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sábado, 5 de setembro de 2015

Prata da Casa: os livros dos diplomatas, para o quarto trimestre de 2015 (Revista da ADB)

Como vai demorar para sair, e eu já estou encerrando os escritos (ou pelo menos diminuindo o ritmo), para me dedicar à arrumação das centenas de livros, dos milhares de papéis, e dos poucos pertences pessoais, já vou divulgar aqui as mini-resenhas preparadas para a próxima revista da Associação dos Diplomatas Brasileiros (um pouco menos capitalizados, atualmente, para comprar livros editados comercialmente, e mais dedicados a ler os livros gratuitos da Funag...).


Prata da Casa - Boletim ADB: 4to. trimestre 2015

Paulo Roberto de Almeida
Revista da Associação dos Diplomatas Brasileiros
(ano 23, n. 91, outubro-novembro-dezembro 2015, p. 3x-3x; ISSN: 0104-8503)

(1)
Abelardo Arantes Jr.:
A passagem do neoestalinismo ao capitalismo liberal na União Soviética e na Europa Oriental
(Brasília: Funag, 2015, 533 p.; ISBN: 978-85-7631-549-0; Coleção relações internacionais)


Curiosa esta tese de doutorado (UnB): nela se descobre que o socialismo surgiu por “deficiências do liberalismo no Ocidente”, que a contrarrevolução estalinista de 1923-27 traiu o marxismo-leninismo e os trabalhadores e está na origem dos eventos de 1989-91, quando a elite neoestalinista, numa espécie de conspiração para continuar no poder, efetuou sua conversão ao liberalismo. A tese é uma verdadeira revolução na história da Europa oriental e na do marxismo: a derrota do socialismo pode não ter sido definitiva e movimentos revolucionários de cunho socialista podem ser retomados; a elite neoestalinista usa malabarismos ideológicos para manter-se no poder, em aliança com a elite liberal. Mas seria o período pós-1991 marcado pelo “predomínio absoluto da hegemonia ocidental”? E será a Rússia pós-soviética um capitalismo liberal? Curioso...

 (2)
Paulo Cordeiro de Andrade Pinto:
Diplomacia e política de defesa: o Brasil no debate sobre a segurança hemisférica na década pós-Guerra Fria (1990-2000)
(Brasília: Funag, 2015, 262 p.; ISBN: 978-85-7631-566-7; Coleção CAE)
           

A tese não foi publicada quando devia e ficou defasada: já não se está nos anos 1990 quando os perversos imperialistas pretendiam fazer das FFAA os cães de guarda dos seus interesses na região: luta contra o narcotráfico e coisa e tal. Muita coisa mudou e o debate ficou para trás. O que mudou foi a criação de instâncias próprias de defesa no âmbito sul-americano, que aliás pretende a mesma coisa que os imperialistas expulsos: a promoção da coexistência pacífica regional, no que o Brasil está empenhado, mas sem os intrometidos. Aqui se superou a “reticência brasileira”. O mais importante, porém, seria saber contra quem, exatamente, exercer a defesa, com quais ferramentas e alianças fazê-lo. Quem sabe está na hora de reabrir o debate e discutir seriamente a questão, sem paranoias e sem falsos amigos? A tese oferece a base histórica para começar a pensar.
  
(3)
Luiz Alberto Figueiredo Machado:
A plataforma continental brasileira e o direito do mar: considerações para uma ação política
(Brasília: Funag, 2015, 174 p.; ISBN: 978-85-7631-555-1; Coleção CAE)


Publicada 15 anos depois da defesa, a tese do ex-chanceler (então conselheiro) integra um pequeno grupo de trabalhos altamente especializados sobre o direito do mar e os interesses brasileiros nos diversos aspectos dessa área anteriormente insondável, e agora devassada justamente em função de trabalhos técnicos de grande qualidade sobre a “ultima fronteira física” do Brasil, algumas vezes designada como “Amazônia azul”. A análise histórica e jurídica para trás permanece inteiramente válida, e as tarefas à frente caminham no sentido aqui discutido, o que confirma, não um caráter visionário, mas a adequação dos argumentos de 2000 às realidades do presente (e não apenas em função do pré-sal). Muito do que se fez, pelo Itamaraty e outros órgãos, em prol da extensão dos limites da plataforma brasileira, seguiu o roteiro traçado neste livro.

(4)
Renato Baumann et alii:
BRICS: estudos e documentos
(Brasília: Funag, 2015, 350 p.; ISBN: 978-85-7631-546-19; Coleção relações internacionais)

Dois diplomatas participam desta obra coletiva: Flávio Damico, de um ponto de vista histórico, analisa em primeiro lugar as razões históricas, econômicas e políticas que marcaram a passagem de uma simples sigla para uma realidade político-diplomática dotada de certo peso na comunidade internacional (embora muito disso se deve à China, quase exclusivamente). Carlos Márcio Cozendey, negociador internacional na área econômica, trata dos dois instrumentos aprovados na cúpula de Fortaleza, o Novo Banco de Desenvolvimento e o Acordo Contingente de Reservas. O título desse capítulo é, aliás, significativo: “Visão ou Miragem?” Cada país deve ter a sua visão sobre esses processos, mas a forte ênfase estatal em cada uma de suas iniciativas pode transformar tudo isso em miragem (o autor acha que não), se não forem simples utopias. A ver... 

(5)
Valério de Oliveira Mazzuoli; Eduardo Bacchi Gomes (orgs.):
Direito da Integração Regional: diálogo entre jurisdições na América Latina
(São Paulo: Saraiva, 2015, 590 p.; ISBN: 978-85-02-62745-1)

Um único diplomata neste volume coletivo: Otávio Cançado Trindade, que assina um estudo da jurisprudência internacional em matéria de controvérsias entre Estados no campo dos direitos humanos. Entre 1794 e 1900 ocorreram 177 arbitragens entre Estados, e só nos últimos 15 anos 80 Estados participaram de procedimentos contenciosos na Corte Internacional de Justiça, mas existem diferentes instâncias, mais de 20 foros, com funções judiciais ou quase judiciais. As questões de direitos humanos não costumam integrar controvérsias no campo da integração regional, geralmente limitadas a problemas comerciais, ou econômicos, no sentido amplo. O ingresso da Venezuela bolivariana no Mercosul pode, justamente, suscitar questões relevantes na área, mas os estudos do autor cobrem basicamente casos no âmbito europeu e da ONU.


