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sábado, 20 de agosto de 2016

Internacionalista: sou um, ou apenas um diplomata? - Entrevista Paulo Roberto de Almeida

Encontrei, numa pasta de "Recovered", com arquivos criados automaticamente em algum crash do Word, este texto de uma entrevista que concedi, mais de um ano atrás, a um estudante de uma das muitas faculdades com cursos de RI que existem pelo Brasil afora.
Devo ter colocado já neste espaço, mas não me lembro, e não sei porque acabou como "recuperado".
Em todo caso, como tem algumas menções a Copa do Mundo e Olimpíadas, acredito que possa vir à propos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20/08/2016


O Internacionalista e o Diplomata
Reflexões sobre uma carreira e uma vocação

Paulo Roberto de Almeida
Diplomata de carreira; Professor de Economia no Pós-Graduação do Uniceub
Anápolis, 30 de maio de 2015

Entrevista com profissional de Relações Internacionais

1) O que o fez querer entrar para a carreira de internacionalista?
PRA: Cabe enfatizar – e isto será válido para todas as demais questões – que não sou internacionalista (“profissão” que, de resto, não existe, salvo como orientação de estudos ou designação de alguma área de trabalho), e sim um diplomata de carreira, aliás desde 1977, quando ingressei não pela via habitual dos vestibulares para o curso do Instituto Rio Branco, mas por concurso direto, que foram feitos em caráter excepcional durante alguns anos de forte expansão do Serviço Exterior brasileiro.
Respondendo diretamente à questão, dentro de minha especificidade, decidi tentar o concurso para o Itamaraty porque me parecia ser uma carreira intelectualmente interessante, para qual eu estava preparado, tendo residido durante sete anos no exterior, tempo de minha graduação, de meu mestrado e de um início de doutoramento, que foi concluído após ter entrado para a carreira.

2) Em seu ramo de atuação, a área internacional, qual você julga ser as competências e habilidades mais exigidas para ser considerado um bom profissional?
PRA: A diplomacia é uma carreira de Estado fortemente exigente e altamente seletiva no referente à formação intelectual, ou acadêmica, uma vez que os exames de entrada são normalmente rigorosos. As competências no âmbito acadêmico, ou de formação intelectual, se estendem a praticamente todas as áreas das Humanidades, no sentido amplo, ou seja, Ciências Sociais, lato senso, e Ciências Sociais aplicadas, o que cobre igualmente Economia e Direito Internacional e Constitucional. No plano das habilidades cabe lembrar o conhecimento de línguas e noções amplas, ou profundas das relações internacionais, e também um conhecimento bastante vasto da própria política externa brasileira, inclusive em suas posições relativas a integração regional, direitos humanos e organizações internacionais menos importantes, sem mencionar o lado das relações bilaterais com os mais países mais relevantes.
No plano puramente pessoal, o candidato à carreira diplomática deve estar preparado a ser nômade, ou seja, a mudar várias vezes de país, de situação, de língua, e até de conforto pessoal, uma vez que poderá ser designado para postos nos quais os indicadores de bem-estar social deixam muito a desejar, mesmo em confronto com um país dito em desenvolvimento como o Brasil.

3) Qual técnica você busca utilizar para obter êxito nas tarefas que tem de realizar diariamente em seu ambiente de trabalho?
PRA: Conhecimento dos dossiês, uma vez que em diplomacia nada parte do nada, tudo tem uma história, um precedente, um desenvolvimento no plano das relações internacionais ou bilaterais, e o principal sustentáculo de trabalho do diplomata em seu ambiente de trabalho é o registro de todos os atos e fatos que compõem a base de uma questão qualquer da agenda diplomática. Além disso, o diplomata precisa estar habilitado a contextualizar aquela questão, ou seja, um bom conhecimento da história, geral e específica da questão, é muito importante, assim como saber das próprias posições, posturas, iniciativas da outra parte, ou da comunidade internacional, no tratamento da questão, uma vez que será preciso negociar algum acordo, um ato internacional, uma iniciativa de cooperação ou qualquer outra medida que se insira naquele contexto e situação.
Não há uma técnica específica, a não ser o acompanhamento atento de uma determinada questão da agenda diplomática em todos os seus aspectos e dimensões.

4) De acordo com o papel desempenhado por você em sua função, quais são os pontos fortes e fracos que você tem a oferecer?
PRA: Dada minha formação multidisciplinar – em ciências sociais, em economia aplicada, em relações internacionais – e minha experiência da vida acadêmica, do setor empresarial, meu conhecimento do mundo e, também, last but not the least, tenho uma boa capacidade analítica, uma capacidade razoável na contextualização política, econômica, histórica de cada um dos grandes temas da agenda diplomática, e com base nisso tudo posso oferecer textos analíticos que podem ser de grande valia para a diplomacia brasileira, na preparação de seus telegramas de instruções para os postos diplomáticos no exterior, ou na elaboração de documentos de posição que podem ser levados ao conhecimento de outras áreas do governo, no âmbito de um processo decisório qualquer, e que depois se transformam, eventualmente, em informação ao presidente do país, para a decisão final quanto à posição que o Brasil deve tomar numa negociação internacional, multilateral ou bilateral.

5) Considerando-se que a inovação é algo necessário para o fortalecimento das organizações atualmente, você acredita que ela tem sido algo presente dentro da organização que atua profissionalmente?
PRA: Com alguma dificuldade, e certo atraso temporal – devido basicamente à exiguidade de recursos – o Itamaraty vai se modernizando no plano material, ou seja, instrumentos e meios (comunicações, registro e arquivo de documentos, agilização de procedimentos administrativos, etc.), para que ele possa desempenhar suas funções a contento, ou seja, implementar a política externa determinada pelo chefe de governo. Inovação também tem um componente conceitual, ou seja, arejar as ideias, adaptar-se à dinâmica sempre cambiante da economia mundial, das novas realidades que vão surgindo aqui e ali, e tudo isto significa melhorar a qualidade analítica dos seus documentos, que em última instância depende dos homens que comandam o ministério. Se eles são conservadores, apegados a velhos métodos e procedimentos, nada acontecerá; se eles são abertos, ao contrário, a novos conhecimentos e a inovações, sempre terá de haver ajustes internos, reformas nos procedimentos, modernização nos métodos de trabalho e até iniciativas que se traduzem em novos instrumentos e mecanismos para ajudar na grande tarefa de contribuir para o desenvolvimento do Brasil.

6) O que você acha que poderia ser feito pelas organizações para evitar uma possível necessidade de fechamento neste atual ambiente de crise econômica brasileira?
PRA: Depende de quais organizações se está falando: se das multilaterais, ou internacionais, ou das puramente nacionais, ou seja, ministérios e outras agências governamentais. Em ambos os casos sabemos que se trata de grandes burocracias, geralmente paquidérmicas, que acabam gastando mais com si mesmas, ou seja, com os meios, com os instrumentos, do que com os fins, ou seja, em favor dos objetivos para os quais foram criadas. Existe uma lei das burocracias que faz com que elas estejam sempre crescendo, sempre gastando mais recursos – ou seja, desviando recursos das atividades-fim para seu próprio uso, as atividades-meio – e sempre beneficiando seus próprios integrantes, os burocratas, os mandarins, alguns verdadeiros marajás, que povoam e mandam nessas organizações, tanto internacionais quanto nacionais. Esta é uma lei perversa dos modernos Estados burocráticos: eles sempre crescem mais para dentro, para o próprio benefício de seus integrantes, do que para fora, ou seja, para beneficiar os pagadores de seus salários e honorários, que somos todos nós, os contribuintes compulsórios desses recursos, via impostos, contribuições e taxas dos mais diversos tipos.
A solução seria instituir comissões absolutamente independentes, integradas EXCLUSIVAMENTE por quem paga impostos, e não tem qualquer vínculo com os Estados e com as organizações sob exame, e propor todas as medidas necessárias para que esses monstros burocráticos sejam OBRIGADOS a concentrar a maior parte dos seus recursos exclusivamente nas atividades-fim e não em si próprios, ou seja, nas atividades-meio, que os beneficiam diretamente.

