segunda-feira, 28 de julho de 2025

Relações Brasil-EUA sob o impacto do antiamericanismo de Lula e do PT - 👆Humberto Saccomandi (Valor)

Antiamericanismo de Lula e do PT prejudica o Brasil

Humberto Saccomandi

Valor Econômico, 28/07/2025


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um dos poucos líderes mundiais que vêm adotando uma abordagem de confronto em relação a Donald Trump. A maioria dos líderes vêm sendo mais cautelosos no trato com o presidente americano e buscam algum tipo de acomodação, por meio de concessões e bajulação. Não está claro se isso teve alguma influência na decisão de Trump de adotar o tarifaço contra o Brasil e nem se vem dificultando as negociações com Washington. Mas certamente não ajuda.


A Presidência de Trump marcou uma ruptura na relação dos EUA com o resto do mundo. O discurso diplomático foi substituído por uma prática transacional e, frequentemente, de confronto. Trump trata aliados e adversários do mesmo modo, com ameaças públicas, pressão econômica, humilhação retórica e imprevisibilidade como tática. Isso levantou a questão de como os demais governos devem reagir ao seu estilo de coerção e bullying político. O retrospecto mostra que desafiá-lo e manter a tensão alta não costuma ser a melhor opção.


Fora do grupo de países declaradamente inimigos dos EUA (como Venezuela e Irã), Lula tem se destacado por seus ataques frequentes ao presidente americano. Isso começou antes mesmo da eleição de Trump. O presidente brasileiro apoiou publicamente a candidata democrata, Kamala Harris, sugeriu que a vitória do republicano era uma ameaça à democracia americana e significaria a volta do fascismo com outra cara. Chegou a chamar Trump de “desumano”.

Após as eleições, o tom confrontador continuou. Em fevereiro, por exemplo, Lula afirmou que Trump queria ser “imperador do mundo”, algo que repetiu agora em julho. Depois do tarifaço, as provocações são quase diárias. O brasileiro disse que a taxação tem como base uma “mentira” (seria mais diplomático dizer “um erro”), que é “um desaforo ao Brasil e à Justiça brasileira”, uma "chantagem inaceitável". Disse ainda que Trump “não quer conversar”, que “se estiver trucando, vai tomar um seis”, que “deveria ser menos internet e mais chefe de Estado” e que Trump deveria "falar manso" se quiser ser respeitado. A lista é longa.

O presidente brasileiro frequentemente ironiza Trump. Comentando a carta do americano que falava em caça às bruxas contra Jair Bolsonaro, Lula disse: “Primeiro, ele acredita em bruxas. Alguém aqui acredita em bruxa?”. Em outra ocasião, sugeriu que Trump pensou mais com o fígado e com o intestino do que com a cabeça ao decidir pelo tarifaço.


Trump é vaidoso e não gosta de ser confrontado, especialmente por quem não tem as cartas para isso, como ele costuma dizer. Poucos têm essas cartas, talvez apenas China, Rússia e União Europeia. Mas como outros líderes reagiram?

O caso mais interessante e próximo é o da presidente mexicana, a esquerdista Claudia Sheinbaum. O México é o país amigo com o qual Trump tem mais atritos, principalmente nas questões de comércio, imigração e narcotráfico. Ele anunciou tarifas, ignorando um acordo comercial que ele mesmo negociou e assinou. Acusou ainda os mexicanos de invadirem os EUA e de serem estupradores. Foi várias vezes desrespeitoso com o país e chegou a rebatizar o Golfo do México de Golfo da América (ou seja, dos EUA).

Ainda assim, Sheinbaum manteve uma postura tranquila e pragmática. Ao contrário de Lula, ela fala muito pouco em público sobre os problemas com os EUA e com Trump. Logo após as primeiras medidas contra o México, ela fez voluntariamente algumas concessões. Enviou cerca de dez mil soldados para patrulhar a fronteira com os EUA, visando reduzir o fluxo de migrantes (mexicanos e de outros países) e o narcotráfico, e revertendo políticas de seu predecessor e mentor, Andrés Manuel López Obrador.

