why do we seem to have stalled out in recent months? Since May, the recovery has been lagging, hiring hasn't been very strong, and there's a general sense that the economic momentum we saw earlier in the year has dissipated a bit.
Blinder: Well, I know why it is, though it pushes the question back one level: Given the growth of GDP and the amount of spending that's come online, the number of jobs created has been puny. That's mitigating the usual virtuous circle where spending creates jobs and those people spend and that creates jobs and so on. That process is going on, but not at the level we expected. That pushes the question back to how come there's not more hiring. My speculation is that it's doubts about the durability of the recovery and firms not wanting to hire more permanent workers until they're more confident this is for real.
So what would you do going forward?
Blinder: I would do two things, both aimed at jobs. I would do the so-called new jobs tax credit on a much bigger and better scale than the HIRE Act, which was a baby step. The second thing I would do is a WPA-like program of temporary, direct, public hiring. People could work in parks, in maintenance, the many paper-shuffling jobs there are in government. You could save a lot of state and local jobs that would otherwise be terminated.
Zandi: If the unemployment rate was peaking at 7 percent, I'd say no worries, no need for more stimulus. But I'm nervous about 9.5 percent unemployment when you have a zero percent interest rate and a huge deficit. If we're all wrong and we go into recession, we've got no policy response. So I think it's prudent to err on the side of doing too much rather than too little. And we can do that. We're not Greece or Britain or Germany. We have a 3 percent 10-year Treasury yield. We have always solved our fiscal problems, and the world has faith we will solve our future ones. So we have the resources.
By Ezra Klein
The Washington Post, Sunday, August 1, 2010; G01
TARP is horribly unpopular. The stimulus is pretty unpopular. But does that mean they were bad policies? Not according to a new paper by Mark Zandi, Moody's chief economist and a former adviser to both the McCain and Obama campaigns, and Alan Blinder, a Princeton economist who has served as vice chairman of the Federal Reserve's Board of Governors.
Zandi and Blinder offer the first comprehensive estimate of our full response to the crisis: Absent the financial rescue and the stimulus, "GDP in 2010 would be about 6 ½ percent lower, payroll employment would be less by some 8 ½ million jobs, and the nation would now be experiencing deflation." I spoke to both men last week about how they got to their estimates, why the economy is so bad if the response was so good, and where we go from here. What follows are edited excerpts from the two interviews.
Q. This paper is heavily based on the model Moody's uses for economic forecasting. But these models have come under some criticism: Some say that they're just abstract equations and that you can get whatever answer you want by tweaking the numbers. So what is this thing? Who uses it?
Mark Zandi: I developed the model almost 20 years ago. I'm an economic consultant. I've got clients in many large, private-sector institutions. And we provide macroeconomic forecasts for them. The model has been used by banks to stress test themselves. Bank of America, J.P. Morgan, SunTrust and others used it to run scenarios on their solvency under different conditions. The business community uses it to figure out how to account for macroeconomic changes in their own budgeting and planning.
And how is it built? What are the numbers based on?
Zandi: I've gone back to every recession and depression and looked at the policy efforts to address the downturn, and try to at least capture the different ways in which policymakers have tried to generate a recovery. And what we've done in the Great Recession, some of it is unique, but most of it has been done many times before. Tax cuts, emergency unemployment benefits, aid to state government: These are things we've done every single time.
Alan Blinder: Different models do give different answers. That's why we say we welcome others to try and estimate this. But you can't make anything come out that you want. These models are fitted to real data. They're not just made up. They describe how the U.S. economy worked in the past.
And the model says that what we did this time broadly worked. In particular, it says the financial rescue worked. In other words, George W. Bush, Hank Paulson and Ben Bernanke deserve some credit for what they did in the immediate aftermath of the crisis.
Zandi: Absolutely! I think TARP was incredibly important. The mistake was for Congress to vote it down initially. That eviscerated confidence and took the equity market down to a whole other level and exacerbated our problems. By that time, the damage was so serious that the intent of TARP had to shift. Originally, it was about buying bad assets, which would've been more graceful. But because of the "no" vote and the damage it did, they had to make TARP a source of capital for the financial system. The capital purchase program was ultimately the one key thing that was necessary for stabilizing the financial system and the economy.
