O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Claro, telefonia movel: uma companhia Obscura, e sem qualificação

Dentro em pouco vou "comemorar" quinze chamadas ao serviço de "desatendimento" da Claro para tentar resolver um problema que deveria ser simples, mas que essa companhia incompetente e desatenciosa não consegue resolver: fazer com que meu celular deixe de simplesmente receber chamadas, para também fazer algo elementar, que deveria constar do menu habitual de qualquer telefone digno desse nome: FAZER chamadas.

Pois o serviço oferecido por essa companhia obscura, e incompetente (nunca me cansarei de repetir, até que eles se cansem de ler meus posts e resolvam corrigir a situação anômala), tem essa peculiaridade: ele não consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Sobretudo, essa companhia relapsa não consegue detectar um problema que está com ela, e que só ela conseguiria resolver: fazer com que minha linha emita chamadas, e não apenas receba chamadas.
Será que estou pedindo muito?

Pois essa companhia vagabunda até agora não conseguiu resolver esse problema elementar. De nada resolveram todos os meus pedidos, horas perdidas ao telefone falando com assistentes manifestamente despreparadas para o trabalho de atendimento ao cliente.

Mas essa companhia vagabunda possui um serviço alerta de avisos quando algo negativo é publicado sobre ela neste vasto espaço cibernético.
Mesmo este meu modesto blog foi objeto da atenção imediata de algum "aspone" de relações públicas dessa companhia vagabunda: ele me escreveu para perguntar o que estava acontecendo.
Já expliquei. Provavelmente vão me pedir cinco dias para resolver o problema.

Essas companhias pensam que seus clientes são idiotas consumados (alguns o são, de fato, mas não todos). A resposta clássica para quando não conseguem atender, ou sequer explicar o que está acontencendo é a de sempre: "o serviço está em manutenção".

Não creio que mudar de companhia vá resolver os problemas, pois todos reclamam do cartel de companhias prestadoras de "desserviços" telefônicos: todas são igualmente ruins.
O responsável por isso, na verdade, é o governo: em lugar de desmantelar o cartel e abrir a concorrência para toda e qualquer companhia desejosa de oferecer serviços na área, e de manter uma agência estatal isenta e independente, para multar pesadamente as empresas (atualmente cartelizadas) que oferecem os serviços, ele se contenta em administrar o semi-monopólio.

Não sei se os usuários sabem, mas o governo, que não fez ABSOLUTAMENTE NADA para que eu pudesse ter um celular, se apropria de cerca de 40% das receitas das companhias, ou seja, ele fica com cada 4 de 10 reais que pagamos pelos desserviços telefônicos.
É o que se chama de rent-seeker.
O governo é um rent-seeker de minhas comunicações privadas. Um ser abjeto...
A companhia Claro é mais abjeta ainda, pois não consegue me dar o serviço para o qual estou pagando.
Deveria haver uma maneira de descontar os dias de serviços não utilizados.

Vou continuar chamando a Claro de companhia vagabunda, até que eles se decidam resolver o meu problema. Ainda tenho de comprar créditos para usar um celular de emergência para poder emitir chamadas.

Paulo Roberto de Almeida
(Brasilia, 21.07.2010)

O Brasil a caminho do Apartheid - Estatuto da (Des)Igualdade Racial sancionado

Mais um passo no caminho do racismo institucionalizado, sempre vicioso e viciado, e que promete criar mais racismo no Brasil, infelizmente...

Lula diz que democracia fica mais representativa e justa com Estatuto da Igualdade Racial
Agência Brasil
20/07/2010 21:04

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (20/7), durante cerimônia de sanção do Estatuto da Igualdade Racial, que o país passará a ser mais justo com a entrada em vigor do texto, que prevê garantias e o estabelecimento de políticas públicas de valorização para os negros.

“A democracia brasileira parece mais justa e representativa com a entrada em vigor do Estatuto da Igualdade Racial. Estamos todos um pouco mais negros, um pouco mais brancos e um pouco mais iguais”, discursou Lula, no Itamaraty, para uma plateia formada, em sua maioria, por representantes de diversos movimentos que lutam pela questão da igualdade racial.

Lula ressaltou que seu governo foi duramente criticado por defender a "agenda dos desafios da igualdade racial” e lembrou que, “os críticos de sempre”, chegaram a ingressar com ações no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a política de cotas nas universidades públicas. "O que construímos nesses sete anos e seis meses foi uma sólida ponte entre a democracia política e a democracia social".

Mas agora, no período eleitoral, acrescentou Lula, mesmo os críticos mais duros não contestam essas medidas. “Agora, às vésperas das eleições, ninguém mais contesta. Nem sempre foi assim e a sociedade enxerga a distância o que se dizia antes e o que se diz agora. Quantas vezes não fomos criticados por trazer a agenda dos pobres para dentro o governo”, criticou o presidente, acrescentando que, durante o seu governo, mais de 20 milhões de pessoas deixaram a linha da pobreza e passaram para a classe média.

“Fomos criticados duramente por isso e fomos desdenhados pelos críticos de sempre. Os desafios da desigualdade ainda são tratados como um falso problema e uma questão menor do desenvolvimento e da democracia. O mesmo se deu na luta contra a fome no Brasil”, disse Lula.

O presidente ainda minimizou as mudanças no estatuto durante a tramitação no Congresso, como a retirada da política de cotas. “Vocês não perderam nada, ganharam e ganharam muito. Se faltou algo, vamos colocar mais massa", afirmou.

O presidente da Rede de Cursinhos Populares Educafro, frei David Raimundo dos Santos, também acredita que, apesar das mudanças, o Estatuto da Igualdade Racial representa um avanço na questão das políticas de igualdade racial no Brasil. “As mudanças são o retrato da falta de dimensão política que a comunidade negra não conseguiu construir nesses 510 anos de Brasil”, argumentou.

“Cedemos o dedo para não perder o braço. O que sobrou, é superior à força política que a sociedade negra possui”, acrescentou frei Davi. Ele acredita que a comunidade negra precisa aproveitar as eleições para aumentar sua representação política nas esferas estaduais e federal.

Brasil se apresenta como provedor de assistencia ao desenvolvimento - The Economist

O Brasil, com grande atraso, está se empenhando na cooperação ao desenvolvimento, ou seja, fazendo assistência aos países mais pobres. Nisso ele repete o que já foi feito pelos países mais avançados -- ex-metrópoles de situações coloniais, bastante diferenciadas entre si -- desde a descolonização e nos últimos 50 ou 60 anos.
O resultado de tudo isso, como todos sabem, foi um desastre. A ajuda externa, em lugar de ajudar os países em desenvolvimento, de fato os atrasou, os tornou dependentes da ajuda externa, estimulou corrupção, desperdício de dinheiro, comportamentos totalmente anti-econômicos.
Nem sempre, concordo, pois a ajuda externa, sobretudo sanitária, médica, emergencial, é sempre necessária para países que não tem condições sequer de atender dignamente suas populações. Mas a responsabilidade principal deveria incidir sobre suas elites, seus governantes, suas classes dirigentes em primeiro lugar. Essas costumam ser incompetentes, corruptas, criminosas por vezes. O caso dramático do Haiti, ou do Afeganistão, são apenas dois exemplos extremos de uma situação que se repete na África e na Ásia, e também na própria América Latina, com certa frequência. Existem Estados falidos que praticamente escolheram ser Estados falidos, embora existam fatores objetivos -- em alguns casos a chamada dominação externa, ou dependência -- que os levaram a isso. Mas a dependência da ajuda externa não é a solução.
Para os que ainda acreditam na ajuda externa, recomendo a leitura do livro de William Easterly, The White Man's Burden, que serviu parcialmente de inspiração para este meu artigo:
Falência da assistência oficial ao desenvolvimento
portal de Economia do IG (03.05.2010).
Republicado em Mundorama (24.05.2010).
Via Política (28.06.2010).

A matéria abaixo da Economist confirma que o Brasil entrou pesado nesse jogo até agora quase sem ganhadores. Esperemos que ele tenha mais sucesso que os exemplos anteriores, mas pessoalmente não acredito, sobretudo porque a vontade de fazer é por vezes superior ao estudo técnico e isento dos projetos. Faça-se, eis a vontade superior. Com isso, estamos colocando dinheiro onde muitos outros já colocaram anteriormente, com escassas perspectivas de sucesso.
Paulo Roberto de Almeida

Speak softly and carry a blank cheque: Brazil's foreign-aid programme
The Economist, July 15th 2010

In search of soft power, Brazil is turning itself into one of the world's biggest aid donors. But is it going too far, too fast?

BRASÍLIA - ONE of the most successful post-earthquake initiatives in Haiti is the expansion of Lèt Agogo (Lots of Milk, in Creole), a dairy co-operative, into a project encouraging mothers to take their children to school in exchange for free meals. It is based on Bolsa Família, a Brazilian welfare scheme, and financed with Brazilian government money. In Mali cotton yields are soaring at an experimental farm run by Embrapa, a Brazilian research outfit. Odebrecht, a Brazilian construction firm, is building much of Angola’s water supply and is one of the biggest contractors in Africa.

Without attracting much attention, Brazil is fast becoming one of the world’s biggest providers of help to poor countries. Official figures do not reflect this. The Brazilian Co-operation Agency (ABC), which runs “technical assistance” (advisory and scientific projects), has a budget of just 52m reais ($30m) this year. But studies by Britain’s Overseas Development Institute and Canada’s International Development Research Centre estimate that other Brazilian institutions spend 15 times more than ABC’s budget on their own technical-assistance programmes. The country’s contribution to the United Nations Development Programme (UNDP) is $20m-25m a year, but the true value of the goods and services it provides, thinks the UNDP’s head in Brazil, is $100m. Add the $300m Brazil gives in kind to the World Food Programme; a $350m commitment to Haiti; bits and bobs for Gaza; and the $3.3 billion in commercial loans that Brazilian firms have got in poor countries since 2008 from the state development bank (BNDES, akin to China’s state-backed loans), and the value of all Brazilian development aid broadly defined could reach $4 billion a year (see table). That is less than China, but similar to generous donors such as Sweden and Canada—and, unlike theirs, Brazil’s contributions are soaring. ABC’s spending has trebled since 2008.

This aid effort—though it is not called that by the government—has wide implications. Lavishing assistance on Africa helps Brazil compete with China and India for soft-power influence in the developing world. It also garners support for the country’s lonely quest for a permanent seat on the UN Security Council. Since rising powers like Brazil will one day run the world, argues Samuel Pinheiro Guimarães Neto, the minister for strategic affairs, they can save trouble later by reducing poverty in developing countries now.

Moreover, aid makes commercial sense. For example, Brazil is the world’s most efficient ethanol producer, and wants to create a global market in the green fuel. But it cannot do so if it is the world’s only real provider. Spreading ethanol technology to poor countries creates new suppliers, boosts the chances of a global market and generates business for Brazilian firms.

The effort matters to the world’s aid industry, too—and not only because it helps offset the slowdown in aid from traditional donors. Like China, Brazil does not impose Western-style conditions on recipients. But, on the whole, western donors worry less about Brazilian aid than they do over China’s, which they think fosters corrupt government and bad policy. Brazilian aid is focused more on social programmes and agriculture, whereas Chinese aid finances roads, railways and docks in exchange for access to raw materials (though Brazilian firms are busy snapping up commodities in third-world nations, too).

Marco Farani, the head of ABC, argues there is a specifically Brazilian way of doing aid, based on the social programmes that have accompanied its recent economic success. Brazil has a comparative advantage, he says, in providing HIV/AIDS treatment to the poor and in conditional cash-transfer schemes like Bolsa Família. Its tropical-agriculture research is among the world’s best. But Brazil also still receives aid so, for good or ill, its aid programme is eroding the distinction between donors and recipients, thus undermining the old system of donor-dictated, top-down aid.

