quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Relações Brasil-Estados: no século XXI (Funag, por Lia Valls Pereira e Monica Hirst); até o século XX: Paulo Roberto de Almeida

1) A FUNAG acaba de publicar As relações Brasil-Estados Unidos no século XXI, organizado por Lia Valls Pereira e Monica Hirst.

O livro analisa as relações Brasil-Estados Unidos entre 2003 e 2023, destacando o distanciamento político, o declínio da ALCA, a ascensão da China como principal parceiro comercial do Brasil e os impactos das mudanças na política externa dos EUA após 2001. O objetivo central é refletir sobre como esses fatores moldaram convergências e divergências entre os dois países nesse período.
Baixe gratuitamente na biblioteca digital da FUNAG: https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-1318

2)  Eu havia publicado, em 2005, um livro, organizado por mim que resultou de um seminário coordenado no quadro de minha estada como ministro conselheiro na embaixada em Washington, entre 1999 e 2003, ou seja, até o início da era Lula: 

Relações Brasil-Estados Unidos: assimetrias e convergências; Paulo Roberto de Almeida e Rubens Antônio Barbosa (orgs.) (São Paulo: Saraiva, 2005). Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/07/o-brasil-dos-brasilianistas-2001.html); divulgado na plataforma Academia.edu (http://www.academia.edu/36951550/3293BrasilBrasilianistasEnvisagingGuideRelaBrEUA.pdf)


Oleksandra Matviichuk, advogada ucraniana, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2022 - Roda Viva (TV Cultura, SP)

A Ucrânia luta pela ideia de liberdade, uma noção que representa o medo absoluto para o tirano que invadiu o país que queria se unir à União Europeia e, justamente, se defender daqueles que escravizaram a nação durante séculos:

(Grato a Airton Dirceu Lemmertz pela transcrição do programa)

Em 6/10/2025, o programa 'Roda Viva' (TV Cultura) recebeu a advogada ucraniana Oleksandra Matviichuk, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2022:

Oleksandra Matviichuk: Advogada e ativista diz que Putin tem medo da "ideia de liberdade".
https://www.youtube.com/watch?v=vhnGAeLwKJw

Oleksandra Matviichuk: "A ordem mundial está colapsando diante dos nossos olhos".
https://www.youtube.com/watch?v=-Mg2AQo1dt0

"A guerra é uma loteria": O horror da vida civil na Ucrânia após 2022.
https://www.youtube.com/watch?v=N4DGcaGuF2s

Oleksandra Matviichuk: Brasil pode fazer mais e deve focar na dimensão humana da guerra.
https://www.youtube.com/watch?v=WjNza7fAmvE

Trump precisa de força para "paz justa", pois Putin não quer a paz, diz Oleksandra.
https://www.youtube.com/watch?v=fBrs8ppwQUs

Oleksandra Matviichuk: A Ucrânia vive uma democracia plena em meio à guerra?
https://www.youtube.com/watch?v=5iegqxfiZF4

Oleksandra Matviichuk expõe momento que transformou Zelensky em líder: "Se revelou muito corajoso".
https://www.youtube.com/watch?v=RON4guOAAXc

Ativista detalha por que mandado de prisão encolheu o mundo para o líder russo:
https://www.youtube.com/watch?v=BRoh3W0vkx8

Oleksandra Matviichuk: Cessão de território é moralmente indefensável para a Ucrânia.
https://www.youtube.com/watch?v=KmD9EWs8RsY

A Lei é a nossa carta, mas Trump diz que ela não conta, diz Oleksandra.
https://www.youtube.com/watch?v=ij0aeFqS-4w

Oleksandra Matviichuk: "O futuro da Ucrânia será decidido em Kiev, não em Washington".
https://www.youtube.com/watch?v=gOE0iICsH0w

Após falha do Memorando de Budapeste, Ucrânia exige garantias reais.
https://www.youtube.com/watch?v=rSgI1x0om9c

Oleksandra Matviichuk: "O meu idioma foi roubado": a luta da Ucrânia para reaver sua identidade.
https://www.youtube.com/watch?v=wH91Zc4Rhx4

"Não podemos competir por atenção; precisamos unir esforços para resolver conflitos".
https://www.youtube.com/watch?v=HYuUEuEUvTQ

Oleksandra Matviichuk: Mulheres ucranianas são mais do que vítimas; "bravura não tem gênero".
https://www.youtube.com/watch?v=1A_gcsqToOI

Oleksandra Matviichuk: Putin usa minoria russa como pretexto; ele só vai parar se for parado.
https://www.youtube.com/watch?v=A_Ilt0HMu9g

A caçada aos crimes de guerra e a proteção das fontes em territórios ocupados.
https://www.youtube.com/watch?v=BpIz1hnCShk

A maioria russa se priva da responsabilidade em troca da 'glória imperial', diz Oleksandra.
https://www.youtube.com/watch?v=4VOL6tigNDA

Oleksandra Matviichuk: O futuro não está escrito; é nosso dever lutar pela justiça.
https://www.youtube.com/watch?v=Vga0B_CAVQA

Mercenários brasileiros? "A intenção principal não é dinheiro, mas a luta por liberdade".
https://www.youtube.com/watch?v=2vUqjO76-6A

