Puxa vida: não bastaram os oito anos de combate renitente, constante, violento contra o neoliberalismo, e ainda precisa mais?
Já não conseguiram extirpar de vez esse câncer do cenário nacional, não conseguiram limpá-lo das consciências, eliminá-lo das políticas públicas?
Que tanto esse pessoal combate o neoliberalismo?
Não é muita vela para pouco defunto?
Bater em cachorro morto?
Acho que os petistas têm algum problema psicológico com o neoliberalismo: deve ser inveja...
Paulo Roberto de Almeida
PT divulga documento sobre crise internacional e condena neoliberalismo
Informe da Liderança do PT na CD, 10/08/2011
Resolução Política do Diretório Nacional do PT, aprovada em reunião da última sexta-feira (5), trata, dentre outros temas, da crise internacional que atinge os Estados Unidos e o mundo capitalista. “A crise, cujos desdobramentos ainda precisam ser mais bem conhecidos, está associada ao ideário e ao programa neoliberal que, em linhas gerais, nos últimos 40 anos construiu hegemonia preconizando a redução do papel do Estado na economia...”, diz trecho do texto.
Na nota o PT expressa sua solidariedade aos jovens, aos trabalhadores, aos migrantes e a todos os setores que combatem o neoliberalismo e “repudia o nacionalismo de extrema direita, que mostrou sua verdadeira face no atentado ocorrido recentemente na Noruega”.
No Brasil, continua a nota, os defensores do neoliberalismo são setores da oposição, da mídia e dos setores do grande capital, especialmente o financeiro. “Desde 2003 o Brasil vem percorrendo outro caminho. Com crescimento econômico, controle da inflação, geração de empregos, distribuição de renda, ampliação do acesso e do direito a políticas sociais de qualidade ampliou-se o mercado interno de massas, com o alargamento dos espaços de participação social e da própria democracia”, diz o texto, lembrando ainda a projeção favorável do Brasil no mundo a partir do Governo Lula.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 9 de agosto de 2011
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Debate no Senado Federal sobre sistema financeiro internacional - Paulo Roberto de Almeida
Um relato muito conciso de um jornalista do Senado a respeito da audiência de que participei, esta noite.
Minha apresentação está neste link:
Sistema financeiro internacional desde Bretton Woods ( pptx Senado)
Permito-me, em primeiro lugar, corrigir meu cargo: não sou professor de Relações Internacionais no Uniceub, e sim professor de Economia Política no programa de mestrado e doutorado em Direito do Uniceub.
Por outro lado, a concisão do relato impediu o jornalista de dizer que eu rebati o discurso do senador Requião em todos os pontos relevantes.
Paulo Roberto de Almeida
Governo está atento à crise internacional, dizem participantes de audiência sobre sistema financeiro
Marcos Magalhães
Agência Senado, 8/8/2011 19:14
Poucas horas depois do anúncio das maiores quedas de bolsas de valores dos últimos meses – mais de 8% no Brasil e de 5% nos Estados Unidos – dois representantes da equipe econômica do governo procuraram demonstrar, no Senado, que o país está atento aos riscos da crise internacional. Em debate sobre a saúde do sistema financeiro mundial, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ambos apontaram o aumento das exportações e a dimensão das reservas internacionais.
- Nosso país está bem preparado para enfrentar a crise mundial. Temos grandes reservas internacionais, capacidade de injetar liquidez na economia, se necessário e câmbio flutuante. Temos acompanhado com atenção redobrada riscos de cenário internacional e estamos buscando as melhores soluções possíveis – disse o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, na audiência pública intitulada “O Sistema Financeiro Internacional: do Pós-Guerra aos dias de hoje”, dentro do ciclo de debates “Os Rumos da Política Externa Brasileira”.
Por sua vez, a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, informou que as exportações brasileiras têm crescido mais do que a média do comércio mundial. Ela registrou ainda o “crescimento acelerado” de exportações e importações brasileiras de janeiro a julho deste ano, em relação ao ano passado.
