| Uma nova política externa | ||
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É necessário priorizar também os países desenvolvidos, grandes compradores de nossos produtos, e não só as nações emergentes ou com menor desenvolvimento. É verdade que, como fez questão de destacar o MDIC, as exportações podem chegar a US$ 200 bilhões até o final do ano, superando o recorde de 2008, registrado na temporada de pré-crise econômica internacional. Não é pouco. Além disso, no mês de novembro, a exportação alcançou US$ 17,6 bilhões e média diária de US$ 884,4 milhões, maior média para meses de novembro. Sobre novembro de 2009, as exportações registraram aumento de 39,8%, enquanto sobre outubro de 2010 retrocederam 3,8%, pela média diária. Só que há um detalhe – e a vida é feita de detalhes. A meta de exportações prevista será resultado direto da venda de produtos básicos, que tiveram em novembro um crescimento de 69,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao mesmo tempo, os produtos semimanufaturados registraram uma evolução de 45,5%. O detalhe preocupante está aqui: as vendas para o exterior de produtos manufaturados (de alto valor agregado) cresceram apenas 18,6%. Diante de uma taxa cambial valorizada e pressionada pelas despesas provocadas pelo chamado custo Brasil – ou seja, alta carga tributária, infraestrutura atrasada, burocracia excessiva, altos custos trabalhistas –, a indústria nacional de vestuário, equipamentos de uso doméstico e outros perdem espaço no mercado externo, especialmente para mercadorias procedentes da China e da União Europeia. E sofre a concorrência predatória de produtos chineses no próprio mercado nacional, ainda que medidas antidumping tenham sido tomadas e alcançado bons resultados, como no caso dos calçados. Mas não se pode esquecer que a China, principal responsável pela demanda de nossas commodities, começa a buscar estratégias para combater a inflação decorrente da elevação das matérias-primas. Por enquanto, as commodities, que representam 70% das receitas da exportação, permanecem em patamar elevado, favorecendo a expansão das vendas externas, em que pese o Brasil manter-se dependente de cenário e demanda internacionais favoráveis. O que se espera é que o novo governo adote uma política externa que não seja voltada somente para os países emergentes ou menos desenvolvidos, mas que priorize também os países desenvolvidos. Afinal, são estas nações que compram de forma permanente, principalmente os Estados Unidos. 11/12/2010 Fonte: ViaPolítica/O autor Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br | ||
| 14.12.2010 | ||
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Resultados (magros) da diplomacia Sul-Sul, e uma critica
Resultados (magros) da diplomacia Sul-Sul - editorial OESP
Parece que a propalada nova geografia comercial é uma esquálida (para usar um termo muito aprecisado de certos bolivarianos) diversificação dos parceiros comerciais, mas seria um exagero classificar esses acordos como significativos.
Paulo Roberto de Almeida
A mais ambiciosa negociação comercial entre economias em desenvolvimento, lançada há seis anos e meio por ministros de 43 governos, foi concluída oficialmente na última quarta-feira, em Foz do Iguaçu, com apenas 11 participantes. Foram até o fim os 4 membros do Mercosul - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - e também Coreia do Sul, Cuba, Egito, Índia, Indonésia, Malásia e Marrocos. O resultado, muito mais modesto que o pretendido, foi, no entanto, festejado como um marco. O presidente das negociações, o argentino Alberto Dumont, referiu-se ao acordo como "um primeiro e importante passo em um contexto de maior integração entre os países em desenvolvimento". O diplomata brasileiro Roberto Azevedo, embaixador do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), foi na mesma direção: "Há um espaço enorme a ser explorado daqui para a frente", comentou.
O acordo é muito mais amplo que os dois celebrados anteriormente - em 1988 e 1992 - no âmbito do Sistema Geral de Preferências Comerciais entre Países em Desenvolvimento (SGPC). As concessões oferecidas pelos 11 participantes envolvem 47 mil produtos. As facilidades concedidas pelo Mercosul valem para 6,7 mil. Mas a abertura é limitada. Os compromissos envolvem 70% dos bens importados e a preferência tarifária é de 20% sobre as alíquotas efetivamente aplicadas pelos participantes.
Cada país foi autorizado a manter 30% protegidos. A lista do Mercosul inclui as indústrias têxtil, de automóveis, de eletroeletrônicos e de bens de capital. Dentro de dois anos haverá uma revisão do acordo e as concessões poderão ser ampliadas.
A diplomacia brasileira tem contrastado o "sucesso" da Rodada São Paulo - é esse o nome da negociação recém-concluída em Foz do Iguaçu - com o impasse na negociação global de comércio, a Rodada Doha, lançada no fim de 2001, ainda emperrada e ainda sem perspectiva de conclusão. "Quando os países estão realmente dispostos a negociar, é possível chegar a acordos", comentou o embaixador Antônio Patriota, convidado pela presidente eleita para comandar o Itamaraty. De fato, sobrou má vontade na Rodada Doha, mas a comparação entre os dois empreendimentos é um tanto exagerada.
A retórica do governo brasileiro é até compreensível. A diplomacia petista produziu poucos acordos comerciais e nenhum de peso para o Brasil. O Mercosul foi criado nos anos 90. Nesta década o bloco celebrou alguns acordos com parceiros em desenvolvimento. Nenhum pacto comercial importante foi assinado com os principais mercados, Brasília concentrou suas apostas na Rodada Doha.
Evidente desde o primeiro instante, o erro foi confirmado de forma indiscutível quando se perderam as esperanças de uma conclusão ainda no governo do presidente George W. Bush. O governo democrata, não havia dúvida, viria com ideias muito diferentes sobre o comércio e muito menos favoráveis aos países emergentes.
Outros países cuidaram, mesmo durante a negociação global, de buscar acordos bilaterais. Alguns desses países participaram do lançamento da Rodada São Paulo, mas ficaram no meio do caminho. Esse grupo inclui Chile, Colômbia e México, muito mais abertos que o Brasil petista a entendimentos comerciais com países de qualquer grupo, sem preconceitos terceiro-mundistas. Alguns deles talvez decidam aderir ao acordo de Foz do Iguaçu. Adesões estão previstas nos documentos assinados pelos diplomatas dos 11 países.
