Confesso que não sei se vale os bits and bytes gastos nesta postagem, e até o meu trabalho de ler e postar. Acho que não vale o esforço, nem a leitura...
Paulo Roberto de Almeida
Mais uma reunião de cúpula vazia no Mercosul
Raquel Landim
Blog do Estadão, 1 de julho de 2011 | 16h43
A presidente Dilma Rousseff participou essa semana de sua primeira reunião de cúpula do Mercosul. Foi a 41ª reunião oficial do bloco e era para ser um momento especial, porque o Mercosul completa duas décadas este ano. O encontro, no entanto, não resultou em nada de concreto – uma triste realidade que já se transformou em regra.
No extenso comunicado de 43 parágrafos divulgado ao final da reunião, os presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai se limitaram a distribuir felicitações entre si e a comemorar avanços de iniciativas já divulgadas, como a intenção de acabar com a dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) até o início do próximo ano.
Durante o encontro, nenhuma palavra sobre as barreiras protecionistas que impedem a livre circulação de produtos no bloco, aplicadas principalmente pela Argentina. O Brasil contra-atacou, inpondo licenças não-automáticas para a importação de carros. Uma reunião ministerial entre os dois países baixou a poeira do conflito, mas os empresários relatam que o problema não foi resolvido.
É compreensível que os diplomatas queiram esvaziar os encontros de cúpula de questões negativas, mas não se pode ignorar um problema como esse. Principalmente quando não se tem nada para colocar no lugar. Aliás, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sequer foi a reunião, alegando que se recupera de um pequeno acidente sofrido em Buenos Aires.
Do ponto de vista comercial, o único ponto importante que surgiu foi a cobrança da Dilma para que os países avaliem uma proposta do Brasil. O País quer permissão para elevar tarifas de importação de alguns produtos, por um tempo definido, para proteger seu mercado. Hoje é preciso conseguir que todos os países do bloco façam o mesmo ou incluir o produto na lista de exceção da TEC.
Na avaliação do governo brasileiro, o forte crescimento da economia local está atraindo muitos produtos importados e uma medida como essa seria necessária excepcionalmente. Confesso que ainda não tenho clareza de como isso vai funcionar. À primeira vista, parece mais uma maneira de ferir a já combalida TEC e causar mais distorções no bloco.
Também durante o encontro houveram declarações sobre incluir a Bolívia e o Equador no Mercosul, mas sem qualquer compromisso com prazos. A Venezuela, do polêmico presidente Hugo Chávez, ainda aguarda o aval do Congresso do Paraguai. Aliás, como é possível falar em aumentar o bloco com tantos problemas internos?
O Mercosul tem sido importante para o Brasil, principalmente para absorver as exportações de produtos manufaturados. É uma pena que o projeto esteja tão abandonado.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 2 de julho de 2011
Uma materia da FSP sobre cursos de RI: incompetente, superficial, desonesta...
Leiam esta matéria da FSP, de 2005, mas da qual fui tomar conhecimento apenas hoje, 2/07/2011, e depois leiam o que escrevi mais abaixo, como comentário atual.
E por favor, esqueçam tudo o que está transcrito em meu nome: NUNCA dei entrevista para a FSP, que colou frases desconectadas de algum trabalho meu, como seu eu tivesse declarado aquilo para a matéria do jornal.
Desonestidade, incompetência, mau jornalismo!
Paulo Roberto de Almeida
Curso de RI se expande e enfrenta objeções
Folha de S. Paulo, 11/12/2005
Até meados dos anos 90, havia somente dois cursos de RI (relações internacionais) no país, um em Brasília e outro em São Paulo.* Atualmente, são 84, segundo o Ministério da Educação, sendo 17 apenas na capital paulista. A expansão da oferta coincide com a procura cada vez maior dos estudantes: o curso teve mais de 28 candidatos por vaga no último exame da USP, foram 1.408 vestibulandos para só 50 vagas e, na PUC-SP, é o campeão na relação entre inscritos e aprovados. Se poucas dúvidas restam de que a graduação em RI é a estrela da vez, um agravante tem suscitado discussões sobre sua recente proliferação: a falta de portas abertas no mercado de trabalho.
"Assim como sociologia era o curso da moda nos anos 60, e psicologia, nos anos 70, hoje é charmoso estudar RI, que é uma assemblage de aulas não voltadas ao mercado de trabalho", critica o ministro da carreira diplomática Paulo Roberto de Almeida.
Na avaliação do diplomata, o empregador não consegue avaliar a qualidade do curso. "Não se busca quem saiba como funciona o Conselho de Segurança da ONU, mas sim quem entenda realmente de direito para fechar contratos ou de economia para fazer prospecção de mercado."
Outro problema é a baixa qualidade da grade curricular de algumas instituições: "[A habilitação] está se desfigurando. Disciplinas que deveriam ser optativas, como contabilidade, já entram no primeiro semestre", aponta o coordenador da graduação em RI da PUC-SP, Reginaldo Nasser.
"Muitas das faculdades que criaram o curso oferecem um currículo ralo", acrescenta a coordenadora do bacharelado em RI da USP, Maria Hermínia Tavares de Almeida, que atribui a expansão à crescente percepção da importância dos temas internacionais.
O ex-secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) Rubens Ricúpero compartilha da mesma opinião: "A globalização foi o maior impulsionador do curso. Mas, após a rápida expansão, haverá ajustes".
Até que a graduação em RI esteja consolidada, cabe aos novos profissionais agarrar as oportunidades de carreira. Esse foi o caso do bacharel em RI Fabio Rua, 27. "Há um grande desconhecimento do curso no setor privado. Mas, com uma forte rede de contatos, é possível vencer os obstáculos", ensina Rua, que é gerente de RI da Amcham e acaba de ser contratado para comandar, a partir de janeiro, o mesmo setor em uma multinacional brasileira.
A discussão mais acirrada, no entanto, é a relevância do curso para a carreira diplomática, um dos principais destinos dos universitários matriculados em RI. Segundo Paulo Roberto de Almeida, "o ideal para seguir a diplomacia é fazer uma graduação clássica para então especializar-se em relações internacionais". O diplomata Sérgio Couri faz coro: "É melhor estudar direito, economia, ciências políticas ou, ainda, administração de empresas".
Já para Nasser, da PUC-SP, essa visão é fruto de "desinformação". "O êxito do curso se dá justamente porque as disciplinas clássicas estão ruins. Por exemplo, quase não se estuda economia internacional em economia", rebate. "As graduações tradicionais têm temas muito voltados para o passado", completa Ricúpero, que também é diretor da Faculdade de Economia da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).
