quarta-feira, 1 de março de 2023

Sergio Florencio sobre a tragédia da revolução iraniana

O drama iraniano. Sublevação social, radicalização política e nuclearização. 

(1ª Parte)

 

Sergio Abreu e Lima Florencio

 

Com mais de quatro décadas de existência, a Revolução Iraniana surpreende e abala o mundo. Na sociedade civil, por mais de cinco meses, movimento de protesto contra a tortura seguida de morte de uma jovem curda assumiu proporções de sublevação social, com milhares de manifestantes nas principais cidades do país. Na política, o fortalecimento dos Guardas Revolucionários e a radicalização do Presidente Ibrahim Raizi reeditaram a trajetória de violenta repressão, com o  apoio da hierarquiateocrática e a oposição dos presidentes reformistasMohammad Khatami e Hassan Rouhani. No campo estratégico, a desastrosa decisão de Trump de retirar os EUA do Acordo Nuclear teve perigoso desdobramento: provocou duras sanções; fortaleceu os radicais; ampliou o enriquecimento de urânio; e aproximou o país da capacidade de fabricar armamento nuclear. 


Sublevação social

A onda de protestos que varre o Irã, desde setembro de 2022, teve origem na trágica tortura e morte de Mahsa Amini, presa pela banalidade do uso impróprio do véu islâmico, e sob custódia da polícia. Esses levantes têm relevantes paralelos históricos: a Revolução Constitucionalista de 1906 e o movimento nacionalista de Mossadegh em 1951. Nos anos recentes, eles são também a reedição de movimentos de contestaçãoa cada dez anos, desde o protesto, em 1999, de estudantes contra o fechamento de um jornal reformista. Em 2009, o  Movimento Verde, com o apoio de uma classe média indignada com as eleições fraudadas, se insurgiu contra o então Presidente Mahmoud Ahmadinejad, e clamaram por novas eleições. Em 2019, novas revoltas eclodiram, em protesto contra o aumento dos preços de combustíveis e pão.

A sublevação atual tem a singularidade de reunir amplo espectro de classes sociais, sob o lema “Mulheres, Vida e Liberdade”. A condenação da violenta repressão conta com apoios expressivos: importantes comerciantes do Bazar; o líder do parlamento Ali Larijani; o ex-Presidente reformista Khatami; e até mesmo Islamic Republicjornal fundado por KhameneiApesar do forte apoio popular e político, é remota a possibilidade de êxito da sublevação a curto prazo

Radicalização política

Após dois presidentes de corte moderado e reformista - Khatami e Rouhani -  atual governo de Ebrahim Raisi retrocedeu à política  repressiva de Ahmadinejad. 

Esse retrocesso é alimentado pelo efeito nefasto das sanções internacionais sobre a economia e o sistema político. Ao proibirem o Irã de exportar petróleo, as sanções acabam alimentando o comércio ilícito, praticado não pelo governo, mas pelo Corpo dos Guardas Revolucionários Iranianos (IRGC). Assim, dotados de grande poder econômicoos Guardas Revolucionários se transformaram em atores com enorme peso político, o que amplia a radicalização. 

Pressão demográfica, urbanização acelerada, crescimento econômico excludente e repressão política desenham o atual perfil da sociedade iraniana. Enquanto em 1976 o Irã tinha 34 milhões de habitantes, metade vivendo em áreas rurais, em 2016 a população atingia 80 milhões, sendo 75% urbana. Ao mesmo tempo, o percentual de jovens revelou crescimento expressivo e a população universitária se elevou de forma assustadora, bem como a participação de mulheres. 

Diante desse perfil, a resposta do atual regime tem sido um mix de radicalização domésticde apoio a grupos extremistas na região. Khameneni, com 83 anos e saúde precária, acredita que as medidas liberalizantes adotadas pelo antigo regime do Xá aceleraram sua queda. Como não quer repetir esse erro, Khamenei aposta na repressão violentacom o legado de mais de 500 mortos nos últimos cinco meses


Nuclearização

Se, na vertente doméstica, a desestabilização é visível nas manifestações de massa contra arepressão e na hegemonia política dos radicais liderados pelo Presidente Raisi, na vertente externa o Irã ameaça a região com o apoio armado a movimentos de insurreição e abala o mundo com o programa nuclear. É preciso ver em perspectiva história e com naturalidade essas duas vertentes da política externa iraniana. 