(6)
Nilo Dytz Filho:
Crise e reforma da Unesco: reflexões sobre a promoção do poder brando do Brasil no plano multilateral
(Brasília: Funag, 2014, 334 p.; ISBN: 978-85-7631-511-7; Coleção CAE)

Houve um tempo em que a Unesco gastava a maior parte do seu orçamento na própria sede, ou pelo menos em Paris e arredores, uma das razões, junto com seu terceiro-mundismo rastaquera e a visão contrária ao chamado Ocidente, pelas quais os EUA se afastaram do órgão. Isso passou, mas a organização continua precisando de reformas, a serem feitas por uma auditoria externa, independente. Em 2011, os EUA, novamente, cortaram a sua dotação, por causa da admissão da Palestina. O Brasil tem poder, brando ou outro qualquer, para influenciar em processos ulteriores de reforma? A Unesco está à venda, como pergunta o próprio autor? Brando ou não, esse poder só se materializa com mais dinheiro. O Brasil está disposto a colocar mais dinheiro em Paris, ainda que seja para países em desenvolvimento? O mais provável é que a Unesco continue em crise.


Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 4 de setembro de 2015, 3 p.

O que nos separa de Maquiavel? - Paulo Roberto de Almeida

Meu Apêndice ao meu livro em formato Kindle O Príncipe, revisitado: Maquiavel para os contemporâneos:
(capa de Pedro Paulo Palazzo, sobre óleo de Santi di Tito)

O que nos separa de Maquiavel?

 Paulo Roberto de Almeida 

Se, por alguma fortuna histórica, Maquiavel retornasse, hoje, ao nosso convívio, com as suas virtudes de pensador prático, quase meio milênio depois de redigida sua obra mais famosa, como reescreveria ele o seu manual “hiperrealista” de governança política? Seriam os estados modernos muito diversos dos principados do final da Idade Média?
Este Maquiavel para os contemporâneos, voltado para a política dos nossos tempos, dialoga com o genial pensador florentino, segue seus passos naquelas “recomendações” que continuam aparentemente válidas para a política atual, mas não hesita em oferecer novas respostas para velhos problemas de administração dos homens. Aqui, como em outros aspectos, a constância dos “príncipes” nos desacertos é notável. Ela não parece ter evoluído muito, desde então.
De fato, Maquiavel permanece surpreendentemente atual – com o que concordariam os filósofos e cientistas políticos da atualidade –, mesmo (talvez sobretudo) nos traços malévolos exibidos pelos condottieri contemporâneos e pelos cappi dei uomine. Ainda que envenenamentos encomendados e assassinatos por adagas, tão comuns no Renascimento italiano, não estejam mais na moda – pelo menos fora do âmbito dos serviços secretos –, e que eles tenham sido substituídos por outros métodos para se desembaraçar de concorrentes e de adversários políticos, as técnicas para se apossar do poder e para mantê-lo exibem uma notável continuidade com aquelas descritas pelo experiente diplomata da repubblica fiorentina do Quattrocento.
O que pode estar ultrapassado, no seu “manual” de 1513, é meramente acessório, pois a essência da arte de comandar os homens revela-se plenamente adequada aos dias que correm, confirmando assim as finas virtudes de psicólogo político – avant la lettre – do perspicaz pensador do Cinquecento.
Este Príncipe, revisitado representa, antes de tudo, uma singela homenagem ao diplomata italiano que “inventou” a ciência política, ainda que ele o tenha feito nas difíceis circunstâncias do ostracismo, na sua condição de funcionário de Estado “cassado” pelos novos donos do poder em Florença. Obra de um momento político – talvez não muito diverso daqueles tempos vividos pelo segretario de cancelleria –, este novo Príncipe, que se pretende tão universal em seu escopo e motivações quanto seu modelo de cinco séculos atrás, oferece novos argumentos em torno dos velhos problemas da administração estatal.
A bem refletir sobre a política contemporânea, pouco nos separa de Maquiavel, se não é algum desenvolvimento institucional e uma maior rapidez nas comunicações. Quanto aos homens, tanto os condottieri quanto o popolo, eles não parecem ter mudado tanto assim...
 

Minha homenagem (antecipada) pelo dia do Professor - Paulo Roberto de Almeida

Em meados de outubro, quando se comemora mais um dia do Professor, não vou poder, provavelmente, estar disponível para fazer mais uma homenagem a meus colegas de "profissão", de "emprego", de "ocupação", ou de simples atividade (remunerativa, como é o caso da maior parte deles, no meu caso simplesmente prazeirosa, pois a tenho como opção, não como obrigação ou necessidade).
Vou estar preparando minha mudança para o Brasil, para voltar a exercer atividades professorais, digamos assim, e portanto não vou poder ficar escrevendo tanto quanto faço normalmente.
Antecipo-me, portanto, à data, e posto, preventivamente, um texto que havia feito em 2009 que se dedicava, no caso, a prestar homenagem aos alunos, que são os que legitimam, explicam, fundamental a atividade de todo professor, por opção ou por obrigação.
Reproduzo, portanto, o texto que segue.
Paulo Roberto de Almeida 
Hartford, 5 de setembro de 2015

Minha homenagem no dia do Professor
Paulo Roberto de Almeida

Neste dia 15 de outubro, convencionalmente dedicado aos professores, desejo prestar uma homenagem aos que se revelam essenciais às lides docentes: os alunos. Sim, se não fossem os estudantes, os professores não teriam razão de ser, não apenas pelo fato deles constituírem a “outra parte” absolutamente indispensável à atividade dos professores, mas porque, sem alunos inquisidores, o encargo docente seria incrivelmente aborrecido. Minha homenagem, portanto, aos alunos, a todos eles, os meus e os de todos os outros professores. Obrigado, alunos, por me permitir existir como professor, o que faço por prazer, não por obrigação ou necessidade.

Tenho com a atividade docente uma antiga relação de dedicação parcial, no tempo, mas integral, no espírito. Salvo um ou outro romance, em volume bem mais rarefeito, todas as minhas leituras são feitas – e anotadas – em função daquilo que eu posso transmitir a meus alunos, diretos ou indiretos, oralmente ou por escrito, em contato pessoal ou à distância. Estou sempre anotando alguma coisa, em alguns dos meus muitos cadernos de notas, que servem para leituras, reflexões, registros de viagens, contatos, enfim, uma variedade de objetivos. Também estou sempre lendo algo, geralmente o que comprei no minuto anterior: andando ou dirigindo, sempre dá para avançar alguns parágrafos, talvez mesmo algumas páginas. Tudo isso é para ser revertido em alguma aula ou algum escrito, que é também uma forma de aula, por extensão.
Preferiria, claro, ter mais alunos perguntadores do que ouvintes passivos, mas cada um deve decidir o que é melhor para si, independentemente da vontade do professor. Este só existe para tentar melhorar os estudantes, e estes só existem, se forem conscienciosos e inquisitivos, para melhorar o professor. Alguns crêem que se trata de uma relação assimétrica, mas para mim se trata de algo absolutamente relacional, com conivências recíprocas, ainda que não isentas de contradições. O aluno contestador ajuda o professor a ser responsável, ajustar o foco, preparar suas aulas de forma responsável, a sempre fazer a síntese de suas leituras, a expor claramente os seus argumentos, a embasá-los de forma pertinente em elementos factuais ou empíricos relevantes, sob risco de não convencer e não persuadir. O professor precisa de alunos iconoclastas, que contestem as meias-verdades e as afirmações puramente opinativas ou impressionistas.
Alguns são chatos, é verdade, não por questionar o professor, mas por desprezar o aprendizado, conversar ou ausentar-se de forma ostensiva no meio da aula, não que isso represente uma ofensa absoluta ao professor, mas porque perturba a aula pelo barulho do deslocamento, pela conversa paralela, pelo zumbido intermitente da concorrência desleal. Muitas vezes a culpa é do próprio professor, que não soube tornar a sua aula suficientemente atraente para motivar e capturar a atenção dos alunos. Aqui também se trata da lei da oferta e da procura num mercado pouco transparente: o aluno “compra” aquilo que lhe parece de boa qualidade e suscetível de oferecer algum prazer intelectual e se a aula é chata e pouco vinculada às realidades cotidianas, merece o desapreço e desatenção que lhe dedicam os alunos.
São os alunos, portanto, que fazem um bom professor, ainda que as qualidades deste também dependam de seu investimento preliminar no estudo e na leitura, sua acumulação primitiva de conhecimentos e informações, tudo isso apresentado com alguma pedagogia atrativa. De minha parte, não tenho reclamações de meus alunos, apenas motivo de satisfação. Sinto que estou contribuindo, ainda que modestamente, para o seu enriquecimento intelectual e, quiçá, para a elevação de seus padrões morais. Algumas sementes só vão frutificar alguns anos à frente, mas isso não importa para o professor, se ele tem certeza de que fez corretamente o seu trabalho docente.
Por tudo isso, só tenho a agradecer sinceramente aos meus alunos e prestar-lhes, neste dia, uma merecida homenagem por permitir-me ser um simples professor.
Cheers...

Brasília, 15 de outubro de 2009

A liberdade de destruir a liberdade: o caso do Partido Totalitário (lembrando Norberto Bobbio)

Quando Norberto Bobbio estaria fazendo 100 anos, em 18 de outubro de 2009 (ele morreu cinco anos antes), eu fiz a minha homenagem a ele, selecionando um trecho de um livro de coletânea de obras suas sobre a liberdade, e seus inimigos.
Como temos muitos inimigos da liberdade, em nosso próprio pais, agora mesmo, creio que seria útil transmitir outra vez essa minha postagem de seis anos atrás.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 4 de setembro de 2015

A liberdade de destruir a liberdade: um aviso preventivo vindo do passado
Paulo Roberto de Almeida

Norberto Bobbio, o maior intelectual italiano do século 20, nasceu em Torino no dia 18 de outubro de 1909, e teria, portanto, neste dia 18 de outubro de 2009, exatamente cem anos, o que ele ‘falhou’ em completar em aproximadamente cinco anos, tendo falecido em Torino em 9 de janeiro de 2004. Retomo esses dados da excelente cronologia elaborada sobre sua vida e obra por Marco Revelli, no volume que adquiri recentemente em Veneza tão pronto ele foi publicado:

Norberto Bobbio
Etica e Politica: Scritti di impegno civile
Progetto editoriale e saggio introduttivo di Marco Revelli
(Milano: Arnoldo Mondadori Editore, 2009, 1718 p.; ISBN: 978-04-57314-2)
(Paguei 55 euros, o que representa 3 centavos de euro por página, cada uma bem mais valiosa em sabedoria e conhecimento do que o seu estrito valor monetário)

O volume é uma compilação de seus escritos mais importantes, divididos em cinco partes, começando por sua Autobiografia intellettuale: Compagni e Maestri (seus colegas de colégio, de universidade e de lutas políticas, sobretudo antifascistas e pela liberdade e democracia na Itália republicana do pós-guerra); Valori Politici e Dilemmi Etici (escritos e conferências sobre a ética e a política, sobre a liberdade e a igualdade, sobre a paz e a guerra); Le Forme della Politica (seus textos mais famosos de polêmica: Democrazia e dittatura, Socialismo e comunismo e Destra e sinistra); e, ao final, Congedo (seus escritos da idade senil: De senectute e A me stesso).
O livro é precedido por uma introdução magistral de Marco Revelli (Nel labirinto del Novecento), de uma cronologia e notas a esta edição, do mesmo autor, que também complementa o livro por notas sobre os textos, por uma bibliografia completíssima e por um índice dos nomes (não, infelizmente não existe um índice de ideias, que teria sido um instrumento muito útil ao pesquisador).

O livro é um tesouro de trouvailles (como os textos sobre os amigos, homenagens publicadas em revistas, para nós obscuras, geralmente por ocasião da morte de cada um deles; e Bobbio sobreviveu à maior parte dei suoi compagni), assim como um instrumento poderoso de referências sobre todos os seus trabalhos publicados, aqui apenas selecionados. Bobbio tem, segundo Revelli, 4.803 escritos catalogados, em todas as categorias – livros, artigos, conferências, entrevistas – o que daria 128 volumes, com 944 artigos, 1.452 ensaios, 457 entrevistas, 316 palestras). Ufa!: vai ser preciso alguém tempo para ler tudo, por isso mesmo este volume é um achado.

Na impossibilidade de falar aqui de todos, ou sequer dos mais importantes textos selecionados neste volume, prefiro fazer uma transcrição de um dos escritos compilados por Revelli, que talvez guarde alguma similaridade com a situação política do Brasil atual. Ele foi escrito por Norberto Bobbio em 1969 e fazia parte de uma homenagem prestada ao seu colega de colégio Leone Ginzburg, intelectual de origem russa, judeu, lutador antifascista, assassinado pela Gestapo em Roma, em 1944. No 25o. aniversário de sua morte, Bobbio publicou uma carta numa edição especial, Dialogo con Leone Ginzburg, na revista Resistenza (a. XXXIII, n. 4, aprile 1969), na qual dizia o seguinte (transcrevo o original italiano, e depois tento a minha tradução improvisada):

Oggi, sappiamo che la libertà si può usare per il bene e per il male. Si può usare non per educare ma per corrompere, non per accrescere il proprio patrimonio ideale ma per dilapidarlo, non per rendere gli uomini più saggi e nobili, ma per renderli più ignoranti e volgari. La libertà si può anche sprecare. Si può sprecarla fino al punto di farla apparire inutile, un bene non necessario, anzi dannoso. E a furia di sprecarla, un giorno o l’altro (vicino? lontano?) la perderemo. Ce la toglieranno. Non sappiamo ancora chi: se coloro che abbiamo lasciato prosperare alla nostra destra, o coloro che stanno crescendo tumultuosamente alla nostra sinistra. Abbiamo comunque il sospetto, alimentato da una continua severa lezione durata mezzo secolo, che la differenza non sarà molto grande. (p. cviii-cix)

(tradução não autorizada, e sobretudo não competente, de Paulo R. de Almeida:)
Hoje, sabemos que a liberdade pode ser usada para o bem e para o mal. Ela pode ser usada não para educar, mas para corromper, não para aumentar o próprio patrimônio ideal [mental], mas para dilapidá-lo, não para tornar os homens mais sábios e nobres, mas para torná-los mais ignorantes e vulgares. A liberdade pode inclusive ser desperdiçada. Pode-se desperdiçá-la até o limite de fazê-la parecer inútil, um bem não necessário, aliás prejudicial. E nessa fúria de desperdiçá-la, um dia ou outro (próximo? longínquo?) nós a perderemos. Vão tirá-la de nós. Não sabemos ainda quem: se aqueles que deixamos prosperar à nossa direita, ou aqueles que estão crescendo tumultuosamente à nossa esquerda. Temos de toda forma a suspeita, alimentada por uma contínua e grave lição que perdurou por meio século, que a diferença não será muito grande.

Acredito, pessoalmente, que esta advertência de Bobbio, feita no seguimento das convulsões estudantis que agitaram a Europa, e um pouco todo o mundo, a partir de 1968, com seu cortejo de atos libertários, bastante criatividade e espontaneidade, mas também com muitas exibições de irracionalidade anticapitalista e de comportamentos antidemocráticos – basta dizer que a Revolução Cultural chinesa, um exemplo extremo de irracionalidade obscurantista, era saudada pelos revoltosos de “maio de 1968” como se fosse a libertação final da exploração capitalista e da democracia burguesa –, se aplica inteiramente à conjuntura presente no Brasil, com seu cortejo de ataques velados à liberdade de imprensa, seu festival de banalidades políticas e de irracionalidades econômicas, enfim suas ameaças latentes a uma liberdade duramente conquistada em algumas décadas de lutas democráticas (hoje enganosamente apropriadas por aqueles mesmos que queriam esmagar a liberdade no altar de suas crenças ultrapassadas).
Bobbio nasceu numa Itália pré-fascista, cresceu na crise política do pós-primeira guerra, atravessou todo o período de totalitarismo mussoliniano (tendo inclusive, por razões familiares, flertado com o movimento em sua juventude), se fez homem na luta antifascista dos anos 1930 e 40, participou da construção constitucional da Itália liberada e republicana do pós-segunda guerra, e deu sua imensa contribuição intelectual para os debates do seu tempo: as difíceis escolhas entre liberdade e igualdade, entre democracia representativa e seus simulacros pela via direta ou plebiscitária – um cenário que infelizmente ressurge de maneira irracional na América Latina – e faleceu sem ter visto o sistema político italiano expurgado das pragas da corrupção e do loteamento das instituições estatais por políticos fisiológicos.
A sua Itália era – e é – muito parecida com o Brasil em seus “costumes” políticos. Pena que não ostentemos (ainda?) nenhum Norberto Bobbio entre nós.
Minhas homenagens a Norberto Bobbio em seus ‘100’ anos de vida...

Brasília, 2051: 17.10.2009

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Na teoria e na pratica do cartel do PT, se tratava de um cartel solitario: o PT roubando sozinho

Pelo depoimento do bandido maior, vulgo presidente do clube das empreiteiras, fica completamente esclarecida a existência de um cartel dedicado a assaltar a Petrobras e o país.
Esse cartel era formado pelos líderes máximos do partido totalitário, representado pelo seu tesoureiro, o homem dos pixulecos, tendo como assessores seus prepostos na Petrobras e em diversas outras instâncias de diversas outras empresas e agências públicas.
Ou seja, se tratava de um cartel de um único CNPJ, o do PT.
Esse cartel deve ter tentáculos em outras esferas do poder público, dos poderes privados, das ONGs e de quaisquer outras interfaces que possam existir que coloquem numa linha de relação dinheiro de um lado e cupidez desmedida do outro.
Em qualquer outro país sério, o juiz teria ordenado uma devassa nas contas do partido totalitário, a PF teria vasculhado seus escritórios, e seus responsáveis teriam sido levados para responder pelos desvios de dinheiro.
Desvio não! Roubo deliberado, declarado, planejado, cartelizado (numa única organização criminosa).
O PGR, o Preposto Garantidor da Roubalheira será chamado a se explicar porque hesita, delonga, tergiversa, evita, contorna, teme fazer o seu dever.
O que fazem os demais procuradores do cartel da PGR?
Eles se olham no espelho, todas as manhãs, e pensam o quê, exatamente?
Paulo Roberto de Almeida

Depoimento de Ricardo Pessoa: devastador para o PT
4/09/2015

O empresário, dono da UTC Engenharia, afirmou em depoimento à Justiça ter depositado dinheiro de propina da Petrobras diretamente na conta do Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo ele, as propinas da diretoria de Serviços da Petrobras eram pagas ao gerente Pedro Barusco, e o diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, sempre o encaminhou a João Vaccari Neto, então tesoureiro do partido.
Pessoa afirmou que a cobrança de propina em contratos com a Petrobras começou com o deputado José Janene, do PP, quando Paulo Roberto Costa assumiu a diretoria de Abastecimento. Na diretoria de Serviços, o primeiro contato foi feito por Pedro Barusco e, depois, o diretor Renato Duque passou a pedir contribuições financeiras por meio de Vaccari.
O juiz Sérgio Moro quis saber se a contribuição ao PT era mesmo parte do acerto da propina, se essa relação ficava clara. - Mais clara impossível, eu depositava oficialmente na conta do Partido dos Trabalhadores. Nunca paguei nada ao Duque, estava pagando a Vaccari - afirmou o empresário.
O empresário disse que o pagamento de propina começou por volta de 2005 e existia mesmo que não houvesse cartel ou acerto entre as empresas para vencer licitações. - Independente de ter pacto de não agressão ou arranjo entre empresas, eu era procurado para pagar. Tem contrato que não tinha arranjo e tivemos que pagar - afirmou o empresário.- Não sei se todas (as empresas) eram solicitadas ou admoestadas para isso. Mas sempre fui solicitado e tive que comparecer firmemente com esses pagamentos.
Pessoa confirmou ter feito pagamento de propinas em duas obras, da Repar e do Comperj, onde a UTC participou ao lado da Odebrecht. As duas empresas não falaram sobre quanto seria o valor a ser pago, apenas dividiram responsabilidades em relação ao pagamento. - Na Repar ficamos encarregados de pagar diretoria de Abastecimento e a Odebrecht, de resolver o problema da diretoria de Serviços. No Comperj ficamos encarregados de pagar a Vaccari e Barusco. A diretoria de Abastecimento ficou a cargo de Márcio resolver o que fazer - contou, explicando que o valor da propina era pactuado entre todos os participantes do consórcio, já que o custo era do consórcio.
O empresário afirmou que recebeu o primeiro aviso de cobrança de propina na Petrobras do deputado federal José Janene, do PP, por volta de 2005, quando Paulo Roberto Costa assumiu a diretoria de Abastecimento e que houve alguns jantares na casa do parlamentar, onde ficou estipulado o pagamento. Logo em seguida, a diretoria de Serviços acompanhou. Pessoa afirmou que, depois de alguns anos, chegou a conversar com Márcio Faria, da Odebrecht, e Eduardo Leite, sobre o fim do esquema, já que não havia sentido em continuar pagando propina.

EXECUTIVOS RECLAMAVAM DE PROPINA
O ex-vice-presidente da Camargo Correa, Eduardo Leite, afirmou à Justiça Federal que a Camargo Corrêa pagou propina "em todos os contratos" com a Petrobras. Ele disse que negociou valores irregulares com os ex-diretores Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e com o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco.
- Pelo o que eu sabia na época, todas as empresas prestadoras de serviços junto a Petrobras tinham obrigação de fazer esse pagamento. Isso era comentado no mercado. E por uma ou duas vezes, encontrando com executivos, eles chegaram até a reclamar desse pagamento.
Segundo Leite, Márcio Faria, da Odebrecht, e Ricardo Pessoa, da UTC, foram alguns dos executivos que se queixaram de ter que pagar propina para funcionários corruptos: - Você começa a conversar sobre o cliente e aí a reclamação recorrente era o volume de recurso que você tinha que informar.
O MPF convocou os funcionários de carreira da Petrobras Luis Antônio Scarva e Sérgio Costa, que participaram da licitação e contratação das obras da Repar. Ambos declaram ao juiz Sérgio Moro terem sido pressionados para aprovar a contratação da obra.
De acordo com o depoimento, o PT roubou a Petrobras. Lula foi eleito com dinheiro de propina. Dilma Rousseff foi eleita com dinheiro de propina.
O PT ainda está no poder apenas porque Rodrigo Janot escondeu os outros depoimentos de Ricardo Pessoa - aqueles que incriminam diretamente as campanhas de Lula e Dilma Rousseff.

Eugenio Gudin: um profeta da racionalidade derrotado pela realidade brasileira

Um artigo de 1977 que continua atual: a deficiência brasileira em capital humano continua a ser nosso principal problema "econômico".
Apenas destaco uma frase, que resume todo o sentido da discussão:
"Precisamos reformar a fundo nossa mentalidade, substituindo o culto do “diploma” pelo culto da “experiência”."
Paulo Roberto de Almeida

Capital Humano
*Eugênio Gudin Filho
28/03/1977

Na edição de Janeiro da revista Commentary, Norman Gall, referindo-se ao Brasil, mencionou “a tradicional incapacidade dos brasileiros para investir naquilo que se poderia chamar de capital humano”.

Se Norman Gall lesse os jornais brasileiros, teria podido citar, em apoio à sua opinião sobre a nossa escassez de capital humano, três tópicos tão característicos quanto impressionantes.

1) Estado de são Paulo, em editorial de 17 de corrente, relata o que tem sido o fracasso do Lloyd Brasileiro, no serviço de passageiro, com os navios tipo “princesa” lindo e moderno navios, importados há 15 anos atrás. O último deles, o Anna Nery, chegou ao Rio de Janeiro no dia 16, rebocado, depois de malograda viagem de turismo pelo norte do Brasil. Não foi a primeira vez (longe disso) que o navio teve de parar em meio de viagem, por acidentes nas máquinas. O Princesa Izabel foi vendido a preço de sucata e reformado pelo comprador, fazendo viagens de longo curso, sob o nome de Marco Pólo. O Princesa Leopoldina foi também vendido a preço de sucata a uma empresa inglesa, por apenas um milhão e setecentos mil dólares; hoje faz cruzeiros no Extremo Oriente, sob o nome de Coral Princess. Agora tudo indica ter chegado a vez do Anna Nery, porque os reparos de que necessita não são exeqüíveis no Brasil, malgrado nossos grandes estaleiros de construção naval. Vai ser substituído por um navio de registro panamenho, chamado Romanza, com 33 anos de idade, fretado a um custo de 5 a 6.000 dólares por dia.

2) Outro fato impressionante é o do terceiro forno da siderúrgica Nacional em Volta Redonda, o maior (naturalmente o mais dispendioso) da América Latina, inaugurado há poucos meses pelo Presidente Geisel. Depois de outras peripécias, teve agora seu funcionamento suspenso “por tempo indeterminado” devido às precárias condições do sistema de alimentação.

3) As comportas da eclusa da Lagoa Mirim há poucos dias inaugurada pelo Presidente da República, na funcionaram no dia da inauguração!

4) No gênero, poder-se-ia mencionar, a título de recordação, o caso do trem Teresina-Fortaleza, inaugurado pelo Ministro Andreazza, com bombástico discurso na estação da partida. “Enguiçou” poucas horas depois da partida; e afinal desmantelou-se em descarrilamento nas linhas do Ceará....

A culpa de tudo isso não é das máquinas, devidamente projetadas, importadas e fiscalizadas, e sim da falta de gente competente para manobrá-las e conserva-las.

É o caso que tão sabidamente assinala Sr. Roy Harrol, autor da famosa fórmula Harrod-Domar: “Nos países em desenvolvimento, este depende principalmente da taxa a que os quadros humanos de empreendedores, engenheiros de produção, gerentes, inspetores, projetores, desenhistas, contadores, et hoc genus omne se desenvolvem.

As taxas de crescimento e expansão desses quadros humanos impõem, na minha opinião, uma limitação muito mais importante ao desenvolvimento econômico dos países do que escassez do capital, conquanto este também tenha o seu lugar“.

Mas como se explica, malgrado a multiplicação de universidades e faculdades verificada nos últimos decênios, que persista tanta penúria de gente competente para os misteres ordinários de engenharia industrial e mecânica?

A meu ver, a resposta está na grave deficiência do ensino nesse setor. Porque a mecânica aplicada aos vários setores da indústria (inclusive estradas de ferro e navegação) não se aprende apenas nos livros, como no caso do direito, da economia, ou da matemática. O ensino da física aplicada, da química, da mecânica industrial exige laboratórios e oficinas, inexistentes em ossos cursos. E se o ensino da medicina sofre menos que os demais é porque nesse curso a oficina e o ensino prático se encontram no hospital, que os estudantes são obrigados a freqüentar. 

Persiste, de outro lado, entre nós, a velha prevenção, oriunda da civilização grega, contra o trabalho manual, em contraste com o apreço pela cultura livresca.

Somos países onde se cultua o “diploma” (canudo) e se despreza a “experiência”.

Em 1936, em conferência pronunciada, a convite do Ministro Capanema, sobre o tema “Educação e Riqueza” aproveitei a ocasião para demonstrar a necessidade de criarmos escolas técnicas com oficinas de mecânica, de eletricidade, de siderurgia, etc, do tipo que os franceses chamam de arts et métiers, onde se preparam, em três anos, engenheiros com boa base matemática corrente, desenho de projetos e trabalhos de oficina, inclusive o manual. Propus que se criasse uma primeira escola em São Paulo, montada com bom aparelhamento e professores contratados no exterior, quando necessário. Ao fim de dez anos, aproveitando a experiência e os recursos da primeira, far-se-ia uma segunda escola em Recife. 

Fizeram-se “escolas técnicas”, uma em cada Estado (!!), mas sem aparelhamento nem professores competentes. É como se não existissem.

Precisamos reformar a fundo nossa mentalidade, substituindo o culto do “diploma” pelo culto da “experiência”.

E não podemos perder tempo. Porque, como se vê pelos supracitados e muitos outros, o atraso do elemento humano nesse setor é considerável.

Constrói-se uma máquina, mesmo um grande equipamento, em um ou dois anos. Mas a formação de gente competente e experiente exige uma ou mais dezenas de anos.

A não ser que encontrássemos outros espécimes de homens como o Governador Faria Lima; que fez em dois anos mais do que todos os seus antecessores em cem! Mas é que é muito difícil outro exemplar de tão milagrosa capacidade.

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*Eugênio Gudin Filho (Rio de Janeiro, 12 de julho de 1886 - Rio de Janeiro, 24 de outubro de 1986) foi um economista brasileiro, ministro da Fazenda entre setembro de 1954 e abril de 1955, durante o governo de Café Filho.

Formado em Engenharia Civil em 1905 pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, passou a interessar-se por Economia na década de 1920. Entre 1924 e 1926, publicou seus primeiros artigos sobre Economia em O Jornal, do Rio de Janeiro.

Em 1944, o então ministro da Educação, Gustavo Capanema, designou Gudin para redigir o Projeto de Lei que institucionalizou o curso de Economia no Brasil. Nesse mesmo ano, foi escolhido delegado brasileiro na Conferência Monetária Internacional, em Bretton Woods, nos Estados Unidos, que decidiu pela criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) .

Durante os sete meses em que foi ministro da Fazenda (1954-1955), promoveu uma política de estabilização econômica baseada no corte das despesas públicas e na contenção da expansão monetária e do crédito, o que provocou a crise de setores da indústria. Sua passagem pela pasta foi marcada, ainda, pelo decreto da Instrução 113, da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que facilitava os investimentos estrangeiros no país, e que seria largamente utilizada no governo de Juscelino Kubitschek. Foi por determinação sua também que o imposto de renda sobre os salários passou a ser descontado na fonte.

Ricardo Bergamini
www.ricardobergamini.com.br

Morte do Professor Yuichi Shionoya, grande historiador economico japones - necrologio

Um grande estudioso da história do pensamento econômico, e da sociologia histórica, autor de importantes obras nessas áreas, que é preciso conhecer e estudar melhor.
Recebido da Societies for the History of Economics (SHOE@YORKU.CA)

On behalf of Tamotsu Nishizawa and Atsushi Komine,
I post the following sad news for western readers:
Yukihiro Ikeda

It is with deep sadness and regret that we have to report the sudden passing of Professor Yuichi Shionoya, Emeritus Professor of Hitotsubashi Univesity, on 25th August, 2015, in Tokyo.
He died of lung cancer at the age of 83.  Professor Shionoya  had served as the President of Hitotsubashi University from 1989 to 1992; and subsequently as the Director of the National Institute of Population and Social Security Research from 1995 to 2000.

Professor Shionoya was an eminent scholar of Joseph A. Schumpeter, and he served as the President of the International Schumpeter Society from 1990 to 1992. In addition to his Schumpeter and the Idea of Social Science: A Metatheoretical Study (Cambridge University Press, 1997), he co-edited with Mark Perlman, Schumpeter in the History of Ideas (University of Michigan Press, 1994). His other important works include The Soul of the German Historical School. Methodological Essays on Schmoller, Weber, and Schumpeter (Springer, 2005); Economy and Morality. The Philosophy of the
Welfare State (Edward Elgar, 2005). He also edited The German Historical School: The Historical and Ethical Approach to Economics (Routledge, 2001) for the Japanese Society of the History of Economic Thought; and recently co-edited Marshall and Schumpeter on Evolution: Economic
Sociology of Capitalist Development (Edward Elgar, 2008).

He was awarded the Japanese Academy Prize for his economic philosophical works, in particular, Structure of Values: Utility vs Right (1984, in Japanese), and he left his last book, Economic Thought of Romanticism: Arts, Ethics, and History (2012, in Japanese), a part of which was lately published as  “Ruskin’s Romantic Triangle: Neither Wealth Nor Beauty But Life” in The History of Economic Ideas, 2014. 

Professor Shionoya had made links with scholars around the world, particularly in the United States and Europe. He will be much missed.
Tamotsu Nishizawa (Hitotsubashi University / Teikyo University)
Atsushi Komine (Ryukoku University)

**********
Yukihiro Ikeda
Department of Economics
Keio University
Mita 2-15-45, Minato-ku
108-8345 Tokyo, Japan

Unila: caso da demagogia democratista e do conflito juridico bombando nos acessos...

Por acaso caí nas estatísticas de acesso deste meu blog agora mesmo, e este foi o resultado.
Parece que o caso da Unila continua atraindo a atenção de gregos e goianos, ou melhor, de simpatizantes e de opositores (seja de que lado for) do processo jurídico e do imbroglio político atualmente em curso naquela faculdade companheira (com o perdão da expressão, talvez ofensiva para alguns, mas eu não sou um cara politicamente correto).

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Tiranos podem ser lideres eficientes? Ou apenas senhores da guerra? - Book review (Jessica L. P. Weeks)

Um livro interessante, mas que padece, como muitas outras obras de cientistas políticos americanos, dessa mania de querer modelizar, estilizar todos os tipos de eventos e processos históricos, criando categorias ou tipos-ideais de "tiranos" enquanto líderes políticos ou militares, e seu sucesso relativo em sua tirania.
Acho interessante que se estudem os tiranos da História, e os regimes autoritários, de modo geral, mas eu seria mais circunspecto quanto a essa mania de modelizar a história para encaixar os exemplos concretos disponíveis numa determinada categoria estanque, numa célula do modelo formal, para encaixar tudo bonitinho.
A História é muito mais caótica e imprevisível do que isso, mas esse tipo de exercício não deixa de ter sua utilidade para os estudiosos acadêmicos, e apenas para eles.
Nós, os cidadãos comuns, queremos apenas entender, e eventualmente impedir, que o mesmo aconteça com o nosso país.
Por exemplo, os "tiranos potenciais" que comandam o Brasil desde 2003: não tenho nenhuma dúvida de que são peronistas de botequim, mas se fossem outras as circunstâncias e as condições, estariam se comportando como esses caudilhos do Caribe, como os fascistas de Mussolini, como os nazistas de Hitler, nas suas tentativas de tomar o poder (vários conseguiram), e de levar suas respectivas sociedades para o desastre humano, político e social que sempre constroem.
No caso do Brasil, o que temos são mafiosos travestidos em líderes políticos.
Vale a leitura do livro aqui apenas resenhado.
Paulo Roberto de Almeida

H-Net
Greetings Paulo Almeida,
New items have been posted in H-Diplo.

Table of Contents

McKoy on Weeks, 'Dictators at War and Peace' [review]
by System Administrator

Jessica L. P. Weeks. Dictators at War and Peace. Cornell Studies in Security Affairs Series. Ithaca: Cornell University Press, 2014. 264 pp. $24.95 (paper), ISBN 978-0-8014-7982-3; $75.00 (cloth), ISBN 978-0-8014-5296-3.

Reviewed by Michael McKoy (Wheaton College)
Published on H-Diplo (September, 2015)
Commissioned by Seth Offenbach

Western victory in the Cold War produced a flood of triumphalist literature on Western liberal-democratic exceptionalism. American social scientists produced a myriad of arguments and hypotheses explaining how and why liberal democracies outlasted and triumphed over its ideological competitors. Authoritarian regimes, in turn, were cast as mere foils and given little analytical attention. However, in the past decade, as nascent democracies stumbled, authoritarian regimes persisted, and Chinese and Iranian ascent threatened US hegemony, political scientists have begun to give authoritarian politics more attention.

Dictators at War and Peace by Jessica L. P. Weeks is one of the most significant contributions to this literature. Weeks argues that not all authoritarians are created equal, and this difference affects their likelihood of initiating and winning military conflicts. Building on research from Barbara Geddes and Brian Lai and Dan Slater, Weeks organizes a typology for authoritarian regimes, categorizing them as either “machines” (civilian leaders constrained by civilian elites), “juntas” (military leaders constrained by military elites), “bosses” (unconstrained civilian leaders), or “strongmen” (unconstrained military leaders).[1] She develops a meticulous questionnaire to ascertain a regime’s type, asking about the military affiliation of the leader and governing elites (militarism), and whether the leader controlled political appointments or created loyalist security institutions (constraints). Weeks argues that machines and juntas are less likely to start international conflicts than bosses and strongmen, because leaders in machines and juntas will face greater domestic punishment for failure, and bosses (e.g., Saddam Hussein) and strongmen (e.g., Muammar Qaddafi) are likely to be more aggressive and risk-prone, given the qualities necessary to become an absolute ruler in the first place. Weeks further hypothesizes that this should make constrained authoritarians more militarily successful than absolute dictators, because they are more prudent about the wars they choose to fight. Thus, while China (machine regime) might pose a greater military threat to its neighbors, it is North Korea (boss regime) that may pose the bigger threat,  because it is more likely to fight ... but also more likely to lose.

Furthermore, between machines and juntas, Weeks expects juntas to be more aggressive, because military leaders are selected and acculturated to value force and distrust diplomacy, while civilians are likely more wary of conflict and amenable to diplomacy. This makes juntas less selective in the military conflicts than machines and thus less successful in wars. Indeed, Weeks ultimately posits that machines should be just as conflict-averse and militarily successful as stable democracies. As long as the civilian leader is accountable to a conflict-averse audience, s/he is likely to be more mindful about getting involved in foreign adventures. This flies in the face of much of the democratic exceptionalism literature of the post-Cold War era.[2]

Weeks’s statistical results bear this out, showing machines to be just as conflict-averse and militarily successful as stable democracies. (Regimes undergoing transitions are counted as “others.”) Bosses and strongmen are much more conflict-prone and militarily unsuccessful, with bosses losing 56 percent of their wars and strongmen losing 73 percent versus machines and democracies losing 25 percent and 28 percent, respectively, from 1921 to 2007 (p. 61). The results for juntas are more mixed and less clear, largely due to the limited number of them in the past century. Weeks does an excellent job explaining the statistical results in accessible terms, but the mechanics will likely be difficult for non-statisticians. She also controls for other factors known to explain conflict initiation and success—capabilities, alliances, and geographic contiguity, among others—along with testing the possibility that involvement in conflicts may instead encourage dictatorial consolidation. She finds that none of these are significant factors, though it would have been helpful for her to consider this reverse causality in the subsequent case studies.

Weeks complements her statistical analysis with several in-depth case studies. The cases include wars involving Argentina (democracy/junta), Iraq (boss), Japan (machine/junta), the Soviet Union (boss/machine), and Vietnam (machine). All are well researched and well written, and they largely establish the effect regime type can have on military performance. However, the cases vary in how well they test the causal connection between regime type and war initiation. The Argentina and Japan cases are the strongest in this regard. Weeks effectively demonstrates that their transitions from a democracy and machine, respectively, to junta regimes increased their faith that military action would overcome diplomatic impasses. She also successfully challenges the long-standing argument that Argentina’s initiation of the Falklands/Malvinas war was a diversionary strategy, and instead argues that the military leadership’s genuine belief in the efficacy of force—a belief not shared by the previous democratic regime—was determinative. Likewise, Japanese civilian elites in the 1930s were wary of risky foreign adventures, but were eventually overruled and overthrown by the military, who led Japan into war first against China and then the United States. These cases clearly demonstrate the effect regime type had on foreign policy.

Weeks is less successful in demonstrating that the Soviet transition from the Stalinist boss regime to the post-Stalinist machine regimes increased Soviet aggressiveness and military incompetence. Of the four Soviet-initiated invasions from Josef Stalin to Mikhail Gorbachev—against Finland, Hungary, Czechoslovakia, and Afghanistan—all but one occurred under collective leadership. Moreover, under Leonid Brezhnev, whom Weeks lauds as leading the most collectively oriented Soviet regime, Moscow issued the Brezhnev Doctrine, declaring its right to intervene in any socialist country. The Brezhnev regime then followed through by invading Afghanistan in 1979, initiating the Soviet Union’s longest foreign military conflict. Quite surprisingly, Weeks does not examine this war in much detail, explaining that “the Soviets interceded at the invitation of the Afghan government” (p. 166). Yet this was clearly an engineered invitation, and even if not, the Soviet invasion, escalation, and subsequent debacle run directly counter to Weeks’s arguments about military initiation and performance. This would have been an ideal least-likely case for Weeks to better elaborate on her causal mechanisms, but this may be left for future scholars to consider.

In contrast to the other cases, the Vietnam and Iraq cases include no variation in either regime type or war initiation/performance. This is less problematic in the Vietnam case, because Weeks notes that General Secretary Le Duan preferred a more aggressive approach toward South Vietnam earlier than others in the government. This suggests a counterfactual that had Le Duan been less constrained, he may have initiated a direct confrontation sooner. The Iraq case, however, has a difficult time fully testing the connection between regime type and conflict initiation. In an earlier chapter, Weeks references Giacomo Chiozza and Hein Goemans’s argument in Leaders and International Conflict (2011) that vulnerability to harsh domestic punishment makes leaders more likely to “gamble for survival” by engaging in risky foreign adventures (p. 74), as opposed to her argument that invulnerability makes leaders more risk-prone. While she tests Chiozza and Goemans’s argument in the junta cases and convincingly rejects it, she does not apply it to the Iraq case. Yet the vulnerability argument is a plausible alternative explanation for the foreign policy of Iraq under Saddam Hussein. Arguably, Saddam’s decision to invade Kuwait was motivated more by fear than greed. Saddam’s absolute rule required paying rents to critical domestic constituencies; Kuwait’s over-pumping and slant-drilling drove down Iraq’s oil revenues, threatening Saddam’s hold on power. In addition, invading Kuwait allowed Saddam to redirect his battle-hardened and increasingly disgruntled majority-Shi’a army elsewhere. Fear of domestic punishment also offers an alternative explanation of his refusal to withdraw. Saddam justifiably feared revolt, which later came to pass. Weeks acknowledges that there were grumblings among the Sunni generals about a coup as the crisis escalated. The Shi’a and Kurdish uprisings may in fact have saved Saddam, as they rallied the military and Sunni population behind Saddam, who under different circumstances may have overthrown him themselves.

These critiques do not detract from Weeks’s extraordinary contribution. Rather, they provide fruitful avenues for future research in an important and still developing research area. Weeks’s typology and analysis have laid the foundation for understanding the diversity of authoritarian international politics, and Dictators at War and Peace will undoubtedly become the standard for such analysis. Weeks concludes with a brief but very insightful discussion of the policy implications of this authoritarian diversity. Among them is a recommendation to foreign leaders to engage in direct, face-to-face diplomacy with bosses and strongmen, in order to more effectively communicate both threats and assurances. She reasonably worries that sycophantic underlings may water down foreign communications, particularly threats, to appeal to their leaders’ existing views. Face-to-face interactions may do a better job of convincing unconstrained dictators that while they may face little domestic punishment for dangerous behavior, there will be severe foreign consequences. It is good advice for a world that is unlikely to be rid of authoritarian governance for the foreseeable future, if ever.

Notes
[1]. Barbara Geddes, “What Do We Know about Democratization after Twenty Years?” Annual Review of Political Science 2, no. 1 (1999): 115-144; and Brian Lai and Dan Slater, “Institutions of the Offensive: Domestic Sources of Dispute Initiation in Authoritarian Regimes, 1950-1992,” American Journal of Political Science 50, no. 1 (January 2006): 113-126. Weeks borrows her terminology from Lai and Slater but develops different hypotheses regarding international behavior.

[2]. For a survey, see Michael Brown, Owen Coté, Sean Lynne-Jones, and Steven Miller, eds., Do Democracies Win Their Wars? (Boston, MA: MIT Press, 2011).

Printable Version: http://www.h-net.org/reviews/showpdf.php?id=44347

Citation: Michael McKoy. Review of Weeks, Jessica L. P., Dictators at War and Peace. H-Diplo, H-Net Reviews. September, 2015.
URL: http://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=44347

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 3.0 United States License.
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A mistificacao da historia pelos companheiros totalitarios - Instituto Lula

Como numa ficção orwelliana, os mentirosos totalitários pretendem reescrever a história.
Poucas vezes a desfaçatez na mistificação foi tão longe. 
Se existisse um tribunal da história, os companheiros seriam processados por crime de alta traição à verdade.
Paulo Roberto de Almeida 

Explicando a economia via Instituto Lula (futuramente nos livros de história) :  

Coisas assim: o Real “foi uma conquista importantíssima, mas infelizmente na cartilha do neoliberalismo, dominante na época, o povo não passava de um detalhe…” Ou assim: o Plano Real “foge do script dos anteriores e estabiliza a moeda, mas o país paga um alto preço.” 

“Era o país do desemprego, baixos salários, falta de oportunidades, confinamento da população pobre e preta nos guetos. Foram tempos de grande bronca social e forte revolta política. O Brasil parecia estar à beira do abismo. Mas graças à democracia encontrou forças para avançar…” 

Em contraposição a tudo isso, a chegada de Lula ao poder é esquematicamente apresentada como uma espécie de portal de acesso ao Éden: “Em 2002, o país elegeu o primeiro operário. E reelegeu em 2006. Em 2010, também pela primeira vez em nossa história, entregou a uma mulher o comando do país. Ela foi reeleita em 2014. Tempos de esperança, tempos de oportunidade, tempos de mais democracia…” 

http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2015/09/03/memorial-da-democracia-de-lula-omite-escandalos-e-os-erros-historicos-do-pt/
Memorial da Democracia de Lula omite escândalos e os erros históricos do PT - Política - Política
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