Liberdade de imprensa é o "núcleo da democracia" na Ucrânia, diz Oleksandra Matviichuk.
https://www.youtube.com/watch?v=FBOts946F0c

Oleksandra Matviichuk rebate Lula: "A Lei Internacional só vê agressor e vítima".
https://www.youtube.com/watch?v=R_q2IAktVkY

Oleksandra Matviichuk: Ativista não tem proteção, mas está certa de que "a liberdade vai prevalecer".
https://www.youtube.com/watch?v=quVVo4FebQk

A guerra não tem nada de bom, mas revela a melhor versão do humano, diz Oleksandra.
https://www.youtube.com/watch?v=bvVqPfiylgc

Oleksandra Matviichuk: Professor preso dava aula de filosofia para ratos para preservar a dignidade.
https://www.youtube.com/watch?v=ryHJMc-q5SU

Ativista revela que a empatia é sua maior fonte de força contra o "burnout".
https://www.youtube.com/watch?v=bJ2Ht3qaDm8

A democracia vai sobreviver? "Pessoas pararam de lutar por liberdade", diz Oleksandra.
https://www.youtube.com/watch?v=NyXBUJi4sHA

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Homenagem a Oswaldo Aranha - Samuel Malamud (blog de São João del-Rei)

 

Segunda-feira, 6 de outubro de 2025

UM ILUSTRE BRASILEIRO NA HISTÓRIA DO POVO JUDEU

Por SAMUEL MALAMUD *
Discurso em cerimônia realizada no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, no 25º aniversário da decisão da Partilha da Palestina. Novembro de 1972.
Transcrevemos com a devida vênia da Imago Editora Ltda., artigo da seção SION constante do livro Documentário, publicado em 1992, pp. 312-316.
Oswaldo Aranha (✰ Alegrete-RS, 1884 ✞ Rio de Janeiro-RJ, 1960) - Crédito: Getty Images

Estamos aqui reunidos hoje para comemorar o 25º aniversário da decisão das Nações Unidas que, no dia 29 de novembro de 1947, sob a presidência de Oswaldo Aranha, aprovou por uma maioria de 2/3 o plano de partilha da Palestina. 

Para melhor situar essa data e sua importância na história judaica, basta fazer uma retrospectiva-relâmpago dos últimos vinte séculos de dispersão, período que registra numerosas datas, todas relacionadas com episódios de sofrimento, de perseguição e de instabilidade por que passou a grande maioria das massas judaicas. São datas que lembram éditos de confinamento em guetos, de expulsão em massa, de conversão compulsória, de pogroms

Somente a partir de fins do século passado começou uma nova contagem de tempo no calendário da longa diáspora, que parecia interminável. Foi Theodor Herzl quem revolucionou a marcha da história do povo judeu. Graças à sua ousadia, sua coragem e sua visão profética conseguiu-se dar início a uma nova era na vida judaica ao se instalar, na Basileia, em agosto de 1897, o Primeiro Congresso Sionista. Foi o primeiro passo para uma solução política do problema judeu. 

Depois veio a data de 2 de novembro de 1917, conhecida como a da Declaração de Balfour, a de 29 de novembro de 1947, que ora comemoramos e, finalmente, a de 14 de maio de 1948, em que foi proclamada a independência do Estado de Israel. 

Num discurso proferido em 27 de julho de 1948, declarou David Ben-Gurion que sem as duas datas — a de 2 de novembro de 1917 e de 29 de novembro de 1947 — não teríamos chegado ao ponto a que chegamos. 

Deve-se, entretanto, salientar que, enquanto a Declaração de Balfour foi o resultado de 20 anos de ação política sionista, a decisão de 29 de novembro de 1947 representou, na realidade, um ressarcimento, uma reparação das múltiplas injustiças perpetradas contra o povo judeu, especialmente durante a última guerra mundial. 

Somente ao término da Segunda Guerra Mundial a humanidade tomou pleno conhecimento dos atos de barbárie e de vandalismo sem par, levados a efeito contra as massas judaicas na Alemanha e em todos os países ocupados pelas hordas nazistas, e que custaram o alto preço de seis milhões de vidas friamente exterminadas. 

Foi também quando o mundo pôde avaliar o heroísmo com que lutaram os soldados e voluntários judeus nas fileiras das forças aliadas em todas as frentes. 

No fim da Segunda Guerra Mundial, defrontaram-se as nações livres com os numerosos campos de concentração que abrigavam centenas de milhares de sobreviventes judeus alquebrados — física e psiquicamente — e para os quais só havia uma esperança: alcançar a Terra Prometida. 

Mas as portas de Eretz Israel ¹ encontravam-se, devido à política da potência mandatária, hermeticamente fechadas. O bloqueio estabelecido pela Inglaterra era vencido somente na calada da noite pelo movimento de imigração ilegal, que enfrentava corajosamente as armas da guarda britânica. Esse, porém, não podia ser o caminho indicado para resolver o problema. 

Todas as gestões junto ao governo de Sua Majestade, para que fossem admitidos pelo menos 100.000 sobreviventes dos campos de concentração, falharam. 

Eis que a 13 de fevereiro de 1947 resolveu a Inglaterra entregar a solução do problema da Palestina às Nações Unidas, mediante a advertência de que abandonaria, de qualquer forma, o mandato dentro de um prazo determinado. 

