LASA Prize LucianoTomassini
PRÊMIO DO LIVRO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA AMÉRICA LATINA "LUCIANO TOMASSINI"
Prazo final: 1º de setembro de 2011
Para dar início ao Congresso de 2012, a Latin American Studies Association (Associação de Estudos Latino-Americanos) entregará o Prêmio do Livro de Relações Internacionais da América Latina "Luciano Tomassini" aos autores de livros que se destacaram na área de Políticas Externas e Relações Internacionais da América Latina publicados em qualquer país em inglês, espanhol, francês ou português. Os livros qualificados para a premiação de 2012 devem ter sido publicados entre janeiro de 2008 e junho de 2011. Antologias de seleções de vários autores não se qualificam. Os livros serão avaliados nos quesitos originalidade da pesquisa, qualidade da análise e escrita e importância da contribuição aos estudos da América Latina e do Caribe. Os livros podem ser indicados por autores, membros do LASA ou editores.
As pessoas que indicarem livros serão responsáveis pela confirmação da data de publicação e pelo encaminhamento direto de uma cópia a cada membro do Comitê do Prêmio, à custa do autor ou do editor. Um pacote de indicação deve incluir uma declaração justificando a indicação, cinco cópias do livro indicado (uma para cada membro do Comitê do Prêmio), endereço completo, número de telefone, fax e endereço de e-mail do indicado. Cada pacote deve ser enviado diretamente aos membros do comitê até 1º de setembro de 2011. Até 1º de fevereiro de 2012, o comitê escolherá o livro vencedor. O comitê também poderá conceder uma menção honrosa. O prêmio será anunciado na Cerimônia de Entrega de Prêmios da reunião de negócios da LASA2012 e o premiado será homenageado publicamente. O recebimento do prêmio não está sujeito à afiliação na LASA.
IMPORTANTE: como o premiado será anunciado no folheto do programa, o comitê precisa concluir o seu trabalho até 1º de março de 2012. A decisão deve ser comunicada a milagros@pitt.edu com informações para contato completas e materiais biográficos para o premiado.
Os membros do comitê de 2012 são:
Jorge Heine, Chair
Centre for International Governance Innovation (CIGI)
57 Erb St West
Waterloo, ON N2L 6C2
CANADA
Victor Bulmer-Thomas
55 Maze Hill
London SE10 8XQ
UNITED KINGDOM
Rafael Fernández de Castro
Cataratas 60-2
Colonia Ampliación las Águilas
México DF 01710
MEXICO
Monica Hirst
Dept.Ciencia Política y Estudios Internacionales
MEI-Seguridad Internacional
Miñones 2177-Buenos Aires 1428
ARGENTINA
Julia E. Sweig
1777 F Sstreet NW
Washington DC 20006
Latin American Studies Association
Attn: Luciano Tomassini Book Award
University of Pittsburgh
315 South Bellefield Avenue
416 Bellefield Hall
Pittsburgh PA 15260
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quarta-feira, 15 de junho de 2011
XIco Graziano: frases de um agronomo frasista
METÁFORAS INFELIZES
XICOGRAZIANO
O Estado de S.Paulo, 15/06/2011
A agricultura esteve em voga na política destes dias. Melhor dizendo, participou das conversas. Vejam que curiosas frases foram ditas:
Do senador Demóstenes Torres, em entrevista à revista Veja: "Vivemos em um momento crítico, de total submissão. No final das contas, o Congresso se comporta bovinamente".
Do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, questionado a respeito de sua posição atual sobre as drogas: "Só quem é burro não muda de opinião diante de fatos novos".
Do jovem Dayvini Nunes, dono do apartamento alugado pelo ex-ministro Antônio Palocci: "Eu não tenho como bater de frente com essas pessoas. Sou um laranja".
A alusão pejorativa à agricultura tem se tornado, há tempos, uma característica típica da oratória brasileira. Não se conhece outra nação onde a linguagem carregue tamanho preconceito contra o campo. Triste povo que, mesmo sem o perceber, achincalha seus agricultores.
A lista das figuras de linguagem depreciativas do mundo rural soa enorme. "Vá plantar batatas" é uma das mais antigas. Diz-se que a frase nasceu na época gloriosa de Portugal, quando a navegação e a pesca emprestavam prestígio à sociedade, restando desdém pela vida sofrida na agricultura. Tida como alimento vulgar, a solanácea calejava e sujava as mãos dos que a produziam.
Alimento básico da civilização inca, a batata encantou os colonizadores espanhóis, que logo a levaram para a Europa. O sucesso de sua aceitação leva muita gente a pensar que o alimento tem origem alemã. Uma das razões decorre do fato de que, em 1740, Frederico II, o Grande, baixou norma obrigando seus súditos na Alemanha a consumirem batatas para enfrentar a constante ameaça da fome. Ainda hoje, sobre seu túmulo, no Palácio de Sans-Souci, depositam-se batatas para lembrar o gesto pátrio.
Nem sempre facilmente se explica a origem das metáforas negativas utilizadas com gêneros agrícolas. A própria batata, que mereceria uma homenagem, serve ao desabono.
Descascar um abacaxi, outro exemplo, não exige tanto esforço assim para justificar algo penoso, conforme a linguagem popular utiliza na descrição de missão inglória. Mas pegou.
O caso da laranja sempre me pareceu o mais estranho. No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa se encontra que laranja, em economia, remete a indivíduo, nem sempre ingênuo, utilizado em práticas fraudulentas contra o fisco ou com dinheiro ilícito. Ser "laranja" significa, portanto, um disfarce do mal.
Mas qual seria a motivação semântica do termo? O engana trouxa recai sobre a laranja por ser ela azeda? Ou por causa da coloração amarela por fora, na casca, e branca por dentro, no bagaço? Ninguém duvida que o Palocci esconda algo estranho nessa história de sua grana milionária. Só não entendo eu qual o alegórico pecado da fruta.
Já o coitado do burro sai injustiçado sempre que, aos olhos de uma pessoa, outra não toma boas decisões. Dizer, entretanto, que fulano é burro afronta a natureza, pois o asinino é um animal bem inteligente. Cauteloso, o bicho fez história no transporte de cargas em terrenos difíceis e encostas íngremes, onde um cavalo facilmente despencaria. O burro, ou sua mulher, a mula, empacam por astúcia, não por teimosia.
Fernando Henrique, um homem sabidamente perspicaz, está correto. Quem não muda nunca de opinião é dogmático, perde razão. As Ideias e seu Lugar intitula um dos seus ensaios mais instigantes sobre as teorias do desenvolvimento. Ter ele caído na armadilha da linguagem preconceituosa mostra o quanto o vício está incorporado nos ditos populares. Para mostrar sua flexibilidade intelectual poderia alternativamente ter dito: "Não sou uma pedra"! Parada no mesmo lugar.
Do burro ao boi. O Congresso Nacional, aos olhos do povo, parece uma casa de doidos. O senador Demóstenes Torres, porém, teve alguma inspiração ao contrário, ligada à mansidão, para caracterizar em sua entrevista o lado bovino daquela Casa. A submissão do Congresso ao poder do Executivo é um sério problema apontado por ele, motivo de preocupação dos democratas republicanos. Agora, achar que toda boiada é lânguida significa desconhecer a complexidade da pecuária. Cutuca touro bravo pra ver!
Certo desprezo ao caipirismo se esconde no preconceito urbanoide contra o campo. Nas festas juninas o desdém aparece disfarçado nos exagerados fetiches do caboclo, tais como o chapéu de palha desfiado do tipo espantalho, aquele dentinho pintado de preto para parecer banguela, o sapatão velho de bico furado. Em vez de homenagem, refletem um horroroso mau gosto que deforma a visão das crianças sobre os homens do interior, depreciando-os, igualando-os todos ao triste personagem Jeca Tatu. Pedagogia zero.
O passado escravocrata e latifundiário, aliado aos problemas ambientais do presente, como o desmatamento, certamente ajuda a cultivar na opinião pública uma imagem negativa da nossa agricultura. Vista caolhamente, suas mazelas se destacam, as glórias se escondem. Nesse olhar deformado, o atraso ido subjuga a modernidade rural.
A ideologia urbana, auxiliada por infelizes metáforas, transforma o positivo em negativo, criando uma maldade que ridiculariza o mundo rural. Poderia ser diferente. Bastaria as pessoas se apegarem às jocosas figuras de linguagem. O Palocci caiu do cavalo. Fernando Henrique mexeu com um vespeiro. Demóstenes cutucou a onça.
Louco da vida com as autoridades alemãs, que equivocadamente jogaram sobre as costas dos agricultores espanhóis a culpa por aquele surto bacteriológico, bradou o representante da Espanha, Francisco Sosa-Wagner, brandindo nas mãos um exemplar do legume: "É preciso recuperar a honra do pepino".
Tá certo o homem!
AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO.
E-MAIL: XICOGRAZIANO@TERRA.COM.BR
XICOGRAZIANO
O Estado de S.Paulo, 15/06/2011
A agricultura esteve em voga na política destes dias. Melhor dizendo, participou das conversas. Vejam que curiosas frases foram ditas:
Do senador Demóstenes Torres, em entrevista à revista Veja: "Vivemos em um momento crítico, de total submissão. No final das contas, o Congresso se comporta bovinamente".
