sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pergunta a um companheiro conhecido (para ser respondida sinceramente)...

Caro companheiro,
Leia bem o que vai abaixo e depois me responda, com toda franqueza:
Você gosta de morar num país assim?
(Pode responder anonimamente.)
Paulo Roberto de Almeida

Dilma diante da alcateia
Editoriao - O Estado de S.Paulo
08 de julho de 2011

A presidente Dilma Rousseff não escapou do ressentimento da base parlamentar do Planalto por ter preferido esperar que o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, titular do mal chamado Partido da República (PR), se enforcasse nas próprias cordas, em vez de fazer a coisa certa para demonstrar a sua intransigência com a corrupção, qualquer que fosse o preço a pagar: afastar o ministro juntamente com os seus quatro auxiliares diretos suspeitos de cobrar propinas e superfaturar obras pagas pela pasta. Mas, ao poupá-lo, além de tornar a ser vista como vacilante, Dilma não escapou das críticas dos chamados aliados. "O ministro não merecia esse desenlace", reclamou um deputado da sua legenda. "Isso terá consequências", previu o presidente de outra sigla governista, inconformado com a demissão dos quatro suspeitos sem consulta a Nascimento.

Afinal, ele teve de se demitir, anteontem, quando novos escândalos mancharam o seu já carregado prontuário. Na mesma quarta-feira, O Globo revelou que uma empresa de seu filho Gustavo Morais Pereira cresceu colossais 86.500% em seis anos - de R$ 60 mil para R$ 52,3 milhões. O precoce empresário de 27 anos fazia negócios com outra empresa, beneficiária de recursos do Ministério dos Transportes - onde a mulher de seu proprietário é funcionária nomeada por Nascimento e mexe com dinheiro grosso. Além disso, o site do Estado revelou que o então chefe de gabinete da pasta, Mauro Barbosa, um dos afastados por Dilma, constrói em Brasília uma casa que deverá custar-lhe cerca de R$ 4 milhões. E, completando a safra de escândalos do dia, em um dos 74 inquéritos abertos para apurar desvio de verbas no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a Polícia Federal apurou que um sobrinho do deputado federal João Maia, outro republicano, cobrava pedágio de 5% dos valores pagos a uma empresa prestadora de serviços ao órgão.

O Ministério dos Transportes, terreno de onde jorra lama onde quer que se perfure, foi cedido pelo então presidente Lula, ainda no seu primeiro mandato, ao PL do vice José Alencar. A legenda veio a se chamar PR depois da fusão com o Prona. Pelo ingresso de Alencar na chapa, o PT, presidido pelo deputado José Dirceu, pagou R$ 10 milhões ao PL controlado pelo colega Valdemar Costa Neto. Eles se reuniram a poucos metros de onde Lula e Alencar se entendiam. Réu do mensalão, Costa Neto renunciou para não perder o mandato. Reeleito, segue sendo o capo do PR presidido por Nascimento. "Despachava" com empreiteiros no gabinete do ministro. Disputa com outros figurões da base a condição de encarnar o acervo mais representativo da herança maldita que a presidente recebeu do seu mentor. Lula não só uniu em torno de si a escória política nacional, como permitiu-lhe frequentar sem embaraço os cofres federais.

Sabe-se hoje que sua ministra da Casa Civil não estava pisando nos astros, distraída, enquanto se perpetrava o assalto ao trem pagador do Ministério dos Transportes. Já não vem ao caso imaginar o que ela fez ou deixou de fazer pelo patrimônio público posto ao alcance dos lobos. Mas dois fatos atuais não podem ser deixados de lado. Um é que, ao assumir a Presidência da República, prometeu ser implacável com a corrupção. O outro é que a corrupção continuou solta e pesada nos Transportes até que a imprensa a expusesse. Nessa hora, no fim da semana passada, a presidente teve a chance histórica de iniciar uma cirurgia radical na pasta para livrar-se da "herança maldita". Em vez de aproveitá-la, preferiu manter o ministro e entregar-lhe a apuração das traficâncias praticadas a um palmo do seu nariz. Depois, em zigue-zague, mandou suspender as licitações por ele aprovadas, enquanto as ministras da Casa começavam a tratá-lo como um morto-vivo.

A presidente, em suma, deixou passar a primeira hora da verdade da sua gestão. A segunda já ressoa pela voz dos dirigentes do PR que não abrem mão do seu feudo e advertem que Dilma terá de se entender com o caído Nascimento para a escolha do sucessor.

Se ela sucumbir à chantagem, já não fará muita diferença para a sua imagem se convidar de uma vez para o cargo o próprio Valdemar Costa Neto.

A primeira guerra moderna: na Crimeia, cristaos contra...cristaos...

Um livro de um dos maiores conhecedores da Rússia, atualmente. Sempre é bom revisar conceitos e revisitar velhos cenários de guerra...
Paulo Roberto de Almeida

Why the Crimean War Matters
By GARY J. BASS
The New York Times Review of Books, July 8, 2011

THE CRIMEAN WAR: A History
By Orlando Figes
Illustrated. 576 pp. Metropolitan Books/Henry Holt & Company. $35.