Ameaçada pelas monarquias conservadoras do Golfo e pelos EUA, a Revolução, desde seu nascimentoteve como melhor defesa o ataque, com o objetivo maior de sobrevivência. Até hoje, essa estratégia inspira o apoio armado a movimentos de contestação:o Hamas em Israel; o Hezbollah no Líbano; e os Houthis no Yemen. Na Síria, em contraste, o Irã apoia o status quo do Presidente Assad.

Essa “ética do ataque” está no DNA da Revolução. Mas vem sendo agravada, desde 1979, por uma política externa norte-americana de regime changeincapaz de reconhecer que o regime iraniano é irreversível. Os erros históricos dos EUA foram magnificados por Bush, com a destruidora invasão do Iraque em 2003, e pela sequência de desastres provocados por Trump: a retirada norte-americana do Acordo Nuclear em 2018; a política de maximum pressure sobre o Irã; e a terceirização do papel dos EUA no Oriente Médio, em favor da Arábia Saudita, Emirados Árabes e Israel. 

O Irã tem uma longa história de convulsão social e radicalismo políticoMas foi também o berço de invejável patrimônio religioso, cultural e científicoda humanidade. Os EUA só têm olhos para aquela primeira dimensão. Isso agrava os problemas domésticos e alimenta o principal impasse da política externa norte-americana na região – a Revolução Iraniana.  

 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Qual é o maior desafio à diplomacia brasileira, em décadas? - Paulo Roberto de Almeida

 Qual é o maior desafio à diplomacia brasileira, em décadas? 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Nota sobre a questão do desafio russo e chinês à paz e à segurança internacionais, do ponto de vista do Brasil

  

Não é nem a retomada de sua pretensa liderança na América do Sul, para conduzir um processo exitoso de integração econômica regional (ou minimamente com chances de prosperar), nem sua reinserção no debate global, sobre negociações econômicas globais (na OMC, no G20, na OCDE, quando for o caso), ou sobre debates em torno da sustentabilidade e as metas do desenvolvimento sustentável, coisas que poderão ser feitas com base numa visão realista das possibilidades e no trabalho metódico de sua diplomacia profissional.

O maior desafio à diplomacia brasileira, ao próprio Brasil, como NOS ANOS TRINTA, radica nos conflitos entre grandes potências, atualmente representados pela GUERRA DE AGRESSÃO DA RÚSSIA À UCRÂNIA e no apoio da China a essa ruptura nas relações internacionais da atualidade.

Ou seja, o desenvolvimento "normal" das relações exteriores de quaisquer países é suscetível de passar por grandes desafios, quando algum evento inesperado vem romper os circuitos normais do relacionamento econômico, político e diplomático entre esses países.

Nos anos 1930, esse relacionamento foi conduzido ao ponto de ruptura pelo expansionismo militarista de grandes potências fascistas interessadas em recompor os equilíbrios existentes no mundo, ou seja, interessadas na criação de uma "nova ordem mundial". Esse foi o caso da Alemanha de Weimar – que começou a se rearmar assim que Hitler conquistou o poder –, da Itália fascista – com o projeto de Mussolini de recriar um grande Império, na África e nos Balcãs – e do Japão militarista, querendo fazer um "grande arco de co-prosperidade" na Ásia Pacífico, contra as velhas potências colonialistas europeias.

Atualmente, é o desejo de Putin de tornar a Rússia novamente dominante na Eurásia, recompondo as esferas de poder do antigo império czarista e do finado império soviético.