So why is TARP so horribly unpopular then?
Blinder: People feel it was successful in ways they're not happy with: That is, the bankers are making a lot of money now. That part of the bailout cost the government less than nothing, as the government is turning a profit on it. But in some moral sense, these bankers did not deserve to be saved. The problem was that if they went down with the ship, we were going down, too. The right way to think about the banker benefits was collateral damage in a war to save the economy. Had we not done that, things would've been horribly worse for everybody. So I don't hesitate. To me, it's not close.
Do you think it was well-designed?
Blinder: TARP should've come with more strings attached -- a lending requirement, for instance. If banks were going to get this money, they should've had to lend with it. I would've put restrictions on banks' ability to pay dividends, and tougher restrictions on executive pay. I also think it was a very big mistake for Secretary Paulson to force this money on banks that didn't want it. I can hardly say his theory without laughing: He wanted to reduce the stigma of taking it. The market knew who was strong, and the strong banks, like JP Morgan, went to the media and loudly said that the government is forcing this down our throats.
And what about the stimulus? Famously, the Obama administration predicted it would keep us beneath 8 percent unemployment. That obviously didn't happen. Does that mean it was a failure?
Zandi: The original forecast was just a bad forecast. The unemployment rate was already at 8 percent by the time stimulus passed. We just didn't know it because the data lags. What really matters is what the unemployment rate would've been if we didn't do stimulus, and in my view, it would clearly have been higher.
If the response to the crisis was effective, then why do we seem to have stalled out in recent months? Since May, the recovery has been lagging, hiring hasn't been very strong, and there's a general sense that the economic momentum we saw earlier in the year has dissipated a bit.
Blinder: Well, I know why it is, though it pushes the question back one level: Given the growth of GDP and the amount of spending that's come online, the number of jobs created has been puny. That's mitigating the usual virtuous circle where spending creates jobs and those people spend and that creates jobs and so on. That process is going on, but not at the level we expected. That pushes the question back to how come there's not more hiring. My speculation is that it's doubts about the durability of the recovery and firms not wanting to hire more permanent workers until they're more confident this is for real.
So what would you do going forward?
Blinder: I would do two things, both aimed at jobs. I would do the so-called new jobs tax credit on a much bigger and better scale than the HIRE Act, which was a baby step. The second thing I would do is a WPA-like program of temporary, direct, public hiring. People could work in parks, in maintenance, the many paper-shuffling jobs there are in government. You could save a lot of state and local jobs that would otherwise be terminated.
Zandi: If the unemployment rate was peaking at 7 percent, I'd say no worries, no need for more stimulus. But I'm nervous about 9.5 percent unemployment when you have a zero percent interest rate and a huge deficit. If we're all wrong and we go into recession, we've got no policy response. So I think it's prudent to err on the side of doing too much rather than too little. And we can do that. We're not Greece or Britain or Germany. We have a 3 percent 10-year Treasury yield. We have always solved our fiscal problems, and the world has faith we will solve our future ones. So we have the resources.
Uma lagrima para... um grande economista
UM SENHOR ECONOMISTA.
Direto do obituário da FOLHA DE S. PAULO, com pesar, postamos a morte nesta semana do excepcional DIONÍSIO DIAS CARNEIRO(1945-2010) - Mentor de grandes economistas
Por 30 anos Dionísio Dias Carneiro deu aulas no Departamento de Economia da PUC-Rio, que ajudou a criar.
Formou alunos que hoje fazem parte do primeiro time da economia brasileira, como Gustavo Franco, Eduardo Loyo e Ilan Goldfajn.
Nas palavras do ex-aluno e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga: " Foi um grande mentor, um brasileiro com visão pública capaz de pensar os temas mais importantes para o país ".
Formado em economia pela UFRJ e considerado um dos grandes macroeconomistas do Brasil, Carneiro era conhecido por análises competentes e equilibradas.
Era sócio-diretor da Galanto Consultoria e um dos fundadores do Instituto de Estudos em Política Econômicada Casa das Garças.
O instituto é um centro de estudos formado por economistas da PUC-Rio destinado ao debate de temas da política econômica nacional e internacional.
