O Itamaraty, visivelmente, esperava dar um basta nessa história chata de passaportes diplomáticos indevidamente concedidos a quem nunca deveria, ou merecia, ter recebido. Expediu uma nota que em síntese quis dizer o seguinte: "Olha, aqueles passaportes foram concedidos na administração anterior, segundo regras então em vigor. O que passou, passou, vamos olhar para a frente".
Acho que o Ministério Público Federal não vai gostar da postura, e vai exigir cancelamento e devolução dos passaportes, pois mesmo na gestão anterior, a lei não permitia tal concessão.
Acho que a solução mais correta seria esta: se os personagens contemplados com passaportes diplomáticos não pretendem devolvê-los, basta o Itamaraty fazer uma circular, distribuída à Polícia Federal e a todos os países com os quais o Brasil tem relações comunicando que os passaportes diplomáticos de números DA xxxxxxx (listar todos) foram cancelados e não apresentam mais validade.
A rigor, se os detentores não dispõem de passaportes comuns, nem precisaria comunicar aos demais países: basta inscrevê-los na lista de saída da Polícia Federal: no aeroporto, em caso de viagem, os passaportes seriam imediatamente recolhidos e os indigitados (não preciso lembrar os nomes) nem poderiam embarcar. Tampouco poderiam receber passaportes comuns da Polícia Federal enquanto não entregassem os diplomáticos.
As simple as that...
Paulo Roberto de Almeida
POLÍTICA
O Itamaraty rebaixado
Editorial - Folha de S. Paulo
12 de Maio de 2011
Alheio a protestos pela moralidade pública, o Itamaraty anuncia que manterá a validade dos passaportes diplomáticos concedidos a familiares do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no apagar das luzes de seu governo.
Os documentos, que conferem a seus portadores tratamento especial em viagens internacionais, foram distribuídos a quatro filhos e três netos do então presidente.
Tudo sob o manto de um inexplicável "princípio de excepcionalidade" e da justificativa de que assim mandava o "interesse do país".
É do interesse do país, ao contrário, impor limites à cultura do privilégio na política brasileira.
A reação negativa da opinião pública, uma vez revelada por esta Folha a benesse indevida, levou o Itamaraty a modificar, no início do ano, as regras para a emissão de passaportes diplomáticos. Justificativas formais passaram a ser exigidas daqueles que pleiteiam o documento.
Seus nomes, uma vez aprovada a distinção, têm de ser publicados no "Diário Oficial da União".
Apesar do reconhecimento tácito do erro anterior, a chancelaria do governo Dilma Rousseff decide agora desafiar um pedido formal de cancelamento dos superpassaportes, apresentado pelo Ministério Público Federal. Argumenta que os diplomas foram conferidos antes da alteração nas regras e que, portanto, não cabem questionamentos à motivação ou à legalidade da decisão.
É evidente a motivação antirrepublicana da concessão, pelo ex-ministro Celso Amorim, de privilégios à família do chefe.
E a legalidade de seu gesto é, sim, questionável, mesmo segundo os frouxos parâmetros em vigor durante o governo a que serviu.
Nunca houve interesse público - critério exigido pelas antigas normas para a emissão dos superpassaportes. Só interesse privado.
Ao mesmo tempo, seria razoável esperar que a entrada em vigor de novas normas obrigasse o Ministério das Relações Exteriores a rever os documentos recentemente concedidos pela pasta.
Nada disso será feito, jacta-se o Itamaraty. A Justiça, provocada pelo Ministério Público, precisa então obrigá-lo a voltar atrás e, assim, recompor a reputação republicana de que sempre desfrutou.
Transcrito no blog do Noblat: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2011/05/11/o-itamaraty-rebaixado-editorial-379619.asp
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Diplomatizzando fora do ar: sabotagem da Al-Qaeda? Ou foi da CIA?
Sem paranoias, mas como alguns podem ter percebido -- e mais de um me escreveu dizendo que não conseguia acessar meu blog, este aqui -- o Diplomatizzando ficou "fora do ar" durante quase 24hs.
Não sei o que pode ter acontecido, e onde ele se escondeu, mas o fato é que esse modesto instrumento de informação, comunicação e análises permaneceu inacessível desde o final da tarde de ontem, 12 de maio.
Talvez já fosse uma preparação para a Sexta-Feira 13 de maio, hoje mesmo, dia em que tudo pode acontecer.
O fato é que vários posts (não sei quantos exatamente, pois não faço cópias preventivas, confiando nos bons serviços da Google) foram eliminados, perdidos em algum escaninho do grande cyberspace.
Se eu fosse paranóico, eu diria que foi sabotagem do pessoal do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, pois eu tinha postado uma nota desmentindo o Secretário da Justiça americano, que afirmava que os EUA consideraram prender e processar Osama Bin-Lade, em lugar de executá-lo simplesmente. Claro, era uma brincadeira bem humorada, mas esse pessoal leva a vida muito a sério.
O fato é que parece que estou de volta... (a confirmar).
Mas meus postos desde o dia 11 foram extraviados.
Quem tiver posts meus dos últimos dois dias e quiser me mandar, eu agradeço.
Teve muita notícia sobre o fabuloso Mercosul, sobre economia brasileira e sobre os temas habituais deste espaço inocente... (mas tem gente que não acha).
Paulo Roberto de Almeida
=========
Complemento em 13/05/2011, as 21:17hs:
Tão misteriosamente como tinham desaparecido, os postos surripiados por algum gênio do mal da Google apareceram de volta, aparentemente na posição certa.
Nunca vou saber o que houve, provavelmente, pois se foi o Google, a CIA ou a turma do Bin-Laden quem sabotou o meu blog, eles nunca vão confessar, mesmo submetidos a water-boarding...
Enfim, não vou fazer isso, mas eu só queria entender...
Paulo Roberto de Almeida
Não sei o que pode ter acontecido, e onde ele se escondeu, mas o fato é que esse modesto instrumento de informação, comunicação e análises permaneceu inacessível desde o final da tarde de ontem, 12 de maio.
Talvez já fosse uma preparação para a Sexta-Feira 13 de maio, hoje mesmo, dia em que tudo pode acontecer.
O fato é que vários posts (não sei quantos exatamente, pois não faço cópias preventivas, confiando nos bons serviços da Google) foram eliminados, perdidos em algum escaninho do grande cyberspace.
Se eu fosse paranóico, eu diria que foi sabotagem do pessoal do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, pois eu tinha postado uma nota desmentindo o Secretário da Justiça americano, que afirmava que os EUA consideraram prender e processar Osama Bin-Lade, em lugar de executá-lo simplesmente. Claro, era uma brincadeira bem humorada, mas esse pessoal leva a vida muito a sério.
O fato é que parece que estou de volta... (a confirmar).
Mas meus postos desde o dia 11 foram extraviados.
Quem tiver posts meus dos últimos dois dias e quiser me mandar, eu agradeço.
Teve muita notícia sobre o fabuloso Mercosul, sobre economia brasileira e sobre os temas habituais deste espaço inocente... (mas tem gente que não acha).
Paulo Roberto de Almeida
=========
Complemento em 13/05/2011, as 21:17hs:
Tão misteriosamente como tinham desaparecido, os postos surripiados por algum gênio do mal da Google apareceram de volta, aparentemente na posição certa.
Nunca vou saber o que houve, provavelmente, pois se foi o Google, a CIA ou a turma do Bin-Laden quem sabotou o meu blog, eles nunca vão confessar, mesmo submetidos a water-boarding...
Enfim, não vou fazer isso, mas eu só queria entender...
Paulo Roberto de Almeida
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Nada nos une, tudo nos separa... (ops, acho que era ao contrario...)