Quanto às tarifas americanas, Sheinbaum criticou-as e ameaçou retaliar, mas prometeu importar mais dos EUA, menos da China, e buscou esfriar as tensões. Sua estratégia tem sido a a de defender o país, mas sem atacar ou provocar Trump diretamente. É uma resistência passiva, como fez a ex-premiê alemã Angela Merkel no primeiro mandato do americano.

( … )

Isso tudo significa que Lula é culpado pelo tarifaço?

Possivelmente não. Como disse a revista “The Economist”, as ameaças de Trump são uma “chocante agressão” ao Brasil e uma rara interferência profunda na América Latina desde a Guerra Fria. Os objetivos parecem ser ajudar Bolsonaro, enfraquecer e punir os Brics e favorecer empresas financeiras e de tecnologia americanas.

Mas, se não é necessariamente parte do problema, Lula parece não estar se esforçando para ser parte da solução, ao antagonizar regularmente Trump como vem fazendo. A Casa Branca sinalizou que vem prestando atenção a isso.


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Paulo Roberto de Almeida: Vidas Paralelas: Rubens Ricupero e Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil (Ateliê de Humanidades)

Paulo Roberto de Almeida

Vidas Paralelas: Rubens Ricupero e Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil

(Rio de Janeiro: Ateliê de Humanidades, 2025)

Sumário

PREFÁCIO – Fernando de Mello Barreto

A TÍTULO DE APRESENTAÇÃO: UMA NOTA PESSOAL SOBRE MINHAS AFINIDADES ELETIVAS

1. UMA HISTÓRIA INTELECTUAL: PARALELAS QUE SE CRUZAM
Por que uma história intelectual paralela?
Por que vidas paralelas numa história intelectual?
Quão “paralelos” são Rubens Ricupero e Celso Lafer?
A importância de Ricupero e de Lafer nas relações
internacionais do Brasil
O sentido ético de uma vida dedicada à construção do Brasil

2. RUBENS RICUPERO: UM PROJETO PARA O BRASIL NO MUNDO
Do Brás italiano para o Rio de Janeiro cosmopolita
Um começo desconcertante na vida diplomática
Uma carreira progressivamente ascendente, pela via amazônica
Afinidades eletivas com base no estudo do Brasil e no conhecimento do mundo
Professor de diplomatas e de universitários, no Instituto Rio Branco e na UnB
O assessor internacional e o Diário de Bordo da viagem de Tancredo Neves
O Brasil no sistema multilateral de comércio
O mais importante plano de estabilização da história econômica brasileira
UNCTAD: a batalha pela redução das desigualdades globais
Um pensador internacionalista, o George Kennan brasileiro
A figura incontornável de Rio Branco, o paradigma da ação diplomática
Brasil: um futuro pior que o passado?
O Brasil foi construído pela sua diplomacia? De certo modo, sim
Quais as grandes leituras de Rubens Ricupero?

3. CELSO LAFER: UM DOS PAIS FUNDADORES DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NO BRASIL
A abertura de asas de um intelectual promissor
A tese de Cornell sobre o Plano de Metas de JK
Irredutível liberal: ensaios e desafios
As relações econômicas internacionais: reciprocidade de interesses
A trajetória de Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil
Direitos humanos: a dimensão moral do trabalho intelectual
Um diálogo permanente com Hannah Arendt
Norberto Bobbio: afinidades eletivas com o sábio italiano
A aventura da revista Política Externa e seu papel no cenário editorial
A diplomacia na prática: a primeira experiência na chancelaria, 1992
A diplomacia na prática: a segunda experiência na chancelaria, 2001-2002
No templo dos imortais: “intelectual militante” e “observador participante”
O judaísmo laico de Lafer e a unidade espiritual do mundo de Zweig
Uma coletânea dos mais importantes artigos num amplo espectro intelectual

4. PARALELAS CONVERGENTES: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bildung pessoal nas relações internacionais do Brasil
A dupla dimensão das vidas paralelas
Dois “professores” e não só de política externa
A République des Lettres do Itamaraty e dois dos seus representantes

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Prefácio de Fernando de Mello Barreto

