domingo, 13 de novembro de 2011

A frase da semana: o divino desce a Terra...


Eu vim para a Terra para lutar e melhorar a vida de todo o mundo.

um ex-presidente, se confundindo e pensando que tem essência divina...

Fest Latino: uma grande iniciativa de Humberto Franca


Paulo R. de Almeida na CBN: entrevistas diversas

Eu estava buscando uma entrevista que acabei de conceder, ontem, ao programa noturno de Alves de Mello, sobre a situacao europeia depois da mudanca de governos na Grécia e na Itália, e que ainda não ouvi, mas não consegui achar, por enquanto. 
Em contrapartida, achei estas outras referências a entrevistas antigas. 
Paulo Roberto de Almeida 


Representantes das principais economias mundiais se reuniram no Fórum Econômico Mundial, em Davos 
Entrevista com Paulo Roberto de Almeida, professor do programa de mestrado e doutorado de Direito do Centro Universitário de Brasília 
CBN | Última atualização: 29/01/2011 17h42 


Rejeição a Obama apontada por pesquisa da CNN está ligada a economia interna dos EUA 
Entrevista com Paulo Roberto de Almeida, doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas e professor de pós-graduação do Centro Universitário de Brasília 
CBN | Última atualização: 17/02/2010 08h15 


Impacto de uma crise na Grécia, Portugal e Espanha sobre a zona do euro seria 'muito pequeno'
Entrevista com Paulo Roberto de Almeida, doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas e professor de pós-graduação do Centro Universitário de Brasília 
CBN | Última atualização: 09/02/2010 07h28 
[Nota de esclarecimento: O título da CBN está errado. Em nenhum momento disse que uma crise na Espanha seria de menor monta; e sim que Grécia e Portugal eram economias pequenas, insuscetíveis de, sozinhas, causarem um problema sistêmico; ouçam a entrevista neste link]


A importância dos países emergentes 
Ouça a primeira parte do programa, com entrevista de Paulo Roberto de Almeida, professor de economia política internacional no Centro...Lacerda, professor doutor em economia pela PUC de São Paulo Ouça a segunda parte do programa .Ouça a terceira... 
CBN | Última atualização: 03/05/2008 00h00 


 Crise financeira mundial e seus impactos na Europa
...a primeira parte do programa com Paulo Roberto de Almeida, professor Economia Política do Centro Universitário de Brasília, e José Luiz Niemweyer, coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec-RJ... 
CBN | Última atualização: 29/11/2008 00h00 


Especialista comenta relatório que prevê grandes desafios para a economia global em 2009 
Entrevista com Paulo Roberto de Almeida, professor do Instituto de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília 
CBN | Última atualização: 13/01/2009 00h00 


Especialista comenta relatório que prevê grandes desafios para a economia global em 2009 
Entrevista com Paulo Roberto de Almeida, professor do Instituto de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília 
CBN | Última atualização: 13/01/2009 00h00

Governo quer fazer vc pagar mais caro pelo seu carro novo

Nada de muito diferente num governo que sempre defendeu carteis, corporacoes, pequenas e grandes mafias que assaltam o Estado e os cidadaos. O governo quer dar mais dinheiro as montadoras extorsivas que nos assaltam ha muito tempo e que vao continuar nos roubando con a sua ajuda.
Paulo Roberto de Almeida

Governo quer segurar carro importado
Martha Beck
O Globo, 12/11/2011

O governo afastou ontem o risco de o mercado brasileiro ser inundado por veículos importados no fim do ano. Esse movimento poderia ser provocado por montadoras que querem fugir do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para essa categoria de automóveis, que começa a valer em 16 de dezembro.
O secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo de Oliveira, lembrou que cabe ao governo liberar as licenças de importação, sendo que esse trâmite pode levar até 60 dias. Com isso, o governo tem como controlar o ritmo de entrada dos veículos no país.
 — Não haverá desabastecimento nem prejuízos à indústria nacional por causa de um surto de importação de veículos — disse Oliveira. Ele negou, porém, que a medida seja protecionista: — O governo tem 60 dias para conceder as licenças de importação. Vamos fornecê-las dentro de um movimento normal.