Do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, questionado a respeito de sua posição atual sobre as drogas: "Só quem é burro não muda de opinião diante de fatos novos".
Do jovem Dayvini Nunes, dono do apartamento alugado pelo ex-ministro Antônio Palocci: "Eu não tenho como bater de frente com essas pessoas. Sou um laranja".
A alusão pejorativa à agricultura tem se tornado, há tempos, uma característica típica da oratória brasileira. Não se conhece outra nação onde a linguagem carregue tamanho preconceito contra o campo. Triste povo que, mesmo sem o perceber, achincalha seus agricultores.
A lista das figuras de linguagem depreciativas do mundo rural soa enorme. "Vá plantar batatas" é uma das mais antigas. Diz-se que a frase nasceu na época gloriosa de Portugal, quando a navegação e a pesca emprestavam prestígio à sociedade, restando desdém pela vida sofrida na agricultura. Tida como alimento vulgar, a solanácea calejava e sujava as mãos dos que a produziam.
Alimento básico da civilização inca, a batata encantou os colonizadores espanhóis, que logo a levaram para a Europa. O sucesso de sua aceitação leva muita gente a pensar que o alimento tem origem alemã. Uma das razões decorre do fato de que, em 1740, Frederico II, o Grande, baixou norma obrigando seus súditos na Alemanha a consumirem batatas para enfrentar a constante ameaça da fome. Ainda hoje, sobre seu túmulo, no Palácio de Sans-Souci, depositam-se batatas para lembrar o gesto pátrio.
Nem sempre facilmente se explica a origem das metáforas negativas utilizadas com gêneros agrícolas. A própria batata, que mereceria uma homenagem, serve ao desabono.
Descascar um abacaxi, outro exemplo, não exige tanto esforço assim para justificar algo penoso, conforme a linguagem popular utiliza na descrição de missão inglória. Mas pegou.
O caso da laranja sempre me pareceu o mais estranho. No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa se encontra que laranja, em economia, remete a indivíduo, nem sempre ingênuo, utilizado em práticas fraudulentas contra o fisco ou com dinheiro ilícito. Ser "laranja" significa, portanto, um disfarce do mal.
Mas qual seria a motivação semântica do termo? O engana trouxa recai sobre a laranja por ser ela azeda? Ou por causa da coloração amarela por fora, na casca, e branca por dentro, no bagaço? Ninguém duvida que o Palocci esconda algo estranho nessa história de sua grana milionária. Só não entendo eu qual o alegórico pecado da fruta.
Já o coitado do burro sai injustiçado sempre que, aos olhos de uma pessoa, outra não toma boas decisões. Dizer, entretanto, que fulano é burro afronta a natureza, pois o asinino é um animal bem inteligente. Cauteloso, o bicho fez história no transporte de cargas em terrenos difíceis e encostas íngremes, onde um cavalo facilmente despencaria. O burro, ou sua mulher, a mula, empacam por astúcia, não por teimosia.
Fernando Henrique, um homem sabidamente perspicaz, está correto. Quem não muda nunca de opinião é dogmático, perde razão. As Ideias e seu Lugar intitula um dos seus ensaios mais instigantes sobre as teorias do desenvolvimento. Ter ele caído na armadilha da linguagem preconceituosa mostra o quanto o vício está incorporado nos ditos populares. Para mostrar sua flexibilidade intelectual poderia alternativamente ter dito: "Não sou uma pedra"! Parada no mesmo lugar.
Do burro ao boi. O Congresso Nacional, aos olhos do povo, parece uma casa de doidos. O senador Demóstenes Torres, porém, teve alguma inspiração ao contrário, ligada à mansidão, para caracterizar em sua entrevista o lado bovino daquela Casa. A submissão do Congresso ao poder do Executivo é um sério problema apontado por ele, motivo de preocupação dos democratas republicanos. Agora, achar que toda boiada é lânguida significa desconhecer a complexidade da pecuária. Cutuca touro bravo pra ver!
Certo desprezo ao caipirismo se esconde no preconceito urbanoide contra o campo. Nas festas juninas o desdém aparece disfarçado nos exagerados fetiches do caboclo, tais como o chapéu de palha desfiado do tipo espantalho, aquele dentinho pintado de preto para parecer banguela, o sapatão velho de bico furado. Em vez de homenagem, refletem um horroroso mau gosto que deforma a visão das crianças sobre os homens do interior, depreciando-os, igualando-os todos ao triste personagem Jeca Tatu. Pedagogia zero.
O passado escravocrata e latifundiário, aliado aos problemas ambientais do presente, como o desmatamento, certamente ajuda a cultivar na opinião pública uma imagem negativa da nossa agricultura. Vista caolhamente, suas mazelas se destacam, as glórias se escondem. Nesse olhar deformado, o atraso ido subjuga a modernidade rural.
A ideologia urbana, auxiliada por infelizes metáforas, transforma o positivo em negativo, criando uma maldade que ridiculariza o mundo rural. Poderia ser diferente. Bastaria as pessoas se apegarem às jocosas figuras de linguagem. O Palocci caiu do cavalo. Fernando Henrique mexeu com um vespeiro. Demóstenes cutucou a onça.
Louco da vida com as autoridades alemãs, que equivocadamente jogaram sobre as costas dos agricultores espanhóis a culpa por aquele surto bacteriológico, bradou o representante da Espanha, Francisco Sosa-Wagner, brandindo nas mãos um exemplar do legume: "É preciso recuperar a honra do pepino".
Tá certo o homem!
AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO.
E-MAIL: XICOGRAZIANO@TERRA.COM.BR
Jorge Luis Borges: frases de um frasista ironico...
Jorge Luis Borges en 25 frases
Redacción BBC Mundo, Martes, 14 de junio de 2011
Borges falleció el 14 de junio de 1986 en la ciudad suiza de Ginebra.
Este martes se conmemora el 25º aniversario de la muerte del escritor argentino Jorge Luis Borges (Buenos Aires, 1899 - Ginebra, 1986), uno de los más célebres autores de la literatura del siglo XX.
Amante de la filosofía, la teología, la matemática o la mitología, de su pluma salió una ingente producción literaria compuesta por cuentos, poemas y ensayos.
BBC Mundo le presenta una selección de algunas de las frases más célebres que se le atribuyen al autor de obras capitales como Ficciones (1944), El Aleph (1949) o El Informe de Brodie (1970).
“Uno llega a ser grande por lo que lee y no por lo que escribe"
"Hay que tener cuidado al elegir a los enemigos porque uno termina pareciéndose a ellos"
"He cometido el peor pecado que un hombre puede cometer. No he sido feliz"
"Uno está enamorado cuando se da cuenta de que otra persona es única"
"Siempre he sentido que hay algo en Buenos Aires que me gusta. Me gusta tanto que no me gusta que le guste a otras personas. Es un amor así, celoso"
"Que cada hombre construya su propia catedral. ¿Para qué vivir de obras de arte ajenas y antiguas?"
"Quienes dicen que el arte no debe propagar doctrinas suelen referirse a doctrinas contrarias a las suyas"
"El infierno y el paraíso me parecen desproporcionados. Los actos de los hombres no merecen tanto"
"Hay comunistas que sostienen que ser anticomunista es ser fascista. Esto es tan incomprensible como decir que no ser católico es ser mormón"
"La belleza es ese misterio hermoso que no descifran ni la psicología ni la retórica"
"La Universidad debiera insistirnos en lo antiguo y en lo ajeno. Si insiste en lo propio y lo contemporáneo, la Universidad es inútil, porque está ampliando una función que ya cumple la prensa"
"Yo no hablo de venganzas ni perdones, el olvido es la única venganza y el único perdón"
"¿De qué otra forma se puede amenazar que no sea de muerte? Lo interesante, lo original, sería que alguien lo amenace a uno con la inmortalidad "
"Yo siempre seré el futuro Nobel. Debe ser una tradición escandinava"
"Somos nuestra memoria, somos ese quimérico museo de formas inconstantes, ese montón de espejos rotos"
"Me gustaría ser valiente. Mi dentista asegura que no lo soy"
"Para el argentino, la amistad es una pasión y la policía una mafia"
"Todas las palabras fueron alguna vez un neologismo"
"La felicidad no necesita ser transmutada en belleza, pero la desventura sí"
"Yo creo que habría que inventar un juego en el que nadie ganara"
"Si de algo soy rico es de perplejidades y no de certezas"
"Que otros se jacten de las páginas que han escrito; a mí me enorgullecen las que he leído"
"Todas las teorías son legítimas y ninguna tiene importancia. Lo que importa es lo que se hace con ellas "
"Sólo aquello que se ha ido es lo que nos pertenece"
"Creo que con el tiempo mereceremos no tener gobiernos"
Para ver mais: http://www.fundacionborges.com/
Redacción BBC Mundo, Martes, 14 de junio de 2011
Borges falleció el 14 de junio de 1986 en la ciudad suiza de Ginebra.
