quarta-feira, 4 de maio de 2022

Brasil: é possível suportar o aumento contínuo dos gastos públicos? - OESP

 E agora, as desonerações federais que impactam as receitas dos estados, criando uma situação que inviabilizar o equilíbrio fiscal nos estados. Estamos a caminho de uma herança maldita verdadeiramente maldita.

Desonerações tiram R$ 57,4 bi de Estados

 

Estadão, 04/05/22

 

Medidas tomadas pelo governo Bolsonaro de desoneração tributária, em pleno ano eleitoral, têm potencial de retirar R$ 57,4 bilhões do caixa de Estados e municípios entre 2022 e 2023, segundo cálculos do Estadão/Broadcast a partir de dados obtidos com exclusividade com o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz).

 

As medidas frustrariam a continuidade da capacidade de governadores e prefeitos de financiar investimentos públicos. Para os governadores, o problema seria maior porque o ano é eleitoral, e muitos tentam a reeleição ou a vitória dos seus aliados. Um dos problemas é que o governo tem cortado tributos que têm arrecadação compartilhada com os Estados e os municípios. Uma “reforma tributária” particular, segundo os críticos, aproveitando a arrecadação recorde que, segundo o presidente Jair Bolsonaro, ficará R$ 300 bilhões acima do previsto.

 

Somente com a redução do imposto estadual sobre gasolina, diesel, álcool e gás, haverá uma frustração de receita dos Estados de R$ 30,9 bilhões caso a medida seja mantida pelos governadores até o fim de 2022. Essa medida, aprovada pelo Congresso, teve como “padrinho” o governo Bolsonaro para reduzir o impacto da alta de preços do petróleo na bomba.

 

A área técnica do Comsefaz estima que o impacto pode ser maior, já que ainda não calculou, por exemplo, eventuais impactos do congelamento do ICMS sobre os combustíveis em 2023.

 

Em relação à redução da alíquota do IPI, novos cálculos indicam um impacto de R$ 15,5 bilhões em 2023 referente aos efeitos das perdas dos fundos de participação dos entes com os fundos constitucionais. A transferência para os fundos é vinculada a uma parcela do IPI. O corte da alíquota do IPI em 35% até dezembro vai gerar uma perda de R$ 11 bilhões.

 

IMPOSTO DE RENDA

 

Além das medidas, ainda há a pressão no Congresso para a correção da tabela do Imposto de Renda e da tabela do Simples, o que poderia frustrar ainda mais as receitas dos entes subnacionais. São tributos também com arrecadação compartilhada.

 

Na avaliação do diretor institucional do Comsefaz, André Horta, a situação das finanças públicas dos governos regionais seria cada vez mais crítica, e vai ser agravada pelas medidas de governo federal. “Ou os entes vão colapsar, ou vão precisar abrir mão de serviços essenciais à população por falta de receita”, disse o diretor. O governo federal, por outro lado, argumenta que o caixa dos governadores está cheio com os repasses a mais feitos durante a pandemia da covid-19.

 

A perda estimada fará o órgão redigir, no segundo semestre, uma nota na intenção de alertar os próximos governadores sobre perdas no primeiro ano de mandato. O alerta também pretende apontar possíveis medidas fiscais a serem tomadas para retomar a solidez ou mitigar os impactos nas contas públicas.

 

Horta afirma que a situação fiscal de Estados e municípios vinha melhorando até o fim de 2021 com a abertura do comércio e com a retomada econômica, após a queda sofrida com a pandemia do coronavírus. A receita ganhava fôlego também, principalmente, por causa da alta da inflação e o seu impacto no ICMS.

 

DESEQUILÍBRIO

 

Os críticos dessa política federal afirmam que o governo faz essa desoneração sem levar em consideração os Estados e OS municípios. Na avaliação do economista Leonardo Ribeiro, o impacto demonstra ser necessário resgatar a ideia de estabelecer o Conselho de Gestão Fiscal no País para promover uma gestão fiscal coordenada e transparente. “O governo federal vem apostando em medidas que comprometem o equilíbrio das contas públicas dos governos subnacionais sem avaliar impactos e consequências no financiamento das políticas públicas locais”, afirmou Ribeiro.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Concurso do Itamaraty: minha contribuição à preparação dos candidatos: cronologias, apresentações, listas de livros

Preparação dos candidatos à carreira diplomática: 

subsídios de Paulo Roberto de Almeida

Ao longo de décadas, sem fazer parte do "mercado de preparatórios", tenho colaborado voluntariamente, ainda que ocasionalmente, com o processo de preparação e estudos dos candidatos à carreira diplomático, seja por meio de textos, artigos e livros (mas sempre alerto aos incautos que minhas posições nem sempre coincidem com as da diplomacia oficial do governo e sequer do Itamaraty), seja por meio de aulas, palestras, conferências e "aparições" em eventos de terceiros, sempre a convite, jamais procurado por mim. Foi o caso recentemente, e recolho aqui alguns dos meus registros nesse sentido, a convite do grupo Ubique: 


4144. “Política internacional, contexto regional e diplomacia brasileira, acompanhada de listagem seletiva da produção acadêmica em relações internacionais e em política externa do Brasil, de 1985 a 2022”, Brasília, 4 maio 2022, 33 p. Atualização do trabalho 4030, quadro sintético cronológico de eventos mundiais, regionais e da política externa brasileira, e da produção intelectual no período, elaborado com base no trabalho n. 2723 (de 1954 a 2014) e atualizado até maio de 2022. Postado na plataforma Academia.edu (link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida/Published-Works-by-Year-(lists)).