The Crimean War was the first major war to be covered by professional foreign correspondents, who reported on the disastrous blundering of commanders and the horrors of medical treatment at the battlefront. Today, we remember fragmentary stories: the charge of the Light Brigade, symbolizing the blundering; Florence Nightingale, for the medical treatment. But the real war has faded away, eclipsed by the two vastly worse world wars that were to come.

Still, the Crimean War — in which three-quarters of a million soldiers and untold multitudes of civilians perished — shattered almost four decades of European peace. It inflamed Russia’s rivalry with the Ottoman Empire over the Balkans, providing the tinder for World War I. And by thwarting Russian’s ambitions in Europe, it made possible the fatal rise of Germany.

In “The Crimean War: A History,” Orlando Figes restores the conflict — which predated the American Civil War by eight years — as “a major turning point” in European and Middle Eastern history. He argues forcefully that it was “the earliest example of a truly modern war — fought with new industrial technologies, modern rifles, steamships and railways, novel forms of logistics and communication like the telegraph, important innovations in military medicine and war reporters and photographers directly on the scene.” The ferocious yearlong siege of Sevastopol “was a precursor of the industrialized trench warfare” of World War I.

The war itself was initiated when religious squabbles over holy places in the Ottoman towns of Jerusalem and Bethlehem prompted Russia to march troops into present-day Romania, threatening the partition of Ottoman lands. In response, the Ottoman Empire declared war, and Britain and France rallied to its defense. The devastating combat around the Black Sea proved unbearable for Russia: two-thirds of the soldiers killed in the war were Russian. After losing Sevastopol, Russia accepted a humiliating peace.

Figes, a renowned professor of history at the University of London, might be thought the loneliest of creatures, the Crimean War buff. But his history is a huge success. His harrowing recounting of Sevastopol presents an inferno of military absurdities and gruesome deaths, with people hit by rocks, gored with lances, hacked by swords, decapitated by shells and disemboweled. Figes artfully uses painstaking archival work — disturbing dust in London, Paris, Istanbul, Moscow and St. Petersburg — to expose the secret machinations of statesmen, but he never overlooks the awful human costs, like the nonchalant willingness of aristocratic Russian officers to sacrifice their peasant soldiers. And the book traces the roots of many modern crises: Britain, trying to create buffer zones against Russia, occupies Afghanistan and considers seizing Baghdad, where a British diplomat blithely proclaims that Sunnis and Shiites “could always be played off against each other.”

This is history with an argument. Figes maintains that the conflict was essentially a religious war, and he is frustrated that most writers have neglected that theme: “If the Balkan wars of the 1990s and the rise of militant Islam have taught us anything, it is surely that religion plays a vital role in fueling wars.” Figes writes of Russians and Turks clashing over “religious battlegrounds, the fault line between Orthodoxy and Islam,” and explains that “every nation, none more so than Russia, went to war in the belief that God was on its side.” The Crimean War “opened up the Muslim world of the Ottoman Empire to Western armies,” and “sparked an Islamic reaction against the West which continues to this day.” The title of the British edition of the book is “Crimea: The Last Crusade.”

Figes presents czarist Russia as a deeply religious state, on a “divine mission” to recapture Constantinople and deliver millions of Orthodox Christians from Ottoman rule. More than anyone, he blames the war on Czar Nicholas I: a militaristic reactionary, a pioneer in the use of secret police and censorship, who Figes also suggests was mentally ill. In the decisive hours of 1854, as Britain and France threatened war against him, Nicholas failed to make “any calculation” about his military strength or give “any careful thought” to British and French military superiority; he chose war in a “purely emotional reaction,” based “perhaps above all on his deeply held belief that he was engaged in a religious war to complete Russia’s providential mission in the world.”

Figes makes a powerful, if not entirely convincing, case. Russia could be a fickle friend to the Orthodox peoples. It blew hot and cold in its support for an earlier Greek revolt against Ottoman rule. And it had some pragmatic reasons to try to dominate the Ottoman Empire. As Figes notes, Russia needed Black Sea ports for its trade and to project naval power.

As Figes himself emphasizes, ideologues, whether Islamist or Christianist, who seek historical evidence of a permanent war between Islam and Christianity will have to look elsewhere. Britain and France fought for the Ottoman Empire. And Western and Eastern Christians despised each other, sometimes more than they loathed Muslims. Nicholas, declaring himself the champion of Slavs throughout the Balkans, hoped that Britain would not dare “continue to ally with the Turks and fight with them against Christians.” He was dead wrong. If Britain was on a crusade, it was against Russia, not the Ottoman Empire. Britain spent most of the 19th century trying to thwart Russian expansion, with some Britons feverishly dreading Russia as the only land power that might be able to threaten India; Disraeli once claimed, “Constantinople is the key of India.” Figes depicts Britain as obsessed with the Russian menace to liberty and civilization — an obsession, he adds, that partly shaped cold war attitudes about the Soviet threat.

