Um mapa famoso, reproduzido em formato de tapeçaria no gabinete do ministro de Estado das Relacões Exteriores:
Este
é o primeiro mapa conhecido em que o nome Brasil aparece para
designar a América Lusitana. O norte está em cima.
Confeccionado
em pergaminho iluminado, em 1511, em Veneza, pelo cartógrafo Jerônimo Marini. O
original está no Ministério das Relações Exteriores. Foi adquirido, em 1912,
pelo, então, ministro Lauro Müller (1863-1929), em um leilão da Libreria
Antiquaria Pio Luzzietti, situada na Piazza Crociferi, em Roma, uma tradicional
biblioteca italiana que fazia leilões de antiguidades desde o final do século
19.
O
título do planisfério, em latim, é Orbis Typus Universalis Tabula.
Sua autoria é identificada ao lado do título, como Hieronimi Mari fecit
Venetia MDXI. Não se conhece outras informações sobre esse cartógrafo. Esse
mapa era praticamente desconhecido antes do leilão. Seu nome, Jerônimo Marini,
é deduzido da forma latinizada, publicada pelo autor, como Hieronimi
Mari.
A
América do Norte é a Nova Índia, pois até poucos anos antes, sua grande dimensão
era desconhecida. Jerusalém está no centro do mundo. Note que o autor ainda
acreditava que o Brasil era parte da costa oriental da Ásia. Para ele a América
ainda não existia, nem o Oceano Pacífico. Por volta dessa época, a Austrália
estava começando a ser conhecida com sua real localização no Globo e grandes
dimensões. Alguns cartógrafos chegaram a confundir o Brasil com a Austrália.
Este
mapa é mais uma prova de que o entendimento de que existia um Novo Mundo, entre
a Ásia e a Europa, demorou a ser assimilado por muitos acadêmicos. Ambos,
Colombo e Cabral, acreditaram terem aportado em uma das ilhas que apareciam
próximas da costa oriental da Ásia, nos mapas da época.
Outro texto sobre o mesmo mapa:
Orbis Universalis, 1512
O mapa-múndi do veneziano Jerônimo Marini, de 1512, é a
primeira carta onde aparece o nome Brasil para designar as terras até então
conhecidas como de Vera Cruz, Santa Cruz, dos papagaios ou "del
brazille". Desenhado em pergaminho, é um dos poucos mapas manuscritos do
início do século XVI hoje existentes. Está de cabeça para baixo, pois, por
influência dos costumes árabes, ele é orientado pelo sul. A Palestina, onde há
um presépio, é colocada no centro da Terra, conforme a tradição medieval. O
mapa apresenta os defeitos da época, como a representação errada da Inglaterra.
Por outro lado, é inovador quanto à colocação mais exata da Escandinávia e da
península de Malaca. A obra de Marini, cujo original está na Libreria Antiquari
Pio Luzzeti, em Roma, é de grande importância na história geral da cartografia,
pois documenta uma concepção veneziana do mundo que estava sendo descoberto. O
Equador, embora passando ao sul de Gibraltar, corta o Mediterrâneo, ainda
considerado, como na Idade Média, o eixo das terras habitadas. É também
característica veneziana a presença maciça das regiões asiáticas, pólo de atração
da época. Da América, vê-se apenas a costa oriental, com destaque para o
Brasil. Em torno do mapa estão alegorias representando o Sol, a Lua, as
estrelas e os ventos. Nos extremos oriental e ocidental, duas esfinges
simbolizam os mistérios do mundo, que só mais tarde Fernão de Magalhães
decifraria.
Reprodução do fac-símile outrora guardado na mapoteca do
Ministério das relações Exteriores, situada no Rio de Janeiro, hoje no gabinete
do Ministro das Relações Exteriores, em Brasília.
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