Em abril de 1947, com o problema da Palestina na agenda, a Assembleia Geral Extraordinária das Nações Unidas dava início aos seus trabalhos e elegia para presidi-los o chefe das delegação brasileira — o embaixador Oswaldo Aranha. 

Se o sionismo brasileiro já estava desenvolvendo, desde 1946, um trabalho ativo com a cooperação eficiente do Comitê Cristão Pró-Palestina, que tinha na sua presidência o saudoso humanista, professor Inácio de Azevedo Amaral, e na vice-presidência o nobre líder católico senador Hamilton Nogueira, no intuito de mobilizar a opinião pública em favor do estabelecimento de um Estado judeu, a atuação da Organização Sionista do Brasil e do Comitê Pró-Palestina adquiria, a partir de abril de 1947, um sentido mais importante. Presidia a organização mundial que devia decidir os destinos do povo judeu e seu direito à autodeterminação um dos vultos mais preeminentes do cenário político nacional. 

Depois de longos debates foi, a 13 de maio de 1947, nomeada a comissão especial das Nações Unidas que iria estudar o problema da Palestina e apresentar uma proposta de solução concreta para a próxima Assembleia, a reunir-se em setembro daquele ano. 

Das férias do embaixador Aranha, passadas com os seus familiares no Rio de Janeiro, vem-nos à memória um encontro havido em sua residência, à Rua Campo Belo, em julho de 1947, com o Dr. Nahum Goldman, presidente do Congresso Judaico Mundial e membro do Executivo Sionista Mundial. 

No decorrer da entrevista, o problema da Palestina e do estabelecimento do Estado judeu foi debatido em todos os seus aspectos. O dirigente judeu ficou profundamente impressionado com a familiaridade com que o embaixador Aranha discutiu o assunto. Naquela oportunidade, o embaixador Aranha inclinava-se pela ideia que preconizava a criação de um estado binacional e que contava com o apoio de uma parte da liderança árabe, da extrema esquerda sionista e de alguns humanistas judeus ingênuos. 

Embora firme na defesa de seu ponto de vista, o grande estadista e hábil diplomata ouvia atentamente os argumentos expostos pelo Dr. Goldman. Ao despedir-se do embaixador Oswaldo Aranha, o ilustre visitante disse-lhe sentir-se tranquilo e confiante, apesar da divergência de opiniões, porque a presidência da Assembleia Geral das Nações Unidas estava nas mãos de um homem objetivo, sincero e bem intencionado. 

Quando foram reabertos os trabalhos da Assembleia Geral, em setembro de 1947, a Comissão nomeada apresentou o relatório, concluindo pela criação de dois Estados, um judeu e outro árabe. Essa proposta ia ser submetida à discussão e precisava de uma maioria de 2/3 para ser aprovada. O chefe da delegação brasileira, embaixador Oswaldo Aranha, foi confirmado na presidência da ONU por unanimidade. 

A tarefa era muito árdua. Apesar de todos os argumentos expostos no relatório da Comissão, pairavam dúvidas sobre a maioria exigida. Entravam em jogo outros interesses que se sobrepunham ou antepunham aos sentimentos humanitários, aos princípios de justiça, às razões históricas e à necessidade de se darem soluções a problemas prementes e de se reconhecerem direitos incontestáveis. 

Quando os debates em Lake Success ² chegavam ao seu final e a votação se aproximava, o Comitê Político da Organização Sionista Unificada do Brasil, juntamente com o Comitê Pró-Palestina, embora convicto da atitude positiva de nosso país, sempre fiel à sua tradicional política de apoio às reivindicações judias, promoveu a visita de uma comissão de parlamentares, composta de membros de todos os partidos, ao ministro das relações exteriores, Dr. Raul Fernandes, para manifestar-lhe que o povo brasileiro, na pessoa de seus representantes eleitos, estava a favor da criação do Estado Judeu e pedia ao governo que instruísse a delegação junto às Nações Unidas no sentido de votar pela proposta da partilha. 

Ainda às vésperas da votação, a mãe do embaixador Osvaldo Aranha, então com a idade de 80 anos, telegrafou ao seu filho um comovente apelo para que tudo fizesse pela aprovação da proposta. 

Se a habilidade política do embaixador Oswaldo Aranha já era mais do que reconhecida, ele a comprovou sobejamente pela maestria revelada no dia 28 de novembro de 1947, ao conseguir, numa tática magistral, adiar a votação para o dia seguinte. Sabe-se agora que o embaixador Aranha impediu a votação porque sentiu pelo ambiente, cujos segredos lhe eram bem conhecidos, que faltaria um voto para se conseguir a maioria exigida. 

Ao falar pelo telefone internacional com o embaixador Oswaldo Aranha no dia 27 de novembro à tarde, o senador Hamilton Nogueira, seu amigo pessoal e vice-presidente do Comitê Pró-Palestina, perguntara-lhe quais eram os prognósticos e a resposta do experimentado homem público foi de que se sentia desapontado com a atitude de alguns governos latino-americanos, que estavam revendo os seus pontos de vista no momento derradeiro. Ainda guardamos na memória a voz do grande gaúcho, que assim mesmo mostrava-se otimista e assegurou ao senador empenhar-se ao máximo para se alcançar a maioria almejada. 