 

Se Lula e seus petistas amestrados, ou a diplomacia brasileira, não entenderem isso, vão deixar o Brasil totalmente desconectado do principal problema de paz e segurança internacional na atualidade. Nos anos 1930, Oswaldo Aranha soube administrar os desafios ao Brasil e as alianças que convinha manter para garantir um mundo mais propenso ao desenvolvimento do Brasil, assim como o Barão do Rio Branco tinha administrado a transição da antiga hegemonia britânica para o novo poderio americano da melhor forma possível para o Brasil, inclusive em relação à agressividade da Argentina nessa época, evitando entrar em competição naval com ela, o que já ocorria entre a Grã-Bretanha e a Alemanha imperial.

 

Parece que Lula e seus conselheiros "diplomáticos" estão fazendo um cálculo "chinês" da situação atual das relações internacionais, ou seja, um inevitável declínio americano e a abertura de espaço para conquistar "novos espaços" para o Brasil, numa possível nova ordem internacional liderada pelos Brics, o que é uma aposta não apenas hipotética, ou arriscada, como totalmente EQUIVOCADA, ab inicio, ao vincular o Brasil a duas grandes autocracias que não tem NADA A VER – exceto relações comerciais – com o Brasil no terrenos dos princípios, dos valores, dos grandes objetivos humanistas e democráticos da nossa nação como país ocidental, democrático e pacífico.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4330: 28 fevereiro 2023, 2 p.


 

 

Os americanos (Executivo e Legislativo) preparam um "descasamento" bilateral com a China: será possível? - Olivier Knox (WP)

Estranho que as duas maiores economias do mundo sejam "desconectadas" uma da outra. Ou melhor: não é a China que pretende "descasar", ou as grandes companhias americanas, que ganharam muito dinheiro com a China nas últimas três ou quatro décadas, mas sim os americanos, por razões não exatamente econômicas, e sim de competição estratégica.

Os grandes impérios em competição – como a Alemanha e a Grã-Bretanha imperiais, por exemplo, na época da belle époque – realizavam sua corrida armamentista, isto é naval, antes da Grande Guerra, mas mantinham uma interação econômica bastante intensa.

Até onde essa iniciativa de um "falcão" da House vai prosperar, e até que limites ela pode prejudicar os próprios EUA?

Paulo Roberto de Almeida

 

House committee on China starts two-year drive to ‘decouple’

By Olivier Knox
with research by Caroline Anders
The Washington Post, February 28, 2023
Rep. Mike Gallagher (R-Wis.) is chair of the House select committee focusing on the U.S.-China relationship.. (REUTERS/Elizabeth Frantz)

Rep. Mike Gallagher (R-Wis.) is chair of the House select committee focusing on the U.S.-China relationship.. (REUTERS/Elizabeth Frantz)

Rep. Mike Gallagher said he doesn’t blame past leaders for betting that inviting China into the global economy would induce Beijing to follow rules set by liberal industrial powers, notably the United States, and become a good global citizen, perhaps even embrace political reforms.

But it’s time to cut our losses.

“Everyone made the same basic bet on China,” Gallagher told The Daily 202 in a phone interview on Sunday. “That bet made sense. It was logical. But it failed. So now we’re trying to extricate ourselves.”

The Wisconsin Republican, a former Marine counterintelligence officer, chairs the weeks-old House committee on China. The panel holds its first hearing Tuesday, kicking off what he says will be a two-year effort to map a way for America to “selectively decouple” the two economies.

The committee will take a big-picture look at Beijing’s military rise, its threats to take over the democratically self-governed island of Taiwan by force, and its overt and covert efforts to influence public opinion by silencing critics and spreading propaganda.

THE FIRST HEARING LINEUP

Gallagher will set the tone with the first hearing, at 7 p.m. on Tuesday. The unusual evening schedule could widen the audience: Most congressional hearings occur during the day, when working Americans have a harder time tuning in.

 

The witnesses will be:

  • Matthew Pottinger, a longtime China hawk who served as the top Asia policy official on former president Donald Trump’s National Security Council.
  • H.R. McMaster, a retired U.S. Army Lt. General who served Trump as national security adviser.
  • Tong Yi, a Chinese human rights advocate and former secretary to one of China’s most prominent dissidents, Wei Jingsheng. Gallagher said Tong was “about as credible as any human being” on the topic of China’s domestic repression of critics.
  • Scott Paul, president of the Alliance for American Manufacturing. Gallagher said Paul, added to the list by Democrats, would detail the economic damage to the United States from Chinese competition.