To resist Russia, Figes observes, Britain had spent decades trying to revitalize the Ottoman Empire. Many Britons developed a soft spot for the Ottoman Empire, hoping that it could successfully reform itself under British tutelage. Some Anglicans admired Islam, and some influential Britons praised Ottoman religious toleration. These pro-Turkish Britons held “a romantic sympathy for Islam as a basically benign and progressive force,” which was “preferable to the deeply superstitious and only ‘semi-Christian’ Orthodoxy of the Russians.” Figes wryly quotes a British speaker: “The Turk was not infidel. He was Unitarian.”

The war was also a clash between political systems: British liberalism against Russian absolutism. The freedom-minded British (as well as many French people, despite Napoleon III’s stifling rule) were horrified by Russia’s despotism, and by its bloody military suppression of liberal revolutionaries in Poland and Hungary. When the Crimean War came, Figes writes, the British public saw it as a defense of “British principles” like “liberty, civilization and free trade.”

Figes, like other scholars, chillingly shows how British freedoms and open institutions helped drive the country into catastrophe: “This was a war — the first war in history — to be brought about by the pressure of the press and by public opinion.” Lord Palmerston, a wartime prime minister whom Figes calls “the first really modern politician,” had stoked the xenophobic indignation of the British people, while the rabble-rousing press smeared those who questioned the wisdom of the war. Palmerston once said he wanted Britain to be “the champion of justice and right” while “not becoming the Quixote of the world.” In this, as in much else, the Crimean War remains alarmingly relevant.

Gary J. Bass is a professor of politics and international affairs at Princeton and the author, most recently, of “Freedom’s Battle: The Origins of Humanitarian Intervention.”

Ah!, la decadence... c'est mieux dit en Francais - Marc Fumaroli

Marc Fumaroli é um típico intelectual francês, o que não quer dizer que ele não seja bom, e só se dedique a "épater le bourgeois".
Loin de ça!.
Ele não só é um grande intelectual, como um homem fino, e eu garanto pelo menos o fino...
Paulo Roberto de Almeida

WHEN THE WORLD SPOKE FRENCH
By Marc Fumaroli
Translated by Richard Howard
519 pp. New York Review Books. Paper, $18.95.

Excerpt: ‘When the World Spoke French’ (pdf) (nybooks.com)

When French Was the Language of Enlightenment
By CAROLINE WEBER
The New York Times Review of Books, July 8, 2011

A few months ago, WikiLeaks’ publication of confidential cables from American embassies around the world inspired a mock news item headlined “Sarkozy Admits French Language a Hoax.” According to this report, France’s diplomatic missives were revealed to have been written in English, leading the French president to confess that “the French really speak English, except in the presence of the British.” He went on to explain that the French language “was in fact complete gibberish,” invented by William the Conqueror’s troops during their invasion of England in order to “seem a bit more exotic” to the locals.

Whatever its humor value, this absurdist scenario underscores the degree to which English has eclipsed French as the international idiom of choice. With his magisterial study, “When the World Spoke French,” Marc Fumaroli harks back to a time when the situation was exactly the reverse. In the 18th century, he shows, “the international community of the learned” tended “to speak, write and publish mostly in French.” Whether they hailed from Russia or Prussia, Sweden or Spain, Austria or America, the Enlightenment’s best minds gravitated to French out of their shared reverence for both the matchless sophistication of the French art de vivre and the spirited intellectual exchanges of the Parisian salon.

To Fumaroli, an eminent scholar of French classical rhetoric and a member of the Académie Française, the adoption of the French language necessarily entailed the absorption of a whole system of cultural values. Like the Ciceronian Latin favored by the intellectuals of the Renaissance, 18th-century French “was a language in itself inconvenient, difficult, aristocratic and literary,” inseparable from “a bon ton in manners, from a certain bearing in society, and from a quality of wit, nourished on literature, in conversation.” Notwithstanding the radical role it would eventually play in the French and American Revolutions, the language of Enlightenment liberalism and universalism paradoxically evinced the finest qualities of the French nobility: cleverness, leisure, cultivation and charm.

Duly associating Frenchness with class privilege, the Francophile king Frederick the Great of Prussia pointedly spoke his native German only to stable-boys and horses. In a similar vein, Fumaroli notes approvingly that “the French of the Enlightenment” remained “precise and lively” even in the speeches of the militant regicide Maximilien Robespierre, “whose bearing was impeccable, whose hair was always freshly powdered, whose diction and manners were those of a courtier.” Unabashed about the elitism of this view, Fumaroli explains that speaking French was “an initiation into an exceptional fashion of being free and natural with others and with oneself. It was altogether different from communicating. It was entering ‘into company.’ ”

And what a company! Conceived as “a portrait gallery of foreigners conquered by Enlightenment France,” Fumaroli’s book provides biographical essays about a diverse and fascinating cast of characters. Some, like Catherine the Great and Benjamin Franklin, are already renowned as political leaders and Francophiles. Others, like Francisco de Goya and Lord Chesterfield, are famous but not especially for their French connections. Still others are more or less unknown on every count. This book, however, depicts them all as wonderfully distinct individuals — real people whose eclectic interests, messy love lives and oddball personalities square ill with the lofty philosophical abstractions “the Enlightenment” so often calls to mind. Fumaroli’s Enlightenment is, first and foremost, a wild and woolly human drama, its players every bit as multifaceted (and flawed) as those making headlines today.

