terça-feira, 16 de abril de 2013

Miseria educarional (e professoral) brasileira: um belo futuro pela frente, e por tras, e por todos os lados...

Gargalo de professores
Editorial O Estado de Minas, 15 de abril de 2013

"Insanidade", disse Albert Einstein, "é repetir as mesmas ações e esperar resultados diferentes". A afirmação do criador da Teoria da Relatividade serve para a preocupante situação do magistério. Reduz-se significativamente o número de candidatos a professor matriculados nas universidades. Segundo dados do Censo de Educação Superior de 2011, são eles que mais abandonam a carreira durante o curso.

Física encabeça a lista dos desistentes. Nada menos de 31% dos estudantes interrompem os estudos e tomam outros rumos. Em números absolutos, português e matemática sobressaem - 40 mil alunos evadiram em busca de melhores oportunidades. Vale lembrar que as três matérias são obrigatórias nos níveis fundamental e médio. Quem as ministrará?

Ganha cores nítidas, assim, o quadro que se vinha esboçando havia anos. Salários baixos, falta de estímulo, más condições de trabalho e poucas oportunidades de ascensão funcional tornam a carreira pouco atraente. Comparada com outras que exigem o mesmo grau de escolaridade, fica claro o desprestígio que expulsa talentos e joga na orfandade milhões de brasileiros cuja única oportunidade de melhoria social reside na educação de excelência.

Não se pode esquecer, também, o apelo dos concursos públicos. O recrutamento universal baseado na meritocracia atrai os ex-futuros professores com a remuneração, a possibilidade de progressão na carreira e a carga mais leve que a de responder pelo futuro de crianças e jovens. A conclusão não pode ser outra: ao desqualificar o magistério, o governo deu um tiro no pé do país. Estimulou a evasão dos melhores para outros destinos. Só ficaram os raros vocacionados ou os incapazes de buscar saídas.

É um círculo vicioso. Maus professores formam maus profissionais, que, por sua vez, serão maus advogados, maus engenheiros, maus arquitetos, maus garçons, maus administradores, maus tudo. A falta de excelência do ensino contribui para a baixa produtividade do trabalhador e a falta de competitividade da economia. Em suma: emperra o desenvolvimento e atrasa a concretização do projeto de entrar no fechado clube das nações desenvolvidas.

Os pessimistas dizem que o Brasil perdeu o trem da história. Na década de 1970, ao promover a reforma do ensino, democratizou o acesso à escola. Mas ficou no meio do caminho. Negligenciou a democratização do conhecimento. O resultado é a tragédia revelada pelas avaliações nacionais e internacionais de cursos. Os otimistas, porém, acreditam que ainda há tempo.

O bom senso manda ser realista. Além de salários compatíveis com os pagos aos profissionais de nível superior mais valorizados, impõe-se oferecer plano de carreira atraente, melhorar as condições de trabalho e dar prestígio ao professor. Continuar a brincadeirinha do faz de conta é apostar na insanidade de Einstein. Ou acreditar em Papai Noel e na Gata Borralheira - o que dá no mesmo.

Portugues: lingua "estrangeira", no Brasil (ou seria o Purtugueis?)

Faculdades têm aulas de reforço em português para alunos com dificuldades
Leonardo Vieira
O Globo, 16/04/2013

Instituições como UFF e UniCarioca dão cursos para tentar resolver problema que, segundo especialistas, vem do ensino médio e da falta do hábito da leitura

Apesar figurar entre os 4% dos brasileiros que frequentam cursos de ensino superior, uma parte dos universitários do país ainda lidam com o idioma de Camões como se fosse uma língua estrangeira. Esta é a impressão de professores e outros profissionais que lidam diariamente com essas deficiências. O quadro é tal que instituições como UFF, PUC e UniCarioca oferecem aulas de português instrumental para tentar suprir a lacuna deixada pelo ensinos fundamental e médio. A partir deste ano, a UFRJ também terá aulas de apoio para alunos com problemas de escrita.

Conforme O GLOBO mostrou ontem, formandos que prestaram o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) em 2012 cometeram erros graves de ortografia na prova dissertativa, como "egnorancia" e "precarea". A prova, que mede exatamente a qualidade do ensino superior no país, revelou ainda a falta de coesão e coerência e falhas de construção frasal em muitos dos estudantes.