Teve um presidente argentino que disse essa famosa frase, muito anos atrás:
"Todo nos une, nada nos separa!"
Bonito...
Na prática, a coisa vinha crescendo, sob os olhos compreensivos, lenientes, incompreensivelmente tolerantes das autoridades brasileiras, que achavam que precisavam "ajudar" os hermanos, que passavam por dificuldades, coitados...
O fato é que em lugar de reforçar o Mercosul, isso só desmantelava as bases do bloco comercial, que virou uma peça de ficção (de má qualidade, um fake de Borges...).
Mas a solução protecionista adotada é a pior possível: só contribui para aumentar ainda mais o descolamento dos dois países das regras do sistema multilateral de comércio, muito embora os principais violadores sejam mesmo nossos vizinhos...
Agora vai haver certo burburinho pela imprensa, depois as autoridades vão se sentar, as máximas autoridades vão colocar panos quentes, prometer juras de amor e a vida seguirá, como sempre...
Paulo Roberto de Almeida
Discretamente, Brasil começa a retaliar a Argentina
Sergio Leo
Valor Econômico, 12/05/2011
Comércio exterior: Alfândegas foram orientadas para retirar do canal automático autopeças importadas
Discretamente, o governo brasileiro começou nesta semana a adotar retaliações comerciais à Argentina, em represália à retenção de produtos brasileiros nas alfândegas do país vizinho, segundo informou uma autoridade ligada ao assunto. As aduanas receberam orientação para retirar do canal automático autopeças importadas pelo Brasil, provocando pequenos atrasos, como sinal ao governo vizinho das medidas mais severas que poderão ser adotadas, caso não se resolvam as dificuldades encontradas por exportadores brasileiros nas alfândegas do sócio no Mercosul.
Ontem, a ministra da Indústria argentina, Débora Giorgi, telefonou ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, mas foi atendida pela secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres. Giorgi queria dizer ao ministro que não recebeu a carta que Pimentel, na véspera, disse ter enviado ao governo argentino, pedindo o fim das retenções de mercadorias nas alfândegas. A carta foi reenviada por fax.
Falava-se ontem, no governo, na possibilidade de enviar a Buenos Aires o secretário-geral do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira, para obter um compromisso firme do governo argentino pelo fim das medidas erráticas de bloqueio na entrada de bens brasileiros. Apesar de as retenções afetarem uma parcela ainda pequena do intenso comércio bilateral, elas ameaçam a sobrevivência, por prejuízos imprevistos com o bloqueio das vendas aos argentinos, de empresas médias e pequenas, como as do setor de chocolates. Outros produtos afetados pelas barreiras, que assumem a forma de exigências contraditórias da burocracia nas aduanas, são eletrodomésticos da linha branca e máquinas agrícolas.
Débora Giorgi mandou recados ao governo brasileiro, para que se evitasse a disputa pela imprensa, como interpretam os argentinos as queixas feitas por autoridades brasileiras nos últimos dias. O governo claramente tem usado essas declarações para reforçar as mensagens frustradas pela via diplomática. "O ideal é não tomar medidas", comentava ontem um graduado funcionário do governo. A informação de que, na prática, já começaram as dificuldades para autopeças argentinas na aduana brasileira não foi confirmada por outras fontes ligadas ao assunto, que afirmavam haver disposição para negociar até terça-feira, data da reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que deve discutir a estratégia para lidar com as medidas do país vizinho.
Os argentinos já receberam, nos últimos dias, recados de pelo menos dois ministérios do Brasil sobre a "iminência" da retaliação. Um dos fatores que irritam o governo brasileiro é a falta de resposta argentina para o pedido de uma reunião ministerial bilateral, destinada a remover os problemas. O pedido foi feito na primeira semana de abril pelo secretário-geral do Itamaraty, Ruy Nogueira, que queria uma reunião dos ministérios de Indústria e Relações Exteriores. Os argentinos fizeram questão de incluir os ministérios da Fazenda e Economia e, desde então, não fixaram uma data para o encontro.
O governo brasileiro reconhece que as exportações brasileiras crescem em praticamente todos os setores, e o saldo comercial em favor do Brasil, de US$ 1,3 bilhão até abril, já é quase 140% maior que o do mesmo período do ano passado. Havia a decisão, na cúpula do governo, de discutir e resolver o conflito discretamente. Há consenso em Brasília de que as ações protecionistas estão ligadas ao período eleitoral e se destinam também a minimizar os efeitos da fuga de capitais no país vizinho, que chega a US$ 1 bilhão por dia, nas estimativas mais alarmistas. Nesta semana, Débora Giorgi foi recebida como heroína em um evento da União Industrial Argentina (UIA), que congrega representantes dos produtores locais beneficiados pelo bloqueio aos importados.
O fracasso dos contatos diplomáticos e o descumprimento das promessas de "fast track" (ação rápida) para a liberação dos produtos brasileiros levaram, porém, as autoridades do Brasil a mudar de tom. Pois, para obter dividendos políticos, o governo argentino está, afinal, criando áreas de atrito entre o governo e o setor privado brasileiros, avalia um graduado assessor do governo.
==================
Editorial do Estadão:
Já viria tarde
Editorial - O Estado de S.Paulo
12 de maio de 2011
Termina no fim de semana o prazo que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, considera necessário para que o governo da Argentina diga como vai resolver os problemas que tem causado à entrada de produtos brasileiros no país, com a imposição de diferentes restrições, cuja aplicação em muitos casos fere as regras do comércio internacional. Se, até lá, as restrições que prejudicam as exportações de centenas de produtos fabricados no Brasil não tiverem sido eliminadas, o governo diz que poderá adotar medidas de retaliação contra produtos argentinos destinados ao mercado brasileiro.
Caso decida aplicar tais medidas, o governo brasileiro estará apenas respondendo na mesma moeda ao tratamento dado pelo governo da presidente Cristina Kirchner aos produtos brasileiros vendidos para a Argentina - mas estará agindo com grande atraso, pois são antigas, crescentes e, quase sempre, irregulares as barreiras argentinas. Não há, porém, nenhuma garantia de que as autoridades de Brasília agirão com o rigor necessário para conter os excessos protecionistas do governo Kirchner.
Na área de comércio exterior, o governo brasileiro tem sido excessivamente tolerante com o argentino. Desrespeitando as regras da união aduaneira em que, pelo menos no papel, se transformou o Mercosul, o que implica a livre circulação de mercadorias entre os países que compõem o bloco, a Argentina eliminou as licenças automáticas para a entrada no país de uma lista de centenas de produtos, a maior parte dos quais o Brasil exporta para o país vizinho. Depois, estabeleceu uma espécie de preço mínimo para a entrada de outros produtos e criou taxas antidumping na entrada de outro conjunto de mercadorias. A empresa de consultoria econômica e de comércio exterior Abeceb, de Buenos Aires, calcula que 24% dos produtos brasileiros que entram na Argentina, ou praticamente um quarto do total, estão sujeitos a algum tipo de restrição.
É estranho que medidas desse tipo - aceitas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), reconheça-se - sejam aplicadas não somente aos produtos originários de países de fora do Mercosul, mas também a mercadorias de países do próprio bloco comercial. Essas restrições enfraquecem ainda mais o já periclitante bloco comercial, que, por causa das muitas exceções às regras da união aduaneira, não justifica, na prática, essa condição. Mesmo assim, o governo brasileiro concordou com as restrições argentinas.
O caso fica ainda mais esquisito quando se observa que, não contente em descumprir as regras da união aduaneira, a Argentina deixa de obedecer também às normas da OMC. As regras internacionais determinam que as licenças não automáticas devem ser concedidas no prazo máximo de 60 dias, mas exportadores brasileiros se queixam de que seus produtos têm de aguardar até 180 dias para obter a autorização de entrada no mercado argentino. Por isso, filas de caminhões carregados com produtos brasileiros formam-se na fronteira, causando grande prejuízos para o exportador.