 Montadora pode pedir habilitação até 16 de janeiro 
 O Brasil vem sendo alvo de críticas e já teve que prestar esclarecimentos sobre a cobrança do IPI para os importados na Organização Mundial do Comércio (OMC). Japão, Austrália, Coreia do Sul, Estados Unidos e União Europeia estão entre os parceiros que pediram explicações ao Itamaraty.
 O governo publicou ontem um decreto adaptando as regras do IPI à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de adiar o início da cobrança do tributo.
Quando anunciou a medida, a equipe econômica esperava que ela entrasse em vigor imediatamente, ou seja, no dia 16 de outubro. No entanto, o STF entendeu que deveria valer o princípio da noventena, pelo qual um aumento de imposto só pode entrar em vigor depois de um prazo de 90 dias.
 O novo decreto prevê que as montadoras que quiserem ficar de fora do IPI mais alto terão até 16 de janeiro de 2012 para requerer uma habilitação junto ao governo federal.
Essa habilitação, no entanto, só vale para as empresas que produzem veículos com pelo menos 65% de conteúdo nacional ou que cumpram ao menos seis de 11 etapas de produção no Brasil, entre elas, pintura, fabricação de motores e câmbio.
 A habilitação, que antes precisava ter o aval dos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento e de Ciência e Tecnologia, também foi simplificada pelo novo decreto. A partir de agora, ela só será concedida pelo Ministério do Desenvolvimento. Isso deve reduzir o prazo de concessão do benefício de 30 para 15 dias.

E por falar em racionalidade nas universidades brasileiras...

Meu post anterior trata da eleição de uma chapa sensata para o DCE da UnB.
Parece que a tendência a afastar os anacrônicos dos DCEs se instala, finalmente, nos campi universitários. 
Já não era sem tempo...
Paulo Roberto de Almeida 