É difícil avaliar, sem um exame mais detalhado de todos os compromissos, se esse acordo trará benefícios importantes ao Brasil ou mesmo se haverá mais custos do que vantagens. Industriais brasileiros têm-se mostrado menos otimistas que o governo em relação a essa rodada.
O comércio do Brasil com o Mercosul é muito maior que o intercâmbio com os demais participantes do acordo. Suas exportações para os sete países estranhos ao bloco totalizaram US$ 11,75 bilhões neste ano, até novembro. O País é deficitário nas transações com os dois maiores parceiros. Diante da Coreia, o déficit chegou a US$ 4,4 bilhões. Qual será o resultado com as novas concessões tarifárias? Vem aí mais um teste para a competitividade brasileira.
Paulo Roberto de Almeida
O acordo Sul-Sul
Editorial - O Estado de S.Paulo
20 de dezembro de 2010
A mais ambiciosa negociação comercial entre economias em desenvolvimento, lançada há seis anos e meio por ministros de 43 governos, foi concluída oficialmente na última quarta-feira, em Foz do Iguaçu, com apenas 11 participantes. Foram até o fim os 4 membros do Mercosul - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - e também Coreia do Sul, Cuba, Egito, Índia, Indonésia, Malásia e Marrocos. O resultado, muito mais modesto que o pretendido, foi, no entanto, festejado como um marco. O presidente das negociações, o argentino Alberto Dumont, referiu-se ao acordo como "um primeiro e importante passo em um contexto de maior integração entre os países em desenvolvimento". O diplomata brasileiro Roberto Azevedo, embaixador do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), foi na mesma direção: "Há um espaço enorme a ser explorado daqui para a frente", comentou.
O acordo é muito mais amplo que os dois celebrados anteriormente - em 1988 e 1992 - no âmbito do Sistema Geral de Preferências Comerciais entre Países em Desenvolvimento (SGPC). As concessões oferecidas pelos 11 participantes envolvem 47 mil produtos. As facilidades concedidas pelo Mercosul valem para 6,7 mil. Mas a abertura é limitada. Os compromissos envolvem 70% dos bens importados e a preferência tarifária é de 20% sobre as alíquotas efetivamente aplicadas pelos participantes.
Cada país foi autorizado a manter 30% protegidos. A lista do Mercosul inclui as indústrias têxtil, de automóveis, de eletroeletrônicos e de bens de capital. Dentro de dois anos haverá uma revisão do acordo e as concessões poderão ser ampliadas.
A diplomacia brasileira tem contrastado o "sucesso" da Rodada São Paulo - é esse o nome da negociação recém-concluída em Foz do Iguaçu - com o impasse na negociação global de comércio, a Rodada Doha, lançada no fim de 2001, ainda emperrada e ainda sem perspectiva de conclusão. "Quando os países estão realmente dispostos a negociar, é possível chegar a acordos", comentou o embaixador Antônio Patriota, convidado pela presidente eleita para comandar o Itamaraty. De fato, sobrou má vontade na Rodada Doha, mas a comparação entre os dois empreendimentos é um tanto exagerada.
A retórica do governo brasileiro é até compreensível. A diplomacia petista produziu poucos acordos comerciais e nenhum de peso para o Brasil. O Mercosul foi criado nos anos 90. Nesta década o bloco celebrou alguns acordos com parceiros em desenvolvimento. Nenhum pacto comercial importante foi assinado com os principais mercados, Brasília concentrou suas apostas na Rodada Doha.
Evidente desde o primeiro instante, o erro foi confirmado de forma indiscutível quando se perderam as esperanças de uma conclusão ainda no governo do presidente George W. Bush. O governo democrata, não havia dúvida, viria com ideias muito diferentes sobre o comércio e muito menos favoráveis aos países emergentes.
Outros países cuidaram, mesmo durante a negociação global, de buscar acordos bilaterais. Alguns desses países participaram do lançamento da Rodada São Paulo, mas ficaram no meio do caminho. Esse grupo inclui Chile, Colômbia e México, muito mais abertos que o Brasil petista a entendimentos comerciais com países de qualquer grupo, sem preconceitos terceiro-mundistas. Alguns deles talvez decidam aderir ao acordo de Foz do Iguaçu. Adesões estão previstas nos documentos assinados pelos diplomatas dos 11 países.
É difícil avaliar, sem um exame mais detalhado de todos os compromissos, se esse acordo trará benefícios importantes ao Brasil ou mesmo se haverá mais custos do que vantagens. Industriais brasileiros têm-se mostrado menos otimistas que o governo em relação a essa rodada.
O comércio do Brasil com o Mercosul é muito maior que o intercâmbio com os demais participantes do acordo. Suas exportações para os sete países estranhos ao bloco totalizaram US$ 11,75 bilhões neste ano, até novembro. O País é deficitário nas transações com os dois maiores parceiros. Diante da Coreia, o déficit chegou a US$ 4,4 bilhões. Qual será o resultado com as novas concessões tarifárias? Vem aí mais um teste para a competitividade brasileira.
Flagrantes da Universidade Brasileira: o mito da dedicacao exclusiva
Flagrantes, aqui, é um conceito que pode ser tomado em diversos sentidos, ainda que os ditos cujos não tenham sido pegos em flagrante, embora de certo modo sim...
Quanto à exclusividade, alguém acredita que este problema seja exclusivo da Unifesp?
Paulo Roberto de Almeida
Vinte docentes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) foram acusados pelo Ministério Público Federal de improbidade, enriquecimento ilícito, dilapidação de patrimônio público e atentado aos princípios da administração pública.
Fiscalização do Tribunal de Contas já havia apontado os 20 professores como violadores do regime de dedicação exclusiva 'ao qual voluntariamente aderiram'.
Basicamente, a universidade possui três regimes de trabalho: 1) dedicação exclusiva; 2) 40 horas semanais sem exclusividade; 3) tempo parcial de 20 horas. Pelo compromisso que impõe, o regime de dedicação exclusiva prevê remuneração maior. Atividade envolvendo outros recebimentos precisam ser autorizadas pela universidade.
Entre as acusações contra professores, há a de manter consultórios particulares, lecionar em outras instituições e gerir órgãos de saúde externos à Unifesp.
Ainda segundo as acusações, nove docentes, além de violar a exclusividade, se dedicavam à gerência, administração ou representação técnica de sociedades comerciais, o que é vedado pelo Estatuto do Servidor Federal.