Para tentar reverter esse quadro, a UFRJ, que já oferecia aulas de apoio em matemática, física e química, também vai passar a ministrar cursos de língua portuguesa, a partir deste ano. No Centro Universitário UniCarioca, aulas gratuitas de português acontecem aos sábados, voltadas para alunos, independentemente da graduação. Com foco em gramática e no novo acordo ortográfico, o curso "Letras&Números" é aberto também a convidados que desejam aprimorar o idioma nativo.

De acordo com a coordenadora pedagógica da Unicarioca, Márcia Aguiar, mesmo tomando parte do fim de semana dos estudantes, a procura tem sido muito maior que a oferta limitada de 100 vagas por semestre. Segundo ela, as maiores dificuldades trazidas pelos alunos são relacionadas à ortografia e à elaboração de frases mais complexas, com períodos compostos. E a explicação é simples:

- Se a pessoa não lê muito, ela certamente vai ter dificuldade em escrever. Por isso nós vemos essas palavras escritas de forma errada e frases sem sentido - comenta a coordenadora. - É um problema estrutural. Muitas pessoas vêm do ensino médio para a faculdade sem saber escrever direito.

O diagnóstico é ratificado pelo coordenador de seleção do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), Erick Sperduti, que ainda chama atenção para a "falta de paciência" da geração atual com a leitura. No ano passado, Erick participou de um estudo com 7.219 jovens à procura de estágio tiveram que escrever 30 palavras simples ditadas pelos pesquisadores. O resultado foi alarmante: 28,8% deles erraram mais do que sete termos, o que já bastaria para serem reprovados em processos seletivos de grandes empresas. Surgiram vocábulos como "pro-penção" e "flequicivel".

- O problema começa com o próprio jovem que não desenvolve o hábito da leitura. Mesmo em multinacionais, a pessoa precisa escrever relatórios e se comunicar perfeitamente com seus superiores. Não basta falar inglês ou dominar informática. O Português é levado a sério no mundo corporativo - esclarece Erick.

Apesar da deficiência, a coordenadora do Departamento de Letras da UFF, Mariangela Rios, vê uma maior consciência da importância da língua nativa pelos jovens. Segundo ela, é cada vez maior dentro da UFF a obrigatoriedade de disciplinas de Português instrumental em graduações com Economia e Biblioteconomia. Mariangela entende ainda as falhas graves como um processo sociológico mais profundo.

- A dificuldade do aluno é mesmo no ingresso na universidade. Em cursos com grande relação de candidato/vaga como Medicina, os alunos vêm com bagagem muito maior que outros como a própria faculdade de Letras. Neste caso, os estudantes, muitas vezes, vêm de cursos e escolas com qualidade de ensino mais baixa - argumenta.

Educacao: o Brasil dividido (4 a 5 anos de diferenca entre o Sul-Sudeste e o Norte-Nordeste)

Alunos do Norte e Nordeste sabem menos que Sul e Sudeste
Estado de São Paulo, 16/04/2013



Alunos de Estados das Regiões Norte e Nordeste do Brasil têm quatro anos de atraso na aprendizagem em relação aos estudantes do Sul e Sudeste do País.

Levantamento feito com base em dados da Prova Brasil mostra o porcentual de alunos de escolas públicas que obtiveram pontuação considerada adequada no exame
Em Alagoas, por exemplo, 57% dos estudantes terminam o 9.º ano do ensino fundamental sem saber o conteúdo de matemática que deveriam dominar já no fim do 5º. Ano

Os dados são de um levantamento da Fundação Lemann, feito com base em microdados da Prova Brasil, e mostram o porcentual de alunos de escolas públicas que obtiveram pontuação considerada adequada no exame.

Os resultados apontam que, ao fim do ensino fundamental, no 9.º ano, os estudantes que moram em Alagoas, no Maranhão e no Amapá sabem menos português e matemática do que aqueles que estão terminando o 5.º ano na rede pública de Estados como Minas Gerais, do Distrito Federal e de Santa Catarina.