Reinaldo Azevedo, 13/11/2011

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade de São Paulo elege a nova direção entre os dias 22 e 24 deste mês. Nunca as instâncias da universidade precisaram tanto, como precisam agora, ouvir a voz da razão, do equilíbrio, do bom senso. A maioria silenciosa da USP tem de saber que os grupelhos de extrema esquerda - entre alunos, professores e funcionários - estão se organizando para, junto com os petistas, “decretar”, no ano que vem, o que pretendem que seja “a maior greve em dez anos”. Por qual motivo? Cinicamente, eles dizem em seus fóruns que “os motivos vêm depois”. Outros afirmam abertamente: “É para quebrar a espinha do Alckmin e do PSDB”. Querem fazer guerra política jogando com o curso, a carreira e o destino de milhares de estudantes. Para eles, tanto faz! Não estudam mesmo! Estão na universidade para cumprir tarefas partidárias.
Abaixo, segue uma entrevista com membros da chapa “Reação”. É a única não-esquerdista entre as que disputam o DCE. Também é a única que não conta com “estudantes profissionais”. Entre seus 61 membros, apenas sete são filiados a partidos. A filiação, já escrevi aqui, não é um mal em si ou um crime. É um direito democrático. Usar a USP para fortalecer uma agremiação ou seita é que é prática criminosa.
Votar ou não votar pode ser decisivo, alunos da USP, para garantir a sua paz no ano que vem. Votar ou não votar pode ser decisivo para garantir a sua segurança no ano que vem. Votar ou não votar pode ser uma escolha entre a democracia na universidade e a ditadura da minoria. Segue entrevista com Rodrigo Souza Neves (Gestão de Políticas Públicas - EACH, já graduado em História - FFLCH), Winicius do Carmo (Ciências Sociais - FFLCH), José Oswaldo de Oliveira Neto (Engenharia Elétrica - Escola Politécnica); Lucas Sorrillo (Engenharia de Materiais - Escola Politécnica); Edgar Cutar Junior (Engenharia Florestal - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ) e Flavio “Morgenstern” (Letras, Alemão, FFLCH).
Vejam o que eles pensam e quais são as suas propostas. Uma delas me parece central: a USP já dispõe hoje de tecnologia para saber o que realmente pensam e querem os estudantes por meio de votações eletrônicas. Diz um dos entrevistados:
“Nas assembléias, marcadas invariavelmente no horário das aulas, são ‘decididas’ pautas impostas pela mesa, no olhômetro e por uma minoria que mata as aulas. Se as propostas, algumas até criminosas, não são aceitas, fazem outra até dar o resultado que querem, como se deu na invasão recente. Votação eletrônica mostra a real vontade dos estudantes da USP, que estudam e trabalham e não têm tempo a perder com assembléias.”
Perfeito! Segue a entrevista. Reitero: essa questão não interessa só à USP. A reação dos bons interessa ao Brasil.
O que é a chapa “Reação”?
Winicius do Carmo -
A chapa Reação é uma coalizão de estudantes dos mais variados cursos e campi da Universidade de São Paulo, os quais se uniram para reagir ao cenário antidemocrático do Movimento Estudantil da USP. A chapa Reação surge em meio à forte mobilização dos estudantes contra as atitudes autoritárias da atual gestão do DCE e de grupos radicalizados que promoveram a invasão e depredação dos edifícios da Administração da FFLCH e da Reitoria da USP. O grupo possui suas origens nas chapas Reconquista (2009) e Liberdade (2010), as quais foram compostas pelo Movimento Liberdade USP - grupo apartidário de oposição não-marxista ao DCE. O objetivo da chapa é promover a democratização do movimento estudantil da USP e resgatar a representatividade do DCE perante os estudantes, sempre se opondo ao aparelhamento político-partidário existente no movimento estudantil brasileiro, especialmente na USP.
Qual é a diferença entre a chapa “Reação” e o “Movimento Liberdade USP”?
José Oswaldo de Oliveira Neto -
O Movimento Liberdade USP é um dos grupos que compõem a coalizão da chapa Reação, porém não é a sua totalidade. Além do Movimento Liberdade USP, compõem a chapa Reação segmentos dos grupos “A USP pode mais”, de alunos de Ciências Sociais, e “União da Juventude Brasileira”, além de estudantes independentes desses grupos. Os integrantes dessa candidatura compartilham dos mesmos ideais, como democracia representativa, liberdade individual de pensamento, manifestação e excelência acadêmica e foco nos interesses dos estudantes.
Vocês têm contanto com o pessoal da “Liberdade UnB”, que venceu lá a disputa para o DCE?
Rodrigo Souza Neves -
Desde 2009 o Movimento Liberdade USP mantém contato com o Liberdade UnB, e, desde 2010, há uma aliança entre os dois grupos, caracterizada por um apoio mútuo na oposição à partidarização do Movimento Estudantil e pela troca de experiências e informações.
Na opinião de vocês, qual é a principal tarefa de um Diretório Central de Estudantes numa sociedade democrática?
Lucas Sorrillo -
Um Diretório Central Estudantil deve trabalhar na união de todos os centros acadêmicos de uma universidade, não apenas daqueles que comungam de seus ideais político-partidários, como tem ocorrido ultimamente no Brasil, especialmente na USP. Uma instituição do porte da USP é muito visada na sociedade, um centro acadêmico de nossa universidade não pode ser deixado sozinho, sem apoio institucional. O DCE deve ser a entidade que primeiro recebe as críticas, que apóia e dá suporte às ações dos alunos de todo e cada curso que representa.
Um DCE deve servir, também, como a entidade que reivindica e legitima anseios de cada aluno, de cada centro acadêmico, de cada grupo de cultura e extensão, empresa Junior, associação atlética, enfim, de cada entidade que une e representa estudantes, perante sua universidade. Sempre atuando em prol da ampliação e melhoria da infra-estrutura e qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão, ou seja, do desenvolvimento técnico-científico e humano da universidade e da sociedade.
Mais um ponto de extrema importância na tarefa de um DCE é levar aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário as necessidades dos estudantes de um município, de um estado ou de todo o país. A UNE pode ser citada como exemplo disso, entretanto após o movimento dos “cara-pintadas”, devido ao aparelhamento partidário, essa instituição deixou de ser representativa e, hoje, não passa de uma produtora de carteirinhas. Guardando as devidas proporções, isso acontece na USP. O DCE deixou de ser representativo, e hoje, apenas corrobora políticas partidárias da extrema-esquerda, numa oposição viciada a qualquer forma de poder existente no país, até mesmo à Constituição como um todo. De fato, em algumas situações, essas duas entidades reivindicam interesses dos estudantes, porém, mesmo tendo objetivos justos, fazem da maneira errada: reivindicam de maneira radical e sem apresentar propostas dos métodos que devem ser usados para se alcançar tais metas. Além disso, falta na USP a iniciativa do diálogo. Os estudantes que comandam o DCE há vários anos sempre partem para atitudes radicais, como greves, invasões e difamações.