        Prefaciar obra a respeito de Rubens Ricupero e Celso Lafer, dois ícones, não apenas da política externa brasileira, mas de muitas outras áreas do cenário nacional, constitui enorme honra e imensa responsabilidade. Tanto o autor, Paulo Roberto de Almeida, meu amigo e colega de concurso para o Instituto Rio Branco, como eu temos tido o privilégio de conviver há décadas com os dois protagonistas deste livro.
Imagino que para Paulo, como ocorre comigo, a admiração por ambos os biografados pode nos impedir de manter a necessária isenção em obra destinada ao público. Por outro lado, essa convivência com Ricupero e Lafer nos proporcionou, ao longo doa anos, postos de observação destacados onde pudemos vê-los atuar e exibir muitas das qualidades que ambos os biografados compartilham, entre as quais a sabedoria, a erudição, a capacidade analítica, o incansável labor intelectual, a simplicidade, a gentileza no trato e as abundantes qualidades humanas de cada um. Paulo as chamou de “afinidades eletivas”. Aliás, não esconde sua admiração pelos “traços do caráter de cada um” de seus biografados.
        Cabe a mim, neste Prefácio, tarefa muito mais fácil do que a do autor pois ele se propôs a enfrentar o desafio de não apenas tratar de duas vidas paralelas, mas sobretudo o de analisar e comparar seus sofisticados pensamentos, influências recebidas bem como o impacto de cada um no pensamento brasileiro. Chamou seu trabalho de história intelectual que definiu como sendo “uma síntese tentativa do imenso volume de conhecimento que eles [Ricupero e Lafer] colocaram à disposição do público brasileiro”.
        Paulo dedicou a obra aos “jovens que sonham com uma carreira na diplomacia, ou mesmo aos simples curiosos pelas nossas relações internacionais” nas últimas décadas. Ao mesmo tempo, referiu-se a este livro como uma “homenagem especial a duas nobres personalidades”.
Na apresentação, Paulo Roberto de Almeida nota o papel dos intelectuais no Itamaraty, tendo destacado José Guilherme Merquior, diplomata cujo brilho intelectual também marcou sua vida, precocemente interrompida. De minha parte, ocorre-me recordar que, desde o início de sua era moderna, no Renascimento, a diplomacia atraiu escritores, entre os quais, Petrarca, Maquiavel, Bocaccio, Ronsard, Chaucer e Dante Alighieri. Haverá algo no trato diário dos temas internacionais que terá levado autores ligados à diplomacia a observar, informar, analisar, propor e expor ideias e pensamentos? Possivelmente sim, pois, como observou Matingly, a diplomacia sempre atraiu “mentes a curiosas e atentas” (Renaissance Diplomacy, Cape, Londres: 1955), p. 39-40).
        Com razão, Paulo afirma ser “assustador” o volume e a variedade da produção intelectual de cada um dos biografados. Reconhece terem partido de trajetórias pessoais distintas, mas nota que suas vidas se “cruzaram, se imbricaram e não mais se deligaram, nem se desfizeram”. Data esse encontro do início da década de 1990, quando ambos trabalhavam em Genebra. Devo dizer que testemunhei esse momento pois trabalhava com Lafer naquela cidade e, de vez em quando, presenciava também a atuação de Ricupero na chefia da UNCTAD. Recordo-me de relato que Lafer me fez de um encontro de ambos com um eminente rabino, ocasião em que trataram, entre outros temas, da literatura francesa contemporânea, numa clara demonstração da amplitude de interesses de ambos (e do visitante).
        Paulo Roberto de Almeida transcreve, ainda na apresentação, escritos de Lafer e de Ricupero sobre as semelhanças entre ambos, resumidos por este último como politicamente próximos por serem ambos “liberais com consciência social”, além de admiradores de autores como Isaiah Berlin, Bobbio, Hannah Arendt e Raymond Aron. De sua parte, Lafer refere-se a “afinidades intelectuais” que se traduziriam em uma “muito compartilhada visão sobre a inserção internacional do Brasil”.
        Não me cabe aqui senão expressar minha conclusão de ter Paulo Roberto de Almeida alcançado o objetivo de seu ambicioso projeto consistente em esmiuçar os pensamentos de Ricupero e de Lafer ao longo dos quatro capítulos de que se compõe o livro: o primeiro dedicado à análise aos paralelos das vidas intelectuais de cada um dos biografados; o segundo voltado exclusivamente à produção intelectual de Ricupero; o terceiro à de Lafer; e, por fim, o quarto, onde o biógrafo apresenta suas considerações finais sobre ambos os biografados, entre as quais aquelas à quais me referi acima no tocante aos traços de caráter de Ricupero e Lafer, nos quais se sobressai a “humildade e a bonomia” com que ambos tratam a todos.