Já o diplomata e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Sérgio Amaral relativiza a polêmica: "O bom da graduação é abranger direito, economia e ciências políticas. Mas, ainda que a função diplomática baseie-se nesse tripé, não se deve valorizar em excesso o curso [de RI em detrimento de outros]".
Na dúvida entre a carreira que melhor se molde à diplomacia, alguns estudantes visualizam uma dupla graduação. "Em RI, você sabe de tudo e, ao mesmo tempo, não sabe de nada. Para seguir a diplomacia tradicional, logo que graduar-me [nesse curso], complementarei o que aprendi estudando direito", diz a universitária Ludmilla Fogli Scarlato, 20.
A estratégia é a mesma de Francisco Sérgio Bonelli, 20, que trancou a faculdade de direito após freqüentá-la por dois anos. "Concluirei o curso após o de RI. Também pretendo fazer um MBA na área internacional", planeja.
*: O curso de RI da UNESA (Universidade Estácio de Sá), no Rio de Janeiro, existe desde 1988, sendo, portanto, o segundo mais tradicional curso de RI do Brasil.
==========
Comento:
Pescaram duas ou três frases de trabalhos meus, descontextualizadas, desconectadas dos problemas que eu estava discutindo em textos mais amplos, bastante tempo atrás, e colaram numa matéria simplista, mal escrita e superficial.
Se tivessem me consultado ou pedido autorização para transcrever essas frases minhas, eu nunca teria dado, pois é evidente que eu não falei com a FSP, nem autorizei que retirassem essas frases do seu contexto original.
Considero isso mau jornalismo, desonesto, incompetente.
Paulo Roberto de Almeida
E por favor, esqueçam tudo o que está transcrito em meu nome: NUNCA dei entrevista para a FSP, que colou frases desconectadas de algum trabalho meu, como seu eu tivesse declarado aquilo para a matéria do jornal.
Desonestidade, incompetência, mau jornalismo!
Paulo Roberto de Almeida
Curso de RI se expande e enfrenta objeções
Folha de S. Paulo, 11/12/2005
Até meados dos anos 90, havia somente dois cursos de RI (relações internacionais) no país, um em Brasília e outro em São Paulo.* Atualmente, são 84, segundo o Ministério da Educação, sendo 17 apenas na capital paulista. A expansão da oferta coincide com a procura cada vez maior dos estudantes: o curso teve mais de 28 candidatos por vaga no último exame da USP, foram 1.408 vestibulandos para só 50 vagas e, na PUC-SP, é o campeão na relação entre inscritos e aprovados. Se poucas dúvidas restam de que a graduação em RI é a estrela da vez, um agravante tem suscitado discussões sobre sua recente proliferação: a falta de portas abertas no mercado de trabalho.
"Assim como sociologia era o curso da moda nos anos 60, e psicologia, nos anos 70, hoje é charmoso estudar RI, que é uma assemblage de aulas não voltadas ao mercado de trabalho", critica o ministro da carreira diplomática Paulo Roberto de Almeida.
Na avaliação do diplomata, o empregador não consegue avaliar a qualidade do curso. "Não se busca quem saiba como funciona o Conselho de Segurança da ONU, mas sim quem entenda realmente de direito para fechar contratos ou de economia para fazer prospecção de mercado."
Outro problema é a baixa qualidade da grade curricular de algumas instituições: "[A habilitação] está se desfigurando. Disciplinas que deveriam ser optativas, como contabilidade, já entram no primeiro semestre", aponta o coordenador da graduação em RI da PUC-SP, Reginaldo Nasser.
"Muitas das faculdades que criaram o curso oferecem um currículo ralo", acrescenta a coordenadora do bacharelado em RI da USP, Maria Hermínia Tavares de Almeida, que atribui a expansão à crescente percepção da importância dos temas internacionais.
O ex-secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) Rubens Ricúpero compartilha da mesma opinião: "A globalização foi o maior impulsionador do curso. Mas, após a rápida expansão, haverá ajustes".
Até que a graduação em RI esteja consolidada, cabe aos novos profissionais agarrar as oportunidades de carreira. Esse foi o caso do bacharel em RI Fabio Rua, 27. "Há um grande desconhecimento do curso no setor privado. Mas, com uma forte rede de contatos, é possível vencer os obstáculos", ensina Rua, que é gerente de RI da Amcham e acaba de ser contratado para comandar, a partir de janeiro, o mesmo setor em uma multinacional brasileira.
A discussão mais acirrada, no entanto, é a relevância do curso para a carreira diplomática, um dos principais destinos dos universitários matriculados em RI. Segundo Paulo Roberto de Almeida, "o ideal para seguir a diplomacia é fazer uma graduação clássica para então especializar-se em relações internacionais". O diplomata Sérgio Couri faz coro: "É melhor estudar direito, economia, ciências políticas ou, ainda, administração de empresas".
Já para Nasser, da PUC-SP, essa visão é fruto de "desinformação". "O êxito do curso se dá justamente porque as disciplinas clássicas estão ruins. Por exemplo, quase não se estuda economia internacional em economia", rebate. "As graduações tradicionais têm temas muito voltados para o passado", completa Ricúpero, que também é diretor da Faculdade de Economia da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).
Já o diplomata e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Sérgio Amaral relativiza a polêmica: "O bom da graduação é abranger direito, economia e ciências políticas. Mas, ainda que a função diplomática baseie-se nesse tripé, não se deve valorizar em excesso o curso [de RI em detrimento de outros]".
Na dúvida entre a carreira que melhor se molde à diplomacia, alguns estudantes visualizam uma dupla graduação. "Em RI, você sabe de tudo e, ao mesmo tempo, não sabe de nada. Para seguir a diplomacia tradicional, logo que graduar-me [nesse curso], complementarei o que aprendi estudando direito", diz a universitária Ludmilla Fogli Scarlato, 20.
A estratégia é a mesma de Francisco Sérgio Bonelli, 20, que trancou a faculdade de direito após freqüentá-la por dois anos. "Concluirei o curso após o de RI. Também pretendo fazer um MBA na área internacional", planeja.
*: O curso de RI da UNESA (Universidade Estácio de Sá), no Rio de Janeiro, existe desde 1988, sendo, portanto, o segundo mais tradicional curso de RI do Brasil.
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Comento:
Pescaram duas ou três frases de trabalhos meus, descontextualizadas, desconectadas dos problemas que eu estava discutindo em textos mais amplos, bastante tempo atrás, e colaram numa matéria simplista, mal escrita e superficial.