4103. “Evolução da Política Externa do Brasil, de 1945 a 2018: material suplementar”, Brasília, 13 março 2022, 1 p. + anexos. Material de base informativo constante das cronologias preparadas sobre a política internacional, o contexto regional e diplomacia brasileira, acompanhada de listagem seletiva da produção acadêmica em relações internacionais e em política externa do Brasil, no período de 1945 a 2022”, para servir como subsídio aos alunos do Curso Ubique, em palestra no dia 15/04, online. Enviado a Paulo Fernando Pinheiro Machado. (informado acima)


4126. “Livros de diplomatas e de terceiros sobre temas da diplomacia brasileira”, Curitiba, 5 abril 2022, 6 p. Relação de meus livros que compilam resenhas dos livros de diplomatas e não diplomatas sobre política externa e diplomacia brasileira, com uma lista suplementar de meus livros sobre os mesmos temas. Oferecida a candidatos à carreira diplomática. Encaminhada ao Curso Preparatório CACD e ao Curso Ubique. (abaixo)


4129. “Grandes etapas da política externa brasileira desde 1945”, São Paulo, 13 abril 2022, 20 slides. Apresentação reproduzindo o texto dos trabalhos 4103 e 4106, com completação dada pelos anexos enviados. Divulgado na plataforma Academia.edu (https://www.academia.edu/76375339/4129_Grandes_etapas_da_politica_externa_brasileira_desde_1945_Palestra_Curso_Ubique_2022_); informado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/04/grandes-etapas-da-politica-externa.html). Vídeo disponível no canal do curso Ubique no YouTube (link: https://www.youtube.com/watch?v=xpMbR6cQxWo).

 

4130. “Questões Curso Ubique”, São Paulo, 14 abril 2022, 6 p. Respostas a questões suplementares apresentadas no curso da palestra no Curso Ubique (trabalho n. 4129), não respondidas no momento e enviadas ulteriormente, mas enviadas aos organizadores e tornadas disponíveis no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/04/grandes-etapas-da-politica-externa.html). Ajustes em determinadas questões para separar posturas pessoais das posições oficiais da diplomacia brasileira.


4033. “Bibliografia diplomática cronológica, 1945-2022: Relações internacionais, relações exteriores, política externa, história diplomática e diplomacia do Brasil: um guia de leituras”, Brasília, 2 dezembro 2021, 26 p. Atualização e complementação dos trabalhos 3630 e 4030, contendo uma relação linear dos livros mais importantes publicados no período. Divulgado Academia.edu (link: https://www.academia.edu/62920113/4033_Bibliografia_diplomática_cronológica_1945_2022_2021_); anunciado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/12/bibliografia-diplomatica-cronologica.html).


3630. “Relações internacionais, relações exteriores, política externa, história diplomática e diplomacia do Brasil, 75 anos de livros e leituras: um guia bibliográfico cronológico, 1945-2020”, Brasília, 11 abril 2020, 22 p. Guia parcial e incompleto da bibliografia em formato de livros, brasileiros e estrangeiros, sobre as temáticas do título; divulgado em caráter preliminar na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42707131/Bibliografia_Diplomatica_Cronologica_1945-2020 e https://www.academia.edu/s/135002abe2), e apresentado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/uma-cronologia-diplomatica-75-anos-de.html); disponível no Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/340619058_Bibliografia_Diplomatica_Brasileira_formato_cronologico_1945_a_2020). Revisão ampliada em 3/12/2020.


Livros de diplomatas e de terceiros sobre temas da diplomacia brasileira

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Relação de livros publicados, em formatos diversos, vários livremente disponíveis.

  

Apresento na lista abaixo a relação de todos os volumes que compus, em anos anteriores, compilando minhas resenhas de livros de diplomatas e de não diplomatas sobre os temas afetos à política externa, à diplomacia e às relações internacionais do Brasil. A primeira obra da lista, “Prata da Casa”, de 2014, deveria ter sido publicada pela própria Funag, mas como houve uma tentativa de censura a uma das resenhas – no caso crítica à diplomacia do ex-presidente Lula – eu objetei à tal poda, o que me levou a publicar eu mesmo o livro então composto, por acaso extremamente volumoso. Os demais volumes constituem precisamente variações dessa primeira obra, separando livros de diplomatas e de não diplomatas, assim como compondo uma relação repartida tematicamente. Desde então, efetuei outras resenhas, mas ainda não as integrei a nenhum dos volumes, o que vou fazer oportunamente. Na sequência, apresento uma relação dos meus próprios livros que possuem conexão com os mesmos temas, vários deles livremente disponíveis.

 

Obras compilando resenhas de livros: 

 

Prata da Casa: os livros dos diplomatas, Hartford, 11 novembro 2013, 691 p. Compilação das resenhas mais importantes de livros de diplomatas e acadêmicos de livros da área, com Prefácio, Introdução, Índice Alfabético de Autores e Livros e demais informações de expediente. Edição de Autor; Versão de: 16/07/2014, 663 p.; disponível na página pessoal da plataforma Academia.edu, link: https://www.academia.edu/5763121/Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas_Edicao_de_Autor_2014_

 

Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas; Hartford, 16 outubro 2014, 124 p. Nova edição resumida do Prata da Casa, restruturada em partes e contando apenas as mini-resenhas preparadas para o Boletim ADB. Serviu de base para publicação em formato Kindle (Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 151 p. 484 KB; ASIN: B00OL05KYG; DOI: 10.13140/2.1.4630.4325; disponível na Amazon; link: http://www.amazon.com/dp/B00OL05KYG; e na plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/8815100/23_Polindo_a_Prata_da_Casa_mini-resenhas_de_livros_de_diplomatas_2014_). Prefácio e Sumário disponíveis no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/mini-resenhas-de-livros-de-diplomatas.html). 

 

Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros, Hartford, 2 novembro 2014, 326 p. Livro digital, em edição de autor, composto de resenhas de livros de diplomatas, já publicadas no Prata da Casa. Tornado disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_) e em formato Kindle (1118 KB; 444 p.; ASIN: B00P6261X2; link: http://www.amazon.com/dp/B00P6261X2); Researchgate.net (DOI: 10.13140/2.1.2008.9927).

