quarta-feira, 29 de maio de 2024

Tributar super-ricos não é punir quem contribui para o desenvolvimento - Eduardo Cucolo (FSP)

Não é proibido sonhar...

Tributar super-ricos não é punir quem contribui para o desenvolvimento, diz economista 

Para Nathalie Beghin, do Inesc, que entregou proposta a ministro Haddad para discussão no G20, 2% é muito pouco para tributação ter efeito necessário

 

Eduardo Cucolo


Folha de São Paulo, 29/05/2024


A criação de um imposto mínimo global de 2% do patrimônio dos super-ricos é vista como uma iniciativa modesta pela economista Nathalie Beghin, que esteve na semana passada com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) para entregar uma proposta que visa utilizar o sistema tributário para financiar as agendas dos direitos humanos e da transição energética.

O documento elaborado por cerca de 40 entidades da sociedade civil quer tirar esse debate da esfera da OCDE, grupo que reúne os países mais desenvolvidos, e trazê-lo para um órgão das Nações Unidas, que já teve sua criação aprovada no final de 2023. Seria uma espécie de COP (Conferência entre as Partes, na tradução para o português) da tributação.

Para iniciar as discussões, são listadas seis propostas, entre elas, o imposto mínimo global sobre super-ricos, um imposto sobre transações financeiras e tributos multilaterais para financiar a justiça climática, ambiental e social nos países mais pobres.

"A proposta de taxar os super-ricos é válida, mas a gente quer mais", afirma Beghin, que integra o Colegiado de Gestão do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), um dos signatários da proposta que será levada por Haddad aos ministros de finanças do G20.

O documento não traz números, mas ela afirma que a ideia de um imposto de 2% não redistribui riqueza e que seria necessário chegar a um patamar próximo de 10%.

Em entrevista à Folha, Beghin afirma ainda que a discussão de tributar os super-ricos em âmbito internacional deve ajudar o Brasil a rever a isenção na distribuição de dividendos.

"A gente não quer punir quem contribui para o crescimento e desenvolvimento do nosso país. Não se trata disso, mas [queremos] que essas pessoas paguem o que os outros pagam."

Encontro com Haddad

No começo do ano, o Ministério da Fazenda nos procurou dizendo que há uma recomendação do governo Lula de participação social nas discussões sobre tributação. A Trilha de Finanças [grupo de trabalho do G20] não tinha esse hábito, e eles estavam interessados em receber propostas da sociedade. Temos um grupo global de organizações que trabalham com o tema fiscal e tributário. Convocamos uma reunião. Temos críticas ao G20. É melhor que o G7, mas continua sendo 20 de 200 países. Mas achamos que seria importante apresentar nossas propostas. Especialmente reafirmar uma demanda que é fortalecer as Nações Unidas no debate da tributação em detrimento da OCDE.

COP da tributação

O lugar legítimo para discutir tributação são as Nações Unidas, onde pelo menos teoricamente todo mundo está em pé de igualdade. A OCDE vem há uns dez anos discutindo cooperação tributária, mas são acordos que não favorecem os países do Sul. Dizem, até o governo brasileiro diz, que é melhor o que a OCDE tem do que nada. Mas para nós é inaceitável, porque quem ganha de novo são os mais ricos. Você faz regras para te privilegiar.

A Convenção 4 foi criada no final do ano passado, por muita pressão dos africanos, porque os países do Sul não se sentem representados na OCDE. Conseguiram à revelia dos países ricos, que comeram mosca.

Por enquanto, a resistência dos países ricos à COP da tributação é muito grande, porque eles não querem perder o que eles conquistaram na OCDE, que é manter seus privilégios. Vamos pressionar para ver se eles concordam em ceder um pouco. Tem que ceder. Não tem como mudar as desigualdades se não cederem.

Quem paga a conta

A tributação precisa ter fim, e o fim precisa ser os direitos humanos e a agenda climática. Temos seis propostas concretas, que é taxar os super-ricos, taxar transações financeiras, ter múltiplas taxas com algum destino para os países do Sul, taxar de uma maneira que o comércio privilegie os países do Sul, e criar aquela grande base de dados para intercâmbio de informações, o registro mundial de ativos.