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Lançamento em breve...

O Ártico se tornou quente de novo: book review of America in the Arctic: Foreign Policy and Competition in the Melting North, by Mary A.Thompson-Jones; review by David Arnold

 Arnold on Thompson-Jones, 'America in the Arctic: Foreign Policy and Competition in the Melting North' [Review]

H-Diplo: New posted content

Arnold on Thompson-Jones, 'America in the Arctic: Foreign Policy and Competition in the Melting North' [Review]

H-Net Reviews
Thompson-Jones, Mary A.. America in the Arctic: Foreign Policy and Competition in the Melting North. : Columbia University Press, 2025. 344 pp. $35.00 (cloth), ISBN 9780231198400.

Reviewed by David Arnold (National War College)
Published on H-Diplo (July, 2025)
Commissioned by Seth Offenbach (Bronx Community College, The City University of New York)

Printable Version: https://www.h-net.org/reviews/showpdf.php?id=61883

For the first time since the Cold War, the Arctic region has become hot again. The Barack Obama presidential administration published its Arctic strategy in 2013, the first Donald Trump presidential administration built on it with military service strategies for the region, and the Joseph Biden presidential administration published a national strategy and a defense strategy for the region. Mary A. Thompson-Jones’s book, America in the Arctic, provides a useful history of US actions in the region to inform those who might only have begun paying attention to recent regional developments. Thompson-Jones gives us a very readable primer on the Arctic, focused on the history of the United States in the region. It is well-organized and a good place to start for those interested in recent Arctic history. Thompson-Jones is a professor of national security strategy at US Naval War College and a former senior diplomat in the US Foreign Service. She is also the author of a previous book, To the Secretary: Leaked Embassy Cables and America’s Foreign Policy Disconnect (2016).

The research question for this book is “What does change in the Arctic mean for the United States?” (p. xviii). An outline in the introduction proceeds from the assumption that the United States has an “Arctic destiny” (p. xix). Other assumptions embedded in the book are that the climate is changing and influencing the Arctic and that the eight Arctic nations in the book are the most militarized in the world. The author’s regional comparisons highlight cultural, political, and economic differences between the nations at the strategic level.

Chapter 1 provides a historical overview of the history of the Arctic region, emphasizing the many perceptions of the Arctic that have little to do with reality. This chapter focuses on the North Pole, the land, the ocean, the ice, and climate change.

In the second chapter, about Alaska, the author examines the history of the state through two lenses: aviation and distance. A culture of aviation in Alaska, along with the land, the sea, and the military have all had an impact on the state. But even today, most Americans do not see the United States as an Arctic nation, which complicates American foreign policy and Alaska’s relationship with Washington, DC.

Chapter 3 examines Canada’s Arctic interests, using the up-and-down US-Canadian relationship as a lens. The Arctic, the author asserts, is essential to Canadian identity but the Canadian military has atrophied, affecting its ability to secure its interests in the region. Thompson-Jones examines three factors which explain Canadian sensitivities about the Arctic: Canada’s prolonged route to nationhood; the challenges of asserting control over its Arctic, including and especially the Northwest Passage; and the reality of neighboring the United States.