And all this has consequences for the West. Some rich-country governments cautiously welcome what Brazilians call “the diplomacy of generosity”, just as they do the soft-power ambitions of which aid is part. After all, if (as seems likely) emerging markets are to become more influential, Brazil—stable, democratic, at peace with its neighbours—looks more attractive and tractable than, say, China or Russia.

But if aid is any guide, a lot will have to change before Brazil occupies the place in the world that its president, Luiz Inácio Lula da Silva, aspires to. Brazil seems almost ambivalent about its aid programme. The country still has large pockets of third-world poverty, and sending money abroad could be controversial. Brazilian law forbids giving public money to other governments, so legal contortions are inevitable. The ABC aid agency is tucked away in the foreign ministry, where its officials are looked down on as “Elizabeth Arden” diplomats (London–New York–Paris), not the “Indiana Jones” adventurers required. At least some aid, for example to Venezuela, seems to have been inspired by Lula’s soft spot for leftist strongmen. And the exponential increase in aid—the value of humanitarian contributions has risen by 20 times in just three years—means that both people and institutions are being overwhelmed. Stories abound of broken promises, incompetence and corruption.

Slowly, though, things are changing. Dilma Rousseff, the presidential candidate from Lula’s party, is thought to be mulling over the idea of a new development agency to raise aid’s profile, if elected. As Mr Farani says, Brazil needs more aid officials, with more operational independence and a greater emphasis on policy aims, not just piecemeal projects. Until it gets those, Brazil’s aid programme is likely to remain a global model in waiting—a symbol, perhaps, of the country as a whole.

Correction: Brazil's foreign-aid programme, July 16th 2010

In a recent article (“Speak softly and carry a blank cheque”, July 17th), we mistakenly referred to Samuel Pinheiro Guimarães Neto as the secretary-general of Brazil's foreign minsitry. Since last year he has been minister for strategic affairs; Antonio Patriota is the secretary-general of the foreign ministry. Our apologies to both men.

Entre a mentira e a verdade, nao sou neutro; entre a fraude e a desonestidade, rejeito ambas...

Este blog tem um compromisso com ideias, basicamente, boas ideias, se possivel, ideais sensatas, sempre. E minhas escolhas e princípios são claros: sou pela democracia, contra todas as ditaduras; sou pelos mercados, contras todos os estatismos indevidos; sou pelo indivíduo, sempre, contra todos os Estados opressores. Sou sobretudo pela verdade dos fatos, quando querem nos impingir mentiras, fraudes, propaganda travestida de informação.
Por isso me limito a expor material informativo, com poucos comentários pessoais, pois fatos costumam falar por si (salvo alguns fatos econômicos que são de difícil compreensão para alguns cabeças-duras da academia ou da imprensa).
A questão das Farc, do narco-terrorismo, das ditaduras vagabundas que proliferam pela região me deixam preocupado, pois pretendo um Brasil democrático, com uma economia de mercado, com partidos limpos e não corruptos, com dirigentes que não pratiquem fraudes políticas nem desonestidade intelectual.
Daí alguns posts, que são meras contribuições para o esclarecimento de certos fatos.
Outro dia recebi a ligação de um telefone "bloqueado" -- ou seja, não identificado -- para simplesmente me ofender, desligando em seguida. Deve ser alguém incomodado com o meu blog, pois meus artigos, de escassa leitura mais ampla, não devem ter nenhuma influência maior. Mas, parece que este blog incomoda certas pessoas. Daí ofensas eventuais. Não me intimida. Continuarei fazendo o que sempre fiz: lendo, refletindo, escrevendo, publicando eventualmente, mas simplesmente expondo fatos e tirando conclusões, com base numa análise ponderada da realidade dos fatos, apenas isso.
Abaixo, mais um post que deve deixar incomodado certas pessoas...
Paulo Roberto de Almeida

El 'dossier' brasileño
Revista Cambio (Colombia), Julio 31 de 2008

El computador de 'Raúl Reyes' revela que los vínculos de las Farc con altos funcionarios del gobierno de Brasil, entre ellos cinco ministros, llegaron a niveles escandalosos.

En el atardecer del sábado 19 de julio, en la hacienda Hatogrande, la casa presidencial al norte de Bogotá, el presidente Álvaro Uribe, sonriente y desparpajado como pocas veces, no dudó en ofrecerle a su homólogo brasileño Luiz Inácio 'Lula' Da Silva, una copa de aguardiente antioqueño para mitigar el frío que calaba los huesos.

La copa selló la primera parte de la intensa jornada que había empezado el viernes 18 y que terminaría al domingo en Leticia con la celebración del Día de la Independencia. Una celebración que, como nunca, congregó a artistas de la talla de Shakira y a la cual concurrió también el presidente peruano Alan García.

La agenda 'Lula' y Uribe, alrededor de acuerdos bilaterales, fue condimentada con mutuos elogios públicos. El presidente Uribe les agradeció a su homólogo brasileño y a su gobierno seis años de relaciones dinámicas y de confianza. Sin embargo, en una reunión privada que sostuvieron ante muy pocos testigos, Uribe le hizo a 'Lula' un breve resumen sobre una serie de archivos que las autoridades colombianas encontraron en los computadores de 'Raúl Reyes' que comprometía a ciudadanos y funcionarios de su gobierno con las Farc.

Contrario a lo que pasó con la información relacionada con servidores públicos del Gobierno de Rafael Correa y ciudadanos ecuatorianos, que el Gobierno hizo pública, en el caso de Brasil las instrucciones del Presidente fueron mantenerlas en reserva y manejarlas diplomáticamente para no deteriorar las relaciones comerciales y de cooperación con el gobierno de 'Lula'.

El Gobierno colombiano ha usado en forma selectiva los archivos del PC de 'Raúl Reyes'. Mientras que con Ecuador y Venezuela fueron utilizados para poner en entredicho a Chávez y a Correa, hostiles con Uribe, con Brasil los ha manejado por debajo de la mesa para no comprometer a Lula Da Silva, quien se ha mostrado más hábil y menos pugnaz con Colombia que sus otros colegas.

Aún así, algunos medios brasileños tenían información parcial sobre unos pocos archivos y por eso el 27 de julio consultaron al ministro de Defensa Juan Manuel Santos, quien en una entrevista al diario O Estado de São Paulo confirmó que el Gobierno colombiano había informado a 'Lula' sobre el tema. "Hay una serie de informaciones de conexiones que entregamos al Gobierno brasileño para que pueda actuar como considere más apropiado", dijo Santos, pero se abstuvo de comentar sobre si había o no políticos y funcionarios oficiales con nexos con el grupo que hoy encabeza 'Alfonso Cano'.

A las declaraciones del Ministro respondió en forma inmediata Marco Aurelio García, asesor de política internacional de Brasil, quien calificó como irrelevantes los datos suministrados por Colombia.

'El Cura Camilo'
No se sabe con exactitud cuánta y qué tan detallada fue la información que el presidente Uribe le dio al presidente 'Lula', pero el que podría llamarse "el dossier brasileño" tendría implicaciones más serias que las derivadas de la información relacionada con Venezuela y Ecuador.

CAMBIO conoció 85 correos electrónicos que, entre febrero de 1999 y febrero de 2008, circularon entre 'Tirofijo', 'Raúl Reyes', 'el Mono Jojoy', 'Oliverio Medina' -delegado de las Farc en Brasil- y dos hombres identificados como 'Hermes' y 'José Luis'.

A juzgar por el contenido de los mensajes, la presencia de las Farc en Brasil llegó hasta las más altas esferas del gobierno de Lula, el Partido de los Trabajadores, PT -el partido del Presidente-, la dirigencia política y la administración de Justicia. En ellos son mencionados cinco ministros, un procurador general, un asesor especial del Presidente, un viceministro, cinco diputados, un concejal y un juez superior.

El personaje central de los correos es 'Oliverio Medina', también conocido como 'El Cura Camilo', un sacerdote que ingresó a las Farc en 1983 y quien en su rápido ascenso llegó a ser secretario de 'Tirofijo'. Llegó a Brasil como delegado especial de las Farc en 1997 y estuvo en Colombia durante el proceso del Caguán, en el que hizo de jefe de prensa del grupo.

Tras la ruptura de las conversaciones en febrero de 2002, regresó a Brasil donde continuó su misión, y su influencia llegó hasta altos niveles de la administración de 'Lula', quien asumió el cargo en enero de 2003. Pero gracias a la presión de las autoridades colombianas, fue capturado en agosto de 2005. Colombia lo pidió en extradición, pero el Tribunal Supremo de Justicia de Brasil no solo la negó el 22 de marzo de 2007, sino que le reconoció a 'Medina' la condición de refugiado político.

Hasta el 'curubito'
La cárcel no fue obstáculo para que 'El cura Camilo' suspendiera su labor proselitista y propagandística. Prueba de ello son los numerosos correos que le envió a 'Reyes' y que muestran cómo logró llegar hasta la cúpula del gobierno brasileño.

Cuatro de los correos conocidos por CAMBIO se refieren al presidente 'Lula'. En uno de ellos, fechado el 17 de julio de 2004, 'Raúl Reyes' le dice a 'Tirofijo' que el gobierno de 'Lula' ayudaría con el acuerdo humanitario: "Los curas me enviaron carta pidiendo entrevista con ellos en Brasil -escribe 'Reyes'-. Según dicen hablaron con 'Lula' y este asumió el compromiso de ayudar en lo del acuerdo humanitario, intercediendo ante Uribe para efectuar la reunión en su país".

En el segundo, fechado el 25 de septiembre de 2006, 'Oliverio Medina' le cuenta a 'Reyes': "No le he dicho que hace algunos días 'Lula' llamó al ministro Pablo Vanucchi (ministro de la Secretaría Nacional de DD.HH.), indicándole que telefoneara al abogado Ulises Riedel y lo felicitara por el éxito jurídico en su brillante defensa a favor de mi refugio".

En el tercero, con fecha 23 de diciembre de 2006, 'Medina' le informa a 'Reyes' que "a 'Lula' y dos de sus asesores que nos han ayudado les mandé el afiche de aguinaldo". Los funcionarios son Silvino Heck, asesor especial del Presidente, y Gilberto Carvalho, jefe de Gabinete, que aparecen mencionados en un correo del 23 de febrero de 2007, también dirigido a 'Reyes': "Es posible que me visite un asesor especial de 'Lula' llamado Silvino Heck, que junto con Gilberto Carvalho ha sido otro que nos ha ayudado bastante".

Entre los 85 correos conocidos por CAMBIO, hay uno sin fecha, también enviado por 'Medina' a 'Reyes', que dice: "Estuve hablando con la diputada federal María José Maninha. Quedamos en que va a abrirme camino rumbo al Presidente vía Marco Aurelio García". García es secretario de Asuntos Internacionales.

No menos comprometedores son aquellos en los que aparecen mencionados algunos ministros. En uno de ellos, dirigido a 'Reyes' el 4 de junio de 2005 por un tal 'José Luis', figura el nombre del ministro de la Presidencia José Dirceo. "Llegó un joven de unos 30 años y se presentó como Breno Altman (dirigente del PT), me dijo que venía de parte del ministro de la Presidencia José Dirceo, que por motivos de seguridad ellos habían acordado que las relaciones no pasaran por la Secretaría de Relaciones Internacionales, sino que se hicieran directamente a través del ministro con la representación de Breno".

Al final del mensaje, 'José Luis' dice que el Gobierno brasileño y el PT le darán protección a 'Medina' mientras avanza el trámite de la extradición: "Le repliqué (sic) si podíamos estar tranquilos, que no lo iban a secuestrar o a deportar a Colombia y me contestó: 'Pueden estar tranquilos' ".