Está mais do que constatado que foi única e exclusivamente graças à habilidade pessoal do embaixador Osvaldo Aranha que a partilha foi aprovada na memorável Assembleia de 29 de novembro de 1947. Qualquer falha sua, qualquer descuido, a mínima desatenção, a falta de rigor na direção dos trabalhos, e poderia ter ocorrido uma modificação radical na situação, com resultados imprevisíveis. 

Poucos dias depois de encerrada a Assembleia Geral da ONU, ao regressar ao Brasil, coberto de justas glórias, merecedor do reconhecimento e da admiração tanto no meio político nacional como internacional, o embaixador Osvaldo Aranha foi recebido no aeroporto Santos Dumont por uma comissão especial, composta das mais eminentes figuras do nosso mundo político e intelectual, encabeçada pelo representante do presidente da República e também pelo Executivo da Organização Sionista Unificada do Brasil e membros do Comitê Pró-Palestina. Uma enorme massa popular compareceu ao desembarque para ovacioná-lo, e dela faziam parte agremiações judaicas que ostentavam cartazes de boas-vindas e de saudações ao Brasil, ao nosso governo e ao eminente estadista. 

O embaixador Aranha foi nessa ocasião saudado pelo deputado Prado Kelly, que falou em nome da Comissão, tendo tido eu a honra de ser o porta-voz da comunidade judaica brasileira

Na sua resposta, revelando a sua peculiar modéstia, disse o embaixador Aranha que

devia o sucesso de sua missão ao descortínio diplomático, às instruções e constante apoio do Sr. Ministro das Relações Exteriores Raul Fernandes, e à honrosa escolha do presidente Eurico Gaspar Dutra, que o fora buscar em uma agremiação partidária de oposição para confiar-lhe, assim, duplamente, o dever de imprimir-lhe toda a eficiência de que se sentisse capaz. As energias que o alimentavam no trabalho imenso a que teve de consagrar-se à delegação brasileira ele as deve sobretudo ao Brasil, em cujo espírito pacifista, de conciliação e de equilíbrio sempre procurou se inspirar.
Terminada a sua histórica missão nas Nações Unidas, continuou o embaixador Osvaldo Aranha a acompanhar com vivo interesse o desenrolar da situação em torno do Estado judeu, para cuja criação tanto contribuiu. 

Em agosto de 1948, recebia o embaixador Aranha em sua residência o então ministro plenipotenciário itinerante do Estado de Israel para a América Latina Sr. Moshé Toff, a quem já conhecia desde os memoráveis e tormentosos dias em Lake Success. 

A visita do ministro Toff tinha como objetivo principal obter do Brasil o reconhecimento de jure para o Estado recém-proclamado. 

Durante esse encontro, a que estivemos presente, ocorreu um episódio que merece ser lembrado, pois revela de novo o grande espírito desse excepcional homem público que foi Oswaldo Aranha. 

Apareceu inesperadamente na residência do chanceler Aranha o governador Otávio Mangabeira. Exclamou num ímpeto o embaixador Aranha:

Este encontro é verdadeiramente providencial, Sr. Ministro de Israel. Ninguém mais credenciado existe no Brasil para sentir o grande drama de seu povo e advogar a sua causa do que o Sr. Otávio Mangabeira.

O embaixador Aranha expôs, então, numa síntese admirável, ao governador Mangabeira toda a problemática do Estado de Israel, para concluir dizendo o seguinte:

Quando defendemos na ONU o ressurgimento do Estado de Israel, o fizemos porque sempre consideramos que ali estávamos para estabelecer uma nova ordem para o mundo. A continuação de Israel como povo sem pátria era o maior símbolo da sobrevivência da velha e injustificada ordem mundial. Israel nasceu de uma deliberação espontânea da maioria absoluta das Nações Unidas, de que o Brasil participou e que subscreveu: Israel é portanto um filho legítimo e não um filho natural das Nações Unidas. Não lhe parece absurdo que se deva solicitar a um pai o reconhecimento de um filho legítimo?
Ainda um ano mais tarde, em julho de 1949, ao fazer uso da palavra durante um almoço realizado na Associação Brasileira de Imprensa em homenagem ao mesmo ministro Moshé Toff, promovido pelo Comitê Pró-Palestina, narrou o embaixador Aranha episódios da luta nos bastidores da ONU durante as discussões em torno da partilha. Exclamou:
O medo da verdade é o mais covarde dos medos! O que ficou claro é que há um mundo que aspira à liberdade e outro que não a deseja. Não é pelos meios violentos que se fazem conquistas. O desarmamento espiritual é a base do futuro das nações. A resolução da criação do Estado judeu era uma experiência nova na vida da humanidade.
Vale citar aqui uma passagem do discurso proferido por David Ben-Gurion sobre a Partilha e que condiz muito bem com o pensamento do embaixador Aranha. Disse Ben Gurion:
A decisão tomada pelo plenário das Nações Unidas no dia 29 de novembro de 1947 foi de grande importância tanto do ponto de vista judeu como do ponto de vista geral. Mais de 30 nações decidiram em favor do estabelecimento de um Estado judeu e com a sua atitude demonstraram que ainda existe uma consciência universal e que ainda há um apoio para a justiça histórica, mesmo em se tratando de um povo a quem o mundo injustiçou no decorrer de séculos. Ficou provado que ainda não está perdida a esperança de que a ONU possa congregar a humanidade e assegurar a paz.
O último ato público ligado ao Estado de Israel, a que compareceu o embaixador Osvaldo Aranha nesta cidade do Rio de Janeiro, foi a comemoração do 10º aniversário da independência, realizada no Teatro Recreio, quando foi ovacionado de pé pela enorme massa popular que lotava o teatro. 