Em fevereiro, em Buenos Aires, o ministro Fernando Pimentel acertou com a ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi, que, a partir daquele momento, a concessão da licença não automática para importação não excederia o prazo legal. Pelo visto, o acerto não está sendo respeitado. Pimentel informou que enviou cartas a sua colega argentina - conhecida pelo rigor com que trata a questão, alegando que há muitos anos o governo de seu país "tem sido excessivamente permissivo e frouxo com o Brasil" - pedindo providências para o cumprimento do que foi acertado há meses.
Os exportadores estão inquietos e se queixam do "grau de tolerância" do governo com relação às barreiras argentinas. O ministro do Desenvolvimento não se abala. "Queremos defender nossos exportadores", disse ao Estado. Mas ressalvou: "Queremos que a Argentina adote práticas condizentes com a relação que temos com eles, mas não podemos esquecer que o saldo positivo (do comércio bilateral) é para nós". Para concluir, afirmou: "Temos sempre que dar um crédito de confiança ao governo argentino". Será que ainda é possível que a resposta não venha?
"Todo nos une, nada nos separa!"
Bonito...
Na prática, a coisa vinha crescendo, sob os olhos compreensivos, lenientes, incompreensivelmente tolerantes das autoridades brasileiras, que achavam que precisavam "ajudar" os hermanos, que passavam por dificuldades, coitados...
O fato é que em lugar de reforçar o Mercosul, isso só desmantelava as bases do bloco comercial, que virou uma peça de ficção (de má qualidade, um fake de Borges...).
Mas a solução protecionista adotada é a pior possível: só contribui para aumentar ainda mais o descolamento dos dois países das regras do sistema multilateral de comércio, muito embora os principais violadores sejam mesmo nossos vizinhos...
Agora vai haver certo burburinho pela imprensa, depois as autoridades vão se sentar, as máximas autoridades vão colocar panos quentes, prometer juras de amor e a vida seguirá, como sempre...
Paulo Roberto de Almeida
Discretamente, Brasil começa a retaliar a Argentina
Sergio Leo
Valor Econômico, 12/05/2011
Comércio exterior: Alfândegas foram orientadas para retirar do canal automático autopeças importadas
Discretamente, o governo brasileiro começou nesta semana a adotar retaliações comerciais à Argentina, em represália à retenção de produtos brasileiros nas alfândegas do país vizinho, segundo informou uma autoridade ligada ao assunto. As aduanas receberam orientação para retirar do canal automático autopeças importadas pelo Brasil, provocando pequenos atrasos, como sinal ao governo vizinho das medidas mais severas que poderão ser adotadas, caso não se resolvam as dificuldades encontradas por exportadores brasileiros nas alfândegas do sócio no Mercosul.
Ontem, a ministra da Indústria argentina, Débora Giorgi, telefonou ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, mas foi atendida pela secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres. Giorgi queria dizer ao ministro que não recebeu a carta que Pimentel, na véspera, disse ter enviado ao governo argentino, pedindo o fim das retenções de mercadorias nas alfândegas. A carta foi reenviada por fax.
Falava-se ontem, no governo, na possibilidade de enviar a Buenos Aires o secretário-geral do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira, para obter um compromisso firme do governo argentino pelo fim das medidas erráticas de bloqueio na entrada de bens brasileiros. Apesar de as retenções afetarem uma parcela ainda pequena do intenso comércio bilateral, elas ameaçam a sobrevivência, por prejuízos imprevistos com o bloqueio das vendas aos argentinos, de empresas médias e pequenas, como as do setor de chocolates. Outros produtos afetados pelas barreiras, que assumem a forma de exigências contraditórias da burocracia nas aduanas, são eletrodomésticos da linha branca e máquinas agrícolas.
Débora Giorgi mandou recados ao governo brasileiro, para que se evitasse a disputa pela imprensa, como interpretam os argentinos as queixas feitas por autoridades brasileiras nos últimos dias. O governo claramente tem usado essas declarações para reforçar as mensagens frustradas pela via diplomática. "O ideal é não tomar medidas", comentava ontem um graduado funcionário do governo. A informação de que, na prática, já começaram as dificuldades para autopeças argentinas na aduana brasileira não foi confirmada por outras fontes ligadas ao assunto, que afirmavam haver disposição para negociar até terça-feira, data da reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que deve discutir a estratégia para lidar com as medidas do país vizinho.
Os argentinos já receberam, nos últimos dias, recados de pelo menos dois ministérios do Brasil sobre a "iminência" da retaliação. Um dos fatores que irritam o governo brasileiro é a falta de resposta argentina para o pedido de uma reunião ministerial bilateral, destinada a remover os problemas. O pedido foi feito na primeira semana de abril pelo secretário-geral do Itamaraty, Ruy Nogueira, que queria uma reunião dos ministérios de Indústria e Relações Exteriores. Os argentinos fizeram questão de incluir os ministérios da Fazenda e Economia e, desde então, não fixaram uma data para o encontro.
O governo brasileiro reconhece que as exportações brasileiras crescem em praticamente todos os setores, e o saldo comercial em favor do Brasil, de US$ 1,3 bilhão até abril, já é quase 140% maior que o do mesmo período do ano passado. Havia a decisão, na cúpula do governo, de discutir e resolver o conflito discretamente. Há consenso em Brasília de que as ações protecionistas estão ligadas ao período eleitoral e se destinam também a minimizar os efeitos da fuga de capitais no país vizinho, que chega a US$ 1 bilhão por dia, nas estimativas mais alarmistas. Nesta semana, Débora Giorgi foi recebida como heroína em um evento da União Industrial Argentina (UIA), que congrega representantes dos produtores locais beneficiados pelo bloqueio aos importados.
O fracasso dos contatos diplomáticos e o descumprimento das promessas de "fast track" (ação rápida) para a liberação dos produtos brasileiros levaram, porém, as autoridades do Brasil a mudar de tom. Pois, para obter dividendos políticos, o governo argentino está, afinal, criando áreas de atrito entre o governo e o setor privado brasileiros, avalia um graduado assessor do governo.
==================
Editorial do Estadão:
Já viria tarde
Editorial - O Estado de S.Paulo
12 de maio de 2011
Termina no fim de semana o prazo que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, considera necessário para que o governo da Argentina diga como vai resolver os problemas que tem causado à entrada de produtos brasileiros no país, com a imposição de diferentes restrições, cuja aplicação em muitos casos fere as regras do comércio internacional. Se, até lá, as restrições que prejudicam as exportações de centenas de produtos fabricados no Brasil não tiverem sido eliminadas, o governo diz que poderá adotar medidas de retaliação contra produtos argentinos destinados ao mercado brasileiro.
Caso decida aplicar tais medidas, o governo brasileiro estará apenas respondendo na mesma moeda ao tratamento dado pelo governo da presidente Cristina Kirchner aos produtos brasileiros vendidos para a Argentina - mas estará agindo com grande atraso, pois são antigas, crescentes e, quase sempre, irregulares as barreiras argentinas. Não há, porém, nenhuma garantia de que as autoridades de Brasília agirão com o rigor necessário para conter os excessos protecionistas do governo Kirchner.