- Em sete meses já exportamos tanto quanto em 2006 – afirmou.
A dimensão da crise atual, porém, foi ressaltada pelo diplomata Paulo Roberto de Almeida, professor de Relações Internacionais do Uniceub. Ele previu que o crescimento econômico dos países avançados continuará lento e levará cerca de quatro a cinco anos para recuperar os padrões de antes de crise.
- A dívida cresceu enormemente, a dos Estados Unidos subiu o Everest e será um problema que chegará a mais duas gerações. Haverá uma lenta diversificação de reservas, mas os Estados Unidos ainda são a economia mais flexível do mundo e vão continuar atraindo capitais pelo futuro previsível. Mas o dólar vai diminuir de valor, no momento em que placas tectônicas estão se movimentando e o Atlântico Norte perde espaço para o Pacífico Norte – comparou.
Esses movimentos, na opinião do diretor para o Brasil do Banco Mundial, Makhtar Diop, estarão também relacionados ao aumento do peso político dos países considerados de renda média. Em sua opinião os próximos anos ainda serão de muitas indefinições.
- Existe hoje uma grande incerteza, e o mundo vai necessitar de um papel maior dos países de renda média – afirmou.
Após ouvir as exposições dos participantes do debate, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse que a mesa havia falado sobre “outro país”. Ele ressaltou a queda de 40% nas exportações industriais brasileiras nos últimos 30 anos e queixou-se da “primarização de nossa economia”, com ênfase para a exportação de minérios e produtos agrícolas. Ele alertou para o risco de queda das cotações de commodities, no caso de os Estados Unidos entrarem em nova recessão e afetarem em consequência a China, grande compradora de produtos primários brasileiros.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que presidiu o debate, também ressaltou a necessidade de maiores investimentos em tecnologia e disse que o Brasil “não tem futuro se continuar apenas exportando ferro”. Por sua vez, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) disse estar preocupado com a adoção de medidas para garantir “consistência atuarial” ao sistema de previdência social, com o aumento da expectativa de vida.
Minha apresentação está neste link:
Sistema financeiro internacional desde Bretton Woods ( pptx Senado)
Permito-me, em primeiro lugar, corrigir meu cargo: não sou professor de Relações Internacionais no Uniceub, e sim professor de Economia Política no programa de mestrado e doutorado em Direito do Uniceub.
Por outro lado, a concisão do relato impediu o jornalista de dizer que eu rebati o discurso do senador Requião em todos os pontos relevantes.
Paulo Roberto de Almeida
Governo está atento à crise internacional, dizem participantes de audiência sobre sistema financeiro
Marcos Magalhães
Agência Senado, 8/8/2011 19:14
Poucas horas depois do anúncio das maiores quedas de bolsas de valores dos últimos meses – mais de 8% no Brasil e de 5% nos Estados Unidos – dois representantes da equipe econômica do governo procuraram demonstrar, no Senado, que o país está atento aos riscos da crise internacional. Em debate sobre a saúde do sistema financeiro mundial, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ambos apontaram o aumento das exportações e a dimensão das reservas internacionais.
- Nosso país está bem preparado para enfrentar a crise mundial. Temos grandes reservas internacionais, capacidade de injetar liquidez na economia, se necessário e câmbio flutuante. Temos acompanhado com atenção redobrada riscos de cenário internacional e estamos buscando as melhores soluções possíveis – disse o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, na audiência pública intitulada “O Sistema Financeiro Internacional: do Pós-Guerra aos dias de hoje”, dentro do ciclo de debates “Os Rumos da Política Externa Brasileira”.
Por sua vez, a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, informou que as exportações brasileiras têm crescido mais do que a média do comércio mundial. Ela registrou ainda o “crescimento acelerado” de exportações e importações brasileiras de janeiro a julho deste ano, em relação ao ano passado.