 

Rompendo Fronteiras: a Academia pensa a Diplomacia, Hartford, 4 novembro 2014, 414 p. Livro de resenhas de não-diplomatas, completando os dois anteriores na série de três derivados do Prata da Casa. Editado em formato Kindle (1202 KB, ASIN: B00P8JHT8Y; link: http://www.amazon.com/dp/B00P8JHT8Y). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/9108147/25_Rompendo_Fronteiras_a_academia_pensa_a_diplomacia_2014_). Researchgate.net (DOI: 10.13140/2.1.4106.1447). Informado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/11/rompendo-fronteiras-academia-pensa.html).

 

 

Outros livros de Paulo Roberto de Almeida: 

 

Sumários dos livros do ciclo do bolsolavismo diplomático: 

       Link: https://www.academia.edu/48857809/Relações_Exteriores_Pol%C3%ADtica_Externa_e_Diplomacia_Brasileira_livros_de_Paulo_Roberto_de_Almeida_maio_2021_

 

Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira (Curitiba: Appris, 2021, 291 p.; ISBN: 978-65-250-1634-4). Informação no link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/06/apogeu-e-demolicao-da-politica-externa_18.html

 

O Itamaraty Sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo2018-2021 (Brasília, 1-9 maio 2021, 114 p.; ISBN: 978-65-00-22215-9; blog Diplomatizzando; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/05/o-itamaraty-sob-ataque-2018-2021.html).

 

O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 225 p.), Brasília, 1 junho 2020, 225 p. Publicado (sem índice) em 11/06/2020; Edição Kindle: 204 p.; 1302 KB; ASIN: B08B17X5C1; ISBN: 978-65-00-05968-7; disponível no link: https://www.amazon.com/-/pt/dp/B08B17X5C1/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=ÅMÅŽÕÑ&dchild=1&keywords=O+Itamaraty+num+labirinto+de+sombras&qid=1591845003&s=digital-text&sr=1-1).

 

Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira, Brasília, 7 setembro 2020, 169 p. Livro sobre a diplomacia, incorporando o Programa Renascença, do Instituto Diplomacia para Democracia, do diplomata Antonio Cottas Freitas. Anunciado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/uma-certa-ideia-do-itamaraty_7.html). Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44037693/Uma_certa_ideia_do_Itamaraty_A_reconstrucao_da_politica_externa_e_a_restauracao_da_diplomacia_brasileira_2020_); Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/344158917_Uma_certa_ideia_do_Itamaraty_A_reconstrucao_da_politica_externa_e_a_restauracao_da_diplomacia_brasileira_Brasilia_Diplomatizzando_2020_169_p).

 

Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p., Coleção “Comunicação e Políticas Públicas”, vol. 42; ISBN: 978-85-8288-201-6 (livro impresso); ISBN: 978-85-8288-202-3 (livro eletrônico; disponível nos links: https://docs.wixstatic.com/ugd/6e2800_3e88aadf851b4b2ba4b54c6707fd9086.pdf e do Google Books: https://books.google.com.br/books?id=tvqjDwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl= pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false). Incorporado à plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/39882114/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_Ed._UFRR_2019_) e a Research Gate (https://www.researchgate.net/publication/334593501_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty). Anunciado no blog Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/07/miseria-da-diplomacia-edicao-da- ufrr.html). 

 

Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p., ISBN: 978-65-901103-0-5. Incorporado à plataforma Academia.edu (link para o miolo do livro: https://www.academia.edu/40000881/A_Destruicao_da_Inteligencia_no_Itamaraty_Edição_do_Autor_2019_) e a Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/334450922_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_Inteligencia_no_Itamaraty_2019). 

 

Contra a corrente: Ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil (2014-2018) (Curitiba: Appris, 2019, 247 p.; ISBN: 978-85-473-2798-9); apresentação na página da editora (link: https://www.editoraappris.com.br/produto/2835-contra-a-corrente-ensaios- contrarianistas-sobre-as-relaes-internacionais-do-brasil-2014-2018). Expediente postado no blog Diplomatizzando (11/02/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/02/contra-corrente-ensaios- contrarianistas.html). Apresentação postada na plataforma Academia.edu (links: http://www.academia.edu/38338893/ContraCorrenteShort.pdf https://www.academia.edu/38338893/Contra_a_Corrente_ensaios_contrarianistas_sobre_as_RI_do_Brasil_2014-2018_2019_).

 

Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014, p. 289; ISBN: 978-85-8192-429-8); Blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/07/nunca-antes-na-diplomacia-todos-os.html). 

 

A ordem econômica mundial e a América Latina: ensaios sobre dois séculos de história econômica; Edição Kindle, 2020; 363 p.; 2029 KB; ASIN: B08CCFDVM2; ISBN: 978-65-00-05967-0; Info blog Diplomatizzando (link: https://www.academia.edu/43494964/A_ordem_economica_mundial_e_a_America_Latina_ensaios_sobre_dois_seculos_de_historia_economica_2020_). 

 

O Mercosul e o regionalismo latino-americano: ensaios selecionados, 1989-2020; Edição Kindle, 2020; 453 p.; 1567 KB; ASIN: B08BNHJRQ4; ISBN: 978-65-00-05970-0; Info blog Diplomatizzando (23/06/2020; links: links: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/06/o-mercosul-e-o-regionalismo-latino.html) e https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/06/o-mercosul-e-o-regionalismo-latino_23.html). 

 

Um contrarianista na academia: ensaios céticos em torno da cultura universitária, 2020, 363 p. Apresentação sumária no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/meu-proximo-livro-um-contrarianista-na.html); Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42265476/Um_contrarianista_na_academia_ensaios_c%C3%A9ticos_em_torno_da_cultura_universit%C3%A1ria); Edição Kindle (ASIN: ASIN: B08668WQGL; ISBN: 978-65-00-06751-4; link: https://www.amazon.com/-/pt/dp/B08668WQGL/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&keywords=Paulo+Roberto+de+Almeida&qid=1584737696&s=digital-text&sr=1-1). 