Este martes se conmemora el 25º aniversario de la muerte del escritor argentino Jorge Luis Borges (Buenos Aires, 1899 - Ginebra, 1986), uno de los más célebres autores de la literatura del siglo XX.
Amante de la filosofía, la teología, la matemática o la mitología, de su pluma salió una ingente producción literaria compuesta por cuentos, poemas y ensayos.
BBC Mundo le presenta una selección de algunas de las frases más célebres que se le atribuyen al autor de obras capitales como Ficciones (1944), El Aleph (1949) o El Informe de Brodie (1970).
“Uno llega a ser grande por lo que lee y no por lo que escribe"
"Hay que tener cuidado al elegir a los enemigos porque uno termina pareciéndose a ellos"
"He cometido el peor pecado que un hombre puede cometer. No he sido feliz"
"Uno está enamorado cuando se da cuenta de que otra persona es única"
"Siempre he sentido que hay algo en Buenos Aires que me gusta. Me gusta tanto que no me gusta que le guste a otras personas. Es un amor así, celoso"
"Que cada hombre construya su propia catedral. ¿Para qué vivir de obras de arte ajenas y antiguas?"
"Quienes dicen que el arte no debe propagar doctrinas suelen referirse a doctrinas contrarias a las suyas"
"El infierno y el paraíso me parecen desproporcionados. Los actos de los hombres no merecen tanto"
"Hay comunistas que sostienen que ser anticomunista es ser fascista. Esto es tan incomprensible como decir que no ser católico es ser mormón"
"La belleza es ese misterio hermoso que no descifran ni la psicología ni la retórica"
"La Universidad debiera insistirnos en lo antiguo y en lo ajeno. Si insiste en lo propio y lo contemporáneo, la Universidad es inútil, porque está ampliando una función que ya cumple la prensa"
"Yo no hablo de venganzas ni perdones, el olvido es la única venganza y el único perdón"
"¿De qué otra forma se puede amenazar que no sea de muerte? Lo interesante, lo original, sería que alguien lo amenace a uno con la inmortalidad "
"Yo siempre seré el futuro Nobel. Debe ser una tradición escandinava"
"Somos nuestra memoria, somos ese quimérico museo de formas inconstantes, ese montón de espejos rotos"
"Me gustaría ser valiente. Mi dentista asegura que no lo soy"
"Para el argentino, la amistad es una pasión y la policía una mafia"
"Todas las palabras fueron alguna vez un neologismo"
"La felicidad no necesita ser transmutada en belleza, pero la desventura sí"
"Yo creo que habría que inventar un juego en el que nadie ganara"
"Si de algo soy rico es de perplejidades y no de certezas"
"Que otros se jacten de las páginas que han escrito; a mí me enorgullecen las que he leído"
"Todas las teorías son legítimas y ninguna tiene importancia. Lo que importa es lo que se hace con ellas "
"Sólo aquello que se ha ido es lo que nos pertenece"
"Creo que con el tiempo mereceremos no tener gobiernos"
Para ver mais: http://www.fundacionborges.com/
terça-feira, 14 de junho de 2011
Republica Mafiosa de Maua (mas vale para o Brasil tambem...)
Já postei muita coisa sobre essa tal de República Mafiosa, tudo sobre os procedimentos peculiares de certo partido...
Paulo Roberto de Almeida
O laranja-fantasma
Veja, 13/06/2011
A pequena foto no alto da página ao lado é um dos poucos registros que comprovam a existência de Gesmo Siqueira dos Santos, de 47 anos. Petista de carteirinha, ele é um híbrido de fantasma e "laranja". Não tem profissão definida, mas nada em dinheiro de origem desconhecida. Sócio ou ex-sócio de dezenas de empresas é dono de onze carros e comprador de 41 imóveis pagos à vista em uma década. Já foi alvo de 108 inquéritos policiais, a maioria por adulteração de combustível e fraude em documentos. Mais de trinta desses inquéritos viraram processos em São Paulo e produziram ordens judiciais para que ele fosse ouvido pelas autoridades. Mas os oficiais de Justiça dão um duro danado para encontrá-lo. Todos os endereços que constam em seus documentos são falsos. Investigado há uma década, prestou depoimento uma única vez - e sumiu. Na semana passada, Gesmo ganhou notoriedade nacional na esteira do caso Palocci. Ele "comprou" em 2005 o apartamento (hoje em nome de um sobrinho seu) de 640 metros quadrados e aluguel de 15000 reais em que vive a família do ex-ministro Palocci na capital paulista. Por tudo o que o seu currículo evidencia - e mais o que se pode, depreender dele -, é alarmante que o destino do petista Gesmo tenha "se cruzado com o do ex-ministro mais poderoso do governo Dilma.
Inquéritos da polícia e do Ministério Público mostram que Gesmo é um laranja profissional. Aparentemente, ganha a vida ocultando o patrimônio de clientes que não querem ter a fortuna revelada. Ele está no centro de um esquema criminoso e milionário de lavagem de dinheiro - que apenas começou a ser descascado. Uma investigação feita pela Delegacia de Investigações sobre Crimes de Lavagem de Dinheiro de São Paulo e pelo Grupo Especial de Repressão aos Delitos Econômicos, do Ministério Público paulista, revela que Gesmo tem sob seu domínio uma quadrilha de pelo menos quinze pessoas que emprestaram seu nome e CPF para o registro de 57 empresas (o tal sobrinho em cujo nome está hoje o apartamento em que vivem os Palocci seria mais uma dessas pessoas). Gesmo lava dinheiro de duas formas: simulando falsas operações imobiliárias e cometendo falcatruas que envolvem postos de combustível. Seu Modus operandi foi descoberto durante uma batida feita pela polícia em 2005 em seu escritório. Lá foram encontradas 22000 noras fiscais falsas, duplicadas ou pertencentes a empresas desativadas. Preenchidas com valores fictícios, simulavam vendas de combustível de distribuidoras para postos e de postos para consumidores. Por meio delas, Gesmo conseguia dar uma destinação contábil regular a valores de origem desconhecida. Além disso, ele adulterava o combustível dos postos de gasolina, o que lhe permitia "esquentar" dinheiro em cima de cada litro vendido. Gesmo tem um irmão, chamado Gildásio Siqueira Santos, que usa o mesmo esquema de postos para lavar dinheiro - com a diferença de que, ao contrário de Gesmo e de outras pessoas, pelo menos um entre seus clientes já foi identificado. É a facção criminosa paulista PCC. Conforme apurou o Ministério Público.
Os trambiques do fantasminha laranjão ocorreram especialmente no ABC paulista. Boa parte dos endereços falsos que ele apresenta é de Mauá, lugar que Gesmo conhece bem. Foi lá que, em 16 de abril de 1988, ele se filiou ao PT. O partido tem uma relação profunda com a cidade: além de ter sido uma das primeiras cuja prefeitura a legenda conquistou, ela foi palco de uma série de escândalos políticos e de corrupção protagonizados por petistas. No ano passado, o Ministério Público acusou a prefeitura do PT de ter participado de um esquema que desviou 615 milhões de reais dos cofres públicos. Foi também a partir de Mauá, em 2009, que o sigilo da filha do tucano e então presidenciável José Serra foi violado nas dependências da Receita Federal, por meio de procurações falsas fornecidas por um petista. O partido transformou Mauá num centro de malversações, malfeitos e maldades.
========
E por falar em Brasil:
Lula promete ajuda para empresa que pagou por sua palestra
Bernardo Mello Franco
Folha de S.Paulo, 11/06/2011
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ao presidente da Tetra Pak, Paulo Nigro, procurar autoridades do governo Dilma Rousseff para ajudar a empresa a reduzir impostos sobre embalagens de leite, informa reportagem de Bernardo Mello Franco na edição deste sábado da (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Ele disse que falaria com o ministro Guido Mantega (Fazenda) para defender um pleito da multinacional: reduzir o ICMS cobrado por alguns Estados sobre as embalagens de leite longa vida.
O petista fez a promessa ao fim de uma palestra fechada para convidados da Tetra Pak, na noite de quarta-feira. Seu cachê neste tipo de evento é estimado em R$ 200 mil --ele não confirma o valor.
Desde que deixou a Presidência, no fim do ano passado, Lula tem alternado sua agenda entre palestras e reuniões políticas do seu partido, o PT, de qual voltou a ser presidente de honra.
Paulo Roberto de Almeida
O laranja-fantasma
Veja, 13/06/2011
A pequena foto no alto da página ao lado é um dos poucos registros que comprovam a existência de Gesmo Siqueira dos Santos, de 47 anos. Petista de carteirinha, ele é um híbrido de fantasma e "laranja". Não tem profissão definida, mas nada em dinheiro de origem desconhecida. Sócio ou ex-sócio de dezenas de empresas é dono de onze carros e comprador de 41 imóveis pagos à vista em uma década. Já foi alvo de 108 inquéritos policiais, a maioria por adulteração de combustível e fraude em documentos. Mais de trinta desses inquéritos viraram processos em São Paulo e produziram ordens judiciais para que ele fosse ouvido pelas autoridades. Mas os oficiais de Justiça dão um duro danado para encontrá-lo. Todos os endereços que constam em seus documentos são falsos. Investigado há uma década, prestou depoimento uma única vez - e sumiu. Na semana passada, Gesmo ganhou notoriedade nacional na esteira do caso Palocci. Ele "comprou" em 2005 o apartamento (hoje em nome de um sobrinho seu) de 640 metros quadrados e aluguel de 15000 reais em que vive a família do ex-ministro Palocci na capital paulista. Por tudo o que o seu currículo evidencia - e mais o que se pode, depreender dele -, é alarmante que o destino do petista Gesmo tenha "se cruzado com o do ex-ministro mais poderoso do governo Dilma.