Take Charlotte-Sophie d’Aldenburg, Countess of Bentinck, born to a branch of the Danish royal family and educated entirely in French (though she never visited Paris). Until now, history has remembered her mainly as one of the many grandes dames who corresponded with Voltaire. In Fumaroli’s account, the countess emerges as a lovable sourpuss (“I have a contrary spirit, which makes me a disagreeable conversationalist. . . . I am tired of speaking ill of myself”); an incisive critic of Rousseau; a keen scientist who knew her way around a microscope and a telescope; a hopeless romantic who scandalized staid Protestant Northern Europe by cheating on her husband with one of her cousins; and an irrepressible thrill seeker who, as Catherine the Great wrote admiringly, “rode like a cavalryman, . . . danced whenever she chose, sang, laughed, capered about like a child, though she must have been well over 30.”

Like most of the tableaux in his gallery, Fumaroli’s portrayal of Aldenburg supports his claim about the “unique alliance of intelligent power and insolent joie de vivre” that earned the French language so many devotees. For this very reason, though, reading his subjects’ “French” texts, appended to each chapter, proves a somewhat unsatisfying exercise, despite Richard Howard’s characteristically able translation. (“When the World Spoke French” originally appeared in 2001 as “Quand l’Europe Parlait Français.”) For example, Fumaroli lauds the “polished” French style Frederick the Great honed in his correspondence with Voltaire. Yet almost by definition, the Gallic esprit of the Prussian’s prose is undetectable in such lines as: “I am deeply vexed to be the Saturn of the planetary heaven in which you are the sun. What is to be done?”

But Frederick’s own letter does not contain the clunky accidental rhyme (sun/done), and the awkwardness of “the planetary heaven in which you are the sun” obscures the alexandrine — the melodious 12-syllable metrical line proper to French poetry and drama — in the original. Quite literally, the poetry of Frederick’s French is lost in translation. So too is the significance of his Saturn/sun quip, a sly evocation of Voltaire’s “Micromégas” (1752) — a story in which the eponymous hero travels to Saturn and debates a local philosopher about the merits and properties of the sun.

Here, as in much of this densely erudite book, an explanatory note would have been helpful. Such references abound not only in Fumaroli’s protagonists’ writing but in his own, as when he says that Ben Franklin and a lady friend exchanged “innocent caresses, like Julie and Saint-Preux at Clarens.” Or when he writes that a friend acting as an intermediary between King Stanislaw II of Poland and an alluring duchess behaves “like Vautrin, arranging Lucien de Rubempré’s amours with the Duchesse de Maufrigneuse and his marriage with Clotilde de Grandlieu.”

These statements presume a level of familiarity with the French literary canon that I, as a professor of French literature, would be thrilled to find in my compatriots but seldom do. Fumaroli, bless his heart, remains hopeful: “An optimist, I am led to believe by experience that the number of people in the present-day world capable of a real conversation in French (who are necessarily also real readers and owners of a library) has actually increased” and diversified since the 18th century. English may now function as the go-to language in commerce, technology and geopolitics. But according to Fumaroli, the old-school sophistication of French still holds sway among a small, if obscure, international elite. “It is,” he concludes, “in this clandestine worldwide minority . . . that today resides, . . . unknown to the majority of the French, the life and future of their irreplaceable idiom, qualified as a literary language and the language of ‘good company.’” For those looking to join this latter-day “banquet of enlightened minds,” “When the World Spoke French” is an excellent place to start.

Caroline Weber, a frequent contributor to the Book Review, is the author of “Queen of Fashion: What Marie Antoinette Wore to the Revolution.”

UnB: retirando o sofa da sala... ou fechando porta arrombada...

A UnB caminha para uma completa desmoralização.
Abaixo uma circular do "magnifíco" (entre aspas e minusculíssimas) que tenta reparar o ambiente deletério que já se instalou na UnB.
Isso depois de uma recente festa, que se chamava "a x...ta louca"!!!! Isso mesmo!

Bem, deixo vocês com esta demonstração de impotência e falta de autoridade:

ATO DA REITORIA N. 0856 /2011

Recomenda a suspensão da autorização de eventos festivos em espaços físicos dos campi da Universidade de Brasília e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO E REITOR DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, no uso de suas atribuições estatutárias e considerando os seguintes aspectos envolvendo a realização de eventos festivos nas dependências da Universidade de Brasília:
I a realização de eventos não autorizados pela Universidade;
II o crescente número de participantes em eventos autorizados, inclusive de pessoas estranhas à comunidade universitária;
III os eventos realizados com inadequada organização, controle e segurança;
IV os danos ao patrimônio da Universidade;
V os meios tecnológicos usados para a divulgação de festas, como as redes sociais, que impedem a estimativa adequada de participantes nesses eventos;
VI o debate em curso nos conselhos superiores acerca das Diretrizes de Convivência da Comunidade Universitária;
VII os termos das Resoluções do Conselho de Administração n. 5/1995 e n. 2/2003; e
VIII os termos do art. 4º da Resolução do Conselho de Administração n. 2/2003;