 

Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo: trajetória de duas parábolas da era contemporânea; 2019; Edição em Kindle; ASIN: B082YRTKCH. ISBN: 978-65-00-05969-4; Disponível nas plataformas Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41255795/Marxismo_e_Socialismo_2019_) e Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/337874789_Marxismo_e_Socialismo_trajetoria_de_duas_parabolas_na_era_contemporanea_2019). 

 

Contra a corrente: Ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil (2014-2018) (Curitiba: Appris, 2019, 247 p.; ISBN: 978-85-473-2798-9); Disponível na página da editora (link: https://www.editoraappris.com.br/produto/2835-contra-a-corrente-ensaios- contrarianistas-sobre-as-relaes-internacionais-do-brasil-2014-2018). Info blog Diplomatizzando (11/02/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/02/contra-corrente-ensaios- contrarianistas.html), plataforma Academia.edu (links: http://www.academia.edu/38338893/ContraCorrenteShort.pdf https://www.academia.edu/38338893/Contra_a_Corrente_ensaios_contrarianistas_sobre_as_RI_do_Brasil_2014-2018_2019_). 

 

Pontes para o mundo no Brasil: minhas interações com a RBPI, Edição Kindle, 2019, 481 p.; ASIN: B08336ZRVS; ISBN: 978-65-00-06769-9. Info blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/ontes-para-o-mundo-no-brasil- minhas.html) e Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41447612/Pontes_para_o_mundo_no_Brasil_minhas_interacoes_com_a_RBPI_2019_). 

 

Vivendo com Livros: uma loucura gentil, Brasília, Edição de Autor, 2019, 265 p. Edição Kindle; ASIN: B0838DLFL2; ISBN: 978-65-00-06750-7. Info blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/vivendo- com-livros-uma-loucura-gentil.html). 

 

Um contrarianista no limbo: artigos em Via Política, 2006-2009, Brasília, Edição de Autor, 2019, 240 p.; Edição Kindle; ASIN: B083611SC6; ISBN: 978-65-00-06752-1Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/um-contrarianista-no-limbo-artigos- em.html). plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41459572/Um_contrarianista_no_limbo_artigos_em_Via_Politica_2019_). 

 

Minhas colaborações a uma biblioteca eletrônica: contribuições a periódicos do sistema SciELO, 2019, 300 p. Edição Kindle, ASIN: B08356YQ6S; ISBN: 978-65-00-06768-2Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/minhas-contribuicoes-periodicos-do.html); plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41459945/Minhas_colaborações_a_uma_biblioteca_eletronica_contribuicoes_a_periodicos_do_sistema_SciELO_2019_). 

 

O panorama visto em Mundorama: ensaios irreverentes e não autorizados, 2019, 477 p.; edição em Kindle, ASIN: B082ZNHCCJISBN: 978-65-00-06753-8. Divulgado via Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/o-panorama-visto-em-mundorama-livro-em.html) e em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41447822/O_panorama_visto_em_Mundorama_ensaios_irreverentes_e_nao-autorizados_2019_). 

Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude, 2019, 398 p.; Edição Kindle (ASIN: B082Z756JH). Anunciada no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/12/paralelos-com-o-meridiano-47-ensaios.html) e na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41460298/Paralelos_com_o_Meridiano_47_Ensaios_Longitudinais_e_de_Ampla_Latitude_2019_). 

 

Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial, Brasília, 2018, 110 p.; Edição Kindle, 2018; ASIN: B07BCRM1YF; link: https://www.amazon.com/dp/B07BCRM1YF); Blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/03/volta-ao-mundo-em-25-ensaios-prefacio.html). Relação de Originais n. 2712. Publicados n. 1275.

 

Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização; Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2010, 281 p. ISBN: 978-85-375-0875-6; disponível em Academia.edu: link: https://www.academia.edu/42313006/Globalizando_ensaios_sobre_a_globalizacao_e_a_antiglobalizacao_2011_

 

O Estudo das Relações internacionais do Brasil, Brasília, 24 de agosto de 2006. LGE Editora, 2006; ISBN: 85-7328-271-2; disponível na plataforma Academia.edu, link: https://www.academia.edu/42674261/O_Estudo_das_Relacoes_internacionais_do_Brasil_um_dialogo_entre_a_diplomacia_e_a_academia_2006_https://www.academia.edu/42674262/O_Estudo_das_Relacoes_internacionais_do_Brasil_Quadros_Analiticos_Horizontais

 

Os primeiros anos do século XXI: relações internacionais contemporâneas. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002; ISBN: 85-219-0435-5; disponível na plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/42283521/Os_Primeiros_Anos_do_Seculo_XXI_o_Brasil_e_as_relações_internacionais_contemporaneas_2002_

 

O estudo das relações internacionais do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade São Marcos, 1999, 300 p.; ISBN: 85-86022-23-3; Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/o-estudo-das-relacoes-internacionais-do.html); na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42301157/O_estudo_das_relacoes_internacionais_do_Brasil_1999_ e, para as tabelas: https://www.academia.edu/42301158/Tabelas_Estat%C3%ADsticas_e_Quadros_Anal%C3%ADticos_O_Estudo_RI_Br_).

