domingo, 8 de setembro de 2013

Um supremo (!) tribunal a servico de quadrilheiros? Talvez... - MervalPereira

A hora da verdade
Merval Pereia
O Globo, 8/09/2013
Embora a parte de embargos de declaração do processo do mensalão tenha se encerrado sem alterações substanciais nas decisões tomadas durante o julgamento, as duas últimas sessões do Supremo Tribunal Federal deixaram no ar uma possibilidade de que os votos minoritários e até mesmo os dos ministros que não participaram da dosimetria viessem a definir as penas dos condenados, numa distorção do resultado do julgamento realmente absurda, como chamou a atenção o Ministro Luiz Fux.
Se prevalecesse a posição do Ministro Teori Zavascki, estaria aberta a porteira para a revisão de todas as demais penas pelo princípio da isonomia que certamente seria reivindicado pelos advogados de defesa dos condenados.
Mais ainda, se os embargos infringentes vierem a ser aceitos como recursos válidos num processo de ação originária do Supremo Tribunal Federal, já temos mais um tema para o debate do novo corpo de juízes: a redução das penas de todos os condenados por formação de quadrilha, proposta na sessão de quinta-feira pelo Ministro Teori Zavascki e apoiada pelos de sempre Ricardo Lewandowski e Dias Toffolli e pelo impenetrável Ministro Marco Aurélio Mello, que se orgulha de votos contra majoritários.
Como foram quatro os votos, mesmo derrotados, eles poderão trazer o assunto novamente à baila nos embargos infringentes. E assim o julgamento não terá mais fim, com embargos dos embargos seguidos de novos recursos. O Ministro Teori Zavascki teve uma atitude inusitada na quarta-feira, pois saiu de uma posição rígida de não admitir mudanças nessa fase de embargos de declaração para passar a aceitá-las indiscriminadamente, a fim de reparar o que considerava injustiças do processo.
Os embargos de declaração não se prestam à avaliação da justiça da decisão, e sim a sanar eventuais ambiguidades, contradições, omissões ou obscuridade. Na prática, Zavascki quis transformar esse recurso num arremedo de ação de revisão (artigo 621 do Código de Processo Penal), que ele mesmo apontara como a única maneira de rever os votos já dados.
A redução das penas de quadrilha na verdade livra os condenados dessa imputação, pois, como o STF recebeu a denúncia em 6 de dezembro de 2006, o crime será considerado prescrito com penas menores de dois anos. Se não havia perigo de prescrição, pois, de acordo com o Artigo 109 do Código Penal, a prescrição da pena, se superior a quatro anos e não excedente a oito anos, acontece em 12 anos, hoje esse perigo é real com a possibilidade de redução da pena.
Mas talvez nem mesmo seja preciso chegar- se a esse requinte, pois se o crime de formação de quadrilha for rejulgado, aparentemente já existe uma nova maioria, formada pelos ministros Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, que têm uma visão bastante restrita para essa acusação.
Não aceitaram a acusação de formação de quadrilha no julgamento do senador Ivo Cassol e podem perfeitamente seguir os outros juízes que também não viram no mensalão esse crime.
O temor derivado dessa possibilidade é que os condenados se aproveitem de uma decisão de que não houve formação de quadrilha para alegar que o julgamento todo tem que ser revisto, pois a base da denúncia da Procuradoria Geral foi que José Dirceu chefiou uma quadrilha de dentro do Palácio do Planalto.
Mesmo que corrupção ativa e formação de quadrilha sejam crimes autônomos, o nexo da acusação pode vir a ser contestado, no mínimo para ganhar tempo com novos recursos.
Haveria condições legais e políticas para uma reviravolta completa no julgamento do mensalão depois de quase seis meses de sessões nas duas fases já cumpridas? A opinião pública terá confirmada a suspeita de que a Justiça brasileira não funciona para aqueles criminosos do colarinho branco que têm bons advogados e conexões políticas? Essas são as questões que terão que ser respondidas pelo novo plenário do Supremo, a partir de quarta-feira.