Para Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, era um dos principais membros da geração de economistas que revolucionou o ensino de pós-graduação em economia no Brasil.
Além da PUC-Rio, foi professor também da UnB e da FGV e vice-presidente da Finep, Financiadora de Estudos e Projetos do governo federal.
Atuou como conselheiro e consultor de empresas e era membro do Conselho de Administração da Companhia Siderúrgica Nacional.
Morreu ontem, aos 64, no Rio de Janeiro, após sofrer um derrame e ter descoberto um tumor no cérebro. Era viúvo e deixa três filhos e uma neta.
Direto do obituário da FOLHA DE S. PAULO, com pesar, postamos a morte nesta semana do excepcional DIONÍSIO DIAS CARNEIRO(1945-2010) - Mentor de grandes economistas
Por 30 anos Dionísio Dias Carneiro deu aulas no Departamento de Economia da PUC-Rio, que ajudou a criar.
Formou alunos que hoje fazem parte do primeiro time da economia brasileira, como Gustavo Franco, Eduardo Loyo e Ilan Goldfajn.
Nas palavras do ex-aluno e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga: " Foi um grande mentor, um brasileiro com visão pública capaz de pensar os temas mais importantes para o país ".
Formado em economia pela UFRJ e considerado um dos grandes macroeconomistas do Brasil, Carneiro era conhecido por análises competentes e equilibradas.
Era sócio-diretor da Galanto Consultoria e um dos fundadores do Instituto de Estudos em Política Econômicada Casa das Garças.
O instituto é um centro de estudos formado por economistas da PUC-Rio destinado ao debate de temas da política econômica nacional e internacional.
Para Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, era um dos principais membros da geração de economistas que revolucionou o ensino de pós-graduação em economia no Brasil.
Além da PUC-Rio, foi professor também da UnB e da FGV e vice-presidente da Finep, Financiadora de Estudos e Projetos do governo federal.
Atuou como conselheiro e consultor de empresas e era membro do Conselho de Administração da Companhia Siderúrgica Nacional.
Morreu ontem, aos 64, no Rio de Janeiro, após sofrer um derrame e ter descoberto um tumor no cérebro. Era viúvo e deixa três filhos e uma neta.
Economia da droga: o lado da demanda
O grande, enorme, consumidor de drogas no mundo, os Estados Unidos, tem conduzido, desde os anos 1970, basicamente uma luta de retaguarda contra esse mal que consome o país: a chamada supply-side drug economy, ou seja, o combate aos centros produtores. Ora, como reconheceria qualquer economista iniciante, enquanto houver demanda, ricamente abastecida, haverá centros produtores, qualquer que seja o nível de esforço militar para suprimir essa oferta.
O livro abaixo retraça alguns aspectos da economia da droga nos EUA.
Paulo Roberto de Almeida
Drug of Choice
By ROBERT PERKINSON
The New York Times Review of Books, July 30, 2010
COCAINE NATION: How the White Trade Took Over the World
By Tom Feiling
351 pp. Pegasus Books. $27.95
The Drug Enforcement Administration Museum and Visitors Center may be America’s most uninspiring attempt at war commemoration. Its low-budget displays, stuffed into a sterile building near the Pentagon, strive for a good-versus-evil story line but exude uncertainty. Snapshots of officers atop piles of impounded narcotics fail to convey the urgency of battle. Confiscated drug paraphernalia showcase wily ingenuity as much as social menace. But across the Potomac, next to Congressional Cemetery, rises a more fitting tribute to the “war on drugs”: Washington’s city jail, through which 18,000 inmates pass each year, 89 percent of them black and three-quarters of them incarcerated for nonviolent offenses. With its X-shaped towers surrounded by razor wire, the sprawling complex devours resources but, most criminologists agree, does comparably little to protect the public. It stands as a monument to punitive government bloat.
Now four decades old, America’s drug war, initiated in its modern form by Richard Nixon, has burned through $1 trillion and helped make the United States the most locked-down country on earth. Yet victory still recedes from view. In 1970, some 20 million Americans had experimented with illegal drugs; by 2007, 138 million had. While drug purity has increased, street prices over the long term have dropped — precisely the opposite trajectory promised by drug warriors. Small wonder that a growing number of skeptics, from George Will to George Soros, have called for a serious change of course.