Inquéritos da polícia e do Ministério Público mostram que Gesmo é um laranja profissional. Aparentemente, ganha a vida ocultando o patrimônio de clientes que não querem ter a fortuna revelada. Ele está no centro de um esquema criminoso e milionário de lavagem de dinheiro - que apenas começou a ser descascado. Uma investigação feita pela Delegacia de Investigações sobre Crimes de Lavagem de Dinheiro de São Paulo e pelo Grupo Especial de Repressão aos Delitos Econômicos, do Ministério Público paulista, revela que Gesmo tem sob seu domínio uma quadrilha de pelo menos quinze pessoas que emprestaram seu nome e CPF para o registro de 57 empresas (o tal sobrinho em cujo nome está hoje o apartamento em que vivem os Palocci seria mais uma dessas pessoas). Gesmo lava dinheiro de duas formas: simulando falsas operações imobiliárias e cometendo falcatruas que envolvem postos de combustível. Seu Modus operandi foi descoberto durante uma batida feita pela polícia em 2005 em seu escritório. Lá foram encontradas 22000 noras fiscais falsas, duplicadas ou pertencentes a empresas desativadas. Preenchidas com valores fictícios, simulavam vendas de combustível de distribuidoras para postos e de postos para consumidores. Por meio delas, Gesmo conseguia dar uma destinação contábil regular a valores de origem desconhecida. Além disso, ele adulterava o combustível dos postos de gasolina, o que lhe permitia "esquentar" dinheiro em cima de cada litro vendido. Gesmo tem um irmão, chamado Gildásio Siqueira Santos, que usa o mesmo esquema de postos para lavar dinheiro - com a diferença de que, ao contrário de Gesmo e de outras pessoas, pelo menos um entre seus clientes já foi identificado. É a facção criminosa paulista PCC. Conforme apurou o Ministério Público.
Os trambiques do fantasminha laranjão ocorreram especialmente no ABC paulista. Boa parte dos endereços falsos que ele apresenta é de Mauá, lugar que Gesmo conhece bem. Foi lá que, em 16 de abril de 1988, ele se filiou ao PT. O partido tem uma relação profunda com a cidade: além de ter sido uma das primeiras cuja prefeitura a legenda conquistou, ela foi palco de uma série de escândalos políticos e de corrupção protagonizados por petistas. No ano passado, o Ministério Público acusou a prefeitura do PT de ter participado de um esquema que desviou 615 milhões de reais dos cofres públicos. Foi também a partir de Mauá, em 2009, que o sigilo da filha do tucano e então presidenciável José Serra foi violado nas dependências da Receita Federal, por meio de procurações falsas fornecidas por um petista. O partido transformou Mauá num centro de malversações, malfeitos e maldades.
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E por falar em Brasil:
Lula promete ajuda para empresa que pagou por sua palestra
Bernardo Mello Franco
Folha de S.Paulo, 11/06/2011
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ao presidente da Tetra Pak, Paulo Nigro, procurar autoridades do governo Dilma Rousseff para ajudar a empresa a reduzir impostos sobre embalagens de leite, informa reportagem de Bernardo Mello Franco na edição deste sábado da (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Ele disse que falaria com o ministro Guido Mantega (Fazenda) para defender um pleito da multinacional: reduzir o ICMS cobrado por alguns Estados sobre as embalagens de leite longa vida.
O petista fez a promessa ao fim de uma palestra fechada para convidados da Tetra Pak, na noite de quarta-feira. Seu cachê neste tipo de evento é estimado em R$ 200 mil --ele não confirma o valor.
Desde que deixou a Presidência, no fim do ano passado, Lula tem alternado sua agenda entre palestras e reuniões políticas do seu partido, o PT, de qual voltou a ser presidente de honra.
Los hermanos reincidentes (fariam tudo outra vez; alias, fazem...)
Os argentinos são os seres mais inexplicáveis do planeta Terra (ou talvez até de qualquer outro planeta conhecido e desconhecido nesta e em outras galáxias).
Fazem mais ou menos 80 anos (repito, oitenta anos) que eles erram, tropeçam, cometem equívocos, se enganam, fazem bobagens, abusam da lógica (e da paciência dos vizinhos) e, no entanto, ainda pretendem continuar errando, tropeçando, se equivocando, fazendo bobagens continuadas e a abusar da lógica formal, da informal e da paciência dos vizinhos.
Eu ainda quero ver um livro cujo título seria: Inacreditáveis Argentinos!
(ponto de exclamação ao final, comme il faut)
Não sei quem o escreveria, mas do meu ponto de vista um historiador econômico, mas não tenho certeza. Talvez um psiquiatra, dos bons, neurologistas, receitadores de remédios e, se precisar, de camisa de força.
Não um psicanalista, pois a Argentina já os tem aos montes, mais do que o resto da América Latina inteira, e não adiantou nada até agora. Acho até que lhes fez muito mal, como convencê-los, talvez, que eles eram superiores a todos os demais hermanos da região, quase como ingleses deslocados no Atlântico Sul (como reza uma velha piada), arrogantes como soiam ser os imperialistas britânicos nos bons tempos.
E os argentinos já foram arrogantes, e como. Hoje deveriam ser mais modestos, e aprender com seus erros (e alguns acertos, não vamos recusar; por exemplo, no futebol, se tirarmos essa figura bizarra, histriônica e ridícula que foi o Maradona, que fez tudo errado, como a maioria dos argentinos, aliás).
Pois saibam vocês que cem anos atrás, os argentinos possuíam a maior renda per capita da AL, eram mais ricos do que certos europeus, bem mais do que os brasileiros (evidentemente) e tinham cerca de 70% da renda per capita dos americanos, já então um dos povos mais ricos do mundo.
Cem anos depois o que temos?
Os argentinos só dispõem de 30% da renda per capita dos americanos, num dos recuos mais formidáveis que conhece a história econômica. Nós, brasileiros, continuamos distantes da renda per capita dos americanos, mas já nos aproximamos bastante da renda per capita dos argentinos, que são só um pouco mais ricos do que nós.
Mas, pasmem leitores, surpreendam-se, e eu quase não acreditei nos resultados quando vi: nos exames do PISA de 2006 e de 2009 -- Program for International Student Assessment, da OCDE, vejam no site www.oecd.org -- os estudantes de 15 anos da Argentina ficaram entre os piores do mundo, nos últimos lugares, depois do Brasil em leitura e matemática (não tenho certeza se em ciências também).
Isso é inacreditável: a terra de Sarmiento, de Mitre, de tantos intelectuais, e até de um ou outro Prêmio Nobel (nós até agora não ganhamos nenhum), ficou atrás do Brasil em desempenho escolar.
Essa é extraordinária, revela um tremendo atraso mental, que talvez explique o sentido da entrevista abaixo transcrita do empresário industrialista, que pede não só para continuar praticando as mesmas bobagens que fizeram durante tantos anos, como parece pedir para que concordemos em que eles estão certos...
Inacreditáveis argentinos!
Essa merece um livro...
Paulo Roberto de Almeida
PS: Só concordo com uma coisa que ele disse: que o Brasil também é protecionista.
Indústria argentina quer manter a proteção
Daniel Rittner | De Buenos Aires
Valor Econômico, 14/06/2011
Há pelo menos dez anos, o empresário têxtil José Ignacio de Mendiguren é o porta-voz mais conhecido da indústria argentina. Por isso mesmo, ele tem farta experiência nos conflitos comerciais com o Brasil. Ainda neste mês, Mendiguren embarcará para São Paulo com um grupo de lideranças da União Industrial Argentina (UIA), que preside desde abril, pela segunda vez.
Com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, pretende abrir o caminho para acordos setoriais que possam reduzir o nível de tensão no comércio entre Brasil e Argentina. "Primeiro eu vou entregar a ele uma caixa de charutos. Com isso vou convencê-lo de qualquer coisa", afirma o empresário de 60 anos, dono da Texlona e conhecido como "El Vasco", pela ascendência basca.
Mas que ninguém, na Fiesp ou no governo brasileiro, espere facilidade nas conversas. Admirador do presidente Juscelino Kubitschek, ele garante que o Brasil também é protecionista, "mas com muita inteligência, sem reconhecer". E diz que a indústria argentina ainda não pode prescindir de mecanismos de proteção contra seus concorrentes.
"Não se pode sair da terapia intensiva, como em 2001, e correr a São Silvestre alguns anos depois", avalia Mendiguren. Naquele ano, ele presidia a UIA pela primeira vez, quando foi chamado pelo então presidente Eduardo Duhalde para assumir o recém-criado Ministério da Produção, em meio ao caos social e econômico vivido no país.