En un correo del 24 de junio de 2004, 'Reyes' le comenta a 'Medina' sobre la posible salida de Dirceo del Gabinete y le dice: "De ser cierto, esta medida en provecho de los detractores de 'Lula' puede afectar la incipiente apertura de las relaciones con nosotros".

Las Farc también intentaron llegar al despacho del ministro de Relaciones Exteriores, Celso Amorín. En un correo del 22 de febrero de 2004, 'José Luis' le escribe a 'Reyes': "Por intermedio del legendario líder del PT Plinio Arruda Sampaio, le llegamos a Celso Amorín, actual ministro de Relaciones Exteriores. Plinio nos mandó a decir con Albertao (concejal de Guarulhos) que el Ministro está dispuesto a recibirnos. Que tan pronto tenga un espacio en su agenda nos recibe en Brasilia".

El Procurador y el Juez
El embajador de las Farc hizo tan bien su oficio que también logró llegar hasta el procurador Luis Francisco De Souza, quien es mencionado en un extenso correo del 22 de agosto de 2004 que 'Medina' y 'José Luis' le enviaron a 'Reyes' y a 'Rodrigo Granda': "Él dio el siguiente consejo: andar con una máquina de fotografía y en lo posible con una grabadora para en caso de volver a parar un agente de información fotografiarlo y grabarlo, teniendo cuidado de no permitirle que agarre la cámara y la grabadora. Que en relación con lo sucedido hagamos una denuncia dirigida a él como Procurador para hacerla llegar al jefe de la Policía Federal y a la Agencia Brasileña de Información".

Algunos correos fueron escritos durante el proceso del Caguán e involucran a un prestigioso juez y a un alto ex oficial de las Fuerzas Armadas brasileñas. Por ejemplo, en uno fechado el 19 de abril de 2001, 'Mauricio Malverde' le informa a 'Reyes': "El juez Rui Portanova amigo nuestro, nos planteó que quiere ir a los campamentos a recibir instrucción y conocer la vida de las Farc. Costea su viaje". Portanova era entonces juez superior de la Corte Estatal de Rio Grande Do Sul, de Portoalegre.

Tres días antes, el 16 de abril, 'Medina' le relata a 'Reyes' un encuentro de Raimundo, Pedro Enrique y Celso Brand -al parecer enlaces de las Farc en Brasil- con el brigadier del Aire Iván Flota, ex jefe de la Fuerza Aérea de Brasil. "El hombre se interesó y dijo que le gustaría tener un encuentro personal con nosotros. Dijo que están comenzando a madurar la toma de la base de Alcántara por las fuerzas nacionalistas para impedir que Estados Unidos se quede con 600 kilómetros cuadrados que están bajo su dominio".

La pequeña muestra de los 85 correos electrónicos conocidos por CAMBIO revelan la importancia de Brasil en la agenda exterior de las Farc, manejada por 'Raúl Reyes', y no cabe duda de que 'El cura Camilo', para apuntalar la estrategia continental de la guerrilla, aprovechó la coyuntura creada por el arribo al poder de 'Lula' y su influyente Partido de los Trabajadores para llegar hasta las más altas esferas del Gobierno.

Y si bien es cierto que los correos son apenas indicios de un posible compromiso del gobierno de 'Lula' con las Farc, pues ninguno de los funcionarios envió mensajes personales a alguno de los miembros del grupo guerrillero, despiertan muchos interrogantes que exigen una respuesta del Gobierno brasileño.

LOS CONTACTOS DE LAS FARC
La expansión de las Farc en América Latina no solo incluyó a funcionarios de los gobiernos de Venezuela y Ecuador, sino que también comprometió a destacados dirigentes, políticos y altos miembros del Partido de los Trabajadores, al que pertenece el presidente Luiz Inácio 'Lula' Da Silva. Además el grupo guerrillero mantuvo contactos con procuradores y jueces de Brasil.

- José Dirceu, ministro de la Presidencia.
- Roberto Amaral, ex ministro de Ciencia.
- Erika Kokay, diputada.
- Gilberto Carvalho, jefe de Gabinete.
- Celso Amorín, canciller.
- Marco A. García, asesor Asuntos Internacionales.
- Perly Cipriano, subsecretario Promoción DD.HH.
- Paulo Vanucci, ministro Secretaría de DD.HH.
- Selvino Heck, asesor presidencial.

SECUESTRO DE NOVARTIS
20 de septiembre de 2001
De: Jorge Briceño 'Mono Jojoy'
A: Secretariado

Edwin, viejo conocido comandante de La Policarpo junto a Julián, se robaron medio millón de dólares por una parte y 700 millones de pesos por otra, del secuestro de Novartis. Se tiraron el negocio que estaba planeado para 10 millones de verdes. Para completar, se armó un lío con México, Suiza y Brasil porque no entregábamos a los tipos. Hablé con representantes de esos países y acordamos que nos daban medio millón de dólares más y nosotros poníamos en libertad a los dos señores. Ordené soltarlos y hasta ahora no han pagado. Si se hacen los pesados pienso asustarlos".

INVITACIÓN AL CAMPAMENTO
12 de junio de 2005
De: 'Raúl Reyes'
A: 'José Luis'

"Al vocero de Brasil hay que invitarlo a que nos visite aquí y explicarle que en función de construir definiciones se hace imprescindible su conversación con el Secretariado. Decirle que tenemos formas seguras de recibirlo en nuestros campamento sin que sea registrado por las autoridades colombianas".

APOYO FINANCIERO
6 de julio de 2005
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"Solidaridad recibida durante el primer semestre de 2005: diputado Paulo Tadeu US$ 833,33. Sindicato de la Empresa de Energía de Brasilia US$ 666,66. Corriente Comunista Luis Carlos Prestes US$766,66. Señora Solene Bomtempo US$ 250,00. Concejal Leopoldo Paulino US$ 433,33. Sindicato de la Empresa de Acueducto de Brasilia US$ 33,33".

EXTRADICIÓN DE CAMILO'
17 de septiembre de 2005
De: 'Raúl Reyes'
A: 'Roque'

"Bastante significativa la solidaridad de los partidos comunistas de Brasil y de otros países con la lucha de las Farc en el empeño de impedir la extradición del 'cura' (Francisco Medina, 'Cura Medina'). Existe en Brasil un importante grupo de amigos solidarios con nosotros en los que hay sindicalistas, maestros, congresistas, ministros, abogados y personalidades ocupados de presionar la libertad inmediata de Camilo".

EL EMPLEO
17 de enero de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"El lunes 15 inició 'la Mona' su empleo nuevo y para asegurarla o cerrarle el paso a la derecha por si en algún momento les da por molestar, entonces la dejaron en la Secretaría de Pesca desempeñándose en lo que aquí llaman un cargo de confianza ligado a la Presidencia de la República".

GIRA POR BRASIL
15 de febrero de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

Los responsables de organizar la gira del camarada Carlos Lozano son: Albertao y Pietro Lora en Guarulhos, São Pablo y Río. En Brasilia: Paulo Tadeo, Erica Kokay. Para la actividad de Río se apoyarán en el ex diputado Federal Milton Temer, del Partido Socialismo y Libertad. Y en Florianópolis un diputado estadual que ellos ayudaron y está dispuesto a ayudar".

ENCUENTRO CON MINISTROS
23 de febrero de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"La defensora pública le está organizando a 'la Mona' un encuentro con el Ministro, el Viceministro y el principal asesor de la Secretaría de Derechos Humanos vinculada a la Presidencia, en su orden Paulo Vannuchi, Perly Cipriano y Dalma de Abreu Dalasi, que es un prestigioso jurista al que el ministro relator le tiene pavor. El viceministro Perly hablará con el presidente de la Comisión de Derechos Humanos de la Cámara Federal. Serán visitadas entidades importantes que nos apoyaron, comenzando por la Comisión Brasileña de Justicia y Paz".

ACTUAR CON CAUTELA
14 de abril de 2007
De: 'Cura Camilo'
A: 'Raúl Reyes'

"Debo actuar con cautela para no facilitar al enemigo argumentos que lleven a cuestionar el refugio. En ese sentido, el haber conseguido el traslado de 'la Mona' y 'la Timbica' para la capital del país, ha sido importante. Ese bajo perfil lo mantendré hasta la neutralización. Obtenida esta, tendré pasaporte brasileño y lo primero que debo pensar es en irlos a ver".

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MAIS FARC E MAIS PT? TÁ BOM! O DIA EM QUE LULA, JÁ PRESIDENTE, DECIDIU DAR UM CONSELHO POLÍTICO AOS COMPANHEIROS NARCOTERRORISTAS
Reinaldo Azevedo, 20.07.2010

Pois é, leitores… Parece que aquele post do Tio Rei, escrito já sob o calor, conseguiu fazer algum verão neste inverno em que soçobra parte do jornalismo brasileiro. Huuummm… Esse papo de aquecimento global ainda acaba com a qualidade das minhas alegorias… Que esse jornalismo se recuse a veicular mentiras sobre o PT, posso compreender e apóio. De fato, não se deve escrever mentira sobre ninguém, com ou sem “outro lado”. Incompreensível é que se recuse a dizer as verdades. Os vínculos do PT com as Farc não existem porque essa é a opinião de Índio da Costa, de José Serra, minha ou do Mané da esquina. Existem, como deixei claro no post de ontem, porque os fatos o demonstram. Este blog dá sempre um furo permanente: TEM MEMÓRIA!!! Que tal acrescentar um outro ingrediente a esta história? Vamos lá: LULA DEU UMA PRECIOSA DICA ÀS FARC QUANDO JÁ ERA PRESIDENTE: SUGERIU QUE ELAS RENUNCIASSEM À LUTA ARMADA E PASSASSEM A FAZER POLÍTICA, SEGUINDO O EXEMPLO DO PT. Procurem as matérias na Internet. Vocês encontrarão. Voltarei a este ponto. Antes, outras considerações.

Por que tanta resistência em cuidar do binômio PT-Farc? Quando Diogo Mainardi trouxe a público o tal requerimento em que Dilma pede a transferência da mulher de Olivério Medina para o Ministério da Pesca, boa parte dos coleguinhas fez de conta que aquele documento não existia ou de nada valia. Mais tarde, a revista colombiana Cambio revelou os e-mails trocados entre Medina e o chefão terrorista Raúl Reyes: ficou claro que a transferência era uma operação combinada com o governo brasileiro para “proteger Mona” - apelido da mulher de Medina. E, de novo, fez-se silêncio nessa área do jornalismo a que me refiro.

A revista Cambio, diga-se (ver post de ontem), trouxe a lista completa daqueles que os próprios narcoterroristas consideram seus amigos no governo e no PT. Celso Amorim está lá. Esse Megalonanico… Ele não é amigo só de Ahmadinejad… Amorim certamente diria que não tem nada com isso etc. A questão é saber por que os narcos o consideram um companheiro. Num dos e-mails, Medina afirma que Amorim era uma das pessoas com as quais ele contava para permanecer livre no Brasil.

Coisa do passado?
Esse vínculo é “coisa do passado”, como sugere Clóvis Rossi na Folha, segundo vejo aqui? Acho que não. Na crise entre o governo colombiano - democrático - e os narcoguerrilheiros, o Brasil nunca condenou as Farc. Nunca! Mas sobraram hostilidades contra o governo constitucional.

Quando as forças colombianas atacaram o acampamento dos terroristas no Equador, seria até compreensível que o Brasil condenasse a violação do território etc e tal… Mas fez muito mais do que isso: transformou os narcos em vítimas e Álvaro Uribe em bandido. No auge da estupidez, Marco Aurélio Garcia concedeu aquela entrevista ao Le Figaro (ver post de ontem) afirmando que o Brasil era “neutro” (???) sobre o caráter terrorista ou não das Farc. E sentenciou: o governo colombiano estava ficando isolado na América Latina.