Vinte e cinco anos são decorridos daquele sábado inesquecível de 29 de novembro de 1947, e ainda é difícil descrever a tensão e a emoção com que os judeus do mundo inteiro acompanharam pelo rádio o desenrolar dos trabalhos em Lake Success, mantendo-se em vigília de 28 para 29, numa ansiosa expectativa, para explodir numa alegria incontrolável diante da vitória. 

Ao comemorarmos hoje o 25º aniversário da decisão das Nações Unidas que aprovou a Partilha, podemos dizer tranquilamente que no dia 29 de novembro de 1947 Oswaldo Aranha teve a grande ventura de inscrever o seu nome entre os grandes homens que fazem história, enquanto era concomitantemente inscrito e eternizado, com o carinho, o respeito e a gratidão devidos, no coração de todo o povo judeu.

Rua em Tel Aviv com o nome de Oswaldo Aranha

 

* SAMUEL MALAMUD (1908-2000), advogado, nascido na Ucrânia em 1908, chegou ao Rio de Janeiro em dezembro de 1923. A partir dos anos 30, transformou-se em um dos mais influentes representantes da comunidade judaica no Brasil. Em 1948, Malamud foi o primeiro Cônsul de Israel no país. Fundou e presidiu, entre outras entidades, a Federação Israelita do Brasil e o Clube Hebraica.

 

II. NOTAS EXPLICATIVAS

 

¹ Eretz Israel significa "Terra de Israel" e é um termo que carrega significados profundos na tradição judaica, referindo-se à terra prometida por Deus ao povo de Israel. O conceito é muito mais do que um simples lugar geográfico; é um espaço repleto de significados, tradições e histórias que ressoam ao longo dos séculos. Para muitos, esta é a terra prometida, um símbolo de esperança e fé.
Hoje, Eretz Israel é um termo que carrega muitos significados. Para alguns, está associado ao sonho sionista de um estado judaico na terra ancestral, enquanto para outros, a terra é um símbolo de disputas políticas e sociais. A atualidade de Eretz Israel pode ser entendida através dos eventos que moldaram o Estado de Israel como o conhecemos, desde a declaração da independência em 1948 até os conflitos que surgiram em torno da questão palestina.
(Crédito: https://cidesp.com.br/artigo/eretz-israel/)

² Em Lake Success, local da sede da ONU na época, as Nações Unidas decidiram dividir a Palestina em um Estado judeu e um Estado árabe, conforme previsto na Resolução 181 da Assembleia Geral da ONU. Esta localidade marcou a votação das Nações Unidas para dividir o mandato britânico da Palestina em dois Estados, judeu e árabe. Os judeus chamaram isso de "O Milagre de Lake Success", enquanto os árabes o consideraram ilegal e uma traição aos habitantes árabes da Palestina.

 

III. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BBC NEWS BRASILQuem foi Oswaldo Aranha, o brasileiro que ajudou a criar o Estado de Israel, matéria de 04/11/2023
Linkhttps://www.bbc.com/portuguese/articles/c0wxwr76er1o
 
DRUMMOND, Pedro Silva: Oswaldo Aranha e a sua importância para a criação do Estado de Israel, artigo de 1º/10/2023

MALAMUD, Samuel: Homenagem a Oswaldo Aranha (Cerimônia promovida pela Federação Israelita do Rio de Janeiro, no dia 29 de novembro de 1972 no Salão Nobre do Museu de Arte Moderna, por ocasião da Partilha da Palestina), 1972, 24 p.

________________: DOCUMENTÁRIO: contribuição à memória da comunidade judaica brasileira. Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda., 1992, 365 p.

SCHAM, Paul: Annapolis Versus Lake Success, artigo de 13/12/2007

4 comentários:

Francisco José dos Santos Braga disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Francisco José dos Santos Braga disse...

Prezad@,
O Blog de São João del-Rei tem o prazer de transcrever um discurso do escritor judeu-ucraniano SAMUEL MALAMUD (1908-2000) em novembro de 1972, em que presta uma homenagem à memória do brasileiro OSWALDO ARANHA (1884-1960), considerado grande homem que fez história, inscrito e eternizado no coração de todo o povo judeu, por ter presidido a sessão da Assembleia Geral da ONU que aprovou a Resolução 181 como Plano de Partilha da Palestina, que estabeleceu a criação do Estado de Israel. Por tal feito, o presidente brasileiro em exercício abre a Assembleia Geral desde 1955.
Por ser um dos fundadores do Centro Cultural Brasil-Israel e o primeiro Cônsul Honorário de Israel no Brasil, Malamud participou de reuniões com o notável brasileiro, sobre as quais revela alguns flashes sobre os atores e fatos inéditos que presenciou.

Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2025/10/um-ilustre-brasileiro-na-historia-do.html

Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei

Francisco José dos Santos Braga disse...