R E S O L V E:

Art. 1º Recomendar aos Decanos e Diretores das Unidades Acadêmicas e Administrativas que não concedam novas autorizações para realização de festas nas instalações acadêmicas dos campi da Universidade de Brasília, inclusive na circulação interna dos edifícios, até que a proposta de Diretrizes de Convivência da Comunidade Universitária seja apreciada pelo CONSUNI.
Art. 2º Reiterar, nos termos do art. 1º da Resolução n. 2/2003, que as festas que envolvam propaganda, venda de ingressos e de bebidas alcoólicas são restritas ao Centro Comunitário Athos Bulcão, em conformidade com as normas de utilização deste, sob supervisão do Decanato de Assuntos Comunitários (DAC).
Art. 3º Orientar a Prefeitura do Campus (PRC) para que, por meio da Coordenadoria de Proteção ao Patrimônio (CoPP), impeça a realização de eventos não autorizados.
Art. 4º A realização de eventos não autorizados deverá ser apurada imediatamente por Comissão de Processo Disciplinar para determinação de responsabilidades individuais.
Parágrafo Único: A identificação, por parte da Prefeitura do Campus, de atuação de Centro Acadêmico na realização de eventos não autorizados implicará a suspensão da concessão dos auxílios previstos na Resolução n. 8/2008 até que os trabalhos da Comissão de Processo Disciplinar sejam concluídos.
Ar. 5º Os interessados na realização de eventos não previstos na regulamentação contida na Resolução n. 2/2003 deverão encaminhar solicitação, com antecedência mínima de 30 dias da data prevista do evento, ao Decanato de Assuntos Comunitários, a quem caberá deliberar acerca da autorização do evento.
Art. 6º Determinar que os casos omissos sejam encaminhados ao Decanato de Assuntos Comunitários, a quem fica delegada a competência para analisá-los e deliberar a respeito, ouvida a Prefeitura do Campus.
Art. 7º Este Ato entra em vigor a partir desta data.

Brasília, 8 de julho de 2011.
José Geraldo de Sousa Junior
Reitor

Recordar e viver, ou pelo menos sorrir... - Janer Cristaldo, sobre dois velhos amigos...

Esta crônica imaginária é de 1989, ou seja, antes que o socialismo desse dois suspiros e depois morresse (de morte morrida, não de morte matada), e foi retirada do e-book do Janer Cristaldo, Crônicas da Guerra Fria, um tempo que não volta mais, onde as coisas eram (aparentemente) mais simples: havia o lado de cá, e havia o lado de lá, ou seja, a famosa divisão de classes, operários de um lado, burguesia do outro, imperialismo de um lado, resistentes do Terceiro Mundo do outro, e assim íamos, tranquilitos, resistindo contra os malvados e proclamando velhos ideias de igualdade e justiça.
Depois a coisa se complicou um pouco, mas sempre é bom lembrar: recordar é viver, como diria uma antiga canção...