Na área de comércio exterior, o governo brasileiro tem sido excessivamente tolerante com o argentino. Desrespeitando as regras da união aduaneira em que, pelo menos no papel, se transformou o Mercosul, o que implica a livre circulação de mercadorias entre os países que compõem o bloco, a Argentina eliminou as licenças automáticas para a entrada no país de uma lista de centenas de produtos, a maior parte dos quais o Brasil exporta para o país vizinho. Depois, estabeleceu uma espécie de preço mínimo para a entrada de outros produtos e criou taxas antidumping na entrada de outro conjunto de mercadorias. A empresa de consultoria econômica e de comércio exterior Abeceb, de Buenos Aires, calcula que 24% dos produtos brasileiros que entram na Argentina, ou praticamente um quarto do total, estão sujeitos a algum tipo de restrição.
É estranho que medidas desse tipo - aceitas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), reconheça-se - sejam aplicadas não somente aos produtos originários de países de fora do Mercosul, mas também a mercadorias de países do próprio bloco comercial. Essas restrições enfraquecem ainda mais o já periclitante bloco comercial, que, por causa das muitas exceções às regras da união aduaneira, não justifica, na prática, essa condição. Mesmo assim, o governo brasileiro concordou com as restrições argentinas.
O caso fica ainda mais esquisito quando se observa que, não contente em descumprir as regras da união aduaneira, a Argentina deixa de obedecer também às normas da OMC. As regras internacionais determinam que as licenças não automáticas devem ser concedidas no prazo máximo de 60 dias, mas exportadores brasileiros se queixam de que seus produtos têm de aguardar até 180 dias para obter a autorização de entrada no mercado argentino. Por isso, filas de caminhões carregados com produtos brasileiros formam-se na fronteira, causando grande prejuízos para o exportador.
Em fevereiro, em Buenos Aires, o ministro Fernando Pimentel acertou com a ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi, que, a partir daquele momento, a concessão da licença não automática para importação não excederia o prazo legal. Pelo visto, o acerto não está sendo respeitado. Pimentel informou que enviou cartas a sua colega argentina - conhecida pelo rigor com que trata a questão, alegando que há muitos anos o governo de seu país "tem sido excessivamente permissivo e frouxo com o Brasil" - pedindo providências para o cumprimento do que foi acertado há meses.
Os exportadores estão inquietos e se queixam do "grau de tolerância" do governo com relação às barreiras argentinas. O ministro do Desenvolvimento não se abala. "Queremos defender nossos exportadores", disse ao Estado. Mas ressalvou: "Queremos que a Argentina adote práticas condizentes com a relação que temos com eles, mas não podemos esquecer que o saldo positivo (do comércio bilateral) é para nós". Para concluir, afirmou: "Temos sempre que dar um crédito de confiança ao governo argentino". Será que ainda é possível que a resposta não venha?
EUA dizem que não queriam executar Bin Laden
Mentira!
A intenção era aquela mesma, embora eles tenham considerado outras opções, inclusive essa de prender e processar o aparentado fonográfico do presidente americano (ou estadounidense, como diriam alguns anti-imperialistas de carteirinha).
Eu conto como foi a reunião do Conselho de Segurança Nacional, que decidiu pela execução de Bin Laden. Foi assim:
O Secretário de Segurança Nacional (cujo nome é mantido secreto por razões de segurança) abriu a reunião dizendo isto:
" -- Bem pessoal, agora que a gente já localizou o Gerônimo naquela casona da família Abott, num buraco perdido daquele país do qual gostamos tanto, precisamos decidir o que fazer com ele. As opções, basicamente, são duas: executar no ato, de conformidade com a decisão presidencial tomada em 14 de setembro de 2011, ou prendê-lo, trazer para nosso resort caribenho e submetê-lo a julgamento, com inevitável condenação a morte (precisamos ainda escolher o método: se overdose, injeção letal, churrasquinho, gravata de juta ou fuzilamento, para o que teremos talvez de convidar o pessoal dos efeitos especiais de Hollywood). Quais são as opiniões?
" -- Senhor Secretário, eu acho que essa segunda opção vai ser complicada. Veja bem: vamos ter de trazer o Gerônimo sob forte escolta, com meios extraordinários, numa fase de constrangimentos orçamentários; depois, vamos dar início ao julgamento e aquela praia não vai ter condições de receber os milhares de jornalistas do mundo inteiro que vão ficar ancorados em navios de cruzeiro, com todos os seus equipamentos, num stress insuportável para nossos boys daquele ressort, que já encontram limitações de água para suas piscinas; aí teríamos de transferir o julgamento para algum estádio de super-bowl, o que também vai ser um problema, pois teria de ser suficientemente grande, e precisaríamos controlar os nossos próprios candidatos a vingadores particulares, com mobilização de muitas tropas de segurança; e depois não vai ter hot-dog para todo mundo num estádio superlotado. Acho que vai ser difícil...
" -- Está bem; manda fuzilar o sujeito e não se fala mais nisso."
As simple as that...
Pelo roteiro: Paulo Roberto de Almeida
OPERAÇÃO DOS SEALS
Estados Unidos dizem que não queriam executar Bin Laden
12/05/2011
'Se houvesse a possibilidade de uma rendição factível, isso teria acontecido', disse o secretário de Justiça dos EUA
A operação que resultou na morte de Osaman bin Laden era uma “missão de matar ou capturar”. A afirmação foi feita nesta quinta-feira, 12, pelo secretário norte-americano de Justiça, Eric Holder, que ressaltou ainda que os EUA não tinham como objetivo principal assassinar o terrorista.
Em entrevista à BBC, Holder disse também que a rendição de Bin Laden teria sido aceita pelos norte-americanos. “Se a possibilidade existisse, se houvesse a possibilidade de uma rendição factível, isso teria acontecido”, afirmou.
Ainda de acordo com o secretário de Justiça dos EUA, a principal preocupação da missão era minimizar os riscos para os oficiais da Navy Seals, a força especial norte-americana responsável por matar Osama bin Laden.
Fotos de Bin Laden morto
A ação dos oficiais da Seals foi considerada “adequada” por Holder, que ressaltou também que as leis internacionais permitem que comandantes inimigos sejam alvos de operações.
Após o governo dos EUA decidir não divulgar as imagens de Bin Laden morto, a CIA ofereceu mostrar as fotos a membros de comissões do Congresso norte-americano. O senador republicano James Inhofe foi o primeiro a ter acesso às imagens e as descreveu como “pavorosas”, embora tenha ressaltado que elas não deixam dúvidas de que o corpo é mesmo de Osama bin Laden.
A intenção era aquela mesma, embora eles tenham considerado outras opções, inclusive essa de prender e processar o aparentado fonográfico do presidente americano (ou estadounidense, como diriam alguns anti-imperialistas de carteirinha).
Eu conto como foi a reunião do Conselho de Segurança Nacional, que decidiu pela execução de Bin Laden. Foi assim:
O Secretário de Segurança Nacional (cujo nome é mantido secreto por razões de segurança) abriu a reunião dizendo isto:
" -- Bem pessoal, agora que a gente já localizou o Gerônimo naquela casona da família Abott, num buraco perdido daquele país do qual gostamos tanto, precisamos decidir o que fazer com ele. As opções, basicamente, são duas: executar no ato, de conformidade com a decisão presidencial tomada em 14 de setembro de 2011, ou prendê-lo, trazer para nosso resort caribenho e submetê-lo a julgamento, com inevitável condenação a morte (precisamos ainda escolher o método: se overdose, injeção letal, churrasquinho, gravata de juta ou fuzilamento, para o que teremos talvez de convidar o pessoal dos efeitos especiais de Hollywood). Quais são as opiniões?