Quantas pessoas na chapa têm filiação partidária?
Rodrigo Souza Neves -
Sete pessoas, sendo seis filiadas ao PSDB e uma ao PV. Entretanto, cabe ressaltar que estes não possuem o caráter de “militantes profissionais” como freqüentemente se vê entre os grupos de esquerda do movimento estudantil, em que, muitas vezes, os militantes não só são filiados como são funcionários e membros da hierarquia dos partidos. Também é preciso ressaltar que todos esses assumiram o compromisso de deixar suas fidelidades e simpatias partidárias para fora dos muros da universidade, diferentemente do que ocorre na prática dos partidos de extrema esquerda presentes na USP.
Por que é tão difícil convencer o estudante que realmente estuda a votar?
Edgar Cutar Junior -
Quem estuda hoje na USP dificilmente se sente representado pelo DCE devido a uma contínua sucessão de gestões ligadas a partidos de extrema esquerda, as quais utilizam de fóruns ilegítimos e métodos autoritários para impor a vontade de uma minoria perante a maioria dos alunos. Entre essas ações, encontram-se a promoção e apoio a greves impopulares, com causas muitas vezes opostas aos interesses dos estudantes; a recorrente prática de invasões e depredações de prédios públicos da universidade e o cerceamento do direito de ir e vir dos estudantes por meio de barricadas e piquetes.
Tudo isso fez com que os estudantes de verdade pegassem asco de uma entidade que supostamente deveria representar a todos, não somente os que fazem parte da própria gestão, como vem acontecendo. No caso específico dos campi do interior [Ribeirão Preto, São Carlos, Piracicaba, Lorena, Bauru e Pirassununga], o sentimento de desinteresse e falta de representatividade por parte do DCE é agravado pela quase total desconexão do DCE da realidade desses campi e práticas que impedem a participação destes estudantes no processo decisório.
Entre tais práticas está um tratamento patrão-funcionário por parte dos “coordenadores de campi” do DCE - quase sempre estudantes de Ciências Sociais, da capital, que visitam esporadicamente outros campi - com relação a seus pares.  Outro elemento desmotivador é a prática, por parte da gestão do DCE, de excluir a participação dos estudantes do interior ao se convocarem assembléias, reuniões e Conselhos de Centros Acadêmicos quase que somente na capital paulista.
Todos esses fatores geram um desinteresse destes estudantes e uma sensação, real, de que a gestão do DCE não faz a menor diferença no dia-a-dia dos estudantes desses campí; e que os braços do DCE só alcançam o interior em tempos de eleição, em que milhares de panfletos e militantes até mesmo de outras universidades rondam os campi em busca de “gado eleitoral”.
A PM deve continuar a fazer o policialmente do campus?
Lucas Sorrillo - Não cabe a uma gestão de DCE decidir isso em nome dos alunos. Cabe à gestão do DCE consultar os alunos, por meio de um plebiscito, e acatar a decisão tomada pela maioria dos estudantes. E, nessa questão, em plebiscitos realizados na FEA, POLI e num geral, organizado por alunos da EACH, mais de 60% dos estudantes se manifestaram favoráveis a essa posição.
Inclusive um representante do Grêmio da POLI, encaminhou pedido oficial ao DCE para que realizasse, após muitos debates com os alunos para informar os estudantes, um plebiscito amplo, geral e transparente na USP sobre segurança. Entretanto, a atual gestão negou o pedido, alegando que um plebiscito não representa a vontade real dos alunos. Ao que tudo indica, eles preferem assembléias em que se vota por contraste, e não se tem nem a certeza de que todos os presentes são estudantes.
Digam-me três propostas que vocês consideram centrais ou três compromissos da chapa caso vença a eleição.
Rodrigo Souza Neves -
1) Representatividade real dos estudantes e independência plena do DCE perante os interesses do Sindicato dos Trabalhadores da USP e de partidos políticos. DCE para, pelo e do estudante. 2) Democratização dos fóruns do movimento estudantil e consulta plebiscitária de temas de grande importância, como forma de evitar decisões tomadas em assembléias sem representatividade realizadas nos campi da capital. 3) Reestruturação financeira, transparência nas contas e atos do DCE e um projeto de captação de recursos para a universidade baseado no Endowment da Escola Politécnica
Quem tem medo da chapa “Reação” na USP?
Flavio “Morgenstern” -
Entre todas as chapas inscritas, aparentemente os criminosos da USP apenas temem a chapa “Reação”. É um excelente indício. Tais crimes, que vão de dano ao patrimônio a lesão corporal (já houve casos até de envenenamento de comida do Bandejão), são chamados de “perseguição política”. São crimes comuns que nunca são divulgados.
Quem mais teme a chapa, portanto, é a retórica: uma vitória da única chapa não-esquerdista mostra, afinal, que a comunidade acadêmica não quer crimes, invasões, depredações, greves, piquetes, agressões físicas, como de estudantes que declaram que “por enquanto a gente optou por não impedir fisicamente a entrada dos estudantes”. Assim, não se pode mais falar em nome dos “estudantes”.
Outro temor com a chapa é a proposta da realização de plebiscitos eletrônicos para votações, através de sistemas próprios da USP como o Júpiter Web. Nas assembléias, marcadas invariavelmente no horário das aulas, são “decididas” pautas impostas pela mesa, no olhômetro e por uma minoria que mata as aulas. Se as propostas, algumas até criminosas, não são aceitas, fazem outra até dar o resultado que querem, como se deu na invasão recente. Votação eletrônica mostra a real vontade dos estudantes da USP, que estudam e trabalham e não têm tempo a perder com assembléias.