Se tivessem me consultado ou pedido autorização para transcrever essas frases minhas, eu nunca teria dado, pois é evidente que eu não falei com a FSP, nem autorizei que retirassem essas frases do seu contexto original.
Considero isso mau jornalismo, desonesto, incompetente.
Paulo Roberto de Almeida
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Lobo Antunes - traducao de "Os ... do Judas" em ingles
Books of The Times
On a Fool’s Mission in a Dying Colonial World
By LARRY ROHTER
The New York Times Book Review, June 29, 2011
António Lobo Antunes
THE LAND AT THE END OF THE WORLD
Translated by Margaret Jull Costa
222 pages. W. W. Norton & Company. $26.95.
Combat experiences are like Tolstoy’s unhappy families: no two are alike, which may be why they often make for great novels, as Tolstoy also knew. The cause need not even be noble, since a hopeless situation and senseless violence can actually fortify a work of fiction. Certainly that is the case with António Lobo Antunes’s “Land at the End of the World,” set in Angola in the early 1970s, as Portugal’s ludicrous effort to preserve its African empire was meandering to an inglorious end.
The unnamed narrator is a young doctor wrenched from a comfortable life in Lisbon and forced to spend 27 months on the front lines treating his hapless fellow soldiers. He resents that they have been made “agents of a provincial form of fascism that was corroding and eating away at itself with the slow acid of its own sad, parochial stupidity.” But mostly he is sickened by the mutilated bodies delivered to his care, and fearful the same may happen to him. Though there are flashes of humor, almost always mordant, this is not “M*A*S*H” but something far darker and more absurd.
“The Land at the End of the World,” newly translated by Margaret Jull Costa, was originally published in 1979, four years after Portugal’s withdrawal from Africa and the final collapse of America’s intervention in Vietnam. At that time it was interpreted as a comment on the inherent futility of those recent Western adventures in the third world. But read at more than 30 years’ remove from those events much of this account of what Mr. Lobo Antunes’s narrator calls a “painful apprenticeship in dying” would no doubt make sense to survivors of the Iraq and Afghanistan wars.
“What have they done to us,” the narrator asks in one of his typically long and torrential sentences, “sitting here waiting in this landlocked place, imprisoned by three rows of barbed wire in a land that doesn’t belong to us, dying of malaria and bullets, whose whistling trajectory sounds like a nylon thread vibrating, fed by unreliable supply lines whose arrival or not is dependent on frequent accidents en route, on ambushes and land mines, fighting an invisible enemy, fighting the endless days that never pass, fighting homesickness, indignation, and remorse, fighting the dark nights as thick and opaque as a mourning veil.”
Back home in Lisbon, his marriage yet another casualty of the war, the traumatized doctor finds no solace. “Rootless, I float between two continents, both of which spurn me,” he says. “I have no place anywhere, I went too far away for too long to ever belong here again, to these autumns of rain and Sunday Masses, these long winters as dull as blown light bulbs.”
Even sex cannot provide relief, or a distraction, since he is capable only of collecting women “the way you might find odd bits of change in the pocket of a winter coat.” The narrator’s story unfolds over the course of a long, drunken night in which he successfully, but only half-heartedly, seduces a woman he has just met in a bar, who has the “aseptic, competent dandruff-free air of an executive secretary.” He knows this erotic escapade will end like all his others: with “the damp defeat of two exhausted bodies on the mattress” after an act of coitus that has all “the limp joy of two strands of spaghetti entwining.”
Like Anton Chekhov, William Carlos Williams and Moacyr Scliar, Mr. Lobo Antunes belongs to that select group of writers who are also doctors — a psychiatrist, to be more precise, who himself served in a field hospital in Angola. But the novelist-doctor he probably most resembles is Louis-Ferdinand Céline, whose “Journey to the End of the Night” is also a grotesque reflection on the horror of war and the failure of European imperialism in Africa. Mr. Lobo Antunes has even told of how, as a teenager, he experienced such “bedazzlement” from reading Céline’s “Death on the Installment Plan” that he wrote a letter to that misanthropic Frenchman, who, to his credit, responded with, he recalled, “immense tenderness.”
The original version of Mr. Lobo Antunes’s novel had a suitably Céline-like scatological title, which refers to the anatomy of Judas and is a common Portuguese-language slang expression meaning something like “the back of beyond.” Ms. Jull Costa has had to find a less pungent substitute, as did an earlier translation, published in 1983, that was called “South of Nowhere.” But once the story begins, her rendering of the novelist’s language and style is simply splendid. He has created a memorably unhinged narrator, and she manages to capture, perfectly and faithfully, the bitter, hallucinatory and increasingly desperate tone of his monologue.
Perhaps because of his training as a psychiatrist, Mr. Lobo Antunes is also an unusually observant writer, which in turn seems to have bestowed on him a particular gift for coining unusual but apt similes. Rain clouds in the tropics are “as heavy as udders,” an exhausted soldier slings his rifle “over his shoulder as if it were a useless fishing rod,” a skinny schoolmarm in a bereft colonial outpost has “collarbones as prominent as Brezhnev’s eyebrows,” and basic training finds the narrator “side by side with a fat recruit as wobbly as a crème caramel on a plate.”
Ms. Jull Costa begins her introduction to the novel by noting that Mr. Lobo Antunes is “generally considered to be Portugal’s greatest living writer.” She was writing a few weeks after the death last year of the Nobel laureate José Saramago, whose work she also has translated, but even during Saramago’s lifetime many readers and critics preferred Mr. Lobo Antunes, who certainly is the more subtle and sardonic of the two. Where the doctrinaire Saramago saw simple blacks and whites (communism and atheism good, fascism and Catholicism bad), Mr. Lobo Antunes is an equal-opportunity skeptic, firing darts at all kinds of targets, including his narrator.
Since the publication of “The Land at the End of the World” Mr. Lobo Antunes, now 68, has gone on to write more than a score of other novels and win many literary prizes. Often, as in “The Inquisitors’ Manual” and “The Return of the Caravels,” his subject has again been Portugal’s troubled history, in particular the scars left by colonialism. But it was “The Land at the End of the World” that first enabled him to open that floodgate, and, as this fine translation shows, it continues to stack up against the best of his later, more mature and experimental work.
A version of this review appeared in print on June 30, 2011, on page C4 of the New York edition with the headline: On a Fool’s Mission in a Dying Colonial World.
Excerpt: ‘The Land at the End of the World’ (Google Books)
On a Fool’s Mission in a Dying Colonial World
By LARRY ROHTER
The New York Times Book Review, June 29, 2011
António Lobo Antunes
THE LAND AT THE END OF THE WORLD
Translated by Margaret Jull Costa
222 pages. W. W. Norton & Company. $26.95.