A crise climática está aí. Estamos vendo as graves consequências com o que está acontecendo no Rio Grande do Sul. Faltam recursos para implementar políticas efetivas, tanto de transição energética quanto de adaptação. Alguém tem de pagar essa conta, e não tem dinheiro. Então temos de cobrar quem não paga.

Imposto sobre super-ricos

Tudo o que permite que os sistemas tributários sejam mais progressivos é muito válido. A proposta de taxar os super-ricos é válida, mas a gente quer mais. O que nós defendemos? O imposto sobre a riqueza vai ser um imposto sobre a renda. Você tem 100 milhões de patrimônio, vai calcular o imposto desses 100 milhões. Se você já pagou [o equivalente] a 2% [do patrimônio] de imposto de renda, não vai ser tributado. Mas com 2% você não redistribui riqueza. Tem que ser mais.

O cálculo que o [Gabriel] Zucman faz com 2%, dá [US$] 250 bilhões em um ano. Eu tenho a sensação que a partir de 8% você começa a redistribuir. Os muito ricos, para pagar essa conta, vão ter que se desfazer dos seus ativos. É isso que a gente quer.

Influência sobre o Brasil

A discussão de tributar os super-ricos em âmbito internacional vai nos ajudar internamente. Tem um dado que foi apresentado no nosso evento. Os cinco bilionários mais ricos no Brasil têm uma renda que é isenta, de dividendos das suas empresas. Se eles pagassem 24%, que é a média de imposto europeu, a gente teria o equivalente a um ano de programação de alimentação escolar. Está ficando constrangedor esses absurdos. Estamos nos organizando para desencadear uma campanha pressionando para tributar os super-ricos no Brasil.

Ninguém gosta de pagar imposto. É lugar-comum dizer que o Brasil taxa muito etc. Mas estou falando de cinco bilionários no Brasil que ganharam [R$] 22 bilhões em dividendos e pagaram zero de imposto. É outro patamar essa conversa. Não é você, não sou eu. É isso que a gente tem que mostrar. Não é demonizá-los. Eles não estão fazendo nada de ilegal. Estão cumprindo a lei, mas essa lei não está certa. Eles precisam contribuir também. A gente não quer punir quem contribui para o crescimento e desenvolvimento do nosso país. Não se trata disso, mas que essas pessoas paguem o que os outros pagam. É o mínimo. Como dizia o [Warren] Buffett, ‘eu pago menos imposto que minha secretária’. Não tem cabimento nisso.


Raio X

Nathalie Beghin, 61. É economista (Universidade Livre de Bruxelas), com doutorado em Políticas Sociais (Universidade de Brasília). Atuou como assessora do presidente do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (Inan), do Ministério da Saúde. Foi pesquisadora do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) nas áreas de pobreza, fome, segurança alimentar e nutricional e ação social das empresas. Integra o Colegiado de Gestão do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos). 

Rubens Ricupero: testemunha da história recente do Brasil: memórias - Editora da Unesp (2024)

Rubens Ricupero: testemunha
da história recente do Brasil

Rubens Ricupero inspirou-se nos cadernos em que sua mãe escreveu durante toda sua vida, as histórias da própria família, de imigrantes italianos, para evocar o bairro do Brás de sua infância, durante o Estado Novo e a Segunda Guerra. Agora, quando o Real completa 30 anos, Ricupero descreve – na condição privilegiada de ter sido ministro da Fazenda nesse período –, as pressões políticas e sociais que poderiam ter provocado o fracasso da moeda. São capítulos que se leem num crescendo de interesse e de tensão, com linguagem límpida e fluida, ritmada e bem articulada nas páginas de Memórias, lançamento da Editora Unesp.

712 páginas | 15,5 x 22 cm | R$ 144 | ISBN 978655711231

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD


R541m Ricupero, Rubens

Memórias / Rubens Ricupero. – São Paulo: Editora Unesp, 2024.

712 p.: il.; 15,5cm x 22cm.