Os resultados até agora são acachapantes: praticamente 80% da USP quer a PM no campus e é contra greves e invasões. Aqueles que querem impor sua vontade à força têm mesmo razão para temer uma chapa democrática, onde um homem significa um voto.

A Aliança pela Liberdade e os estudantes da UnB - Paulo Roberto de Almeida


A Aliança pela Liberdade e os estudantes da UnB

Paulo Roberto de Almeida

A UnB possui, ao que parece com status de ciência, um curso de Astrologia. Aliás, mais do que isso: trata-se de um Núcleo inteiro de estudos, o de Fenômenos Paranormais, que promove, ao que se informa, pesquisas e cursos em quatro áreas: astrologia, ufologia, conscienciologia e terapias integrativas.
Bem, eu aposto que nenhum dos especialistas trabalhando nessas áreas, ou mesmo qualquer outro ser pensante, operando com “chutes” a partir de dados empíricos da realidade, poderia prever que, num campus universitário tão bizarro quanto esse que responde pelo nome de UnB, o corpo discente acabaria colocando na direção do Diretório Central do Estudantes, a chapa vencedora que responde pelo singelo nome de “Aliança pela Liberdade”. Aposto, justamente, que colocando as eleições para o DCE no quadro de apostas daqueles bookmakers ingleses (que são capazes de apostar até qual é o número exato de gays da família real britânica), a vitória da chapa chamada de “conservadora” pelos sete outras concorrentes não faria mais do que 25 por 1, quem sabe até mais do que isso. Confesso que eu também, conhecendo a UnB, seus fantásticos alunos e seus professores maravilhosos, não apostaria muito dinheiro no sucesso dessa chapa.
Mas, por incrível que isso possa parecer, neste glorioso mês de outubro de 2011, venceu a sensatez, a racionalidade, o desejável, o simples bom senso. Em face de um vasto leque de chapas concorrentes (oito no total), todas com alguma coisa agressiva no nome – tipo “Ação Direta”, “Mobiliza”, ou mesmo aquela poeticamente intitulada “Canto Maior” –, de todas essas que prometiam, menos uma, continuar a luta de classes por outros meios, ganhou a única que declarava sua intenção de ocupar-se prioritariamente dos assuntos estudantis, da melhoria das condições de estudo, numa UnB passavelmente caótica e entregue a grupelhos políticos e seitas ideológicas que remetem não ao século XXI da globalização, mas ao século XIX dos movimentos anticapitalistas.
A esquerda delirante, subitamente acometida de alguns laivos de razão, atribui sua derrota à tradicional divisão entre essas tribos exóticas, que, de outro modo, teriam vencido pelo total de votos (4.004 votos, contra os 1.280 da chapa vencedora, ou 22% do total). As chapas de esquerda lutavam por coisas estranhas como: “Fortalecer o trote solidário”, “Combater o Plano Nacional de Educação” (e a UNE, por extensão), “Realização do Congresso Estatuinte”, ou ainda aumentar a assistência estudantil e as prestações de muitas coisas, sem quaisquer contrapartidas. A chapa vencedora, por sua vez, prometia objetivos compreensivelmente pragmáticos, do tipo: “Implantar parlamento de estudantes, onde cada Centro Acadêmico terá uma cadeira; Apoiar as fundações como forma de financiamento; Criação de Parque Tecnológico e término das obras da UnB-Ceilândia; Fortalecer as empresas juniores e o intercâmbio com instituições estrangeiras; Reivindicar por novas concessões de lanchonetes, reprografias, livrarias e restaurantes nos campi.”