Combat experiences are like Tolstoy’s unhappy families: no two are alike, which may be why they often make for great novels, as Tolstoy also knew. The cause need not even be noble, since a hopeless situation and senseless violence can actually fortify a work of fiction. Certainly that is the case with António Lobo Antunes’s “Land at the End of the World,” set in Angola in the early 1970s, as Portugal’s ludicrous effort to preserve its African empire was meandering to an inglorious end.
The unnamed narrator is a young doctor wrenched from a comfortable life in Lisbon and forced to spend 27 months on the front lines treating his hapless fellow soldiers. He resents that they have been made “agents of a provincial form of fascism that was corroding and eating away at itself with the slow acid of its own sad, parochial stupidity.” But mostly he is sickened by the mutilated bodies delivered to his care, and fearful the same may happen to him. Though there are flashes of humor, almost always mordant, this is not “M*A*S*H” but something far darker and more absurd.
“The Land at the End of the World,” newly translated by Margaret Jull Costa, was originally published in 1979, four years after Portugal’s withdrawal from Africa and the final collapse of America’s intervention in Vietnam. At that time it was interpreted as a comment on the inherent futility of those recent Western adventures in the third world. But read at more than 30 years’ remove from those events much of this account of what Mr. Lobo Antunes’s narrator calls a “painful apprenticeship in dying” would no doubt make sense to survivors of the Iraq and Afghanistan wars.
“What have they done to us,” the narrator asks in one of his typically long and torrential sentences, “sitting here waiting in this landlocked place, imprisoned by three rows of barbed wire in a land that doesn’t belong to us, dying of malaria and bullets, whose whistling trajectory sounds like a nylon thread vibrating, fed by unreliable supply lines whose arrival or not is dependent on frequent accidents en route, on ambushes and land mines, fighting an invisible enemy, fighting the endless days that never pass, fighting homesickness, indignation, and remorse, fighting the dark nights as thick and opaque as a mourning veil.”
Back home in Lisbon, his marriage yet another casualty of the war, the traumatized doctor finds no solace. “Rootless, I float between two continents, both of which spurn me,” he says. “I have no place anywhere, I went too far away for too long to ever belong here again, to these autumns of rain and Sunday Masses, these long winters as dull as blown light bulbs.”
Even sex cannot provide relief, or a distraction, since he is capable only of collecting women “the way you might find odd bits of change in the pocket of a winter coat.” The narrator’s story unfolds over the course of a long, drunken night in which he successfully, but only half-heartedly, seduces a woman he has just met in a bar, who has the “aseptic, competent dandruff-free air of an executive secretary.” He knows this erotic escapade will end like all his others: with “the damp defeat of two exhausted bodies on the mattress” after an act of coitus that has all “the limp joy of two strands of spaghetti entwining.”
Like Anton Chekhov, William Carlos Williams and Moacyr Scliar, Mr. Lobo Antunes belongs to that select group of writers who are also doctors — a psychiatrist, to be more precise, who himself served in a field hospital in Angola. But the novelist-doctor he probably most resembles is Louis-Ferdinand Céline, whose “Journey to the End of the Night” is also a grotesque reflection on the horror of war and the failure of European imperialism in Africa. Mr. Lobo Antunes has even told of how, as a teenager, he experienced such “bedazzlement” from reading Céline’s “Death on the Installment Plan” that he wrote a letter to that misanthropic Frenchman, who, to his credit, responded with, he recalled, “immense tenderness.”
The original version of Mr. Lobo Antunes’s novel had a suitably Céline-like scatological title, which refers to the anatomy of Judas and is a common Portuguese-language slang expression meaning something like “the back of beyond.” Ms. Jull Costa has had to find a less pungent substitute, as did an earlier translation, published in 1983, that was called “South of Nowhere.” But once the story begins, her rendering of the novelist’s language and style is simply splendid. He has created a memorably unhinged narrator, and she manages to capture, perfectly and faithfully, the bitter, hallucinatory and increasingly desperate tone of his monologue.
Perhaps because of his training as a psychiatrist, Mr. Lobo Antunes is also an unusually observant writer, which in turn seems to have bestowed on him a particular gift for coining unusual but apt similes. Rain clouds in the tropics are “as heavy as udders,” an exhausted soldier slings his rifle “over his shoulder as if it were a useless fishing rod,” a skinny schoolmarm in a bereft colonial outpost has “collarbones as prominent as Brezhnev’s eyebrows,” and basic training finds the narrator “side by side with a fat recruit as wobbly as a crème caramel on a plate.”
Ms. Jull Costa begins her introduction to the novel by noting that Mr. Lobo Antunes is “generally considered to be Portugal’s greatest living writer.” She was writing a few weeks after the death last year of the Nobel laureate José Saramago, whose work she also has translated, but even during Saramago’s lifetime many readers and critics preferred Mr. Lobo Antunes, who certainly is the more subtle and sardonic of the two. Where the doctrinaire Saramago saw simple blacks and whites (communism and atheism good, fascism and Catholicism bad), Mr. Lobo Antunes is an equal-opportunity skeptic, firing darts at all kinds of targets, including his narrator.
Since the publication of “The Land at the End of the World” Mr. Lobo Antunes, now 68, has gone on to write more than a score of other novels and win many literary prizes. Often, as in “The Inquisitors’ Manual” and “The Return of the Caravels,” his subject has again been Portugal’s troubled history, in particular the scars left by colonialism. But it was “The Land at the End of the World” that first enabled him to open that floodgate, and, as this fine translation shows, it continues to stack up against the best of his later, more mature and experimental work.
A version of this review appeared in print on June 30, 2011, on page C4 of the New York edition with the headline: On a Fool’s Mission in a Dying Colonial World.
Excerpt: ‘The Land at the End of the World’ (Google Books)
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Relações internacionais e política externa do Brasil: livro Paulo Roberto de Almeida
Novo livro em fase de finalização:
Paulo Roberto de Almeida
Relações internacionais e política externa do Brasil:
a diplomacia brasileira no contexto da globalização
(Rio de Janeiro: Editora LTC, 2011, 438 p.)