- Em sete meses já exportamos tanto quanto em 2006 – afirmou.
A dimensão da crise atual, porém, foi ressaltada pelo diplomata Paulo Roberto de Almeida, professor de Relações Internacionais do Uniceub. Ele previu que o crescimento econômico dos países avançados continuará lento e levará cerca de quatro a cinco anos para recuperar os padrões de antes de crise.
- A dívida cresceu enormemente, a dos Estados Unidos subiu o Everest e será um problema que chegará a mais duas gerações. Haverá uma lenta diversificação de reservas, mas os Estados Unidos ainda são a economia mais flexível do mundo e vão continuar atraindo capitais pelo futuro previsível. Mas o dólar vai diminuir de valor, no momento em que placas tectônicas estão se movimentando e o Atlântico Norte perde espaço para o Pacífico Norte – comparou.
Esses movimentos, na opinião do diretor para o Brasil do Banco Mundial, Makhtar Diop, estarão também relacionados ao aumento do peso político dos países considerados de renda média. Em sua opinião os próximos anos ainda serão de muitas indefinições.
- Existe hoje uma grande incerteza, e o mundo vai necessitar de um papel maior dos países de renda média – afirmou.
Após ouvir as exposições dos participantes do debate, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse que a mesa havia falado sobre “outro país”. Ele ressaltou a queda de 40% nas exportações industriais brasileiras nos últimos 30 anos e queixou-se da “primarização de nossa economia”, com ênfase para a exportação de minérios e produtos agrícolas. Ele alertou para o risco de queda das cotações de commodities, no caso de os Estados Unidos entrarem em nova recessão e afetarem em consequência a China, grande compradora de produtos primários brasileiros.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que presidiu o debate, também ressaltou a necessidade de maiores investimentos em tecnologia e disse que o Brasil “não tem futuro se continuar apenas exportando ferro”. Por sua vez, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) disse estar preocupado com a adoção de medidas para garantir “consistência atuarial” ao sistema de previdência social, com o aumento da expectativa de vida.
Banqueiros americanos querem rebaixar ainda mais a classificacao americana
Lido, en passant, na revista dos banqueiros americanos:
From the Editors of American Banker
BankThink: Even AA+ May Be a Generous Rating for the U.S.
The downgrading of the government to double-A-plus was not only correct but overdue, writes Thomas J. White, a veteran credit and risk management executive. If anything, he argues, Standard & Poor's should have taken Uncle Sam down to double-A-minus, given the deadlock over revenues and spending.
Se eu fosse um partidário da teoria do complô, eu diria que esses banqueiros querem "downgrade" ainda mais os títulos da dívida americana, para comprá-los bem baratinho, e depois vendê-los com lucro, assim que obtivessem mais um plano mirabolante do Congresso para "resolver" o problema...
Faz sentido.
Conspiradores de todo o mundo: uni-vos na compra dos T-bonds, não deixem todo o lucro para a Febraban deles...
Aliás, pouco antes, os mesmos banqueiros estavam preocupados com a saúde do sistema bancário americano:
From the Editors of American Banker
Market Turmoil Stokes Fear of Big Bank Collapses
WASHINGTON ˜ As the stock prices of the big banks cratered on Monday, particularly for Bank of America Corp., pundits and industry observers began worrying that a second financial crisis was in the offing, including the possibility of the failure of a large financial institution.
Enfim, se o mercado fizer o que eles estão esperando, os problemas estão resolvidos: não há nada melhor do que uma boa crise, e uma quebra de bancos, para limpar o terreno para nova fase de crescimento...
Paulo Roberto de Almeida
From the Editors of American Banker
BankThink: Even AA+ May Be a Generous Rating for the U.S.
The downgrading of the government to double-A-plus was not only correct but overdue, writes Thomas J. White, a veteran credit and risk management executive. If anything, he argues, Standard & Poor's should have taken Uncle Sam down to double-A-minus, given the deadlock over revenues and spending.