7) Além de seu atual ambiente de atuação, houve alguma outra área que tenha atuado anteriormente onde também estivesse integrado no cenário internacional?
PRA: Ademais de diplomata de carreira, sou também professor universitário, com vasta experiência em temas de economia mundial, relações internacionais, integração econômica e demais temas afins, exercendo atualmente tal função no Centro Universitário de Brasília (UniCeub), onde sou professor de Economia nos programas de mestrado e doutorado em Direito, stricto sensu. Tenho muitos livros publicados e centenas de artigos em revistas do Brasil e do exterior, bem algumas dezenas de capítulos em obras coletivas, sendo ainda editor adjunto da Revista Brasileira de Política Internacional, a mais antiga revista brasileira dessa área, e membro de conselhos editoriais de muitas outras revistas acadêmicas nesse terreno.
Meu trabalho como professor, como blogueiro (diplomatizzando.blogspot) e como responsável por um site especializado nas matérias acima (pralmeida.org) talvez seja até mais importante do que como diplomata, carreira na qual sou um burocrata como muitos outros. Através de minhas aulas, palestras, participação em seminários, colóquios e simpósios, no Brasil e no exterior, e das centenas de trabalhos publicados sob diversas formas, inclusive em outras línguas, ademais dos instrumentos de comunicação social, tenho, muito provavelmente, um alcance ainda maior e uma audiência várias vezes multiplicada, o que obviamente não é o caso como burocrata do Serviço Exterior brasileiro, cujas características são bem mais reservadas e discretas do que a que se pode ter na exposição pública nos meios acadêmicos e de comunicações sociais em geral.

8) Desde a sua ingressão na universidade até hoje, qual foi a maior dificuldade enfrentada por você na trajetória profissional?
PRA: Desde meu INGRESSO na universidade, minha única dificuldade foi conseguir ler tudo o que sempre me interessou, o que compreende um amplo espectro das humanidades e das ciências sociais aplicadas: frequentei bibliotecas públicas desde antes de aprender a ler, o que me habilitou singularmente não apenas a ingressar numa universidade, mas igualmente a passar no concurso para a carreira diplomática. Livros compõem mais da metade de toda a minha vida.
Tentando responder especificamente a esta pergunta, eu diria justamente que a universidade – salvo em raros casos de cursos técnicos, muito focados numa especialidade determinada – não prepara ninguém para a plenitude do exercício profissional: elas apenas dotada os estudantes de determinadas técnicas ou métodos de aprendizado, a partir dos quais os estudantes devem buscar por seus próprios meios o aprendizado que lhes faculta desempenhar-se em uma atividade profissional qualquer. Foi assim com meus cursos universitários: li muita coisa, em muitas áreas do conhecimento, mas poucas que me habilitaram realmente a um bom desempenho profissional na diplomacia. Nesta tive de aprender no próprio trabalho, com experiência, observação, aprendizado, ensaio e erro, em todas as etapas.

9) Em sua opinião, como o Brasil vem mantendo sua imagem internacional? E qual o papel das universidades frente a isto?
PRA: A imagem internacional de um país geralmente é formada a partir de dois canais principais: de um lado, aquelas matérias puramente objetivas, dadas pelas grandes agências de comunicação (mídia) e pelas visitas de estrangeiros (turistas, jornalistas, homens de negócios, etc.), que transmitem ao mundo e às respectivas comunidades vinculadas aos meios de transmissão e de recepção de matérias objetivas e subjetivas acerca desse país; de outro, os esforços de comunicação dirigida mantidos pelo próprio governo desse país para atrair visitantes, turistas, investidores, e também no circuito formal de relações diplomáticas, onde o conteúdo é geralmente voltado apenas para os pontos positivos que esse governo pretende ressaltar: maravilhas naturais, bom ambiente de negócios, serviços convenientes aos turistas, etc.
O Brasil, como todos os demais governos, promove esse tipo de atividade, e pode ir até mesmo além do estritamente necessário, uma vez que se candidatar a grande eventos – como Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, por exemplo – pode representar um gasto não comensurável com os retornos reais dos investimentos. A partir da Copa do Mundo de 2014, por exemplo, o Brasil “herdou”, ao custo de dezenas de bilhões de reais, estádios superdimensionados de futebol, que estão atualmente subutilizados, gerando despesas inúteis de manutenção, para um público pagante de determinadas partidas de futebol que não alcança 10% de sua capacidade em cadeiras. Trata-se obviamente de um péssimo cálculo, e de uma despesa irresponsável, tendo em vista as enormes carências do Brasil e dos brasileiros em áreas como educação, saúde e infraestrutura de transportes.
No plano especificamente das relações diplomáticas, o Brasil sempre manteve uma boa rede de representações no exterior, cobrindo os principais países e organismos internacionais objeto de nossas relações bilaterais e multilaterais mais relevantes. Desde o governo Lula, e movido por uma verdadeira obsessão pela sua própria projeção no exterior, o Brasil abriu dezenas de novos postos diplomáticos no exterior, inclusive em países de escassa relevância para nossa interface de comércio ou investimentos, o que redundou em um enorme aumento de despesas que é em parte responsável pela atual situação de absoluta penúria orçamentária no Itamaraty. Ademais, movido pela mesma obsessão de se tornar um grande líder mundial, Lula se lançou em grandes conferências, geralmente no sentido Sul-Sul (como países da América do Sul e seus contrapartes na África e no Oriente Médio), e na criação de novos organismos ou foros (tipo Ibas, Brics, Unasul, Celac etc.), quando não em certas iniciativas (paz na Palestina, programa nuclear iraniano) que representaram frustrações diplomáticas, uma vez que os recursos disponíveis ao Brasil são necessariamente limitados no plano da geopolítica mundial.
Ainda assim, tudo isso serviu para realçar enormemente a imagem e a presença internacional do Brasil, mesmo se mais por efeitos de pirotecnia diplomática, do que com base em alavancas realmente substantivas para influenciar a agenda internacional e o curso de determinados processos. Tudo isso pode ter sido destruído por duas projeções de imagem absolutamente negativas do ponto de vista da autoestima nacional: a corrupção notória que atingiu a principal empresa do país, e que inclusive motivou processos no exterior contra os dirigentes da Petrobras, e as mesmas, contínuas e constantes violações de direitos humanos que ocorrem por causa da delinquência amplamente disseminada nas principais metrópoles do país, e a própria violência policial vinculada a essa quadro de criminalidade extensa e intensa. A crise do Estado – e se trata de uma crise do Estado e não dos efeitos da crise externa sobre o Brasil – também contribui para deteriorar nossa imagem, uma vez que hoje o Brasil é devedor relapso de suas contribuições a quase todos os organismos internacionais, como também deixa de pagar simples contas de serviços utilitários (água, eletricidade, telefone) nas representações no exterior. Em outros termos, a caótica administração lulopetista alimentou artificialmente uma imagem do Brasil no exterior que não correspondia realmente à sua capacidade de pagamento, além de não corrigir os fatores internos responsáveis pela má imagem do Brasil no exterior (violência, corrupção, destruição ambiental, etc.).
A universidade tem um papel muito limitado nesse particular, uma vez que ela não é fonte de recursos (mas de despesas), apesar de poder fornecer boas ideias para que a imagem do Brasil no exterior seja melhor do que é atualmente. Mas ela não dispõe de alavancas orçamentárias para tanto, apenas de cérebros, de mentes capacitadas a conceber soluções aos problemas apontados. Ela poderia contribuir para isso através da conscientização do que anda errado no país, para então oferecer soluções aos problemas. Por exemplo: um Estado gigantesco, superdimensionado, como o brasileiro, que extrai dois quintos de tudo o que se produz anualmente no país, mas que investe muito pouco, gastando quase tudo em gastos correntes, não pode realmente resolver problema nenhum do país, internamente ou externamente. Talvez a universidade devesse se engajar nos problemas da frente doméstica – e eles são muitos, infinitamente maiores e mais complexos do que eventuais desafios na frente externa – e ajudar a melhorar o Brasil, na governança, em políticas responsáveis, na moralidade pública e na eficiência dos serviços feitos a partir dos impostos recolhidos da comunidade.