Sumário:
Apresentação
Na diplomacia, entre a história e as ciências humanas
Avanços metodológicos, diversidade analítica, produção em alta
Consolidação da produção, redes em crescimento, profissionalização
Parte I: Metodologia das relações internacionais
1. Introdução ao estudo das relações internacionais do Brasil
1.1. O tema
1.2. Os conceitos
1.3. Os métodos
1.4. As fontes
1.5. Periodização temática
2. Historiografia brasileira de relações internacionais
2.1. Relações internacionais do Brasil: da diplomacia à academia
2.2. Pandiá Calógeras: o Clausewitz da política externa
2.3. Hélio Vianna: as elites bem comportadas
2.4. Delgado de Carvalho: o fatual de qualidade
2.5. A reorientação dos estudos de relações internacionais
2.6. Cervo e Bueno: o ideal desenvolvimentista
2.7. José Honório Rodrigues: a recuperação da história diplomática
2.8. Novas etapas: da academia de volta à diplomacia?
2.9. Produção recente: acadêmicos e diplomatas em constante diálogo
Parte II: O Brasil no contexto da economia global
3. Diplomacia comercial: de Bretton Woods e Havana aos impasses da OMC
31. A reconstrução econômica do pós-guerra: entre protecionismo e liberalismo
3.2. De Bretton Woods a Havana
3.3. OIC: a primeira organização para o comércio mundial
3.4. O GATT e as rodadas de negociações tarifárias
3.5. Comércio desigual: os países em desenvolvimento
3.6. A Rodada Uruguai: os novos temas e a agricultura
3.7. O surgimento de uma nova organização para o comércio: a OMC
3.8. Uma nova configuração para o comércio internacional
3.9. A Organização Mundial do Comércio: a última das três irmãs
3.10. A OMC: mais democrática que as instituições de Bretton Woods?
3.11. A longa agonia da Rodada Doha: a OMC em crise institucional?
3.12. O fim de Bretton Woods?: um sistema aparentemente mais justo
4. Os acordos regionais e o sistema multilateral de comércio
4.1. História: blocos políticos, regionalismo, integração econômica
4.2. Evolução da integração econômica: um itinerário com altos e baixos
4.3. O regionalismo: fenômeno político, processo econômico
4.4. Tendências da integração regional: suposições em tons de cinza
4.5. Perigos do regionalismo comercial: o minilateralismo como ameaça
4.6. Protecionismo na prática: industrialização à la List
4.7. O minilateralismo entra em cena: regionalização e globalização
4.8. Minilateralismo regional: estratégias de liberalização comercial
4.9. O futuro do minilateralismo: uma agenda em aberto
5. Diplomacia financeira: o Brasil e o FMI, de 1944 a 2011
5.1. Os dois conceitos de Bretton Woods: instituições e políticas
5.2. O sistema monetário internacional desde a conferência de Bretton Woods
5.3. A crise do sistema monetário internacional e o “não-sistema” pós-1973
5.4. Condicionalidades econômicas e soberania: o modelo de Bretton Woods
5.5. O “modelo de Bretton Woods” e a arquitetura financeira internacional
5.6. O Brasil em Bretton Woods: sem a dimensão do desenvolvimento
5.7. O FMI em sua primeira fase: inconsistências sistêmicas
5.8. Juscelino Kubitschek dá inicio à demonização do FMI
5.9. O regime militar e o FMI: boas relações, sem dependência
5.10. O Brasil redemocratizado e o FMI: más relações, com dependência
5.11. Encontros e desencontros dos anos 1990: o FMI e as crises financeiras
5.12. Outubro-dezembro de 1998: o Brasil volta ao FMI
5.13. Crise argentina e efeito Lula: o Brasil torna-se o maior cliente do FMI
5.14. O Brasil enfrenta as crises financeiras do novo milênio
Anexos: Acordos e relações do Brasil com o FMI, 1944-2011
Quadro 1: Brasil: histórico do relacionamento com o FMI, 1944-2011
Quadro 2: Brasil: acordos formais estabelecidos com o FMI, 1958-2010
6. As crises financeiras internacionais e o Brasil, desde 1928
6.1. Questões sistêmicas relativas às crises financeiras
6.2. A “mãe” de todas crises financeiras: 1928-1939
6.3. A crise de Bretton Woods e seus efeitos sistêmicos: 1965-19754
6.4. O centro adoece, a periferia entra em colapso: 1979-1989
6.5. Globalização financeira, desequilíbrios cambiais: 1994-2002
6.6. O centro tropeça, os emergentes deslancham: 2005-2011
6.7. Elementos comuns às crises financeiras nas economias de mercado
6.8. O debate político sobre os requerimentos da estabilidade financeira
6.9. O Brasil e a globalização financeira
Apêndice: Esquema estilizado das crises financeiras internacionais, 1928-2011
Parte III: A ordem global e a política externa do Brasil
7. A ordem política e econômica mundial do início do século 21
7.1. A ordem política mundial: novos problemas, velhas soluções?
7.1.1. Segurança estratégica
7.1.2. Relações entre as grandes potências
7.1.3. Conflitos regionais
7.1.4. Cooperação política e militar nos hot-spots
7.2. A ordem econômica mundial: velhos problemas, novas soluções?
7.2.1. Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais
7.2.2. Assimetrias de desenvolvimento
7.2.3. Cooperação multilateral e Objetivos do Milênio
7.3. A ordem política e econômica mundial e a diplomacia brasileira
7.3.1. Crescimento econômico
7.3.2. Investimentos
7.3.3. Acesso a mercados
7.3.4. Integração regional
7.3.5. Recursos energéticos
7.3.6. Segurança e estabilidade
8. A diplomacia brasileira no contexto da governança global
8.1. A governança global em transição
8.2. O Brasil no contexto da governança formal
8.2.1. Segurança e estabilidade
8.2.2. Funcionamento da economia mundial
8.2.3. Cooperação política em favor do desenvolvimento
8.2.4. Instrumentos regionais de cooperação e de integração
8.3. A construção de uma governança alternativa
8.4. Possibilidades de reorganização institucional
9. A sociologia institucional do multilateralismo brasileiro (1815-2011)
9.1. A diplomacia econômica do Brasil no contexto mundial
9.2. As relações internacionais do ponto de vista da diplomacia econômica
9.3. Relações econômicas internacionais do Brasil em perspectiva histórica
9.4. As novas bases da diplomacia econômica multilateral
9.5. O Brasil no sistema econômico internacional; rupturas e continuidades
9.6. Acordos multilaterais e instituições internacionais de 1815 a 2011
9.7. Perfil institucional do multilateralismo econômico do Brasil, 1856-2011
9.8. As relações econômicas internacionais do Brasil na era da globalização
Bibliografia de relações internacionais e de política externa do Brasil
Biobibliografia do Autor
Editora LTC - Grupo GEN
Web page: www.grupogen.com.br
PROVÁVEL LANÇAMENTO: SETEMBRO 2011
Paulo Roberto de Almeida
Relações internacionais e política externa do Brasil:
a diplomacia brasileira no contexto da globalização
(Rio de Janeiro: Editora LTC, 2011, 438 p.)