Os procuradores da República Sergio Gardenghi Suiama e Sônia Maria Curvelo pedem que os professores sejam condenados a ressarcir o dano apurado, a perder o cargo de docentes da Unifesp, à suspensão dos direitos políticos por até dez anos, a pagar multa de até três vezes o valor da vantagem indevidamente recebida.
Pedem também que os acusados sejam proibidos de fazer contratos com o poder público durante o prazo de dez anos.
A Procuradoria avalia que o prejuízo ao erário envolvido nas três ações seja da ordem de R$ 1,4 milhão.
APURAÇÃO
Em nota, a Unifesp afirmou que 'não pode ser responsabilizada por atos pessoais de seus servidores, que devem seguir a legislação pertinente aos servidores públicos federais, o Estatuto do Funcionário Público, cujo acesso e consulta é livre a qualquer cidadão'.
Segundo a universidade, 'nenhum dos 20 professores solicitou prévia autorização' para exercer atividades remuneradas extracampus.
A Unifesp informa ainda ter aberto processos administrativos disciplinares para apuração dos fatos.
Os docentes ainda poderão contestar as acusações.
Quanto à exclusividade, alguém acredita que este problema seja exclusivo da Unifesp?
Paulo Roberto de Almeida
Docentes da Unifesp são acusados de burlar exclusividade
LAURA CAPRIGLIONE - DE SÃO PAULO
Folha de S. Paulo, 21/12/2010Vinte docentes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) foram acusados pelo Ministério Público Federal de improbidade, enriquecimento ilícito, dilapidação de patrimônio público e atentado aos princípios da administração pública.
Fiscalização do Tribunal de Contas já havia apontado os 20 professores como violadores do regime de dedicação exclusiva 'ao qual voluntariamente aderiram'.
Basicamente, a universidade possui três regimes de trabalho: 1) dedicação exclusiva; 2) 40 horas semanais sem exclusividade; 3) tempo parcial de 20 horas. Pelo compromisso que impõe, o regime de dedicação exclusiva prevê remuneração maior. Atividade envolvendo outros recebimentos precisam ser autorizadas pela universidade.
Entre as acusações contra professores, há a de manter consultórios particulares, lecionar em outras instituições e gerir órgãos de saúde externos à Unifesp.
Ainda segundo as acusações, nove docentes, além de violar a exclusividade, se dedicavam à gerência, administração ou representação técnica de sociedades comerciais, o que é vedado pelo Estatuto do Servidor Federal.
Os procuradores da República Sergio Gardenghi Suiama e Sônia Maria Curvelo pedem que os professores sejam condenados a ressarcir o dano apurado, a perder o cargo de docentes da Unifesp, à suspensão dos direitos políticos por até dez anos, a pagar multa de até três vezes o valor da vantagem indevidamente recebida.
Pedem também que os acusados sejam proibidos de fazer contratos com o poder público durante o prazo de dez anos.
A Procuradoria avalia que o prejuízo ao erário envolvido nas três ações seja da ordem de R$ 1,4 milhão.
APURAÇÃO
Em nota, a Unifesp afirmou que 'não pode ser responsabilizada por atos pessoais de seus servidores, que devem seguir a legislação pertinente aos servidores públicos federais, o Estatuto do Funcionário Público, cujo acesso e consulta é livre a qualquer cidadão'.
Segundo a universidade, 'nenhum dos 20 professores solicitou prévia autorização' para exercer atividades remuneradas extracampus.
A Unifesp informa ainda ter aberto processos administrativos disciplinares para apuração dos fatos.
Os docentes ainda poderão contestar as acusações.
Meus livros "ensebados", metaforicamente...
Talvez ensebados não seja exatamente o termo. Os meus "meus" estão, é verdade, precisando de algum espanador, talvez até um descupinizador, inseticida, whatever, e certamente de uma boa classificação e arrumação.
Mas estes aqui, que são "meus", mas não estão comigo, estão apenas em sebos, esperando alguma vivente interessado:
LIVRO: Paulo Roberto de Almeida
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: O Estudo das Relacoes Internacionais no Brasil
Editora: Lge
Ano: 2006
Vendedor: Livraria Saber Ler
Localização: Taguatinga / DF por: R$ 35,00
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: O Estudo das Relacoes Internacionais no Brasil
Editora: Lge
Ano: 2006
Vendedor: Livraria Saber Ler
Localização: Taguatinga / DF por: R$ 35,00
LIVRO: A Grande Mudança
Status: disponível
Tipo: Semi-novo
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Códex
Ano: 2003
Vendedor: Oficina do Mestre
Localização: São Paulo / SP por: R$ 5,90
Status: disponível
Tipo: Semi-novo
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Códex
Ano: 2003
Vendedor: Oficina do Mestre
Localização: São Paulo / SP por: R$ 5,90
LIVRO: Primeiros Anos do Seculo Xxi, os
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Paz e Terra
Ano: 2002
Vendedor: O Sebo Cultural
Localização: Joao Pessoa / PB por: R$ 27,50
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Paz e Terra
Ano: 2002
Vendedor: O Sebo Cultural
Localização: Joao Pessoa / PB por: R$ 27,50
LIVRO: Formação da Diplomacia Economica no Brasil
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Senac/funag
Ano: 2001
Vendedor: Sebo D'Agosto II
Localização: Campinas / SP por: R$ 67,00
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Senac/funag
Ano: 2001
Vendedor: Sebo D'Agosto II
Localização: Campinas / SP por: R$ 67,00
LIVRO: Assimetrias e Convergências
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida e Rubens Antônio Barbosa (org)
Editora: Saraiva
Ano: 2006
Vendedor: Livraria Sebo Cultural
Localização: São Paulo / SP por: R$ 29,00
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida e Rubens Antônio Barbosa (org)
Editora: Saraiva
Ano: 2006
Vendedor: Livraria Sebo Cultural
Localização: São Paulo / SP por: R$ 29,00
LIVRO: A Grande Mudança
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Codex
Ano: 2003
Vendedor: Sebo Portal do Livro
Localização: São Paulo / SP por: R$ 18,00
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Codex
Ano: 2003
Vendedor: Sebo Portal do Livro
Localização: São Paulo / SP por: R$ 18,00
LIVRO: A Grande Mudança: Consequências Econômicas da Transição Política no Brasil
Status: disponível
Tipo: Novo