Ambientalistas e economistas: um debate ainda em aberto - Paul Sabin(NYT)

Betting on the Apocalypse

Paul Sabin
Opinion - The New York Times, 8/09/2013

ONE day in October 1990, the iconoclastic economist Julian L. Simon walked out to get the mail at his house in the Washington suburb of Chevy Chase, Md. In a small envelope sent from Palo Alto, Calif., he found a sheet of metal prices, along with a check for $576.07 from the biologist Paul R. Ehrlich. There was no note.
Ten years earlier, Mr. Simon and Mr. Ehrlich, joined by two scientific colleagues, had made a wager on the future prices of five metals: chromium, copper, nickel, tin and tungsten. The bet — in which the loser would pay the change in price of a $1,000 bundle of the five metals — was a test of their competing theories of coming prosperity or doom.
For years Mr. Ehrlich, the author of the landmark 1968 book “The Population Bomb,” had warned that rising populations would cause resource scarcity, even famine, with apocalyptic consequences for humanity. Mr. Simon, who died in 1998, optimistically countered that human welfare would flourish thanks to flexible markets and our collective ingenuity.
Mr. Ehrlich believed the metal prices would rise over the decade; Mr. Simon thought the prices would stay stable or even drop. Mr. Simon won: the prices of the five metals in 1990 hovered at around 50 percent of their 1980 levels, even as the world population grew by 800 million.
Conservatives have celebrated Mr. Simon’s victory ever since, using it to denounce environmentalists for alarmism and to criticize environmental regulation. The columnist George Will recently used Mr. Simon’s triumph to illustrate how “ingenuity thwarts doomsday.” In a sign of the bet’s symbolic value, the Competitive Enterprise Institute created the Julian L. Simon Memorial Award in 2001 to celebrate his “vision of Man as the Ultimate Resource.” The award trophy: a statue of a leaf with its veins made from the five metals featured in the bet.
Environmentalists, in contrast, have tended to deny the significance of the Ehrlich-Simon bet, arguing that commodity prices illustrate little about real environmental threats. Also, they say, Mr. Simon just got lucky: indeed, when economists later ran simulations for every 10-year period between 1900 and 2008, they found that Mr. Ehrlich would have won the bet 63 percent of the time. These sweeping declarations of triumph and insignificance miss the point — and the true lessons of the bet for each side.
Environmentalists need to better understand the ways in which markets for natural resources function. There is rarely a simple linear path from abundance to scarcity.
Mr. Ehrlich’s view of looming scarcity was hardly radical in the years after the 1970s oil shocks. Many investors in the late 1970s shared his faith that rising metal prices reflected finite supply and impending shortages. The Hunt brothers, for example, famously gambled billions of their oil fortune on the rising price of silver, and then lost their shirts in 1980 when prices faltered and they failed to corner the market.
During the 1980s, macroeconomic factors, including falling oil prices and economic slowdowns, far outweighed new pressures from population growth and drove down the prices of many metals. Everyday market forces — technological change, price-driven competition and new sources of supply — also helped reduce prices. The international tin cartel collapsed under pressure from new Brazilian mines. Aluminum, plastic, fiber-optic cables and satellites began to replace copper, even as copper production soared in response to 1970s highs; by 1985, the copper industry struggled to create demand.
This dynamic relationship between scarcity and abundance matters for public policy. Exaggerated fears of resource scarcity can lead to stifling price controls, panicked efforts to limit production or consumption, and public investment strategies predicated on high prices that turn out to be ephemeral.
The same thing is true in business. Solyndra, the now-bankrupt solar-panel company, failed in part because its model depended on the price of polysilicon, used by its competitors, remaining high. When prices instead collapsed, so did its competitive strategy and the company.
YET if environmentalists need to better account for human creativity and adaptability, conservatives, in turn, should better understand the limited nature of Mr. Simon’s victory.
Setting aside the vagaries of market forces, can we continue to increase resource production and adapt to unprecedented environmental changes like global warming? Our past experience should give us some hope, but that hope should be greatly tempered by the realization that climate change is an unprecedented threat, and we really might not keep pace.
Mr. Simon liked to argue that new problems prompt solutions that ultimately leave people better off than before. But we cannot surmount our challenges if we simply deny that they exist.
Instead of using science as a resource for human betterment, conservatives who reject the evidence of human-caused global warming prevent the very creative problem-solving that Mr. Simon advocated. And if environmentalists like Mr. Ehrlich hadn’t urged action back in the 1970s, would all that creativity have been channeled into the cleaner air and water that we enjoy today?
We face choices about our future direction. As Mr. Ehrlich and many other environmental scientists have documented, by pouring carbon dioxide into the atmosphere, we put things we value and love in danger, from the coral reefs to the Jersey Shore, from homes threatened by wildfire to farms endangered by drought.
And even if Mr. Simon is right that humans can adapt and prosper on this rapidly changing planet, we have to ask ourselves whether the risks and inequalities of this change are desirable.
Ultimately, humanity’s course will be determined less by iron laws of nature or by unbounded market powers, Mr. Ehrlich and Mr. Simon’s dueling lodestars, and more by the social and political choices that we make. Neither biology nor economics can substitute for the deeper ethical question: what kind of world do we want to live in?