" -- Senhor Secretário, eu acho que essa segunda opção vai ser complicada. Veja bem: vamos ter de trazer o Gerônimo sob forte escolta, com meios extraordinários, numa fase de constrangimentos orçamentários; depois, vamos dar início ao julgamento e aquela praia não vai ter condições de receber os milhares de jornalistas do mundo inteiro que vão ficar ancorados em navios de cruzeiro, com todos os seus equipamentos, num stress insuportável para nossos boys daquele ressort, que já encontram limitações de água para suas piscinas; aí teríamos de transferir o julgamento para algum estádio de super-bowl, o que também vai ser um problema, pois teria de ser suficientemente grande, e precisaríamos controlar os nossos próprios candidatos a vingadores particulares, com mobilização de muitas tropas de segurança; e depois não vai ter hot-dog para todo mundo num estádio superlotado. Acho que vai ser difícil...
" -- Está bem; manda fuzilar o sujeito e não se fala mais nisso."
As simple as that...
Pelo roteiro: Paulo Roberto de Almeida
OPERAÇÃO DOS SEALS
Estados Unidos dizem que não queriam executar Bin Laden
12/05/2011
'Se houvesse a possibilidade de uma rendição factível, isso teria acontecido', disse o secretário de Justiça dos EUA
A operação que resultou na morte de Osaman bin Laden era uma “missão de matar ou capturar”. A afirmação foi feita nesta quinta-feira, 12, pelo secretário norte-americano de Justiça, Eric Holder, que ressaltou ainda que os EUA não tinham como objetivo principal assassinar o terrorista.
Em entrevista à BBC, Holder disse também que a rendição de Bin Laden teria sido aceita pelos norte-americanos. “Se a possibilidade existisse, se houvesse a possibilidade de uma rendição factível, isso teria acontecido”, afirmou.
Ainda de acordo com o secretário de Justiça dos EUA, a principal preocupação da missão era minimizar os riscos para os oficiais da Navy Seals, a força especial norte-americana responsável por matar Osama bin Laden.
Fotos de Bin Laden morto
A ação dos oficiais da Seals foi considerada “adequada” por Holder, que ressaltou também que as leis internacionais permitem que comandantes inimigos sejam alvos de operações.
Após o governo dos EUA decidir não divulgar as imagens de Bin Laden morto, a CIA ofereceu mostrar as fotos a membros de comissões do Congresso norte-americano. O senador republicano James Inhofe foi o primeiro a ter acesso às imagens e as descreveu como “pavorosas”, embora tenha ressaltado que elas não deixam dúvidas de que o corpo é mesmo de Osama bin Laden.
Ignorancia economica tambem floresce em NY: Prefeito Bloomberg como um perfeito idiota
A gente custa a crer que pessoas perfeitamente educadas, com grande experiência na vida pública, possam ser tão estúpidas como elas as vezes aparecem. Mas isso acontece, mesmo em NY, cidade sofisticada, cosmopolita, que deveria ter uma "classe dirigente" (ugh!) supostamente esclarecida e bem informada...
Pois não é o que o prefeito de NY criou uma reserva de mercado para uma única marca de automóvel como padrão obrigatório para taxis?
Ainda estou para encontrar, no nosso mundinho subdesenvolvido, medida tão estúpida quanto essa.
Claro, sabemos que certas concorrências dirigidas, no sistema brasileiro de licitações públicas, fazem exatamente isso, mas se trata de corrupção pura e simples.
Em NY se trata de estupidez mesmo...
Paulo Roberto de Almeida
The Road to Taxi Serfdom
by Robert P. Murphy
Mises Daily, May 12, 2011
One of the more interesting recent stories of government absurdity is New York City mayor Michael Bloomberg's decree that starting in 2013, the Nissan NV200 minivan will become the official taxi of the city. Over the next five years, all other models will be phased out.
In addition to illustrating the corrupting effects of political power, the episode underscores the economic problems of government ownership of roads. Densely populated cities would be incredibly more pleasant with a free market in roads and taxis.
Agora vocês já sabem que taxi vão pegar quando desembarcarem em NY a partir de 2013...
Pois não é o que o prefeito de NY criou uma reserva de mercado para uma única marca de automóvel como padrão obrigatório para taxis?
Ainda estou para encontrar, no nosso mundinho subdesenvolvido, medida tão estúpida quanto essa.
Claro, sabemos que certas concorrências dirigidas, no sistema brasileiro de licitações públicas, fazem exatamente isso, mas se trata de corrupção pura e simples.
Em NY se trata de estupidez mesmo...
Paulo Roberto de Almeida
The Road to Taxi Serfdom
by Robert P. Murphy
Mises Daily, May 12, 2011
One of the more interesting recent stories of government absurdity is New York City mayor Michael Bloomberg's decree that starting in 2013, the Nissan NV200 minivan will become the official taxi of the city. Over the next five years, all other models will be phased out.
In addition to illustrating the corrupting effects of political power, the episode underscores the economic problems of government ownership of roads. Densely populated cities would be incredibly more pleasant with a free market in roads and taxis.
Agora vocês já sabem que taxi vão pegar quando desembarcarem em NY a partir de 2013...
A Senadora acha que dinheiro nasce em arvore (ou que o Tesouro o fabrica...)
Eu sempre me surpreendo -- devo ser um ingênuo -- com a formidável cultura econômica de deputados e senadores.
Vejam (ou leiam) bem o que disse essa senadora, da base governista obviamente, sobre o custo triplicado da energia paraguaia de Itaipu para os bolsos brasileiros:
Relatora do projeto e ex-diretora financeira de Itaipu, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que não haverá impactos no bolso dos brasileiros. “Não vai impactar tarifa porque o Tesouro brasileiro vai pagar.”
Ela deve achar que o Tesouro cria dinheiro, dá de mamar para ele, e depois entrega aos paraguaios, quando esse dinheiro fica grande, belo e forte. Ou que ele recolhe nos galhos das árvores, como se fossem frutos maduros.
Esse é o Congresso que temos...
Paulo Roberto de Almeida
Brasil vai pagar o triplo por energia de Itaipu
Por Gabriela Guerreiro
Folha de S.Paulo, 12/05/2011
O Senado aprovou ontem o acordo entre Brasil e Paraguai que triplica o valor pago pelo governo brasileiro ao país vizinho pela energia da hidrelétrica da usina de Itaipu não utilizada pelos paraguaios. O projeto amplia os valores que estão estabelecidos no Tratado de Itaipu, firmado pelos dois países. A aprovação ocorre quatro dias antes de a presidente Dilma Rousseff realizar visita oficial ao Paraguai. Por pressão do Palácio do Planalto, líderes governistas se articularam para aprovar o projeto a tempo de Dilma levar a “boa notícia” ao presidente paraguaio, Fernando Lugo.
Com maioria folgada no Senado, os governistas aprovaram o texto depois de mais de cinco horas de debates- mesmo com diversos protestos de senadores do DEM, PSDB e PPS, os principais partidos de oposição. Por se tratar de projeto de decreto legislativo, o texto entra em vigor logo depois da sua publicação- sem a necessidade de ser sancionado pelo Executivo. Com a mudança, o Brasil vai elevar de 5,1 para 15,3 o fator de multiplicação aplicado aos valores estabelecidos no Tratado de Itaipu para os pagamentos por cessão de energia não utilizada no Paraguai.
Na prática, a mudança de cálculo multiplica por três o valor gasto pelo governo brasileiro para financiar a energia produzida em Itaipu. Segundo a oposição, o valor de US$ 120 milhões pagos anualmente pelo governo ao Paraguai vai subir para próximo de US$ 360 milhões. “Consumidores e contribuintes serão claramente afetados por esse aumento”, disse o senador Itamar Franco (PPS-MG). Relatora do projeto e ex-diretora financeira de Itaipu, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que não haverá impactos no bolso dos brasileiros. “Não vai impactar tarifa porque o Tesouro brasileiro vai pagar.”