The next chapter, on original NATO member Iceland, points out that although the “Arctic Coastal State” has no military, it nevertheless has a strategic location (p. 80). The American-Icelandic history dealing with cod fishing and Keflavik Air Base is particularly interesting. For various political, cultural, and economic reasons, the locals really did not want US forces in Iceland but they were angry when the US military moved to a non-permanent, rotational approach (p. 101). Nevertheless, the Russian invasion of Ukraine drove the Icelandic government closer to NATO.

The chapter on Greenland, Denmark, and the United States covers the latest idea of the United States buying Greenland, which the United States tried to do even before the current presidential administration suggested it. This chapter might have shown the strong Danish-American relationship with at least a brief mention of the contributions Denmark made in Operations Desert Storm and Enduring Freedom, which were outsized compared to its peers in NATO. That said, chapter 5 is a good synthesis of a lot of previous work, including the 1968 B-52 crash, the Henrik Hansen papers, Camp Century, and Project Iceworm, all of which strained the Danish-American relationship in one way or another during the Cold War.

Norway’s location is more important than its relatively small population because its 1,100 miles of shoreline have greater significance than its population of five million. As in other chapters, chapter 6 has a lot of history of the US relationship with Norway, selectively focused through the lens of the Arctic. For example, the US role in the 1920 Spitzbergen Treaty shows the US’s longtime interests in Arctic policies. But the author points out, the US-Norway relationship has been uneven.

Having a chapter combining Finland and Sweden seems at first glance inconsistent with the approach in the rest of the book but, as the author points out, the Russian invasion of Ukraine was the straw that broke the camel’s back for these two nations. Both countries had been NATO partners for decades but Russia’s actions pushed them into NATO as full members, in part because they were both seeking the guarantees of NATO’s Article 5. Covered in this chapter are Finland’s war against the Soviet Union and Sweden’s development of a nuclear weapon. Today, the author points out, both nations are reliable NATO allies, describing Finland as a “heavyweight ally” and Sweden as jumping in with both feet (p. 180). The Swedish Sámi Indigenous people make an appearance here, but the Indigenous peoples of the Arctic appear in the book only in passing.

A chapter on Russia finishes out the country-by-country tour of the Arctic, with the author asserting that the country’s decline is having a particular impact on the Arctic. There is a lot of discussion about what is happening in Siberia by describing the “dying” cities of Murmansk, Vorkuta, and others (p. 208). This chapter does not, however, say much about the US-Soviet/Russian history in the Arctic. Instead, it asserts that the roots of Russian decline are found in the inability of the Russian government to deal with falling demographics, the Ukraine war, and climate change, all of which affect Russia. This chapter could have used at least a mention of the American army’s operations during the Russian Civil War in the 1920s or American incursions into Soviet airspace during the Cold War. Yet by showing how Russia is again militarizing the Arctic with lots of new construction, the author reinforces that the Arctic is an American security dilemma but that the United States is better positioned than Russia because Russia does not have the same number of friends in the Arctic that the United States does.

Finally, the last chapter concludes that the United States is returning to the Arctic because, in the wake of the Ukraine war, many Arctic nations are afraid the Russians are not done. However, the United States is slow about making changes to Arctic policies and is more likely to be focused on security than economic, climate, or Indigenous peoples’ issues, none of which neatly align with national borders. Unfortunately, the Arctic is seen as a mission no American military service really wants, even the US Coast Guard. Alaska Sen. Dan Sullivan (R) is quoted as saying of Department of Defense’s 2019 Arctic Strategy, “It was a thirteen-page document, seven [pages] of which I believe were pictures. Russia was mentioned once in a footnote.... This was not a serious strategy” (p. 241). Therefore, it seems that state governments in the American system are more likely than the national government to take the lead on Arctic issues, an approach seldom discussed in policy work on the Arctic. The author would prefer, however, that the United States use “domain awareness, diplomacy, local collaboration, and science” to improve its Arctic presence and develop new national approaches to Arctic issues (p. 257).

Ultimately the author concludes that the United States has national interests in the region. Generally, though, the United States sees the Arctic as a security problem, despite the loads of good, friendly partners in the region. If the Arctic is a security problem, the author asserts, the United States is woefully unprepared for conflict there because of a lack of deepwater ports, ice breakers, and air power. It is, however, refreshing to see mention of the United States’ northernmost military installation, Pituffik (formerly Thule) Space Base, a critical NATO installation that is usually omitted from Arctic security discussions in print.