Paul Sabin is an associate professor of American history at Yale and the author of “The Bet: Paul Ehrlich, Julian Simon, and Our Gamble Over Earth’s Future.”

Brasil-Bolivia: relacoes estao otimas - Rodrigo Constantino




Ainda a perda de competitividade - Rodrigo Constantino

O mais incrível é que com toda essa incompetência, cabalmente demonstrada por todos esses indicadores em queda livre, a sociedade ainda não se deu conta de que está apoiando políticas equivocadas, governos incompetentes, políticos corruptos...
Paulo Roberto de Almeida

O Brasil do PT: país perde oito posições no ranking de competitividadeRodrigo Constantino, 03/09/2013

O Brasil perdeu oito posições no ranking de competitividade, segundo o Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial. Ele saiu da já vergonhosa 48ª posição, e passou para a 56ª posição, entre 148 nações. Até a África do Sul e Portugal nos passaram na lista:
De acordo com o documento, o Brasil precisa melhorar a qualidade das instituições, quesito em que está em 80º lugar, uma posição atrás do resultado do ano passado. Entre os principais desafios do Brasil nessa área, o relatório cita a queda na eficiência do governo, cujo indicador caiu da 111ª para a 124ª posição, o combate à corrupção (114ª posição) e a baixa confiança nos políticos, que passou do 121º para o 136º lugar de um ano para outro.
Além do ambiente institucional, o Brasil precisa avançar nos principais gargalos econômicos. O documento cita a baixa qualidade da infraestrutura, em cujo ranking o país caiu da 107ª para a 114ª posição, e da educação, que passou do 116º para o 121º lugar. O relatório também considera o país fechado à competição estrangeira, atribuindo a 144ª posição na abertura de mercado ao exterior.
Em relação ao ambiente macroeconômico, o Brasil caiu da 62ª para a 75ª posição. Entre os fatores que puxaram o indicador para baixo, o relatório cita o aumento do déficit nominal de 2,6% para 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB), o que fez o país descer do 64º para o 72º lugar nesse quesito. O déficit nominal representa o rombo nas contas do governo após o pagamento dos juros da dívida pública e aumentou, de um ano para outro, porque o Executivo reduziu o superávit primário.
O estudo também menciona a queda na taxa nacional de poupança, de 18,4% para 15,4% do PIB. Nesse item, o país caiu da 78ª para a 93ª posição. Apesar de a inflação oficial ter caído de 6,5% em 2011 para 5,4% em 2012, o país caiu uma posição nesse quesito, de 97º para 98º lugar.
Na América Latina, os resultados mostram uma estagnação geral no desempenho da competitividade. O Chile (34ª) continua na liderança do ranking regional à frente do Panamá (40ª), Costa Rica (54ª) e México (55ª) – esses países permaneceram relativamente estáveis em relação à edição de 2012. A Argentina foi o país do hemisfério sul que teve a maior queda, 10 posições, ocupando a 104ª colocação; a Venezuela caiu para a posição 134.
Esse é o resultado concreto de anos de incompetência do governo, que vem insistindo em um modelo equivocado. Seguimos com péssima infraestrutura e o governo foi incapaz de realizar leilões de concessão para atrair o capital privado ao setor.
A fotografia macroeconômica mudou completamente, e hoje temos um quadro preocupante, com a queda do superávit fiscal primário, a elevada inflação e os “malabarismos contábeis” tentando esconder a realidade. Nenhuma reforma estrutural foi feita pelo governo! Não tivemos, como resultado, ganho algum de eficiência na economia. Ao contrário: como podemos ver, tivemos decréscimo em nossa competitividade vis-à-vis os pares internacionais.
Se o Brasil insistir nessa toada, o destino da Argentina será também o nosso. Ou mudamos o rumo da economia e da política, ou veremos o país perder cada vez mais espaço no mundo globalizado e competitivo. O PT e sua péssima gestão econômica têm custado muito caro ao país. Eis o resultado concreto do acúmulo de erros. Até quando seremos apenas o “país do futuro”?