With a new regime in Washington, led by a president who admits to having used cocaine in his youth and a drug czar who rejects martial metaphors, this is a good time to look back on America’s first “war without end” and its pre-eminent target, as the documentary filmmaker Tom Feiling does in “Cocaine Nation.”
An impassioned and wide-ranging if occasionally jumbled survey of “the white trade” and its enemies, Feiling’s book (published last year in Britain as “The Candy Machine”) begins with the extraction of the ancient coca leaf’s most potent alkaloid, cocaine, in the mid-19th century. Possessing wondrous qualities — a pharmaceutical company boasted that cocaine could “make the coward brave, the silent eloquent, and render the sufferer insensitive to pain” — the product swept the globe as an additive to medicine, wine (Ulysses S. Grant was an early quaffer) and, of course, Coca-Cola, whose red and white colors, Feiling writes, pay homage to the Peruvian flag.
This initial cocaine craze petered out in the first half of the 20th century, in the wake of pharmacy regulation, drug control protocols and consumers’ second thoughts. But another, larger wave rose in the 1970s, as hedonists from Hollywood to Wall Street turned cocaine into “the Champagne of drugs,” as The New York Times declared in 1974. Because most users of the stimulant never became addicted, and because they had “upper-class cachet,” Feiling notes, its resurgence was at first greeted with a shrug by government. Gerald Ford’s White House observed that cocaine “does not usually result in serious social consequences, such as crime, hospital emergency room admissions or death.”
But when suppliers introduced a down-market product, crack cocaine, in the 1980s — “cocaine for poor people,” as one dealer described it to Feiling — social panic ensued. Crack is pharmacologically identical to powder cocaine, but its smokable rocks produce quicker, more intense highs (and harder falls). Attracting legions of users in decaying urban centers, it contributed to property crime, child neglect, homicidal turf battles and, not least, political reaction. Brandishing a bag of crack in the Oval Office, the first President Bush called illegal drugs “the gravest domestic threat facing our nation.” No-knock police raids and mandatory minimum sentencing followed. The drug war became total war, overstuffing jails and exacerbating racial inequality but failing to create a “drug-free America.”
This domestic tale of destruction has been well chronicled by journalists, social scientists and addicts-turned-memoirists. What sets Feiling’s book apart is his analysis of how America’s insatiable appetite for narcotics and its zealous determination to quash those cravings have spread misery and violence across the globe.
During cocaine’s postwar renaissance, mafiosi based in Cuba met demand in the United States, the world’s largest cocaine market. But after the revolution, coca capitalists dispersed, chartering new organizations, establishing new labs and supply lines, and demonstrating remarkable adaptability in response to law-enforcement pressure. Production shifted from Peru to Bolivia to Colombia, and is now shifting back to Peru. Snuffed out in one area, cocaine surges in another.
Feiling vividly describes the supply side of the cocaine business, which, he argues, “thrives on the poverty not just of individuals and communities, but of governments.” In Colombia, which remains the world’s leading producer of cocaine despite the $5 billion in anti-narcotics and counterinsurgency aid the United States has fed into the country since 2000, Feiling profiles campesinos in the rural Putumayo district whose primary source of income is coca, although they receive relatively little for their crops. In a region where markets are distant, roads are poor and the prices for legal produce like yucca and plantains are low, the coca farmers “become slaves of the mafia,” a Colombian congressman tells Feiling — the rural correlates of low-level street dealers in America who risk death and imprisonment to earn “roughly the federal minimum wage.” At the top of the cocaine hierarchy, drug barons make millions, but their careers tend to be short, their fortunes soaked with blood. Because of the violence perpetrated by traffickers and insurgents, and the more pervasive violence committed by right-wing paramilitaries and the government, Colombia’s population of internally displaced people ranks second only to Sudan’s.