Se eu fosse um partidário da teoria do complô, eu diria que esses banqueiros querem "downgrade" ainda mais os títulos da dívida americana, para comprá-los bem baratinho, e depois vendê-los com lucro, assim que obtivessem mais um plano mirabolante do Congresso para "resolver" o problema...
Faz sentido.
Conspiradores de todo o mundo: uni-vos na compra dos T-bonds, não deixem todo o lucro para a Febraban deles...
Aliás, pouco antes, os mesmos banqueiros estavam preocupados com a saúde do sistema bancário americano:
From the Editors of American Banker
Market Turmoil Stokes Fear of Big Bank Collapses
WASHINGTON ˜ As the stock prices of the big banks cratered on Monday, particularly for Bank of America Corp., pundits and industry observers began worrying that a second financial crisis was in the offing, including the possibility of the failure of a large financial institution.
Enfim, se o mercado fizer o que eles estão esperando, os problemas estão resolvidos: não há nada melhor do que uma boa crise, e uma quebra de bancos, para limpar o terreno para nova fase de crescimento...
Paulo Roberto de Almeida
Banqueiros americanos preocupados... (bye-bye Triple A...)
Recebido do boletim da American Bankers Association, a Febraban deles...
Bank Investors' Latest Fear: Cap Markets Exposure
In the wake of S&P's downgrade of U.S. government debt, fears about capital markets exposure are now taking precedence over mortgages and cancelling out the perceived safety that investors normally ascribe to the largest banks.
Ou seja, um problema de ajuste nas carteiras dos bancos torna-se um problema em sua contabilidade global.
Estamos caminhando para o que Kenneth Rogoff chamou de:
A Grande Retração
Bank Investors' Latest Fear: Cap Markets Exposure
In the wake of S&P's downgrade of U.S. government debt, fears about capital markets exposure are now taking precedence over mortgages and cancelling out the perceived safety that investors normally ascribe to the largest banks.
Ou seja, um problema de ajuste nas carteiras dos bancos torna-se um problema em sua contabilidade global.
Estamos caminhando para o que Kenneth Rogoff chamou de:
A Grande Retração
domingo, 7 de agosto de 2011
Caudilhos tambem choram...
...ou Ditadores também são humanos...
Chávez diz que chorou quando soube estar com câncer
Mais calvo, e já candidato a mais uma reeleição, o presidente da Venezuela volta à Cuba para quimio
Chávez diz que chorou quando soube estar com câncer
Mais calvo, e já candidato a mais uma reeleição, o presidente da Venezuela volta à Cuba para quimio
Governo foi antidesenvolvimentista, diz economista
Eu normalmente não partilho das opiniões desse economista, e mesmo seus trabalhos baseados em dados e números, não em opiniões ou interpretações, me parecem eivados de desvios metodológicos, que na verdade refletem viéses ideológicos na construção dos indicadores.
Mas não deixa de ser engraçado uma crítica ao governo Lula vinda da esquerda socialista, não da direita conservadora, que supostamente seria neoliberal ou uma bobagem desse tipo.
De fato o governo Lula não é nada do que parece ser, e no plano econômico privilegiou muito mais os grandes capitalistas do que a massa de pobres, a qual foi também contemplada, não exatamente com qualificação e renda, mas com transferências monetárias subsidiadas, que representam renda retirada das camadas A e B (ou talvez até C superior), sob a forma de mais impostos, e concedida às classes D e E.
Mas deixo vocês lerem e formarem sua própria opinião.