Na semana passada, quando recebeu o Valor na sede da instituição, na tradicional avenida de Mayo, as portas do edifício estavam trancadas. Momentos antes, manifestantes da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), que bloqueavam a avenida, atiraram pedras e quebraram vidros no hall de entrada da entidade.
Na entrevista, Mendiguren defende uma "agenda estratégica e visão de longo prazo" para o Mercosul. E sustenta que as medidas protecionistas adotadas pelo governo argentino devem ser entendidas como um mecanismo para compensar provisoriamente as diferenças dentro do bloco. Cita, por exemplo, a assimetria entre as condições de financiamento no Brasil e na Argentina. "No dia em que o industrial sair do Banco de la Nación com financiamento para abrir uma fábrica no Brasil, poderemos baixar a guarda".
Valor: No Brasil, os industriais argentinos têm a fama de reclamões, protecionistas e pouco competitivos. Como o sr. responde?
José Ignacio de Mendiguren: Com outra pergunta: o que faria um industrial brasileiro se tivesse enfrentado as mesmas circunstâncias que nós vivemos nas últimas três décadas? Nenhum outro país teve a volatilidade macroeconômica que vivemos, na Argentina, entre 1976 e 2001. Foi um período em que não só deixamos de crescer, como nos desindustrializamos. Tivemos oito modelos econômicos totalmente diferentes, e cada um deles terminava em grandes crises. Chegamos a ver cinco presidentes da República em dez dias, enquanto 18 moedas circulavam pelo país e decretava-se a maior moratória da história da humanidade. É nesse ambiente que tivemos que fazer negócios.
Valor: Ninguém ignora o histórico de dificuldades, mas setores do governo brasileiro dizem que já se passaram dez anos desde a crise de 2001 e que já houve tempo de sobra para se reindustrializar.
Mendiguren: Respeitemos os tempos. Não se pode sair da terapia intensiva, como em 2001, e correr a São Silvestre alguns anos depois. Uma questão não resolvida, na Argentina, é o financiamento. Só o que o BNDES empresta à indústria brasileira, em proporção do PIB, equivale a todo o crédito da economia argentina - algo perto de 12% ou 13%. Isso não é culpa do Brasil. É culpa nossa, mas não dá para comparar as duas economias. Enquanto o Brasil está estimulando a internacionalização de suas companhias, o que é um processo indispensável ao desenvolvimento de qualquer país, nós não temos crédito sequer para financiar a expansão interna.
Valor: Então o sr. defende as medidas protecionistas como um mecanismo compensatório das diferenças no Mercosul?
Mendiguren: Elas são, mas temporárias. Todos os países ricos do mundo chegaram ao desenvolvimento pela escada do protecionismo. E, depois de terem chegado lá, chutaram a escada. Mas entendo que são medidas provisórias. O Brasil está em outro estágio de desenvolvimento. Imagine o dia em que o industrial argentino sair do Banco de la Nación com financiamento para abrir uma fábrica no Brasil. Quando chegar esse dia, poderemos baixar a guarda.
Valor: A indústria argentina ainda não tem condições de sobreviver sem proteção?
Mendiguren: Existem dificuldades. Mas o mundo inteiro adotou formas de proteger suas indústrias, não só a Argentina, com a crise de 2008. Os estoques que não puderam ser colocados nos mercados tradicionais foram despejados em outras regiões, como a nossa. Isso pode destruir setores. Todos os países agiram a favor de seus mercados, seja por meio da guerra de moedas, seja por mecanismos de administração do comércio, que não são necessariamente tarifários, como restrições fitossanitárias, por exemplo. Todo o mundo foi pragmático nessa crise.
Valor: Mas parece ter havido um excesso de protecionismo na Argentina, que dura até agora.
Mendiguren: As formas é que talvez sejam distintas. O Brasil sempre aplicou essas medidas, mas com muita inteligência, sem reconhecê-las. Nós dizemos que vamos aplicar. Mas o efeito é o mesmo.
Valor: O Brasil também é meio protecionista?
Mendiguren: Meio?! Se você olhar com um olho só, o Brasil é meio protecionista. Quer que eu lembre todas as coisas que o governo brasileiro fazia quando a balança comercial com a Argentina lhe era desfavorável? Parava caminhões na fronteira com alimentos perecíveis. Diziam na alfândega que o peso exato da carga não era o mesmo do registro de exportação. Quando os produtos não coincidiam com o valor de referência que o Brasil determinava, o sistema informatizado caía de repente. Se quiséssemos, tínhamos que fazer o processo manualmente e a um custo adicional. Com os produtos lácteos, até hoje eles só podem entrar quando há problemas domésticos de oferta.
Valor: Então há um excesso de rigor quando os empresários brasileiros reclamam dos argentinos?
Mendiguren: Quando as condições macroeconômicas são favoráveis, os empresários argentinos têm uma história de sucesso para contar. A Argentina foi um dos primeiros países em desenvolvimento com multinacionais: Siam Di Tella, Bunge & Born e YPF. Há um caso emblemático, o da Alpargatas São Paulo, que foi montada pela Alpargatas Argentina. Cem anos depois, a filha comprou a mãe (hoje ambas são controladas pela Camargo Corrêa). Isso não ocorreu por culpa dos empresários, mas pelas diferenças macroeconômicas e industriais entre Brasil e Argentina.
Valor: Como se explica, apesar do câmbio favorável à Argentina, um desequilíbrio comercial tão grande com o Brasil?
Mendiguren: Não se deve olhar a taxa de câmbio nominal. O peso se desvalorizou, mas com um aumento da inflação que equivale mais ou menos à apreciação que teve o real. Mas não devemos nos ater aos problemas de conjuntura. A grande pergunta é se o Mercosul continua sendo uma vantagem aos setores empresariais dos dois países. Eu acredito que sim. Sou um defensor do Mercosul. Sou pró-Brasil, está claro?
Valor: Mas o Mercosul não está em seus melhores dias...
Mendiguren: O Mercosul se resolve com mais Mercosul, mas com mais institucionalização. Se Brasil e Argentina continuarmos nos olhando só como mercados, sem uma visão ampla de integração, vão persistir esses problemas. E cada problema se torna imenso, porque não existe uma agenda estratégica. O mundo está dando uma grande oportunidade à região. Há quase 1 bilhão de habitantes entrando na classe média, que demandam os nossos produtos. Temos que aproveitar essas condições favoráveis não só para crescer, mas para nos desenvolvermos, senão há um risco de primarização das nossas economias. Há uma diferença entre as duas coisas. O crescimento é espontâneo: crescemos pelos preços das nossas commodities. Mas o desenvolvimento precisa da criação de políticas e ferramentas para ir na direção que queremos. Essa é a oportunidade que Brasil e Argentina não podem perder. Não podemos apostar só nos recursos naturais.
Valor: Há quem diga no Brasil que as posições da indústria argentina têm dificultado avanços em direção a um acordo de livre comércio com a União Europeia. A Argentina está preparada para fazer concessões?
Mendiguren: Queremos um acordo, mas um acordo equilibrado. É certo que o Brasil tem uma posição diferente à da Argentina. Por quê? O Brasil tem cartas guardadas para negociar, como o setor de serviços ou as compras governamentais. A Argentina entregou tudo nos anos 90. Aqui, qualquer banco brasileiro pode vir e instalar-se amanhã. Nas licitações públicas, qualquer empresa pode vir. Ou seja, não é que o empresário argentino seja mais ou menos protecionista do que qualquer outro. Eu faço uma pergunta de outra forma. Quais as condições da nossa indústria, sem termos nada do que têm os empresários brasileiros: crédito, estabilidade, plano de desenvolvimento? Precisaríamos ter três cabeças.
Valor: Passando a questões domésticas, como o senhor avalia os governos de Néstor e de Cristina Kirchner?
Mendiguren: Acredito nos resultados para o nosso setor. Há muito tempo não vemos uma Argentina com a macroeconomia tão ordenada. A dívida está em 30% do PIB, não há déficit fiscal. E vemos que as condições internacionais positivas vão se manter. É preciso somente fazer os ajustes necessários para passar de um processo de crescimento a um processo de desenvolvimento econômico. Sou bastante otimista com a Argentina. E acho que o Brasil, pelos seus investimentos aqui, também é. A Argentina pode tranquilamente dobrar seu PIB nos próximos três mandatos presidenciais, um período de 12 anos, e ter uma redistribuição pela qual os salários voltem a significar 50% da renda nacional.
Valor: Mas há uma inflação cada vez mais preocupante, que beira 25% ao ano. Muitos economistas cobram um plano para atacá-la imediatamente.
Mendiguren: Não creio em choques, mas em um plano gradual, de metas de inflação que possam ir baixando gradualmente a alta de preços. A Argentina não tem um problema estrutural de inflação. Nos anos 80, tínhamos um dólar que disparava de repente e se refletia nos preços, uma economia indexada, um déficit fiscal tremendo que levava a uma emissão descontrolada. Ou seja, a inflação era estrutural. Hoje não ocorre isso.
Valor: O que a Argentina deve fazer para seguir crescendo?