Em Alagoas, por exemplo, 57% dos estudantes terminam o 9.º ano do ensino fundamental sem saber o conteúdo de matemática que deveriam dominar já no fim do 5.º ano. Isso significa que mais da metade dos estudantes foi para o ensino médio sem saber, por exemplo, localizar informações em um gráfico, competência esperada para uma criança de 10 anos de idade.

No outro extremo, em Minas Gerais, 87% dos alunos do 9.º ano têm conhecimento proficiente ou avançado do conteúdo do 5.º ano. O índice chega a 85% em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

Se o aprendizado dos formandos do 9.º ano já está muito aquém do que eles deveriam saber no 5.º ano, o cenário fica ainda pior se forem consideradas as competências esperadas para a etapa que estão concluindo.

Na rede municipal do Amapá, por exemplo, apenas 2,4% dos alunos vão para o ensino médio com aprendizado adequado para enfrentar a nova etapa.

Forum Mundial da Ciencia: processo preparatorio no Brasil (Jornal Ciencia Hoje)

Abertura do 5º Encontro Preparatório ao Fórum Mundial de Ciência 2013 destaca a importância da C,T&I para o desenvolvimento do Brasil
Evanildo da Silveira, do Recife
Jornal Ciência Hoje, 16/04/2013

Evento aberto ontem em Recife teve sua primeira conferência proferida pelo ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende
Com a presença do ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende e do representante do presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis, o secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), Luiz Antônio Elias, foi aberto ontem, no Recife, o 5º Encontro Preparatório do Fórum Mundial de Ciência 2013, que será realizado em novembro no Rio de Janeiro. Por motivos de saúde, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, que integra o comitê organizador do evento do Rio, não pôde comparecer à reunião, que se encerra hoje.

Em sua saudação de abertura, Elias disse que o Brasil irá demonstrar ao mundo, durante o Fórum Mundial, que faz ciência de boa qualidade, além de ter uma enorme capacidade inovativa e muita gente preparada. Ele lembrou também que os investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer país, o que inclui o Brasil. "Em se tratando dessas áreas, temos que avançar sempre mais uma etapa", disse. "Por isso, devemos investir em ciência de qualidade e na expansão de nossa pós-graduação".

Depois da cerimônia de abertura, Rezende proferiu a primeira conferência do evento sobre o tema "Ciência e Tecnologia precisam de política de Estado". Ele fez um paralelo entre o Brasil e os países que mais investiram em ciência e tecnologia ao longo de sua história. Destacou ainda a importância dessa aplicação de recursos para o desenvolvimento econômico e social de cada um deles. O ex-ministro também fez um histórico da ciência e tecnologia brasileiras desde a década de 1950 até os dias de hoje, "Um grande progresso em C&T foi feito em tempos recentes", disse. "Ainda há, no entanto, um longo caminho pela frente para tornar a C,T&I decisivos para o nosso progresso. É necessário termos uma política de Estado, com continuidade, aperfeiçoamento e expansão".

Ele citou o Japão e a Coreia do Sul como exemplos de que os investimentos em ciência, tecnologia e inovação podem mudar o curso da história de uma nação. Ele lembrou que em 1949, depois da Segunda Guerra Mundial, o primeiro era um país destruído. Mas graças à formulação de políticas de Estado para áreas de C&T e a indústria, o Japão não só conseguiu recuperar sua economia como hoje é uma potência tecnológica, com várias marcas de produtos avançados no mercado. "Houve um forte investimento em C&T, reforma das instituições públicas e uma parceria com o setor empresarial", explicou. "Hoje, o país tem o terceiro PIB mundial e a segunda renda per capita."

Embora não se possa menosprezar o salto científico e tecnológico que o Japão deu depois da Segunda Guerra Mundial, Rezende lembrou que o país já tinha uma longa tradição na área de C&T. Prova disso é que já tinha Prêmio Nobel antes do grande conflito mundial. O mesmo não se pode dizer do outro país citado como exemplo pelo ex-ministro, a Coreia do Sul, que até a década de 1970 era um país inexpressivo em termos de ciência, tecnologia e inovação e hoje é uma potência nessas áreas, que fabrica desde computadores até navios e aviões. "É uma demonstração que mesmo um país sem tradição científica pode mudar seu padrão de desenvolvimento", disse.