Brasil companheiro despenca no ranking de competitividade

Infraestrutura

Em um ano, Brasil cai de 48º para 56º lugar em ranking de competitividade

Veja.com, 06/09/2013

A queda brusca é justificada pela falta de infraestrutura básica, o pessimismo do empresariado e a deterioração macroeconômica

A presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de posse do Ministro de Estado das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado
Cenário ruim: infraestrutura não melhora e aumenta o pessimismo do empresariado (Ueslei Marcelino/Reuters)
País apresentou resultados decepcionantes em 11 dos 12 pilares avaliados
A falta de infraestrutura básica, o pessimismo do empresariado e a deterioração macroeconômica estão entre os fatores que levaram o Brasil a cair, de 2012 para 2013, da 48ª para a 56ª posição entre os 148 países analisados no Relatório Global de Competitividade, editado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF). O documento, feito em parceria no Brasil com a Fundação Dom Cabral (FDC) e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), foi divulgado nesta terça-feira e, com o resultado, o Brasil volta à posição de 2009.
O coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral e responsável pela análise dos dados brasileiros do ranking, Carlos Arruda, destaca dois pontos para a queda do Brasil na lista. "O primeiro é absoluto, como o pessimismo demonstrado pelos empresários. O segundo é relativo, como a melhora no quadro inflacionário entre 2012 e 2013, mas que foi menor que a de outros países", disse. "Ou seja, mesmo onde avançou marginalmente, o Brasil perdeu porque outros melhoraram", completou Arruda.
Criado na década de 1980, o relatório combina dados estatísticos nacionais e internacionais com os resultados de uma pesquisa de opinião com executivos. No Brasil, foram 2 mil entrevistados. O estudo avalia as condições oferecidas por um país para que as empresas nele operantes tenham sucesso no contexto nacional e internacional, promovam o crescimento sustentável e a melhoria nas condições de vida de sua população.
É o segundo resultado negativo em rankings de competitividade para o Brasil neste ano. Em outro levantamento, divulgado em maio pelo International Institute for Management Development (IMD), também em parceria com a Fundação Dom Cabral, o país ficou em 51º lugar entre 60 países avaliados.
A Suíça liderou a lista das economias mais competitivas pelo quinto ano seguido e, em 2013, foi seguida por Cingapura e Finlândia, assim como no levantamento anterior. Alemanha e Estados Unidos completam os cinco primeiros postos. Dos cinco países dos Brics, a China (29ª) está na frente, seguida pela África do Sul (53ª), Brasil (56ª), Índia (60ª) e Rússia (64ª). No grupo, somente a Rússia melhorou a posição no ranking, subindo três colocações. O Brasil teve a queda mais brusca, África do Sul e Índia caíram uma posição e a China manteve a colocação de 2012.
Na América Latina, o Brasil ficou atrás, do Chile - que, na 34ª posição, lidera o ranking regional -, do Panamá (40ª), da Costa Rica (54ª) e do México (55ª). A Argentina foi o país do hemisfério Sul que teve a maior queda, de dez posições, para 104ª. A Venezuela caiu para a posição 134º. Segundo o relatório, os dois países apresentam um quadro crítico em seus fatores institucionais e macroeconômicos.
Setorialmente, o Brasil apresentou resultados decepcionantes em onze dos doze pilares para o desenvolvimento avaliados, principalmente no item "Eficiência do Mercado de Bens", onde recuou dezenove posições, para a 123ª. Esse item avalia, por exemplo, questões regulatórias, como o impacto alfandegário na exportação de bens e tarifas no comércio internacional. "Nas questões regulatórias, que é a avaliação dos empresários, o Brasil ficou em 139º lugar em 148 países; nas tarifas internacionais, um dado estatístico, está em 126º lugar", explicou Arruda.
O melhor desempenho do Brasil nos itens avaliados e o único onde o país não perdeu posições é o "Tamanho do Mercado", ficando em nono lugar. No entanto, segundo Arruda, o dado positivo é ofuscado pelos outros indicadores. "Em todos os dados de infraestrutura básica, como estradas e portos, o Brasil está entre os piores do mundo".
(com Estadão Conteúdo)