Inclui bibliografia.

ISBN 978-65-5711-231-1

1. Autobiografia. 2. Memórias. 3. Rubens Ricupero. 4. Brasil.

5. Diplomacia. 6. Economia. 7. Plano Real. 8. Política brasileira.

9. História brasileira. 10. História da política brasileira. 11. Ditadura Militar.

12. Redemocratização. 13. Governo Itamar Franco. 14. Política brasileira

no século XX. 15. Políticas econômicas brasileiras. I. Título.

2024-311 

CDD 920

CDU 929


Sumário: 

11 A memória dos pobres

31 Brás, Bexiga e Barra Funda

51 Livros de minha infância

67 Um verão de descobertas

79 A curva perigosa dos vinte

95 Adeus à disponibilidade

113 Guimarães Rosa, examinador de cultura

131 Todas as cartas de amor são ridículas

147 O contraste de dois discursos

159 Aprendendo o ofício

175 A renúncia de Jânio e suas peripécias

189 San Tiago Dantas: a razão contra o caos

205 Amizades inesquecíveis: Maria Werneck, João Cabral,

Clarice Lispector, padre Júlio Vitte

227 A perseguição do Golpe de 1964

239 A descoberta do mundo

253 Esperando a alma em Buenos Aires

271 Dezoito meses na Montanha Mágica

287 Tuni e Wladimir Murtinho: a vida como obra de arte

303 Diplomacia da cultura em tempos de obscurantismo

323 Brasileiros da África. Africanos do Brasil

341 Vietnã, Watergate e a crise do sonho americano

357 Meus mestres na grande diplomacia: do Amazonas

aos Andes

371 Afinal, o que fazem os diplomatas?

385 Nova República: vida nova

399 Desafios e decepções do desconhecido: Genebra e o gATT

417 O espírito de Genebra, sombras de amigos que se foram

425 Washington: o desafio de representar um país em crise

441 Rio-92: um marco no meio ambiente

449 O dia em que jantei com Frank Sinatra

457 Diante dos males do Brasil: a Amazônia e o meio

ambiente

473 Um convite que não pude recusar

485 Algodão entre cristais

501 Corações e mentes

517 Os preparativos do Dia D

533 A hora das trevas

547 Roma, a volta às raízes italianas

563 Queimando os navios

577 Reinventar a UNCTAD: o aprendizado da África

591 Diálogo das civilizações

605 Superando a pobreza

615 A impossível volta para casa

635 O pior e o melhor dos mundos

649 Morar no país de Balzac e outras aventuras literárias

657 Livros que escrevi, batalhas políticas de que participei

671 Antes do fim

681 Fim… como nos filmes

686 Instantâneos de alegria

689 Índice onomástico


Primeiro capítulo neste link: 

http://expertsenderbrasil.com.br/unesp/unesp_arquivos/Ricupero_memorias-DEGUSTA.pdf 

Anúncio na Amazon: 

Os bastidores do Plano Real, o lançamento da moeda e os embates que a cercaram são narrados aqui, na primeira pessoa, por um de seus principais personagens – o então ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, que enfrenta com franqueza o episódio da parabólica, sem autocomiseração ou fuga da responsabilidade. Sua atuação no exterior enquanto diplomata, em diversos organismos e como secretário-geral da Unctad, seu conhecimento no campo da história, fazem deste livro um testemunho do que se passou no Brasil e no mundo, por cerca de oitenta anos. Desde a Segunda Guerra, o Estado Novo, o golpe militar, as questões climáticas, até o terceiro governo Lula, essa evolução se entrelaça com o fio da vida de um descendente de imigrantes na atmosfera do bairro operário do Brás, na São Paulo dos anos 1930.


Frente Brasileira de Informação denunciou a ditadura militar - Boletins disponíveis no CEDEM da Unesp

 Durante meus anos de autoexílio na Europa, entre 1971 e 1977, participei dos esforços da oposição ao regime militar, denunciando os crimes da ditadura, no contexto da Frente Brasileira de Informações. Muitas reuniões, em vários países europeus, para organizar esse esforço de denúncia e de combate à ditadura.