É pouco? LULA OFERECEU O BRASIL COMO TERRITÓRIO NEUTRO PARA UMA SUPOSTA NEGOCIAÇÃO ENTRE O GOVERNO CONSTITUCIONAL E OS NARCOTERRORISTAS. Neutro??? Então, entre o terrorismo e a lei, somos território neutro?

De volta a Lula
E agora volto ao ponto que deixei lá no primeiro parágrafo. Quando Lula sugeriu que as Farc abandonassem a luta armada e aderissem à luta política, simplesmente ignorava o caráter do grupo. Para o Babalorixá de Banânia, o “erro tático” dos companheiros - que ele aceitou no Foro de São Paulo quando eles já seqüestravam, assassinavam e mantinham campos de concentração - era a luta armada; O RESTO LHE PARECEU OK. E o resto era nada menos do que o narcotráfico. Nesse assunto, Lula não tocou. Imaginem os companheiros do pó disputando eleições, como queria Lula…

Então não me venham com essa cascata de “assunto do passado”. Não é, não! É assunto do presente. TÃO PRESENTE QUANTO O REQUERIMENTO ASSINADO POR DILMA SOLICITANDO A CONTRATAÇÃO DA MULHER DE MEDINA.

Pronto! Agora voltarei ao calor, que está gelado aqui no “Starbucks Coffee” - música brasileira no som-ambiente… Já ouvi bossa nova de elevador, Gonzaguinha e Beth Carvalho. E escrevi sobre Lula e as Farc… Como dizia uma musiquinha dos anos 80, às vezes, “a vida não presta”… Paro antes que uma das filhas, aqui do lado, fique muito brava…

terça-feira, 20 de julho de 2010

Emergencia diplomatica: quem disse que diplomata nao fica pobre?

Não deixa de ser irônico, mas coitada da mulher, não merecia isso.
Mas, também, por que é que foi ficar com um maluco e seus 40 gatos?
Agora só falta revelar a nacionalidade, o nome e o novo endereço do dito cujo.
Com 40 gatos, não corre o risco de passar despercebido...
Paulo Roberto de Almeida

Embaixador em Israel abandona a mulher e parte com 40 gatos
DA FRANCE PRESSE, EM JERUSALÉM
20/07/2010 - 15h30

Um embaixador sul-americano em Israel abandonou seu posto de trabalho e sua mulher para desaparecer com todos os bens do casal, além dos 40 gatos e dois cachorros da família, anunciou nesta terça-feira o jornal on-line "Y-Net".

Há cerca de um mês, o embaixador --cuja identidade não foi revelada-- aproveitou uma viagem à Europa da mulher para deixar repentinamente o seu país.

Quando ela voltou para Israel, descobriu que seu marido havia levado tudo --incluindo jóias, roupas, objetos pessoais e os animais de estimação-- além de tomar o cuidado de cancelar todos os cartões de crédito e seguros.

Desamparada, a mulher está sendo auxiliada por amigos israelenses e apresentou queixa de furto à polícia

A Claro é uma companhia vagabunda, que se preocupa com a sua imagem...

Depois de perder horas para resolver meu problema, e falar com assistentes debiloides a cada vez, resolvi colocar um post ofensivo neste meu blog, dizendo exatamente o que a companhia é: um serviço vagabundo de atendimento, que não consegue fazer aquilo para o qual está sendo paga: fornecer linha para seus clientes.

Pois um atendente do serviço de relações públicas me escreveu em seguida, para saber o que está acontecendo.
Vou continuar chamando a companhia de vagabunda até que resolvam o meu problema; parece que só funciona assim.

Negocios e diplomacia - Carlos Alberto Sardenberg

Negócios são negócios... para os outros
Carlos Alberto Sardenberg
O Estado de S. Paulo, 19/07/2010

O governo cubano está trocando presos políticos por vantagens econômicas concedidas pela União Europeia. Ou a União Europeia está comprando a liberdade de meia centena de dissidentes. Trata-se de uma diplomacia realista, que negocia com ditadores para obter resultados na área dos direitos humanos.


O presidente Lula poderia ter feito isso, não é mesmo? Toda vez que é cobrado pelas suas boas relações com ditadores, o presidente responde que não pode interferir em assuntos internos de outros países e que "negócios são negócios". É o que dizem e fazem praticamente todos os chefes de governo de países importantes.

Mas há uma diferença entre ser realista, de um lado, e mostrar-se indiferente ou mesmo dar apoio a ditaduras, de outro. Governantes que têm efetivo compromisso com a democracia e os direitos humanos tentam combinar essa atitude de princípios com uma diplomacia realista. Como? Condenando uma ditadura numa votação nas Nações Unidas ou fazendo pressão pública pela libertação de prisioneiros, enquanto, ao mesmo tempo, se mantém um comércio que beneficia diretamente a população daquele país.

A União Europeia e a Espanha, em especial, que mantém boas relações com o regime de Fidel Castro há muitos anos, fazem isso no limite quando negociam a libertação de prisioneiros políticos. O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, recorre a suas boas relações dentro da esquerda internacional para conseguir alguma abertura em Cuba.

O presidente Lula poderia fazer mais do que negociar a libertação de alguns prisioneiros. Reparem nas condições, em tese: Lula é amigão de Fidel e de Raúl Castro, tem entre seus colaboradores pessoas que se asilaram e treinaram guerrilha em Cuba, mantendo laços afetivos com os dirigentes da ilha, e ocupa um lugar importante na história da esquerda latino-americana.

Acrescente-se a isso o prestígio que o presidente acumulou no mundo todo, onde foi recebido como representante perfeito da esquerda democrática e responsável, e se pode perguntar: Quem teria tantas condições para, por exemplo, fazer uma ponte entre o governo Obama e os irmãos Castro?

É evidente que Barack Obama e Hillary Clinton sabem, primeiro, que Cuba não tem mais importância nenhuma no cenário internacional. Para os Estados Unidos, é um estorvo local, um problema eleitoral na Flórida, e a ampla maioria dos líderes cubano-americanos apoia uma diplomacia que colabore para uma abertura pacífica e ordenada. Finalmente, sabem todos que o embargo econômico não leva a esse resultado.

Mas, é claro, é preciso combinar com os Castros. Não se avança sem uma contrapartida dos cubanos, sem uma disposição para iniciar ou simplesmente sinalizar algum tipo de abertura. Ninguém está esperando que Raúl Castro renuncie e chame o pessoal de Miami. Mas todos esperam algum sinal que não seja o reforço da ditadura.

Lula, sobretudo quando ainda era considerado o cara, foi a um dado momento o único líder importante que tinha, ao mesmo tempo, a confiança de Washington e de Havana. Mas para que exercesse o papel de mediador, Lula e seu pessoal aqui precisariam, primeiro, aceitar que o regime cubano é uma ditadura anacrônica e que deveria caminhar para a democratização.

Está claro que não acreditam. Lula apoiou enfaticamente a ditadura cubana em um de seus piores momentos, quando um preso político estava morrendo numa greve de fome. Votou a favor de Cuba em diversos cenários internacionais. E deixou claro, em seguidos pronunciamentos, que a culpa de tudo está no embargo americano e que os Estados Unidos não têm direito de pedir nada ao regime castrista.

Mostrou-se um aliado de Cuba, do mesmo modo como se mostrou em relação ao Irã.

E nem vantagem comercial obteve. Até hoje, apesar do embargo, Cuba importa mais produtos dos Estados Unidos do que do Brasil. E o Irã tem entre seus principais parceiros comerciais a Alemanha e a França, cujos governos apoiaram as sanções econômicas ao país.

China. E por falar em diplomacia, desta vez na política Sul-Sul, o governo Lula tem apresentado como um dos resultados importantes a "parceria estratégica" com a China. E, de fato, as exportações brasileiras para a China aumentaram de maneira exponencial nos últimos anos.

Mas todos os países que têm minérios e alimentos elevaram espetacularmente suas exportações para a China. Para ficar apenas na América Latina, a China é o principal destino das exportações chilenas e peruanas e o segundo mais importante para Argentina e Uruguai.

No outro lado do comércio, Chile e Peru importam, em primeiro lugar, dos Estados Unidos; em segundo, da China; e apenas em terceiro, do Brasil. A Argentina importa mais do Brasil, mas em segundo lugar já aparece a China, crescendo. O Uruguai importa, primeiro, da Argentina e, em segundo, da China.

Em todas essas parcerias, a China importa minérios e alimentos e exporta manufaturados e bens de capital. Em todos os países da região, os chineses estão investindo naquelas áreas em que são mais carentes, como terras para a produção de comida, minas (e portos associados) e petróleo. Por exemplo, emprestam dinheiro para a Petrobrás (e para a venezuelana PDVSA) em troca de garantia de fornecimento de petróleo.

Aliás, eis aí um verdadeiro problema de diplomacia econômica para o Brasil: o avanço chinês aqui no nosso lado do mundo.

Mas a China é também a principal parceira do Irã, dos Estados Unidos e da Europa. Eis um caso de realismo e de diplomacia de resultados estratégicos... da China.

Elevacao na escala tecnologica: maior valor agregado, maiores receitas

Essa experiência da indústria calçadista de Franca (SP) é exatamente o que já ocorreu em outros países, submetidos à concorrência chinesa, nessa ou em outras áreas: Itália, Espanha, Austrália, Estados Unidos.
Ou seja, o mundo se comporta como o bom senso comanda, e a teoria econômica prevê...

Franca vende menos calçados e ganha mais
Da Redação
Folha de S. Paulo, 20.07.2010

A indústria calçadista de Franca enviou um volume menor de produtos para o mercado externo no primeiro semestre deste ano. Em compensação, viu o valor obtido com essas vendas subir.
De acordo com levantamento mensal do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), a cidade exportou 1,48 milhão de pares de sapatos nos seis primeiros meses deste ano, ante 1,52 milhão no mesmo intervalo de 2009.
O valor dessas negociações, em 2010, rendeu U$ 42,21 milhões aos fabricantes francanos, enquanto, no ano passado, o total foi de US$ 38,15 milhões.
Até junho, as vendas no mercado internacional de Franca foram puxadas por mercados tradicionais.
Somente os Estados Unidos compraram 28% mais, em valor, neste ano. As vendas para esse país representaram 42,88% das exportações do setor francano.
O Reino Unido elevou ainda mais suas compras da indústria de Franca: passou de US$ 1,48 milhão para US$ 2,82 milhões (alta de 91%).
De acordo com o presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão, a indústria conseguiu agregar mais valor a seus sapatos neste ano. Por isso, conseguiu ganhar mais, mesmo vendendo menos.
Para ele, no entanto, as compras em alta de mercados como Estados Unidos, Reino Unido e Espanha ainda não significam uma recuperação da crise econômica que abalou o poder aquisitivo desses países no ano passado e afetou as vendas internacionais de Franca.
O diretor comercial da Sândalo, Téti Brigagão, tem opinião divergente, pelo menos quando o assunto é a retomada do consumo em mercados importantes para o calçado brasileiro.
Com exceção do público norte-americano, que ainda não voltou a comprar de sua empresa como antes da crise, Téti Brigagão disse que os outros importadores têm acelerado as encomendas.
O incremento, disse ele, veio acompanhado da evolução do valor dos sapatos, resultado de uma mudança do gosto do consumidor externo, que está mais exigente com detalhes como modelagem, costuras e acessórios.