“Our hope is to come away from this with a better sense of why the CCP is a threat and why someone in Northeast Wisconsin or other parts of the country should care about that threat,” Gallagher said, using the abbreviation for the Chinese Communist Party.

WITH 2024 LOOMING, CAN THIS STAY BIPARTISAN?

As The Daily 202 chronicled back in December, Gallagher may have a once-in-a-generation opportunity to stitch Republicans and Democrats together on sweeping policy responses to the challenge of China. That doesn’t mean there won’t be disagreements, even profound ones.

“We’re not going to agree on 100% of everything,” he said Sunday. “There may be times when I want to go further and more aggressively than the Democrats want to go, and vice versa. But we’re going to try to preserve the bipartisan center of gravity.”

Gallagher said “there’s a lot of disagreement about how exactly” America limits its economic relationship with China, but pointed to “a recognition in both parties” that this must happen.

“I think we can come up with a coherent framework for selective decoupling that has the buy-in of 70% of Congress,” he said.

A ‘TENSE DIALOGUE' WITH CORPORATE AMERICA

The committee will also look at the troubled and sometimes troubling relationship between corporate America and China, especially instances in which big firms, Hollywood, or the NBA have sometimes bent over backward to accommodate Beijing.

 

Gallagher said his panel “is going to be calling certain businesses, certain industries, to either testify before, or talk to behind closed doors, the committee, and explain what the trade-offs are to doing business” in China. It could be “a tense dialogue at times.”

“I understand why major American companies have a massive presence in China — same reason John Dillinger robbed banks: That’s where the money is,” Gallagher said. “And I get that the ship of state is an aircraft carrier, it doesn’t turn on a dime, so we’re not going to selectively decouple overnight, and I’m not calling for a complete decoupling.”

But American taxpayer dollars cannot be “unwittingly funding Communist genocide or PLA [People’s Liberation Army] modernization.”

IS BIDEN A PARTNER? OR SOMEONE TO PRESSURE?

“It depends on the issue,” according to Gallagher, who said he sees an administration “divided” along several lines. The National Security Council and the Pentagon seem more inclined to confront China, he said, while officials whose top priority is fighting climate change believe in “a more cooperative relationship with China.”

But there’s room to work together on issues like high tech, clearing a backlog of U.S. weapons shipments to Taiwan, trade, and taxation, he said. And perhaps the committee can help “empower” more hawkish officials inside the executive branch.

“The American system is premised on the idea you can have competing views,” Gallagher said. “We’ll preserve room for honest disagreement and debate. It doesn’t need to be holding hands and singing Kumbaya all the time.”

 

A nova ordem econômica global e o Brasil - Rubens Barbosa (OESP)

A NOVA ORDEM ECONÔMICA GLOBAL E O BRASIL

 

Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo, 28/02/2023


Em termos econômicos, desde o fim da Grande Guerra, em 1945, o liberalismo se impôs, com a redução do papel do Estado e a força do livre comércio, com a criação do FMI, Banco Mundial e GATT (depois OMC). A globalização, que aproximou países, empresas e pessoas, possibilitou a proliferação de acordos comerciais e o estabelecimento de cadeias produtivas baseadas na eficiência. O fim da URSS em 1991, com a nova ordem baseada em uma única superpotência, a entrada da China na OMC em 2001 e a realocação das cadeias produtivas para a China, confirmaram a ordem liberal. A volta da China como potência econômica e comercial global, trouxe o elemento geopolítico na cena econômica. Com Donald Trump, em 2017, são introduzidas medidas restritivas dos EUA contra a China, começa o esvaziamento da OMC e a perda de força das regras multilaterais de comércio. Essa tendencia é agravada pela pandemia e mais recentemente pelo conflito Rússia/Ucrânia e pelas tensões entre China e Taiwan, acelerando a configuração de uma nova ordem econômica.