David Landes, historiador econômico (1924-2013)

David S. Landes, Historian and Author, Is Dead at 89
The New York Times, 8/09/2013

David S. Landes, a distinguished Harvard scholar of economic history, saw tidal movements in the rise of seemingly small things. He suggested that the development of eyeglasses made precision tools possible. Maybe, he said, using chopsticks helped Asian workers gain the manual dexterity needed to make microprocessors.

David S. Landes in 2002.
In his 482-page “Revolution in Time: Clocks and the Making of the Modern World” (1983), Professor Landes, who died last month at 89, examined the growth of the industrial age through the history of timepieces, tracing their origin to medieval European monasteries; monks, he wrote, needed something to tell them when to gather for a regular round of group prayer.
To Professor Landes, the development of timepieces — more than steamships — drove the industrial age by molding the very culture of capitalism. Factory owners, for example, awarded watches to punctual workers, while workers bought watches to make sure they were not being misused by the factory clock.
Professor Landes was preoccupied by the importance of culture in shaping economic and social progress or stagnation. His most influential work, “The Wealth and Poverty of Nations: Why Some Are So Rich and Some So Poor” (1998), answered the question posed in its title (a play on that of Adam Smith’s classic work) by pointing to the importance of the Protestant work ethic and European attitudes toward science and technology.
Mitt Romney, the Republican presidential nominee in 2012, acknowledged Professor Landes as an influence. “There are superior cultures and ours is one of them,” Mr. Romney wrote in his 2010 book, “No Apology: The Case for American Greatness.” “As David Landes observed, ‘Culture makes all the difference.’ ”
Professor Landes’s views lay behind a controversial remark Mr. Romney made in July 2012 at a campaign fund-raiser in Jerusalem. In a speech in which he mentioned “The Wealth and Poverty of Nations,” Mr. Romney suggested that a superior culture explains why Israelis are more economically successful than Palestinians. Palestinians called the remark racist and criticized Mr. Romney for not acknowledging the trade restrictions that Israel has imposed on them.
But in a joint statement issued to The Boston Globe, Professor Landes and his son, Richard, a historian at Boston University, expressed support for Mr. Romney and approved of his remarks about Israeli culture.
The statement also sought to pay Palestinians a compliment by lauding their culture and praising their economic success in comparison with that of other Arab peoples. “Much of that comes from their close association with the Zionists,” the statement said of Palestinians.
Professor Landes was often lumped with the branch of academia and politics known as neoconservativism, partly for his praise of the European model of development over those of other cultures. But his positions were not always predictable.
He split from conservative economists by questioning their view that free trade is always good for development. And even though he thought colonialism was not to blame for the stagnation of former colonies in Africa, Latin America and elsewhere, he compared Columbus’s atrocities against indigenous people in the New World to Hitler’s Holocaust.
Richard Landes said that his father died on Aug. 17 in Haverford, Pa., where he lived, and that his health had failed since his wife, the former Sonia Tarnopol, died in April. Besides his son, survivors include two daughters, Jane Foster and Alison Fiekowsky; eight grandchildren; and nine great-grandchildren.
David Saul Landes was born on April 29, 1924, on the kitchen table of his parents’ home in the Seagate neighborhood of Coney Island in Brooklyn. His father, Harry, was a real estate investor.
As a youth, David built an immense vocabulary by religiously reading the dictionary. He skipped four grades on his way to the City College of New York, from which he graduated in 1942. The next year he earned a master’s degree in history from Harvard and was drafted into the Army.
As it happened, he had been taking mail-order courses in cryptanalysis, and so he was assigned to the Signal Corps. He worked on deciphering Japanese messages about the atomic bombs dropped on Japan. He later worked on a history of German preparations for the invasion of Normandy.
After being honorably discharged, he returned to Harvard to work on his doctorate. His dissertation became his first book, “Bankers and Pashas: International Finance and Economic Imperialism in Egypt.” He received his Ph.D. in history from Harvard in 1953.
He also pursued his studies at Columbia University and taught there from 1952 to 1958. While there, he was a member of the Society of Fellows, which supported interdisciplinary studies, and in 1957-58 he was a fellow at the Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences at Stanford University. He then joined the faculty at the University of California, Berkeley, where he was a professor of history and economics until 1964.
That year he wrote a letter to The New York Times criticizing the protests known as the free speech movement, which he called “the most serious assault on academic freedom in America since the McCarthy era.”
He joined Harvard in 1964 as a professor of history and went on to hold appointments in political science and economics as well. Since 1987 he had been a senior fellow of Harvard’s Society of Fellows, which was created as an alternative to the Ph.D. degree for exceptionally qualified candidates. At his retirement, in 1996, he was Coolidge Professor of History and an emeritus professor of economics.
In more than a half-dozen books and scores of articles, Professor Landes’s writing was often as light as his subjects were heavy. Reviewing his 2006 book, “Dynasties: Fortunes and Misfortunes of the World’s Great Family Businesses,” for The Times of London, Christopher Silvester described the writing as pithy, thoughtful and sprightly. The book offers 13 sketches of tycoons, including Henry Ford, John D. Rockefeller and Armand Peugeot.
In one scene Nathan Rothschild, of the legendary financial family, is hard at work at his desk in London. A peer of the realm is brought in. Rothschild, intent on his ledgers, invites him to take a seat. Offended, the visitor blusters about his high standing. “Take two seats,” Rothschild says.