Em relação ao Brasil, Rezende lembrou que, em 1950, o país tinha pouquíssimos cientistas e pesquisadores (apenas cerca de 100 doutores); universidades sem ambiente de pesquisa, sem tempo integral para professores e sem pós-graduação; poucos engenheiros e especialistas em setores novos da indústria; e empresas voltadas para setores básicos (alimentos, têxtil, calçados) e sem cultura de inovação. Essa situação começou a mudar em 1951, com a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que passou a conceder bolsas de estudo de apoio à pesquisa.

Embora o Brasil não tenha parado de avançar desde então nessa área, a C&T não tem sido fator decisivo no desenvolvimento do país. Rezende citou algumas razões para isso, como a existência de comunidade de C&T relativamente pequena e pouco experiente até a década de 1980. "Além disso, falta uma cultura de P&D e de inovação na indústria e uma política de Estado de C,T&I, o que gera descontinuidade de programas e irregularidade nos recursos financeiros", afirmou o ex-ministro. "Apesar disso, o país tem exemplos importantes de resultados econômicos de C&T em áreas nas quais o governo federal manteve ações consistentes. É o caso da Petrobrás, da Embraer e da Embrapa."

Rezende citou ainda outros avanços recente do Brasil em C&T, entre os quais o grande aumento nos recursos financeiros federais, possibilitando forte expansão do sistema de C&T, e a ampliação dos programas de bolsas e fomento à pesquisa com melhor distribuição geográfica. "Além disso, houve uma substancial melhoria na produção científica, medida por indicadores de quantidade e de citações", acrescentou. "Também ocorreu um notável avanço no ambiente para inovação tecnológica nas empresas, estimulado pela Lei da Inovação e pela criação de programas para apoiar P&D&I nas empresas e para a criação de novas firmas de base tecnológica."

Apesar de reconhecer os avanços, Rezende não se esqueceu de mencionar algumas das preocupações atuais da comunidade científica, como os cortes recentes dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Ele citou ainda outros problemas. "O CNPq lançou o Edital Universal 2013, mas ainda não fez desembolsos do de 2012", disse. "Além disso, não está pagando sua parte do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (PRONEX) às Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs). Também nos preocupa a nova legislação sobre a carreira de docente do ensino superior, que representa um retrocesso para as universidades."

Inflacao alta: barbeiragem do BaCen, diz Alexandre Schwartsman

Está tudo dito...o que é possível de se dizer.
O que não é possível eu digo: o BC, ou o Copom, renunciou a ter postura própria; tornou-se um serviçal do Palácio do Planalto, e acredito que vários dos membros do Copom já estão pensando em pedir demissão. Se não pedem, é porque têm mais afeição a cargos que à honestidade intelectual.
Paulo Roberto de Almeida

Inflação elevada é barbeiragem do BC, diz Schwartsman
Beatriz Olivon
Revista Exame, 14/04/2013

Segundo o economista Alexandre Schwartsman, a autoridade monetária está “com pé trocado” e usa instrumentos errados para controlar a subida de preços
Para Schwartsman, se a Selic não subir amanhã, significa que o BC adiou para maio - e se não subir em maio significa que o BC não tem autorização para subir juros
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São Paulo – Desde 2010 a inflação não encerra o ano no centro da meta (4,5%) ,  ou sequer próxima dele. Crítico do comando atual do Banco Central, o economista Alexandre Schwartsman, que já foi diretor de assuntos internacionais do BC em (2003-2006), e hoje é sócio-diretor da Schwartsman & Associados Consultoria Econômica, não vê independência nas decisões da instituição.

“O Banco Central abandonou o centro da meta de inflação há muito tempo e hoje se contenta em ter inflação abaixo de 6,5%”, disparou o economista, que vê “truques” ao invés de política monetária nas medidas adotadas recentemente pelo governo.