                A nova ordem econômica mostra que a eficiência na definição de políticas econômicas é substituída por objetivos de segurança, soberania e poder. Evidências disso são o ataque ao livre comércio, a negociação de acordos comerciais regionais (não bilaterais), a realocação das cadeias produtivas, o crescente número de restrições comerciais por razões políticas e a busca de autossuficiência. A globalização passa por importantes ajustes com a descentralização das cadeias de produção, pelo aumento dos subsídios, do custo transporte e pela desorganização e os altos preços nos mercados agrícola e energético. Considerações sobre meio ambiente e mudança de clima passaram a ter impacto sobre as negociações comerciais. O nacionalismo representado pelo fortalecimento das economias domésticas para conseguir uma autonomia soberana em áreas consideradas estratégicas e a definição de novas políticas industriais nos EUA afetaram diretamente o liberalismo e o livre comércio, gerando tensões, com impactos globais. O populismo fortaleceu o intervencionismo protecionista. Considerações de poder, com base na segurança nacional passaram a influir na aplicação de controle de exportações como arma política, como as sanções, que incluíram, entre outras, a limitação do comércio dos semicondutores, a retirada de empresas chinesas da Bolsa de NY e o congelamento de reservas. Assim, a emergência da China e da Ásia como eixos de poder econômico, a disputa com os EUA, a guerra Rússia/Ucrânia, podem levar a uma nova Guerra Fria, em outras bases, com divisão do mundo (Ocidente/Eurásia), não em função de disputa ideológica ou militar, mas econômica, tecnológica e comercial.

                Em resumo, a nova ordem econômica está baseada na segurança de abastecimento e não no “just in time”; na realocação das cadeias produtivas, na segurança energética, no controle de investimentos, na formação de blocos regionais, na utilização da moeda como arma geopolítica e no mundo com crescimento reduzido e alta inflação.

                Qual o impacto da nova ordem sobre o Brasil? Colocando a casa em ordem, com políticas econômicas que respondam com eficiência aos desafios internos de aumento da produtividade e competitividade, e com uma visão pragmática em relação as transformações econômicas e políticas que estão correndo, poderíamos ser um dos beneficiários das novas circunstâncias internacionais.

A emergência da China e da Asia, sob o aspecto econômico, foi muito favorável aos produtos agrícolas brasileiros que encontraram novos mercado e preços elevados, tornando o Brasil um dos três maiores exportadores mundiais de alimentos. A realocação das cadeias de produção poderá abrir oportunidades para o Brasil em nível regional com investimentos em áreas de nosso interesse. O mercado de carbono, com a adequada proteção do meio ambiente, em especial da Floresta Amazônica, poderá representar ganhos financeiros significativos para empresas e para o país.

Esse é o pano de fundo quando se diz que o mundo mudou, coincidindo com o início do novo governo. São muitas as consequências negativas da nova ordem econômica sobre o Brasil. Estarão elas sendo levadas em conta pelo atual governo com visão estratégica? Como enfrentar o enfraquecimento do multilateralismo, com a perda de relevância da OMC, deixando países como o Brasil sem proteção jurídica para o desrespeito das regras internacionais? Como enfrentar as restrições comerciais políticas, os altos custos, a transformações tecnológicas com o 5G e a Inteligência Artificial? Como serão respondidas as restrições às exportações brasileiras, sobretudo pela política ambiental em relação à Amazonia, assim como aquelas em função da aprovação de nova regulamentação europeia de desmatamento? Como reduzir a vulnerabilidade, representada pela concentração das exportações em poucos mercados e produtos, e a dependência dos semicondutores, fertilizantes e insumos farmacêuticos. E a política para a reindustrialização?

Estamos voltados aos temas do século passado como a conclusão das negociações do Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a União Europeia, o ingresso na OCDE e o financiamento de projetos em países vizinhos. 

Acorda Brasil!

 

Rubens Barbosa, presidente do IRICE e ex-embaixador em Londres e Washington


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