Vejam (ou leiam) bem o que disse essa senadora, da base governista obviamente, sobre o custo triplicado da energia paraguaia de Itaipu para os bolsos brasileiros:
Relatora do projeto e ex-diretora financeira de Itaipu, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que não haverá impactos no bolso dos brasileiros. “Não vai impactar tarifa porque o Tesouro brasileiro vai pagar.”
Ela deve achar que o Tesouro cria dinheiro, dá de mamar para ele, e depois entrega aos paraguaios, quando esse dinheiro fica grande, belo e forte. Ou que ele recolhe nos galhos das árvores, como se fossem frutos maduros.
Esse é o Congresso que temos...
Paulo Roberto de Almeida
Brasil vai pagar o triplo por energia de Itaipu
Por Gabriela Guerreiro
Folha de S.Paulo, 12/05/2011
O Senado aprovou ontem o acordo entre Brasil e Paraguai que triplica o valor pago pelo governo brasileiro ao país vizinho pela energia da hidrelétrica da usina de Itaipu não utilizada pelos paraguaios. O projeto amplia os valores que estão estabelecidos no Tratado de Itaipu, firmado pelos dois países. A aprovação ocorre quatro dias antes de a presidente Dilma Rousseff realizar visita oficial ao Paraguai. Por pressão do Palácio do Planalto, líderes governistas se articularam para aprovar o projeto a tempo de Dilma levar a “boa notícia” ao presidente paraguaio, Fernando Lugo.
Com maioria folgada no Senado, os governistas aprovaram o texto depois de mais de cinco horas de debates- mesmo com diversos protestos de senadores do DEM, PSDB e PPS, os principais partidos de oposição. Por se tratar de projeto de decreto legislativo, o texto entra em vigor logo depois da sua publicação- sem a necessidade de ser sancionado pelo Executivo. Com a mudança, o Brasil vai elevar de 5,1 para 15,3 o fator de multiplicação aplicado aos valores estabelecidos no Tratado de Itaipu para os pagamentos por cessão de energia não utilizada no Paraguai.
Na prática, a mudança de cálculo multiplica por três o valor gasto pelo governo brasileiro para financiar a energia produzida em Itaipu. Segundo a oposição, o valor de US$ 120 milhões pagos anualmente pelo governo ao Paraguai vai subir para próximo de US$ 360 milhões. “Consumidores e contribuintes serão claramente afetados por esse aumento”, disse o senador Itamar Franco (PPS-MG). Relatora do projeto e ex-diretora financeira de Itaipu, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que não haverá impactos no bolso dos brasileiros. “Não vai impactar tarifa porque o Tesouro brasileiro vai pagar.”
Um "marquissista" preocupado com o "mofo liberal": Altamiro Borges
Marquissistas do tipo que segue abaixo obviamente não publicariam o "mofo neoliberal" em seus blogs, como eu vou fazer com sua salada indignada de invectivas contra o pensamento "neoliberal". Se somos tão "mofados" assim, por que se dar ao trabalho de resumir todo um seminário, em seu blog, criticando todos e cada um dos que dele participaram, inclusive este modesto escriba que aqui comparece (e lhe dá uma chance a mais de ser lido e "ouvido")?
Eu aposto como ele passou todo o dia do Seminário se remoendo em sua cadeira, cercado de "neoliberais", se contorcendo desesperadamente de raiva e despeito, com uma vontade enorme de xingar todo mundo e proclamar que éramos os "reacionários" que estavam sendo enterrados pelo novo pensamento "libertador", mas que se conteve durante todo o dia, apenas para depois, reunir penosamente suas notas carregadas de ódio contra esses neoliberais que ousam sobreviver e arrostar a onda revolucionária que varre o Brasil e o continente, e que promete, mais um pouco, nos jogar a todos na lata de lixo da História...
Ele fica realmente incomodado com o fato desse pequeno punhado de neoliberais impenitentes ousarem ainda arrostar os novos tempos, com ideias derrotadas mas ainda não abandonadas, segundo sua análise preclara.
Em todo caso, precisamos agradecer-lhe pelo resumo, ainda que deformado e totalmente enviesado dos paineis do seminário. Ele diz, por exemplo, que:
"Em quase todos eles, a defesa da democracia liberal e do deus-mercado...".
Bem, para corrigir o nosso marquissista, eu me lembro, perfeitamente, que todos os participantes palestrantes de fato revelaram seu compromisso com a democracia liberal (não acho que eles tenham "defendido", assim num sentido defensivo, como pretende o marquissista, mas talvez ele queira atacar a democracia liberal, em nome, quem sabe?, de uma democracia "participativa", à la Chávez), mas não me lembro de nenhum, um sequer, que tenha se referido ao "deus-mercado".
Isso já é deformação do nosso marquissista.
Quanto a mim, vejamos o que disse o nosso marquissista:
"O diplomata Paulo Roberto de Almeida, por exemplo, afirmou que “o Brasil é um pais muito caro e excessivamente burocratizado” e atacou o “Estado gastador”. Ex-assessor de FHC, ele também ironizou a política externa “lulista”. “O PIB diplomático hoje é muito melhor que o PIB econômico, sem falar no PIB futebolístico”."
Corrijo: nunca fui assessor de FHC, e se tivesse sido, não teria nenhum problema em dizer: poderia até acrescentar que, sendo funcionário de Estado, fui também "ex-assessor de Lula", embora ele não me tenha dado essa chance. Se tivesse sido, quem sabe teria evitado algumas sérias derrapagens cometidas por amadores como os nossos marquissistas em política externa.
Tomado de tanta raiva, ele também não entendeu que eu não ironizei a política externa "lulista", mas a homenageei, ao contrário do que ele pensa: eu não disse que ela era melhor do que o PIB econômico -- ele não deve ter lido Engels, e ainda confunde qualidade e quantidade -- mas sim que o nosso "PIB diplomático" era MAIOR do que o "PIB econômico", e certamente muito maior do que o nosso "PIB militar", mas que todos eles perdiam para o "PIB futebolístico".
Esses marquissistas não têm nenhum humor e não percebem quando estamos prestando uma homenagem a nossos futebolistas e diplomatas, craques do terreno (quando não são atrapalhados por técnicos amadores como ele e outros marquissistas de opereta).
Enfim, não vou comentar todo o seu resumo manifestamente enviesado e deformado (mas trasncrito in totum aqui abaixo), para não tirar de vocês o prazer da leitura.
Apenas ouso acrescentar o seguinte: quem quiser saber o que eu disse, mais ou menos (pois não li um texto que fiz apenas para alinhavar algumas ideias), pode consultar este post neste blog:
Forum Liberdade e Democracia - Instituto Millenium (minha participacao, PRA)
TERÇA-FEIRA, 3 DE MAIO DE 2011
Fico por aqui e espero que vocês se divirtam.
Antes de terminar, lanço um repto ao nosso marquissista. Que ele transcreva algumas palestras "neoliberais" (a minha ou de qualquer outro), em seu "Blog do Miro", assim como eu transcrevi o resumo dele. Ele demonstraria assim seu espírito democrático não sectário e aberto (não acredito que o faça, porém, pois esse pessoal é meio bravo). Ele pode criticar depois, todo o "neoliberalismo" dos participantes,
Na verdade, e com isso concluo, ninguém ali era neoliberal, pois nenhum de nós reconhece essa tremenda bobagem disseminada pelos marquissistas. Não existem neoliberais: ou o sujeito é liberal, ponto, ou ele é confuso, apenas isso. Neoliberalismo não existe; existem ideias liberais.
Eu, por exemplo, não sou nem liberal, nem neoliberal. Apenas me pretendo racionalista...