10) Você já pensou em seguir a carreira Diplomática?
PRA: Já sou diplomata, desde 1977, e um pouco do que fiz, como diplomata, e como professor, figura em minha página (www.pralmeida.org) e meu blog (http://diplomatizzando.blogspot.com).

11) Em seu ponto de vista, o que um futuro internacionalista precisa priorizar durante sua formação?
PRA: Tudo. Ele deve ler de tudo, saber de tudo, entender um pouco de tudo. O mundo é complexo e compreende questões de direito internacional (organismos internacionais, relações diplomáticas), de economia (problemas de desenvolvimento, pobreza, comércio, investimentos), de geografia humana e ambiental (em vista dos desafios ligados a alterações climáticas e morfológicas), de história (origens de conflitos entre países, ou mesmo guerras civis), de política (como os países se organizam institucionalmente na frente interna e externa), e também línguas, uma vez que só se conhece realmente os demais países quando somos capazes de ler os seus jornais e de dialogar com os seus nacionais.

12) Durante sua graduação, participou de algum intercâmbio? Tendo em mente ainda a temática do intercâmbio, quão importante você julga esta prática?
PRA: Nunca participei de nenhum intercâmbio, pela simples razão de que estudei fora, durante toda a graduação, mestrado e doutorado. Mas julgo a prática dos intercâmbios altamente positiva para a formação do candidato a uma carreira de tipo internacionalista (diplomata, acadêmico ou profissional dessa área).

13) Além do inglês, quais línguas estrangeiras você considera indispensável para quem deseja seguir a carreira internacional?
PRA: Espanhol é relevante pela circunstância geográfica do país, e pelo fato de a América do Sul ser o nosso espaço natural de projeção externa. O francês pode ser útil, na Europa e em países africanos outrora colonizados pela França. Além disso, quaisquer outras grandes línguas de expressão cultural e econômica devem ser buscadas e cultivadas como importantes instrumentos de contato, trabalho, entendimentos, cooperação, entre as quais eu colocaria o árabe, o alemão, o chinês, o russo, e possivelmente o italiano.

14) Para quem ainda está cursando faculdade de Relações Internacionais, qual concelho você daria?
PRA: Aprender corretamente o Português, em primeiro e principal lugar. Concelho com “c” se refere a uma unidade administrativa de Portugal, enquanto orientação ou aconselhamento se escreve com “s”. Aprender bem o Português é um excelente começo para qualquer internacionalista ou candidato a diplomata.
Dito isto, eu tenho como princípio ser um autodidata radical, ou seja, nunca depender de nenhum curso universitário, nunca depender de nenhum professor, mesmo os mais brilhantes. Sempre buscar mais e mais conhecimento, o que se obtém nos bons livros – tanto de literatura, quanto de estudos aplicados – e na observação atenta do mundo, o que hoje é muito fácil, tendo em vista a pletora de ferramentas de comunicação social e de informação, que temos à disposição de cada um de nós, a todo momento, a cada minuto. Ler os mais importantes jornais do mundo na internet, acompanhar os think tanks mais interessantes que existem na área (e são centenas, sobretudo em inglês, mas em outras línguas também), estudar sozinho o tempo todo, e se possível viajar para conhecer outros países, ou até outras regiões do país.
Mas estes conselhos não valem apenas para os internacionalistas, e sim para qualquer cidadão que se pretenda bem informado e que deseje acompanhar o que está acontecendo no Brasil – e estão acontecendo coisas muito ruins, atualmente, na medida em que estamos simplesmente recuando, absoluta e relativamente, dadas as políticas econômicas catastróficas de Dilma I – e que queira acompanhar a dinâmica de outros países, fazendo as comparações que se impõem. Sim, existem países que fizeram muito melhor do que nós, e eles estão aí atraindo imigrantes miseráveis dos Estados falidos, e existem países que fizeram e estão fazendo muito pior do que nós, mas estes não servem de exemplo, apenas de advertência. Não queremos nos equiparar aos piores, nem queremos apoiar ditaduras e Estados falidos – como são os socialistas e os bolivarianos – e sim mirar no exemplo dos mais bem sucedidos na escala universal do desenvolvimento humano.
Temos de fazer um enorme esforço para restabelecer as bases de uma política econômica sadia, e de instituições funcionais, não corrompidas pela incompetência e pela corrupção como ocorre hoje no Brasil.

Anápolis, 30 de maio de 2015, 10 p.

EUA: o estranho caso do desaparecimento do consumidor - the Sovereign Investor

Curioso mesmo: se os consumidores americanos desaparecem (maneira de dizer), o que é que os chineses vão fazer?
Passar a consumir tudo aquilo que eles produzem para o mercado americano?
Paulo Roberto de Almeida

America’s Dangerous Addiction
By Jocelynn Smith, Sr. Managing Editor
The Sovereign Investor, August 20, 2016

The American consumer is in trouble.

The first sign that consumer health is fading comes out of the retail sector. We’ve seen retailer after retailer this earnings season either cut its outlook or slash its store count.

Just this quarter:

Macy’s announced that it’s closing more than 100 stores.

Target suffered its first same-store sales drop in more than two years and cut its full-year forecast due to declining sales.

Gap is planning to close roughly 50 stores and cut its outlook for the full year.

J.C. Penney reported weak sales and yet another quarterly loss.

Nordstrom suffered its first quarterly revenue decline in seven years.
Sure, I’ll give you that everyone seems pleased with Wal-Mart’s report that same-stores sales rose 1.6% compared to guidance for a 1% increase, but that doesn’t seem quite enough to get excited about. If shoppers aren’t showing up at Macy’s, Target, Gap and J.C. Penney, it certainly doesn’t look like they’re making a mad dash to Wal-Mart to spend their money.

Part of the decline in traditional sales can be blamed on Amazon and the shift among consumers to buy more online. They enjoy the convenience and ease of shopping online — that way you avoid traffic and other shoppers — combined with cheap, fast shipping.

But the frightening side of the decline comes from the fact that the American consumer is running low on cash. Despite the constantly touted rebound in the jobs market, Americans aren’t making nearly enough to support themselves.

In fact, they’re going back to bad habits. The New York Fed announced earlier this month that U.S. household debt jumped by $35 billion to total $12.3 trillion in the second quarter, with the bulk of the increase coming from auto loans and credit cards.

After everything came crashing down in 2008, consumers worked hard to cut debt from 2008 to 2013, with the total dropping by $1.5 trillion. But since the start of 2014, we’ve been desperate to spend, but don’t have the money. In less than two years, we’ve nearly returned to the 2008 peak.

As Chad Shoop stated at the beginning of August, the consumer is the last pillar supporting a very slowly growing economy. And that support is being built on a mountain of debt. That’s not exactly the sound foundation we could hope for when it comes to seeing stellar future growth.

Eventually, it’s all going to come tumbling down.

Mercosul: a grande confusao (por um anti-"golpista") - Carlos Lungarzo (Congresso em Foco)

O autor, obviamente, pertence àquelas correntes de esquerda que têm horror aos atuais "golpistas" no poder, que apreciam os bolivarianos e que acham que o Brasil está agora empenhado em "destruir" o Mercosul, como ele diz.
Não importa: descontando todas as diatribes ridículas contra o "golpe" e na linha da defesa das posições insustentáveis da esquerda latino-americana, o artigo, com todas as suas esquisitices, toca em todos os problemas atuais do Mercosul, no plano institucional, vale dizer, e convenientemente "esquecendo" as outras esquisitices venezuelanas, ou seja, o fato de que esse país NÃO CUMPRIU nenhum dos seus compromissos de união aduaneira e de política comercial do Mercosul, para nada dizer da lamentável situação política naquele país, com prisioneiros de opinião, numa situação de quebra completa dos princípios democráticos que o Mercosul diz defender.
A confusão está instalada, e parece que não será fácil escapar da paralisia atual...
Paulo Roberto de Almeida


160820MercosulCarlosLungarzo

Congresso em Foco, 19/08/2016:
Sabotagem no Mercosul: golpe contra a Venezuela
A geopolítica em tempos de “golpe” e a sucessão no comando da Mercosul, na visão do pesquisador – para quem o Uruguai desnudou “manobra mafiosa” do Brasil contra os chavistas. “Será que estamos em outra rodada de golpes de Estado na região, sejam soft ou hard, e de uma nova Operação Condor?”
POR CARLOS LUNGARZO | 19/08/2016 07:45

O empenho da chancelaria brasileira de sabotar o acesso da Venezuela à presidência rotativa pró-tempore do Mercosul é totalmente claro para quem entende que, por trás de pretextos cínicos, está o interesse de continuar a onda dos golpes frios (Honduras, Paraguai, Brasil). A diferença é que, no caso do país caribenho, a temperatura do golpe, se acontecer, pode esquentar rapidamente, pois é duvidoso que Maduro se entregue passivamente como as anteriores vítimas de golpe.
A Presidência do Bloco
presidente pró tempore do Mercosul possui uma função ao mesmo tempo executiva e judicial, mas, suas tarefas são, em grande parte, de coordenação e organização. Ele não é omnipotente nem vitalício; então, pode parecer incrível a explosão de histeria do chanceler brasileiro frente ao temor de que a Venezuela possa exercer esse “perigoso” privilégio durante “longos” seis meses.
Aliás, a Venezuela já foi presidente pró tempore do Mercosul, de 12/07/2013 a 26/07/2014, sendo que o primeiro semestre (desse lapso excepcional de um ano) deveu-se a inabilitação do Paraguai para participar do rodízio. Este país estava suspenso, como repreensão pelo golpe de Estado disfarçado do impeachment do presidente Lugo.
A suspensão começou em 07/2012, durante a presidência pró-tempore do Mercosul de Dilma Rousseff que, findo seu mandato, passou o martelo presidencial (vide foto) ao presidente José Mujica do Uruguai em 12/2012. A letra P, entre o de Brasil e o U de Uruguai, perdeu sua vez por causa desse “castigo” sobre Paraguai, que, em condições normais, deveria ter assumido nessa data. O semestre de Uruguai acabou em o7/2013, quando, pela ordem alfabética, Venezuela ocupou seu lugar.
Este mandato substituto durou até 12/2013, quando Paraguai já havia terminado seu afastamento. O presidente Maduro sugeriu, inicialmente, ceder a presidência ao Paraguai durante o próximo semestre, como compensação por ter ocupado seu lugar durante seu afastamento. Esta ocupação de lugar foi indireta. Como o Paraguai estava suspenso, o Uruguai ocupou seu lugar, e isto “adiantou” também o turno da Venezuela. Maduro entendeu que devia ceder esse semestre a Paraguai, justamente por causa dessa alteração da ordem. Esse gesto parecia ser uma maneira de normalizar o ciclo de substituições.
No entanto, o critério majoritário dentro do bloco foi que a Venezuela continuasse sua gestão normalmente, ficando até 07/2014. Nesses dois semestres não aconteceu nada que justificasse o pavor atual dos governos do Brasil, Paraguai e Argentina.
Observe-se que, nessa data, tendo existido uma alteração da ordem, qualquer assunto duvidoso devia ser submetido a consenso. Isso não acontece agora, pois, em condições normais, o critério da ordem alfabética é automático, e não pode haver consenso algum contra algo que está estabelecido de maneira firme, e sobre o qual os países fundadores concordaram. Isso foi dado a entender pelo chanceler uruguaio Rodolfo Nin Novoa na semana passada (veja aqui, por exemplo).
É preciso atentar ao fato de que, em 18 de dezembro de 2013, a Venezuela foi aceita no Mercosul como membro pleno. Esse passo foi aprovado também por Paraguai (que na época tentava adquirir uma imagem “democrática”), colocando o país caribenho nas mesmas condições que os outros. Maduro agradeceu o que chamou “gentileza” do Paraguai. É fácil imaginar que a mudança de posição desse país, tornando-se agora paladino da oposição contra Caracas, só pode ser resultado das manobras brasileiras. É óbvio por demais que Assunção foi subserviente às oligarquias do Brasil, seja que este estivesse sob uma democracia ou um governo golpista.
A situação atual
A presidência rotativa pró-tempore foi instituída no Mercosul pelo Tratado de Assunção de 26 de março de 1991.
Artigo 12 – A Presidência do Conselho se exercerá por rotação dos Estados Partes e em ordem alfabética, por períodos de seis meses.
Alguns detalhes burocráticos aparecem em outros documentos, como a obrigação do Parlamento de receber o relatório do Estado saliente da Presidência e o projeto do Estado entrante.
No Protocolo Constitutivo do Parlamento Mercosul, estabelecem-se dois requisitos relativos à posse e a saída de cada presidente/a pró-tempore, que estão no Capítulo 4ºDas Competências, página 119, artigos 6º e 7º.
6. [O Parlamento deve] receber, ao final de cada semestre a Presidência Pro Tempore do Mercosul, para que apresente um relatório sobre as atividades realizadas durante dito período.
7. Receber, ao início de cada semestre, a Presidência Pro Tempore do Mercosul, para que apresente o programa de trabalho acordado, com os objetivos e prioridades previstos para o semestre.
Esse Protocolo está incluído numa coletânea de documentos sobre o Mercosul publicada no Brasil (vide).
É evidente que o artigo 12 do Tratado de Assunção é autoaplicável, e que não é necessária qualquer outra deliberação para transmitir o martelo presidencial. Por enquanto, as iniciais dos nomes dos cinco países não foram alteradas!
Essa decisão é tão automática que, como todo mundo sabe, é reconhecida por qualquer criança semialfabetizada. O que exigiria uma minuciosa investigação internacional seria qualquer decisão que descumpra o artigo 12.
Até o viajado e experiente ex-presidente brasileiro FHC, que acompanhou o chanceler em sua viagem a Montevidéu, fez uma “caridade” ao governo uruguaio, ao reconhecer (aparentemente a contragosto) que:
“Existe uma posição do Uruguai que compreendemos, que se tem de respeitar as regras” (Ainda bem!).
Toda a direita da região, que hoje o Brasil lidera, se empenha em arguir que a Venezuela não cumpre com suas obrigações democráticas, a despeito de ter realizado eleições legislativas transparentes. O governo de Maduro não fez qualquer tentativa de minimizar o triunfo dos opositores, bem ao contrário da enorme aliança neofascista brasileira, que sabotou a eleição de Dilma Rousseff em 2014 de todas as maneiras possíveis, com a cumplicidade do Judiciário e da mídia.
Ora, quando existe alguma ruptura democrática, ela deve ser investigada de maneira isenta, por uma comissão independente, e jamais tida como verdadeira apenas pela opinião de políticos, mesmo que não sejam corruptos nem fascistas. O Protocolo de Ushuaia de 1998, assinado não apenas pelos estados permanentes, mais também pelos associados (a Bolívia e o Chile), não deixa qualquer dúvida.
O artigo 4 impõe a consulta entre os Estados para decidir se foi quebrado o Compromisso Democrático. O artigo 6 exige que quaisquer sanções sejam aplicadas por consenso dos Estados Parte do protocolo. Cuidado: não diz “dos estados permanentes”. Entre os Estados Parte está a Bolívia e o Chile.
Conclusões
A autoproclamação da Venezuela como novo presidente do bloco era natural, já que a oposição dos outros três governos é nitidamente ilegal e contradiz de maneira rompante o artigo 12 do Tratado de Assunção. O chanceler brasileiro pretende confundir acusando o Uruguai de criar incerteza. Em realidade, são os golpistas autóctones os que estão criando não incerteza, mas uma grande certezaa existência de uma provocação que ameaça restabelecer as ações hegemônicas na região dos anos 60 e 70, quando Kissinger (posteriormente condenado em La Haia como criminoso de guerra, por causa do massacre de Kampuchea) disse a famosa frase: “A América Latina se inclinará na direção que o Brasil vá”.
É interessante colocar-se a seguinte dúvida:
Digamos que Paraguai, Argentina e Brasil conseguem evitar que Venezuela assuma a presidência pró tempore. Mas, se o Mercosul no for implodido, haverá outra chance para Venezuela em dois anos. E aí, os que agora se opõem, aceitariam? Poderia argumentar-se que, nessa data, talvez 0 Brasil tivesse um governo democraticamente eleito, e não um governo golpista.
Creio que deve lutar-se para restabelecer a democracia com todo o esforço necessário, mas o que acho mais provável, lamentavelmente, é que os golpistas se eternizem com eleições fajutas. Sem dúvida, o dinheiro que pode produzir o Brasil para seus atuais pilotos sobraria para forjar uma eleição em todos os países das Américas.
Então, o objetivo não é forçar a Venezuela a fazer o que FHC chamou, com um impecável termo diplomática “a lição de casa”. Claro que não. O que o Brasil quer é afastar Venezuela para sempre. Ou, dito melhor ainda: o objetivo é implodir o Mercosul. Argentina e Brasil se entendem; podem lucrar mais fora do Bloco, agora que têm governos similares. Já Paraguai pode seguir sendo o fornecedor de drogas e armas para as elites brasileiras e seus jagunços. Quanto ao Uruguai, ele preocupa, apesar de seu tamanho, talvez tanto quanto a Venezuela: tem um governo de esquerda e, além disso, é prestigioso mundialmente, pois provou que uma democracia quase perfeita é combatível com uma política socialista. E isso pode abrir os olhos de outros povos da região.
O governo do Uruguai fez o que devia. Qualquer atitude que estendesse seu mandato significaria prolongar o clima de confusão e intriga proposto por Brasil, Paraguai e Argentina. A saída do Estado Uruguaio, mesmo em sua forma discreta, permitiu cortar, por enquanto, o fio da tramoia. O governo brasileiro entrou em parafuso, talvez porque pensava que podia pisar na legislação internacional da mesma maneira que na doméstica.
Finalmente, uma certeza e uma conjectura. A certeza é evidente: a intromissão de direita brasileira num futuro golpe na Venezuela (soft ou hard) é bem conhecida e antiga, e aparece denunciada em vários documentos vazados por Wikileaks. A provocação dentro do Mercosul é apenas uma pequena contribuição a esse golpe.
(Quanto ao governo argentino, embora seja cúmplice do Brasil nesta manobra, parece mais calmo, mas não é por boa vontade. O país tem uma enorme dívida com a Venezuela, que afundaria sua economia se fosse denunciada.)
Mas, também é razoável conjeturar que o Brasil quer criar dificuldades ao Uruguai. Não vemos outra explicação para um conflito que pode explodir o Mercosul, mas está baseado numa atitude ridícula e indigna, como é o fato de tentar envolver um governo honesto numa manobra mafiosa.
O pequeno país é a única democracia firme na América Latina, com uma legislação mais avançada que a dos EUA e até de vários países da Europa. Ele mostrou que é possível um governo progressista, com plenas liberdades e justiça social. Por causa disso, seus poderosos vizinhos apoiaram o golpe de 1973, do qual se recuperou ao longo de trinta anos, abrindo passo a uma esquerda que hoje ocupa o 51% do parlamento.
Será que estamos em outra rodada de golpes de Estado na região, sejam soft ou hard, e de uma nova Operação Condor? Não tomar consciência desse fato pode ser um suicídio para os povos que serão vítimas.

A Grande Destruicao na Industria: o governo se apropriou de 2/5 do faturamento - Carta IEDI

Não preciso me delongar na descrição do quadro de horrores enfrentado pelo setor industrial sob o reino dos companheiros, basta transcrever este trecho:

O governo se apropriou da maior parcela do valor adicionado pelo conjunto da indústria. Entre 2013 e 2015, a sua participação foi em média de 41,0% do total. Isto significou um volume de tributos da ordem de R$ 499 bilhões no acumulado do período. Os bancos, por sua vez, vêm logo em seguida, com uma parcela de apropriação do valor adicionado não muito diferente daquela do governo: R$ 443 bilhões ou 36% do total, no acumulado de 2013 a 2015. Já os empregados, em terceiro lugar, ficaram com R$ 297 bilhões do valor adicionado, isto é, 25% do total acumulado no período.

Não entendo como nossos capitalistas, nossos empreendedores industriais, nossos burgueses ainda continuem apoiando esses políticos vagabundos e irresponsáveis, continuem esperando favores do governo, continuem apoiando financeiramente esses partidos incompetentes, corruptos, essa classe política que vive de extorsão contra os únicos produtores de riqueza e criadores de empregos que são eles mesmos.
Não compreendo por que eles não fazem uma FRONDA EMPRESARIAL!
Covardes? Inconscientes? Estúpidos?
Um pouco de tudo isso.
Além de lutarem por preservar suas empresas num ambiente de negócios verdadeiramente estarrecedor de hostil e horroroso, o principal hobby desses empresários parece ser o de vir a Brasília, com o apoio de suas associações de classe e setoriais, para pedir favores ao governo, uma tarifa protetora ali, um subsídio privilegiado ali, um dinheirinho do BNDES, regras mais favoráveis no plano estritamente setorial, que o governo vai dando, apenas para cobrar a conta de toda a sociedade, inclusive deles todos, para pagar por todos esses favores, já que o governo não cria absolutamente nada, apenas retira TODOS os recursos que emprega para distribuir UMA PARTE para a sociedade de TODOS NÓS!
Quando é que os capitalistas brasileiros vão aprender?
E agora o sumário de um relatório constrangedor.
Paulo Roberto de Almeida

Quem Ganhou e Quem Perdeu na Distribuição do Valor Adicionado da Grande Empresa Industrial
Carta IEDI n. 738
20/08/2016

A economia brasileira enfrenta o segundo ano seguido de recessão. Do ponto de vista do equilíbrio financeiro das empresas não financeiras, observou-se a deterioração dos indicadores de rentabilidade e de endividamento.

Segundo os dados apresentados na Carta IEDI Nº 738, um fato característico do período após 2010 foi o contínuo aumento das despesas financeiras das empresas de capital aberto, fato este decisivo para a queda significativa dos indicadores de rentabilidade no período.

O aumento das despesas financeiras em um período de profunda incerteza conjuntural com queda da demanda agregada resultou na perda da capacidade do setor produtivo em reter lucros e, portanto, na dificuldade em vir a responder a uma eventual melhora conjuntural do cenário econômico com o aumento dos investimentos.

Os dados sobre distribuição do valor adicionado, levantados no presente trabalho, demonstram a mesma tendência, a partir dos resultados apresentados nos Demonstrativos de Valor Adicionado de 129 empresas industriais selecionadas.

Entre 2013 e 2015, o valor adicionado total das empresas da amostra permaneceu praticamente estagnado em termos nominais, na faixa de R$ 400 bilhões ao ano com pouca variação anual. O ano de 2015 foi o de maior valor com R$ 417 bilhões e o de menor foi 2014 com R$ 391 bilhões. Notou-se retração nominal significativa do valor adicionado gerado nas atividades ligadas à construção civil, mineração e siderurgia.

Embora o valor agregado total tenha crescido nos demais setores, o aumento da participação de remuneração do capital de terceiros não permitiu folga para o acréscimo dos lucros retidos, pelo contrário, dada a rigidez das demais divisões da distribuição do valor adicionado – gasto com pessoal, tributos e dividendos – os lucros retidos ficaram negativos, como forma de suportar o crescimento das despesas financeiras.

O governo se apropriou da maior parcela do valor adicionado pelo conjunto da indústria. Entre 2013 e 2015, a sua participação foi em média de 41,0% do total. Isto significou um volume de tributos da ordem de R$ 499 bilhões no acumulado do período. Os bancos, por sua vez, vêm logo em seguida, com uma parcela de apropriação do valor adicionado não muito diferente daquela do governo: R$ 443 bilhões ou 36% do total, no acumulado de 2013 a 2015. Já os empregados, em terceiro lugar, ficaram com R$ 297 bilhões do valor adicionado, isto é, 25% do total acumulado no período.

Houve um pequeno acréscimo na participação no valor gasto com pessoal durante o período, concentrado sobretudo no ano de 2015.

A participação dos tributos decaiu durante o período, acompanhando o ritmo da atividade econômica. Vale salientar que antes da queda, a participação dos tributos alcançou cerca de um terço no total do valor adicionado, excluindo a Petrobras da amostra: em 2013, ano de expansão econômica, a indústria destinou R$ 72,5 bilhões para tributos (33,8% do total).

Assim como a participação dos gastos com pessoal, a distribuição de resultados aos acionistas demonstrou também certa estabilidade durante o período, indicando que há certa regularidade na distribuição de resultados apesar das condições da economia.

Nota-se aumento significativo da participação da remuneração do capital de terceiros, sobretudo para o ano de 2015. Excluindo a Petrobras da amostra, a participação salta de 34,7% para 62% entre 2013 e 2015, o que demonstra o impacto do processo de fragilização financeira do setor industrial.

Embora o aumento das despesas financeiras tenha sido disseminado em todos os setores, houve concentração principalmente nos setores de bens intermediários, construção civil e material de construção. O impacto pode ser observado no comportamento dos lucros retidos durante o período, que atingiu no agregado participação negativa em 2015. Este resultado deveu-se exclusivamente a perda contabilizada na Vale da ordem de R$ 40 bilhões. Excluindo-se este valor, as empresas acumularam R$ 4,1 bilhões de lucros retidos com queda nominal de 56,5% em relação a 2014

Destacam-se prejuízos acumulados para um grupo significativo de setores em 2015, principalmente entre os setores de bens intermediários e para a construção civil e material de construção, mas de forma extensa houve a redução contínua dos lucros retidos nos resultados anuais para todos os setores.

A retração dos lucros acumulados impactou a capacidade de investir do setor industrial, que apresentou queda dos investimentos para um conjunto de setores, em especial, novamente bens intermediários, construção civil e material de construção.

A exceção fica por conta dos setores de papel e celulose e siderurgia, entre os bens intermediários, que aumentaram seus investimentos, mas também sua exposição financeira, acumulando, em alguns casos importantes, prejuízos significativos no período.

Excluídas as empresas dos setores de papel e celulose e siderurgia e a Petrobras, a Vale e a JBS, 121 companhias industriais adquiriram ativos imobilizados da ordem de R$ 24,4 bilhões em 2013. De lá para cá, este montante diminuiu para R$ 21 bilhões em 2014 e para R$ 19,5 bilhões em 2015 com queda de 20,1% no período. Dentre as categorias de uso, o pior desempenho foi em bens intermediários com queda de 44,6% entre 2013 e 2015 no agregado sem as empresas dos setores Siderúrgico e de Papel e celulose, a Petrobras e a Vale.

Os dados em conjunto sugerem que o agravamento da situação econômica no país inseriu algumas cadeias produtivas – em especial, bens intermediários, material de construção e construção civil – em um processo de fragilização financeira, em que as receitas operacionais correntes deixaram do cobrir as despesas financeiras.

No caso de não haver um fator de aumento da demanda agregada ou dos preços em alguns setores vinculados ao mercado exterior, o processo de fragilização financeira deverá aumentar devido ao acréscimo dos níveis de endividamento.

Aqui começa a Carta 738: 

Introdução. A Carta IEDI Nº 738 “Sem lucro, Sem investimento” traçou um panorama do desempenho econômico-financeiro das grandes empresas de capital aberto no pós-crise global de 2008. O período cobriu a recuperação econômica de 2010 até a recessão de 2015. Constatou-se que a rentabilidade em todos os macrossetores sofreu expressiva e generalizada redução ao longo dos anos. No agregado das empresas industriais, excluída a Petrobras e a Vale, a margem líquida de lucro saiu de 8,3% para 0,5%, entre 2010 e 2015. No caso do setor de serviços, por sua vez, excluídas as empresas de energia elétrica, o recuo foi de 14,8% para 1,8% no mesmo período.

Esse desempenho refletiu as dificuldades de as empresas absorverem a alta nos custos de produção e as perdas financeiras, no contexto de elevação das taxas de juros, recessão econômica e desvalorização cambial. A expansão do endividamento, cuja relação entre o capital de terceiros e capital próprio dobrou entre 2010 e 2015, foi um fator adicional para o agravamento da situação financeira das companhias.

Se a deterioração econômica e financeira é um fato, agora é importante avaliar como se deu a apropriação do valor adicionado gerado pelas empresas. Ou seja, quem ganhou ou perdeu na distribuição da riqueza produzida pelas maiores empresas industriais do país. Este é o assunto da nossa Carta IEDI de hoje. A forma como ocorreu esta distribuição é um elemento importante para qualificar a capacidade de a economia reagir à crise econômica.

Leia a íntegra aqui: http://iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_738.html

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Um blog contrarianista sauda um blog sensacionalista; um texto de Mario Sabino

O blog contrarianista, obviamente, é este aqui, o Diplomatizzando, um quilombo de resistência intelectual durante todo o regime pornográfico dos companheiros mafiosos, e que por isso foi objeto de um cerrado escrutínio, como revelado por inúmeras mensagens anônimas na área de comentários, atacando este humilde blogueiro, que além de tudo teve de amargar uma longa travessia do deserto, durante a maior parte do regime celerado dos neobolcheviques. Se pretendiam me dobrar, não conseguiram, ao contrário.
O blog sensacionalista, por definição própria, é O Antagonista, que sigo desde seu início, embora não tenha por ele nenhuma devoção beata, ou confiança irrestrita.
Como em qualquer outro aspecto da minha vida profissional, ou intelectual, sempre mantenho uma atitude de "ceticismo sadio", ou seja, de questionamento positivo sobre qualquer questão, problema, assunto que aparece pela frente, inclusive no Antagonista.
Por isso mesmo, meus cumprimentos ao Mário Sabino por este texto simplesmente arrasador, contra a imprensa "burguesa", como diriam os companheiros.
Como sou politicamente incorreto, não tenho nenhum problema em dizer: não tenho muita paciência para a imprensa tradicional, sem falar que algumas dessas "folhas" são simplesmente inaceitáveis, pois misturam esquerdismo vulgar com estupidez aberta.
Paulo Roberto de Almeida

"Sensacionalista" com muito orgulho
Por Mario Sabino
O Antagonista, 19 de Agosto de 2016

Quando atacam O Antagonista, os detratores do site costumam usar o adjetivo "sensacionalista", entre outras delicadezas.

O sensacionalismo é definido pelo Dicionário Aurélio como "divulgação e exploração de matéria capaz de emocionar, impressionar, indignar ou escandalizar".

Em geral, aplica-se o qualificativo aos tabloides que se dedicam a vasculhar a intimidade de celebridades dos mais diversos campos e tirar proveito de tragédias.

Não há como negar que O Antagonista divulga e explora a política brasileira como um dado emocionante, impressionante, capaz de indignar e escandalizar. O adjetivo "sensacionalista" é, portanto, aplicável ao site.

Para infortúnio dos detratores de O Antagonista, no entanto, esse é justamente o motivo do nosso sucesso. Conseguimos transformar o sensacionalismo em algo positivo, ao tratar sem mesuras -- e, quando é o caso, aos gritos escandalizados -- esse espetáculo indecoroso que é a política brasileira. Com isso, atraímos uma legião de leitores que andava entorpecida pelo jornalismo de gabinete que contamina as publicações tradicionais. Com isso, atraímos uma legião de leitores que jamais havia se interessado por política, pelo fato de a enxergarem lá longe, como um mundo apartado da vida real -- quando é justamente o contrário, a política é que está por trás de todas, absolutamente todas, as mazelas que infernizam o cotidiano do país.

No Brasil, confunde-se equilíbrio jornalístico com medo do poder e, não raro, certa cumplicidade com mandachuvas. Ouve-se com "imparcialidade" até bandido flagrado com dólar encontrado na cueca. Como sou "extremista", permito-me dizer que, estivesse cobrindo o Tribunal de Nuremberg, a imprensa nacional de hoje em dia iria ouvir o choro dos advogados de Hermann Goering ou Alfred Rosenberg, a fim de "compensar" as acusações contra esses monstros nazistas. E todos eles "teriam exterminado judeus e outras minorias", porque a "presunção de inocência" deve valer até o fim. O mais curioso é que tanta "isenção" não levou a que os jornais errassem menos. Só se tornaram mais anódinos.

Agradeço, portanto, o adjetivo "sensacionalista" que volta e meia nos dirigem. Enquanto tivermos leitores, continuaremos a emocioná-los, indigná-los e escandalizá-los com o escândalo que é a política brasileira, porque estamos do lado dos cidadãos do bem e queremos que eles (nós) mudem o país. E também seguiremos tentando diverti-los, porque às vezes só dá mesmo para fazer piada com as mentiras que essa gente nos conta.

A crise dos misseis sovieticos em Cuba, em 1962 - James Hershberg -Itamaraty (Bolo de Noiva), 22/08, 10h45

Atenção para os não-brasilienses, moradores a mais de 300kms de Brasilia, brasileiros em geral, curiosos, extra-terrestres e tutti quanti interessados na palestra do Jim esta manhã: 

Transmissão simultânea pelo canal YouTube: http://youtu.be/jwtb43PwVQU

Palestra com o professor James G. Hershberg sobre a crise dos mísseis soviéticos em Cuba
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A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e seu Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) realizarão, em Brasília, em 22 de agosto, das 10h45 às 12h, no auditório Embaixador Paulo Nogueira Batista, térreo do anexo 2 do Palácio Itamaraty, palestra sobre o tema "Secret Brazilian Diplomacy, the Cuban Revolution, and the 1962 Cuban Missile Crisis: Unearthing Hidden History", com o professor James G. Hershberg.
James G. Hershberg é professor de História e Relações Internacionais na Universidade de George Washington e diretor emérito do Cold War International History Project, do Woodrow Wilson International Centers for Scholars.
A palestra será feita em inglês, sem tradução simultânea, e o evento será transmitido ao vivo pelo site da Fundação.
Serviço
Palestra "Secret Brazilian Diplomacy, the Cuban Revolution, and the 1962 Cuban Missile Crisis: Unearthing Hidden History", com o professor James G. Hershberg
Data: 22 de agosto, das 10h45 às 12h
Local: Auditório Embaixador Paulo Nogueira Batista, Térreo do Anexo II do Palácio Itamaraty - Brasília
Inscrições encerrarão em 20/08, sábado.

Colombia: ganhos da paz? - Diego Solis (Stratfor)

Investing in a Possible Colombian Peace Deal
Analysis AUGUST 19, 2016 | 09:45 GMT 

Resolving the decadeslong conflict with the Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC) will provide Colombia with more investment opportunities. But investment, especially in mining and hydrocarbons, will still be limited for at least the next five years.
The process of demobilizing FARC forces will be inherently complex. That, coupled with falling global commodity prices, will keep the amount of foreign capital invested in Colombia from growing very quickly.
No matter who wins the next presidency, Colombia’s main geopolitical challenge will be to extend its control over rural areas and to connect them to the rest of the country. Until that happens, the growth of the mining, tourism, agribusiness and hydrocarbon sectors will be encumbered.