Paulo Roberto de Almeida (escritor e gerente do Blog Diplomatizzando) disse...

Grato por esse material.
Eu organizei o material “internacionalista” de Oswaldo Aranha:

3180. “Apresentação-lançamento do livro Oswaldo Aranha: um estadista brasileiro”, Brasília, 19 outubro 2017, 3 p. Correspondência aos colaboradores e auxiliares na montagem e confecção da obra documental com textos de OA e ensaios dos organizadores e autores. Texto enviado aos irmãos Corrêa do Lago e demais participantes no empreendimento, com os arquivos eletrônicos do livro. Obra disponível na Biblioteca Digital da Funag: Sérgio Eduardo Moreira Lima; Paulo Roberto de Almeida; Rogério de Souza Farias (organizadores); Brasília: Funag, 2017, volume 1, 568 p.; ISBN: 978-85-7631-696-1; link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=913; volume 2, 356 p.; ISBN: 978-85-7631-697-8; link:http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=914. Relação de Publicados n. 1271.

Francisco José dos Santos Braga disse...

Heitor Garcia de Carvalho (pós-doutorado em Políticas de Ensino Superior na Faculdade de Psciologia e Ciências da Informação na Universidade do Porto, Portugal (2008)) disse...
Muiro obrigado!


terça-feira, 7 de outubro de 2025

Um balanço provisório e uma promessa sempre otimista - Paulo Roberto de Almeida

Um balanço provisório e uma promessa sempre otimista

        A Humanidade avança, ou se “moderniza” (um verbo que não denota necessariamente mais qualidade, apenas sofisticação agregada e mais complexidade). Em meio aos construtores de uma vida melhor, existem os destruidores do passado, do presente, talvez do futuro.

        Já tivemos nossa cota de Hitler, de Mussolini, de Mao e Pol Pot. Por onde passaram deixaram um rastro, um fosso de destruição, de mortos e de infelicidade.

        Agora consigo pensar em pelo menos três que ainda não terminaram suas respectivas obras destruidoras: Putin, em primeiro lugar, Trump num, mas incerto segundo lugar, Netanyahu (que passou dos limites) e talvez o Bozo, que nos toca mais de perto: impossível perdoar os milhares de mortos que esse monstro estúpido produziu, além da mediocridade volumétrica, por ter atraído tantos imbecis e idiotas como ele. Trump também, conseguiu juntar a escória dos racistas, recalcados e violentos supremacistas que o seguem.

        Tiranos à parte, a Humanidade também produz artistas, poetas, cientistas e estadistas, que lutam para fazer um mundo melhor.

        Nem sempre conseguem, mas continuam tentando.

        Eu também: procuro oferecer o que aprendi ao longo da vida: conhecimento aurido nos livros e com pessoas mais espertas, e experiência, aprendida nas viagens, observando o mundo e aprendendo sendo um cético sadio, um contrarianista tranquilo e um dissidente do senso comum.

        Carmen Lícia Palazzo muito me ajudou nesse percurso, corrigindo meus erros e insuficiências, tentando fazer-me melhor do que consigo ser (e nem sempre alcanço).

        Faltam mais conhecimentos e mais experiências, mas é preciso estar aberto e ser compreensivo.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 7/10/2025

Escrever é uma mania, que se aprende na leitura precoce - Paulo Roberto de Almeida