Top Secret America - Washington Post

O jornal Washington Post criou uma seção, melhor dizer um programa inteiro dedicado aos esforços oficiais dos Estados Unidos na luta contra o terror:

A Secret America: a Washington Post Investigation

Watch the Intro
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See the Map
Explore Connections
Find Companies
Search the Data

"Top Secret America" is a project nearly two years in the making that describes the huge national security buildup in the United States after the Sept. 11, 2001, attacks. Read More

More than a dozen Washington Post journalists spent two years developing Top Secret America
See the details

TSA INDEX:
Part 1: July 19, 2010
* A hidden world, growing beyond control

Part 2: July 20,2010
* National Security Inc.

Latest Headlines
Types of top-secret work
Methodology and credits
A note on this project
Frontline video

Olho por olho, ou o rato que ruge...

Sem comentários...

Iran to retaliate for UN sanctions
By ASSOCIATED PRESS AND JPOST.COM STAFF
Jerusalem Post, 07/20/2010 - 12:57

In tit-for-tat move, Teheran to inspect other countries' transports.

Iran's parliament has adopted a bill authorizing tit-for-tat retaliation against countries that inspect Iranian ships and aircraft as part of the latest set of UN sanctions slapped on Tehran.

Iran's state radio broadcast the Tuesday parliament session live.

The bill follows last month's UN Security Council resolution to impose a fourth set of sanctions against Iran over its disputed nuclear program. The latest sanctions authorize international inspection of suspicious Iranian cargo ferried by ships or aircraft.

Economic pressure on Iran has increased over the past few weeks as tougher UN and US sanctions have begun to take effect.

On Monday, India's Petroleum Secretary S. Sundareshan was quoted by the Wall Street Journal as saying that latest round of unilateral US sanctions against Teheran could derail planned energy projects between Iran and India.

Indian energy companies were considering deals with Iran, a large potential oil source for the fast-growing country. The two countries recently restarted talks over a $7.4 billion natural gas pipeline from Iran to India and Pakistan.

A Claro é uma empresa vagabunda e relapsa; a Anatel segue atrás

Todos tem reclamações contra as (des)prestadoras de telefonia móvel no Brasil. Milhões, zilhões de reclamações.
Serviços deficientes, atendimento deplorável, mentira, sobrepreço e satisfação ZERO.
Tudo isso nós sabemos.
Estou enfrentando uma situação absurda: minha linha móvel, dessa companhia OBSCURA, simplesmente não emite chamadas, apenas recebe.
Depois de três dias tentando resolver a situação, e não conseguindo, resolvi adotar uma outra solução: carregar um outro celular apenas para fazer chamadas.

A Anatel, que deveria supostamente zelar pela satisfação do consumidor, simplesmente tem um site que não aceita reclamações: nada, zero, sistema bloqueado, o que confirma que se trata de uma agência vagabunda e hostil ao consumidor, ao contribuinte, ao cidadão que paga impostos.

Crescimento da ignorancia e da estupidez no Brasil - um exemplo "jornalistico"

Como já afirmei diversas vezes, sou contra reservas de mercado em geral, fechamento de mercados em particular, entre outros exemplos a exigência absurda de diploma de jornalista para o exercício da profissão, e o fechamento do mercado apenas para os "dipromados" nessa área. Trata-se de um abuso e uma violência contra a sociedade, assim como o culto da mediocridade e da ignorância (uma vez que uma pessoa autodidata é perfeitamente capaz, sem qualquer diploma, de exercer a "situação" ou a profissão de jornalista).
Sempre me espanto com a ignorância de pessoas que supostamente estudaram em alguma faculdade e teriam por obrigação saber o que é um imposto, o que é uma tarifa, e o que é uma situação de bem-estar (quando você cria riqueza, obtem uma renda ou remuneração através de seu esforço e está em condições de gastar essa renda da melhor forma).
Toda pessoa sensata reconheceria facilmente que impostos menores, ou ausência de impostos (tributos, taxas, contribuições, tarifas, etc.), cria uma situação de melhor bem-estar do que o seu contrário, altos impostos, ou simples impostos.
Todos, mas não um jornalista, ou pelo menos não essa jornalista em particular.
A matéria é perfeitamente idiota, imbecil, estúpida e vários outros qualificativos que vocês podem escolher (desculpem-me, mas eu tenho alergia à burrice).
O que ela diz simplesmente não faz sentido.
NÃO EXISTE subsídio ao produto importado, ou então a jornalista não sabe o que é subsídio. NÃO EXISTE prejuizo ao consumidor, destinatário final de todo e qualquer produto importado.
A alegação de prejuízo à indústria nacional não é um fato: apenas as ineficientes serão prejudicadas, o que é muito bom para o consumidor. A redução ou eliminação de impostos estimula a indústria a ser mais criativa, e se elas acham que os produtos importados estão sendo beneficiados indevidamente, que exijam da justiça tratamento paritário, pois a lei não pode discriminar entre prestadores de serviços ou produtores de bens.
A mentalidade dos jornalistas está de tal forma contaminada pelo viés extrativista existente no Brasil que eles passam a considerar qualquer medida de redução de impostos como um crime contra o país, quando na verdade é isso que deveria estar sendo exigido do Estado em benefício da sociedade.
Paulo Roberto de Almeida

Estados cortam imposto de importados e prejudicam indústria nacional
Raquel Landim
O Estado de S.Paulo, 18 de julho de 2010

Seis Estados fazem guerra fiscal abatendo ICMS de produtos importados, afetando a receita das regiões mais industrializadas

Pelo menos seis Estados brasileiros -- Santa Catarina, Espírito Santo, Paraná, Pernambuco, Goiás e Alagoas -- estão oferecendo benefícios fiscais que incentivam as importações. O objetivo é elevar a arrecadação e desenvolver os portos locais. Mas, na prática, funciona como subsídio ao produto importado, prejudicando a indústria nacional.

A prática não é nova, mas se disseminou pelo País por causa do crescimento do comércio exterior. As importações batem recorde este ano, tornando esse tipo de benefício a principal modalidade de "guerra fiscal" e provocando perdas de arrecadação significativas para Estados com grandes parques produtivos como São Paulo e Minas Gerais.

Os dados de importação são uma prova do magnetismo dos benefícios fiscais para as empresas. No primeiro semestre deste ano, as importações de Santa Catarina, Pernambuco e Goiás cresceram cerca de 70% em relação a janeiro a junho de 2009 ? muito acima da média do País, de 45%, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento).

Tarifas. O mecanismo de funcionamento da maioria dos programas é parecido. No passado, um importador de aço, por exemplo, desembaraçaria o produto pelo porto de Santos, pagando 18% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias), e venderia para as empresas instaladas em São Paulo.

Hoje o importador pode trazer o produto pelo porto de Itajaí (SC) ou de Suape (PE). Santa Catarina e Pernambuco não cobram o ICMS nos portos, mas só quando o produto cruza a fronteira para outro Estado e, na prática, a tarifa é bem mais baixa: 3% e 5%, respectivamente. Os fiscos estaduais ganham porque, caso contrário, não teriam essa arrecadação. O importador gasta mais com logística, mas embolsa a diferença entre as tarifas.

Por causa do sistema de compensação entre Estados, São Paulo é obrigado a dar um crédito, que pode ser usado no pagamento de outros impostos, de 12% do valor do produto. É uma maneira de evitar a cobrança do ICMS em cascata. O problema é que só 3% do imposto foi pago -- o restante (9%) fica de "brinde". A indústria também perde, porque o produto importado ganha competitividade e pode ser vendido por um preço mais baixo.

"É um corredor de importação dentro do País. Expandimos a guerra fiscal para além das nossas fronteiras", disse Carlos Martins, secretário da Fazenda da Bahia e coordenador do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que reúne os secretários de Fazenda estaduais. Segundo ele, o crescimento desses benefícios foi "avassalador" nos últimos cinco anos.

Para o sócio diretor da CP Associados e ex-coordenador tributário da Fazenda de São Paulo, Clóvis Panzarini, fazer guerra fiscal comos incentivos à importação é uma "maluquice". "Estamos subsidiando a produção do exterior e gerando empregos em outros países, como a China."

Os programas de Santa Catarina e de Pernambuco têm uma exceção curiosa: estão excluídos dos benefícios fiscais à importação produtos que possuam similares produzidos no território estadual. O objetivo é evitar a desindustrialização -- mas apenas dentro do Estado.

Perdedores. Insumos produzidos no País, como tecidos, cobre, aço e químicos, estão entre os produtos mais prejudicados pela nova guerra fiscal. O presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse que os benefícios "potencializam a atratividade" das importações, que já estão crescendo muito por causa da valorização do real e do excesso de oferta mundial. De janeiro a junho, as importações brasileiras de aço atingiram 2,7 milhões de toneladas, alta de 148%.

De acordo com o vice-presidente de relações institucionais da petroquímica Braskem, Marcelo Lyra, metade das resinas termoplásticas importadas chega ao País por portos que concedem algum tipo de benefício fiscal. No ano passado, foram importadas 450 mil toneladas de resinas nessa situação. Se o ritmo de crescimento dos últimos anos for mantido, serão 1 milhão de toneladas em 2013.

Instalada em Camaçari (BA), a Caraíba Metais, que pertence ao grupo Paranapanema, perdeu uma fatia importante do seu mercado para as tradings que trazem cobre importado por Itajaí. "Tivemos de conceder mais benefícios fiscais para a empresa voltar a ser competitiva", disse o secretário da Fazenda da Bahia. Procurada, a Paranapanema não retornou as ligações.

Em contrapartida, surgiu em Santa Catarina um pólo laminador de cobre, com mais de 10 empresas, que utilizam a matéria-prima importada que chega pelos portos catarinenses.

"A guerra fiscal existe e o Estado que não se antecipar vai ficar para trás", disse o secretário da Fazenda de Santa Catarina, Cleverson Siewert.

Pensando o pensamento - Stephen W. Browne

Thinking about Thinking
By Stephen W. Browne
From TheAtlasphere.com, July 19, 2010

The difference between ignorant and educated people is that the latter know more facts. But this has nothing to do with whether they are stupid or intelligent. The difference between stupid and intelligent people — and this is true whether or not they are well-educated — is that intelligent people can handle subtlety. They are not baffled by ambiguous or even contradictory situations — in fact, they expect them and are apt to become suspicious when things seem overly straightforward.”

Neal Stephenson, The Diamond Age

Clear thinking requires courage rather than intelligence.”
Thomas Szasz

Response to my column “Making up Stories” has been very gratifying, and not only because it was overwhelmingly positive, though I do thank you all for your kind words.

There were many thoughtful comments, observations, and some very good recommendations of sources for further research. And, refreshingly, many admitted to “making up stories” themselves from time to time — as have I.

That is compelling evidence of intellectual courage and honesty in individuals, and of a mature movement in philosophy.

One correspondent asked about the examples I gave, “How can you call such people intelligent?”

That’s why I included the Stephenson quote above. I think there is a confusion between “intelligent” and “stupid.” Stupidity is independent of intelligence, and in fact high intelligence often gives added scope to the harmful consequences of stupidity.

Stupidity in intelligent people is marked by their ability for rationalization and self-deception. Stupidity is not lack of facts, but willful failure to face facts. That’s why Sir Arthur Clarke remarked that ignorance is forgivable, stupidity is not.

A not-too-bright person may make a stupid decision about their personal budget and lifestyle choices, but is scarcely likely to do harm of the magnitude that’s been done by academics and intellectuals over the past two centuries.

After all, Karl Marx was a very intelligent man.

I sometimes illustrate this with a conundrum: What is the stupidest thing that walks the earth?

Answer: an adolescent with above-average intelligence.

How does that compute? An adolescent with above-average IQ can see from direct observation that he is more intelligent that most of the people around him. What he cannot understand is that experience counts for anything at all — that’s what makes opinionated young twerps so insufferable. He can’t believe it because he doesn’t have any; it’s like the fourth dimension to him.

Please understand something: I am not being holier-than-thou. I was that opinionated twerp, and the fact that I’ve got an unusually detailed memory often brings painfully embarrassing recollections of exactly how conspicuously stupid I could be as an adolescent and young adult.