CUMBRE EN CUBANACAN
Janer Cristaldo
A Notícia (Joinville, SC), 22.01.1989

Havana (Urgente) — Em sua recente entrevista com Fidel Castro, o Dr. Luís Inácio da Silva, candidato do PT à presidência da República, revelou insuspeitados dotes de estadista, emergindo deste encontro no Caribe como um dos mais lúcidos líderes de Nuestra America. Hóspede oficial do governo cubano, Dr. Lula sequer necessitou deslocar-se de Cubanacan para discutir com o Líder Máximo os destinos do continente: na noite mesmo de sua chegada, mais precisamente às 23h30min de sábado passado, Fidel foi, verborrágica e pessoalmente, cumprimentá-lo. Exausto pela longa viagem e ciente da monologomania do velho ditador, mal Fidel esboçou um “bienvenido sea el compañero de luchas por la felicidad y bienestar de nuestro pueblo latinoamericano, impertérrito adversário del capitalismo y de la libre iniciativa, líder incontestable de las luchas laborales en Brasil...”, Dr. Lula cassou-lhe o verbo.
— Sei, sei — resmungou Dr. Lula, com a nonchalance de um plenipotenciário — e além do mais dispenso salamaleques, em verdade estou aqui apenas de passagem, mais diria em campanha eleitoral, pois se stalinismo passou de moda na Europa, ainda rende votos no Brasil. Quero em todo caso cumprimentá-lo por esta permanência de três décadas no poder, façanha que sequer foi atingida pelos militares brasileiros, com armas e atos institucionais em punho, sonho longe do alcance de caudilhos menores como Pinochet, desautorizado em plebiscito mal completou década e meia de governo. E quero particularmente cumprimentá-lo, camarada Fidel, por façanha bem mais insólita, a de preservar a simpatia da imprensa toda do Ocidente após trinta anos de ditadura, a propósito, bem gostaria que me passasse esta fórmula, nunca se sabe quantos séculos são necessários para educar uma nação.
Perplexo ante o sangue frio do jovem estadista, mal Castro esboçou um tímido “pero...”, Dr. Lula o atalhou:
— Ni pero, ni pera, Fidel. Você há de convir que trinta anos é um exagero. Se nem a CIA e o cigarro conseguiram te matar, mais dez aninhos e empatas com Franco. Visitar a ilha é uma espécie de batismo, sei disso, o Caetano e o Chico também sabem, acontece que nós envelhecemos e as gerações se renovam, estou aqui apenas para um gesto de aceno a meus companheiros de geração, acontece que conseguimos introduzir na Nova constituição o direito de voto a maiores de dezesseis anos, o que nos fornece uma fatia virgem no mercado eleitoral, são cinco ou seis milhões de eleitores, em sua maioria em fase de revolta com os pais, ou seja, voto certo no PT. Cá entre nós, camarada, esta minha visita até que me desprestigia, a imprensa burguesa vai gozar com a minha cara, ainda nem voltei e aposto que nalguma redação algum jornalista reacionário já deve estar me preparando alguma. Cuba já não dá mais crônica social, Fidel. A moda agora é Nicarágua e é pra lá que estou indo. Há centenas de jovens da classe média e alta classe média pagando mil dólares para passar fome e colher café para os nicas, que afinal isso de ser revolucionário não é para qualquer pé-rapado, não é qualquer zé-povinho que se pode dar ao luxo de pagar tanto para passar tão mal, e a classe média é muito intuitiva, assim que penso comer algumas lagostas em Havana, daquelas que você reserva para quem traz dólares e no meio da semana já estou voando pra Manágua, que mais não seja para abraçar “compa” Ortega. Desculpe o camarada Fidel minha franqueza, mas há razões que a razão não desconhece, são as famosas razões de Estado.
— Pe... pe... — quis balbuciar um Fidel perplexo — no que foi calado pelo líder petista.
— Ni pe ni pa, camará! Estou em campanha eleitoral e fica cada vez mais difícil, para um homem que ambiciona o poder e precisa namorar as esquerdas, explicar tua ilha. Quando jovem, vibrei com teu combate em Sierra Maestra, brindamos a queda de Fulgencio Batista, inovamos a autodeterminação dos povos e a Doutrina Monroe por ocasião da invasão da Baía dos Porcos. Pena que vivemos na era das comunicações, compañero, e não há hoje quem não saiba que na Cuba de Batista quem quisesse abandonar o país só precisava fazer as malas. Aquela fuga em massa pra Miami, lá por 80, caiu muito mal, meu caro Castro. Até o general Pinochet já fez plebiscito, mais ainda, aceitou o resultado da consulta, o que nos deixa numa situação muito desconfortável quando, convidado a confirmar tua legitimidade, declaras que os cubanos já fizeram um plebiscito há trinta anos. Como é que eu fico, Fidel, logo eu que lutei e luto pelas eleições diretas, como ficamos nós que denunciamos que há vinte e sete anos não votamos para presidente? Você há de convir que não é fácil explicar às novas gerações estas contradições dialéticas, certamente inevitáveis no processo histórico, mas dificilmente inteligíveis em um país onde a imprensa infelizmente é livre. Estamos te mandando turistas, camarada, e todos com os bolsos cheios de dólares e é claro que te somos gratos pela recepção, temos acesso a mordomias com as quais cubano algum ousa sonhar. O Chico, por exemplo, sempre cantou tua revolução, claro que ele sempre prefere sua cobertura no Rio, seu apartamento em Paris, mas isto é humano, Brecht já dizia que quem não sabe bem comer, bem beber e bem tratar uma mulher na cama não pode ser revolucionário. A reflexão é pertinente, só que dificilmente inteligível pelas massas. E nunca falta o jornalista de má-fé que insista em perguntar: mas se turismo é comércio de ida-e-volta, por que não vemos turistas cubanos no Brasil? Para os menos esclarecidos sempre podemos alegar que não se faz omelete sem quebrar os ovos, ameaça imperialista ao Norte, fortaleza sitiada pelo capitalismo, etc., mas meu suporte é a classe média e a classe média bem ou mal lê ou viaja e já não engole mais tais potocas. Camarada Castro! — e então Lula tentou erguer o braço até os ombros do Líder Máximo — até Gorbachov está conquistando o Ocidente, com não mais que duas palavrinhas, glasnost e perestroika. Custa muito ao camarada fazer uma concessãozinha aos ventos do Leste?