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: códex
Ano: 2003
Vendedor: Sebo Dom Quixote Araçatuba
Localização: Araçatuba / SP por: R$ 15,00
Status: disponível
Tipo: Novo
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: códex
Ano: 2003
Vendedor: Sebo Dom Quixote Araçatuba
Localização: Araçatuba / SP por: R$ 15,00
LIVRO: Formação da Diplomacia Economica no Brasil
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Senac/funag
Ano: 2001
Vendedor: Sebo D'Agosto II
Localização: Campinas / SP por: R$ 67,00
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Senac/funag
Ano: 2001
Vendedor: Sebo D'Agosto II
Localização: Campinas / SP por: R$ 67,00
LIVRO: Grande Mudanca, a
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Almeida, Paulo Roberto
Editora: Codex
Ano: 2003
Vendedor: Sebo Espaço Literário
Localização: Bauru / SP por: R$ 15,00
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Almeida, Paulo Roberto
Editora: Codex
Ano: 2003
Vendedor: Sebo Espaço Literário
Localização: Bauru / SP por: R$ 15,00
LIVRO: A Grande Mudança
Status: disponível
Tipo: Semi-novo
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Códex
Ano: 2003
Vendedor: Oficina do Mestre
Localização: São Paulo / SP por: R$ 5,90
Status: disponível
Tipo: Semi-novo
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Códex
Ano: 2003
Vendedor: Oficina do Mestre
Localização: São Paulo / SP por: R$ 5,90
LIVRO: Primeiros Anos do Seculo Xxi, os
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Paz e Terra
Ano: 2002
Vendedor: O Sebo Cultural
Localização: Joao Pessoa / PB por: R$ 27,50
Status: disponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Paz e Terra
Ano: 2002
Vendedor: O Sebo Cultural
Localização: Joao Pessoa / PB por: R$ 27,50
LIVRO: O Mercosul no Contexto Regional e Internacional
Status: indisponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Aduaneiras
Ano: 1993
Vendedor: Livraria Sebo Cultural
Localização: São Paulo / SP Indisponível
Status: indisponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Aduaneiras
Ano: 1993
Vendedor: Livraria Sebo Cultural
Localização: São Paulo / SP Indisponível
LIVRO: O Estudo das Relações Internacionais do Brasil
Status: indisponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Unimarco
Ano: 1999
Vendedor: Livraria Sebo Cultural
Localização: São Paulo / SP Indisponível
Status: indisponível
Tipo: Usado
Autor / Intérprete: Paulo Roberto de Almeida
Editora: Unimarco
Ano: 1999
Vendedor: Livraria Sebo Cultural
Localização: São Paulo / SP Indisponível
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Economia no limite - Edmar Bacha
Uma entrevista tocando nos problemas da atualidade econômica brasileira:
Entrevista: Formulador do Plano Real não vê desindustrialização, mas "disputa" por mão de obra
"A economia tem limites e o país está no limite", diz Bacha
João Villaverde | Do Rio
Valor Econômico – pág. A12
22/12/2010
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Aumentamos as importações não porque a indústria não tem capacidade instalada, mas porque a mão de obra está cara" Temos um problema com essa emergência da classe média, que todo mundo está achando uma maravilha"
Em 1974, quando Edmar Bacha criou o termo "Belíndia" para designar o modelo econômico brasileiro - que unia a riqueza da Bélgica, um país pequeno, com a pobreza da Índia, um país continental - o Produto Interno Bruto (PIB) havia crescido 8,1%, mas a inflação dobrara, passando de 15,5% para 34,5% de 1973 a 1974. Era o fim do "milagre" produzido pela ditadura militar a partir de 1967, e início de um período que mesclaria crescimento acelerado com endividamento externo e inflação crescente. Vinte anos mais tarde, Bacha, doutor em economia por Yale (EUA) em 1968, integrava o grupo de economistas formado por Persio Arida, Gustavo Franco e André Lara Resende na formulação e implementação do Plano Real, que trouxe a inflação dos 2.477,1% registrados em 1993 para menos de dois dígitos a partir de 1996. Hoje, com a economia caminhando para repetir a alta de 8% registrada pelo PIB nos anos 1970, Bacha avalia que o Brasil está no limite.
"O Brasil está mais complexo que nos anos 1970 e 90. Superamos os grandes problemas da ditadura, da hiperinflação e da perspectiva para um governo de esquerda. Não há mais um grande problema, mas uma série de questões para serem atacadas", avalia Bacha, para quem o país conta "com uma produtividade ainda fraca, o setor público ainda abocanha uma parcela muito grande do PIB e não entrega de volta no mesmo nível, o sistema político brasileiro é um horror, o sistema tributário é uma vergonha, e a Previdência, se não for reformada, vai quebrar o país em 2050".
Na entrevista que deu no prédio projetado por Oscar Niemeyer, com jardins de Roberto Burle Marx ao fundo, onde funciona o Instituto de Estudos de Pesquisa Econômica Casa das Garças, Bacha, diretor do centro e até a semana que vem consultor sênior do Itaú BBA, fez um balanço dos oito anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva, e avaliou os principais desafios de Dilma Rousseff. E foi contundente em dizer que não vê risco de desindustrialização no país, mesmo com os indicadores de produção industrial andando de lado desde abril. "Como podemos falar em desindustrialização quando estamos com pleno emprego?", pergunta, se referindo à demanda por mão de obra, que acaba por elevar os salários. A seguir os principais trechos de sua entrevista:
Valor: Com o atual ritmo de crescimento do PIB, câmbio valorizado, inflação acima da meta do BC e financiamento externo elevado, como é possível se alterar esse modelo sem que se bata em um gargalo?
Edmar Bacha: A economia tem limites, apesar do Antônio Delfim Netto achar que não existe produto potencial. Claramente estamos trabalhando nos limites. Como sair disso sem aumentar a poupança interna? Com produtividade. O que temos a oferecer para aumentar a produtividade? Os avanços tecnológicos não caem do céu, é preciso ir atrás deles e isso vai na contramão da tese de desindustrialização, afinal estamos importando mais tecnologia, justamente para ampliar a produtividade.
Valor: O sr. então refuta a ideia de que o Brasil está se desindustrializando?