sábado, 7 de setembro de 2013

Reflexoes ao leu: sobre a dia da Independencia - Paulo Roberto de Almeida

Reflexões ao léu: sobre a dia da Independência

Paulo Roberto de Almeida

Não consigo me lembrar de um dia da Independência no qual o Brasil tenha amanhecido tão dividido e tão temeroso. O medo se espalhou em todas as partes, indistintamente: os poderosos de plantão manifestam temor em relação a possíveis manifestações da massa contra eles, nos desfiles e discursos patrióticos (tanto que os dois chefes do poder legislativo, minúsculas, sequer compareceram ao ato oficial presidido pela chefe de Estado); temor também da população em geral, de que vândalos e outros arruaceiros promovessem violência nessa ocasião, colocando em risco a vida ou a integridade física de inocentes, sobretudo mulheres e crianças; temor, talvez, dos oportunistas de sempre, dos aproveitadores e mentirosos contumazes, de que o castelo de cartas fantasioso que vêm construindo na última década possa ser derrocado a partir de manifestações especificamente dirigidas contra eles, responsáveis que são pelo descalabro registrado no país nos dias que correm; enfim, temor em todas as partes, menos, provavelmente, da parte dos vândalos e arruaceiros, talvez os anarquistas idiotas e niilistas inconscientes, que se aproveitam desse clima para tirar algum proveito material, ou simplesmente pelo prazer de destruir as instituições burguesas e o sistema capitalista. Temores cruzados, múltiplos, autoalimentados e retroalimentados.
De fato, não consigo me lembrar de um Sete de Setembro como este; talvez durante as ditaduras que vivemos, na era Vargas e durante o regime militar, esse clima de temor e de divisão do país, mesmo contrabalançado por fortes doses de publicidade governamental, algo do ambiente atual pairasse sobre os encontros e manifestações oficiais em torno da data da independência do país. Eu que não sou nada patriota – e teria palavras fortes contra o patriotismo rastaquera exibido por muitos – e menos ainda ufanista das nossas coisas, por considerar-me um simples indivíduo, se possível universal, não vejo precedentes para o clima atual de divisão e de perplexidade no país. Gostaria de ter um simples fator explicativo para esse ambiente de temores recíprocos, mas não acho apenas um, mas vários, múltiplos, talvez dificilmente identificáveis e menos ainda obstáveis com base em alguma ação cirúrgica numa direção determinada. Não existe, e não creio que consigamos identificar todas as causas do malaise atual e encontrar respostas adequadas para vencer esse estado no futuro previsível. Sinto muito: gostaria de ser mais otimista, neste texto reflexivo, mas simplesmente não consigo.
O que é a independência de um país? No sentido estrito, liberar-se de mestres estrangeiros e estabelecer o seu próprio sistema de governo, se possível democrático, aberto a todos os cidadãos – alguns continuam súditos daquilo que um historiador, aliás marxista, chamou de “ideologia do colonialismo” – e propenso a facilitar a todos eles as condições pelas quais cada um sai em busca de sua felicidade pessoal, exercendo seus talentos, mobilizando seu gênio criativo, empregando seu tempo em criar prosperidade individual, ou simplesmente se colocando ao serviço de alguma outra causa – ou emprego – que lhe dispense faculdades de empreendedorismo, mas que lhe garanta, da mesma forma, um meio de vida adequado e satisfatório.