 

Mercosul: fundamentos e perspectivas. São Paulo: LTr, 1998, 160 p. ISBN: 85-7322-548-3; disponível na plataforma Academia.edu, link: https://www.academia.edu/42290608/Mercosul_fundamentos_e_perspectivas_1998_

 

O Mercosul no contexto regional e internacional. São Paulo: Edições Aduaneiras, 1993, 204 p.; disponível na plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/42007009/O_Mercosul_no_Contexto_Regional_e_Internacional_1993_

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4126: 5 abril 2022, 6 p.


terça-feira, 3 de maio de 2022

A homenagem de Ricardo Vélez-Rodríguez ao grande mestre Antonio Paim

 Blog de Ricardo Vélez-Rodríguez em: 02/05/2022

ANTÔNIO PAIM: UM ANO DE SAUDADE

Alex Catharino convidou-me para fazer, na noite de 30 de abril, uma live em memória do querido Mestre Antônio Paim (1927-2021), falecido há um ano. Vou pinçar alguns momentos que vivi perto do Mestre, ao longo dos 49 anos durante os quais tive o privilégio de privar da sua amizade e orientação intelectual. 

Lembro-me da manhã da segunda-feira após a semana de Carnaval de 1973, quando o conheci na PUC do Rio. Tinha vindo da Colômbia com uma bolsa da OEA, para fazer o mestrado em Pensamento Brasileiro. O Mestre, que reconhecia um esquerdista à quilômetros, me perguntou acerca do meu interesse pelo Curso. Frisei que me interessava em geral pelo pensamento latino-americano. Ele me respondeu, com certa rispidez, que o Curso da PUC não era de pensamento latino-americano, mas brasileiro. Mas, enfim, queria fazer o mestrado e não discuti com ele. 

Na hora de definir o tema da minha pesquisa, falei que me interessava estudar as origens do autoritarismo brasileiro. Ele me informou, então, que precisaria ler muitos jornais do início do período republicano, pois o autor a ser estudado, Júlio de Castilhos (1860-1903), tinha sido redator de A Federação, o jornal dos ativistas gaúchos alcunhados de Castilhistas, frisando que o pensamento do mencionado autor encontrava-se disperso nos editoriais desse jornal, ao longo das décadas de 80 e 90 do século XIX. 

Topei fazer a pesquisa, para o qual tive de me deslocar por algum tempo para o Rio Grande do Sul, além de consultar as fontes que se achavam no Rio, na Biblioteca Nacional, na Biblioteca do Museu da Marinha. no Real Gabinete Português de Leitura e na Sociedade Sul-riograndense de Cultura. Peguei uma alergia danada por conta dos ácaros presentes nos velhos jornais.

Paralelamente, claro, tive de ler toda a bibliografia existente sobre o Positivismo Gaúcho e as Guerras Civis que ensanguentaram a terra rio-grandense entre 1893 e o final do século XIX (guerra dos Pica-paus e Maragatos) e entre 1922 e 1923 (guerra dos Assissistas contra o eterno presidente do Rio Grande, Borges de Medeiros). E, como se tratava de identificar o pensamento dos Castilhistas em toda a sua extensão, inclusive do ângulo das críticas endereçadas pelos liberais sul-riograndenses contra o positivismo, teria de me familiarizar com os clássicos do Liberalismo: Locke, Montesquieu, Kant, os Pais Americanos (Washington, Madison, Jefferson, Jay, etc.) e com os críticos doutrinários do autoritarismo francês (Guizot, Constant, Tocqueville, Villemain, Cousin, Aron, etc.), além, é claro, de estudar as teses básicas do liberais gaúchos críticos do Castilhismo (notadamente Gaspar da Silveira Martins e Joaquim Francisco de Assis Brasil), assim como o pensamento de Rui Barbosa e Sílvio Romero, no que se refere à crítica à ditadura “científica”.

Defino jocosamente esse período como um autêntico estupro epistemológico. Em pouco mais de um ano tive de dar conta, em rigorosos informes semanais apresentados ao meu orientador (o Mestre Paim, coordenador do Mestrado, tinha definido que ele me orientaria). Apresentei a defesa da minha dissertação em dezembro de 1974, sob o título de: “A filosofia política de inspiração positivista no Brasil: o Castilhismo”. Daí sairia o meu livro intitulado: Castilhismo, uma filosofia da República, já na terceira edição. 

Um efeito colateral importante da minha dissertação: ao ler a ampla bibliografia liberal, notadamente as obras de Tocqueville, pude confessar o que Gilles Lipovetski falou acerca da sua conversão ao liberalismo: “Deixei Marx e adotei Tocqueville”. Pois bem: abandonei o marxismo e virei liberal. Não posso, em virtude disso, não acreditar na validade de uma conversão cultural! 

Continuei estudando o Liberalismo e fiz um Pós-Doutorado no Centre de Recherches Politiques Raymond Aron de Paris (entre 1994 e 1996), sobre o pensamento de Tocqueville, tendo contado com a eficaz e dedicada orientação do meu Mestre Paim e com a ajuda do amigo e saudoso embaixador José Osvaldo de Meira Penna (1917-2017), que me apresentou aos pesquisadores franceses. Foi possível, assim, para mim, receber orientação da grande estudiosa de Tocqueville na França, madame Françoise Mélonio (1951-), autora do clássico Tocqueville et les Français [Paris: Aubier, 1993]. Sob sua orientação publiquei, ulteriormente, pela Editora da Universidade de Toronto, o meu ensaio intitulado: Tocqueville au Brésil [Toronto University Press, The Tocqueville Review, Vol. XX, nº 1 – 1999: 147-176]. A restante parte da minha pesquisa sobre o liberalismo tocquevilliano foi publicada em duas obras: A democracia liberal segundo Alexis de Tocqueville [São Paulo: Mandarim,1998] e O liberalismo francês: a tradição doutrinária e a sua influência no Brasil [Juiz de Fora: Centro de Estudos Estratégicos Paulino Soares de Sousa, 2002] - Edição digital: https://static.poder360.com.br/2018/11/rodriguez_o_liberalismo_frances_trad_doutrinaria.pdf 

