quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Presidente ou presidenta?: um problema da mais alta relevancia

Acho, sinceramente, que o país precisa parar um pouco para discutir essa questão do sexo, perdão, do gênero da presidente, perdão presidenta. Não, o gênero já está determinado, desde que ela nasceu, por sinal, e não há sinal de que pretenda mudar de gênero, pelo menos não no plano propriamente sexual. Mas quem sabe no terreno literário, ou terminológico?
Oh céus, oh deuses, como vamos fazer em face de todas essas dúvidas cruéis?
Chamaremos a presidenta de presidente, mesmo contra as suas preferências?
Ficamos com a Academia Brasileira de Letras, com o dicionário, ou com algum decreto presidencial?
Enfim, o debate já começou, como discute este jornalista, por demais conhecido...
Paulo Roberto de Almeida

Abaixo a fada e viva o fado, grita a pós-feminista!
Reinaldo Azevedo, 08/02/2011

A maior contribuição da agora senadora Marta Suplicy (PT-SP) à língua portuguesa havia se dado no terreno da metáfora. Quando tinha um programa de TV, ainda “sexóloga”, foi indagada sobre a importância do tamanho do pênis. Misturando o conto de fadas com um conto de…, bem, resistirei à tentação do trocadilho porque a VEJA me daria um puxão de orelha, respondeu: “Não importa o tamanho da varinha, mas a mágica que ela faz”. Há controvérsias. Adiante!

Na tarde desta terça, ela decidiu demonstrar por que está no Senado, onde é primeira vice-presidente. José Sarney, o acadêmico presidente, o “lírico de Saraminda” (a fogosa que, suponho, não concordaria com a fada em nome de um bom fado); o sub-épico sertanejo de “Maribondos de Fogo”, este prosador incansável na tentativa de produzir prosa…, bem, Sarney referiu-se a Dilma Rousseff como “presidente”.

Marta resolveu bater a varinha do feminismo na mesa! Interrompeu Sarney — que cobria Dilma Primeira de elogios, é claro — e o corrigiu:
— Presidente não, presidenta!

Um tantinho vexado, ele respondeu:
— As duas formas estão corretas. Vou usar a forma francesa: “Madame le président“

Deus nos guarde! Com efeito, estamos diante de uma questão de suma importância, não é mesmo? “Presidente”, em português, é um substantivo comum de dois gêneros, que admite também a variável “presidenta”. E Sarney, no caso, está certo. É raro isso acontecer, mas, diante de Marta, quem não estaria? Eduardo Suplicy talvez…

Na sua resposta, aliás, Sarney entrou numa questão que chegou a gerar certa polêmica entre as feministas francesas, que defendiam a forma “Madame la presidente” para mulheres. Ocorre que a palavra, em francês, é “président” e só, no masculino. E quem define se existe o feminino ou não, por lá, é a Academia Francesa. A nossa também tem esse poder normativo — e participou ativamente da última, e tola, reforma ortográfica. O problema da nossa academia é que se mete com tipos como Sarney, e aí ninguém dá bola para a instituição, que tem ares de coisa sagrada na França.

Nos documentos oficiais do governo, Dilma exige ser chamada de “presidenta”, para deixar marcado que ela é uma mulher, coisa certamente incontestável. Submeter a língua a questões políticas de gênero é, com certeza absoluta, coisa de desocupados; a depender da circunstância em que se o faça, é também manifestação de má-criação.

Marta certamente tornará a Mesa do Senado mais politicamente correta e, bem…, mais malcriada. Inclusive com a gramática!

“Abaixo a fada e viva o fado!”, grita a pós-feminista!

Bebam - e comentem - com moderação!

Obesidade se espalha no Terceiro Mundo: e agora, como fica o Fome Zero Universal???!!!

Primeiro a notícia, sem dúvida decepcionante para alguns:

Obesidade se espalha por países em desenvolvimento
original em The Economist, 8/02/2011

Aumento está ligado a um crescimento da riqueza econômica

Os aumentos nos níveis de obesidade são uma notícia ruim para a população e para os orçamentos da saúde, mas também estão relacionados a boas notícias, como o aumento da riqueza econômica.

Os três mapas do gráfico abaixo, que foram elaborados de acordo com um novo estudo global liderado pelo Professor Majid Ezzati, da Imperial College, em Londres, e publicado pelo “Lancet”, mostram que – com exceção da Polinésia – a obesidade era um fenômeno dos países ricos em 1980.

Em 2008 o mundo das países ricos se expandiu, levando a obesidade a grupos em países até então considerados pobres como o Brasil e a África do Sul. Durante esse período, a incidência de casos de obesidade entre homens dobrou e se aproximou dos 10%. Um país resistiu obstinadamente a essa tendência. Desde que a Índia abriu sua economia, em 1990, seus homens, em média, emagreceram. O estudo sugere que o Congo é o país mais magro do mundo, e Nauru, o mais gordo. O mapa da Imperial College pode ser visto aqui.
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Bem, eu conheço um falador contumaz que queria sair pelo mundo reduzindo a fome e a miséria, pretendendo até implantar um "Fome Zero Universal" (aliás, desde 2003, sem jamais ter conseguido).
Como é que ficamos agora?