Mendiguren: O que falta é mais investimento. A taxa de investimento não está caminhando com a mesma velocidade que as necessidades de uma economia em forte expansão. É preciso conhecer as regras do jogo, é verdade. Obviamente a segurança jurídica é importante para nós, mas isso somente não basta. Não sei qual é a segurança jurídica que tem a China, por exemplo. O que a Argentina precisa para sustentar o crescimento de 92% que teve a indústria, desde 2001, é definir que o rumo não será mudado. Que não voltamos aos tempos de Cavallo [Domingo Cavallo, ministro da Economia no governo Menem e pai do Plano de Conversibilidade, nos anos 90], de Martínez de Hoz [ministro da Economia na segunda metade dos anos 70, durante a última ditadura militar, de ideário fortemente liberal], sem mágicas, priorizando a geração de riqueza e de trabalho.
Valor: A Argentina deve adotar o Brasil como modelo para alguma coisa?
Mendiguren: Vocês estão há cinco décadas em um rumo que não se modifica. Sou um leitor dos diálogos entre os presidentes Juscelino Kubitschek e Arturo Frondizi. Em 1958, o Brasil e a Argentina tinham o mesmo PIB, mas tínhamos um terço dos habitantes. Olhemos a história: o Brasil nunca abandonou os seus planos, nem mesmo nos regimes militares, que aprofundaram o modelo de industrialização. Aqui, aplicaram um modelo neoliberal. O mausoléu de JK, em Brasília, é maior do que a Catedral de Buenos Aires. Enquanto isso, Frondizi não é nome sequer de uma travessa e está enterrado no túmulo de uma irmã sua, em um cemitério de Vicente López [município da Grande Buenos Aires].
Fazem mais ou menos 80 anos (repito, oitenta anos) que eles erram, tropeçam, cometem equívocos, se enganam, fazem bobagens, abusam da lógica (e da paciência dos vizinhos) e, no entanto, ainda pretendem continuar errando, tropeçando, se equivocando, fazendo bobagens continuadas e a abusar da lógica formal, da informal e da paciência dos vizinhos.
Eu ainda quero ver um livro cujo título seria: Inacreditáveis Argentinos!
(ponto de exclamação ao final, comme il faut)
Não sei quem o escreveria, mas do meu ponto de vista um historiador econômico, mas não tenho certeza. Talvez um psiquiatra, dos bons, neurologistas, receitadores de remédios e, se precisar, de camisa de força.
Não um psicanalista, pois a Argentina já os tem aos montes, mais do que o resto da América Latina inteira, e não adiantou nada até agora. Acho até que lhes fez muito mal, como convencê-los, talvez, que eles eram superiores a todos os demais hermanos da região, quase como ingleses deslocados no Atlântico Sul (como reza uma velha piada), arrogantes como soiam ser os imperialistas britânicos nos bons tempos.
E os argentinos já foram arrogantes, e como. Hoje deveriam ser mais modestos, e aprender com seus erros (e alguns acertos, não vamos recusar; por exemplo, no futebol, se tirarmos essa figura bizarra, histriônica e ridícula que foi o Maradona, que fez tudo errado, como a maioria dos argentinos, aliás).
Pois saibam vocês que cem anos atrás, os argentinos possuíam a maior renda per capita da AL, eram mais ricos do que certos europeus, bem mais do que os brasileiros (evidentemente) e tinham cerca de 70% da renda per capita dos americanos, já então um dos povos mais ricos do mundo.
Cem anos depois o que temos?
Os argentinos só dispõem de 30% da renda per capita dos americanos, num dos recuos mais formidáveis que conhece a história econômica. Nós, brasileiros, continuamos distantes da renda per capita dos americanos, mas já nos aproximamos bastante da renda per capita dos argentinos, que são só um pouco mais ricos do que nós.
Mas, pasmem leitores, surpreendam-se, e eu quase não acreditei nos resultados quando vi: nos exames do PISA de 2006 e de 2009 -- Program for International Student Assessment, da OCDE, vejam no site www.oecd.org -- os estudantes de 15 anos da Argentina ficaram entre os piores do mundo, nos últimos lugares, depois do Brasil em leitura e matemática (não tenho certeza se em ciências também).
Isso é inacreditável: a terra de Sarmiento, de Mitre, de tantos intelectuais, e até de um ou outro Prêmio Nobel (nós até agora não ganhamos nenhum), ficou atrás do Brasil em desempenho escolar.
Essa é extraordinária, revela um tremendo atraso mental, que talvez explique o sentido da entrevista abaixo transcrita do empresário industrialista, que pede não só para continuar praticando as mesmas bobagens que fizeram durante tantos anos, como parece pedir para que concordemos em que eles estão certos...
Inacreditáveis argentinos!
Essa merece um livro...
Paulo Roberto de Almeida
PS: Só concordo com uma coisa que ele disse: que o Brasil também é protecionista.
Indústria argentina quer manter a proteção
Daniel Rittner | De Buenos Aires
Valor Econômico, 14/06/2011
Há pelo menos dez anos, o empresário têxtil José Ignacio de Mendiguren é o porta-voz mais conhecido da indústria argentina. Por isso mesmo, ele tem farta experiência nos conflitos comerciais com o Brasil. Ainda neste mês, Mendiguren embarcará para São Paulo com um grupo de lideranças da União Industrial Argentina (UIA), que preside desde abril, pela segunda vez.
Com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, pretende abrir o caminho para acordos setoriais que possam reduzir o nível de tensão no comércio entre Brasil e Argentina. "Primeiro eu vou entregar a ele uma caixa de charutos. Com isso vou convencê-lo de qualquer coisa", afirma o empresário de 60 anos, dono da Texlona e conhecido como "El Vasco", pela ascendência basca.
Mas que ninguém, na Fiesp ou no governo brasileiro, espere facilidade nas conversas. Admirador do presidente Juscelino Kubitschek, ele garante que o Brasil também é protecionista, "mas com muita inteligência, sem reconhecer". E diz que a indústria argentina ainda não pode prescindir de mecanismos de proteção contra seus concorrentes.
"Não se pode sair da terapia intensiva, como em 2001, e correr a São Silvestre alguns anos depois", avalia Mendiguren. Naquele ano, ele presidia a UIA pela primeira vez, quando foi chamado pelo então presidente Eduardo Duhalde para assumir o recém-criado Ministério da Produção, em meio ao caos social e econômico vivido no país.
Na semana passada, quando recebeu o Valor na sede da instituição, na tradicional avenida de Mayo, as portas do edifício estavam trancadas. Momentos antes, manifestantes da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), que bloqueavam a avenida, atiraram pedras e quebraram vidros no hall de entrada da entidade.
Na entrevista, Mendiguren defende uma "agenda estratégica e visão de longo prazo" para o Mercosul. E sustenta que as medidas protecionistas adotadas pelo governo argentino devem ser entendidas como um mecanismo para compensar provisoriamente as diferenças dentro do bloco. Cita, por exemplo, a assimetria entre as condições de financiamento no Brasil e na Argentina. "No dia em que o industrial sair do Banco de la Nación com financiamento para abrir uma fábrica no Brasil, poderemos baixar a guarda".
Valor: No Brasil, os industriais argentinos têm a fama de reclamões, protecionistas e pouco competitivos. Como o sr. responde?
José Ignacio de Mendiguren: Com outra pergunta: o que faria um industrial brasileiro se tivesse enfrentado as mesmas circunstâncias que nós vivemos nas últimas três décadas? Nenhum outro país teve a volatilidade macroeconômica que vivemos, na Argentina, entre 1976 e 2001. Foi um período em que não só deixamos de crescer, como nos desindustrializamos. Tivemos oito modelos econômicos totalmente diferentes, e cada um deles terminava em grandes crises. Chegamos a ver cinco presidentes da República em dez dias, enquanto 18 moedas circulavam pelo país e decretava-se a maior moratória da história da humanidade. É nesse ambiente que tivemos que fazer negócios.
Valor: Ninguém ignora o histórico de dificuldades, mas setores do governo brasileiro dizem que já se passaram dez anos desde a crise de 2001 e que já houve tempo de sobra para se reindustrializar.
Mendiguren: Respeitemos os tempos. Não se pode sair da terapia intensiva, como em 2001, e correr a São Silvestre alguns anos depois. Uma questão não resolvida, na Argentina, é o financiamento. Só o que o BNDES empresta à indústria brasileira, em proporção do PIB, equivale a todo o crédito da economia argentina - algo perto de 12% ou 13%. Isso não é culpa do Brasil. É culpa nossa, mas não dá para comparar as duas economias. Enquanto o Brasil está estimulando a internacionalização de suas companhias, o que é um processo indispensável ao desenvolvimento de qualquer país, nós não temos crédito sequer para financiar a expansão interna.
Valor: Então o sr. defende as medidas protecionistas como um mecanismo compensatório das diferenças no Mercosul?
Mendiguren: Elas são, mas temporárias. Todos os países ricos do mundo chegaram ao desenvolvimento pela escada do protecionismo. E, depois de terem chegado lá, chutaram a escada. Mas entendo que são medidas provisórias. O Brasil está em outro estágio de desenvolvimento. Imagine o dia em que o industrial argentino sair do Banco de la Nación com financiamento para abrir uma fábrica no Brasil. Quando chegar esse dia, poderemos baixar a guarda.