Parece que, por uma vez, os estudantes da UnB resolveram deixar de lado a luta de classes e assumir a luta pela melhoria das condições de ensino e de estudo no campus.  Ainda assim, cabe registrar, como o fez o presidente da chapa eleita, que 25 mil alunos não votaram nas eleições, seja por cansaço natural, isto é, descrença nas possibilidades de ações pragmáticas, seja por desinteresse puro e simples pelo ativismo político. O fato é que o “caos natural” que afeta a UnB não é diferente dos problemas de muitas outras universidades públicas, federais ou estaduais, nas quais o corporativismo de professores e funcionários se mistura ao militantismo de correntes minoritárias para criar um ambiente de baixa produtividade, a ineficiência geral dos serviços de apoio e uma tolerância mediocrizante com os baixos padrões educacionais exibidos pela maior parte delas.
Eu encerro meu comentário, extremamente rápido, sobre as eleições na UnB com estas simples palavras, que pretendo reveladoras do meu pensamento e dos temores que mantenho – como provavelmente dezenas ou centenas de outros estudantes que simplesmente desejam estudar – em relação a um processo de degradação dos padrões educacionais no Brasil atual (e na vida pública em geral).

Considero que o Brasil enveredou, desde muito tempo – ou seja, todo esse cenário de corrupção agravada e de mediocrização crescente da vida pública vem de muito antes que energúmenos tenham conquistado o poder no Brasil – por uma via que só pode levá-lo à decadência gradual e constante. Trata-se de um processo já conhecido em outras experiências internacionais de retrocessos sociais, econômicos e políticos, como podemos constatar pela Argentina atual (que ainda não parou de decair), pela Grã-Bretanha pré-Tatcher (quero dizer, nos primeiros oitenta anos do século XX) e pela China pré-anos 1990 (mas que ainda não se enquadrou em padrões civilizatórios mais elevados no plano da estrutura política), ou seja, todo o processo de decadência chinesa, que leva de meados da dinastia Qing (talvez desde o século XVII), até a superação do maoísmo delirante, já sob o comando de novos mandarins esclarecidos (mas igualmente despóticos).
Esse retrocesso, no caso do Brasil, se traduz em sindicalismo mafioso (muito parecido com o processo argentino), em introversão econômica (e aqui temos muitos países que seguem a receita do avestruz), e em aumento da corrupção generalizada (pela chegada de amorais e de imorais no comando do Estado). Mais importante, porém, do que todos os atrasos e retrocessos materiais que possam ocorrer em decorrência dos fenômenos e processos apontados acima, o que é mais revelador do retrocesso brasileiro é o atraso mental em que vivem dezenas, centenas, milhares de pessoas detentoras de algum poder em escala social – militantes de partidos, dirigentes políticos, empresários e simples cidadãos – e que partilham das mesmas ideias imbecilizantes que as manifestadas em quase todas as chapas derrotadas nas eleições do DCE-UnB.
Os estudantes-militantes que defendem aquelas posições são perfeitamente representativos do que existe de pior na sociedade brasileira atualmente, e esse pior está perfeitamente instalado no poder. Sou, sim, pessimista quanto ao futuro do Brasil, ao vê-lo dominado pelas mesmas ideias – ou seus equivalentes funcionais – que levaram outros países à decadência e à irrelevância. De vez em quando, muito acidentalmente, pessoas sensatas resolvem dar uma virada, como ocorreu agora na UnB, mas na maior parte das vezes o quadro é desolador.
Espero que o exemplo da UnB frutifique e se multiplique, embora eu tenha muitas dúvidas sobre se, quanto, e quando isso vai acontecer em outros lugares e instituições. Espero estar errado em meu pessimismo pessimista – desculpem, mas a redundância me pareceu necessária – mas o que vejo pelo Brasil afora me deixa muito preocupado. Acredito que vamos empreender uma longa travessia do deserto, por paragens perfeitamente medíocres, com educação em retrocesso, com instituições dilapidadas pelos novos bárbaros que estão ai assaltando e dominando o Estado.
Espero estar errado, mas é o que penso atualmente.