Sumário:
Apresentação
Na diplomacia, entre a história e as ciências humanas
Avanços metodológicos, diversidade analítica, produção em alta
Consolidação da produção, redes em crescimento, profissionalização
Parte I: Metodologia das relações internacionais
1. Introdução ao estudo das relações internacionais do Brasil
1.1. O tema
1.2. Os conceitos
1.3. Os métodos
1.4. As fontes
1.5. Periodização temática
2. Historiografia brasileira de relações internacionais
2.1. Relações internacionais do Brasil: da diplomacia à academia
2.2. Pandiá Calógeras: o Clausewitz da política externa
2.3. Hélio Vianna: as elites bem comportadas
2.4. Delgado de Carvalho: o fatual de qualidade
2.5. A reorientação dos estudos de relações internacionais
2.6. Cervo e Bueno: o ideal desenvolvimentista
2.7. José Honório Rodrigues: a recuperação da história diplomática
2.8. Novas etapas: da academia de volta à diplomacia?
2.9. Produção recente: acadêmicos e diplomatas em constante diálogo
Parte II: O Brasil no contexto da economia global
3. Diplomacia comercial: de Bretton Woods e Havana aos impasses da OMC
31. A reconstrução econômica do pós-guerra: entre protecionismo e liberalismo
3.2. De Bretton Woods a Havana
3.3. OIC: a primeira organização para o comércio mundial
3.4. O GATT e as rodadas de negociações tarifárias
3.5. Comércio desigual: os países em desenvolvimento
3.6. A Rodada Uruguai: os novos temas e a agricultura
3.7. O surgimento de uma nova organização para o comércio: a OMC
3.8. Uma nova configuração para o comércio internacional
3.9. A Organização Mundial do Comércio: a última das três irmãs
3.10. A OMC: mais democrática que as instituições de Bretton Woods?
3.11. A longa agonia da Rodada Doha: a OMC em crise institucional?
3.12. O fim de Bretton Woods?: um sistema aparentemente mais justo
4. Os acordos regionais e o sistema multilateral de comércio
4.1. História: blocos políticos, regionalismo, integração econômica
4.2. Evolução da integração econômica: um itinerário com altos e baixos
4.3. O regionalismo: fenômeno político, processo econômico
4.4. Tendências da integração regional: suposições em tons de cinza
4.5. Perigos do regionalismo comercial: o minilateralismo como ameaça
4.6. Protecionismo na prática: industrialização à la List
4.7. O minilateralismo entra em cena: regionalização e globalização
4.8. Minilateralismo regional: estratégias de liberalização comercial
4.9. O futuro do minilateralismo: uma agenda em aberto
5. Diplomacia financeira: o Brasil e o FMI, de 1944 a 2011
5.1. Os dois conceitos de Bretton Woods: instituições e políticas
5.2. O sistema monetário internacional desde a conferência de Bretton Woods
5.3. A crise do sistema monetário internacional e o “não-sistema” pós-1973
5.4. Condicionalidades econômicas e soberania: o modelo de Bretton Woods
5.5. O “modelo de Bretton Woods” e a arquitetura financeira internacional
5.6. O Brasil em Bretton Woods: sem a dimensão do desenvolvimento
5.7. O FMI em sua primeira fase: inconsistências sistêmicas
5.8. Juscelino Kubitschek dá inicio à demonização do FMI
5.9. O regime militar e o FMI: boas relações, sem dependência
5.10. O Brasil redemocratizado e o FMI: más relações, com dependência
5.11. Encontros e desencontros dos anos 1990: o FMI e as crises financeiras
5.12. Outubro-dezembro de 1998: o Brasil volta ao FMI
5.13. Crise argentina e efeito Lula: o Brasil torna-se o maior cliente do FMI
5.14. O Brasil enfrenta as crises financeiras do novo milênio
Anexos: Acordos e relações do Brasil com o FMI, 1944-2011
Quadro 1: Brasil: histórico do relacionamento com o FMI, 1944-2011
Quadro 2: Brasil: acordos formais estabelecidos com o FMI, 1958-2010
6. As crises financeiras internacionais e o Brasil, desde 1928
6.1. Questões sistêmicas relativas às crises financeiras
6.2. A “mãe” de todas crises financeiras: 1928-1939
6.3. A crise de Bretton Woods e seus efeitos sistêmicos: 1965-19754
6.4. O centro adoece, a periferia entra em colapso: 1979-1989
6.5. Globalização financeira, desequilíbrios cambiais: 1994-2002
6.6. O centro tropeça, os emergentes deslancham: 2005-2011
6.7. Elementos comuns às crises financeiras nas economias de mercado
6.8. O debate político sobre os requerimentos da estabilidade financeira
6.9. O Brasil e a globalização financeira
Apêndice: Esquema estilizado das crises financeiras internacionais, 1928-2011
Parte III: A ordem global e a política externa do Brasil
7. A ordem política e econômica mundial do início do século 21
7.1. A ordem política mundial: novos problemas, velhas soluções?
7.1.1. Segurança estratégica
7.1.2. Relações entre as grandes potências
7.1.3. Conflitos regionais
7.1.4. Cooperação política e militar nos hot-spots
7.2. A ordem econômica mundial: velhos problemas, novas soluções?
7.2.1. Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais
7.2.2. Assimetrias de desenvolvimento
7.2.3. Cooperação multilateral e Objetivos do Milênio
7.3. A ordem política e econômica mundial e a diplomacia brasileira
7.3.1. Crescimento econômico
7.3.2. Investimentos
7.3.3. Acesso a mercados
7.3.4. Integração regional
7.3.5. Recursos energéticos
7.3.6. Segurança e estabilidade
8. A diplomacia brasileira no contexto da governança global
8.1. A governança global em transição
8.2. O Brasil no contexto da governança formal
8.2.1. Segurança e estabilidade
8.2.2. Funcionamento da economia mundial
8.2.3. Cooperação política em favor do desenvolvimento
8.2.4. Instrumentos regionais de cooperação e de integração
8.3. A construção de uma governança alternativa
8.4. Possibilidades de reorganização institucional
9. A sociologia institucional do multilateralismo brasileiro (1815-2011)
9.1. A diplomacia econômica do Brasil no contexto mundial
9.2. As relações internacionais do ponto de vista da diplomacia econômica
9.3. Relações econômicas internacionais do Brasil em perspectiva histórica
9.4. As novas bases da diplomacia econômica multilateral
9.5. O Brasil no sistema econômico internacional; rupturas e continuidades
9.6. Acordos multilaterais e instituições internacionais de 1815 a 2011
9.7. Perfil institucional do multilateralismo econômico do Brasil, 1856-2011
9.8. As relações econômicas internacionais do Brasil na era da globalização
Bibliografia de relações internacionais e de política externa do Brasil
Biobibliografia do Autor
Editora LTC - Grupo GEN
Web page: www.grupogen.com.br
PROVÁVEL LANÇAMENTO: SETEMBRO 2011
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Interrompemos o serviço para... escrever
Não, não sou o Fernando:
Mas também sou uma Pessoa.