Paulo Roberto de Almeida
Dependência econômica
Merval Pereira
O Globo, 07/08/2011
No momento em que o governo Dilma reconhece o perigo da desindustrialização e lança um programa de incentivo à indústria nacional, com medidas protecionistas que, em alguns casos, repetem erros do passado, criando reservas de mercado que podem gerar uma indústria sem competitividade, o economista Reinaldo Gonçalves, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, publica um trabalho em que pretende demonstrar que, ao contrário do que seus seguidores defendem, o projeto econômico do governo Lula se caracteriza pelo que o economista chama de "Nacional Desenvolvimentismo às Avessas".
Ele classifica seu trabalho como uma crítica "aos analistas que identificam três traços distintivos do Governo Lula: a realização de grandes transformações; a reversão de tendências estruturais; e a predominância da visão desenvolvimentista nas políticas a partir de 2005".
Para Gonçalves, o que se constata claramente é: desindustrialização, aumento das importações (que chama de "desubstituição de importações"); reprimarização das exportações; maior dependência tecnológica; maior desnacionalização quando se desconta a expansão das três maiores empresas do país ligadas à exploração de recursos naturais (Petrobras, BR Distribuidora e Vale); crescente vulnerabilidade externa estrutural em função do aumento do passivo externo; e crescente dominação financeira, expressa na subordinação da política de desenvolvimento à política monetária focada no controle da inflação.
Ele dividiu o estudo em seis partes:
Estrutura produtiva: Desindustrialização e desubstituição de importações
A participação da indústria de transformação no PIB reduz-se de 18% em 2002 para 16% em 2010. Neste período, a taxa de crescimento real do valor adicionado da mineração é de 5,5%; da agropecuária, 3,2%, e da indústria de transformação, 2,7%. "Os diferenciais entre estas taxas de crescimento informam um processo de desindustrialização da economia brasileira no Governo Lula", afirma.
O processo de desindustrialização é acompanhado pela desubstituição de importações. Segundo o estudo, o coeficiente de penetração das importações aumenta, de forma praticamente contínua, de 11,9% em 2002 a 18,2% em 2008.
Padrão de comércio: Reprimarização das exportações
No Nacional Desenvolvimentismo, a mudança do padrão de comércio significa menor dependência em relação às exportações de commodities. Ao contrário, mostra o estudo de Gonçalves, no Brasil de Lula a participação dos produtos manufaturados no valor das exportações mostra clara e forte tendência de queda (56,8% em 2002 para 45,6% em 2010), enquanto há tendência igualmente clara e forte de aumento da participação dos produtos básicos (25,5% em 2002 para 38,5% em 2010).
Progresso técnico: Dependência tecnológica
No Governo Lula, verifica-se também o processo de maior dependência tecnológica. O indicador usado é a relação entre as despesas com importações de bens e serviços intensivos em tecnologia, e os gastos de ciência e tecnologia, que aumenta de 208% em 2002 para 416% em 2010. "Ou seja, há duplicação do grau de dependência tecnológica".
O chamado "déficit tecnológico", a diferença entre o valor das importações de bens altamente intensivos em tecnologia e maior valor agregado e dos serviços tecnológicos e o valor das exportações destes bens e serviços, aumentou significativamente, de US$15,4 bilhões em 2002 para US$84,9 bilhões em 2010.
Estrutura de propriedade: Desnacionalização
No Nacional Desenvolvimentismo, há preferência revelada pelo capital nacional, público ou privado, com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade externa. No Governo Lula, se descontada a grande influência das três maiores empresas (Petrobras, BR Distribuidora e Vale), teremos uma boa idéia do grau de desnacionalização da economia brasileira, segundo Gonçalves.
O trabalho mostra que houve aumento da participação das empresas estrangeiras no valor das 497 maiores empresas no país: 47,8% em 2002 e 48,5% em 2010.
O autor admite, no entanto, que são mudanças "pouco expressivas" quando se considera o período de oito anos do Governo Lula..
Vulnerabilidade externa estrutural: Passivo externo crescente
No Governo Lula há aumento significativo do passivo externo total do país, que passa de US$343 bilhões no final de 2002 para US$1,294 trilhão no final de 2010.