Paulo Roberto de Almeida
O mofo neoliberal do Instituto Millenium
Por Altamiro Borges
Blog do Miro, 09 de Maio de 2011 - 14h07
No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, em 3 de maio, o Instituto Millenium promoveu o “2º Fórum Democracia e Liberdade”, no auditório da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo. O evento, que reuniu representantes de poderosas empresas nacionais e multinacionais, serviu para mostrar que o neoliberalismo, apesar de derrotado nas urnas no Brasil, não está morto politicamente. As idéias neoliberais têm até cheiro de mofo, mas não foram abandonadas pela elite empresarial!
A defesa da redução do papel do Estado, das privatizações, da extinção das leis trabalhistas e da abertura desnacionalizante da economia – entre outros dogmas do “Consenso de Washington” – foi a tônica do 2º fórum do Millenium. Entre os palestrantes, muitos velhos militantes da seita neoliberal e alguns novos simpatizantes, como Eugênio Bucci, ex-diretor da Radiobrás. De comum, as duras críticas ao legado do governo Lula – tachado de “populista”, “esquerdista”, “terceiro-mundista”, etc.
O discurso batido de Roberto Civita
Roberto Civita, presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, que edita a revista Veja, e conselheiro do Millenium, fez o discurso de abertura. Ele voltou a insinuar, num discurso já batido, que a liberdade de imprensa corre sérios riscos. Mesmo sem nunca ter passado fome na vida, tratou a liberdade de imprensa como um direito absoluto, acima de todos os outros direitos:
“O mais perfeito dos sistemas, que garantisse ao homem plena satisfação de suas necessidades físicas, seria uma monstruosidade se lhe cassasse a palavra... Se me permitem um simbolismo que resume a importância da liberdade de expressão, lembro que, com a palavra pode-se reivindicar o pão, mas o pão, por si, não garante o exercício da palavra; se manipulado por populistas, pode até contribuir para tolhê-la”.
A piada sobre a objetividade da mídia
No maior cinismo, ele ainda afirmou que “a imprensa deve ser protegida de qualquer arroubo controlador do estado, mas ela também deve ser limitada por um imperativo ético: o compromisso obsessivo com a verdade e a objetividade. Mais do que nunca, precisamos do que ouso chamar aqui de ‘informação com curadoria’, que envolve isenção, a verificação obrigatória dos fatos levantados e a sua colocação no devido contexto”.
Com certeza, Civita deve ter se esquecido das inúmeras capas e reportagens sensacionalistas da Veja, do denuncismo vazio que desrespeita o preceito constitucional da “presunção da inocência” e destrói reputações, da penca de processos contra as calúnias da sua revista. Como chefão da Veja, expressão maior do partidarismo direitista da mídia nativa e sucursal rastaqüera do império estadunidense, ele deveria evitar falar em “compromisso obsessivo com a verdade e a objetividade”. Parece piada pronta!
Pensamento único e enfadonho
Depois da cômica abertura do “paladino da liberdade”, cinco painéis foram apresentados sobre os desafios do Brasil. Em quase todos eles, a defesa da democracia liberal e do deus-mercado. O diplomata Paulo Roberto de Almeida, por exemplo, afirmou que “o Brasil é um pais muito caro e excessivamente burocratizado” e atacou o “Estado gastador”. Ex-assessor de FHC, ele também ironizou a política externa “lulista”. “O PIB diplomático hoje é muito melhor que o PIB econômico, sem falar no PIB futebolístico”.
Já o economista Alexandre Schwartsman, um neoliberal convicto, bateu na carga tributária brasileira, que prejudica “a saúde dos negócios no Brasil”. Outro economista, Rodrigo Constantino, viajou na maionese. Garantiu que Lula implantou um modelo que “está matando a iniciativa privada empreendedora. É só botar um boné vermelho e ir à Brasília que você consegue privilégios”. Os dois parecem morar em outro país – desconhecendo o recente crescimento brasileiro e o próprio enriquecimento dos ricaços!
As bravatas dos “calunistas” da mídia
Entre os “calunistas” convidados, Demétrio Magnoli, estrela da TV Globo, voltou a conclamar os empresários para uma oposição mais dura ao atual governo. “As elites econômicas tornaram-se financiadoras compulsórias da política dirigente, que passa a suprimir a oposição porque ganhou o poder de comprar consciências, de pagar opiniões”. O petulante teórico das elites garante que “o lulopetismo se reorganizou como reação à queda do Muro de Berlim e ao governo FHC” e deve ser combatido.
Já o colunista do jornal Valor e diretor do Instituto Análise, Alberto Carlos Almeida, pregou maior firmeza na defesa dos valores liberais e criticou a falta de oposição no país. “O Brasil entende o liberalismo como conservadorismo. A visão conservadora, no Brasil, não é plena e ativa. O discurso liberal e real nunca foi aplicado no Brasil”, lamentou. Na mesma linha, outros oradores contaram a mesma ladainha.
A única novidade do 2º Fórum do Instituto Millenium foi a presença da ativista iraniana Mina Ahadi, que aproveitou o evento para atacar o governo do seu país e para exigir do governo Dilma Rousseff “a defesa dos direitos humanos”. Um dia antes, os EUA atentaram contra a soberania do Paquistão e usaram depoimentos arrancados sob tortura para executar Osama Bin Laden. Sobre isto, Mina Ahadi nada falou! No intimo, o fórum da “liberdade e democracia” até comemorou a “vitória do império”.
Eu aposto como ele passou todo o dia do Seminário se remoendo em sua cadeira, cercado de "neoliberais", se contorcendo desesperadamente de raiva e despeito, com uma vontade enorme de xingar todo mundo e proclamar que éramos os "reacionários" que estavam sendo enterrados pelo novo pensamento "libertador", mas que se conteve durante todo o dia, apenas para depois, reunir penosamente suas notas carregadas de ódio contra esses neoliberais que ousam sobreviver e arrostar a onda revolucionária que varre o Brasil e o continente, e que promete, mais um pouco, nos jogar a todos na lata de lixo da História...
Ele fica realmente incomodado com o fato desse pequeno punhado de neoliberais impenitentes ousarem ainda arrostar os novos tempos, com ideias derrotadas mas ainda não abandonadas, segundo sua análise preclara.
Em todo caso, precisamos agradecer-lhe pelo resumo, ainda que deformado e totalmente enviesado dos paineis do seminário. Ele diz, por exemplo, que:
"Em quase todos eles, a defesa da democracia liberal e do deus-mercado...".
Bem, para corrigir o nosso marquissista, eu me lembro, perfeitamente, que todos os participantes palestrantes de fato revelaram seu compromisso com a democracia liberal (não acho que eles tenham "defendido", assim num sentido defensivo, como pretende o marquissista, mas talvez ele queira atacar a democracia liberal, em nome, quem sabe?, de uma democracia "participativa", à la Chávez), mas não me lembro de nenhum, um sequer, que tenha se referido ao "deus-mercado".
Isso já é deformação do nosso marquissista.
Quanto a mim, vejamos o que disse o nosso marquissista:
"O diplomata Paulo Roberto de Almeida, por exemplo, afirmou que “o Brasil é um pais muito caro e excessivamente burocratizado” e atacou o “Estado gastador”. Ex-assessor de FHC, ele também ironizou a política externa “lulista”. “O PIB diplomático hoje é muito melhor que o PIB econômico, sem falar no PIB futebolístico”."
Corrijo: nunca fui assessor de FHC, e se tivesse sido, não teria nenhum problema em dizer: poderia até acrescentar que, sendo funcionário de Estado, fui também "ex-assessor de Lula", embora ele não me tenha dado essa chance. Se tivesse sido, quem sabe teria evitado algumas sérias derrapagens cometidas por amadores como os nossos marquissistas em política externa.