Confira os melhores trechos da entrevista concedida por Schwartsman à EXAME.com:

EXAME.com - O Banco Central está demorando para atuar sobre a inflação?
Alexandre Schwartsman - O Banco Central está com o pé trocado desde 2011. Não estamos com a inflação varando o teto da meta por acaso, isso foi barbeiragem de política monetária, e o BC segue na barbeiragem.

EXAME.com - O comportamento recente do BC é um indício de falta de independência?
Schwartsman - Não é indício, é documento assinado embaixo.

EXAME.com - Na semana passada, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que as medidas que forem necessárias para combater a inflação elevada seriam tomadas pelo governo, mesmo a elevação da taxa de juros quando necessário...
Schwartsman - Eu me espanto como isso passa batido, o Mantega diz que vai subir juros, mas não precisa de tiro de canhão, mas depois diz que não se manifesta sobre juros sendo que acabou de falar. Ele está se manifestando e a presidente da república a mesma coisa.  A Dilma faz uma reunião com três economistas de fora do governo, sendo que dois deles vendem serviço de consultoria, e os três abençoam alta modesta de juros. O BC é independente?

EXAME.com - Se, no final do ano, a inflação ficar acima do teto da meta, o que pode acontecer além da Carta Aberta? (quando ocorre o descumprimento da meta de inflação, o presidente do BC precisa enviar uma carta aberta para o ministro da Fazenda, com os motivos do descumprimento e as providências e prazo para o retorno)
Schwartsman - Talvez uns tapinhas nas costas. Como o governo poderia culpar o presidente do Banco Central por isso?  No máximo pode dizer que ele foi subserviente demais e que deveria ter sido mais altivo. Em outros tempos de BC o presidente do BC decidia e então havia o direito de cobrá-lo. Mas no máximo é uma cartinha.

EXAME.com - As medidas de manutenção do IPI, desoneração de cesta básica e outras do tipo, têm algum efeito sobre o crescimento?
Schwartsman - Maior crescimento não vai ter, o problema não é esse. Esse tipo de medida não é para crescer, é para impedir que a inflação ultrapasse o teto da meta. Se o corte nos preços de energia não tivesse sido feito, estaríamos contemplando a possibilidade de chegar ao teto da meta. Com o corte, ganhamos fôlego. A mesma coisa ocorre ao adiar aumento de IPI, segurar combustível, desonerar cesta básica, você consegue um fôlego extra para chegar abaixo de 6,5%. O objetivo é esse, mesmo dizendo que isso é para crescer mais e dividir renda.

EXAME.com - Há outros países que adotam esse tipo de medida para tentar diminuir a inflação?
Schwartsman  - Vemos em outros lugares (o uso desse tipo de medida para tentar diminuir a inflação) mas também é errado, se você pensar do ponto de vista do controle de inflação. Não erramos sozinhos, tem lugares que fazem coisas piores que isso, como a Argentina. Isso não quer dizer que têm sucesso em controlar a inflação. Se fosse possível controlar inflação controlando preços não haveria inflação em lugar nenhum do mundo. O que você consegue são efeitos temporários sobre o efeito de preços, mas não muda a trajetória de inflação, você só não deixa o termômetro marcar o montante preciso, se o objetivo é esse, não deixar o termômetro passar de 6,5%, você pode dizer que é um sucesso, se o objetivo é levar para a meta, foi um fracasso.

EXAME.com - Qual sua projeção para a Selic que será definida na reunião do Copom dessa semana?
Schwartsman - Todas as indicações mais recentes são de que o Comitê vai antecipar o começo do ciclo de aperto. Em algum momento parecia que ia começar em maio, agora parece mais provável que comece amanhã mesmo. O movimento agora é pequeno, de aumento de 0,25 ponto percentual (atualmente  a Selic está em 7,25% ao ano) e eu não vejo um ciclo total muito carregado, no máximo na casa de 1,50 ponto percentual, terminando o ciclo em 8,75%.