O passivo externo aumenta de US$260 bilhões em 2002 para US$916 bilhões em 2010. Considerando as reservas internacionais de US$300 bilhões, "verifica-se que o passivo externo financeiro do país é 3 vezes o valor das reservas no final de 2010".
O saldo da conta de transações correntes em relação ao PIB mostra nítida tendência de queda a partir de 2005, e torna-se negativo a partir de 2008. As projeções do FMI apontam que o Brasil deverá experimentar recorrentes déficits de transações correntes do balanço de pagamentos - de 3,0% a 3,5% -, que crescerão de US$60 bilhões em 2011 para US$120 bilhões em 2016.
Política econômica: Dominação financeira
No Governo Lula a taxa média de rentabilidade dos 50 maiores bancos é sempre superior à das 500 maiores empresas.
De 2003 a 2010, a taxa média de rentabilidade das maiores empresas é de 11% e a taxa dos bancos é 17,5%.
"Além do abuso do poder econômico, os bancos se beneficiam da política monetária restritiva caracterizada por elevadas taxas de juro", analisa Reinaldo Gonçalves.
Mas não deixa de ser engraçado uma crítica ao governo Lula vinda da esquerda socialista, não da direita conservadora, que supostamente seria neoliberal ou uma bobagem desse tipo.
De fato o governo Lula não é nada do que parece ser, e no plano econômico privilegiou muito mais os grandes capitalistas do que a massa de pobres, a qual foi também contemplada, não exatamente com qualificação e renda, mas com transferências monetárias subsidiadas, que representam renda retirada das camadas A e B (ou talvez até C superior), sob a forma de mais impostos, e concedida às classes D e E.
Mas deixo vocês lerem e formarem sua própria opinião.
Paulo Roberto de Almeida
Dependência econômica
Merval Pereira
O Globo, 07/08/2011
No momento em que o governo Dilma reconhece o perigo da desindustrialização e lança um programa de incentivo à indústria nacional, com medidas protecionistas que, em alguns casos, repetem erros do passado, criando reservas de mercado que podem gerar uma indústria sem competitividade, o economista Reinaldo Gonçalves, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, publica um trabalho em que pretende demonstrar que, ao contrário do que seus seguidores defendem, o projeto econômico do governo Lula se caracteriza pelo que o economista chama de "Nacional Desenvolvimentismo às Avessas".
Ele classifica seu trabalho como uma crítica "aos analistas que identificam três traços distintivos do Governo Lula: a realização de grandes transformações; a reversão de tendências estruturais; e a predominância da visão desenvolvimentista nas políticas a partir de 2005".
Para Gonçalves, o que se constata claramente é: desindustrialização, aumento das importações (que chama de "desubstituição de importações"); reprimarização das exportações; maior dependência tecnológica; maior desnacionalização quando se desconta a expansão das três maiores empresas do país ligadas à exploração de recursos naturais (Petrobras, BR Distribuidora e Vale); crescente vulnerabilidade externa estrutural em função do aumento do passivo externo; e crescente dominação financeira, expressa na subordinação da política de desenvolvimento à política monetária focada no controle da inflação.
Ele dividiu o estudo em seis partes:
Estrutura produtiva: Desindustrialização e desubstituição de importações
A participação da indústria de transformação no PIB reduz-se de 18% em 2002 para 16% em 2010. Neste período, a taxa de crescimento real do valor adicionado da mineração é de 5,5%; da agropecuária, 3,2%, e da indústria de transformação, 2,7%. "Os diferenciais entre estas taxas de crescimento informam um processo de desindustrialização da economia brasileira no Governo Lula", afirma.
O processo de desindustrialização é acompanhado pela desubstituição de importações. Segundo o estudo, o coeficiente de penetração das importações aumenta, de forma praticamente contínua, de 11,9% em 2002 a 18,2% em 2008.