As radar surveillance has pushed smuggling routes from the sky and sea to the land, the drug war’s front lines have moved to Mexico, where trafficking-related violence has claimed more than 22,000 lives since 2007. Although the Mexican government’s latest offensive may yet constrict supply, curtail corruption and reduce rather than provoke carnage, the length and complexity of the United States-Mexico border (and the money to be made breaching it) presents a daunting challenge. “Americans consume roughly 290 metric tons of cocaine a year,” Feiling writes, a load that “could be carried across the U.S.-Mexican border in just 13 trucks. Instead, it seeps in in thousands of ingenious disguises.”
Although Feiling doesn’t soft-pedal the harm of drug dependence — to addicts, mainly, but also to their families and communities — he argues convincingly that the remedy promoted most aggressively by the United States has proved far worse than the disease. As an alternative, he develops a lengthy brief for a solution he admits stands little chance of implementation: legalization. There would be costs, he acknowledges, including, perhaps, wider experimentation and addiction, but he contends that restrictions on marketing, elevated vice taxes and a proliferation of treatment beds instead of jail cells could hardly fail more spectacularly than has prohibition. Hard as it is to imagine, the least ruinous solution to the white scourge may be the white flag of surrender.
Robert Perkinson is the author of “Texas Tough: The Rise of America’s Prison Empire.”
A version of this review appeared in print on August 1, 2010, on page BR21 of the Sunday Book Review.
O livro abaixo retraça alguns aspectos da economia da droga nos EUA.
Paulo Roberto de Almeida
Drug of Choice
By ROBERT PERKINSON
The New York Times Review of Books, July 30, 2010
COCAINE NATION: How the White Trade Took Over the World
By Tom Feiling
351 pp. Pegasus Books. $27.95
The Drug Enforcement Administration Museum and Visitors Center may be America’s most uninspiring attempt at war commemoration. Its low-budget displays, stuffed into a sterile building near the Pentagon, strive for a good-versus-evil story line but exude uncertainty. Snapshots of officers atop piles of impounded narcotics fail to convey the urgency of battle. Confiscated drug paraphernalia showcase wily ingenuity as much as social menace. But across the Potomac, next to Congressional Cemetery, rises a more fitting tribute to the “war on drugs”: Washington’s city jail, through which 18,000 inmates pass each year, 89 percent of them black and three-quarters of them incarcerated for nonviolent offenses. With its X-shaped towers surrounded by razor wire, the sprawling complex devours resources but, most criminologists agree, does comparably little to protect the public. It stands as a monument to punitive government bloat.
Now four decades old, America’s drug war, initiated in its modern form by Richard Nixon, has burned through $1 trillion and helped make the United States the most locked-down country on earth. Yet victory still recedes from view. In 1970, some 20 million Americans had experimented with illegal drugs; by 2007, 138 million had. While drug purity has increased, street prices over the long term have dropped — precisely the opposite trajectory promised by drug warriors. Small wonder that a growing number of skeptics, from George Will to George Soros, have called for a serious change of course.
With a new regime in Washington, led by a president who admits to having used cocaine in his youth and a drug czar who rejects martial metaphors, this is a good time to look back on America’s first “war without end” and its pre-eminent target, as the documentary filmmaker Tom Feiling does in “Cocaine Nation.”
An impassioned and wide-ranging if occasionally jumbled survey of “the white trade” and its enemies, Feiling’s book (published last year in Britain as “The Candy Machine”) begins with the extraction of the ancient coca leaf’s most potent alkaloid, cocaine, in the mid-19th century. Possessing wondrous qualities — a pharmaceutical company boasted that cocaine could “make the coward brave, the silent eloquent, and render the sufferer insensitive to pain” — the product swept the globe as an additive to medicine, wine (Ulysses S. Grant was an early quaffer) and, of course, Coca-Cola, whose red and white colors, Feiling writes, pay homage to the Peruvian flag.
This initial cocaine craze petered out in the first half of the 20th century, in the wake of pharmacy regulation, drug control protocols and consumers’ second thoughts. But another, larger wave rose in the 1970s, as hedonists from Hollywood to Wall Street turned cocaine into “the Champagne of drugs,” as The New York Times declared in 1974. Because most users of the stimulant never became addicted, and because they had “upper-class cachet,” Feiling notes, its resurgence was at first greeted with a shrug by government. Gerald Ford’s White House observed that cocaine “does not usually result in serious social consequences, such as crime, hospital emergency room admissions or death.”