It is not surprising, then, that the author sees the key to future US security as lying in diplomacy. Centered on the Arctic Council, diplomacy could be used, the author asserts, to deemphasize threats and emphasize opportunities, especially economic ones, for industry and small entrepreneurs.

David Christopher Arnold, National Defense University, Washington, DC.

The views expressed here are those of the author and do not represent the views of the US Government, the Department of Defense, or any of its components.

Citation: David Arnold. Review of Thompson-Jones, Mary A.. America in the Arctic: Foreign Policy and Competition in the Melting North. H-Diplo, H-Net Reviews. July, 2025.
URL: https://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=61883

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 3.0 United States License.

Acordo tarifário entre o Japão e os EUA (isto é, com o Trump) : lições para os diplomatas brasisleiros (Hudson Institute)

 Eu acredito que os diplomatas brasileiros estejam seguindo, estudando seriamente, tirando conclusões para o Brasil das negociações mantidas pelo Japão e pela UE com o timaço do Trump, pois é isso para o que servem os diplomatas. A partir desse estudo, eles devem estar orientando nossos negociadores, o Alckmin, a negociarem com o timaço do Trump, não é mesmo?

Aqui os ensinamentos do Hudson Institute sobre as negociaões com o Japão:

Weekend Reads

Implications of the US-Japan Trade Deal
After more than three months of formal negotiations and many more months of speculation about the Trump administration’s trade and economic policy toward Japan, Washington and Tokyo have agreed to a trade deal.
Both sides would admit negotiations were a challenge. But the deal affirms each country’s priorities, ensures economic benefits for both Japan and the United States, and promises to deepen the two countries’ industrial, technological, and energy cooperation.
As the US continues to negotiate with the European Union, South Korea, Taiwan, and China on trade, William Chou explains why the deal with Japan succeeds and what other leaders should learn from these negotiations.
Read the full policy memo.
https://hudsoninstitute.cmail19.com/t/i-l-furllkl-otlyklth-i/

Key Insights

1. The deal secures each nation’s major priorities.

There are several mutually beneficial terms of the deal that are worth highlighting:
Japan will create a $550 billion investment fund to help “rebuild and expand core American industries.”
The US reduced reciprocal tariffs on Japan from 25 percent to 15 percent, cut Section 232 tariffs on automobiles, and granted Japan a safety clause to guarantee it pays the lowest possible rate on Section 232 tariffs for semiconductors and pharmaceuticals.
Japan will purchase $8 billion of American agricultural goods and 100 Boeing aircraft. It will also increase its expenditures on US military equipment from $14 billion to $17 billion.
Tokyo is exploring ways it could participate in the Alaskan liquefied natural gas project.


2. The deal opens the door for US-Japan conversations on other important issues.

The trade deal will shape other aspects of US-Japan relations like Japanese defense spending and currency rates. In 2022, Japan announced plans to increase its defense budget to 2 percent of its gross domestic product by 2027. But recent events have reignited Japanese officials’ fears that the US government, especially the Department of Defense, will demand that Japan commit to a significant defense spending increase. Additionally, Trump grouped Japan with China as a currency manipulator to help justify tariffs in March. This prompted Ishiba to state in the Diet that Japan was not intentionally pushing down the yen’s value to increase exports. During trade talks, lead negotiator Ryosei Akazawa largely avoided discussions on currency rates. With the conclusion of the deal, these discussions may return.


3. Other countries may follow Japan’s lead.

The US-Japan trade deal also provides a model for US deals with the European Union and South Korea. Like Japan, these entities are major US trading partners with significant trade surpluses. Reports indicate that Brussels is on track to agree to 15 percent reciprocal tariffs and automotive tariffs. South Korean government and industry officials are also aiming to secure a 15 percent tariff in exchange for a similar industrial investment fund and increased market access for US corn products. Given the number of states hoping to lock down deals before the White House’s August 1 deadline, the US could benefit from having the EU and South Korea follow the Japanese template.