Valor: A indústria argentina ainda não tem condições de sobreviver sem proteção?
Mendiguren: Existem dificuldades. Mas o mundo inteiro adotou formas de proteger suas indústrias, não só a Argentina, com a crise de 2008. Os estoques que não puderam ser colocados nos mercados tradicionais foram despejados em outras regiões, como a nossa. Isso pode destruir setores. Todos os países agiram a favor de seus mercados, seja por meio da guerra de moedas, seja por mecanismos de administração do comércio, que não são necessariamente tarifários, como restrições fitossanitárias, por exemplo. Todo o mundo foi pragmático nessa crise.
Valor: Mas parece ter havido um excesso de protecionismo na Argentina, que dura até agora.
Mendiguren: As formas é que talvez sejam distintas. O Brasil sempre aplicou essas medidas, mas com muita inteligência, sem reconhecê-las. Nós dizemos que vamos aplicar. Mas o efeito é o mesmo.
Valor: O Brasil também é meio protecionista?
Mendiguren: Meio?! Se você olhar com um olho só, o Brasil é meio protecionista. Quer que eu lembre todas as coisas que o governo brasileiro fazia quando a balança comercial com a Argentina lhe era desfavorável? Parava caminhões na fronteira com alimentos perecíveis. Diziam na alfândega que o peso exato da carga não era o mesmo do registro de exportação. Quando os produtos não coincidiam com o valor de referência que o Brasil determinava, o sistema informatizado caía de repente. Se quiséssemos, tínhamos que fazer o processo manualmente e a um custo adicional. Com os produtos lácteos, até hoje eles só podem entrar quando há problemas domésticos de oferta.
Valor: Então há um excesso de rigor quando os empresários brasileiros reclamam dos argentinos?
Mendiguren: Quando as condições macroeconômicas são favoráveis, os empresários argentinos têm uma história de sucesso para contar. A Argentina foi um dos primeiros países em desenvolvimento com multinacionais: Siam Di Tella, Bunge & Born e YPF. Há um caso emblemático, o da Alpargatas São Paulo, que foi montada pela Alpargatas Argentina. Cem anos depois, a filha comprou a mãe (hoje ambas são controladas pela Camargo Corrêa). Isso não ocorreu por culpa dos empresários, mas pelas diferenças macroeconômicas e industriais entre Brasil e Argentina.
Valor: Como se explica, apesar do câmbio favorável à Argentina, um desequilíbrio comercial tão grande com o Brasil?
Mendiguren: Não se deve olhar a taxa de câmbio nominal. O peso se desvalorizou, mas com um aumento da inflação que equivale mais ou menos à apreciação que teve o real. Mas não devemos nos ater aos problemas de conjuntura. A grande pergunta é se o Mercosul continua sendo uma vantagem aos setores empresariais dos dois países. Eu acredito que sim. Sou um defensor do Mercosul. Sou pró-Brasil, está claro?
Valor: Mas o Mercosul não está em seus melhores dias...
Mendiguren: O Mercosul se resolve com mais Mercosul, mas com mais institucionalização. Se Brasil e Argentina continuarmos nos olhando só como mercados, sem uma visão ampla de integração, vão persistir esses problemas. E cada problema se torna imenso, porque não existe uma agenda estratégica. O mundo está dando uma grande oportunidade à região. Há quase 1 bilhão de habitantes entrando na classe média, que demandam os nossos produtos. Temos que aproveitar essas condições favoráveis não só para crescer, mas para nos desenvolvermos, senão há um risco de primarização das nossas economias. Há uma diferença entre as duas coisas. O crescimento é espontâneo: crescemos pelos preços das nossas commodities. Mas o desenvolvimento precisa da criação de políticas e ferramentas para ir na direção que queremos. Essa é a oportunidade que Brasil e Argentina não podem perder. Não podemos apostar só nos recursos naturais.
Valor: Há quem diga no Brasil que as posições da indústria argentina têm dificultado avanços em direção a um acordo de livre comércio com a União Europeia. A Argentina está preparada para fazer concessões?
Mendiguren: Queremos um acordo, mas um acordo equilibrado. É certo que o Brasil tem uma posição diferente à da Argentina. Por quê? O Brasil tem cartas guardadas para negociar, como o setor de serviços ou as compras governamentais. A Argentina entregou tudo nos anos 90. Aqui, qualquer banco brasileiro pode vir e instalar-se amanhã. Nas licitações públicas, qualquer empresa pode vir. Ou seja, não é que o empresário argentino seja mais ou menos protecionista do que qualquer outro. Eu faço uma pergunta de outra forma. Quais as condições da nossa indústria, sem termos nada do que têm os empresários brasileiros: crédito, estabilidade, plano de desenvolvimento? Precisaríamos ter três cabeças.
Valor: Passando a questões domésticas, como o senhor avalia os governos de Néstor e de Cristina Kirchner?
Mendiguren: Acredito nos resultados para o nosso setor. Há muito tempo não vemos uma Argentina com a macroeconomia tão ordenada. A dívida está em 30% do PIB, não há déficit fiscal. E vemos que as condições internacionais positivas vão se manter. É preciso somente fazer os ajustes necessários para passar de um processo de crescimento a um processo de desenvolvimento econômico. Sou bastante otimista com a Argentina. E acho que o Brasil, pelos seus investimentos aqui, também é. A Argentina pode tranquilamente dobrar seu PIB nos próximos três mandatos presidenciais, um período de 12 anos, e ter uma redistribuição pela qual os salários voltem a significar 50% da renda nacional.
Valor: Mas há uma inflação cada vez mais preocupante, que beira 25% ao ano. Muitos economistas cobram um plano para atacá-la imediatamente.
Mendiguren: Não creio em choques, mas em um plano gradual, de metas de inflação que possam ir baixando gradualmente a alta de preços. A Argentina não tem um problema estrutural de inflação. Nos anos 80, tínhamos um dólar que disparava de repente e se refletia nos preços, uma economia indexada, um déficit fiscal tremendo que levava a uma emissão descontrolada. Ou seja, a inflação era estrutural. Hoje não ocorre isso.
Valor: O que a Argentina deve fazer para seguir crescendo?
Mendiguren: O que falta é mais investimento. A taxa de investimento não está caminhando com a mesma velocidade que as necessidades de uma economia em forte expansão. É preciso conhecer as regras do jogo, é verdade. Obviamente a segurança jurídica é importante para nós, mas isso somente não basta. Não sei qual é a segurança jurídica que tem a China, por exemplo. O que a Argentina precisa para sustentar o crescimento de 92% que teve a indústria, desde 2001, é definir que o rumo não será mudado. Que não voltamos aos tempos de Cavallo [Domingo Cavallo, ministro da Economia no governo Menem e pai do Plano de Conversibilidade, nos anos 90], de Martínez de Hoz [ministro da Economia na segunda metade dos anos 70, durante a última ditadura militar, de ideário fortemente liberal], sem mágicas, priorizando a geração de riqueza e de trabalho.
Valor: A Argentina deve adotar o Brasil como modelo para alguma coisa?
Mendiguren: Vocês estão há cinco décadas em um rumo que não se modifica. Sou um leitor dos diálogos entre os presidentes Juscelino Kubitschek e Arturo Frondizi. Em 1958, o Brasil e a Argentina tinham o mesmo PIB, mas tínhamos um terço dos habitantes. Olhemos a história: o Brasil nunca abandonou os seus planos, nem mesmo nos regimes militares, que aprofundaram o modelo de industrialização. Aqui, aplicaram um modelo neoliberal. O mausoléu de JK, em Brasília, é maior do que a Catedral de Buenos Aires. Enquanto isso, Frondizi não é nome sequer de uma travessa e está enterrado no túmulo de uma irmã sua, em um cemitério de Vicente López [município da Grande Buenos Aires].
A agenda internacional do Brasil - Marcelo de Paiva Abreu
Desafios da agenda econômica internacional
Marcelo de Paiva Abreu*
O Estado de São Paulo, segunda-feira, 13.6.2011
Qual é a atual agenda econômica internacional do Brasil? E em que medida se ajusta aos "interesses nacionais", isto é, a interesses que não sejam estritamente associados a determinados grupos econômicos ou classes sociais? No jargão dos economistas, que não reflitam meros "interesses especiais". É claro que sempre existirão interesses especiais beneficiados quando se trata de defender interesses nacionais. Mas o que deve ser encarado criticamente é o triste espetáculo de defesa de "interesses especiais" por representantes das "classes produtoras" enrolados na bandeira nacional e invocando "interesses nacionais". Seria salutar que o chororô cambial fosse pelo menos acompanhado da denúncia de suas causas principais: um governo que insiste em gastar muito e mal.