Escrever é uma mania, que se aprende na leitura precoce

        Comecei tarde. Só fui alfabetizado na idade “tardia” de sete anos, porque em casa não havia livros ou revistas, nem jornais. Meus avós, imigrantes perfeitamente (se ouso dizer) analfabetos da Itália do sul e do norte de Portugal, assim permaneceram toda a vida: trabalhavam em fazendas. Meus pais nunca terminaram o primário, pela necessidade de começar a trabalhar. Eu também comecei a trabalhar cedo, ainda antes de aprender a ler: recolhendo restos de metais nos fundos de uma fábrica de peças de bakelite, que despejava o lixo industrial nos fundos, num terreno baldio; eu e muitas outras crianças e jovens recolhíamos pequenas peças de metal, no meio da lixaria, guardávamos em latas usadas de leite condensado, e depois levávamos para nossos pais vender na reciclagem. Era uma forma de completar o miserável orçamento doméstico, indispensável para assegurar o arroz e feijão, o pedaço de gelo, trazido por um vendedor de carrocinha, coberto de serragem, que servia de “geladeira” num armário de madeira.
        Tive a sorte, a grandíssima sorte, de morar perto de uma biblioteca infantil municipal: a Biblioteca Anne Frank, no bairro do Itaim-Bibi, em São Paulo, e que antes se chamava Chácara Itaim: ruas de terra, muitos terrenos baldios, alguns transformados em campinhos de futebol improvisado, com duas pedras, ou latas de tinta, sinalizando o gol em casa extremo. 
        Comecei a frequentar a biblioteca antes de aprender a ler: joguinho de palitos, damas, filmes da Atlântida (Oscarito e Grande Otelo), ou os estrangeiros: Tarzan, Zorro, Hopalong Cassidy, Roy Rogers, Gordo e Magro, Charlie Chaplin, Buster Keaton, o outro Zorro (o do Tonto), as chanchadas nacionais e os mais elaborados de Cinecittà: Maciste, Hércules, aquelas paródias da mitologia grega, uma delícia.
        Finalmente aprendi a ler, primeiro as revistinhas da época (Bolão e Azeitona, Capitão Kid, logo em seguida Pato Donald e Mickey, publicados pela Abril). Quando aprendi a ler de verdade, comecei direto com Monteiro Lobato, e acho que isso mudou completamente a minha vida: em lugar de ficar jogando bola, ou brincando de taco com os outros meninos na rua, eu ficava na biblioteca até fechar; mais ainda, podia levar os livros para casa, para ler na cama até minha mãe apagar a luz, nunca muito tarde, para economizar, pois éramos de verdade muito pobres, de uma pobreza especial: minha mãe lavava roupa para fora, num tanque sob o sol, meu pai era por vezes operário, outras vezes entregador de café torrado e moido. Fui uma vez com ele à torrefação: o forte cheiro de café sendo torrado me deu um enjoo tão forte, que nunca tomei café, até a idade adulta.
        A frequência assídua na biblioteca não me impedia de trabalhar: pegar bolas de tênis no Clube Pinheiros, ou empacotar as compras em sacos de papel no supermercado Peg-Pag do começo da Marechal Floriano com a São Gabriel, só por gorgetas. Olhava cobiçoso os milk-shakes ou sorvetes de taça na esquina, mas nunca comprei com os meus tostões: tudo era entregue à minha mãe, para ajudar nas despesas da casa.
        Continuei lendo, intensamente, e a partir do meio do primário comecei a escrever, primeiro os trabalhos da escola, depois os resumos dos livros que lia. Tudo se perdeu, só sobrevivendo textos esparsos da fase ginasial. O grande impulso em meu futuro quase intelectual foi dado no Ginásio Estadual Vocacional Oswaldo Aranha, no Brooklin, um verdadeiro divisor de águas em minha vida. Tudo o que sou hoje, devo ao GEVOA, entre 1962 e 1965. 
        Minha primeira resenha “séria” já foi no colegial, com 15 ou 16 anos, um livro de Erich Fromm, publicada no boletim mimeografado do Colégio Estadual Ministro Costa Manso, ainda no Itaim. Trabalhando de dia, estudando à noite. Continuei lendo e escrevendo. Nunca mais parei. Hoje estou no trabalho de número 5080, com cerca de 1500 publicados, em todas as categorias. Milhares de páginas, manuscritas, datilografadas, digitadas, ou entrevistas gravadas, filmadas. Tudo agora para inserir em meu novo site pralmeida.net. Espero ter forças para fazê-lo. Não consigo parar de escrever.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7/10/2025

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Nova visão da história econômica do Brasil de 1820 a 1980 - Edmar Bacha (O Globo)

 Nova visão da história econômica do Brasil de 1820 a 1980

Não procede a frase repetida segundo a qual, entre 1900 e 1980, o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo depois do Japão
Edmar Bacha
O Globo, 06/10/2025

A história econômica brasileira precisa ser reescrita. Acaba de ser publicado no Journal of Iberian and Latin American Economic History artigo sobre o século XIX elaborado com Guilherme Tombolo e Flávio Versiani. Trata-se de estudo nosso que dá continuidade a outro sobre o período de 1900 a 1980, publicado na Revista Brasileira de Economia. Nosso objetivo é rever, com novas séries estatísticas e metodologias, a trajetória do crescimento brasileiro desde a Independência até 1980.

A narrativa consagrada pela historiografia era a seguinte: no século XIX, crescimento muito lento — com estagnação ou retrocesso até meados daquele século. No século XX, ao contrário, avanço extraordinário, culminando no “milagre econômico” dos anos 1960-70.

Nossas pesquisas apontam outro quadro. No século XIX, o Brasil cresceu em linha com a Europa Ocidental e outros países latino-americanos. No século XX, até 1980, o crescimento foi robusto, mas inferior ao que mostram as séries oficiais e longe de um desempenho “milagroso”.

Em “Formação econômica do Brasil”, Celso Furtado atribuiu papel quase exclusivo às exportações no crescimento. Angus Maddison e, mais recentemente, Marcelo Abreu, Luiz Correa do Lago e André Villela reforçaram a hipótese de estagnação até 1850.

Estudos recentes mudam essa visão. Christopher Absell e Antonio Tena-Junguito (2016) revisaram as exportações e mostraram que, entre 1821 e 1850, elas cresceram 3,5% ao ano — mais que o dobro da população. Longe de estagnação, houve aumento expressivo da renda per capita.

Além disso, o mercado interno cresceu de forma vigorosa. Minas Gerais importou mais escravizados que as províncias cafeeiras na primeira metade do século XIX, não para o café, mas para a produção de alimentos e gado.

Na segunda metade do século, somaram-se o avanço espetacular do café, a expansão ferroviária e a imigração europeia, que trouxe capital humano e impulsionou setores como o têxtil. Com metodologia revisada, nossas estimativas apontam crescimento per capita positivo de 0,9% ao ano em todo o século XIX.

Para o século XX, já havia disponíveis estatísticas mais amplas. Mas, em 1969, houve mudança metodológica decisiva nas contas nacionais: setores como governo, aluguéis e outros serviços foram excluídos do cálculo, inflando artificialmente os números do crescimento.