Read the full policy memo.


Quotes may be edited for clarity and length.



Go Deeper

Trump’s Big Opportunity in Japan

Mike Gallagher explains in The Wall Street Journal that a stronger US-Japan alliance on trade and technology would benefit America while deterring China.
Read here.



Tokyo as a Window for Global Japan: A Conversation with Governor Yuriko Koike

As Japan navigates demographic shifts and its global influence increases, Tokyo stands out as a hub for innovation and investment. Governor Yuriko Koike joined Hudson Japan Chair Kenneth Weinstein to discuss the city’s role in shaping Japan’s engagement with the US and the world.
Watch the event, read the transcript, or listen to the podcast here.

Politics, Trade, and the US-Japan Deal

Paul Sracic explains how domestic political concerns—like broad support for tariffs among Trump’s voter base—shaped the trade deal.
Read here.

Três maneiras de comparar o PIB per capita dos americanos e dos noruegueses - The Economist

 A Economist  refaz os cálculos dos respectivos PIBs per capita dos EUA (isto é, dos americanos) e da Noruega (isto, dos noriegueses), em termos reais. Os noruegueses são bem mais ricos que os americanos, independentemente dos valores nominais pelo câmbio.




O acordo entre a UE e Tump: We Have a Deal (Bloomberg News)

 O acordo entre a UE e Trump (sim, com Trump, pois ele faz questão de ser assim, ignorando completamente, economistas, empresários, diplomáticos, técnicos conhecedores do assunto), no site da Bloomberg News (27/07/2025):


We Have a Deal
Bloomberg News, July 27, 2025

The US and European Union agreed to a deal that will see the bloc face 15% tariffs on most of its exports, including automobiles, staving off a trade war that could have delivered a hammer blow to the global economy.


The pact comes less than a week before a Friday deadline for President Donald Trump’s higher tariffs to take effect. The president in May threatened to impose a 50% duty on nearly all EU goods, adding pressure that accelerated negotiations, before lowering that to 30%.

Trump announced the deal Sunday after a meeting with European Commission President Ursula von der Leyen. He said the charge would cover automobiles. The European leader said the rate would be “all inclusive,” though Trump said later it did not include pharmaceuticals and metals. Steel and aluminum “stays the way it is,” the US president added.


Donald Trump shakes hands with Ursula von der Leyen during the meeting. Photographer: Brendan Smialowski/AFP
“I think that basically concludes the deal,” Trump told reporters at his golf club in Turnberry, Scotland. “It’s the biggest of all the deals.”

Von der Leyen said the agreement “will bring stability” and “it will bring predictability.”

According to the US president, the EU agreed to

purchase $750 billion in energy,
invest $600 billion in the US on top of existing investments,
open up countries’ markets to trade with US at zero tariffs, and
purchase “vast amounts” of military equipment.
The transatlantic pact removes a major risk for markets and the global economy — a trade war involving $1.7 trillion worth of cross-border commerce — even though it means European shipments to the US are getting hit with a higher tax at the border.

The goals, Trump said, were more production in the US and wider access for American exporters to the European market. Von der Leyen acknowledged that part of the drive behind the talks was a rebalancing of trade, but cast it as beneficial for both sides.

“The starting point was an imbalance,” von der Leyen said. “We wanted to rebalance the trade we made, and we wanted to do it in a way that trade goes on between the two of us across the Atlantic, because the two biggest economies should have a good trade flow.”

Read more: A Guide to Trade Talks, Trump-Style:

US and European negotiators had been zeroing in on an agreement this past week. Officials have discussed terms for a quota system for steel and aluminum imports, which would face a lower import tax below a certain threshold and would be charged the regular 50% rate above it. The EU had also been seeking quotas and a ceiling on future industry-specific tariffs, but it’s unclear if the initial agreement will shield the bloc from potential levies that have yet to be implemented.