Bacha: Estamos em pleno emprego, que desindustrialização é essa? A verdade é que por estar em pleno emprego e a mão de obra em escassez, e por estarmos nos especializando em serviços, comércio e construção civil, a indústria não consegue concorrer na disputa pelo trabalhador.
Valor: Por isso os indicadores de produção industrial estão tão fracos desde abril?
Bacha: No Brasil, nunca olhamos direito para a questão do emprego, mas sempre para a utilização da capacidade produtiva. Acho que é uma novidade o que está ocorrendo. Nunca tivemos uma taxa de desemprego tão baixa. A indústria se anima porque a demanda está mais alta e tenta contratar mais mão de obra, e aí o preço sobe. O próprio Valorfez uma matéria chamando atenção para os acordos salariais recordes neste ano. Isso representa aumento do custo da mão de obra e consequentemente reduz a rentabilidade da indústria. Então a indústria não tem por quê produzir mais. Não há pressão sobre a capacidade instalada, mas sobre mão de obra. E não é só na indústria, o pessoal de construção civil também. Não tem engenheiro e também não tem pedreiro.
Valor: Essa dificuldade em produzir, então, facilita a entrada de importados?
Bacha: Ao tentar produzir mais o salário sobe, e com isso diminui a rentabilidade, então ela não produz além de certo patamar. Aumentamos as importações não porque a indústria não tem condições de concorrência, mas porque ela está plenamente empregada.
Valor: Onde isso pode chegar?
Bacha: Essa falta de mão de obra pode extravasar para aumento da inflação ou um déficit não financiável nas transações correntes. Esse é que é o problema, não é a desindustrialização.
Valor: Não estamos dependendo muito da demanda chinesa por commodities?
Bacha: A ideia de que os preços estão em alta e podem cair e gerar um problema é exagerada. Se daqui a cinco anos a China parar de consumir, a Índia assume a demanda. Vivemos uma mudança estrutural profunda, semelhante a que ocorreu na passagem do século XIX para o XX, quando o país líder era consumidor de commodities, a Inglaterra, e passou a ser os Estados Unidos, um país produtor de commodities. Passamos, então, cem anos com os preços das commodities no chão, o que deu caminho para a industrialização. Agora está saindo dos EUA e indo para China e Índia, que, como a Inglaterra antigamente, demandam commodities.
Valor: O Brasil, então, continuará sendo o país do futuro?
Bacha: Não temos um terço da humanidade, como têm China e Índia. Mas temos diversos desafios vencidos, o que é ótimo, o que deixa o caminho aberto. Superamos a ideia de que o Brasil só crescia de maneira estável com ditadura, primeiro com a industrialização induzida por Vargas e depois com os militares. Superamos essa fase, podemos ser uma economia que não vai por saltos, mas cresce e com democracia. Depois a ideia de que a única maneira de crescer era com inflação. Eu me lembro do Celso Furtado dizendo que 17% de inflação é mais ou menos igual a zero nos países desenvolvidos. Superamos isso também. A terceira questão é a esquerda no Brasil, e essa é a importância do Lula.
Valor: Como assim?
Bacha: Até dezembro de 2001, quando o PT teve o manifesto de Olinda e ignorou o fim da Guerra Fria, ninguém poderia saber como seria um governo de esquerda. Aí vem o Lula e joga com todos os velhos vícios da política brasileira. Nós passamos por esse teste.
Valor: O que falta, então?
Bacha: Faltava demanda por recursos naturais, mas até isso superamos, com o surgimento da Ásia, com forte demanda pelos produtos que os latino-americanos têm à oferecer. Nossos problemas agora não têm a dramaticidade que tinham quando as questões eram hiperinflação, ditadura, a perspectiva de um governo de esquerda e a falta de demanda por nossas commodities. Isso é passado.
Valor: O Brasil está mais complexo. Mas ainda não superou todos os problemas do passado, como a desigualdade de renda...
Bacha: Concordo. Continuamos com um problema de distribuição de renda, que é coisa que precisa sempre ser priorizada. Mas não é só isso, temos outros problemas, antigos, que não foram resolvidos. Temos uma produtividade ainda fraca, o setor público ainda abocanha uma parcela muito grande do produto e não entrega no mesmo nível, o sistema político é um horror, o sistema tributário é uma vergonha e a Previdência, se não for reformada, vai quebrar o país em 2050. Uma quantidade enorme de problemas que precisam ser atacados, mas nós temos o know-how.
Valor: Este é o momento para discutir essas questões?
Bacha: Nas épocas eleitorais claramente não é. Quando você vê o nível do debate que tivemos em 2010 dá vontade de correr. Especialmente quando o principal debate se deu em torno do aborto. Temos um problema aí com essa emergência da classe média, que todo mundo está achando uma maravilha, mas ela não necessariamente tem uma face bonita, basta ver nos EUA com o Tea Party. Acho que está fora de cogitação pensar que essa classe média pode pensar em ditadura, mas estará ela disposta a discutir a fundo esses diferentes problemas? Em alguns temas já formamos consensos, como na questão dos tributos, que foi levantada depois das eleições, quando falaram sobre o financiamento da saúde.
Valor: O sr. concorda com o retorno da CPMF?
Bacha: É claro que não concordo. Acho absurdo pensar em criar mais um imposto quando o governo está arrecadando barbaridades. É preciso arrumar os gastos, não a arrecadação.
Valor: O caso da Previdência é um exemplo?
Bacha: Exatamente. Gastamos 11% do PIB com Previdência quando o normal seria 5%. Dentro da Previdência, o equivalente a 3,5 pontos percentuais são gastos com pensões, quando o normal seria 1% do PIB. Temos esses privilégios adquiridos que têm uma força enorme e representam uma parcela muito grande dos impostos.
Valor: Mas programas como o Bolsa Família são baratos, não?
Bacha: Sim, o Bolsa Família atinge 12 milhões de famílias e custa apenas 0,4% do PIB. O Loas, que atinge quantidade enorme de idosos, custa só 0,6% do PIB. Então, quando o governo fala em financiar os programas sociais, não pode estar se referindo a esses, que são muito baratos. O que ocorre é uma usurpação dos gastos sociais, dando a todo tipo de gasto o nome de social.
Valor: Dê um exemplo, por favor.