— Pe... pe... peres... que? — balbuciava atônito o Líder Máximo.
— Perestroika, camarada. Glasnost. Reestruturação. Transparência. Words, words, only words. Você acha que Gorbachov vai abrir fronteiras ou permitir críticas a seu governo na imprensa? Você imagina que vai liberar o xerox ou derrubar o Muro de Berlim? Nada disso, companheiro. Gorbachov está apenas tentando chegar ao século XX, antes que o Ocidente chegue ao século XXI. Mera ofensiva de charme. Estou até pensando em ver se descolo um encontro com o perestroistchki tovaritch Gorbachov, não há hoje quem não saiba que se ele deixa de enviar dólares aos bilhões à tua ilha, dia seguinte estás sem emprego. E depois, Fidel, isso de nomear sucessor. Logo um irmão! Eu, que fiz minha fortuna política xingando os militares, nem disso pude acusá-los! Trinta anos, meu caro — e Lula esfregou sua barbicha nas vetustas barbas do Caudilho — bem que eu gostaria de um período assim para endireitar aquele país, infelizmente lá a imprensa é livre, repito, e nunca falta um negativista profissional que nos cobre alternância de poder, eleições livres, em suma, esses empecilhos democráticos que nos impedem de construir a utopia.
Nesta cumbre, como dizem meus colegas de fala espanhola, o líder petista deixou claro que, uma vez presidente da República, só pensaria em uma aproximação com Cuba a partir do momento em que o Líder Máximo devolvesse aos cubanos o direito de voto.
— Não que eu acredite lá muito em eleições, camarada Fidel. Bem sabemos que a violência é o fórceps da História. Acontece que os brasileiros desde há muito estão contaminados pelos tais de ideais democráticos, culpa talvez em parte nossa, admito, afinal tanto falamos em democracia para contestar a ditadura que o povo acabou por intoxicar-se. A última tentativa de chegarmos ao poder pelas armas, o camarada viu no que deu e até hoje deve doer-lhe no bolso, meu caro Castro, aquele milhão de dólares repassadas a El Ratón, é assim que vocês chamam o Brizola aqui em Cuba, não é verdade? Por outro lado, compañero, isso de manter intelectuais e opositores na prisão, isso já era, Fidel, já era. As “autocríticas” de prisioneiros políticos não convenceram nem na época do Stalin. Aquela do Heberto Padilha, que desastre, hombre! Perdeste teus melhores garotos-propaganda, o Sartre, a Simone, Pasolini, Alain Resnais, Susan Sontag, Carlos Fuentes, Juan Rulfo, Vargas Llosa e vou ficando por aqui. O Gorbachov já está reabilitando Trotsky e você insiste em manter intelectuais no cárcere. Perestroicisesse, hombre, perestroicisesse antes que seja tarde.
— Pero pa qué si yo... — tentou atalhar Castro, impotente ante a verve do ex-metalúrgico.
— Ni pa que sí ni pa que no, camarada. Tua sorte foi a Armênia, não fosse aquele terremoto o Gorbachov dava entrevista no “Granma” e eu pagava pra te ver censurando o chefe, dia seguinte ele dispensava teu açúcar e fechava a torneira dos dólares. A propósito, isso do jornal da revolução ter um nome ianque, isso também cai mal, meu querido. Sem falar que eu tenho vergonha de voltar para o Brasil com um exemplar dele, lá no Brasil qualquer jornaleco de província tem mais informação e crítica do que este Diário Oficial. E mais, Fidel — e então o ex-metalúrgico foi de dedo em cima do Líder Máximo — tem mais, meu caro, isso de fazer discurso com pombinha branca no ombro é recurso fajuto de tua assessoria, imagina se lá no Brasil um milico, com farda e tudo, subisse a uma tribuna de pombinha ao ombro pra comemorar datas, ia ser mais divertido que ouvir o Sarney falando espanhol. Ou achas que alguém ignora tua presença armada em Angola? Isto nos coloca problemas terríveis, a nós, intelectuais de esquerda — (e neste momento o rosto do camarada Lula foi perpassado por um ligeiro rubor) — como explicar às massas que o cidadão cubano só come macarrão com ketchup o dia todo, isso quando tem a sorte de encontrar os dois? Como explicar os dois pares de sapato por ano a que tem direito os cubanos, quando não faltam coturnos para tuas tropas em território africano? Cá entre nós, Fidel, não é fácil vender tua revolução, quando se sabe que o turista em tua ilha tem acesso às dollarshops, ao que de mais sofisticado o capitalismo oferece, enquanto o ilhéu fica chupando no dedo. Acontecesse isso no Brasil, tuas lojinhas de caça ao dólar viravam cacos de vitrine no dia seguinte.
— Pe... pe... pero, Lula — tentava protestar o Supremo Comandante, já próximo à apoplexia, quando o futuro presidente da nação brasileira acalmou-o com um gesto imperioso:
— Tranqüilito, Fidelito, tranqüilito. Te convido para uma missa, sabes muito bem que só existo graças à Igreja, não é por acaso que me assessora um dos maiores ficcionistas catarinenses, frei Leonardo Boff. Ele vai oficiar uma missa e nós vamos rezar, meu querido, por muitos e muitos anos de vida a Stroessner. Sim, o Líder Máximo paraguaio. Pois se o homem morre, camarada, vais ganhar a desconfortável comenda de Decano dos Tiranetes da América Latina.