Paulo Roberto de Almeida


Frente Brasileira de Informação denunciou a ditadura militar

Boletim foi editado em nove países; CEDEM dispõe de exemplares em cinco idiomas

Assessoria de Comunicação do CEDEM, da Unesp, 21/05/2024

https://www.cedem.unesp.br/#!/noticia/665/frente-brasileira-de-informacao-denunciou-a-ditadura-militar

Nos anos duros da ditadura civil-militar, os brasileiros exilados criaram uma rede de comunicação para denunciar crimes praticados pelo Estado, como tortura e censura. Eles também discutiam temas como a desigualdade social, a questão indígena, o desmatamento na Amazônia, denúncias de obras públicas superfaturadas e outros problemas que o país enfrentava naquele momento.

O boletim Frente Brasileira de Informações (FBI) foi um dos informativos que circulou entre os exilados, enquanto uma ferramenta de combate e resistência à ditadura civil-militar.  Por meio dele é possível constatar que a resistência à ditadura não se deu apenas internamente no Brasil. Ocorreu também no exílio e é parte importante desse período histórico.

O FBI foi fundado, dirigido e editado pelo ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, em 1969, durante o período em que viveu exilado na Argélia. Com a visibilidade, o boletim passou a ser produzido também na Alemanha, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Itália, Suécia, Suíça e Chile, por brasileiros de diferentes tendências políticas. O Centro de Documentação e Memória (CEDEM) possui exemplares do boletim em cinco idiomas: português, inglês, espanhol, francês e italiano. Alguns estão digitalizados e disponíveis para pesquisa virtual.

Cada núcleo internacional possuía um grupo de exilados que organizava a produção, traduzindo os textos para o idioma correspondente e incorporando novos escritos de acordo com a realidade local. Além disso, exemplares eram enviados para militantes que viviam no Brasil, o que fazia sentido, pois o boletim publicava no exterior as notícias censuras no país. Também era enviado para Cuba e União Soviética.

Na edição do março de 1971, o comitê de denúncia da repressão no Brasil, sediado no Chile escreveu a seguinte: “Este Boletim representa uma iniciativa de romper com o bloqueio imposto pela ditadura brasileira à divulgação dos fatos que ocorrem no país. Fazer circular estas notícias, reproduzi-las ou qualquer outra forma de solidariedade significa uma efetiva contribuição à luta do povo brasileiro contra o regime militar que o oprime, desconsiderando cotidianamente os mais elementares direitos humanos”.

Anônimo, o impresso tinha como público-alvo jornalistas, acadêmicos, sindicalistas, religiosos, estudantes e membros de partidos políticos que solicitavam os exemplares. As atividades foram encerradas em 1973 por divergências políticas entre os participantes.

Onde pesquisar:

CEDEM
On-line: www.cedem.unesp.br
Presencial: Sede do Centro de Documentação e Memória (CEDEM), da Unesp
Praça da Sé, 108, 1 andar – São Paulo (SP)
E-mail: pesquisa.cedem@unesp.br
Tel.: 11-3116-1706 
        11-3116-1712         
        11-3116-1713


O chic agora, China, é comprar produtos chineses, não mais americanos (WP)

 

Emmanuel Todd: l'enfant terrible de la sociologie politique française - Après l'Empire: essai sur la décomposition du système américain (2002, 2004)

Emmanuel Todd: l'enfant terrible de la sociologie politique française

Lecture, 20 ans après:

 Après l'Empire: essai sur la décomposition du système américain (2002, 2004)

Emmanuel Todd é aquilo que os franceses chamam de pourfendeur. Ele é um desmantelador do senso comum, das idées reçues, do consenso bem comportado.