O IBGE, ao assumir as contas nacionais em 1986, aplicou o mesmo método retrospectivamente a 1947-1980. Recalculamos a série do PIB reincluindo esses setores de serviços. Resultado: crescimento do PIB per capita de 3,3% ao ano em 1947-1980, ante 4,2% na série oficial — uma diferença para menos de 30%. Para 1900-1947, a taxa cai de 2,4% para 2,0%.

Mesmo assim, o crescimento foi sólido, sustentado pela industrialização e pela migração rural-urbana, que deslocou mão de obra de baixa produtividade no campo para atividades urbanas mais produtivas.

A trajetória de 1820 a 1980 não foi a de um século XIX estagnado seguido de um século XX milagroso, como há tempos afirma a historiografia econômica. O Brasil do século XIX cresceu em ritmo comparável ao da Europa e de outros países latino-americanos. No século XX, até 1980, o crescimento foi robusto, mas longe de excepcional.

Não procede, portanto, a frase repetida segundo a qual, entre 1900 e 1980, o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo depois do Japão. Crescemos mais que a média mundial, mas não lideramos o ranking. Essa correção histórica é fundamental para entendermos melhor as continuidades em nossa trajetória de crescimento e deixarmos de alimentar ilusões sobre milagres econômicos que nunca existiram.

https://oglobo.globo.com/google/amp/opiniao/artigos/coluna/2025/10/nova-visao-da-historia-economica-do-brasil-de-1820-a-1980.ghtml

Algumas das minhas melhores postagens no Diplomatizzando, por Airton Dirceu Lemmertz - Paulo Roberto de Almeida

Algumas das minhas melhores postagens no Diplomatizzando, por Airton Dirceu Lemmertz

Paulo Roberto de Almeida

6 de outubro de 2025

Devo dizer que, repetindo o material "pro domo", estou gratíssimo a Airton Dirceu Lemmertz, o maior "pedagogo digital" e disseminador de materiais relevantes para conhecimento e estudo de estudantes de temas internacionais e braileiros, pelo fato de ter selecionado, como abaixo, e reproduzido em suas remessas diárias de matérias disponíveis para um público mais amplo, algumas das melhores postagens que já efetuei no blog Diplomatizzando, que estou repostando novamente neste mesmo blog, agora simultaneamente republicado como chamada em meu novo site, www.pralmeida.net, ainda sendo reconstruído aos poucos, depois que tive de descontinuar o anterior, pralmeida.org, que funcionou por anos e anos.

Só o Airton Dirceu Lemmertz para buscar coisas do “arco da velha”, das quais eu sequer me lembrava, e agregá-las numa remessa digna de visitar novamente. Sou muito grato a ele, a quem envio publicamente um grande abraço

Em 5 de out. de 2025, à(s) 19:44, Airton Dirceu Lemmertz escreveu:

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Em 2019, o Itamaraty foi o campeão em negar pedidos de acesso à informação sob a alegação de “pescaria”.
https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/02/itamaraty-campeao-em-negar-pedidos-de.html

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A entrevista de Rubens Ricupero [ao 'Canal Livre' da BandNews TV], em junho de 2024:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/06/trechos-selecionados-da-entrevista-de.html

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Leandro Karnal recusou o convite para ser o presidente interino durante o impeachment de Dilma Rousseff:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/09/airton-dirceu-lemmertzum-mestre-na.html

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Paulo Roberto de Almeida: vídeo-entrevistas no YouTube:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/03/videos-no-youtube-em-ordem-cronologica.html
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/06/paulo-roberto-de-almeida.html

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Países e políticos:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/06/uma-colecao-de-postagens-deste-meu-blog.html

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A política externa no governo Lula:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/07/airton-dirceu-lemmertz-um-atento.html

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O encontro de Lula com Putin e outros ditadores:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/05/lula-e-seu-dia-da-infamia-visitando-um.html

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A realidade social de Israel:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/06/a-nacao-israelense-itinerario-historico.html

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Israel: entre a tradição e as contradições.
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/07/israel-entre-tradicao-e-as-contradicoes.html

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A guerra entre Hamas e Israel: definições (conceitos).
https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/06/terrorismo-guerra-hamas-israel.html

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Como surgiu e se consolidou o regime nazista na Alemanha de Weimar:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/02/como-surgiu-e-se-consolidou-o-regime.html

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Nazismo, genocídio, Holocausto, antissemitismo:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/03/nazismo-gemocidio-holocausto.html

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Um documentário [da BBC] acerca da ascensão dos nazistas, liderados por Hitler:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/04/ascensao-dos-nazistas-bbc.html

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Holodomor: o genocídio ucraniano por Stalin.
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/03/holodomor-grande-fome-o-genocidio-de.html
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/03/dossie-holodomor-o-genocidio-ucraniano.html

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Marcelo Guterman analisa a guerra na Ucrânia:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/05/em-nove-capitulos-marcelo-guterman.html

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Mapas: a ocupação russa na Ucrânia em fevereiro de 2025.
https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/02/os-mapas-que-mostram-as-areas-da.html

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O ditador venezuelano Maduro:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/07/para-os-que-nao-gostam-de-ler-e.html

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 Fim das transcrições (PRA)

Postagem em destaque

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...