Toda independência se concentra, numa primeira etapa, na criação de um Estado, geralmente nacional – em alguns casos multinacional, ou compósito – que passa então a representar os cidadãos em face dos outros Estados da comunidade internacional e assume os encargos da defesa externa, da segurança doméstica, das grandes obras coletivas – infraestrutura de grande porte, por exemplo – e também se desempenha na criação de um ambiente aberto ao exercício dos talentos individuais, que passarão, por sua vez, a cuidar da produção, do abastecimento, da oferta de bens e serviços (inclusive coletivos) dos mais variados tipos, segundo regras de transparência e de abertura total ¡a competição de todos aqueles que pretendem se lançar em atividades econômicas privadas. Estes são os deveres primários de todo e qualquer Estado, aos quais talvez se pudesse acrescentar tarefas de “equalização de oportunidades sociais”, consistindo em geral no provimento da educação fundamental em bases universais – obrigatórias, pelo menos nos ciclos elementares – e de condições sanitárias mínimas, para que todos possam ser resguardados das epidemias e das endemias mais comuns que atingem a raça humana. Creio que este é, sumariamente, o sentido da independência de um povo.
O Estado brasileiro no plural, o que emergiu da independência, os que se lhe seguiram nas várias mudanças de sistemas e de regimes políticos que tivemos ao longo dos quase dois séculos que nos separam da separação da metrópole, e o Estado atual, que convive com uma democracia de fachada e de baixa qualidade – dificilmente cumpriu as tarefas acima, e talvez venha até sendo o responsável pela erosão atual de algumas instituições já criadas e cuja eficácia e proficiência estão sendo nitidamente diminuídas na sua forma e na sua substância. Não é difícil reconhecer isso na situação de insegurança que atinge todos os cidadãos honestos, nas péssimas condições da infraestrutura – sobretudo comunicações e energia – e nos serviços coletivos que supostamente estariam a cargo do Estado, notadamente saúde e educação.
Mesmo aquela larga fração da população que se beneficiou, nas últimas décadas, com generosas políticas distributivas, se ressente da má qualidade dos serviços coletivos e da insegurança geral que atinge a todos, especialmente os mais humildes. Pode-se até argumentar que, no contexto mais amplo da América Latina, ou em confronto com outros continentes – como a África, por exemplo – ainda mais atingidos pela erosão de ineficiência estatal que atinge quase todos os Estados contemporâneos, o Brasil não é dos piores exemplos de deterioração de qualidade de sua governança, anda que isto não sirva de consolo, pois existem alguns outros exemplos que demonstram que é possível, sim, atingir patamares mais elevados de prosperidade de bem estar.
O Estado brasileiro falhou, portanto, embora essa conversa de Estado seja muito enganosa. O Estado é uma entidade impessoal, quase abstrata em suas manifestações concretas, a não ser quando encarnado por governos reais, liderados por determinados homens, como indivíduos ou grupos (partidos e suas coalizões), que dão um sentido específico à ação do Estado. Os responsáveis pela má situação de um país, de uma nação devem, assim, ser apontados, devidamente: são as lideranças que falham, são as elites incompetentes, algumas até criminosas, que não cumprem o mandato em prol da prosperidade e da felicidade individual que todo povo imagina estar elaborando no momento de sua independência.