Padrão de comércio: Reprimarização das exportações
No Nacional Desenvolvimentismo, a mudança do padrão de comércio significa menor dependência em relação às exportações de commodities. Ao contrário, mostra o estudo de Gonçalves, no Brasil de Lula a participação dos produtos manufaturados no valor das exportações mostra clara e forte tendência de queda (56,8% em 2002 para 45,6% em 2010), enquanto há tendência igualmente clara e forte de aumento da participação dos produtos básicos (25,5% em 2002 para 38,5% em 2010).
Progresso técnico: Dependência tecnológica
No Governo Lula, verifica-se também o processo de maior dependência tecnológica. O indicador usado é a relação entre as despesas com importações de bens e serviços intensivos em tecnologia, e os gastos de ciência e tecnologia, que aumenta de 208% em 2002 para 416% em 2010. "Ou seja, há duplicação do grau de dependência tecnológica".
O chamado "déficit tecnológico", a diferença entre o valor das importações de bens altamente intensivos em tecnologia e maior valor agregado e dos serviços tecnológicos e o valor das exportações destes bens e serviços, aumentou significativamente, de US$15,4 bilhões em 2002 para US$84,9 bilhões em 2010.
Estrutura de propriedade: Desnacionalização
No Nacional Desenvolvimentismo, há preferência revelada pelo capital nacional, público ou privado, com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade externa. No Governo Lula, se descontada a grande influência das três maiores empresas (Petrobras, BR Distribuidora e Vale), teremos uma boa idéia do grau de desnacionalização da economia brasileira, segundo Gonçalves.
O trabalho mostra que houve aumento da participação das empresas estrangeiras no valor das 497 maiores empresas no país: 47,8% em 2002 e 48,5% em 2010.
O autor admite, no entanto, que são mudanças "pouco expressivas" quando se considera o período de oito anos do Governo Lula..
Vulnerabilidade externa estrutural: Passivo externo crescente
No Governo Lula há aumento significativo do passivo externo total do país, que passa de US$343 bilhões no final de 2002 para US$1,294 trilhão no final de 2010.
O passivo externo aumenta de US$260 bilhões em 2002 para US$916 bilhões em 2010. Considerando as reservas internacionais de US$300 bilhões, "verifica-se que o passivo externo financeiro do país é 3 vezes o valor das reservas no final de 2010".
O saldo da conta de transações correntes em relação ao PIB mostra nítida tendência de queda a partir de 2005, e torna-se negativo a partir de 2008. As projeções do FMI apontam que o Brasil deverá experimentar recorrentes déficits de transações correntes do balanço de pagamentos - de 3,0% a 3,5% -, que crescerão de US$60 bilhões em 2011 para US$120 bilhões em 2016.
Política econômica: Dominação financeira
No Governo Lula a taxa média de rentabilidade dos 50 maiores bancos é sempre superior à das 500 maiores empresas.
De 2003 a 2010, a taxa média de rentabilidade das maiores empresas é de 11% e a taxa dos bancos é 17,5%.
"Além do abuso do poder econômico, os bancos se beneficiam da política monetária restritiva caracterizada por elevadas taxas de juro", analisa Reinaldo Gonçalves.
Imprensa 4 x Governo 0; governo continua sendo comandado pela imprensa
Sem palavras (e precisa?).
Depois da Casa Civil e dos transportes, a agricultura, não aquela que coloca comida nas nossas casas, claro, mas aquela que coloca verdinhas nas contas de certas pessoas.
Bem, estou esperando 6 a zero para a imprensa, ainda este ano.
Querem apostar?
Paulo Roberto de Almeida
Depois da Casa Civil e dos transportes, a agricultura, não aquela que coloca comida nas nossas casas, claro, mas aquela que coloca verdinhas nas contas de certas pessoas.
Bem, estou esperando 6 a zero para a imprensa, ainda este ano.
Querem apostar?
Paulo Roberto de Almeida
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