Bacha: Na educação, o grosso dos gastos públicos vai para universidades gratuitas. Não tem a mínima razão para as universidades serem gratuitas no Brasil.
Valor: Nenhuma?
Bacha: Não, nenhuma. Desde que se tenha uma política de bolsas, não precisamos ter universidades gratuitas.
Valor: Então seria possível privatizar as universidades públicas?
Bacha: Eu não gosto dessa palavra "privatizar", há mecanismos em que os beneficiários dos gastos públicos têm co-participação desde que tenham renda para tal, seja por bolsa, seja por empréstimos escolares. Os argumentos que estão por trás desses privilégios, tanto na Previdência quanto na educação superior, vêm da Constituição, que prevê que o ensino deve ser universal e gratuito. É gratuito, mas não pode ser universal e nem pode ser, e o dia que for o país arrebenta, porque não dá para atender todo mundo de graça. Essa é a dificuldade do PT para comandar o próximo passo.
Valor: E esse passo seria qual?
Bacha: O processo que vêm pela frente está baseado na eficiência do setor público e na equidade nos gastos, porque eles não gostam de falar em privatização.
Valor: O país deixaria então de ser a "Belíndia"?
Bacha: Se continuarmos no ritmo desses últimos dez anos, daqui a 15 anos estaremos perto dos Estados Unidos de hoje. O índice de Gini do Brasil passou de 0,65 para 0,56, mas o padrão americano é de 0,40, e o europeu é de 0,25, então ainda há muito a ser feito. Temos trilhado esse caminho, mas as coisas vão ficar mais difíceis. Os desafios que temos hoje na área social são mais caros e mais complexos. Uma coisa era resolver o problema da vacinação e da mortalidade infantil, algo razoavelmente simples, mas dar SUS para todos é muito mais complicado. Com educação, uma coisa era colocar todo mundo na escola, agora é preciso fazer as crianças aprender alguma coisa.
Valor: E o Estado consegue dar conta de tudo?
Bacha: Claro que não. Boa parte do desafio agora é encontrar formas de maior participação do setor privado nessa área social. E aí tem esse grande entrave do PT. A pior coisa do governo que termina foi ter demonizado a ideia de privatização. Nós não conseguimos resolver o problema dos aeroportos porque qualquer coisa que mexe com privatização é travado. Isso é terrível porque nessa nova fase o setor público não consegue dar conta, seja do ponto de vista administrativo, seja do lado financeiro. Talvez a Dilma nos surpreenda.
Valor: Você acha que ela vai surpreender?
Bacha: Não sei. Até agora o ministério é muito velho, não? Não vejo uma cara de estar preparado para uma nova fase, parece quatro anos do mesmo.
Valor: A inflação deve fechar o ano em torno de 6%, acima da meta de 4,5% do Banco Central. Em 2002, quando a inflação dobrou, o sr. defendeu uma meta mais branda. O que acha hoje?
Bacha: Naquela época tivemos um choque de oferta, não era a economia trabalhando a mil, como hoje. Com choque de oferta se justifica um tratamento mais brando na hora de trazer inflação para a meta. Não é que o BC não tenha de atacar a inflação, mas atacar de forma compatível com o problema. Em 2010 é outra história, é basicamente demanda. Tem um ciclo de alimentos, que ajudou por três meses a inflação e agora está incomodando.
Valor: Isso quer dizer que a maior taxa de juros do mundo vai subir ainda mais?
Bacha: Seria ótimo que o lado fiscal ajudasse, mas não acho que isso vai acontecer. Quem dera que o "neomanteguismo" me surpreenda com um ajuste fiscal forte, mas vai sobrar para o BC. O que é ruim, porque já temos a maior taxa de juros do mundo.
Valor: Mas o PIB deve crescer fortemente nos próximos anos, não? Não só pelo carry-over de 2010, mas também pela perspectiva de pré-sal, Copa do Mundo, Olimpíada etc.
Bacha: Não acho que o PIB vá crescer tudo isso que está sendo projetado pelo governo e pelo mercado.
Valor: Por quê?
Bacha: Porque não temos poupança para isso.
Valor: Mas podemos continuar ampliando nosso déficit em transações correntes para sustentar o crescimento, não?
Bacha: Podemos, claro, nessa hipótese o PIB crescerá mesmo, e imitaremos a Austrália, que cresce há muitos anos, mesmo com um endividamento externo elevado, de 5% a 7% do PIB. Mas se chegarmos nesse nível o mercado pode achar que somos mais Hungria que Austrália, e a confiança se esvai rapidamente.
Valor: Como tornar o crescimento sustentável, como incentivar poupança?
Bacha: É mais fácil ter um diagnóstico da poupança do setor público que do privado. O setor público já chegou a poupar 7% do PIB, hoje poupa 1,5%. Quando se controla o gasto corrente sobra mais para poupar e investir, não tem muito mistério nisso. A questão do setor privado é mais complexa. Pense na China. O problema deles não é como aumentar a poupança, mas diminuí-la. Sabe como?
Valor: Como?
Bacha: Dê a eles um sistema universal de saúde, educação e previdência. A poupança das famílias, das empresas e do Estado vai embora rapidinho. Precisamos pensar além da poupança, os EUA nunca pouparam muito. Precisamos pensar na inovação, essa foi a razão do sucesso dos americanos.
Valor: O que deve fazer o Estado?
Bacha: Precisa fazer coisas básicas, como ocupar o Morro do Alemão (RJ). Esse é um caso quase patético de como o Estado deve agir. É como quando acabamos com a inflação, havia todo um nundo novo à nossa frente.
Valor: Que balanço o sr. faz do governo Lula?
Bacha: Teve dois grandes méritos. O PT nasceu longe das bases comunistas e populistas, mais ligado à social-democracia, a um sindicalismo mais avançado, às bases da Igreja. O que vai ser quando chegar no poder? O discurso era péssimo, assustador. Mas chegou lá e demonstrou que é possível ter governo de esquerda no Brasil. Outra coisa é o pragmatismo do Lula. Começou a atacar a pobreza com o Fome Zero. Quando viu que o programa era ruim, foi para o Bolsa Família, que deu muito certo.
Valor: E o que o sr. avalia mal?
