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sábado, 20 de junho de 2015

Mensagem a meus seguidores - Paulo Roberto de Almeida

Mensagem (que espero simpática) a meus seguidores

Paulo Roberto de Almeida 

Acredito ter dois tipos de seguidores:
1) voluntários
2) involuntários (ou compulsórios)

Esses dois tipos, por sua vez, se dividem em duas categorias, cada um:
1, a) aprendizes
1, b) críticos

2, a) vigilantes
2, b) censores

Posso explicar?

Os aprendizes devem ser jovens estudantes, talvez carentes de maiores leituras, e que buscam se qualificar ou aprender alguma coisa, com quem já leu muito, viajou muito, observou o mundo e aprendeu muitas coisas que agora podem ser transmitidas a quem ainda não teve tempo ou oportunidade de ler, observar ou aprender.

Os críticos devem ser professores, jovens ou não, que leem minhas coisas com aquele ceticismo que deve ser instintivo na categoria, alguns podendo concordar com o que escrevo - eventualmente transmitindo meus argumentos a seus alunos - enquanto outros não concordam, o que é natural, e que podem também usar meus argumentos para tentar rebatê-los, o que sempre é auspicioso, mas que também podem descartá-los com aquele ar de desprezo que os verdadeiros crentes, os true believers em certas concepções, devotam aos supostamente neoliberais, reacionários ou "de direita" (mas eu não sou nada disso). Tudo isso é bem vindo e deve ser praticado: quando eu era jovem, um pouco true believer também (mas jamais religioso, pois eu lia de tudo), eu ficava devorando artigos e livros de Roberto Campos e de Raymond Aron com muita curiosidade, mas também com certa raiva, pois tentava desmenti-los e não conseguia (o que acredito me tornou um pouco mais inteligente, ou pelo menos mais sabido). Agradeço hoje a esses dois "reacionários" terem feito de mim o que sou hoje, entre muitos outros autores, de todas as tendências que li, sem qualquer discriminação, ao longo da vida.

Os vigilantes devem ser aqueles colegas de profissão ou companheiros de ofício que, geralmente a pedido de chefes e de outros companheiros (não os meus, certamente), precisam ficar vigiando tudo o que eu escrevo e que publico para ver se eu não ultrapassei certas medidas, e se não mereço, talvez, uma advertência, quem sabe uma admoestação ou até uma punição (mais uma, mais ainda?). Quais são os limites? Não os estamentais, ou de casta, pois pouca gente liga para isso atualmente, ou nos tempos que correm. Na verdade, eu acho que é tudo aquilo que parece incomodar os companheiros, pois acho que ninguém da minha tribo está mais ligando para os cânones profissionais, para o bullshit do pensamento único, para a verdade oficial, para a ortodoxia do momento ou para os simples argumentos de autoridade, que são representados, como todos sabem, pelo discurso chapa branca, pelo politicamente correto, pelo dogma vaticanês, enfim, por todas aquelas coisas que nossa burocracia bem comportada produz tão bem. A casta já não é mais o que era, aliás, nem se reconhece mais como casta. Tudo está a serviço dos companheiros, o que é realmente lamentável.

Os censores, finalmente, são os representantes ou os assalariados des companheiros, militantes voluntários ou mercenários qualificados que têm por função vigiar, com aquelas grandes orelhas e aqueles olhos orwellianos, tudo o que eu digo, escrevo e publico, para ver se não é o caso de empreender alguma operação de sabotagem ou de neutralização ideológica, quando não algo mais drástico. Eles devem ter raiva de tudo o que escrevo, do que eu represento, e por eu ser algo que eles não podem ser: alguém inteiramente livre (de pensamento, certamente, e de várias outras amarras também), que se permite, sans Dieu, ni Maître, dizer tudo o que pensa sem temer retaliação, e isso de forma totalmente independente, voluntária, sem receber nada por isso, sem pertencer a qualquer movimento, partido ou grupúsculo, e que escolhe livremente os temas ou assuntos sobre os quais vai emitir alguma opinião.

Aos últimos, cuja atividade eu desprezo - pois ela é típica de regimes ditatoriais e de partidos totalitários, e que eles mesmos devem desprezar -, eu não tenho nada a dizer, a não ser que acredito que eles mesmos, se tiverem dois neurônios, devem achar tudo isso desprezível. Compreendo: a maior parte dos engajados na atividade censória faz isso por dinheiro, não por ideologia, pois não acredito que alguém razoavelmente bem informado possa, depois de tudo o que se sabe sobre esses regimes criminosos, trabalhar em prol desse tipo de situação, ou que ainda tenha coragem para pretender erigir em modelo de qualquer coisa um regime desse tipo. Essa atividade é simplesmente asquerosa, mas ela existe oficialmente nos regimes apreciados pelos companheiros (eles devem ser doentes mentais, no mínimo).

Às duas últimas categorias, a única coisa que eu poderia dizer é o seguinte: vocês estão gastando recursos públicos inutilmente, ou seja, o seu, o meu, o nosso dinheiro, com algo totalmente desnecessário e absolutamente inútil, por uma razão muito simples: eu vou continuar falando, escrevendo, publicando TUDO o que eu quiser, em total liberdade de opinião, seja em caráter puramente informativo, seja de tipo analítico, seja, como também ocorre frequentemente, de cunho declaradamente crítico e condenatório de tudo isso que está aí, as mentiras, as fraudes, a roubalheira, o bullshit, o politicamente correto e todas essas coisas totalitárias e desprezíveis que os companheiros defendem.

A todas as quatro categorias, apenas uma palavra: não se levem muito a sério, tomem algum tempo de se divertir também, como eu faço, aliás. Muito do que escrevo é puro divertissement, e não deve ser levado a sério, inclusive esta própria peça de divertimento (que espero bem educado). 

Para terminar:
Aprendizes: aprendam! 
Críticos: continuem lendo criticamente, e criticando, tudo o que escrevo, e se puderem, escrevam.
Vigilantes: relaxem, e não gastem dinheiro público com inutilidades.
Censores: passem bem, e minhas saudações aos companheiros (que continuarei incomodando).

Como já disse o poeta Mário Quintana: "Eles passarão, eu passarinho!"

Paulo Roberto de Almeida 
Hartford, 20/06/2015

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