Paulo Roberto de Almeida 
(Brasília, novembro de 2011)

Addendum em 17/11/2011:

Este texto foi postado num blog de alunos da UnB que se intitula
Como eles se definem?
Sinteticamente por estas palavras: 

Brasília, Brazil
Somos jovens universitários nadando contra a maré vermelha dentro da UnB. Temos valores. Temos princípios. Sim, somos conservadores. ;)

Fiz o seguinte comentário ao post, mais dirigido ao princípio do que ao post: 



Agradeço a transcrição desse post do meu blog Diplomatizzando neste blog de estudantes da UnB. Eu apenas o fiz porque se tratava realmente de algo excepcional, ou seja, de reação de estudantes a um quadro de deterioração visível das condições "mentais" de trabalho e estudo na UnB, ainda que as condições materiais possam melhorar gradativamente (o progresso é uma fatalidade, como diria Mário de Andrade).
Apenas uma observação, quanto ao fundo, e ela toca na própria designação do blog e do grupo de estudantes que o sustenta e agita.
"Conservador" é, por definição, o indivíduo que pretende conservar o que existe. Mas, e se o que existe é manifestamente mau, perverso, inadequado, anacrônico?
Sei que vocês querem conservar os bons valores, os princípios corretos e as diretrizes mais adequadas ao progresso da UnB e do Brasil, tal como espelhadas e representadas pelos personagens que vocês colocaram em destaque, todos intelectuais de destaque, e eu até diria progressistas, no contexto de suas respectivas épocas.
Se existe uma coisa de que o Brasil, e a UnB mais ainda, necessita são de reformas, reformas em todas as áreas e setores.
Então, eu diria que o que deveria distingui-los e guia-los nessa luta contra os novos bárbaros seria o sentido de REFORMA, não de conservação.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida 

Livro: Ascensão e Queda do Comunismo - Archie Brown

Eu já li o livro no original, e recomendo, vivamente.
Fiz um post sobre ele: 

A vida sob o comunismo (como devia ser insuportável...)



Como sempre, recomendo aos que desejarem adquirir esse livro que não o façam na edição brasileira, a menos que desejem perder dinheiro à toa. Por US$ 1 (sim, UM dólar), ou no máximo US$ 4 qualquer pessoa pode encomendar o livro no maior sebo eletrônico de livros do mundo:
www.abebooks.com
Provavelmente o frete vai custar entre 10 e 15 dólares, mas ainda assim vai sair mais barato (ainda que demore um pouco) do que os 60 ou 70 reais (talvez mais) do que vai custar o livro no Brasil.
Se ele estiver disponível em formato digital melhor ainda: chega em um minuto, mas aí pode custar um pouco mais (entre dez e 19 dólares, calculo) e pode ser mais incômodo ler um livro grande na telinha do Kindle ou do seu iPad (mas garanto que ficará mais leve...).
Leiam, eu recomendo vivamente.
Paulo Roberto de Almeida 
PS: Quem quiser ler mais um pouco do livro, suas primeiras páginas, por exemplo, pode fazê-lo na versão para Kindle, que a a Amazon disponibiliza em seu site, neste link.