Tendo regressado à Colômbia no início de 1975, militei no Partido Liberal chefiado pelo ex-presidente Carlos Lleras Restrepo (1908-1994). Em decorrência das minhas atividades na extrema esquerda anteriores a 1973, não consegui voltar à Universidade Externado de Colômbia, de Bogotá, onde trabalhei antes de viajar ao Brasil para fazer o mestrado. Fui convidado pelo Reitor da Universidade de Medellín, o saudoso amigo Orión Alvarez, para ser pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa dessa Universidade. De outro lado, lecionei “História das ideias políticas na América Latina” na Universidade de Antioquia, em Medellín, bem como a cadeira “Humanismo de la Técnica” na Universidade EAFIT. Com o pesado clima de violência que se instalou na Colômbia, ao longo do final dos anos 70 e durante a década seguinte, decidi, em 1979, fazer o doutorado em pensamento luso-brasileiro que era oferecido pela Universidade Gama Filho. Pedi licença sem vencimentos nas Universidades às quais estava vinculado em Medellín e fui fazer o doutorado em Pensamento Luso-Brasileiro, na Universidade Gama Filho do Rio de Janeiro. 

Mestre Paim, docente e fundador do Curso, foi o meu orientador. O tema da minha tese foi o pensamento sociológico de Oliveira Vianna (1883-1951), que tinha desenvolvido a categoria de “autoritarismo instrumental” para definir a forma em que o Brasil se modernizou, tentando superar a herança castilhista. O título da minha tese foi: Oliveira Vianna e o papel modernizador do Estado Brasileiro, publicada em 1997. Paim me orientou na identificação do Patrimonialismo brasileiro, estudando as fontes weberianas da tipologia Feudalismo / Patrimonialismo em Max Weber e Karl Wittfogel e mergulhando no estudo da obra de Oliveira Vianna (1883-1951).

Para Paim, seria possível superar o Patrimonialismo. Essa possibilidade radicaria em dois pontos: que a sociedade brasileira recuperasse a valorização da livre iniciativa (que tinha se dado pioneiramente no ciclo do açúcar no Nordeste, no século XVII) e, em segundo lugar, que houvesse um amplo processo de privatizações a fim de diminuir o tamanho do Estado, para consolidar uma representação de interesses no Congresso a partir da qual se pudesse organizar um Estado a serviço da Sociedade, não sobranceiro a ela. As obras de Paim intituladas: A querela do estatismo [3ª edição de 2018], Marxismo e descendência [2ª edição de 2009] e Momentos decisivos da História do Brasil[2ª edição de 2014] encarregaram-se de traçar o plano de voo de desmonte do Estado Patrimonial e de sua progressiva substituição por um Estado concebido a partir do ideal liberal da representação de interesses e de valorização da livre iniciativa. 

No entanto, a conclusão a que o Mestre chegou não é alvissareira: o Estado Patrimonial foi reforçado, infelizmente, com a adoção do esquema cultural do cientificismo, aliado à força estatizante vinculada à burocracia e à classe política, que terminou rejeitando os esforços em prol do aperfeiçoamento da representação, com o paralelo e agressivo surgimento da vulgata marxista que instalou essa ideologia no terreno educacional com a obra de Paulo Freire (1921-1997). Paim chama a atenção, em Momentos decisivos da História do Brasil, para a conclusão a que chega o antropólogo Alberto Carlos Almeida, na sua obra intitulada: A cabeça do brasileiro [Rio: Record, 2007]. Segundo o mencionado antropólogo, a elite brasileira encabeçada pela classe política e a magistratura, endossou claramente a escala de valores do Patrimonialismo, em torno à crença de que de que é lícito se enriquecer com o dinheiro público. Hoje, com o agressivo desmonte da Operação Lava Jato e com a instauração de uma minoria monocrática na cúspide do poder judiciário, definidamente autoritária nos moldes do espírito pombalino, fica claro que será difícil, nas próximas décadas, vencer de vez o Patrimonialismo.

Lembrando o paradoxal título da obra de Barbara Tuchman (1912-1989) intitulada:  A marcha da insensatez [Tuchman, 2012], que destacava a desgraça conjuntural, nos Estados Unidos, da presença de opositores ao progresso liberal simbolizados no Cavalo de Tróia, frisa o Mestre Paim: “No caso brasileiro, as opções também se configuraram, quase sempre tão claras como no confronto entre separatismo e unidade nacional, ou entre sistema representativo e autoritarismo. (...). Ao contrário de corresponder àquela expectativa [do progresso liberal], seria justamente o PT que empreenderia um passo que bem pode estar destinado a fechar-nos de vez à realização daquele que seria o nosso autêntico projeto nacional. Trata-se de que haja conseguido enterrar de vez projeto de constituição da ALCA. Ao invés de estarmos integrados ao que seria o provável desfecho do atual ciclo de globalização - a criação de mercado constituído pela junção dos Estados Unidos com a União Européia - , ingressaremos num período de marginalização cujas dimensões e consequências serão certamente funestas (...)” [Paim, Momentos decisivos da História do Brasil, 2014: 13-15].

Como sairmos do buraco patrimonialista nestes confusos tempos de populismos que se contrapõem? Mestre Paim dá a sua resposta: como o erro da elite brasileira consistiu, justamente, em se esquecer dos rumos da história, substituindo os fatos, no contexto do cientificismo marxista, pelas narrativas, o caminho da regeneração virá pela volta ao estudo dos fatos históricos, como ponto de partida para identificarmos a nossa identidade. Trata-se, portanto, de voltarmos às fontes históricas com o objetivo de “difundir o essencial do patrimonio da historiografia nacional” [Paim, Brasiliana Breve, 2019: 14], no contexto arejado da filosofia culturalista da história. 