Não é simples separar a agenda econômica da agenda política. Alguns objetivos de natureza política são justificados, ao menos parcialmente, por suas implicações sobre o poder de barganha do Brasil em foros estritamente econômico-financeiros. Esse é o caso do velho anseio brasileiro por um lugar no Conselho de Segurança (CS) da ONU. No passado recente, a ênfase nesse objetivo foi certamente excessiva, configurando "postulação" do Brasil que, caso rejeitada, poderia levar facilmente à perda de face. Especialmente quando é altamente improvável que os cinco atuais membros permanentes do CS estejam dispostos a compartilhar o seu poder de veto com novos membros. O objetivo do Brasil quanto ao assunto deveria ser envidar esforços para tornar improvável que, no caso de expansão do Conselho de Segurança em termos aceitáveis - algo a definir -, o Brasil seja preterido. Mas a principal justificativa para a prioridade do tema é o fortalecimento da posição negociadora brasileira na Organização Mundial do Comércio (OMC) e no eixo G-20/FMI, pois, em matérias estritamente relacionadas ao tema segurança, o interesse brasileiro é secundário.
No terreno comercial, os interesses brasileiros continuam focados na redução do protecionismo nas negociações da Rodada Doha, a despeito do notável desinteresse dos EUA e da União Europeia e de diversas declarações contritas do G-20. Esse tem sido, de longe, o tema em que a diplomacia brasileira se tem revelado persistentemente mais coerente. A importância do Brasil na OMC é muito maior do que seria justificado pelo peso do Brasil no comércio mundial. Isso é fruto de muitas décadas de envolvimento sério da diplomacia comercial brasileira no assunto, só ocasionalmente marcado por posturas de baixa credibilidade, como foi o caso em meados da década de 1980.
No quadro regional, o governo deverá avaliar se há condições políticas para ou um avanço significativo na consolidação do Mercosul ou um recuo para uma zona de livre comércio, que devolverá preciosos graus de liberdade à formulação da política comercial brasileira, independentemente da Argentina. A situação atual do Brasil é similar à do asno de Buridan, que, faminto e sedento, equidistante do balde d"água e do monte de feno, acabou morrendo de fome e de sede. O custo de estar obrigado a negociar uma tarifa externa comum compatível com as restrições argentinas está ficando proibitivo.
No terreno financeiro, a estratégia cautelosa seria a gradual construção de good will no G-20/FMI, tomando como exemplo o que foi possível fazer em Genebra. A dificuldade aí é que, para isso, seria preciso que de forma persistente e crível as autoridades econômicas demonstrassem efetivo compromisso com políticas macroeconômicas responsáveis. Não há espaço para a construção de credibilidade num ambiente onde predomina a macroeconomia de fundo de quintal. Aquela que não crê, por exemplo, que investimento pressiona preços ou que não há relação entre política de juros e nível de inflação. Nessa área há muito dever de casa interno a fazer.
Finalmente, seria altamente recomendável a redução da notória propensão da diplomacia brasileira recente a considerar "estratégicas" relações com países cuja pauta prioritária pouco tem que ver com os efetivos interesses estratégicos brasileiros. Talvez a França seja o melhor exemplo de "parceiro estratégico" mal escolhido. A cooperação militar bilateral, em amplitude ainda a ser definida, não parece ser compensação suficiente para as notórias diferenças de posições quanto a diversos temas da agenda econômica, especialmente os agrícolas. Mesmo os Brics, com a possível exceção da África do Sul, têm interesses estratégicos bem diferentes dos do Brasil. A parceria estratégica com a China, em particular, que despertou tantas ilusões no passado, se tem revelado de digestão bastante difícil, com a consolidação da posição do Brasil, de um lado, como supridor de matérias-primas à China e, de outro, crescentemente deslocado como exportador de manufaturas pela China tanto em terceiros mercados quanto no mercado brasileiro.
A escolha de parceiros estratégicos que não sejam de mera conveniência passageira deveria ser alicerçada pela análise de quais são os interesses estratégicos do Brasil. E essa não parece ser a vantagem comparativa do atual governo.
*Marcelo de Paiva Abreu, doutor em economia pela Universidade de Cambridge, é professor titular no Departamento de Economia da PUC-Rio.
Marcelo de Paiva Abreu*
O Estado de São Paulo, segunda-feira, 13.6.2011
Qual é a atual agenda econômica internacional do Brasil? E em que medida se ajusta aos "interesses nacionais", isto é, a interesses que não sejam estritamente associados a determinados grupos econômicos ou classes sociais? No jargão dos economistas, que não reflitam meros "interesses especiais". É claro que sempre existirão interesses especiais beneficiados quando se trata de defender interesses nacionais. Mas o que deve ser encarado criticamente é o triste espetáculo de defesa de "interesses especiais" por representantes das "classes produtoras" enrolados na bandeira nacional e invocando "interesses nacionais". Seria salutar que o chororô cambial fosse pelo menos acompanhado da denúncia de suas causas principais: um governo que insiste em gastar muito e mal.
Não é simples separar a agenda econômica da agenda política. Alguns objetivos de natureza política são justificados, ao menos parcialmente, por suas implicações sobre o poder de barganha do Brasil em foros estritamente econômico-financeiros. Esse é o caso do velho anseio brasileiro por um lugar no Conselho de Segurança (CS) da ONU. No passado recente, a ênfase nesse objetivo foi certamente excessiva, configurando "postulação" do Brasil que, caso rejeitada, poderia levar facilmente à perda de face. Especialmente quando é altamente improvável que os cinco atuais membros permanentes do CS estejam dispostos a compartilhar o seu poder de veto com novos membros. O objetivo do Brasil quanto ao assunto deveria ser envidar esforços para tornar improvável que, no caso de expansão do Conselho de Segurança em termos aceitáveis - algo a definir -, o Brasil seja preterido. Mas a principal justificativa para a prioridade do tema é o fortalecimento da posição negociadora brasileira na Organização Mundial do Comércio (OMC) e no eixo G-20/FMI, pois, em matérias estritamente relacionadas ao tema segurança, o interesse brasileiro é secundário.
No terreno comercial, os interesses brasileiros continuam focados na redução do protecionismo nas negociações da Rodada Doha, a despeito do notável desinteresse dos EUA e da União Europeia e de diversas declarações contritas do G-20. Esse tem sido, de longe, o tema em que a diplomacia brasileira se tem revelado persistentemente mais coerente. A importância do Brasil na OMC é muito maior do que seria justificado pelo peso do Brasil no comércio mundial. Isso é fruto de muitas décadas de envolvimento sério da diplomacia comercial brasileira no assunto, só ocasionalmente marcado por posturas de baixa credibilidade, como foi o caso em meados da década de 1980.
No quadro regional, o governo deverá avaliar se há condições políticas para ou um avanço significativo na consolidação do Mercosul ou um recuo para uma zona de livre comércio, que devolverá preciosos graus de liberdade à formulação da política comercial brasileira, independentemente da Argentina. A situação atual do Brasil é similar à do asno de Buridan, que, faminto e sedento, equidistante do balde d"água e do monte de feno, acabou morrendo de fome e de sede. O custo de estar obrigado a negociar uma tarifa externa comum compatível com as restrições argentinas está ficando proibitivo.
No terreno financeiro, a estratégia cautelosa seria a gradual construção de good will no G-20/FMI, tomando como exemplo o que foi possível fazer em Genebra. A dificuldade aí é que, para isso, seria preciso que de forma persistente e crível as autoridades econômicas demonstrassem efetivo compromisso com políticas macroeconômicas responsáveis. Não há espaço para a construção de credibilidade num ambiente onde predomina a macroeconomia de fundo de quintal. Aquela que não crê, por exemplo, que investimento pressiona preços ou que não há relação entre política de juros e nível de inflação. Nessa área há muito dever de casa interno a fazer.
Finalmente, seria altamente recomendável a redução da notória propensão da diplomacia brasileira recente a considerar "estratégicas" relações com países cuja pauta prioritária pouco tem que ver com os efetivos interesses estratégicos brasileiros. Talvez a França seja o melhor exemplo de "parceiro estratégico" mal escolhido. A cooperação militar bilateral, em amplitude ainda a ser definida, não parece ser compensação suficiente para as notórias diferenças de posições quanto a diversos temas da agenda econômica, especialmente os agrícolas. Mesmo os Brics, com a possível exceção da África do Sul, têm interesses estratégicos bem diferentes dos do Brasil. A parceria estratégica com a China, em particular, que despertou tantas ilusões no passado, se tem revelado de digestão bastante difícil, com a consolidação da posição do Brasil, de um lado, como supridor de matérias-primas à China e, de outro, crescentemente deslocado como exportador de manufaturas pela China tanto em terceiros mercados quanto no mercado brasileiro.
A escolha de parceiros estratégicos que não sejam de mera conveniência passageira deveria ser alicerçada pela análise de quais são os interesses estratégicos do Brasil. E essa não parece ser a vantagem comparativa do atual governo.
*Marcelo de Paiva Abreu, doutor em economia pela Universidade de Cambridge, é professor titular no Departamento de Economia da PUC-Rio.
Nova frase da semana: quadrilhas juninas (and beyond...)
Aproveite junho, único mês em que a formação de quadrilhas é permitida para todos os cidadãos. No resto do ano, é só para aqueles que a gente sabe.
Carlos Brickmann, jornalista
Carlos Brickmann, jornalista
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