But when suppliers introduced a down-market product, crack cocaine, in the 1980s — “cocaine for poor people,” as one dealer described it to Feiling — social panic ensued. Crack is pharmacologically identical to powder cocaine, but its smokable rocks produce quicker, more intense highs (and harder falls). Attracting legions of users in decaying urban centers, it contributed to property crime, child neglect, homicidal turf battles and, not least, political reaction. Brandishing a bag of crack in the Oval Office, the first President Bush called illegal drugs “the gravest domestic threat facing our nation.” No-knock police raids and mandatory minimum sentencing followed. The drug war became total war, overstuffing jails and exacerbating racial inequality but failing to create a “drug-free America.”
This domestic tale of destruction has been well chronicled by journalists, social scientists and addicts-turned-memoirists. What sets Feiling’s book apart is his analysis of how America’s insatiable appetite for narcotics and its zealous determination to quash those cravings have spread misery and violence across the globe.
During cocaine’s postwar renaissance, mafiosi based in Cuba met demand in the United States, the world’s largest cocaine market. But after the revolution, coca capitalists dispersed, chartering new organizations, establishing new labs and supply lines, and demonstrating remarkable adaptability in response to law-enforcement pressure. Production shifted from Peru to Bolivia to Colombia, and is now shifting back to Peru. Snuffed out in one area, cocaine surges in another.
Feiling vividly describes the supply side of the cocaine business, which, he argues, “thrives on the poverty not just of individuals and communities, but of governments.” In Colombia, which remains the world’s leading producer of cocaine despite the $5 billion in anti-narcotics and counterinsurgency aid the United States has fed into the country since 2000, Feiling profiles campesinos in the rural Putumayo district whose primary source of income is coca, although they receive relatively little for their crops. In a region where markets are distant, roads are poor and the prices for legal produce like yucca and plantains are low, the coca farmers “become slaves of the mafia,” a Colombian congressman tells Feiling — the rural correlates of low-level street dealers in America who risk death and imprisonment to earn “roughly the federal minimum wage.” At the top of the cocaine hierarchy, drug barons make millions, but their careers tend to be short, their fortunes soaked with blood. Because of the violence perpetrated by traffickers and insurgents, and the more pervasive violence committed by right-wing paramilitaries and the government, Colombia’s population of internally displaced people ranks second only to Sudan’s.
As radar surveillance has pushed smuggling routes from the sky and sea to the land, the drug war’s front lines have moved to Mexico, where trafficking-related violence has claimed more than 22,000 lives since 2007. Although the Mexican government’s latest offensive may yet constrict supply, curtail corruption and reduce rather than provoke carnage, the length and complexity of the United States-Mexico border (and the money to be made breaching it) presents a daunting challenge. “Americans consume roughly 290 metric tons of cocaine a year,” Feiling writes, a load that “could be carried across the U.S.-Mexican border in just 13 trucks. Instead, it seeps in in thousands of ingenious disguises.”
Although Feiling doesn’t soft-pedal the harm of drug dependence — to addicts, mainly, but also to their families and communities — he argues convincingly that the remedy promoted most aggressively by the United States has proved far worse than the disease. As an alternative, he develops a lengthy brief for a solution he admits stands little chance of implementation: legalization. There would be costs, he acknowledges, including, perhaps, wider experimentation and addiction, but he contends that restrictions on marketing, elevated vice taxes and a proliferation of treatment beds instead of jail cells could hardly fail more spectacularly than has prohibition. Hard as it is to imagine, the least ruinous solution to the white scourge may be the white flag of surrender.
Robert Perkinson is the author of “Texas Tough: The Rise of America’s Prison Empire.”
A version of this review appeared in print on August 1, 2010, on page BR21 of the Sunday Book Review.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
Israel Products in India: Check the Complete list of Israeli Brands! Several Israeli companies have established themselves in the Indian m...
-
Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...) Paulo Roberto de Almeida Colaboração a número especial da rev...
-
Desde el post de José Antonio Sanahuja Persles (Linkedin) Con Camilo López Burian, de la Universidad de la República, estudiamos el ascens...