Somebody once said that in any conflict between logic and experience, experience is almost always a better guide to action. Logic is a method of dealing with the relationship of facts, or rather propositions. (Statements alleged or assumed to be true representations of reality.)

But complex situations can have a huge number of relevant facts, not all them obvious, not all of them known, and the relationships between them are often far more complex than we can know. Experience is what leads us to believe that similar situations produce similar outcomes. Not a perfect match, as in a logical syllogism or mathematical formula, but enough of a match to guide our actions most of the time.

Consider the above-mentioned example of Marx. Though he theorized at length about industrial workers, he had no direct experience of them — and made no effort to get any, in spite of numerous invitations by his collaborator Friedrich Engels to visit his factories.

That’s where the issue of intellectual courage comes in. Marx had no experience of the subject of his theorizing, and made no attempt to acquire any — in fact, resisted getting any.

So how does a reasonably intelligent person guard against the temptations of self-deception? The insidious desire to bend our perception of reality to what is comfortable, rather than what is needed to cope with an often uncomfortable reality?

A number of things have been recommended by the wise: studying logic and in particular the informal fallacies, studying rhetoric to learn to recognize the tropes of persuasion, and studying history — which is, after all, the record of other people’s experience.

What I came up with was a series of questions, to try and keep myself intellectually honest:

1. How often have you changed or abandoned a deeply held belief because of either 
(a) personal experience or (b) a persuasive argument backed by compelling evidence?

2. How often have you, after examining the evidence reached a conclusion that was uncomfortable, unsettling, or profoundly disturbing to you, i.e., reached a conclusion you did not like and wished weren’t true?

3. How often have you admitted honest confusion about an issue that was important to you and decided to defer judgment — or simply live with the uncertainty?

4. How often have you realized while listening to someone speak for a position you agreed with, that it was nonetheless being supported by a weak or invalid argument?

5. How often have you listened to two sides of an issue and concluded that you agreed with someone you disliked and disagreed with someone you liked?

If you answered “never” to all or most of them, you might ask yourself whether you are thinking at all. You almost certainly won’t, though.

And if you answered “yes” to any, it might be fun and profitable to compare examples in the letters-to-the-editor section below.

Stephen W. Browne is a writer, editor, and teacher of martial arts and English as a second language. He is also the founder of the Liberty English Camps, held annually in Eastern Europe, which brings together students from all over Eastern Europe for intensive English study using texts important to the history of political liberty and free markets. In 1997 he was elected an Honorary Member of the Yugoslav Movement for the Protection of Human Rights for his work supporting dissidents during the Milosevic regime. His regularly-updated blog is at StephenWBrowne.com.

As FARC e o governo do Brasil: afinidades (des)eletivas?

De: Raúl Reyes Para: Lula
Rodrigo Rangel
Revista Época, 30/05/2008 - 18:23 - Atualizado em 02/07/2008 - 16:57

ÉPOCA revela a história das cartas que o líder das Farc, morto em março, escreveu para o presidente brasileiro
MEIO DE CAMPO
O líder das Farc Raúl Reyes sugeriu que o então vereador do PT em Guarulhos Édson Antônio Albertão fosse a ponte entre a guerrilha e o presidente Lula

Os contatos de integrantes do governo Lula e de militantes do PT com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, a organização que trava uma guerra interna contra o governo eleito do presidente Álvaro Uribe, sempre foram cercados de muito mistério. Até histórias de supostas doações de dinheiro das Farc para a campanha presidencial de Lula em 2002 – extraídas de papéis da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mas jamais provadas – foram divulgadas. Até meados dos anos 90, as Farc participaram oficialmente do Foro de São Paulo, um conclave de partidos e organizações de esquerda da América Latina do qual o PT faz parte. Mas as relações com as Farc, segundo o PT, foram rompidas depois que elas abandonaram, a partir de 2002, as negociações para um acordo de paz na Colômbia e enveredaram de vez no caminho dos seqüestros e do narcotráfico. O governo Lula diz jamais ter tido qualquer tipo de contato com a organização, classificada como terrorista pelos governos da Colômbia, dos Estados Unidos e da União Européia.

ÉPOCA teve acesso agora, com exclusividade, a um lote de três cartas que mostram como as Farc tentaram oficialmente estabelecer relações com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo depois de sua eleição, em 2002, e em seu primeiro ano de mandato no Palácio do Planalto, em 2003. As correspondências foram enviadas por Raúl Reyes, o líder das Farc morto em março deste ano, durante um ataque das Forças Armadas da Colômbia a um acampamento da guerrilha no norte do Equador. Elas tinham como destinatário o presidente Lula. O portador das cartas no trajeto da Colômbia até o Brasil foi Édson Antônio Albertão, um vereador de Guarulhos que estava na ocasião no PT e hoje está no P-SOL. Albertão, além de freqüentar os acampamentos das Farc, era amigo pessoal de Reyes e recebeu dele a incumbência de trazer as cartas para Lula em julho de 2003 – data da última delas.

Reyes, por meio de outros portadores, já havia tentado enviar ao presidente Lula duas das três cartas trazidas por Albertão ao Brasil. A primeira delas é datada de 28 de novembro de 2002, cerca de um mês depois s da vitória de Lula no segundo turno da eleição disputada contra José Serra, então candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Nessa correspondência, Reyes saúda Lula pela eleição e tenta obter apoio para sua política de ataques ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. “Consideramos oportuno informar-lhe que o governo paramilitar ilegítimo de Álvaro Uribe Vélez cumpre sem reparos todas as exigências do governo de (George W.) Bush sem que ninguém o pressione, e o faz por convicção e porque está plenamente identificado com as políticas do império estado-unidense”, escreveu Reyes. Na carta, o líder das Farc relaciona a aliança dos governos Uribe e George W. Bush a uma suposta “geoestratégia norte-americana em nossa extensa e rica região amazônica”.

A segunda carta é de 20 de março de 2003. Nela, Reyes trata da presença das Farc na zona de fronteira entre Colômbia e Brasil. “Queremos aproveitar para ratificar, junto ao senhor, oficialmente, a política de fronteiras das FARC-EP: nossa organização tem profundo respeito pelos povos e governos vizinhos da Colômbia. Por essas razões, nossas unidades não intervêm em assuntos internos de seus países, nem estão autorizadas para executar operações militares fora das fronteiras da Colômbia”, escreveu Reyes. A afirmação sobre o que o ex-chefe guerrilheiro chama de política fronteiriça das Farc precede um oferecimento, que pode ser interpretado também como um pedido tácito a Lula para que a fronteira do Brasil com a Colômbia pudesse ser uma zona livre para a guerrilha: “Em troca, trabalhamos entusiasmados para fazer das fronteiras verdadeiros remansos de irmandade, concórdia e paz com nossos vizinhos, no marco de boas relações políticas de benefício recíproco”. Até recentemente, as Farc atuavam em áreas ermas e despovoadas da Floresta Amazônica, muito próximas da fronteira entre Colômbia e Brasil.

Matéria da Veja, Encontro de dinossauros

Construindo um pais inviavel: a miseria fabulosamente extensa da esmola publica no Brasil

O imenso curral eleitoral em que se converteu o Bolsa-Familia vai ficar como a principal herança maldita da era Lula, um legado que vai pesar como maldição sobre o itinerário presente e futuro do Brasil.
O pior é que políticos demagogos -- ou políticos, tout court, já que o resto, todo o resto é implícito -- não se levantam contra a anomalia, fazendo uma disputa de benesses com o dinheiro alheio, prometendo sempre reforçar, ampliar, estender e garantir essa grande esmola pública.
Vamos pagar caro por isso, muito mais do que o valor nominal, financeiro, desse fantástico empreendimento de irresponsabilidade política.
Paulo Roberto de Almeida

Transferir ou criar riqueza?
Paulo Guedes
O Globo, 19/07/2010

"Cem milhões de brasileiros vivem com o dinheiro público", estampou O GLOBO em sua primeira página da edição deste domingo. A matéria é de Gilberto Scofield Jr., com base em estudo de Raul Velloso, veterano especialista em nossas contas públicas.

"Metade da população do país depende hoje de recursos repassados pelo governo federal. São servidores públicos, pensionistas e pessoas beneficiadas por programas sociais, transformando o orçamento federal em uma grande folha de pagamentos", prossegue a reportagem.

São compreensíveis as pressões de uma democracia emergente sobre os gastos sociais. Orçamentos públicos refletem essas exigências. A preocupação da matéria é a degeneração do processo político. "O poder de influência eleitoral é muito grande quando o gover no tem tanta gente dependendo dele", dispara o economista.

Isso explica em boa parte a feroz disputa intestina da social-democracia brasileira e as acusações recíprocas de corrupção. Os tucanos mexeram na Constituição para garantir a reeleição de FHC. E acusam agora os petistas de aparelhamento do Estado e de assistencialismo para garantir sua permanência no poder.

Mas outra importante preocupação é com a dimensão econômica. O que esses 48,8 milhões de núcleos familiares, envolvendo 100 milhões de brasileiros, transmitirão a seus filhos como perspectiva de futuro? Devem buscar um emprego industrial no ABC paulista? Ou entrar para os sindicatos, onde o futuro parece mais brilhante? Devem ser empreendedores e criar postos de trabalho, enfrentando o cipoal de impostos, ou se candidatar à política, onde os recursos parecem não faltar?

E o jovem no campo, deve frequentar uma escola técnica e buscar uma especialidade no ag ronegócio ou entrar no subterrâneo da política através do MST, com o colorido dos bonés e das camisas vermelhas, a força da enxada e da foice nas mãos, a "fúria dos justos" no olhar e toda a ignorância quanto à complexidade do organismo econômico moderno e à sofisticação política de uma sociedade aberta? E a classe média, o contribuinte, deve apenas recomendar a seus filhos a aprovação em concursos públicos?

Se o futuro do militante, do sindicalista e do político parece bem melhor que o do estudante, do trabalhador e do empreendedor, a perspectiva é de baixa produtividade e lenta melhoria no padrão de vida dos brasileiros.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Luiz Felipe Lampreia e a diplomacia brasileira - Celso Lafer

Opinião
A lição das memórias de Lampreia
Celso Lafer
O Estado de S.Paulo, 18 de julho de 2010

Em 1999 Luiz Felipe Lampreia publicou Diplomacia Brasileira, uma seleção de textos elaborados em função das suas responsabilidades como chanceler de Fernando Henrique Cardoso. Precedeu-os todos de excelentes notas introdutórias, explicativas dos contextos das suas palavras e razões. Observou que estava no tempo da ação diplomática e, por isso, seria prematuro escrever memórias. Com efeito, no tempo da ação diplomática, as palavras de um chanceler estão direcionadas para a ação. Não são memórias. São memoriais que dão conta do ofício de orientar, definir e explicar a política externa.

Outra é a natureza do seu recém-publicado O Brasil e os Ventos do Mundo: Memórias de Cinco Décadas na Cena Internacional, que, como toda narrativa autobiográfica, é fruto de um parar para pensar, organizador do significado de um percurso existencial. A palavra, neste caso, tem outros propósitos. Insere-se no tempo da meditação sobre a experiência vivida. Elucida o modo de ser da pessoa e a sua maneira de agir perante desafios e oportunidades. No caso das memórias de Lampreia, o foco da narrativa é dado pela sua reflexão sobre a política externa brasileira, de cuja execução participou no arco do tempo dos vários estágios de uma carreira diplomática que culminou com os seus seis anos de chanceler do governo FHC.