Analysis
Colombian President Juan Manuel Santos hopes by year's end to finalize a peace deal with the Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC) that would end five decades of conflict. The deal could open rural parts of Colombia for business, including for mineral extraction, tourism and agribusiness. But even if the peace agreements are implemented — they will be put to a public vote first — fostering the stability and trust needed to maximize industry will not be easy.

The Original Conflict
Since its founding in the mid-19th century, Colombia has been shaped by two competing ideological forces: conservative and liberal. As in most of Latin America, the conservatives were made up of the wealthy landed elite, who tended to believe in a strong central state that could protect their interests. The liberals, on the other hand, believed in a decentralized state and advocated higher international trade. In time, the conservatives emerged as the dominant political actors and remained so for more than a century — until liberal politician Jorge Eliecer Gaitan challenged the status quo.

Gaitan spent 20 years fighting for land reform and social inclusion in Colombia, but it was his assassination in 1948 that intensified the struggle in the country, ushering in the civil war known simply as "The Violence." The liberals and conservatives fought their battles in Colombia's hinterlands before eventually agreeing to a power-sharing agreement in 1958 that was backed by the Catholic Church and the country's commercial elites. Not everyone, however, was ready to settle the dispute or to lay down their arms. Liberal militia leader Manuel Marulanda, unhappy with the deal, aligned himself with the Communist Party and founded the FARC to continue fighting for the liberal cause.

Since then, the FARC and other rebel and paramilitary groups backed by competing groups and interests have fought vicious guerrilla battles with each other and with the government. There have been repeated attempts to disband the factions and to establish lasting peace, and some groups have been effectively dismantled. Coming to a peace agreement with the FARC, however, has proved difficult. But now, after four years of negotiations mediated by Cuba, FARC leaders and the Colombian government reached a deal. To be implemented and finalized, however, it must also be approved by the Colombian people. If the deal wins approval, Colombia's rural areas will become more accessible than they have been for the better part of a century, and Bogota will begin considering how it can attract foreign investment to the regions.


Open for Business
Colombia is an attractive market for investors in the extractive, agriculture and service industries. Though low global oil and commodity prices have hurt several Latin American countries, Colombia has grown by an average of 4 percent annually since 2000 and is forecast to grow by 3 percent this year, largely because it was able to secure ample contracts before the global economic downturn.

Colombia has undoubtedly suffered from low oil prices. Its oil exports decreased by more than 40 percent in the first quarter of this year compared with the same period last year. But because the hydrocarbon sector accounts for less than 5 percent of Colombia's gross domestic product, the economy was not completely devastated. As oil prices rise, Colombia will again become an important energy producer. In the meantime, low oil prices may actually help Colombia's future prospects.

State energy company Ecopetrol will continue to privatize to lower costs. Currently, Ecopetrol plans to auction 20 production assets, including its stake in regions such as Catatumbo, Llanos, Putumayo and in the Magdalena Middle and Upper valleys. In June, Ecopetrol raised more than $100 million by selling its stock in the Bogota Energy Co., and in May, Ecopetrol received a five-year, $300 million loan from Export Development Canada, representing about 50 percent of its 2016 budget. And because Ecopetrol's 2015-2020 strategy is to more efficiently and sustainably operate its assets, the company will likely continue to auction off other parts of its operations. In short, Ecopetrol will seek substantial investment in the next few years.

The mining sector, which accounts for about 2 percent of Colombia's GDP, has been particularly hurt by global economic trends. The industry had been accustomed to receiving billions of dollars worth of foreign direct investment. In 2015, however, that investment fell to less than $550 million. The decline is partly attributable to lower gold prices, but it is also linked to high infrastructure investments made over the past decade, which are one-time costs. Still, the news is not all bad. According to the Colombian Mining Association, production of gold was up by 18 percent — almost 3,700 kilograms (about 8,100 pounds) — in this year's first quarter compared with the same period last year.

In fact, gold production is helping bolster the sector against the decline of nickel and coal production, the country's most important minerals. In a global context this matters because, unlike coal and nickel, which are more inclined to global fluctuations, gold has largely maintained its value since mid-2013. As a result, once the FARC conflict ends, departments that have gold reserves will benefit, including Choco and Narino.

There will also be ample room for investment in Colombia's agriculture sector, which accounts for about 6 percent of GDP. According to one government report, 65 percent of Colombia's 11.3 million hectares of farmland is not used. The production of agricultural goods, including coffee, corn and poultry, is set to grow by double digits before 2020. This means that Amazonas, Antioquia, Cordoba, Valle del Cauca and Cundinamarca departments will benefit greatly from agribusiness-related investments and that Colombia is well poised to become one of the world's top food exporters.

Tourism is another sector ripe for foreign investment. Recent market research shows the industry grew by 16 percent in 2015. Bolstered by a weak peso and improved security overall, the tourism industry is expected to continue its expansion: In 2015, there were about 2 million international arrivals; by 2020, international visitors are forecast to increase to 3 million. Most of them will visit to take advantage of the country's health- and ecological-related tourism.

Limiting Factors
The investment landscape in a post-conflict Colombia will be limited by both short- and long-term problems. Dilapidated and inefficient infrastructure will constrain the hydrocarbon industry. The country's more than 8,000 kilometers (4,970 miles) of crude oil pipelines are inadequate to transport the approximately 1 million barrels per day of oil Colombia currently produces. The reliance on tanker trucks to transport crude will continue to reduce competitiveness, and the lack of development of the industry's supply chain will ramp up production costs, reducing profit margins. More important, besides being at the mercy of global oil prices, Colombia's harsh physical geography will limit any energy-related infrastructure projects, since the more difficult the terrain, the more expensive infrastructure becomes.

Oil exploration has also declined. According to the latest drilling report by the Colombian Chamber of Goods and Oil Services, at the end of June 2016, only 20 of Colombia's 210 oil rigs were active. The report warned that the country's oil reserves could dry up in the next 5 1/2 years. This is because substantial investment in the sector, and especially in exploration, is needed. Exploration has thus far been limited by conflict; though Colombia may officially be nearing a peace deal, it is no guarantee that the areas of possible exploration will actually become safer. Kidnapping, drug trafficking and other criminal activities could still hurt business, especially in Meta, Arauca, Putumayo and Narino departments.

Apart from safety concerns, criminal activity could dampen investment in other ways. Almost 90 percent — worth about $3 billion — of Colombia's gold production comes from illegal mining. And it is a problem across sectors. Recently, Colombian President Juan Manuel Santos tasked Energy and Mines Minister German Arce to fight illegal mining. The supreme court also just introduced a new mechanism to enable communities to report illegal mining operations and to require the verification of labor and environmental conditions before a mining license is awarded. This means that any foreigner willing to invest must have a holistic corporate social responsibility program in place, specifically when it comes to social inclusiveness policies, to reduce potential conflict with disgruntled communities. Otherwise, community-led sabotage will remain a risk.

The biggest challenge to the expansion of agriculture, aside from the high costs associated with land development, is the possibility of land reform, which is a term of the FARC peace deal. Thousands of displaced Colombians are demanding that their land, appropriated by guerrilla and paramilitary forces, be returned. Water scarcity will be another factor that agricultural companies will have to consider: The Magdalena and Cauca river basins support more than two-thirds of the country's population but contain only 13 percent of the country's available water. Inadequate infrastructure and uncertainty around how militia groups will dismantle will continue to be the most important limiting factors in the hospitality and management sector, reducing the places that tourists can visit.

Lead Analyst: Diego Solis
Latin America Regional Director

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