Tomado de tanta raiva, ele também não entendeu que eu não ironizei a política externa "lulista", mas a homenageei, ao contrário do que ele pensa: eu não disse que ela era melhor do que o PIB econômico -- ele não deve ter lido Engels, e ainda confunde qualidade e quantidade -- mas sim que o nosso "PIB diplomático" era MAIOR do que o "PIB econômico", e certamente muito maior do que o nosso "PIB militar", mas que todos eles perdiam para o "PIB futebolístico".
Esses marquissistas não têm nenhum humor e não percebem quando estamos prestando uma homenagem a nossos futebolistas e diplomatas, craques do terreno (quando não são atrapalhados por técnicos amadores como ele e outros marquissistas de opereta).
Enfim, não vou comentar todo o seu resumo manifestamente enviesado e deformado (mas trasncrito in totum aqui abaixo), para não tirar de vocês o prazer da leitura.
Apenas ouso acrescentar o seguinte: quem quiser saber o que eu disse, mais ou menos (pois não li um texto que fiz apenas para alinhavar algumas ideias), pode consultar este post neste blog:
Forum Liberdade e Democracia - Instituto Millenium (minha participacao, PRA)
TERÇA-FEIRA, 3 DE MAIO DE 2011
Fico por aqui e espero que vocês se divirtam.
Antes de terminar, lanço um repto ao nosso marquissista. Que ele transcreva algumas palestras "neoliberais" (a minha ou de qualquer outro), em seu "Blog do Miro", assim como eu transcrevi o resumo dele. Ele demonstraria assim seu espírito democrático não sectário e aberto (não acredito que o faça, porém, pois esse pessoal é meio bravo). Ele pode criticar depois, todo o "neoliberalismo" dos participantes,
Na verdade, e com isso concluo, ninguém ali era neoliberal, pois nenhum de nós reconhece essa tremenda bobagem disseminada pelos marquissistas. Não existem neoliberais: ou o sujeito é liberal, ponto, ou ele é confuso, apenas isso. Neoliberalismo não existe; existem ideias liberais.
Eu, por exemplo, não sou nem liberal, nem neoliberal. Apenas me pretendo racionalista...
Paulo Roberto de Almeida
O mofo neoliberal do Instituto Millenium
Por Altamiro Borges
Blog do Miro, 09 de Maio de 2011 - 14h07
No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, em 3 de maio, o Instituto Millenium promoveu o “2º Fórum Democracia e Liberdade”, no auditório da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo. O evento, que reuniu representantes de poderosas empresas nacionais e multinacionais, serviu para mostrar que o neoliberalismo, apesar de derrotado nas urnas no Brasil, não está morto politicamente. As idéias neoliberais têm até cheiro de mofo, mas não foram abandonadas pela elite empresarial!
A defesa da redução do papel do Estado, das privatizações, da extinção das leis trabalhistas e da abertura desnacionalizante da economia – entre outros dogmas do “Consenso de Washington” – foi a tônica do 2º fórum do Millenium. Entre os palestrantes, muitos velhos militantes da seita neoliberal e alguns novos simpatizantes, como Eugênio Bucci, ex-diretor da Radiobrás. De comum, as duras críticas ao legado do governo Lula – tachado de “populista”, “esquerdista”, “terceiro-mundista”, etc.
O discurso batido de Roberto Civita
Roberto Civita, presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, que edita a revista Veja, e conselheiro do Millenium, fez o discurso de abertura. Ele voltou a insinuar, num discurso já batido, que a liberdade de imprensa corre sérios riscos. Mesmo sem nunca ter passado fome na vida, tratou a liberdade de imprensa como um direito absoluto, acima de todos os outros direitos:
“O mais perfeito dos sistemas, que garantisse ao homem plena satisfação de suas necessidades físicas, seria uma monstruosidade se lhe cassasse a palavra... Se me permitem um simbolismo que resume a importância da liberdade de expressão, lembro que, com a palavra pode-se reivindicar o pão, mas o pão, por si, não garante o exercício da palavra; se manipulado por populistas, pode até contribuir para tolhê-la”.
A piada sobre a objetividade da mídia
No maior cinismo, ele ainda afirmou que “a imprensa deve ser protegida de qualquer arroubo controlador do estado, mas ela também deve ser limitada por um imperativo ético: o compromisso obsessivo com a verdade e a objetividade. Mais do que nunca, precisamos do que ouso chamar aqui de ‘informação com curadoria’, que envolve isenção, a verificação obrigatória dos fatos levantados e a sua colocação no devido contexto”.
Com certeza, Civita deve ter se esquecido das inúmeras capas e reportagens sensacionalistas da Veja, do denuncismo vazio que desrespeita o preceito constitucional da “presunção da inocência” e destrói reputações, da penca de processos contra as calúnias da sua revista. Como chefão da Veja, expressão maior do partidarismo direitista da mídia nativa e sucursal rastaqüera do império estadunidense, ele deveria evitar falar em “compromisso obsessivo com a verdade e a objetividade”. Parece piada pronta!
Pensamento único e enfadonho
Depois da cômica abertura do “paladino da liberdade”, cinco painéis foram apresentados sobre os desafios do Brasil. Em quase todos eles, a defesa da democracia liberal e do deus-mercado. O diplomata Paulo Roberto de Almeida, por exemplo, afirmou que “o Brasil é um pais muito caro e excessivamente burocratizado” e atacou o “Estado gastador”. Ex-assessor de FHC, ele também ironizou a política externa “lulista”. “O PIB diplomático hoje é muito melhor que o PIB econômico, sem falar no PIB futebolístico”.
Já o economista Alexandre Schwartsman, um neoliberal convicto, bateu na carga tributária brasileira, que prejudica “a saúde dos negócios no Brasil”. Outro economista, Rodrigo Constantino, viajou na maionese. Garantiu que Lula implantou um modelo que “está matando a iniciativa privada empreendedora. É só botar um boné vermelho e ir à Brasília que você consegue privilégios”. Os dois parecem morar em outro país – desconhecendo o recente crescimento brasileiro e o próprio enriquecimento dos ricaços!
As bravatas dos “calunistas” da mídia
Entre os “calunistas” convidados, Demétrio Magnoli, estrela da TV Globo, voltou a conclamar os empresários para uma oposição mais dura ao atual governo. “As elites econômicas tornaram-se financiadoras compulsórias da política dirigente, que passa a suprimir a oposição porque ganhou o poder de comprar consciências, de pagar opiniões”. O petulante teórico das elites garante que “o lulopetismo se reorganizou como reação à queda do Muro de Berlim e ao governo FHC” e deve ser combatido.
Já o colunista do jornal Valor e diretor do Instituto Análise, Alberto Carlos Almeida, pregou maior firmeza na defesa dos valores liberais e criticou a falta de oposição no país. “O Brasil entende o liberalismo como conservadorismo. A visão conservadora, no Brasil, não é plena e ativa. O discurso liberal e real nunca foi aplicado no Brasil”, lamentou. Na mesma linha, outros oradores contaram a mesma ladainha.
A única novidade do 2º Fórum do Instituto Millenium foi a presença da ativista iraniana Mina Ahadi, que aproveitou o evento para atacar o governo do seu país e para exigir do governo Dilma Rousseff “a defesa dos direitos humanos”. Um dia antes, os EUA atentaram contra a soberania do Paquistão e usaram depoimentos arrancados sob tortura para executar Osama Bin Laden. Sobre isto, Mina Ahadi nada falou! No intimo, o fórum da “liberdade e democracia” até comemorou a “vitória do império”.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
O destino do Brasil? Uma tartarug a? Paulo Roberto de Almeida Nota sobre os desafios políticos ao desenvolvimento do Brasil Esse “destino” é...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...
-
Desde el post de José Antonio Sanahuja Persles (Linkedin) Con Camilo López Burian, de la Universidad de la República, estudiamos el ascens...