Diplomata reintegrado, com 70 anos (e a aposentadoria?)

Nada contra que se faça justiça contra erros, abusos e arbítrios cometidos no passado, mas a Constituição determina que a aposentadoria é compulsória aos 70 anos...
Paulo Roberto de Almeida

Diplomata é reintegrado ao Itamaraty
Evandro Éboli
O Globo, 08/02/2011

Anistiado, Jom Tob Azulay, que foi perseguido na ditadura, vai para Nova Déli

BRASÍLIA. Depois de 34 anos, o diplomata Jom Tob Azulay foi reintegrado aos quadros do Itamaraty, no cargo de conselheiro do quadro especial. Azulay deixou o Ministério das Relações Exteriores em 1976, depois de sofrer seguidas perseguições do regime militar. Em agosto de 2010, a Comissão de Anistia aprovou sua condição de anistiado político e seu retorno ao Itamaraty. Em janeiro, ele finalmente voltou e, no fim deste mês, seguirá para seu novo posto diplomático, em Nova Déli, na Índia.

Azulay, de 70 anos, foi cônsul do Brasil em Los Angeles, no início dos anos 1970, e um divulgador, nos Estados Unidos, do documentário "Brazil: a report on torture" ("Brasil, o relato de uma tortura"), com depoimentos de ex-presos políticos brasileiros, na época exilados no Chile.

Ele ingressou no Instituto Rio Branco em 1965 e sofreu perseguição no trabalho, o que o obrigou a solicitar remoção para o Consulado-Geral em Los Angeles, onde permaneceu até 1974. Afastou-se do trabalho no Itamaraty em 1976, quando já estava de volta ao Brasil.

O documentário, realizado pelo cineasta americano Haskel Wexler, trata de parte do grupo de ativistas da luta armada que foi trocado pelo embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, em 1971. Os militantes, para denunciar a tortura, encenaram no filme práticas como pau de arara, choque elétrico, espancamento e afogamento. Azulay, que também é cineasta, conseguiu uma cópia e fazia exibições para brasileiros que viviam ou passavam pelos EUA. Uma dessas sessões se deu na casa do músico Oscar Castro Neves, na presença de Tom Jobim e Elis Regina, que estavam na cidade para gravar um álbum.

Azulay disse que, naquele período, foi criado um aparato repressivo no Itamaraty:

- Os militares tinham um olhar diferente para o Itamaraty, por se tratar da relação com o exterior. Era muito importante a preservação de certa imagem do regime. Quando me tornei cônsul, nos Estados Unidos, fiz sessões quase públicas contra o governo. Estava em rota de colisão irreversível.

O diplomata diz lamentar que o documentário seja desconhecido no Brasil. Até hoje, foi realizada apenas uma exibição, num evento na Comissão de Anistia, ano passado.

- Inacreditável que até hoje esse filme seja desconhecido no Brasil. Só há uma explicação: a sociedade reprime e joga véu de esquecimento sobre a tortura - disse Azulay.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Confissoes virtuais (mas a US$ 1,99): enfim, poupando gasolina, sai barato...

Na verdade, não sei se dispensa uma presença efetiva, mas bem que se poderia pensar em outro dispositivo, ou applicativo iTunes, para facilitar essas confissões...

Igreja Católica nos EUA aprova aplicativo para confissões
Alexandre Mello, Blog do Estadão
8 de fevereiro de 2011 | 15h26
Um aplicativo de iPhone destinado a ajudar os católicos a se confessarem (e encorajá-los ao retorno da fé) foi sancionado pela Igreja Católica americana. É o que informa a Reuters.

O app Confession: A Roman Catholic foi criado pela empresa Little iApps e já está disponível no iTunes por US$ 1,99.
Segundo seus inventores, o software não substitui o ritual da confissão e, sim, um padre ainda é necessário para perdoar os pecados. Mas afirmam categoricamente que o uso do app foi “oficialmente autorizado pelo bispo Kevin Rhoades, da Diocese de Fort Wayne, em Indiana”.
O conteúdo do Confession: A Roman Catholic foi desenvolvido com a ajuda dos bispos Thomas Weinandy, da Conferência de Bispos Católicos Americanos (USCCB), e Dan Scheidt, da Igreja Católica Rainha da Paz, de Indiana.
Basicamente, são quatro passos: a configuração do usuário; um exame de consciência (onde o usuário relembra os dez mandamentos e responde um teste); a confissão em si e o que os padres dizem sobre isso.