Mas, não precisaria ser.
Para escrever, basta ter uma boa ideia, algum talento, e tempo para escrever.
Sim, não precisa ser numa máquina de escrever, mas fica tão mais simpático:
Bem, apenas para comunicar aos gentis visitantes, navegantes de passagem, leitores habituais, curiosos ocasionais, amigos e inimigos (devo ter, vários), que vou dar um pouco de paz a vocês, pois preciso, urgentemente, retirar-me do mundo para escrever um pouco.
Não o grande romance sobre o grande herói da Primeira Guerra Mundial, o ás da aviação, mas um pequeno artigo (digamos 15 páginas) e um livro médio (digamos 100 páginas) sobre um tema habitual em minhas leituras e pesquisas. Depois eu digo o que é.
Por enquanto fiquem em paz, e tirem férias de mim, do Fernando, do Pessoa (e outras pessoas do Fernando), mas façam companhia ao Snoopy que ele merece.
O cão é o mais fiel amigo do homem.
O computador é o meu mais fiel amigo...
Paulo Roberto de Almeida
Mas também sou uma Pessoa.
Mas, não precisaria ser.
Para escrever, basta ter uma boa ideia, algum talento, e tempo para escrever.
Sim, não precisa ser numa máquina de escrever, mas fica tão mais simpático:
Bem, apenas para comunicar aos gentis visitantes, navegantes de passagem, leitores habituais, curiosos ocasionais, amigos e inimigos (devo ter, vários), que vou dar um pouco de paz a vocês, pois preciso, urgentemente, retirar-me do mundo para escrever um pouco.
Não o grande romance sobre o grande herói da Primeira Guerra Mundial, o ás da aviação, mas um pequeno artigo (digamos 15 páginas) e um livro médio (digamos 100 páginas) sobre um tema habitual em minhas leituras e pesquisas. Depois eu digo o que é.
Por enquanto fiquem em paz, e tirem férias de mim, do Fernando, do Pessoa (e outras pessoas do Fernando), mas façam companhia ao Snoopy que ele merece.
O cão é o mais fiel amigo do homem.
O computador é o meu mais fiel amigo...
Paulo Roberto de Almeida
A tragédia grega e a comédia brasileira - Carlos Pio
A tragédia grega e a comédia brasileira
Carlos Pio
Professor de Economia Política Internacional, UnB
http://carlospio.wordpress.com
Temos assistido, atônitos, o desenrolar de mais uma crise financeira. A Grécia é a bola da vez. Apesar do novo protagonista, o enredo da tragédia é o mesmo das crises anteriores: sistema financeiro globalizado, bancos privados internacionais emprestando muito a governos fiscalmente irresponsáveis, governantes que preferem gastar mais a promover reformas condizentes com os novos tempos, sistemas políticos engessados pela força dos grupos de interesse que representam setores privilegiados das respectivas sociedades.
Mais particularmente, quais são os problemas da Grécia? Primeiro, uma dívida externa superior ao tamanho da economia nacional (€ 340bi, ou o equivalente à metade do PIB do Brasil). Segundo, um estado ineficiente, inchado e gastador. Terceiro, um conjunto de regras econômicas, políticas, sociais e culturais que emperram a produtividade das firmas, desestimulam as pessoas a trabalhar mais e de forma inovadora, impõem custos produtivos elevados, incertezas jurídicas e ineficiências generalizadas. Quarto, a impossibilidade de desvalorizar o câmbio uma vez que integra uma união monetária (a zona do Euro). Desde que acompanhada de medidas voltadas para minimizar seus efeitos inflacionários, a desvalorização é uma das medidas mais eficazes para reequilibrar as transações financeiras entre residentes e estrangeiros – porque ajusta automaticamente os custos e os preços domésticos aos internacionais –, possibilitando gerar e economizar divisas e, assim, pagar a dívida externa.
Qual a solução? A maneira mais eficiente de equacionar tais problemas envolve: reestruturar o estado, promovendo o enxugamento dos desperdícios, a prevalência do mérito na administração pública e profundos cortes orçamentários (de preferência poupando apenas os que beneficiam os cidadãos mais pobres ou vulneráveis); reformar as instituições que inibem os ganhos de produtividade – essenciais à prosperidade das pessoas e empresas; eliminar privilégios concedidos a empresas, setores econômicos e grupos da sociedade (como os funcionários públicos) os quais impõem custos elevados a outros grupos – consumidores (famílias e firmas) e contribuintes, por exemplo.
Mas tudo isso é duro demais, tanto para os grupos privilegiados – que não querem largar o tacho – quanto para os governantes, que nestes se apoiam para obter votos, recursos de campanha e emprego, quando abandonam a política. Sinal disso são as marchas diárias de grupos de comunistas e sindicalistas bem-vestidos e alimentados que enfrentam a polícia nas ruas para protestar contra o austero pacote negociado pelo governo com os credores da dívida externa grega. Há razões de sobra para duvidar de que o governo atual – ou qualquer outro – encontre apoio social ou parlamentar para enfrentar a ida dos que não querem os ajustes às instituições do capitalismo na pátria do teatro, da filosofia, das artes plásticas, da mitologia, e de tantas coisas mais.
Por ironia do destino, no mesmo momento em que hordas acampavam à frente do Parlamento grego, em Washington o representante do Brasil declarava apoio a Christine Lagarde, ministra das finanças da França, na disputa pela diretoria-geral do FMI – um dos fiadores dos pacotes de socorro à Grécia. Foi, de fato, mera coincidência, mas uma daquelas cheias de significado. Explico.
Lagarde disputava o cargo com o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens. E o mexicano representava três coisas muito diferentes: uma alternativa latino-americana à dominação europeia no Fundo, justamente quando ele tem que equacionar um problema gigantesco no Velho Continente; uma opção vinda de um país que sofreu mais de uma crise financeira como a que ora afeta a República Helênica; a escolha de um dirigente cujo país realizou diversas reformas econômicas e financeiras nas últimas duas décadas, abriu-se para o mundo e ganhou respeito e mercados ao fazer justamente aquilo que todos, especialmente o FMI, precisará exigir dos gregos – governo, sociedade e empresas.