O enfraquecimento do dólar - Marcelo Guterman

Muita conversa mole em torno da "desdolarização", muito anunciada por Lula, mas muito longe de se reealizar. Quem está provocando esse fenômeno é o próprio presidente americano. PRA 

O enfraquecimento do dólar

As moedas nacionais sem lastro em coisa alguma é uma realidade muito recente. Data de 1971, quando o governo Nixon decidiu romper a paridade do dólar com o ouro, de US$ 35/onça. Estava, assim, desfeito o acordo monetário de Bretton Woods, que, em 1944, havia determinado essa paridade e as cotações fixas das diversas moedas europeias em relação ao dólar. Esse arranjo foi feito porque o diagnóstico, na época, era que desvalorizações competitivas haviam sido um dos fatores que levaram à instabilidade política e à eclosão da guerra.

A não ser para países absolutamente fechados econômica e financeiramente, o câmbio fixo exige ajustes da economia que podem ser inviáveis politicamente. A Grécia é o exemplo clássico de país que optou pelo câmbio fixo (o Euro) e precisou fazer ajustes que lhe custaram 25% do PIB, enquanto a Argentina (e o Brasil em menor escala) foram exemplos de países que preferiram largar o câmbio fixo para não enfrentar os ajustes necessários em suas economias.

Nesse sistema de moedas fiduciárias sem lastro, o que vale é a confiança. O dólar conquistou o seu lugar como moeda internacional porque seu emissor, os Estados Unidos, são confiáveis. Há instituições que funcionam, principalmente um Banco Central independente. Isso garante, dentro do possível, que a inflação relativa a outros países não vai comer o valor da moeda.

Confiança, portanto, é o nome do jogo. Sem o dólar ou outra moeda com governança confiável, os países precisariam confiar uns nos outros para as suas transações comerciais e financeiras. Por exemplo, em 2024, o Brasil teve superávit de US$ 44 bilhões com a China. Isso significa que teríamos esse montante de yuans nas reservas brasileiras se o BC brasileiro não exigisse que os exportadores brasileiros trouxessem dólares para trocar por reais. Isso significaria algo como 13% das nossas reservas internacionais. Em cerca de 8 anos aceitando yuans, 100% das nossas reservas seriam na moeda chinesa. Hoje esse montante é de cerca de 4%.

Por que o BC não faz isso? Porque o yuan não é uma moeda conversível, ou seja, não é aceita universalmente. Se fizesse isso, a credibilidade das reservas como um seguro não existiria mais, e o câmbio do real para o dólar estaria na lua.

O dólar, portanto, tem esse papel por ser conversível, e é conversível por ter uma governança confiável. Mas não só. Além disso, é emitido por um país cuja economia é suficientemente grande para servir de lastro. A ideia de que a moeda fiduciária não tem lastro algum é falsa. O lastro das moedas nacionais é a sua própria economia. A base monetária precisa acompanhar o crescimento do PIB, e a governança confiável serve para garantir isso. O Euro assumiu um firma segundo lugar como moeda de reserva internacional, roubando espaço do dólar, porque, além de ter uma governança confiável, representa uma economia suficientemente grande para servir de lastro.

Chegamos agora ao governo Trump. Suas ações minam os pilares da confiança nas instituições americanas. A sua imprevisibilidade de regras no comércio internacional, os seus ataques ao Fed, a aprovação de uma legislação que aumentará ainda mais o déficit, são características de países pouco confiáveis.

Mas o dólar não perderá a sua hegemonia da noite para o dia. Primeiro, porque sua economia ainda é a maior e mais dinâmica do mundo, é difícil encontrar um lastro dessa natureza. Segundo, porque não há substitutos à altura: o Euro é uma experiência multinacional muito recente, e que ainda precisa ser provada pelo tempo, e o yuan é emitido por um país que controla o fluxo de capitais discricionariamente. E, finalmente, porque, no fundo, os agentes econômicos ainda acreditam nas instituições americanas, vendo o trumpismo como um soluço que passa. Tendo dito isso, Trump age no sentido de enfraquecer o dólar, não fortalecê-lo.

Para quem quiser aprofundar, dedico o primeiro capítulo do meu livro Descomplicando o Economês à natureza da moeda fiduciária e o capítulo 6 às crises cambiais. Disponível na Amazon.

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