Adiando uma cupula (mas vai ser preciso trocar de cupula tambem...)

O anúncio é banal, corriqueiro, até esperado, necessário, indispensável: havendo problemas de agenda, é preciso remarcar os compromissos.
Primeiro o anúncio, que foi veiculado também pelo boletim da liderança de certo partido governamental no Congresso:

Cúpula América do Sul-Países Árabes tem nova data

A Embaixada do Peru no Brasil confirmou ontem ao Ministério das Relações Exteriores que a 3ª Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), em Lima, prevista para começar no dia 12 deste mês, foi remarcada para 20 de abril. Assessores brasileiros foram informados sobre o adiamento das reuniões em decorrência da crise que atinge parte do mundo muçulmano. É uma medida de precaução, a pedido dos líderes políticos dos países árabes.

A presidenta Dilma Rousseff estrearia na cúpula nos dias 15 e 16 de fevereiro. Em um primeiro momento, caberia a ela discursar em duas situações – para os empresários e depois para os líderes políticos sul-americanos e árabes. Porém, o adiamento da cúpula pode mudar parte do cronograma.

O adiamento da cúpula, na avaliação do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), é estratégico, já que havia um grande risco de vários líderes de países árabes não comparecerem ao evento em função do agravamento da crise política. “Não havia outra alternativa senão o adiamento da cúpula. A ausência destes governantes no evento poderia levar a cúpula ao fracasso. Precisamos de uma cúpula consistente, prestigiada, para não perdermos credibilidade”, defendeu.

Cúpula - No total, representantes de 33 países integram a Aspa. Dos 22 países árabes que fazem parte da cúpula, seis passam por um momento delicado na política interna, como o Egito, a Jordânia, o Líbano, a Palestina, a Síria e o Iêmen. Em decorrência dessa turbulência, os líderes políticos da região pediram à organização da cúpula da Aspa para adiar sua realização.

Até o adiamento da cúpula, os negociadores planejavam divulgar, depois das reuniões, uma nota conjunta em defesa do ambiente democrático e do bem da população. O caso da criação do Estado palestino também teria destaque em apoio à autonomia e defesa da região. A medida seria uma resposta à crise política no Egito e nos demais países.

Desde o final do ano passado, há uma série de discussões pautadas para a Aspa, que se estendem à questão política na região árabe. Na lista de prioridades estão a preocupação com os efeitos da alta do preço dos alimentos, a falta de água nos países árabes e os problemas gerados por causa da desertificação.

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Medida de precaução é eufemismo.
Só que além da data, vai ser preciso trocar de cúpula também, pois os da cúpula anterior correm o risco de terem certas dificuldades para chegar, alguns até estando em lugares incertos e não sabidos, outros certamente não foram sabidos ao ponto de reformar seus regimes a tempo e agora amargam um doce exílio (tão doce quanto o permitido pelas reservas pessoais acumuladas em tantos anos de liderança sábia e esclarecida), e outros estão sendo sabidos a ponto de adiarem uma cúpula qeu corre o risco de ser adiada mais uma vez e até de não se realizar.
Que tristeza, não é mesmo? Tanta coisa para ser dita e esses manifestantes atrapalhando o calendário governamental.
Aproveitando a espera, quem sabe não se reforma a agenda, também, colocando, por exemplo, temas como direitos humanos, democracia, boa governança na ordem do dia?
Enfim, é só uma sugestão...

Trem-bala: medida pode ser provisoria, mas o prejuizo vai ser permanente...

A rigor, não se trata de um trem-bala, mas de uma licença para assaltar os cofres públicos, uma medida altamente irresponsável, no limite do criminoso. Tendio os Correios na operação não poderia dar outra, aliás, mas nem precisaria...

Medida provisória para salvar trem veloz
DCI, 08/02/11 (p.A5)

Uma das medidas provisórias mais polêmicas que travam a pauta da Câmara dos Deputados, a MP 511/ 10 (do trem-bala), ganhou a partir de hoje uma grande adesão: a participação dos Correios.

Integracao regional: balanco (em 2008) e perspectivas

Descubro agora, graças a um amigo, que um trabalho meu sobre a integração na América do Sul, elaborado mais de dois anos atrás no quadro de um projeto regional, foi "publicado" e encontra-se disponível para leitura e download:

Integração regional e inserção internacional dos países da América do Sul: evolução histórica, dilemas atuais e perspectivas futuras
ALMEIDA, Paulo R. de. Integração regional e inserção internacional dos países da América do Sul: evolução histórica, dilemas atuais e perspectivas futuras. São Paulo: Instituto Fernando Henrique Cardoso; Santiago do Chile: Corporación de Estudios para Latinoamérica (Cieplan), 2008. 55 p. Contribuição ao projeto: “Uma Nova Agenda Econômica e Social para a América Latina”. Disponível em: http://www.ifhc.org.br/.
Mais especificamente neste link.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...