Para Paim, “a experiência humana não autoriza inferir como seriam as coisas em si mesmas, isto é, na ausência do próprio homem com seus pontos de vista interessados (referidos a valores). Ao mesmo tempo, radicalizamos o seu posicionamento ao afirmar que toda mudança social pressupõe uma prévia mudança de valoração. (...). Se não desvendarmos as razões do declínio (da mudança), jamais estaremos em condições de compreender por que, nos três séculos subsequentes, terminam sempre em fracasso as tentativas de nos colocar entre as nações capitalistas do Ocidente. Precisamente a essa circunstância denomino de primeiro momento decisivo de nossa história, e neste livro, espero ter capacidade para desvendá-lo” [Paim, Momentos decisivos da história do Brasil,2007: 31].

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Alberto Carlos [2007]. A cabeça do brasileiro. Rio de Janeiro: Record.

MÉLONIO, Françoise [1993]. Tocqueville et les Français. Paris: Aubier. 

PAIM, Antônio [2009]. Marxismo e descendência. 2ª edição. Campinas: Vide Editorial.

PAIM, Antônio [2014]. Momentos decisivos da História do Brasil. 2ª edição, São Paulo: Vide Editorial.

PAIM, Antônio [2018]. A querela do estatismo. 3ª edição, Campinas: Távola Editorial / CEDET. 

PAIM, Antônio [2019]. Brasiliana Breve. Uma coleção para difundir a historiografia nacional. Brasília: Edições do Senado Federal, vol. 258. 

TOCQUEVILLE, Alexis de [1977]. A Democracia na América. 2ª edição. (Tradução, prefácio e notas de Neil Ribeiro da Silva). Belo Horizonte: Itatiaia / São Paulo: EDUSP.

TUCHMAN, Barbara [2012].  A marcha da insensatez: De Troia ao Vietnã. (Tradução de Carlos de Oliveira Gomes). Rio de Janeiro: Best Seller / Record. 

VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [1980]. Castilhismo: uma filosofia da República. 1ª edição. Porto Alegre: EST / Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul. 2ª edição corrigida e aumentada. (Apresentação de Antônio Paim). Brasília: Senado Federal, 2000. 3ª edição corrigida e aumentada. (Apresentação de Antônio Paim), Brasília: Senado Federal, 2010.

VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [1997]. Oliveira Vianna e o papel modernizador do Estado brasileiro. (Apresentação de Antônio Paim). Londrina: Editora da UEL.

VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [1998]. A democracia liberal segundo Alexis de Tocqueville. São Paulo: Mandarim.

VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [1999]. Tocqueville au Brésil. Toronto University Press, The Tocqueville Review, Vol. XX, nº 1 – 1999: 147-176. 

VÉLEZ Rodríguez, Ricardo [2002]. O liberalismo francês: a tradição doutrinária e a sua influência no Brasil. Juiz de Fora: UFJF - Centro de Estudos Estratégicos Paulino Soares de Sousa, da Universidade Federal de Juiz de Fora - Edição digital: https://static.poder360.com.br/2018/11/rodriguez_o_liberalismo_frances_trad_doutrinaria.pdf 


A pujante indústria da droga no Afeganistão - The Washington Post

 

Powdered ephedra

Ephedra powder is mixed with chemicals in one of the steps to produces methamphetamine in Farah province, Afghanistan, on March 19. (Lorenzo Tugnoli for The Washington Post)

Ephedra powder is mixed with chemicals in one of the steps to produces methamphetamine in Farah province, Afghanistan, on March 19. (Lorenzo Tugnoli for The Washington Post)

BAKWA, Afghanistan — Afghanistan’s fastest-growing drug industry operates from desert outposts in plain view.

One of its most bustling hubs, five hours west of Kandahar, can only be reached by miles of dirt tracks that lead to a row of dusty shops topped with Taliban flags. Wholesalers like Abdulwadood work openly here, moving dozens of kilos of methamphetamine every week.

In the middle of his crowded shop, he casually tosses a half-kilo bag of long glassy shards onto the carpet. Its street value in Europe is tens of thousands of dollars. Abdulwadood will sell it for about $250.

“Every year, sales and production just increase and increase,” he said, speaking on the condition that only his first name be used to discuss the illicit drug industry. Behind him the rest of his stock was piled in a corner. He expected to sell the roughly 20 kilos of shisha — the Afghan term for meth — in just a few days.

For decades, the country has been a global hub for opium production, estimated to supply 80 percent of the world’s opiate users. Now its meth industry is growing at breakneck speed, stoking fears among Western experts and officials that, under the Taliban, Afghanistan could become a major supplier as demand rises globally.

Workers stand around a bag of powered ephedra in Farah province, Afghanistan, on March 19. (Lorenzo Tugnoli for The Washington Post)

Workers stand around a bag of powered ephedra in Farah province, Afghanistan, on March 19. (Lorenzo Tugnoli for The Washington Post)

Patients of the rehabilitation center for drug addicts lay on their bed in their first period of detoxification in Kabul, Afghanistan, on March 24. (Lorenzo Tugnoli for The Washington Post)

Patients of the rehabilitation center for drug addicts lay on their bed in their first period of detoxification in Kabul, Afghanistan, on March 24. (Lorenzo Tugnoli for The Washington Post)

Hundreds of meth labs have appeared in Afghanistan over the past six years, according to independent experts, former government officials and drug traders. And more are being built each month as the country’s economic crisis forces Afghans to find new sources of income. The vast majority of meth produced is for export, but an increasing number of Afghans are turning to it as their drug of choice.

The sudden boom in meth production came after drug traffickers discovered a potential bonanza in a native plant called ephedra — known here as oman — which grows wild and is a natural source of the drug’s key ingredient.

Sellers at the meth bazaar in rural western Afghanistan have long been free to ply their trade. The previous government largely turned a blind eye, said Abdulwadood, and the Taliban have taken the same approach since coming to power. Though Taliban fighters sometimes inspect the market, they have not tried to shut it down.