Retomo, em minha biblioteca desorganizada, seu livro de 2002, reeditado em 2004: 

Après l'Empire: essai sur la décomposition du système américain 

(Paris: Gallimard, 2002, 2004 pour la posface)

No capítulo conclusivo (Fin de partie, p. 269-284) ele começa assim: 

"Dans la douleur d'une transition éducative et démographique qui s'achève, la planète tend ver la stabilité. Le tiers-monde [o que hoje se chama Sul Global], à travers ses poussées de fièvre idéologiques et religieuses, est en marche vers le développement et vers plus de démocratie. Aucune menace globale ne requiert une activité particulière des États-Unis pour la protection de libertés. Une seule menace de déséquilibre global pèse aujourd'hui sur la planète: l'Amérique elle-même, qui de protectrice est devenue prédatrice. (...) Aucune stratégie, si intelligente soit-elle, ne peut permettre à l'Amérique de transformer sa situation semi-impériale em empire de fait et de droit. Elle est trop faible, économiquement, militairement, idéologiquement." (p. 269)

Ele continua, nas conclusões: 

"L'Europe prend lentement conscience que la Russie, non seulement n'est plus une menace stratégique, mais devient une contribution à sa sécurité militaire." (p. 272)

Uma coisa sensata que ele afirma nas conclusões: 

"Le monde qui se crée ne sera pas un empire, contrôlé par une seule puissance. Il s'agira d'un système complexe, dans lequel s'équilibreront un ensemble de nations ou de méta-nations, d'échelles équivalentes, même si elles ne sont à proprement parler égales. (...) À très long terme la Chine rejoindra ce groupe." (p. 275) Foi mais rápido.

E uma coisa menos sensata: "l'Amérique du Sud semble destinée à s; organiser sous leadership brésilien." (p. 275)

E outras bem menos sensatas ainda: "Le monde en développement marche tendanciellement vers la démocratie, poussé dans le sens de l'alphabétisation de masse que engendre des sociétés culturellement homogènes." (p. 276)

E o que leio no posfácio de 2004, depois que ele eliminou, em 2002, todas as chances de sobrevivência do império americano? 

Dois anos depois, ele vê suas ideias bem confirmadas, pela aceleração do processo de decomposição do império americano: o governo Bush teria aplicado metodicamente um programa de deslegitimação e de destruição do sistema estratégico americano, isso com e depois da insana guerra do Iraque (p. 285).

OS EUA dependem do mundo, mais que o mundo depende dos EUA, pelos fluxos financeiros que vêem do exterior. Sua derrota é ideológica e diplomática, pois eles violam o Direito Internacional, pela guerra do Iraque. 

Todd previa, em 2004, uma reaproximação entre a Europe e a Rússia, tornada necessária "pelo comportamento militarista inquietante dos EUA" (p. 289). 

Mas, vamos ler isto:

"La Russie a retrouvé son équilibre, elle est très affaiblie et a cessé d'être impérialiste. Son intérêt est un partenariat stratégique avec l'Europe sur una base égalitaire. Les anciennes 'démocraties populaires' [os países da Europa central e oriental que faziam parte da esfera soviética] comprendront vite que les États-Unis ne peuvent rien pour elles stratégiquement, étant en déficit de production et incapables de les protéger autrement que par des mots. La vraie sécurité ne peu passer por elles que par une adhésion pleine et entière à l'Europe et par une participation active à la politique de défense européenne commune." (p. 290)

Ele dá o exemplo da Turquia, que se distanciou dos EUA, sem reação do grande império, pois que ele não tem os meios econômicos e financeiros de sua política externa. Para Todd, os EUA são um "glorieux mendiant planétaire" (p. 291). 

Seu posfácio conclui desta maneira: 

"Pour leur comportement menaçant, ils [os EUA] ont accéleré l'intégration de l'Europe et rendu irreversible le rapprochement entre l'Europe et la Russie." (p. 293, souligné PRA)

Ele termina em grande estilo: "George W. Bush et les néoconservateurs passeront donc dans l'histoire comme les grands fossoyeurs de l'empire américain." (p. 293)

 Estamos esperando ainda esse declínio americano e a amizade russo-europeia.

L'enfant terrible, finalement, n'était pas si terrible que ça...