As memórias de Lampreia explicitam o seu modo de ser como diplomata, cabendo destacar, entre os traços do seu agir, a nitidez dos propósitos, a segurança no encaminhamento dos assuntos e a capacidade de hierarquizar o relevante na agenda internacional. Um bom exemplo dessa capacidade é o destaque que dá, na conclusiva avaliação do cenário contemporâneo, às mudanças climáticas como a questão central do nosso tempo e à proliferação nuclear como o maior perigo da atualidade. Em síntese, Lampreia não perde o rumo, pois não confunde o acidental com o importante e não se atrapalha com os ventos do mundo que, no correr da sua vida, sopraram em muitas direções. Por isso pôde ser, na condução do Itamaraty, um destacado e qualificado colaborador de FHC.

Lampreia tem muita clareza sobre a relevância da política externa para o desenvolvimento brasileiro. Esta clareza permeia a sua narrativa. Daí o significado que atribui à diplomacia econômica e por que suas importantes considerações sobre a política externa independente de Afonso Arinos e San Tiago Dantas - que marcaram o início de sua carreira - são antecedidas por observações sobre a Operação Pan-Americana, de Juscelino Kubitschek, e de como seu chanceler Horácio Lafer a ela conferiu a linha de uma diplomacia operacionalmente voltada para o desenvolvimento.

São altamente interessantes as observações de Lampreia sobre o choque da alta de preço do petróleo dos anos 70, que evidenciaram vulnerabilidades energéticas do Brasil, que ele viu de perto participando de comitivas brasileiras à Líbia, ao Iraque, ao Irã e à Arábia Saudita. Novas vulnerabilidades trazidas pelos ventos do mundo ele as viveu como chanceler, em razão das crises financeiras internacionais que impactaram o real. Daí a implícita crítica que faz a um voluntarismo diplomático que não estabelece prioridades e não equaciona meios e fins.

Nesse sentido são muito esclarecedoras as páginas dedicadas ao pragmatismo responsável de Azeredo da Silveira, de quem foi um dedicado colaborador e admirador. Destaco sua análise do personagem e da estratégia que definiu para sair de uma configuração de vulnerabilidades e dependências. Essa estratégia passava por boas relações com os EUA e pelo reforço das relações "diagonais", tanto as existentes com o Japão, a França, a Grã-Bretanha e a Alemanha quanto as novas que encetou com a China e a África.

Em matéria de diplomacia econômica, são muito relevantes as passagens sobre a sua atuação como embaixador em Genebra nas negociações que levaram à conclusão da Rodada Uruguai do Gatt; sobre a prioridade que, como chanceler, conferiu à Organização Mundial do Comércio (OMC); como tratou dos problemas do Mercosul, conduziu as batalhas da Alca e encarou as negociações com a União Europeia.

O pano de fundo das memórias de Lampreia articula um confronto, ora implícito, ora explícito, entre a sua visão da diplomacia e a política externa do governo Lula. Da sua viagem ao Líbano extrai a conclusão de que o Oriente Médio é um enigma político, talvez indecifrável, e que, bilateralmente, não se pode fazer muito, pois os riscos são enormes e a região está longe da esfera de influência do Brasil. Do seu trato com temas nucleares, da sua análise dos entendimentos com a Argentina, que levaram ao fim do risco de uma corrida armamentista nuclear na nossa região, e dos motivos que guiaram a adesão do Brasil ao Tratado de Não-Proliferação - que ele conduziu como chanceler - provém sua avaliação crítica da conduta do Irã e de por que não faz sentido, para o Brasil, respaldar um país e um regime que praticam um perigoso jogo duplo.

Das inúmeras e ricas análises da sua experiência, quero mencionar apenas duas passagens que são exemplos de como encaminhar tensões políticas no contexto da nossa vizinhança, que contrastam com o que vem sendo feito atualmente. A primeira é o relato do seu período como embaixador no Suriname e de como o Brasil logrou afastar o regime de Bouterse, no período da guerra fria, das tensões da influência cubana e endereçou Paramaribo para uma construtiva e cooperativa aproximação com o País. A segunda é o circunstanciado relato do papel mediador do Brasil no conflito territorial entre Peru e Equador, que é altamente esclarecedor do que deve fazer um terceiro em prol da paz para deslindar um histórico e difícil contencioso.

Dizia o padre Antonio Vieira - e esta é a lição de Lampreia: "Perdem-se as repúblicas porque os seus olhos veem o que não é, e não veem o que é."

PROFESSOR TITULAR DA FACULDADE DE DIREITO DA USP, MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS E DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, FOI MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES NO GOVERNO FHC

Siria proibe veu nas universidades (demorou...)

Puxa vida, veio bem a calhar para "legitimar" medidas semelhantes que estão sendo adotadas na França e na Bélgica.
Afinal de contas, a despeito de a Síria contar com uma grande população cristã -- também tinha muitos judeus, no passado, mas parece que eles diminuiram sensivelmente nas últimas décadas -- o país é fundamentalmente muçulmano, embora laico, comme il faut.
Nada como o laicismo no funcionamento do Estado, e a "transparência" na vida pública...
Paulo Roberto de Almeida

Addendum em 20.07.2010, respondendo a uma comentário de Vinicius Portella (ver abaixo):

O moderno Estado democrático de direito é um estado laico, que não faz distinção entre religiões, "raças", gêneros e condição social, tratando a todos de modo igualitário.
Um dos principais fatores que explicam o atraso de sociedades islâmicas em geral é a condição subordinada da mulher, embora nem todas as sociedades islâmicas tenham Estados que consagrem legalmente essa subordinação, sendo que algumas se esforçaram para bani-la, por meios talvez autoritários -- como a interdição do véu e outros sinais "encobridores" da mulher -- mas que representam essa tentativa de evitar discriminação de gênero, que acaba redundando em subordinação social e legal.
A Síria, que não é uma democracia, longe disso, é um Estado laico, e como tal já deveria ter adotado todas as medidas legais para evitar e banir sinais "subordinadores" da mulher. Demorou para fazê-lo, mas fez agora.
Aqueles que invocam a "liberdade religiosa" para justificar, legitimar, impor o véu nas mulheres na verdade pretendem mantê-las em condição subordinada, e toda a ideologia construída em volta do véu termina por consolidar também nas mulheres essa "obrigação" do véu, tida como sinal de respeito por elas próprias, quando é o sinal de sua opressão.
Costumes não se mudam por via legal, mas eles podem começar a sofrer essa mudança por meios impositivos, dependendo de como a sociedade se organiza politicamente.
De fato, há uma enorme contradição entre um Estado liberal, que concede plena liberdade aos seres individuais de praticarem suas respectivas religiões da forma que julgarem mais apropriada, e essas imposições autoritárias de proibição de qualquer sinal vestimentar vindas do alto.
Não devemos esquecer, porém, que as mulheres e meninas assim constrangidas a usar véus e outros elementos "encobridores", NUNCA tiveram escolha -- liberal ou democrática -- de NÃO usar, sendo sempre uma imposição costumeira ou tradicional.
Sociedades democráticas podem conviver com o véu, ainda que por razões de segurança -- como a onda fundamentalista terrorista de origem provada muçulmana atualmente existente -- esses mesmos Estados democráticos possam impor limitações a indivíduos com vistas a preservar a segurança coletiva.
Princípios não devem e não podem se opor a medidas de ordem prática que visem resguardam o bem-estar coletivo.
Paulo Roberto de Almeida

Syria bans face veils at universities
By Associated Press Writer Albert Aji
Associated Press, 19.07.2010

DAMASCUS, Syria – Syria has banned the face-covering Islamic veil from the country's universities to prevent what it sees as a threat to its secular identity, as similar moves in Europe spark cries of discrimination against Muslims.
The Education Ministry issued the ban Sunday, according to a government official who spoke on condition of anonymity because he is not authorized to speak publicly.
The ban, which affects public and private universities, is only against the niqab — a full Islamic veil that reveals only a woman's eyes — not headscarves, which are far more commonly worn by Syrian women.
The billowing black robe known as a niqab is not widespread in Syria, although it has become more common recently — a move that has not gone unnoticed in a country governed by a secular, authoritarian regime.
"We have given directives to all universities to ban niqab-wearing women from registering," the government official told The Associated Press on Monday.
The niqab "contradicts university ethics," he added, saying the government was seeking to protect its secular identity.
He also confirmed that hundreds of primary school teachers who were wearing the niqab at government-run schools were transferred last month to administrative jobs.
Syria is the latest country to weigh in on the veil, perhaps the most visible hallmark of conservative Islam. The wearing of veils has spread in other secular-leaning Arab countries such as Jordan and Lebanon, as well, with Jordan's government trying to discourage it by playing up reports of robbers who wear veils as masks.
Turkey also bans Muslim headscarves in universities, with many saying attempts to allow them in schools amount to an attack on modern Turkey's secular laws.
European countries including France, Spain, Belgium and the Netherlands are considering bans on the grounds that the veils are degrading to women.
France's lower house of parliament overwhelmingly approved a ban on wearing burqa-style Islamic veils on July 13 in an effort to define and protect French values, a move that angered many in the country's large Muslim community.
Opponents say such bans violate freedom of religion and will stigmatize all Muslims.
Duaa, a 19-year-old university student in Damascus, said she hopes to continue wearing her niqab to classes when the next term begins in the fall despite the ban.
Otherwise, she said, she will not be able to study.
"The niqab is a religious obligation," said Duaa, who asked that her surname not be used because she was not comfortable speaking publicly on the issue. "I cannot go without it."

Ligacao do PT com as FARC afeta, ou nao, a politica externa?

O caso é antigo, já se sabe. Desde a fundação do Foro de São Paulo, sob o alto patrocínio da ditadura castrista, e a colaboração organizacional do PT, esse partido se relacionou intimamente com as FARC, uma notória força terrorista cuja atividade principal, nos últimos anos (talvez nas últimas décadas) tem sido mais sequestros, atentados, assassinatos e tráfico de drogas (ativamente), do que propriamente a luta política contra não se sabe qual ditadura burguesa na Colômbia. Estes são fatos indesmentíveis.
Ao ocupar o PT o governo, esses fatos passaram a afetar a política externa, de uma maneira ainda não de todo transparente ou esclarecida. Um dia, quem sabe, se houver documentos ou testemunhos, provas (digamos assim) pessoais, esses fatos serão devidamente esclarecidos, pois parece que a verdade sempre aparece, mais cedo ou mais tarde. Talvez isso comprometa a imagem de certas pessoas, mas fatos são fatos, quer elas gostem ou não.
No momento, não vou retomar todos os capítulos de uma história certamente pouco edificante para os anais de nossa diplomacia, apenas deixar registro de mais alguns fatos, bem conhecidos, mas não suficientemente lembrados ou coletados conjuntamente.
O autor é um jornalista conhecido, que certas pessoas rejeitam, não propriamente porque discordem dele, politicamente (o que também é um fato), mas porque não conseguem desmenti-lo devidamente. Para sua incontida raiva e ódio supremo...
Fatos são fatos...
Paulo Roberto de Almeida

O bafafá
Reinaldo Azevedo, 19.07.2010

O que é estar “ligado” às Farc? Bem, depende, evidentemente, do que se considera “ligado”. Fazer de conta que PT e Farc são como água e óleo, por exemplo, com moléculas que não se comunicam, ah, isso é falso. Falsíssimo!

1 - O PT é um dos fundadores do Foro de São Paulo, entidade da qual as Farc faziam parte. Oficialmente, deixaram a entidade — “deixaram”, não foram expulsas. Quando estavam lá, já seqüestravam, já matavam, já mantinham campos de concentração na floresta. Sob o mesmo teto de Lula, o chefão do grupo, e de Fidel Castro, o outro chefão! Isso é estar ligado? O PT não vai me processar por isso. Não vai porque eu falo a verdade. É uma ligação?