Mas Guido Mantega preferiu jogar no lixo o discurso (fácil) contra a predominância dos governos de países ricos nos organismos financeiros internacionais, em especial o FMI, a apoiar alguém que tinha todas aquelas qualidades. Ficou com Lagarde para não dar o gostinho da vitória ao liberalismo mexicano. O descompasso de Mantega na política internacional tem uma lógica: procura sonegar, dos brasileiros, tanto o reconhecimento de que o nosso passado grego nacional-desenvolvimentista foi um fracasso retumbante, quanto o árduo aprendizado de que é fundamental reformar as instituições e as mentalidades (política, econômica e empresarial) prevalecentes com vista a promover a eficiência e a prosperidade, como simbolizava o mexicano Carstens.
Diante da tragédia grega, a comédia do governo brasileiro.
--
Carlos Pio
Professor of International Political Economy, Universidade de Brasília
http://carlospio.wordpress.com/
http://groups.yahoo.com/group/economiapolitica_brasil/
www.shelfari.com/carlospio
Carlos Pio
Professor de Economia Política Internacional, UnB
http://carlospio.wordpress.com
Temos assistido, atônitos, o desenrolar de mais uma crise financeira. A Grécia é a bola da vez. Apesar do novo protagonista, o enredo da tragédia é o mesmo das crises anteriores: sistema financeiro globalizado, bancos privados internacionais emprestando muito a governos fiscalmente irresponsáveis, governantes que preferem gastar mais a promover reformas condizentes com os novos tempos, sistemas políticos engessados pela força dos grupos de interesse que representam setores privilegiados das respectivas sociedades.
Mais particularmente, quais são os problemas da Grécia? Primeiro, uma dívida externa superior ao tamanho da economia nacional (€ 340bi, ou o equivalente à metade do PIB do Brasil). Segundo, um estado ineficiente, inchado e gastador. Terceiro, um conjunto de regras econômicas, políticas, sociais e culturais que emperram a produtividade das firmas, desestimulam as pessoas a trabalhar mais e de forma inovadora, impõem custos produtivos elevados, incertezas jurídicas e ineficiências generalizadas. Quarto, a impossibilidade de desvalorizar o câmbio uma vez que integra uma união monetária (a zona do Euro). Desde que acompanhada de medidas voltadas para minimizar seus efeitos inflacionários, a desvalorização é uma das medidas mais eficazes para reequilibrar as transações financeiras entre residentes e estrangeiros – porque ajusta automaticamente os custos e os preços domésticos aos internacionais –, possibilitando gerar e economizar divisas e, assim, pagar a dívida externa.
Qual a solução? A maneira mais eficiente de equacionar tais problemas envolve: reestruturar o estado, promovendo o enxugamento dos desperdícios, a prevalência do mérito na administração pública e profundos cortes orçamentários (de preferência poupando apenas os que beneficiam os cidadãos mais pobres ou vulneráveis); reformar as instituições que inibem os ganhos de produtividade – essenciais à prosperidade das pessoas e empresas; eliminar privilégios concedidos a empresas, setores econômicos e grupos da sociedade (como os funcionários públicos) os quais impõem custos elevados a outros grupos – consumidores (famílias e firmas) e contribuintes, por exemplo.
Mas tudo isso é duro demais, tanto para os grupos privilegiados – que não querem largar o tacho – quanto para os governantes, que nestes se apoiam para obter votos, recursos de campanha e emprego, quando abandonam a política. Sinal disso são as marchas diárias de grupos de comunistas e sindicalistas bem-vestidos e alimentados que enfrentam a polícia nas ruas para protestar contra o austero pacote negociado pelo governo com os credores da dívida externa grega. Há razões de sobra para duvidar de que o governo atual – ou qualquer outro – encontre apoio social ou parlamentar para enfrentar a ida dos que não querem os ajustes às instituições do capitalismo na pátria do teatro, da filosofia, das artes plásticas, da mitologia, e de tantas coisas mais.
Por ironia do destino, no mesmo momento em que hordas acampavam à frente do Parlamento grego, em Washington o representante do Brasil declarava apoio a Christine Lagarde, ministra das finanças da França, na disputa pela diretoria-geral do FMI – um dos fiadores dos pacotes de socorro à Grécia. Foi, de fato, mera coincidência, mas uma daquelas cheias de significado. Explico.
Lagarde disputava o cargo com o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens. E o mexicano representava três coisas muito diferentes: uma alternativa latino-americana à dominação europeia no Fundo, justamente quando ele tem que equacionar um problema gigantesco no Velho Continente; uma opção vinda de um país que sofreu mais de uma crise financeira como a que ora afeta a República Helênica; a escolha de um dirigente cujo país realizou diversas reformas econômicas e financeiras nas últimas duas décadas, abriu-se para o mundo e ganhou respeito e mercados ao fazer justamente aquilo que todos, especialmente o FMI, precisará exigir dos gregos – governo, sociedade e empresas.
Mas Guido Mantega preferiu jogar no lixo o discurso (fácil) contra a predominância dos governos de países ricos nos organismos financeiros internacionais, em especial o FMI, a apoiar alguém que tinha todas aquelas qualidades. Ficou com Lagarde para não dar o gostinho da vitória ao liberalismo mexicano. O descompasso de Mantega na política internacional tem uma lógica: procura sonegar, dos brasileiros, tanto o reconhecimento de que o nosso passado grego nacional-desenvolvimentista foi um fracasso retumbante, quanto o árduo aprendizado de que é fundamental reformar as instituições e as mentalidades (política, econômica e empresarial) prevalecentes com vista a promover a eficiência e a prosperidade, como simbolizava o mexicano Carstens.
Diante da tragédia grega, a comédia do governo brasileiro.
--
Carlos Pio
Professor of International Political Economy, Universidade de Brasília
http://carlospio.wordpress.com/
http://groups.yahoo.com/group/economiapolitica_brasil/
www.shelfari.com/carlospio
Recomendacao de Leitura: As Naus, Antonio Lobo Antunes
Um livro que traz de volta, da era dos descobrimentos, Diogo Cão, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Luís de Camões e outros personagens da história, para passear na Lisboa dos anos 1970, ou melhor, na Lixboa, transformados em pessoas comuns, com seus vícios e fraquezas, mostrando-os como jogadores de cartas, beberrões, mentirosos, aproveitadores, enfim, humanos.
António Lobo Antunes:
As Naus
Rio de Janeiro: Alfaguara, 2011
António Lobo Antunes:
As Naus
Rio de Janeiro: Alfaguara, 2011
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