Bacha: Um dos erros nem foi propriamente do Lula, que foi o caso do mensalão, quando o governo resolveu fazer as reformas do começo de governo, reformas difíceis de fazer e de passar pelo Congresso e resolveram utilizar o método tradicional, mais fácil, de comprar os parlamentares. A partir daí [quando estouraram as denúncias], Lula resolveu desistir de passar reformas. Ter abandonado as reformas foi algo muito ruim. Outro problema foi a demonização da privatização. Como Lula ganhou em 2006 do Alckmin com essa plataforma, percebeu que esse ideário funciona, é eleitoralmente impotente. É uma coisa muito ruim isso, porque o Brasil não vai conseguir fazer a Copa do Mundo do jeito que os aeroportos estão. Quantas PPPs o governo fez? Não sei se a Dilma vai ter a capacidade de fazer as coisas de outra forma.
Assista vídeo com a entrevista em www.valor.com.br
Os problemas do "made in Brazil" sao made in Brazil: portanto...
... a solução só pode vir do próprio Brasil. Qualquer solução protecionista - de mais tarifas e maior isolamento da competição externa -- ou simplesmente cambial -- como uma desvalorizaçnao artificial da moeda brasileira -- são falsas soluções e só podem redundar em perdas para a sociedade e para a economia.
Enfrentar nossas mazelas é tarefa para a póxima presidente: veremos se ele está à altura dos desafios.
Paulo Roberto de Almeida
Enfrentar nossas mazelas é tarefa para a póxima presidente: veremos se ele está à altura dos desafios.
Paulo Roberto de Almeida
Pressões pelo protecionismo
Editorial O Estado de S.Paulo
21 de dezembro de 2010 | 23h 27
Aumentar o poder de competição da economia nacional será uma das principais tarefas do novo governo, se a presidente Dilma Rousseff quiser manter a produção e o emprego em crescimento. A invasão de produtos importados, o saldo comercial minguante e o crescente buraco na conta corrente do balanço de pagamentos não permitem muita hesitação. Se demorar a agir, o governo ficará perigosamente exposto a pressões de empresários e sindicalistas e terá dificuldade para evitar uma recaída do Brasil no protecionismo.
A movimentação de sindicalistas em favor de uma ação oficial contra as importações já é ostensiva, como indicou reportagem publicada segunda-feira no Estado. A presença crescente de produtos importados no mercado brasileiro é apontada como ameaça ao emprego. O risco pode ser pouco perceptível para a maioria das pessoas, neste momento, mas tende a crescer e é preciso levá-lo em conta.
Dirigentes de entidades empresariais também têm pedido socorro e tendem a articular-se com os sindicalistas na cobrança de medidas defensivas e de benefícios tributários aos produtores brasileiros.
Articulações desse tipo são perigosas. Induzem os governos a produzir respostas políticas para atender os grupos mais articulados, em vez de tomar providências mais eficazes para fortalecer a economia nacional. Protecionismo e subsídios são bons para alguns setores empresariais e para algumas categorias de trabalhadores, mas custam muito para o consumidor, para os trabalhadores de outras áreas e para os contribuintes em geral.
Para responder ao desafio, o novo governo terá de enfrentar com urgência tarefas prometidas e jamais cumpridas de forma satisfatória pelas autoridades nos últimos anos. O País dispõe oficialmente de uma Política de Desenvolvimento Produtivo, mas a ação oficial nunca foi muito além das palavras e da formulação de esquemas ambiciosos. O crescimento econômico dos últimos oito anos foi muito mais uma consequência da ação dos empresários do que das iniciativas governamentais. O ambiente internacional favorável até 2008 também ajudou muito.
Em vez de esperar pressões de sindicalistas e de empresários, a equipe do novo governo deveria examinar as deficiências da economia brasileira e pensar em como combatê-las. Pode-se encontrar um bom inventário dos problemas no estudo comparativo de competitividade publicado na sexta-feira passada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Nesse estudo, o Brasil aparece em 36.º lugar numa lista de 43 países. Esse conjunto corresponde a cerca de 90% do produto bruto global. O País subiu um degrau nessa classificação, desde o levantamento anterior, mas continuou no grupo dos países de baixa competitividade (nos outros grupos estão os de competitividade alta, satisfatória e média).
A posição brasileira seria provavelmente melhor, se a classificação fosse baseada só nos atributos das empresas. Mas o poder de competição do setor produtivo é determinado por numerosos fatores, como a carga tributária, a qualidade das finanças públicas, as condições de financiamento, a qualidade e a extensão da infraestrutura, a taxa de poupança e a oferta da mão de obra adequada. Em todos esses itens o Brasil perde para as economias desenvolvidas e para a maior parte das emergentes.
O Brasil, uma das dez maiores economias do mundo, tem hoje mais influência do que há oito ou dez anos. Mas isso não lhe assegura vantagem permanente no confronto com os competidores. Os dados são muito claros: o produtor nacional vem perdendo a corrida tanto no mercado externo quanto no interno. Sem as boas condições de preços dos produtos básicos, a receita de exportações teria crescido bem menos neste ano e as perspectivas seriam piores em 2011.
Há poucos dias o ministro da Fazenda anunciou estímulos ao financiamento de longo prazo. A medida é oportuna, mas o programa é limitado e não produzirá efeitos imediatos. Além disso, é preciso agir numa frente muito mais ampla. Se for rápido, o novo governo poderá desenvolver uma política racional e eficaz. Se for lento, ficará exposto a pressões perigosas.
A movimentação de sindicalistas em favor de uma ação oficial contra as importações já é ostensiva, como indicou reportagem publicada segunda-feira no Estado. A presença crescente de produtos importados no mercado brasileiro é apontada como ameaça ao emprego. O risco pode ser pouco perceptível para a maioria das pessoas, neste momento, mas tende a crescer e é preciso levá-lo em conta.
Dirigentes de entidades empresariais também têm pedido socorro e tendem a articular-se com os sindicalistas na cobrança de medidas defensivas e de benefícios tributários aos produtores brasileiros.
Articulações desse tipo são perigosas. Induzem os governos a produzir respostas políticas para atender os grupos mais articulados, em vez de tomar providências mais eficazes para fortalecer a economia nacional. Protecionismo e subsídios são bons para alguns setores empresariais e para algumas categorias de trabalhadores, mas custam muito para o consumidor, para os trabalhadores de outras áreas e para os contribuintes em geral.