Paulo Roberto de Almeida

Brasilia, 29/05/2024


Se salários de servidores fosse investimento, o Brasil teria o maior PIB do planeta - Ricardo Bergamini

Ricardo Bergamini é incansável na tarefa de expor as mais flagrantes deficiências do funcionamento do Estado no Brasil. PRA

Se salários de servidores fosse investimento, o Brasil teria o maior PIB do planeta (Ricardo Bergamini)

O presidente disse que reajuste salarial é “investimento” e ainda deu um duro recado aos auxiliares: é proibido, no governo, chamar reajuste — “o que é investimento” — de gasto. “É preciso mudar o discurso. É preciso mudar o discurso. É preciso saber o que é gasto e o que é investimento.

Prezados Senhores 

 

Na união, estados e municípios, existem em torno de 1,2 milhão de assessores parlamentares (fontes primárias de peculato – exemplos: “rachadinhas” do clã Bolsonaro) que poderiam ser dispensados sem restrições constitucionais. 

 

São amigos, parentes e aliados dos políticos, não são concursados, não têm direitos adquiridos, não têm estabilidade de emprego, não são garantidos pelas cláusulas pétreas da Constituição, além de representarem um contingente correspondente a três vezes o efetivo ativo das FFAA.   

 

Extinção imediata desses parasitas, que considerando um salário médio de R$ 8.000,00 mensais, daria uma economia permanente em torno de R$ 113,3 bilhões ao ano. Cabe lembrar que o gasto total (pessoal e todas as atividades) das FFAA, em 2023, foi de R$ 123,1 bilhões. 

 

No serviço público existe o crescimento vegetativo dos gastos com pessoal, assim sendo mesmo sem qualquer interferência do governante de plantão, os gastos com pessoal crescem com benefícios imorais existentes (promoções automáticas, quinquênios, licença prêmio, dentre centenas de outras aberrações ainda existentes no Brasil). 

 

Em 2002, os gastos com pessoal consolidado (união, estados e municípios) foi de R$ 198,7 bilhões (13,35% do PIB), representando 41,64% da carga tributária que era de 32,06%. Em 2022 migra para R$ 1.453,5 bilhões (14,66% do PIB), aumento real em relação ao PIB de 9,61%, representado 43,46% da carga tributária de 2022 que foi de 33,71%. Nesse período houve aumento real da carga tributária de 5,15% e do percentual de gastos com pessoal de 4,58% em relação a carga tributária. Uma criminosa excrescência econômica do Brasil.

 

Um grupo de trabalhadores de primeira classe (servidores públicos) composto por 13,5 milhões de brasileiros (ativos, inativos, civis e militares) que representam apenas 6,34% da população brasileira, sendo 2,2 milhões federais, 4,9 milhões estaduais e 6,4 milhões de municipais custaram R$ 1.453,5 bilhões em 2022, correspondentes a 14,66% do PIB. Esse percentual representou 43,46% da carga tributária que foi de 33,71% do PIB em 2022. 

 

Na história do Brasil a nação sempre foi refém dos seus servidores públicos (trabalhadores de primeira classe), com os seus direitos adquiridos intocáveis, estabilidade de emprego, longas greves remuneradas, acionamento judicial sem perda de emprego, regime próprio de aposentadoria (não usam o INSS), planos de saúde (não usam o SUS), dentre muitos outros privilégios impensáveis para os trabalhadores de segunda classe (empresas privadas). Com certeza nenhum desses trabalhadores de primeira classe concedem aos seus empregados os mesmos direitos imorais. 

 

Ricardo Bergamini


terça-feira, 28 de maio de 2024

Foreign Relations of the United States (FRUS) ; Papers Diplomatiques français (Daniel Afonso da Silva)

Daniel Afonso da Silva, pesquisador de relações internacionais na USP, me envia as fontes documentais para o estudo da política externa dos países. Aqui a série de documentos diplomáticos americanos (um modelo para a organização dos papeis diplomáticos brasileiros, se tivéssemos um historiador oficial do Itamaraty): 

https://history.state.gov/historicaldocuments


 Daniel Afonso da Silva também me enviou o link para os papeis diplomáticos da França, com remissões aos documentos de outros países também: 

https://bibliotheque-numerique.diplomatie.gouv.fr/meae/

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...