EXAME.com - Essa elevação de 0,25 ponto percentual faria efeito?
Schwartsman - Obviamente não. A questão não é subir 0,25 p.p. , o mais importante é o comportamento de taxas mais longas, que incorporam as expectativas de mercado sobre o tamanho do ciclo total. Não é o 0,25 que faz diferença se não fizer mais nada. É um ciclo, provavelmente o BC vai subir a taxa, mas não sei, a regra desapareceu, a gente não sabe exatamente o que o BC quer. As melhores estimativas hoje sugerem algo como dois trimestres ou mais para a taxa de juros afetar produto e mais um ou dois pra ela afetar a inflação, ou seja, uma defasagem de três a quatro trimestres. Mesmo que o mercado antecipe todo o (possível) aumento de juros hoje (150 pontos), se fala de perspectiva de efeitos sobre inflação provavelmente no começo de 2014 ou no segundo trimestre de 2014.

EXAME.com – Qual sua expectativa para a inflação nesse ano?
Schwartsman - Eu não espero que no final do ano a inflação esteja acima do limite da meta, espero que esteja por volta de 6,5%. Não vejo taxa de inflação convergindo em 4,5%, eu espero uma inflação inferior a 6,5% no final do ano, namorando o teto da banda em 2013 e namorando com mais compromisso em 2014.

EXAME.com – O que poderá ser feito com relação a inflação em 2014?
Schwartsman - Terão que tirar truques da cartola em 2014, inventar uma desoneração qualquer... Claro que o corte nas tarifas de energia foi decisivo para a inflação não varar 6,5% em 2013. Se o objetivo é não deixar passar de 6,5%, tira PIS/Cofins de gasolina, de alguma outra coisa, tanto faz. Isso é truque, não é politica econômica. O ponto principal é abandonar o centro da meta. O governo está lutando para não passar de 6,5% e com os instrumentos errados.

EXAME.com - E se a taxa básica de juros não subir nessa semana, o que isso indica sobre o Banco Central?
Schwartsman - Se não subir quer dizer que adiaram para maio. Se não subir em maio quer dizer que o BC não tem autorização para subir juros, porque todo seu discurso foi nesse sentido, então significaria que o BC foi desautorizado. Seria um salve-se quem puder.

A Capes faz exigencias absurdas: quer um exemplar de todos os meus livros...

A Capes, que parece que se ocupa da formação pós-graduada, pretende se converter numa filial da Biblioteca Nacional. No processo de avaliação dos cursos de pós-graduação stricto sensi mantidos por instituições universitárias brasileiras -- eu sou do programa de mestrado e doutorado em Direito do Uniceub, Centro Universitário de Brasília, aliás com conceito excelente na Capes -- ela pretende receber um exemplar de cada um dos livros publicados pelos autores-professores desses programas.
Ora, eu não tenho por que dar, ou doar, livros à Capes: por que ela não compra, já que é tão rica?
Abaixo uma relação de todos os meus livros publicados nos últimos três anos, que ela pretende que eu ofereça à instituição para ser avaliada.
Ora vá plantar batatinhas...
Paulo Roberto de Almeida

Livros e capítulos de livros de Paulo Roberto de Almeida nos últimos três anos:
2010:
1) O Moderno Príncipe (Maquiavel revisitado). Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2010, 195 p.; ISBN: 978-85-7018-343-9
2) Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil: coleções documentais sobre o Brasil nos Estados Unidos. Brasília: Funag, 2010, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-274-1; com Rubens Antônio Barbosa e Francisco Rogido Fins, orgs.).
 3) “La diplomatie de Lula (2003-2010): une analyse des résultats”, In: Denis Rolland, Antonio Carlos Lessa (coords.), Relations Internationales du Brésil: Les Chemins de La Puissance; Brazil’s International Relations: Paths to Power. Paris: L’Harmattan, 2010, 2 vols; vol. I: Représentations Globales – Global Representations, p. 249-259; ISBN: 978-2-296-13543-7 
4) “O Brasil e os Estados Unidos antes e depois de Nabuco: uma avaliação de desempenho relativo no plano do desenvolvimento social”. In: Severino J. Albuquerque (org.): Joaquim Nabuco e Wisconsin: Centenário da conferência na universidade, ensaios comemorativos. Rio de Janeiro: Editora Bem-te-vi, 2010, p. 221-251; ISBN: 978-85-88747-34-0
5) “O Bric e a substituição de hegemonias: um exercício analítico (perspectiva histórico-diplomática sobre a emergência de um novo cenário global)”, In: Renato Baumann (org.): O Brasil e os demais BRICs: Comércio e Política. Brasília: CEPAL-Escritório no Brasil/IPEA, 2010, p. 131-154; ISBN: 85-781-1046-3,