Para responder ao desafio, o novo governo terá de enfrentar com urgência tarefas prometidas e jamais cumpridas de forma satisfatória pelas autoridades nos últimos anos. O País dispõe oficialmente de uma Política de Desenvolvimento Produtivo, mas a ação oficial nunca foi muito além das palavras e da formulação de esquemas ambiciosos. O crescimento econômico dos últimos oito anos foi muito mais uma consequência da ação dos empresários do que das iniciativas governamentais. O ambiente internacional favorável até 2008 também ajudou muito.
Em vez de esperar pressões de sindicalistas e de empresários, a equipe do novo governo deveria examinar as deficiências da economia brasileira e pensar em como combatê-las. Pode-se encontrar um bom inventário dos problemas no estudo comparativo de competitividade publicado na sexta-feira passada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Nesse estudo, o Brasil aparece em 36.º lugar numa lista de 43 países. Esse conjunto corresponde a cerca de 90% do produto bruto global. O País subiu um degrau nessa classificação, desde o levantamento anterior, mas continuou no grupo dos países de baixa competitividade (nos outros grupos estão os de competitividade alta, satisfatória e média).
A posição brasileira seria provavelmente melhor, se a classificação fosse baseada só nos atributos das empresas. Mas o poder de competição do setor produtivo é determinado por numerosos fatores, como a carga tributária, a qualidade das finanças públicas, as condições de financiamento, a qualidade e a extensão da infraestrutura, a taxa de poupança e a oferta da mão de obra adequada. Em todos esses itens o Brasil perde para as economias desenvolvidas e para a maior parte das emergentes.
O Brasil, uma das dez maiores economias do mundo, tem hoje mais influência do que há oito ou dez anos. Mas isso não lhe assegura vantagem permanente no confronto com os competidores. Os dados são muito claros: o produtor nacional vem perdendo a corrida tanto no mercado externo quanto no interno. Sem as boas condições de preços dos produtos básicos, a receita de exportações teria crescido bem menos neste ano e as perspectivas seriam piores em 2011.
Há poucos dias o ministro da Fazenda anunciou estímulos ao financiamento de longo prazo. A medida é oportuna, mas o programa é limitado e não produzirá efeitos imediatos. Além disso, é preciso agir numa frente muito mais ampla. Se for rápido, o novo governo poderá desenvolver uma política racional e eficaz. Se for lento, ficará exposto a pressões perigosas.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
America Latina: crescimento empurrado pela Asia
A China e a India, e outros paises asiáticos, estão longe de constituir, ainda, o motor da economia mundial, e de certa forma são incapazes de sustentar a retomada do crescimento nos EUA e na Europa, inclusive porque dependem desses mercados de consumo para suas exportações.
Mas, a Asia é claramente responsável pelo crescimento da AL: em outros termos, continuamos a ser uma economia "reflexa", como já proclamava, desde os anos 1940, um economista preclaro como Eugenio Gudin...
Paulo Roberto de Almeida
70% DO CRESCIMENTO DA AMÉRICA LATINA EM 2010 SE DEVEU À ÁSIA!
Trechos do artigo de Jorge Castro, analista e ex-ministro argentino no Clarín (19).
1. A América Latina cresceu 6% este ano, com um aumento da renda per capita de 4,8%, depois de cair -1,9% em 2009. A expansão da região ultrapassou todas as previsões, segundo a Cepal, e as únicas exceções a este crescimento generalizado são a Venezuela e o Haiti, que caíram -1,6% e -7%, respectivamente. É um crescimento heterogêneo. A América do Sul vai crescer 6,6%, enquanto o México e a América Central, 4,9%.
2. A diferença entre as duas dinâmicas é que na América do Sul estão os países exportadores de commodities (agrícolas, minerais e energia), que tiveram uma extraordinária melhora em termos de intercâmbio e um valor recorde em suas exportações. Mais de 70% do crescimento sul-americano este ano é devido à demanda de países emergentes (China / Índia).
3. Isso significa que o PIB mundial cresceu em 2010 em U$S 69.947 bilhões (poder de compra doméstico -PPP), dos quais os países avançados têm 49,3%, e os demais, 50,7%. Neste quadro, a China tem, medida em PPP, uma porcentagem maior do que a dos EUA da produção mundial (U$S 15.203 bilhões/21,7% versus U$S14.369 bilhões/20,5%). Devido a isso, o crescimento da China este ano representa 59% do total mundial, enquanto que o crescimento dos EUA equivale a 15%.
(da coluna diaria do ex-blog de Cesar Maia, 21.12.2010)
Mas, a Asia é claramente responsável pelo crescimento da AL: em outros termos, continuamos a ser uma economia "reflexa", como já proclamava, desde os anos 1940, um economista preclaro como Eugenio Gudin...
Paulo Roberto de Almeida
70% DO CRESCIMENTO DA AMÉRICA LATINA EM 2010 SE DEVEU À ÁSIA!
Trechos do artigo de Jorge Castro, analista e ex-ministro argentino no Clarín (19).
1. A América Latina cresceu 6% este ano, com um aumento da renda per capita de 4,8%, depois de cair -1,9% em 2009. A expansão da região ultrapassou todas as previsões, segundo a Cepal, e as únicas exceções a este crescimento generalizado são a Venezuela e o Haiti, que caíram -1,6% e -7%, respectivamente. É um crescimento heterogêneo. A América do Sul vai crescer 6,6%, enquanto o México e a América Central, 4,9%.
2. A diferença entre as duas dinâmicas é que na América do Sul estão os países exportadores de commodities (agrícolas, minerais e energia), que tiveram uma extraordinária melhora em termos de intercâmbio e um valor recorde em suas exportações. Mais de 70% do crescimento sul-americano este ano é devido à demanda de países emergentes (China / Índia).
3. Isso significa que o PIB mundial cresceu em 2010 em U$S 69.947 bilhões (poder de compra doméstico -PPP), dos quais os países avançados têm 49,3%, e os demais, 50,7%. Neste quadro, a China tem, medida em PPP, uma porcentagem maior do que a dos EUA da produção mundial (U$S 15.203 bilhões/21,7% versus U$S14.369 bilhões/20,5%). Devido a isso, o crescimento da China este ano representa 59% do total mundial, enquanto que o crescimento dos EUA equivale a 15%.
(da coluna diaria do ex-blog de Cesar Maia, 21.12.2010)
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