Reinaldo Azevedo, 12/11/2011
A VEJA desta semana traz uma resenha de autoria deste escriba do livro “Ascensão e Queda do Comunismo”, de Archie Brown. Segue um trecho.

Não foi o então presidente americano, Ronald Reagan, que matou o comunismo. Também não foi o papa João Paulo II. Tampouco foram as fragilidades do modelo. O sistema cometeu suicídio quando resolveu experimentar um pouco de liberdade. É, ao menos, o que sustenta o cientista político e historiador escocês Archie Brown em Ascensão e Queda do Comunismo (tradução de Bruno Casotti; Record; 854 páginas; 89,90 reais). O ambiente era bem deprimente na União Soviética, como revela uma piada que circulava por lá em fevereiro de 1984, quando a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, compareceu para o funeral de Yuri Andropov, que comandara a “pátria do socialismo” por modestos quinze meses. O escolhido para sucedê-lo foi Konstantin Chernenko, de 72 anos. A piada reproduzia um telefonema fictício de Thatcher para Reagan: “Você deveria ter vindo ao funeral, Ron. Eles fizeram tudo muito bem. Com certeza, vou voltar no ano que vem”. E voltou mesmo, treze meses depois, tempo de sobrevida de Chernenko. Em 68 anos de história, a União Soviética tivera quatro dirigentes máximos: Lênin, Stálin, Krushev e Brejnev. Ao chegar ao poder em 11 de março de 1985, Mikhail Gorbachev era o terceiro governante em vinte e oito meses. Havia algo de podre e muito velho no Império Vermelho.
A piada é narrada no grande (em qualquer sentido) livro de Brown. Ao longo de mais de 800 páginas, noventa delas com notas explicativas, ele detalha a trajetória do comunismo mundo afora, do Manifesto de Karl Marx (1848) à dissolução da URSS. Em 25 de dezembro de 1991, seis anos e nove meses depois de se tornar um dos homens mais poderosos da Terra, Gorbachev renunciava à Presidência de um país que já tinha acabado. O homem da “perestroika”, da reestruturação, fora engolido por sua ingenuidade e traído por sua ousadia. Todos os sinos dobraram pelo Natal; nenhum por quem restituíra a liberdade religiosa. Era execrado pelos destituídos do antigo regime e desprezado pelos beneficiários do novo.
Brown, professor de Oxford, é um profundo conhecedor do assunto. Levou dois anos para escrever o livro, publicado em 2009, mas reuniu informações colhidas ao longo de 45 anos e muitas viagens aos países comunistas, especialmente durante a Guerra Fria. E é com essa autoridade que ele afirma: “Na União Soviética, a reforma produziu a crise mais do que a crise forçou a reforma”. Para Brown, embora o modelo soviético estivesse corroído pela ineficiência, pela estagnação e pela incapacidade de entrar na economia da informação, não havia pressão social ou política que tornasse urgentes as mudanças. O modelo poderia ter durado por muito tempo, não fosse Gorbachev.
A relação de Brown com o líder que matou o comunismo é ambígua. Admira sua vocação democrática e suas escolhas políticas e éticas, mas o caracteriza como um político ingênuo, que fez uma aposta brutalmente errada. Qual foi o erro - e, pois, o grande acerto - de Gorbachev? Para responder a essa questão, é preciso citar aquelas que o historiador considera as “seis características definidoras” do comunismo - elas também explicam por que o autor sustenta que o comunismo acabou, ainda que China, Vietnã, Laos, Cuba e Coreia do Norte se digam comunistas: 1) o partido único detém o monopólio do poder; 2) a burocracia partidária tem plena autonomia para tomar qualquer decisão; é o centralismo democrático; 3) há a posse não-capitalista dos meios de produção; 4) a economia é de comando, definida pelo estado, não pelo mercado; 5) há a convicção de que o comunismo está em plena construção e ruma para a perfeição; 6) os comunistas articulam-se em um movimento internacional.
(…)

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...