2011:
1) Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização. Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2011, xx+272 p.; ISBN: 978-85-375-0875-6
2) “As relações Brasil-Estados Unidos durante os governos FHC”, in: Sidnei J. Munhoz e Francisco Carlos Teixeira da Silva (orgs.), Relações Brasil-Estados Unidos: séculos XX e XXI. Maringá: Editora da UEM, 2011, p. 273-307; ISBN: 978-85-7628-372-0
3) “Attraction and Repulsion: Brazil and the American world”, in: Clark, Sean and Sabrina Hoque (eds.). Debating a Post-American World: What Lies Ahead?. London: Routledge, 2011, p. 135-141; ISBN: 978-0415690553

2012:
1) “A economia do Brasil nos tempos do Barão do Rio Branco”, In: GOMES PEREIRA, Manoel (Org.): Barão do Rio Branco: 100 anos de memória. Brasília: Funag, 2012, p. 523-563; ISBN: 978-85-7631-413-4
 2)  “Mercosul: a visão dos primeiros vinte anos e as perspectivas futuras”, In: Erica Simone Almeida Resende e Maria Izabel Mallman (orgs.). Mercosul: 21 anos: Maturidade ou Imaturidade? Curitiba: Editora Appris, 2012, 369 p.; p. 5-12; ISBN: 978-85-8192-111-2   
3) “Brasil”. In: Malamud, Carlos (coord.). Ruptura y Reconciliación: España y el reconocimiento de las independencias latinoamericanas. Madrid: Ed. Taurus y Fundación Mapfre, 2012, 402 p.; Serie Recorridos n. 1; América Latina en la Historia Contemporánea; p. 199-212; ISBN: 978-84-306-0940-6 (Taurus); 978-84-9844-392-9 (Mapfre);
4) “Prefácio: Economia e Ideologia”, Apresentação ao livro de André Nunes: Economia e Ideologia: Notas de aula de um curso de introdução à Economia Política. Curitiba: Editora CRV, 2012; p. 11-18; ISBN: 978-85-8042-455-3
5) Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (Rio de Janeiro: LTC, 2012, 330 p.; ISBN 978-85-216-2001-3

Antecipando visitas: NY - The China Institute - Dunhuang cave paintings


Algumas dessas cavernas já visitamos pessoalmente em Dunhuang, pois Carmen Lícia é uma excelente guia turístico-histórica-intelectual...
  
Dunhuang:
Buddhist Art at the Gateway of the Silk Road

April 19 – July 21, 2013
Dunhuang, the western gateway to China, is one of the world’s most esteemed art shrines and cultural heritage sites. Dunhuang: Buddhist Art at the Gateway of the Silk Road will address art and ritual practices of the Northern dynasties (420-589) and the Tang dynasty (618-907). The exhibition will feature excavated art works, high relief clay figures, wooden sculptures, silk banners, and molded bricks. A group of treasured Buddhist sutras from the famous Cangjingdong (The Library Cave) will illustrate the story behind Dunhuang’s historic discovery. A magnificent replica of the 8th century cave that houses the beautiful Bodhisattva of the Mogao Grottoes and an illustrious central pillar from the 6th century will also be prominently displayed to recall the actual cave setting.
This exhibition is organized by China Institute Gallery and Dunhuang Academy under the direction of Willow Weilan Hai Chang and is curated by Fan Jinshi, Director of Dunhuang Academy.

This exhibition is made possible, in part, by public funds from the New York City Department of Cultural Affairs in partnership with the City Council and by the generous support of Blakemore Foundation, the E. Rhodes & Leona B. Carpenter Foundation, the Henry Luce Foundation and China Institute Friends of the Gallery.
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Detail: Celestial Music, mural from Mogao Cave 288
Western Wei dynasty (535-557), 52 x 522 cm
Image courtesy of Dunhuang Academy
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125 East 65th Street, New York, NY 10065 212.744.8181

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...