Operarios (sindicalizados) pedem desemprego e desindustrializacao!!!

Parece contraditório não é mesmo?
Mas é assim.
Leio no jornal do dia a seguinte manchete de primeira página:

"Metalúrgicos fazem greve contra desindustrialização"

Bem, não são todos os metalúrgicos, só os sindicalizados, e mais especialmente a aristocracia operária liderada pela máfia sindical, que são os que cruzaaram os braços, nas montadoras de automóveis do ABC paulista, pois estão preocupados:

"...com o aumento da presença de veículos e de outros produtos industrializados importados no mercado brasileiro e reivindicam o fortalecimento da indústria nacional". (Valor Econômico, 8-10 de julho de 2011, p. A1)

Trata-se de uma das muitas greves comandadas pela máfia sindical contra os interesses da população brasileira e a favor da burguesia, como diriam alguns, ou pelo menos a favor da aristocracia da indústria estrangeira instalada no Brasil, pois se supõe que essas montadoras vão conseguir o apoio ingênuo (ou idiota) dos trabalhadores para barrar concorrência estrangeira e assim poder continuar a cobrar mais caro dos consumidores nacionais.
Se der certo, quem sai perdendo são os brasileiros, em geral, e quem sai ganhando, temporariamente, são os donos das fábricas e os trabalhadores do setor, mas ilusoriamente e com prazo determinado.
Em última instância, quem sai perdendo é o país e a economia nacional, que se insula da concorrência estrangeira e que fica defasada e sem poder competir no exterior.

Que os problemas da indústria brasileira (ou estrangeira instalada no Brasil) não são derivados da concorrência estrangeira, isso eu deduzo de outra matéria no mesmo jornal, que diz o seguinte:

"A valorização exagerada do câmbio tornou mais dramáticos os problemas estruturais que atrapalham a vida do setor privado, como a carga tributária elevada, a infraestrutura precária e o alto custo dos insumos importantes, como a energia elétrica. Para complicar, falta mão de obra qualificada e os salários tem crescido acima da produtividade, num momento de forte aquecimento do mercado de trabalho." (Sergio Lamucci, "A indústria perde competitividade", Valor Econômico, 8-10 de julho de 2011, p. A2)

Ora, NENHUM, repito NENHUM, desses problemas, nem o câmbio, se deve minimamente, à concorrência estrangeira. TODOS eles foram feitos no Brasil, made in Brazil, e devem ser resolvidos aqui dentro.

Então, os metalúrgicos estão fazendo greve contra quem?
Deveriam fazer contra os responsáveis dessa situação.

Adivinhem que é o responsável maior?
Acho que nem preciso dizer...
Paulo Roberto de Almeida

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Addendum em 9/07/2011:

Metalúrgicos fazem manifestação contra desnacionalização da indústria
Wagner Gomes
O Globo, 9/07/2011

Cerca de seis mil metalúrgicos, segundo estimativa da PM, ou 30 mil pelas contas dos organizadores, fizeram uma manifestação na manhã de ontem na Via Anchieta, na divisa entre São Paulo e São Bernardo do Campo, no ABC, contra o que chamam de desnacionalização da indústria brasileira. Eles reclamaram do aumento das importações e da geração de menos empregos para a produção no mercado doméstico.

Os trabalhadores paralisaram totalmente a linha de montagem da Ford para participar da manifestação. Na Mercedes-benz, o turno da manhã foi suspenso e 3.500 dos 13 mil trabalhadores da empresa cruzaram os braços. Nenhuma das duas montadoras informou os prejuízos e quantos veículos deixaram de ser produzidos. Já a Volkswagen informou que a manifestação ocorreu bem longe da fábrica e que os funcionários cumpriram normalmente o dia de trabalho.

Funcionários das empresas de autopeças da capital também participaram da manifestação. Os trabalhadores saíram em passeata pela rodovia, mas não chegaram a bloquear totalmente o trânsito.

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a participação de veículos importados no mercado nacional passou de 5% em 2005 para 23% este ano. Nos últimos seis anos, o número de carros importados cresceu 115%, enquanto a produção nacional teve alta de 45%. Segundo a Anfavea, em 2010, as empresas instaladas no Brasil importaram 660 mil veículos. Este ano, serão importados 850 mil unidades.

— O Brasil vai importar este ano quase 900 mil veículos. É praticamente a produção total da Volkswagen em 2010. Mais de cem mil postos de trabalho poderiam ser gerados se os veículos importados fossem produzidos aqui — disse Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, disse que “mais um pouco e os trabalhadores brasileiros vão apenas apertar parafusos”.

Os sindicalistas defendem mudanças na política industrial, com regras como a da China, que só aceita a instalação de empresas estrangeiras em parceria com sócios locais.

A frase da semana: a ficcao do Estado - Frederic Bastiat

O Estado é essa grande ficção pela qual cada um tenta viver às custas de todos os demais.

Fréderic Bastiat (1801-1850)
que acrescentou:
"Para essa situação, só existe um remédio: tempo. As pessoas têm de aprender, por meio da dura experiência, a enorme desvantagem que existe em saquear o próximo".

"A única solução é o esclarecimento progressivo da opinião pública".

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