“The only reason we are in this business is because there are no other jobs,” Abdulwadood said. “Of course, if the economy gets worse, more people will start producing shisha.” – Susannah George and Joby Warrick

Read more: The drug trade now flourishing in Afghanistan: Meth

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Quão credível é a ameaça de guerra nuclear da Rússia no caso da Ucrânia? Rememorando o caso dos mísseis soviéticos em Cuba

Quão credível é a ameaça de guerra nuclear da Rússia no caso da Ucrânia?

  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Rememorando o caso dos mísseis soviéticos em Cuba.


 Por duas ou três vezes, o próprio Putin, seu eterno chanceler Lavrov, e outros observadores, comentaristas ou jornalistas seguindo os assuntos da guerra de agressão da Rússia, ou do Putin, contra a Ucrânia e os ucranianos, chegaram a mencionar a possibilidade de uma guerra nuclear, sem que se saiba exatamente por que, com quais motivos ou dirigida a quais envolvidos nesse conflito, que são, ademais da própria Rússia e a Ucrânia, todos os países vizinhos, pró-Rússia (como a Belarus), ou os "ocidentais" membros da OTAN, ou seja, os bálticos e membros recentes da UE e da OTAN na Europa central e oriental, os próprios países líderes da UE ou da OTAN (França, GB e Alemanha), alguns escandinavos e, sobretudo, os Estados Unidos, o capitão e comandante da OTAN.

Sempre achei essa ideia estapafúrdia, despropositada, sem sentido, pura chantagem dos agressores russos, que não conseguiram realizar seus objetivos primários – ocupar toda a Ucrânia, eliminar seu governo atual e colocar um governo fantoche no lugar, ou seja, transformá-la numa nova Belarus – e resolveram partir para a intimidação nuclear contra não se sabe bem quem exatamente, supostamente algum membro da OTAN que decidisse intervir na guerra (já estão intervindo, mediante sanções e ajuda militar à Ucrânia, que não é nem da UE, nem da OTAN, mas aspira ingressar em ambas).

Não acredito, repito, em guerra nuclear, pois isso representaria a aniquilação de dezenas, possivelmente centenas de milhões de vidas humanas de um lado e outro, e a destruição da vida na Europa central, setentrional, meridional, oriental, ocidental, etc., etc., etc. Os generais e alguns estadistas responsáveis sabem disso, mas jornalistas e observadores ligeiros continuam especulando, como é de seu feitio, assim como os estrategistas amadores.

Em todo caso, como eu despertei para o tema da política internacional com a crise dos mísseis soviéticos em Cuba, sessenta anos atrás, fui buscar na biblioteca o livro quintessencial de reflexão sobre esse caso emblemático da política do MAD durante a Guerra Fria, este aqui, publicado originalmente em 1971 e objeto de uma segunda edição revista em 1999.

Permito-me unicamente reproduzir a primeira e metade da segunda página da Introdução, com as questões que serão examinadas ao longo do livro, aliás muito chato, pois combina descrição empírica daqueles terríveis quinze dias de outubro de 1962 com capítulos especulativos sobre modelos decisórios em situações de alto stress como foram aqueles dias e situações de quase aniquilação nuclear. Lembro-me que minha mãe foi me buscar na escola num daqueles dias, quando normalmente eu voltava sozinho, a pé, durante três ou quatro quarteirões da zona sul de São Paulo: não sei exatamente para quê, pois é evidente que não tínhamos os abrigos nucleares construídos por americanos, russos e europeus para se proteger (inutilmente) do Armageddon nuclear caso ele ocorresse. Mais tarde, os uruguaios diriam que a solução era ir para o Uruguai, um país no qual, segundo eles, "no pasa nada!". 



Em todo caso, as questões em causa naquele conflito não encontram nenhuma correspondência com a situação atual. Para quê, exatamente, os russos usariam a arma nuclear, contra quem e onde? Estas questões alinhadas no livro do Allison (muito chato, diga-se de passagem) não encontram paralelo com o caso cubano ou outros casos menores ocorridos durante toda a era da Guerra Fria e além (tem os aventureiros coreanos do norte, iranianos, israelenses e os irmãos inimigos Índia e Paquistão).

O próprio Allison veio agora recentemente (desde 2015, pelo menos) com a ideia maluca de uma "armadilha de Tucidides", que seria uma guerra entre China e EUA, que só poderia ser nuclear. Se não for, seria uma proxy war, como as muitas que já ocorreram desde o final dos anos 1940, inclusive a atual, na Ucrânia.

Em todo caso, cabe recomendar, ou pelo menos esperar, cabeça fria e racionalidade da parte dos malucos que nos governam, alguns mais malucos do que outros, obviamente, Putin em primeiro lugar, o baixinho da Coreia do Norte em segundo lugar, talvez os aiatolás, depois que o Saddam Hussein e o Kaddafy já se foram. Ainda bem que Brasil e Argentina resolveram baixar suas armas nos coldres, pois era sumamente ridícula qualquer competição militar nuclear ou tradicional entre os dois grandes do Cone Sul sul-americano. Mas até hoje existem militares e diplomatas que consideram FHC um traidor, porque resolveu vincular o Brasil ao TNP (em 1996-98). Ainda bem que o fez, inclusive porque a Constituição de 1988 já tinha liquidado qualquer hipótese diferente.

Concluo: não haverá guerra nuclear. Mas espero que a Rússia seja condenada a pagar toda a destruição material e em vidas humanas que a loucura do Putin provocou. Não, não será uma reprodução do Tratado de Versalhes de 1919, e a Rússia não se converterá numa nova Alemanha com desejos de vingança. Ela tem de ser contida em seus instintos primitivos, sendo colocada numa espécie de "curral de contenção econômico". Essa é única forma de mostrar ao povo russo que ele precisa escolher dirigentes mais compatíveis com a Carta da ONU e com os grandes princípios do Direito Internacional. A China tem todo interesse que seja assim, pois do contrário ela também pagará um preço  se escolher outro caminho.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 2 de maio de 2022


Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...