2- Em 2005, petistas mantiveram em Brasília uma reunião com representantes das Farc. Um agente da Abin disse que a organização prometeu US$ 5 milhões ao partido. Não há comprovação de que o dinheiro tenha sido entregue. Mas a reunião aconteceu. E o PT, de novo, não vai me processar porque isso é um fato. É ligação?

3 - Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, requisitou a mulher de Olivério Medina, representante das Farc no Brasil, para trabalhar no Ministério da Pesca em Brasília. Vai ver para catar lambari no Lago Paranoá. Num e-mail, Medina comunica o fato ao terrorista Raúl Reys (aquele pançudo que foi morto do Equador) e deixa claro que a contratação faz parte de uma operação para proteger aquela que chama “Mona” (apelido da patroa). O PT não vai me processar por isso porque o requerimento assinado por Dilma existe e porque o e-mail de Medina a Reyes existe. É uma ligação?
Assim escreveu o “marido da Mona” para o terrorista Reyes sobre a contratação:
Na segunda-feira, dia 15, a “Mona” começou em seu novo emprego e para garanti-la ou impedir que a direita em algum momento a hostilize, a colocaram na Secretaria da Pesca, trabalhando no que chamam aqui de cargo de confiança ligado à Presidência da República.

Tá bom. Publico abaixo o documento assinado por Dilma requisitando a mulher de Medina, uma grande especialista em… pesca!

- Reportagem da jornal El Tiempo, da Colômbia - integra aqui, demonstra que Medina continua ligado aos terroristas. Na verdade, é um dos chefões de uma organização que tem 400 núcleos espalhados pelo mundo. No Brasil, segundo o El Tiempo, ele responde pela troca de drogas por armas. E sua mulher, não obstante, foi requisita pessoalmente por Dilma para trabalhar em Brasília. O PT não vai me processar por isso porque a reportagem, com fartura de dados, existe. Isso é uma ligação?

- A Revista Cambio, da Colombia, publicou um série de e-mails que estavam no computador do terrorista Raul Reyes, morto por forças colombianas no Equador, listando aqueles que seriam “os amigos” das Farc no Brasil, a saber: José Dirceu, Roberto Amaral, Gilberto Carvalho, Erika Kokay, Celso Amorim, Marco Aurélio Garcia, Perly Cipriano (da Secretaria de Direitos Humanos), Paulo Vannuchi e Selvino Heck, assessor de Lula. A integra da reportagem da revista colombiana está aqui. Carvalho, chefe de gabinete de Lula, chegou a se manifestar. Disse ter intercedido em favor de Medina quando estava preso por motivos humanitários. Marco Aurélio afirmou que os e-mails eram uma armação. A Interpol o desmentiu: são verdadeiros. O PT não vai me processar por isso porque os e-mails existem, e a reportagem existe. Não vai também porque o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, forneceu os documentos a Lula. Não aconteceu nada.

No e-mail, datado de 29 de julho de 2005, por exemplo, Medina escrevia para o chefão do terror: “Os amigos daqui [do Brasil] me advertiram que deveria ficar atento, pois há uma comissão da Procuradoria que tem uma ordem de captura”. Em seguida, Medina diz que esses amigos lhe asseguraram que não deveria se preocupar porque “a cúpula do governo com apoio de Celso Amorim estavam a par. Eles não apoiariam uma captura por crimes políticos”. Isso é uma ligação?

Em entrevista histórica ao jornal Le Figaro, Marco Aurélio Garcia, aquele que aparece como amigo das Farc na revista Cambio, afirma que o Brasil é neutro sobre o caráter terrorista das Farc. Marco Aurélio acha que um grupo que seqüestra, degola, assalta, faz tráfico de droga não pode ser considerado ainda terrorista. A entrevista está neste link: ESCÂNDALO! ESCÁRNIO! ESTUPIDEZ! É TOP TOP GARCIA NA ÁREA. E vocês certamente se lembram da imagem inesquecível deste senhor, com o seu chapéu Panamá, se embrenhando na selva, numa operação liderada pela turma de Chávez, para libertar reféns, numa operação NEGOCIADA com as Farc, que não tinha o endosso do governo colombiano. O PT não vai me processar por isso também. Porque isso também é um fato.

Encerro
Não sou político, não pertenço a partido nenhum e não preciso dançar o minueto com o PT. Se Lula pode subir num palanque em Diadema e MENTIR que o governo de São Paulo cria dificuldades para as obras do PAC em São Paulo, acho que posso falar a verdade sobre este binômio “PT-Farc”. A reação petista tem muito de cálculo. Segundo li, está mais interessado em desqualificar o deputado Índio da Costa, com a ajuda das franjas petistas ou filopetistas da imprensa, do que em negar propriamente a ligação com as Farc. Usa a entrevista do outro como uma janela de oportunidades.

O PT gosta de democracia? Não gosta! E a VEJA fez muito bem em estampar na capa, na edição passada, o monstrengo do autoritarismo. Ou aquele programa do “rubriquei, mas não traguei” não era mais uma iniciativa, entre tantas, para censurar a imprensa? O Brasil está mais democrático com o PT? Uma ova! Crescimento econômico e distribuição de renda podem se combinar bem com democracia, mas não são coisas sinônimas. Um governo que viola o sigilo bancário de um caseiro e o sigilo fiscal de um dirigente da oposição não está mais democrático, mas menos. Já expliquei aqui por quê. Confundir melhoria das condições de vida com mais democracia é coisa que agrada a ditadores. Ou o Brasil do ciclo militar foi mais democrático do que o país que o antecedeu?

Se o PT não quer ser confundido com um partido da desordem, que, então, não se confunda com ele. Ademais, as Farc não são o único grupo terrorista com o qual a legenda já flertou. Lula já manifestou o interesse em bater um papinho com o Hamas. E é hoje o grande aliado de Ahmadinejad, que financia o terror em três outros países.

Entendo que o PT, os petistas e os jornalistas isentos estejam bravos. Mas não dá pra turma posar de vestal indignada a esta altura do campeonato. Se o PSDB e até o DEM ficam com receio de chamar as coisas pelo nome, eu não fico. Com os devidos links para o divertimento dos meus leitores.

Por Reinaldo Azevedo

Farc no Brasil

Esquizofrenias planejadoras do governo: Brasil 2022

Sobre o projeto “Brasil 2022", respondi a uma consulta da Secretaria de Assuntos Estratégicos” Shanghai, 3 julho 2010, 11 p), formulando comentários a circular da SAE-PR contendo metas para o Brasil 2022
Postei esse meu trabalho neste Diplomatizzando em 3 de julho de 2010, neste link.
Abaixo um artigo de opinião.
Paulo Roberto de Almeida

O Plano Brasil 2022
José Goldemberg
O Estado de S.Paulo, 19 de julho de 2010

Desde a mais remota Antiguidade os seres humanos têm uma enorme fascinação por tentar prever o futuro. Astrólogos eram presença obrigatória em todas as antigas cortes imperiais e até hoje são populares, mas no ramo das profecias ninguém se compara ao prestígio do Oráculo de Delfos, na Grécia. Ali, no templo dedicado a Apolo, as pitonisas (sacerdotisas), em transe, faziam profecias, em geral dúbias, que eram consideradas verdades absolutas. Os grandes conquistadores da época sempre consultavam o Oráculo de Delfos antes de se lançarem nas suas campanhas militares. Hoje, suspeita-se que os transes e as visões das sacerdotisas eram provocados por gases emitidos por uma fenda subterrânea existente abaixo do local onde elas se sentavam. A reputação do Oráculo de Delfos resistiu mais de mil anos e ele só foi abandonado no início da era cristã.

Nos dias de hoje muitos governos fazem planos para o futuro, não só para orientar os investimentos governamentais, como também para mobilizar a sociedade em torno de objetivos inspiradores. Líderes políticos de grande envergadura, como, por exemplo, Charles de Gaulle, na França, e Juscelino Kubitschek, entre nós, criaram visões do futuro que moldaram a evolução de seus países: De Gaulle mobilizando os franceses contra o nazismo e Juscelino criando Brasília. Prever o futuro neste caso significa, no fundo, construí-lo.

Não é de surpreender, portanto, que o atual presidente da República tenha encarregado o seu ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, de pensar estrategicamente o futuro do País, fixando metas para o ano de 2022, quando o Brasil comemora o bicentenário de sua independência.

O Plano Brasil 2022 foi preparado por grupos de trabalho formados por técnicos de todos os Ministérios e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aprovado pelos ministros das diversas áreas e está na internet (http://www.sae.gov.br/brasil2022/).

O plano contém uma relação enfadonha de realizações do atual governo desde 2002 e metas para 2022 em cada uma das 32 áreas de governo, ignorando o fato de que o Brasil já existia antes de 2002 e que o futuro depende do que aconteceu no passado. As metas propostas para 2022 são inteiramente arbitrárias e representam pouco mais que os desejos daqueles que as formularam.

Mais interessante, porém, é o ensaio com o título O Mundo em 2022, em que o ministro Samuel Pinheiro Guimarães expõe suas visões ideológicas, ao dizer que "a extensão do papel do Estado é a grande questão que surgiu com a crise de 2008, em que está o mundo imerso, resultado da aplicação extremada da ideologia neoliberal, crise que clama por uma solução".

São então listados quais, no seu entendimento, são os grandes problemas e tendências: a aceleração da transformação tecnológica, o agravamento da situação ambiental-energética, o agravamento das desigualdades sociais e da pobreza, as migrações, o racismo, a globalização da economia mundial, a concentração do poder no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e outros, todos repisando sempre no tema da ideologia neoliberal.

Chama a atenção também o feroz ataque às agências da ONU, que, segundo o ministro, teriam como uma de suas principais atividades "promover a adoção de políticas que correspondam a um ideal do modelo liberal-capitalista de organização da sociedade e do Estado". As críticas à Organização Mundial do Comércio (OMC) vão na mesma direção.

A conclusão do ensaio é a de que "cabe ao Brasil diante dessa situação, e tendo de enfrentar as falsas maiorias constituídas por Estados mais frágeis econômica e politicamente e que vislumbram para si mesmos poucas possibilidades neste mundo cada vez mais desigual, procurar com firmeza, e sem recear um suposto "isolamento", impedir que se negociem normas internacionais que dificultem a plena realização de seu potencial econômico e político". Em outras palavras, uma reafirmação nacionalista!

A leitura do Plano Brasil 2022 nos faz lembrar duas inscrições importantes que existiam na entrada do Oráculo de Delfos. A primeira delas é a seguinte: "Evite os excessos." E a outra: "Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo."

O que elas significam é que os gregos antigos - que construíram Delfos 3 mil anos atrás - sabiam que para prever o futuro é essencial conhecer o que existe hoje e que excessos não são recomendáveis.

A grande falha do plano, a nosso ver, é que ele não segue os dois princípios de Delfos: lança toda a culpa dos atuais problemas em opções neoliberais, o que é um exagero, e, além disso, não parece compreender a realidade atual, particularmente quando atribui o agravamento da situação ambiental-energética às teorias liberais, que o ministro expressa da seguinte forma: "A expansão das atividades industriais com base nas teorias liberais relativas à melhor organização da produção e do consumo, a partir do dogma do livre jogo das forças de mercado, levou, de um lado, a um desperdício enorme de recursos naturais e de vidas humanas (...)."

Como é notório, esses problemas - particularmente os ambientais -, que caracterizam o século passado, ocorreram por causa da dependência quase total dos combustíveis fósseis em todo o mundo, tanto nos países com economia liberal-capitalista (ou neoliberal), como na União Soviética, sob um regime totalmente estatizante durante quase todo o século 20; isto é, não são decorrentes de "teorias liberais".

Apesar dessas limitações, o Plano Brasil 2022 é um documento útil para ser discutido e que pode servir de base para a formulação de planos mais realistas e visões do futuro mais criativas.

PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO