O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

domingo, 13 de setembro de 2015

How Brazil got junked (it could have happenned sooner) - Economist

Attack of the rating agencies
Brazil junked
The mystery is why it didn't happen sooner
The Economist, September 10th 2015 | SÃO PAULO

WHEN Dilma Rousseff, Brazil's president, presented a budget with a gaping primary deficit (before interest payments) of 0.5% of GDP last week, many (including this newspaper) despaired. It was only a matter of time, the worriers warned, before such fiscal incontinence would cost Brazil its cherished investment-grade credit rating. Few expected the raters to react quite so quickly. On September 9th Standard & Poor's, which in 2008 had led the way in upgrading Brazil to respectability, became the first agency to downgrade the country's foreign-currency government debt back to junk. S&P has kept Brazil on negative watch, saying it has a one-in-three chance of sinking deeper into speculative territory.
To some extent, S&P's decision had been priced in already. For months the cost of insuring Brazilian government bonds against default has been higher than for Turkish ones, which are rated as junk. Following last week's budget announcement the real slid by 6% against the dollar. 
As our article went to press markets were nevertheless bracing for a jumpy Thursday (S&P moved after they closed the night before). In after-hours trading in New York, a basket of Brazilian equities lost 4%; Petrobras, the state-controlled oil giant, saw its American-listed shares drop by 5%. Another hint that not everything was priced in, notes Alberto Ramos of Goldman Sachs, an investment bank, were the 200 anxious e-mails which flooded his inbox in the hour following S&P's announcement.
Some capital flight is inevitable. Pension and mutual funds which can only hold investment-grade assets will now offload Brazilian government bonds at a brisker pace, in anticipation of similar downgrades by Moody's and Fitch (typically, two of the big three rating agencies need to declare junk status to force divestment). This will not cripple Brazil of today, with its diversified economy and plump foreign-exchange reserves, as it might have in more chaotic days. But the government's already-high borrowing costs will rise further, raising the risk of another downgrade. Capital will also become pricier for companies. None of this will help Brazil shake off the recession it slid into in the second quarter. 
How politicians will react is less clear. The downgrade is certainly a slap in the face for the finance minister, Joaquim Levy, a hawkish former investment banker brought in last year mainly to prevent it. To be fair, many of his proposed fiscal measures, including modest cuts to welfare spending, were watered down by an unruly Congress over which Ms Rousseff—with her popularity in single digits and a huge corruption scandal plaguing her coalition—has no control. Only Congress can unlock the roughly 90% of the budget that is currently ring-fenced, that it might be sheared. S&P may yet motivate them to do so. Then again, now that the cosh has fallen, congressmen (and ministers inimical to Mr Levy's belt-tightening) may conclude that further austerity is pointless. It wouldn't be the first time.

Related topics

Arminio Fraga: receita para vencer a crise

Só ficou faltando dizer quem vai fazer tudo isso, pois o governo que está aí não tem a mínima condição de implementar sequer um terço do que está exposto.
Paulo Roberto de Almeida

Opinião
Respostas à altura da crise
Armínio Fraga Neto
O Globo, 13/09/2015

Com frequência se diz por aí que nunca se viu situação econômica tão ruim quanto a atual. Discordo. Entre 1982 e 1993, a “década perdida” do caos da hiperinflação e da moratória externa, o Brasil amargou queda na renda por pessoa de cerca de 1% ao ano!

Mas o Brasil vive hoje, sim, uma crise grave, que escancara as consequências do modelo político e econômico atual.

Esse modelo se caracteriza pela captura, pelo agigantamento, pela incompetência e falência do Estado. Captura por interesses partidários e privados, que sem nenhum escrúpulo montaram não um, mas dois enormes esquemas de corrupção voltados para sua preservação no poder e enriquecimento pessoal. Agigantamento porque o gasto público se aproxima de 40% do PIB, um número elevado, especialmente para um país de renda média. Incompetência, por não entregar os serviços de qualidade que a sociedade demanda, apesar dos recursos despendidos. E falência pela perda da disciplina fiscal, fator que pesou na recente perda do grau de investimento, com destaque para a admissão pelo próprio governo de sua incapacidade de manter um superávit primário capaz de evitar a explosão da dívida pública.

Estamos em maus lençóis, pois não há na História caso de país que se tenha desenvolvido plenamente sem um Estado decente, eficaz e solvente.

Outras características do atual modelo econômico incluem elevado grau de dirigismo, claro desprezo pela eficiência em geral, e pelo mercado em particular, relativo isolamento do mundo, má alocação do capital (em boa parte feita pelos bancos públicos), políticas setoriais mal desenhadas, um sistema tributário complexo, que distorce e encarece a atividade empresarial, e um aparato regulatório desprestigiado e em alguns casos mal tripulado. Não surpreendentemente, a produtividade da economia vem sofrendo bastante.

As consequências disso tudo, em boa parte previsíveis, estão aí, visíveis a olho nu: juros estratosféricos, incerteza elevada, baixo investimento (especialmente em infraestrutura), profunda recessão e, o que é pior, uma economia incapaz de crescer. Os impactos sociais já se fazem sentir e tendem a se agravar. A esta altura não se pode descartar a hipótese de que o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff seja o início de uma nova década perdida.

Esta crise requer tratamento proporcional ao seu tamanho. Isso não tem sido possível em razão de barreiras ideológicas e de incompetência, além das naturais dificuldades de um governo corrigir algo feito por si mesmo, e da crise política, que deve perdurar.

Não surpreende, portanto, que a atual resposta à crise não venha obtendo bons resultados, limitando-se, na prática, a alguma austeridade fiscal, ao aperto monetário (posto que a inflação está há tempo bem acima da meta), à liberação de preços e ao anúncio de algumas boas reformas, no geral não implantadas. Ao mesmo tempo, medidas irresponsáveis do ponto de vista fiscal vêm sendo aprovadas, como o Plano Nacional de Educação (tema crucial, solução inadequada) e a revogação do fator previdenciário. Ademais, a queda nos preços das exportações e as paralisantes implicações de curto prazo da mais do que bem-vinda Lava Jato agravam ainda mais o quadro.

Com o intuito de ajudar a mapear os desafios no campo econômico, e sem ilusões quanto à superior importância da política em fazer as opções certas e conduzir o processo, listo abaixo dois conjuntos de respostas à crise. Se posto em prática, o primeiro sinalizaria o entendimento do Executivo e do Legislativo quanto à gravidade da situação. O segundo lista algumas questões mais fundamentais para que o Brasil volte a crescer e se desenvolver. As dificuldades de se efetuar um ajuste fiscal rápido são bem conhecidas: recessão, rigidez do gasto e a já elevada carga tributária.

Acredito que uma forma de ganhar tempo e afetar positivamente as expectativas seria compensar um inevitável gradualismo no ajuste com medidas que afetem positivamente a solvência do País no longo prazo. Outro campo fértil é o lado da produtividade, de natureza mais microeconômica, que merece bem mais espaço do que tenho aqui hoje.
Medidas emergenciais: 
1) Metas de saldo primário de 1%, 2% e 3% do PIB para os próximos três anos, baseadas em premissas realistas e em receitas recorrentes (as metas atuais não estão sendo cumpridas e de qualquer forma são insuficientes).
2)  Aprovação da idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres (para gerações futuras) e reaprovação do fator previdenciário.
3) Desvinculação do piso da Previdência do salário mínimo (a vinculação é cara e regressiva).
4) Introdução de um limite para a dívida bruta do governo federal como proporção do PIB.
5)  Reforma do PIS/Cofins e do ICMS já proposta, acrescida da unificação e simplificação das regras do ICMS (por muitas razões, inclusive a integração interna do País).
6)  Mudança das regras trabalhistas também na mesa (em que o negociado se sobrepõe à lei).
7)  Aumento da integração do Brasil ao mundo (um primeiro passo seria transformar o Mercosul em zona de livre-comércio).
Sem algo nessa linha a crise deve se aprofundar e alongar.
Medidas mais fundamentais relativas ao Estado:
1) Discussão sobre o tamanho e as prioridades do Estado (requer limite ao crescimento do gasto, o que, por sua vez, demanda as reformas abaixo).
2)  Fim de todas as vinculações e adoção de um Orçamento base zero (sem prejuízo de espaços plurianuais, nunca permanentes).
3)  Meritocracia e a boa gestão no setor público.
4) Revisão da cobertura da estabilidade do emprego no setor público.
5) Revisão do capítulo econômico da Constituição (adotar a economia de mercado. Qualquer interferência do Estado deverá ser justificada e seus resultados posteriormente avaliados).
Sem algo nessa linha o Brasil dificilmente se desenvolverá plenamente.

*Armínio Fraga Neto é economista

Revolucao Burguesa? Du cote de chez moi??? Unicamente neste meu livro, saindo do forno - Paulo Roberto de Almeida

Revolução burguesa no Brasil?
Esqueçam, pelo menos com esta "burguesia" que temos: um punhado de amigos do rei, de um lado, e os coitados dos empresários, do outro, sendo dilapidados continuamente pelo Estado obeso.
Na primeira tropa temos os banqueiros satisfeitos com os juros da dívida pública e os capitalistas promíscuos, que acompanham os companheiros totalitários, os neobolcheviques (que alguém já chamou de "burguesia do capital alheio), no assalto ao Estado e que assalto: parece que a extorsão na Petrobras vai ficar nos anais dos grandes roubos da História, como o mais vasta empreendimento de corrupção jamais conhecido em todo o mundo e no itinerário do capitalismo (bem medíocre o nosso).
A maior parte do que deveria ser uma burguesia liberal tenta sobreviver em face do ogro famélico que é o Estado extrator. Sem remédio, pedem proteção, reserva de mercado, subsídios.
Portanto, nada de revolução burguesa no horizonte previsível.
Eu sempre preguei a realização de uma "fronda empresarial" por parte desses capitalistas não amigos do rei, uma capaz de fazer do Brasil um país "normal", ou seja, uma economia de mercado como qualquer outra, e capaz de lutar por um  sistema político simplesmente menos corrupto do que o que temos.
Alguma esperança disso? Não riam...
Acho que não vamos ter, nem fronda empresarial, muito menos uma revolução burguesa, en bonne et due forme.
Em lugar disso, nós, classe média, vamos ter de continuar lutando para expulsar os mafiosos do poder, para depois começar tudo outra vez.
Mas, enquanto esperam, os curiosos pela trajetória da nossa frustrada "revolução burguesa" podem ler, se quiserem, o meu próximo livro, que está sendo publicado nos próximos dias, como informo em seguida:


Paulo Roberto de Almeida:
Révolutions Bourgeoises et Modernisation Capitaliste: Démocratie et autoritarisme au Brésil
(Sarrebruck: Éditions Universitaires Européennes, 2015, 396 p.; ISBN: 978-3-8416-7391-6)


Lombada: Les révolutions bourgeoises et le Brésil

Informação de quarta capa: 
Les rapports du capitalisme avec le système politique, ainsi que l’impact du processus de modernisation économique sur le régime de pouvoir, passant ou non par des bouleversements révolutionnaires, constituent quelques uns des thèmes majeurs de la sociologie historique comparée. Ce long essai sur les révolutions bourgeoises classiques et leur rôle dans l’itinéraire plus ou moins réussi de certaines sociétés vers des formes plus avancées du régime démocratique prend appui sur les traditions marxiste et wébérienne de la théorie sociale pour essayer d’en déceler des expériences similaires, ou comparables, dans le cas brésilien. Le Brésil, en dépit de son processus plus ou moins avancé de modernisation capitaliste et du dépassement de ses épisodes autoritaires, hélas trop fréquents au cours du XXème siècle, reste une économie insuffisamment capitaliste et son système politique possède des nombreuses insuffisances. Cela se doit-il à que le pays n’a pas connu une véritable révolution bourgeoise, capable d’affermir un régime démocratique fonctionnel ? Ce livre fait le parcours de ces questions, appuyée sur une bibliographie représentative de l’état de l’art en sociologie historique. 

SOMMAIRE DU LIVRE 

Avant-Propos :
Capitalisme et démocratie au Brésil, à trente ans de distance , 15

1.    Introduction, 39

Première Partie
THÉORIE ET PRATIQUE DE LA
RÉVOLUTION BOURGEOISE

2.    La carrière d’un concept, 53
3.    Théorie de la Révolution Bourgeoise,  66
4.    La modernisation capitaliste, 91
5.    Classe et Pouvoir, 107
6.    Pratique de la Révolution Bourgeoise, 137
7.    Bourgeoisie et révolution dans la pratique historique et dans
       la théorie sociologique , 191

Deuxième Partie
LA REVOLUTION BOURGEOISE AU BRÉSIL:
MYTHE ET REALITÉ

8.    Les bases de la Révolution Bourgeoise au Brésil , 213
9.    La transition au capitalisme 241
10.  Différenciation sociale et crise des élites, 255
11.  Caractère de la rupture278
12.  L’État et les classes sociales 302
13.  Démocratie et autocratie dans le capitalisme, 334
14.  Bourgeoisie et démocratie: réalité historique et mythe sociologique, 361

       Bibliographie , 379

Este é apenas o sumário; depois vou colocar o índice completo no meu site.
Paulo Roberto de Almeida 

sábado, 12 de setembro de 2015

Venezuela: um silencio ensurdecedor...

Uma postagem completamente vazia, sem palavras, sem matéria, sem comentários.
Comentar o quê?
O silêncio?
Continuo aguardando...

Aqui o Brasil ideal dos companheiros: um curral eleitoral quase norte-coreano...

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DE POTIRETAMA ?
http://img3.mundi.com.br/images/Potiretama-photo439493-5.jpg
Potiretama é um município cearense a 280 quilômetros de Fortaleza, com 6.129 habitantes, dos quais 1.250 são beneficiários do Bolsa Família.
 Seu IDH –conforme dados de 2010 é 0,604, o que leva o município a ocupar o 125º lugar no Ceará e o 4.055º no Brasil.
 Potiretama não tem sequer um hospital ou mesmo escolas com um mínimo de qualidade!!
 Falta até água, bastando dizer que no prédio da Prefeitura, sede da maior autoridade municipal, falta água até mesmo para lavar as mãos!
Você imagina qual é a maior economia de Potiretama? O Bolsa Família.
 Quer saber o que tal programa BOLSA FAMILIA produz com invulgar competência? Ócio, vagabundagem e VOTOS.
 Em 2010 uma empresa de Mossoró instalou no município uma unidade industrial para processamento de castanha de caju.
 A Prefeitura, então, criou uma cooperativa para disciplinar a atividade dos trabalhadores, mas a empresa, que começara com 130 funcionários, só durou três meses. Motivo? Falta de mão de obra!
 Será que os 6 mil habitantes estavam todos empregados? Não,trabalhar para que se recebem tudo de graça, com os nossos altissimos Impostos pagos regiamente.
 Quanto aos votos, nas recentes eleições presidenciais a candidata Dilma Rousseff recebeu 92% dos votos, cabendo ao outro candidato os restantes 8%.
 Em números absolutos, dos 3.816 eleitores que manifestaram sua vontade nas urnas, 3.511 optaram pela permanência da senhora Dilma Rousseff como presidente, mostrando que o programa não é um mero CABO Eleitoral.
 Em verdade é muito mais. É, isto sim, um "GENERAL" Eleitoral, é como alimentar porcos e galinhas, que esperam todo dia seu alimento sem nada produzirem!...
Potiretama não deixa margem a dúvida... não deixa pessoa alguma mentir.

Republica Elitista do Brasil, ou Imperio Aristocratico dos Privilegiados? 20 mil tem foro especial

22 mil pessoas têm foro privilegiado no Brasil, aponta Lava Jato
Por Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt
Blog Estadão, 20 Maio 2015 | 06h00min

Procurador que coordena investigação sobre corrupção na Petrobrás alerta que número de autoridades com o benefício ‘está fora do padrão internacional’

Na semana em que os primeiros políticos foram para o banco dos réus na Justiça Federal, acusados no maior escândalo de desvios e propina do País, em contratos da Petrobrás, procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato atacaram a existência de 22 mil pessoas com o chamado foro privilegiado no País e defenderam publicamente “reformas estruturais e sistêmicas” contra a corrupção e a impunidade.

“Nós precisamos de uma reforma política, nós precisamos da aprovação de medidas contra a corrupção e a impunidade”, afirmou o procurador da República Deltan Dallagnol, um dos que coordenam os trabalhos da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba.

“A sociedade, nós todos, precisamos esperar e cobrar isso dos nossos representantes e daqueles que pessoas que têm poder para promover reformas estruturais e sistêmicas.”

Segundo ele, o número elevado de pessoas com direito a foro especial por prerrogativa de função é um entrave ao sistema brasileiro de combate à corrupção e à impunidade.
“Hoje temos mais de 20 mil pessoas com prerrogativa de foro no Brasil, o que é algo que escapa a qualquer sombra de padrão internacional”, afirmou Dallagnol.

Pela Constituição do Brasil, presidente da República, ministros, todos os parlamentares, prefeitos e até membros do Ministério Público só podem ser julgados por cortes superiores.

“Existem poucos países, salvo engano três, no mundo que têm foro por prerrogativa de função para todos parlamentares de um modo tão extenso.”

O procurador destacou que em uma “República todos devem ser iguais”. “A exceção é a diferença. A exceção é alguém ser processado perante um foro especial. E quando passamos de 22 mil pessoas, fugimos de um parâmetro excepcional”, argumentou o procurador.

Dallagnol afirmou que a Procuradoria não pretende avançar sobre assuntos do Legislativo. “O Ministério Público Federal não ingressou como instituição em propostas no tocante a reforma política. Esse é um uso próprio do Poder Legislativo.”

Ele citou ainda que a Associação Nacional dos Procuradores da República já fez no início do ano 10 propostas contra a corrupção e a impunidade no País, com base da “atuação diária” do órgão.

“Nós preferimos, o Ministério Público Federal, oferecer medidas que dizem respeito diretamente a nossa atuação em relação a assuntos que conhecemos profundamente e que os manuais e textos sobre corrupção dizem que podem ter um impacto direto nos níveis de corrupção.”

Dallagnol lembrou ainda existem vários projetos em discussão sobre o fim do foro especial no Brasil.

Na prática. Com 28 ações penais em curso, mais de 140 inquéritos abertos, 70 mandados de prisão e 200 de busca e apreensão cumpridas, a força-tarefa da Lava Jato instrui apenas os casos em primeira instância.

As críticas ao foro especial da força-tarefa da Lava Jato foram feitas dentro da nova etapa das investigações – pela equipe de nove procuradores que trabalha baseada em Curitiba – iniciada esta semana com a abertura das três primeiras ações penais envolvendo políticos.

Viraram réus nesses processos, por corrupção e lavagem de dinheiro, os ex-deputados federais André Vargas (ex-PT, hoje sem partido), Pedro Corrêa (ex-PP) e Luiz Argôlo (ex-PP, hoje afastado do SD).

No caso de alvos como foro privilegiado, como políticos e agentes públicos como ministros, eles são investigados nos inquéritos recém abertos pela Procuradoria Geral da República, em Brasília.

Cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) – instância máxima do Judiciário brasileiro – julgar esses processos, caso sejam abertos. Com os inquéritos ainda em fase inicial, a Polícia Federal vai levantar dados ainda para que a PGR decida se apresentará denuncia formal. Só então os ministros decidirão se haverá ação penal.

“Os tribunais superiores não têm o perfil operacional para processar pessoas com prerrogativa de foro de modo célere e efetivo”, opinou o procurador da Lava Jato.

Segundo ele, o processo do mensalão – iniciado em 2006 e julgado em 2013 – foi “um ponto fora da curva”. “A primeira condenação de pessoa com prerrogativa de foro pelo STF demorou mais de 100 anos para acontecer. Foi depois de 2010, salvo engano em 2011. A primeira execução foi 2013, 2014.”

Dallagnol, um dos integrantes do Ministério Público Federal que se especializou no combate à corrupção e aos crimes de colarinho branco, fez um comparativo entre Brasil e Estados Unidos.

“Enquanto a Suprema Corte americana julga aproximadamente 100 processos por ano, nossa Suprema Corte julga 100 mil processos por ano. O que mostra que não existem condições operacionais para que isso seja processado em uma Corte tão especial. (O STF) Deveria ser reservado para assuntos mais restritos.”

Políticos. Deflagrada em sua fase ostensiva em março de 2014, nesta segunda-feira o juiz federal Sérgio Moro – que conduz os processos em primeira instância da Lava Jato – abriu as primeiras três ações penais contra quatro ex-deputados (que perderam o direito ao chamado foro privilegiado).

Com crimes como desvios de recursos por meio de funcionários fantasma no Congresso, cobrança de pedágio do salário de assessor parlamentar e uso de verba de deputado para recebimento de propina no esquema alvo da Lava Jato em voga nesses processos, Dallagnol afirmou que a nova etapa das apurações espera por respostas mais efetivas.

“Já passou mais de um ano da descoberta desse esquema criminoso e nenhuma medida institucional a altura foi adotada para combater a corrupção em termos de País”, afirmou Dallagnol.

Nos processos sem prerrogativa de foro, a Lava Jato já conseguiu 15 delatores que confessaram que a partir de 2004 institui-se na Petrobrás um esquema de arrecadação de 1% a 5% em contratos que eram fatiados entre 16 empreiteiras do cartel. Isso mediante acerto com diretores da estatal indicados pelo PT, PMDB e PP. Em um ano, a força-tarefa da Lava Jato chegou-se a R$ 6 bilhões em propinas.

“Nos mantemos crentes na mudança do sistema, de que ela virá, e com uma grande expectativa de que isso venha a acontecer. Nós apostamos nisso, nós confiamos, e aquilo que a gente puder fazer para contribuir com a mudança do sistema para que esse País seja livre de corrupção e da impunidade nós faremos, assim como temos certeza que a sociedade fará também”, concluiu o coordenador da força-tarefa da Lava Jato.

Economia brasileira: desastrosa nos indicadores, catastrofica na credibilidade - Fabio Alves (OESP)

Levy e Dilma, dois perdidos em alto-mar

Fábio Alves

Blog Estadão, 11/09/2015, 12:10 1

Dilma teve a proeza de causar um enorme prejuízo à reputação e credibilidade de Joaquim Levy

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters


Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A cena mostrada no Jornal Nacional ontem à noite resume bem a que ponto chegou o desalento do mercado em relação à equipe econômica e ao governo Dilma Rousseff:

Na reportagem sobre o dia seguinte à notícia do rebaixamento da nota de risco soberano do Brasil, o repórter mostra os “traders”, na mesa de operação de uma instituição financeira, apáticos e ociosos por mais de 30 minutos – em plena sessão de negócios – à espera da entrevista do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que falaria após a teleconferência dada pela Standard & Poor’s (S&P) para explicar as razões do “downgrade”.

As cotações, que até então estavam sem sinal de vida, começaram a cair fortemente no momento em que Levy começou a entrevista e não falou nada de substancial.

O mercado esperava informações concretas sobre o corte de gastos que a presidente Dilma ordenou na reunião de coordenação política com seus ministros ainda no calor do impacto político e econômico do rebaixamento.

E de concreto, apenas o pedido do ministro Levy para que o brasileiro pagasse “um pouquinho mais de impostos” para que o País volte a crescer e a ser visto como mais forte.

Restou a Levy implorar por dinheiro como estratégia.

O que preocupa da reação do governo à surpresa da perda do grau de investimento e da manutenção da perspectiva negativa da nota é a sensação de que a presidente e sua equipe de ministros parecem tripulantes atordoados de um barco pesqueiro em meio a uma tempestade inesperada em alto-mar.

Todos correm de um lado a outro, tentando conter a água que entra na embarcação ao tapar buracos que deviam ter sido remendados antes de se lançarem ao alto mar.

Por que precisou da decisão da S&P para a presidente tentar agir com mais veemência para cortar gastos?

E que gastos ela poderá cortar agora, já que redução estrutural de despesas depende do Congresso?

O trabalho de remendos na embarcação deveria ter sido feito desde o início do seu segundo mandato.

Mas não.

Dilma titubeou e recuou várias vezes – quer seja por pressão do PT e do ex-presidente Lula, quer seja por seu DNA ideológico – na sua promessa de ajuste macroeconômico quando nomeou Joaquim Levy para suceder Guido Mantega.

A proposta de Orçamento para 2016 foi um dos processos mais desastrados do seu governo, tanto que a S&P decidiu seguir adiante com a perspectiva negativa dada em julho e rebaixar a nota brasileira quando a agência de rating teria ainda vários meses para tomar essa decisão.

Dilma teve a proeza de causar um enorme prejuízo à reputação e credibilidade de Joaquim Levy.

Nesse caso, como muitos interlocutores desta coluna já se expressaram em conversas reservadas, o próprio Levy se colocou nessa posição de falar e fazer os preços dos ativos despencarem, ao aquiescer com uma presidente que lhe impôs várias derrotas.

A imagem mostrada pelo Jornal Nacional mostra que Levy caminha para produzir reações no mercado semelhantes a de Mantega, ora visto com estupefação pelas projeções irrealistas, ora visto com desdém pela falta de credibilidade da sua política econômica.

Olhando para frente, é problemático ver que Dilma, Levy e o resto do governo parecem não ter em mãos qualquer plano mais substancial de médio prazo para tentar recuperar a confiança de empresários, consumidores e investidores e retirar a economia brasileira da espiral recessiva que se agrava.

A sensação é de que tudo é dito e feito no calor do noticiário do dia.

Que Dilma, Levy e o resto do governo tentam apagar o incêndio da hora.

Por incrível que pareça, apenas o Banco Central mantém metas e objetivos de médio prazo, sinalizando uma política monetária como deveria fazer qualquer BC – se o mercado confere a essa sinalização credibilidade desejada é outra história.

Mas o BC, ao menos, tem um plano a seguir: fazer a inflação convergir para a meta até o fim de 2016.

Se comparado com o que o restante da equipe econômica e a presidente Dilma têm feito e dito nas últimas semanas, um plano a seguir – mesmo que sofrendo algum grau de desconfiança quanto às suas metas – é melhor do que ações e declarações improvisadas e que podem mudar em questão de dias.

History of Recent Economics Conference, São Paulo, March 2016

CFP: History of Recent Economics Conference University of São Paulo, Brazil – March, 14-15 2016

History of Recent Economics Conference

University of São Paulo, Brazil – March, 14-15 2016

Call for Contributions by Young Scholars

The tenth History of Recent Economics Conference (HISRECO) will be held at the University of São Paulo on March 14-15, 2016. HISRECO, which was launched in 2007 by an organizing committee comprised of Roger Backhouse, Philippe Fontaine and Tiago Mata, brings together researchers from various disciplines to study the history of economics in the postwar period. It is the organizers’ belief that this period, which witnessed crucial changes that helped establish economics as one of the dominant discourses in contemporary society, is worth studying for its own sake. The increasing availability of archival materials, along with the development of new methods inherited from the larger history and sociology of knowledge, have helped produce insightful contextual histories of the development of recent economic ideas. In particular, this topic offers good opportunities to young scholars, either in economics, history, or STS departments, who are interested in interdisciplinary approaches to the history of economics.

This is why the History of Economics Society (HES), as part of its New Initiatives program, is sponsoring a small number of young scholars who would like to participate in the next HISRECO conference, and we are trying to secure additional funds for young scholars, who will have their travel, accommodation and meal expenses covered. Accordingly, we invite all PhD students as well as researchers in all relevant fields who have obtained their PhD over the past two years (from July 2013 to September 2015) to submit by email a paper proposal of no more than 500 words (as a pdf file, containing your current affiliation and the university and year of your PhD, if this is the case) to Pedro Duarte (pgduarte [AT] usp [DOT] br) by September 30th, 2015. Selected participants will be informed by October 26th, 2015.

For those who want to know more about HISRECO, a list of past conferences and contributors can be found at http://www.hisreco.org.

Yann Giraud, on behalf of the organizing committee, which is comprised of Pedro Duarte (University of São Paulo) and Yann Giraud (University of Cergy-Pontoise). 

Contact Email: 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Academia.edu: os trabalhos mais vistos de Paulo Roberto de Almeida

Acessando a plataforma para uploadar (ugh!) mais um texto, aproveitei para visitar brevemente as estatísticas de acesso e visualização de trabalhos meus depositados (parece que é o termo, embora eu não goste) no Academia.edu.
Trata-se de um retrato arbitrário do que vai pela cabeça dos navegadores.
Paulo Roberto de Almeida 

Title                                                                  All-Time Views

787
521
388
346
340
331
325
323
317
269
256
244
240
204
203
191
185
167
164
161
155
148
145
143
141
140
137
135
127
126
126
124
118
117
114
111
109
108
106
104
104
104

Venezuela: o desrespeito aos principios democraticos se aprofunda: o que faz o Mercosul?

Seria interessante ler uma nota a esse respeito da Unasul (uma criação da diplomacia brasileira), uma outra nota do Mercosul, uma outra criação do governo brasileiro (e parece que a Venezuela faz parte do Mercosul, ou estou enganado?), e mais algumas notas de quem sempre expede muitas notas, a respeito dos assuntos mais anódinos, ou importantes (também cabe). Se trata de uma simples questão de dignidade, de respeito aos direitos humanos, da mais elementar adesão aos princípios democráticos. Ou tudo isso não vale nada. Ou a tal de "plena vigência das instituições democráticas" só vale para determinadas ocasiões? Com a palavra os que sempre falam...
Paulo Roberto de Almeida 

Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, leu uma mensagem enviada por ele na Praça José Martí, em Caracas, há pouco. O líder da oposição, condenado por Nicolás Maduro a quase 14 anos de prisão, convocou os venezuelanos às ruas no dia 19 de setembro.
Leiam o texto (em espanhol):

"No espero que mis cadenas sean removidas por la dictadura. Por eso, los convoco a que, desde hoy, con mis hermanos de la Unidad, salgamos el sábado 19 de septiembre a tomar las calles en paz y en democracia, bajo estricta disciplina no violenta y vestidos de blanco, junto a nuestros candidatos de la Unidad. Que el próximo sábado se convierta en el inicio del cambio del 6 de diciembre.
Venezuela quiere cambio, quiere voto, quiere calle. Sí se puede. Fuerza y fe.
Nunca me voy a cansar de luchar por Venezuela.
Hace más de 1 año, dije que la élite corrupta que gobierna Venezuela había ordenado meterme preso, con la intención de que yo abanadonara el país. No dudé en dar un paso enfrente, para enfrentar a esta dictadura en un juicio infame.
Hoy, cuando he sido condenado, por la infamia y la mentira sin escrúpulos, les digo que no me arrepiento de la decisión que tomé. Porque las grandes causas ameritan grandes sacrificios.
Estoy convencido de la bondad de nuestra causa, que no es otra que la liberación de todo un pueblo que hoy sufre las consecuencias de un modelo fracasado. Una causa justa y democrática, que busca un país de paz, bienestar y progreso; una causa humana, que busca que todos los derechos sean para todas las personas. Una causa moral, que nos obliga a estar de lado de las víctimas y no de los victimarios.
Esta sentencia no es solo en mi contra, sino contra todos aquellos quienes luchamos por un mejor país. Nadie está más tentando a caer en la frustración que yo, pero les confieso que estoy más fuerte que nunca y decidido a levantarme una y otra vez hasta lograr pacíficamente el cambio que requiere nuestro país.
Por eso, el único acto de solidaridad que pido ante mi sentencia es que no se rindan, porque, como una vez dijo Ghandi: los caminos de la verdad y el amor siempre han triunfado.
El 6 de diciembre tenemos una excelente oportunidad para quitarle el poder a quienes hoy lo tienen. Con revire democrático, salgamos a expresarnos en las urnas.
Finalmente, a mi amada esposa: dale a nuestros hijos un mensaje muy especial. Van a escuchar de boca de algunos que su papi es culpable, que estará preso unos años más. No es cierto. Hoy su papá es más libre que nunca. Mi alma, mis ideas, mi amor por ustedes vuela alto, vuela muy alto, en el cielo de nuestra hermosa Venezuela. Estoy aquí y no me iré, no podrán separarnos.
Muy pronto, juntos, viviremos en la mejor Venezuela, donde reiremos, jugaremos y cantaremos sin sentir miedo.
En estos momentos difíciles, recuerdo a Luther King: Hagas lo que hagas, tienes que salir hacia adelante. Venezuela saldrá adelante. Yo les juro que vamos a vencer".


Lilian Tintori lê carta de Leopoldo López na praça José Martí, em Caracas:
"No espero que mis cadenas sean removidas por la dictadura"