Como as comunidades humanas são sempre complexas e diversificadas, o mandato é primeiramente negociados através de um contrato coletivo – a Constituição – que deveria resumir os grandes objetivos nacionais e definir, de maneira ampla, os meios e mecanismos para que eles possam ser atingidos. Um povo, como o nosso, que já teve sete constituições, e oito moedas, não pode considerar especialmente bem dotado de qualidades “constitucionais”, ou de simples educação política (na verdade de educação, tout court). Examinando a nossa Constituição – que foi objeto de uma análise sistemática de minha parte recentemente: “A Constituição brasileira contra o Brasil”, em fase de publicação – pode-se constatar como ela é totalmente inadequada para cumprir o mandato que esbocei anteriormente. Ela pretende atribuir ao Estado uma série inacreditável de tarefas que este simplesmente não consegue cumprir, nos limites (parcos) de nossa riqueza nacional: pretenderam criar um oásis de felicidade nacional antes de dispormos de recursos suficientes.
Por outro lado, os governantes de plantão, vários, mas especialmente os atuais, são singularmente incompetentes para mudar esse estado de coisas: eles estão apenas interessados em se perpetuar no poder, e vão utilizar-se de todos os meios para tentar conseguir esse objetivo monopólico (o que aliás combina bem com o espírito autoritário, quando não totalitário, de vários dos integrantes do partido no poder). Não creio que a situação mude de maneira significativa no futuro imediato. Minhas previsões, já externadas em diversos trabalhos publicados, é a de que o Brasil foi conduzido a um impasse de baixo crescimento, e de malversação do Estado, o que torna difícil lograr grandes progressos sociais e políticos no curto e médio prazo. Outros povos enfrentaram decadências semelhantes ou similares: não estamos fazendo nada de extraordinário, ao recuarmos um pouco, ou talvez muito, bem mais no plano mental, na verdade, do que no plano propriamente material.
Desculpo-me por ser pessimista no dia da Independência, mas estou tentando ser apenas realista. Repito: nunca encontrei o país tão temeroso, e tão dividido num dia da Pátria. Pode ser temporário, ou passageiro, mas a sensação que tenho é a de certo desalento na população, ao ver que a situação não caminha para o melhor, sobretudo no âmbito estatal, justamente. Quando vemos quadrilheiros sendo saudados como salvadores do povo e heróis da pátria, é porque perdemos o sentido da realidade; quando vemos mentirosos declarados se perpetuando é porque perdemos nossa capacidade de indignação, e de reação. Quando vemos tantos medíocres encarregados do Estado, é porque os homens de valor se desinteressaram da coisa pública.
A responsabilidade maior está com a elite, não todas as elites – porque existem elites de diversos tipos, algumas até mafiosas – mas com as elites vinculadas ao mundo produtivo, os criadores de riqueza e supostamente os financiadores de alguns bandidos que os representam no poder. São estes que deveriam empreender as tarefas de regeneração do país, mas que no momento estão muito ocupados tentando extrair mais algumas vantagens do Estado (que recursos que lhes foram previamente extorquidos, por sinal). Se eles não assumem sua responsabilidade, não teremos condições de superar o estado atual (que não é apenas de letargia, mas de recuo visível em várias areas). Por isso venho defendendo a ideia de uma fronda empresarial, uma conquista do Estado pelos empreendedores, os únicos interessados (ao que parece) na prosperidade geral do país num sentido economicamente racional, previsível, aberto e competitivo.
Acontecerá isto? Não tenho certeza, mas gostaria de acreditar...
Bom dia da independência a todos...


Paulo Roberto de Almeida

Hartford, 2511: 7 de Setembro de 2013, 4 p.

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